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DOI 10.29327/546273
ISBN 978-65-5941-474-1
CDD 333.72
A reprodução parcial ou total desta obra, por qualquer meio, somente será permitida
com a autorização por escrito da editora. (Lei nº 9.610 de 19.02.1998).
Mariana Baldoino
Klaudia Sadala
Organizadoras
CIÊNCIAS AMBIENTAIS
NA AMAZÔNIA
1.ª Edição - Copyright© 2021 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Amazônia Et Al.
DOI: 10.29327/546273
Conselho Editorial
Presidente
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Sec. de Educação do Amazonas (SEDUC, Manaus/AM)
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Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Manaus/AM)
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Universidade do Estado do Amazonas (UEA, Manaus/AM)
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Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Coari/AM)
Msc Luiz Claudio Pires Costa
Universidade Paulista (UNIP, Manaus/AM)
Dra Rosilene Gomes da Silva Ferreira
Universidade do Estado do Amazonas (UEA, Manaus/AM)
Dra Rubia Alegre Ferreira
Universidade do Estado do Amazonas (UEA, Manaus/AM)
Sumário
PREFÁCIO .................................................................................................................................................. 06
1 AS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO
PARA A AMAZÔNIA ATÉ SÉCULO XX ............................................................................................. 07
DOI: 10.29327/546273.1-1
Mariana Baldoino
Klaudia Sadala
(Organizadoras)
INTRODUÇÃO
Amazônia é a maior região brasileira, com cerca de 4,8 milhões de km², ocupa mais da
metade do território nacional. Sua economia esteve sempre ligada ao extrativismo vegetal,
exportando para a Europa produtos como o cacau, castanha-do-pará. A atividade extrativista
amazônica alcançou grande repercussão no mercado nacional e internacional no final do século
XIX, com a exploração da borracha, extraída da seringueira (Hevea brasiliensis). Esse período
trouxe riqueza para a região, porém não resolveu os problemas de desigualdade social e de
baixa densidade demográfica que a caracterizam. (SANTOS, SILVA, DUARTE, 2016).
Para garantir tal integração e expansão do mercado interno, eram fundamentais algumas
correções em relação a estrutura de forças produtivas capazes de inserir a região no circuito
produtivo nacional, garantir a defesa e soberania, aumentar a densidade demográficas, urbanizar
a região e expandir a fronteira agrícola e as frentes pioneiras.
Diante deste contexto, o objetivo neste texto é compreender o processo de implantação
das políticas de desenvolvimento na Amazônia durante o século XX. Para alcançar o objetivo
foi feita uma revisão bibliográfica a partir de autores como (STELLA, 2009); Becker (2009).
Apresenta-se os resultados a partir de uma sequência cronológica, com informações sobre
as políticas na Amazônia, os governos, as instituições, programas criados para garantir
Essas poucas fazendas eram como que “ilhas” de criação de gado nos campos naturais
(abundantes na região) e não em pastos formados em cima de mata derrubada ou
queimada como hoje. A mata e os rios estavam preservados e eram aproveitados pelos
habitantes como fonte de alimento, trabalho e vida. (LOUREIRO; PINTO, 2005, p. 77).
Nesta fase percebe-se três períodos: a) De 1930 a 1955, considerado a fase inicial, marcado
pela imposição do Estado Novo; b) No período de 1955 a 1966, fase do planejamento regional;
c) de 1966 a 1985, considerado a fase do desenvolvimento efetivo.
Para Becker (2009), o primeiro período é mais discursivo do que ativo. A campanha da “Marcha
para o Oeste”, a criação da Fundação Brasil Central (1944), do Programa de Desenvolvimento
para a Amazônia (PDA) e da Superintendência de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA),
revelou a preocupação com a região, no entanto, não foram acompanhadas de ações efetivas.
De acordo com Stella (2009), a partir de 1930, houve o início da integração comercial, física e
Para aumentar o controle estatal nas regiões onde se localizavam essas e outras reservas
minerais, especialmente em áreas fronteiriças com vazios demográficos, foram criados
novos Territórios Federais132 em 1943. De parte do AM e MT, foi desmembrado o
território do Guaporé, que depois passou a se chamar Rondônia. O Amapá formou-se
de parte do PA, e o Rio Branco, atual Roraima, de parte do AM. Eles haviam sido
instituídos para que o governo atuasse com poderes para planejar, povoar e garantir a
exploração econômica. (STELLA, 2009, p. 74-75).
Durante a segunda guerra mundial, o Brasil integrou o grupo dos Aliados e assinou,
com os EUA, o chamado “Acordo de Washington”, por meio do qual recebeu financiamento
No período pós-guerra surgiu uma visão econômica que via a industrialização como meio
de superar a pobreza e o subdesenvolvimento. A intervenção estatal foi vista como forma
de impulsionar a industrialização. Assim, surgiu o chamado Desenvolvimentismo: concepção
teórica na qual o planejamento estatal define a expansão dos setores econômicos e capta
recursos para realizar os investimentos, uma vez que os recursos privados são insuficientes
(PEREIRA, 2011).
Assim como nos dias de hoje, naquele período as discussões entre as correntes do
pensamento econômico giravam em torno da conveniência ou não da intervenção do Estado
na economia, na qual as ideologias desenvolvimentistas se opunham às ideologias liberais.
Neste contexto, o subdesenvolvimento dos países da América Latina era definido como
o chamado “take off” de Rostow (1956), era entendido como uma etapa do processo pela qual
todos as economias teriam que passar para finalmente chegarem ao status de desenvolvido.
Em 1948, ocorreu a criação da Comissão para a América Latina e Caribe (Cepal), num
momento de insatisfação dos países latino-americanos por terem sido excluídos da ajuda do
Plano Marshall à Europa e pelo sucateamento de seus equipamentos industriais, resultado da
falta de dólares, causada pelos anos de crise das exportações. Assim, a Cepal constituiu-se na
matriz de um original pensamento econômico latino-americano, crítica do liberalismo que
influenciaria toda uma geração de economistas.
Neste cenário percebeu-se uma nova reordenação no processo de divisão territorial do
trabalho entre as regiões brasileiras. A partir dos indicadores sociais, a CEPAL desenvolveu
teorias políticas e estratégias de desenvolvimento e buscavam explicar as causas do
subdesenvolvimento e as possibilidades de sua superação.
Os economistas Cepalinos desenvolveram algumas teses para explicar o atraso das
economias latino-americanas em relação aos países desenvolvidos como: a) desigualdade do
progresso técnico entre centro e periferia; b) crescente desvalorização dos produtos primários
produzidos na periferia em contraste com a agregação de valor cada vez maior dos produtos
Ainda em 1966, foi lançada a Operação Amazônia, que considerava a região como um
dos maiores desertos do mundo. A partir desta proposição, o Estado externava sua intenção
de promover o povoamento e a integração regional que tinha como objetivo essencialmente
a valorização econômica por meio do povoamento e o aproveitamento dos recursos naturais
disponíveis. As ações adotadas não levavam em consideração os interesses das comunidades
tradicionais locais e os impactos ambientais. Entre os resultados destacamos o desmatamento,
o esgotamento do solo, poluição de rios, conflitos agrários, êxodo rural, inchaço das periferias
de cidades como Manaus e Belém.
Com a Lei nº 5.122 de 28/9/1966, o BCB foi transformado em Banco da Amazônia
(BASA). Com esta alteração “suas atribuições passaram ser a de executar a política do Governo
Federal na região amazônica relativa ao crédito para o desenvolvimento econômico-social e
efetuar operações bancárias em todas modalidades” (STELLA, 2009, p. 86-87).
Além disso, essa lei instituiu um novo plano de valorização econômica da Amazônia.
Na década de 1970, percebemos uma série de transformações e modernização da estrutura na
região amazônica. Foram criadas usinas hidrelétricas, portos, aeroportos, rodovias, ou seja,
uma estrutura para garantir a circulação e produção de riqueza para se integrar ao restante do
Esses órgãos tiveram curta duração, entre 1964 e 1970, e foram marcados por intensa
corrupção, denúncias de grilagens e de vendas de terras a estrangeiros, o que culminou
em uma CPI. Apesar do escândalo, o governo regularizou a aquisição de imóvel rural
a estrangeiros residentes no Brasil ou a pessoas jurídicas autorizadas a funcionar no
país. (STELLA, 2009, p. 90).
A partir de 1985, a Amazônia entra na fase de Heartland (BECKER, 2009). Para a autora,
em meados da década de 1980, tem-se o esgotamento do modelo nacional-desenvolvimentista,
baseado na intervenção do Estado nos assuntos econômicos e na conformação do território.
Nesse mesmo período, nota-se a formação de movimentos de resistências das populações locais –
autóctones e migrantes, cujo maior exemplo é a criação do Conselho Nacional dos Seringueiros.
Para Becker (2009), a esses fatores somou-se a pressão do movimento ambientalista
nacional e internacional para gerar o chamado Vetor Tecno-Ecológico (VTE), ou seja, a
Esse não envolvimento é perceptível quando se cria um ambiente que não o favorece,
quando o interesse maior está voltado apenas para a reprodução do capital e dos
interesses privados, propósito defendido e orientado pelo próprio Estado (OLIVEIRA,
CARLEIAL, 2013, p. 11).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
MÉTODO
Este estudo está categorizado como de natureza bibliográfica, com recorte temporal, espacial
e temático, por serem condições imprescindíveis neste formato de pesquisa, pois demarcam
explicitamente o contexto deste tipo de estudo, seus limites e possibilidades. Segundo Teixeira
(2012), os estudos bibliográficos configuram-se como um método de pesquisa que se realiza por
meio de uma revisão bibliográfica sobre a produção/compilação de determinada temática em
uma área de conhecimento específica.
Neste sentido, a demarcação temporal da investigação deve ser circunscrita entre os meses
de janeiro a julho de 2019; como contexto espacial as produções encontradas nas bases de dados
Scielo, Banco de Teses e Monografias da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Núcleo
de altos estudos amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA);– Universidade
Federal do Oeste do Pará (UFOPA); Universidade de Fortaleza (UNIFOR); Universidade Federal
do Ceará (UFC), através da análise de artigos publicados em revistas científicas, monografias de
mestrado e teses de doutorado, produzidas ao longo dos últimos 10 anos (2009-2019).
Este recorte temático teve como base referenciais bibliográficos capazes de contemplar
temas que preveem a relação entre: psicologia ambiental e relação pessoa- ambiente, populações
ribeirinhas da Amazônia, várzea amazônica e mais especificamente, a associação destes com
os processos históricos e socioambientais intrínsecos ao contexto amazônico e seus contornos e
atravessamentos culturais. Vale salientar que foram utilizados os seguintes descritores para a busca:
“várzea amazônica”, “populações ribeirinhas”, “relação pessoa-ambiente”, “psicologia ambiental”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A colaboração com diferentes áreas temáticas reflete a riqueza da Psicologia Ambiental (PA)
enquanto campo de estudo, retratando sua significativa contribuição e aplicação em pesquisas
e a necessidade de sua visibilidade para a comunidade científica nacional e internacional,
especialmente no que tange aos diferenciados conhecimentos sobre o contexto socioambiental
dos sujeitos da Amazônia. A PA se distancia qualitativamente de outras formas de se perceber
e se trabalhar os aspectos ambientais, permitindo a inclusão de elementos psicossociais e
afetivos, em uma perspectiva de pessoa e ambiente vista de forma integrada. Kuhnen (2009)
destaca que a partir desta compreensão se impõem duas premissas: a de que o ambiente é
partícipe na construção social da realidade e a de que todos os nossos comportamentos têm sua
ocorrência em determinado meio físico.
Assim, o estudo ora apresentado pretende incitar novas pesquisas e reflexões nas áreas
das Ciências Ambientais e da Psicologia Ambiental, trazendo a emergência dos aspectos
psicossociais inerentes aos sistemas sociais amazônicos no cenário socioambiental de várzea,
contribuindo para a problematização das questões ambientais e atividades de pesquisa e/ou
extensionistas que necessitem de uma abordagem ampliada sobre as relações pessoa-ambiente
no cenário amazônico e as possibilidades de ação/transformação entre seus sujeitos e seu
entorno socioambiental para a compreensão mais profunda de sua identidade.
Anseia também produzir referenciais relevantes para as mais diversas áreas de
conhecimento que se ocupem da relação pessoa-ambiente na Amazônia, em especial para
REFERÊNCIAS
BENCHIMOL, S. Amazônia: Formação social e cultural. 3. ed. São Paulo: Valer, 2009.
BOMFIM, Z. Á. Cidade e afetividade: estima e construção dos mapas afetivos de Barcelona
e de São Paulo. Edições UFC: Fortaleza, 2010
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580, 2013.
CALEGARE, M. G. A. Contribuições da Psicologia Social ao estudo de uma comunidade
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Disponível em: <www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-03052010-163111/>.
Acesso em: 01 nov. 2017.
CAMPOS-DE-CARVALHO, M. I.; CAVALCANTE, S; NÓBREGA, L. M. Ambiente.
In.; CAVALCANTE, S.; ELALI, G. A. (Org.). Temas básicos em Psicologia Ambiental.
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na Amazônia. In.: TRINDADE JÚNIOR, S.; TAVARES, M. (Org.). Cidades ribeirinhas na
Amazônia: mudanças e permanências. Belém: EDUFPA, 2008.
FERREIRA, L. dos S. Gênero de vida ribeirinho na Amazônia: reprodução socioespacial na
região das ilhas de Abaetetuba-PA. 2013. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade
Laura Landau1
Andreza Cristhine dos Santos Rodrigues Oliveira2
Fernanda Tatiane dos Santos Reis3
INTRODUÇÃO
A relação do homem com o ambiente natural sempre foi de extremo interesse para a
ciência e continuamente gera uma grande inquietação em relação às questões ambientais e
sociais. Os valores, crenças e significados que uma sociedade atribui ao ambiente e aos objetos
com o qual interage é um pressuposto para um arranjo social sustentável. Os conhecimentos
metodicamente adquiridos, mais ou menos sistematicamente organizados e suscetíveis de
serem transmitidos por um processo pedagógico de ensino definem o saber (JAPIASSU,
1991). Contudo, é de grande relevância compreender que a construção do saber não ocorre
apenas no meio científico, antecedidos e paralelamente a ela têm-se os saberes tradicionais,
cujos valores imensuráveis transitam entre as populações de geração em geração (DIEGUES,
2001), majoritariamente de maneira oral e desenvolvidos à margem do sistema social formal.
ÁREA DE ESTUDO
Está localizado na Rua dos Barés, no Centro Histórico de Manaus, às margens do Rio
Negro. Para a maioria dos agentes, que participam de seu cotidiano de mercado, ele é a fonte
de renda; é o lugar do sustento e do trabalho, ele é lugar das inter-relações que dão vida à
paisagem cultural (SILVA, 2008).
O espaço da floresta está representado em diversas mercadorias, na visão de mundo de vários
permissionários e no próprio cotidiano do Mercado Adolpho Lisboa. O artesanato indígena e
caboclo; as ervas curativas, onde a forma de preparo e uso apresenta características xamânisticas;
a culinária regional servida nos restaurantes do Mercado; o jeito de falar e as expressões regionais
que se escuta no tratamento entre os agentes (“o mano”, “tu é leso é?”, “que pixé!”); todos esses
exemplos são aspectos culturais presentes no cotidiano do Mercado (SILVA, 2008).
METODOLOGIA
A pesquisa de campo foi realizada em outubro de 2018. Para a realização deste trabalho,
optamos por fazer uso de entrevista semiestruturada.
A entrevista semiestruturada parte de certos questionamentos básicos, apoiados em
teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa e que oferecem amplo campo de interrogativas
(TRIVINOS, 1987). Fazendo uso de um roteiro previamente elaborado e apresentando
questões principais e investigações básicas, ela facilita a exploração mais profunda do estudo
e espontaneidade nas respostas, possibilitando uma melhor amostra para posterior comparação
das informações entre os entrevistados.
RESULTADOS
Todos são residentes de Manaus, onde se situa o Mercado, no entanto apenas três são
naturais desta cidade, o restante tem sua origem no interior do estado e de outros estados/país.
Como a pesquisa foi por conveniência não foi delimitado percentagem de entrevistado
Quanto à frequência de citação dos materiais nas entrevistas, a Tabela 2 mostra que a
maioria foi citado apenas uma vez, no entanto alguns materiais se destacaram: cuia, madeira
e semente do açaí.
Tabela 2. Número de citações de cada material utilizado como matéria prima de objetos.
Materiais mencionados
8 vezes Cuia
6 vezes Madeira
5 vezes Semente do açai
3 vezes Tipos de Palha
2 vezes Palha do burití; Palha arumã; Semente tucumã; Semente de jarina; Diversas
sementes; Cipó.
Os dados referentes aos materiais também foram analisados sob a ótica de especialização/
detalhamento ou não da matéria prima pelo entrevistado (Tabela 3).
Madeira Murapiranga;
Esponja de junco;
Cuia (cuieira)
Fonte: Próprio Autor
Na pergunta referente à origem dos objetos, três locais tiveram repetição de citação,
sendo citados quatro vezes “interior” e “tribos indígena” e três vezes Santarém/PA, com
a curiosidade que esta cidade foi especificada na origem das cuias, os outros locais foram
citados apenas uma vez. Outra análise dos dados refere-se à especificação/detalhamento ou
não dos locais de origem dos objetos, a Tabela 5 mostra as quatro categorias de análise e os
locais correspondentes.
Belém/PA Colômbia
Codajás/AM
Parintins/AM
Barcelos/AM
Tabatinga/AM
Fonte: Próprio Autor
Figura 4. A: Cuia in natura na cuieira (Site: Safari Garden); B: Produção da Cuia (Site: IPHAN); C:
Exposição das Cuias no Mercado Adolpho Lisboa.
A B C
A escolha pela Cuia obedeceu ao fato da existência do objeto nos 8 boxes estudados.
A partir disso foram selecionadas as falas mais relevantes de cada entrevistado e organizadas
em três categorias: detalhamento da produção, diferenciação da produção indígena (Tabela
6). Cabe salientar que a maioria das falas se encaixam em mais de uma categoria, apenas os
entrevistados 2, 4, e 7 foram classificados em apenas uma categoria cada e coincidentemente
em três categorias distintas. Outro ponto relevante é que na conversa informal ficou claro
que nenhum vendedor tinha contato com a produção em si, eles faziam parte da etapa final,
apenas a venda.
O mercado Adolpho Lisboa reúne uma ampla gama de produtos que se caracterizam
como artesanato utilitário (LIMA et al, 2006), porém é clara a tendência de objetos com
destinação decorativa. Por se localizar em área privilegiada em relação ao turismo, seu público
consumidor é composto, majoritariamente, por turistas de passagem por Manaus e que desejam
levar uma lembrança cultural do Norte para seus locais de origem.
Como mencionado, o maior número de pessoas que compram nos boxes centrais são
turistas brasileiros e estrangeiros, destinando os produtos a diversos fins decorativos, desde
embelezamento do recinto doméstico a uso em estabelecimentos comerciais como restaurantes.
Mostrando assim, a evidente relação entre tipo de consumidor e uso dos objetos adquiridos na
área de venda de artesanatos.
Os dados sugerem que, em uma metrópole urbanizada, os cidadãos pouco mantêm
relação com artefatos tradicionais provenientes da floresta ao redor. Eles não recorrem a um
dos maiores centros de venda de produtos artesanais para abastecerem suas casas com objetos
domésticos do dia-a-dia, mostrando fraca relação com produtos artesanais e de cultura local
quando se procura atender uma demanda utilitária e não estética.
Isto também fica explícito quando apenas um dos oitos entrevistados indica que a maioria
de seus produtos é procurado por consumidores locais para uso prático. Este mesmo box se
localizava em área periférica e a quantidade de objetos vendidos era visivelmente inferior
quando comparado aos boxes mais centrais e com venda declarada de produtos para turistas.
Os vendedores demonstram um conhecimento variado sobre a origem dos objetos, meios
de produção e materiais de origem florestal. Praticamente todos sabiam processos de produção
detalhados sobre algum produto, mas a maioria não mostrou domínio de informação sobre
tudo o que vendem. O conhecimento sobre a cuia foi bem diversificado, com mais detalhes ou
menos e informações precisas ou incorretas, mas todos expressaram algum saber.
Isto demonstra os diferentes graus de etnoconhecimento acerca dos produtos vendidos,
explicitada na fala dos vendedores:
Tem o caboco que faz uma cuia e o índio faz outra, tem diferença do índio pro caboclo.
A do índio tem um trabalho, bem rascunhada. A do caboclo é um desenho como uma
flor. Essa Cuia vem do pé de Coité, aqui é conhecido como Cuieira. Quando seca
a cuia, abre, serra ela, tira miolo que não serve pra nada, pinta ela com leite do
jenipapo e outros ingredientes lá do mato pra ela ficar preta, por que a cor dela é
verde. (E3, 20 de outubro de 2018)
Esta descrição evidencia que este vendedor tem um conhecimento mais aprofundado
sobre a cuia e sua origem, se distinguindo de falas que remetem ao senso comum (CHAUÍ,
REFERÊNCIAS
RESUMO
A discussão entre os estilos de vida e o consumo tem ganhado evidência por revelar
singularidades a partir das atitudes e valores dos indivíduos. Esta categoria promove inúmeras
possibilidades de investigação nas relações pessoa-ambiente e no comportamento de consumo
consciente, uma das prerrogativas socioambientais emergentes. Apontamos as implicações dos
aspectos culturais presentes nas práticas de consumo - do consumismo ao consumo consciente
- com base em uma pesquisa realizada entre estudantes do Ensino Básico em uma escola
pública na cidade de Manaus, Amazonas. Participaram deste estudo 83 sujeitos, de ambos os
sexos, com idade entre 15 e 21 anos. O estudo descritivo desenvolveu-se em fundamentação
teórica dos conceitos em Psicologia Ambiental de comportamento pró-ambiental (CPA) e
Consumo, na Sociologia do Consumo. Considerando que o consumo consciente está atrelado
à responsabilidade socioambiental, buscou-se investigar se tais aspectos estão presentes
no comportamento de consumo entre os jovens. Para a coleta de dados foi empregado um
questionário elaborado com questões dicotômicas, a partir dos pressupostos dos 8 R (Refletir,
INTRODUÇÃO
Os estudos sobre o consumo entraram na pauta dos debates ambientais no Brasil a partir da
Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento (Rio 92) e têm se mostrado
um campo frutífero para o entendimento das lutas simbólicas que revelam as contradições sociais
(PORTILHO, 2010). Para Bauman (2008) a cultura pós-moderna é a própria cultura do consumo
ligada a um processo de classificação social, fundamentado nos bens (BAUDRILLARD,1995)
e por isso é necessário compreender as razões, modos, circunstâncias e porquês do consumo
(CAMPBELL, 2006; BOURDIEU,1979) que é, por sua vez, formador de identidades sociais
(DOUGLAS E ISHERWOOD, 2013). Para Conte (2007), entre os jovens o consumo está ligado
à intimidade e à formação da personalidade, portanto, a necessidade de compreender o consumo
moderno enquanto manifestação cultural está ligada à formação da própria sociedade.
CONSUMO CONSCIENTE
METODOLOGIA
4 Os Oito R´s da Sustentabilidade do Instituto Akatu foram criados como uma forma de ampliar os conceitos
dos Três R´s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar / disponíveis em http://www.mma.gov.br/responsabilidade-
socioambiental/producao- e-consumo-sustentavel/consumo-consciente-de-embalagem/principio-dos-3rs) e
dos Cinco R´s (Reduzir, Repensar, Re- aproveitar, Reciclar e Recusar / disponíveis em http://www.mma.gov.
br/comunicacao/item/9410), ambos direcionados para a diminuição dos resíduos sólidos. O objetivo do Instituto
é ampliar a discussão sobre o consumo e por isso entraram, além dos itens descritos anteriormente, mais três,
Respeitar, Reparar e Responsabilizar-se. Respeitar, Reparar e Respon-sabilizar-se.
5 Disponível em http://www.akatu.org.br/Temas/Consumo-Consciente/Posts/Quer-uma-boa-dica-Pratique-
os-8-Rs-do- consumo-consciente acesso em 22 de março de 2017
6 O Índice de Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental expressa em hectares globais
(gha), que tem como objetivo verificar se os padrões de consumo estão dentro da capacidade ecológica do
planeta. Fonte: http://www.wwf.org.br/natu- reza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/o_que_e_pegada_
ecologica/ . Disponível em http://www.footprintnetwork.org/en/in- dex.php/GFN/page/calculators/
Quanto aos critérios levados em conta na hora da compra, verificou-se que a grande
maioria dos jovens (91%) sempre considera o preço como critério mais importante, seguido da
durabilidade e utilidade (77%). Somente 9% desses jovens declararam que raramente o preço é
o aspecto mais relevante. Critérios relacionados às características do consumo consciente não
foram apresentados pelos jovens durante as discussões nos grupos focais.
A maior preocupação deles com o preço pago pelos produtos pode ser explicada pelo
pouco acesso a recursos financeiros, uma vez que a maioria não trabalha (67%), mora com
os país e possui renda familiar de até dois salários mínimos (58%) (Tabela 1), valor superior
aos R$1.113,00 (um mil cento e treze reais) apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2015), como a renda média do brasileiro no ano de 2015.
Tabela 1: Renda familiar (em salários mínimos*) de estudantes do Ensino Médio da Escola Pública “A”.
N 81.
SALÁRIO MÍNIMO* NÚMERO DE ESTUDANTES/
FREQUÊNCIA (%)
Até 1 11/ 13,6
De 1 a 2 36/ 44,4
De 2 a 3 -
De 3 a 5 29/ 35,8
Acima de 5 2/ 2,5
Não respondeu 3/ 3,7
TOTAL 81/100
* Salário mínimo com base no ano de 2015 no valor de R$788,00 (setecentos e oitenta e oitoreais).
Fonte: http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/salario minimo.htm.
Fonte: Costa, 2017 - Pesquisa de Campo.
Mesmo quando se trata de produtos eletrônicos de alto valor, eles preferem os produtos
novos e 61% deles declaram que esses produtos são melhores (Tabela 2).
Tabela 2: Declaração de opinião dos jovens estudantes do Ensino Médio da Escola Pública “A”,
considerando asuperioridade do produto eletrônico novo. (N=74).
A explicação para a preferência pelo produto novo pode estar ligada à busca pela distinção
(BAUMAN, 2008), seu aspecto identitário, da diferenciação do acesso a “grupos superiores”
(BAUDRILLARD, 1995) e dos signos (DOUGLAS; ISHERWOOD, 2013; BAUDRILLARD,
1995). Os bens extrapolam sua importância física e se apresentam como instrumentos de
comunicação (BAUDRILLARD, 1995).
O processo de produção e suas implicações na sociedade e no ambiente parecem não
ser foco de análise dos jovens e nem configura-se como critério de escolha na aquisição de
novos produtos. Quando se perguntou se eles deixariam de comprar determinado produto
se soubessem que esse tinha origem no trabalho escravo, a grande maioria afirmou que não
desistiriam da aquisição de produtos com esssa origem (Tabela 3).
Figura 2: Destino dado pelos jovens do Ensino Médio aos aparelhos eletrônicos com defeito. N=78.
Quanto às TVs, a maioria deles as conserta (64%) e somente poucos as abandonam (6%)
ou as jogam no lixo (19%). Uma explicação plausível para o alto nível de conserto destes
aparelhos pode estar ligada a uma menor rotatividade mercadológica, além do fato de que
esses aparelhos são destinados ao uso doméstico e muitas vezes coletivo (ligado ao lar), não
representando status individual como no caso dos aparelhos celulares
Entre os jovens estudados, a responsabilidade assumida por eles não vai além daquela
que envolve os cuidados pelo espaço individual ou familiar. O espaço coletivo ou que envolve
o descarte de bens de consumo, como eletrônicos, são atribuídos ao governo e empresas,
respectivamente (Figura 3). Ou seja, somente aquilo que, de alguma forma, está ligado à
sua esfera pessoal, é considerado como sua responsabilidade. Eles não se vêem como atores
envolvidos em processos coletivos, cujo benefício seja de forma compartilhada, como no caso
da arborização da cidade.
CONCLUSÕES
A pesquisa aponta que o preço é o item mais importante na decisão de compra dos jovens.
Muitas vezes a prioridade desse quesito subestima outras características do processo produtivo, como
a origem dos produtos. Na contramão da mídia, os jovens não estão levando em conta critérios como
responsabilidade social ou ambiental. Eles justificam suas escolhas por acharem que não têm força
para mudar a realidade, que eles acreditam estar muito distante de seu campo de ação. Os jovens
se sentem responsáveis por aquilo que está mais próximo de sua esfera privada, como sua casa.
Os locais coletivos, como as ruas, são geralmente tratados como responsabilidade de outrem. A
individualidade é uma característica que se sobressai no discurso e atitude desses jovens.
Outra característica fundamental do consumo juvenil está relacionada ao status, distinção
e novidade. Diante da recusa dos jovens em comprar em brechós , mesmo quando esses
oferecem preços mais baixos. Ao serem questionados, estes atribuem as roupas do brechó
a falta de status, (“não tem status”); exclusividade (“não oferece exclusividade”, “já foi de
outras pessoas”); identidade (“não é meu”); e novidade (“não tem coisas novas”).
A crise ambiental não é negada pelos jovens, todavia, eles não se vêem relacionados a
ela. Os jovens a enxergam como algo dissociado da sua realidade, à parte do seu modo de vida,
como se houvesse uma clara independência entre a vida privada (individual) e os problemas
ambientais (coletivo) que enfrentamos. Um caminho importante para se alcançar o consumo
responsável entre os jovens é através de uma Educação Libertadora e crítica na qual ele se
REFERÊNCIAS
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RESUMO
INTRODUÇÃO
De acordo com Biaconi e Caruso (2005), ensinar ciências vai muito além de fixar termos
científicos; é privilegiar situações de aprendizagem que possibilitem ao estudante a formação
de uma base cognitiva. Nesse cenário, a construção de novas propostas é tarefa árdua para os
profissionais da educação preocupados com a qualidade do ensino construído.
No Ensino de Ciências, os espaços não formais são ações educativas que auxiliam no
processo de aquisição do conhecimento; porquanto, facilitam o entendimento dos fatos e
fenômenos que se manifestam na natureza e no meio.
O termo “espaço não formal”, para Jacobucci (2008), é empregado atualmente por
pesquisadores em Educação, professores de diversas áreas do conhecimento e profissionais
que trabalham com divulgação científica, para descrever lugares diferentes da escola onde é
possível desenvolver atividades educativas.
Nesse contexto, a Educação Não-Formal, caracterizada por um conjunto de atividades educativas,
organizadas e executadas fora do marco do sistema oficial de ensino, possui grande relevância na
construção de conhecimentos científicos da população (BIANCONI; CARUSO, 2005).
Sendo assim, interpretamos que a Educação Não Formal favorece a aquisição de uma
bagagem cognitiva, estimulando a curiosidade porque visa atender as pessoas de todas as
idades, isto é, sem ater-se a uma sequência gradual e programas educacionais voltados à
formação de valores, trabalho e cidadania (BRASIL, 2001).
Nesta perspectiva, os espaços não formais são propícios para o trabalho da
Educação Ambiental, por possibilitar o contato do estudante com o contexto do objeto
de estudo. Em outras palavras, significa que sair do ambiente escolar proporciona
ao discente uma visão mais ampla do mundo ao seu redor, porém é fundamental a
mediação do professor nesse processo, para que essa saída não seja compreendida
como um passeio descompromissado.
Queiroz et al (2011, p. 18-19) esclarecem que a atividade pedagógica em espaços não
formais requer intencionalidade e planejamento “[...] principalmente, com a segurança dos
estudantes neste ambiente, para evitar imprevistos e saber quais os recursos ali existentes que
poderão ser utilizados durante a prática de campo com os estudantes”.
Diante dessa premissa, os espaços não formais propiciam esse aprender a fazer, uma
ação educativa que promove o aprendizado pela pesquisa. Surge, dessa maneira, uma nova
proposta para o ensino, através do contato com a natureza. Sabemos que esses momentos
formativos não podem ser realizados utilizando os recursos didáticos tradicionais. Eles, bem-
utilizados, potencializam o processo educativo (QUEIROZ et al., 2011).
A esse respeito, Rocha e Fachín-Terán (2010, p. 43) ressaltam que “a educação que
acontece nos espaços não formais compartilha muitos saberes com a escola, muitos dos
quais são construídos a partir das teorias elaboradas pelas ciências da educação”. Assim, os
espaços não formais e não institucionalizados são fontes de pesquisas por guardarem saberes
encharcados de realidade. Nessa visão, Chassot (2014, p.13-14) enfatiza como proposta
que “[...] o ensino seja séptico, isso é encharcado de realidade cotidiana na qual buscamos
conhecimento [...]”.
METODOLOGIA
A utilização dos espaços não institucionalizados pode servir como alternativa quando
a saída para o espaço institucionalizado não é possível. É importante considerar que,
ao utilizar um espaço como este, o professor não terá a estrutura física de que dispõe
em um ambiente formal, tais como: segurança, banheiros, bebedouros, bancos, entre
outros. Neste sentido, cabe um planejamento criterioso em relação ao espaço escolhido
e, principalmente, que o professor conheça a área em questão para evitar imprevistos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O ensino das ciências precisa ajudar para que as transformações que se fazem
nesse mundo sejam para que um maior número de pessoas tenha uma vida mais
digna. Ainda há algo mais: não apenas entendermos as transformações que ocorrem
no planeta, mas colaborar – ou melhor: cuidar para que estas sejam para melhor
(CHASSOT, 2014, p. 17-18).
Naquele momento, ocorreu uma mudança de paradigmas, não só no ambiente que ficou
mais limpo, mas nas pessoas que estavam presentes no local. Presenciamos uma transformação de
atitude para melhor, embora tenha sido uma ação pequena, ocorreu uma modificação real. Houve
o exercício da cidadania, onde todos se uniram em prol de uma causa comum. Nesta acepção,
temos que formar cidadãos que não somente saibam ler melhor o mundo em que estão inseridos,
mas também tenham a capacidade de transformá-lo em um lugar melhor (CHASSOT, 2014).
Por conseguinte, após a ação de limpeza, os grupos se reuniram novamente em frente
à praça, onde o professor relatou sobre uma espécie invasora que se encontrava naquele
ambiente, chamada Caramujo Africano (Achatina Fulica). O primeiro questionamento
trabalhado com os mestrandos foi a respeito de como esse molusco chegou ao Brasil.
Conforme observado na tabela, os materiais que levam mais tempo para se decomporem
são: metal, alumínio, plástico, vidro e a borracha. O plástico está no rankinmg dos que mais
matam, pois, a maioria dos animais aquáticos morrem em decorrência da ingestão de plástico
ou porque ficam presos nesses materiais. Além disso, alguns materiais possuem substâncias
toxicas que poluem e matam diversas espécies.
Em meio a toda essa sujeira, estava o caramujo africano nas formas jovem e adulta.
Mediante isso, foi possível avaliar melhor suas características físicas, que são: o formato da
concha em espiral cônica, alongada, sem lábio na abertura, a cor marrom-escura com listras
esbranquiçadas, e a cor da parte mole marrom-escura.
Quanto à locomoção, o caramujo africano rasteja, liberando um muco contaminado, que
pode infectar os humanos por meio de legumes, frutas e verduras mal lavados. Os caramujos
pequenos aprendem a andar naturalmente, vão andando por imitação.
Foi constatado que, após a morte, a concha fica, geralmente, virada para cima, o que
facilita a entrada de água da chuva servindo de criadouro para o Aedes aegypti e outros
mosquitos (COELHO, 2005).
Uma outra observação que nos chamou a atenção é que na boca do caramujo africano
existe uma estrutura chamada rádula, semelhante a uma língua com inúmeros dentículos de
quitina, que, segundo Barreto (2017, p. 290), “é uma glicoproteína que forma uma cutícula
rígida e protetora” que raspa as superfícies, retirando o alimento. Sua boca, conforme foi
observado, é pequena, porém elástica. Ele se alimenta de tudo, de frutas, verduras, hortaliças,
papelão, plástico, tinta de parede, como também de seus próprios ovos; além de fezes de
animais, como a do rato. Inclusive, ele pratica canibalismo contra indivíduos jovens de sua
própria espécie, pois precisa de muito cálcio por causa da concha que carrega.
É considerada uma das cem piores espécies invasoras do mundo, provocando sérios
danos ambientais, podendo causar desequilíbrios ecológicos, econômicos e trazer riscos para
Seguindo o trajeto, foi encontrada uma planta chamada sensitiva, que, ao ser tocada,
fechava-se, o que se revelou como uma nova descoberta, pois a maioria dos discentes não
REFERÊNCIAS
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INTRODUÇÃO
MICROPROPAGAÇÃO
EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA
Annona mucosa (Jacq.) Atividade bactericida e fungicida Cultura de calos (BARBOZA etal., 2014).
(Biribá) (BARBOZA et al., 2014)
Dipteryx odorata Aubl Tratamento de afta, otite, doenças do coração Micropropagação (SAMPAIO etal., 2018).
(Cumaru) e respiratórias; atividade anti-helmíntica
(AZEVEDO et al., 2018)
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