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Economia e Meio Ambiente: tópicos introdutórios

Book · February 2013

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Carlos A. M. Gonzaga
Unicentro - Midwest State University - Brazil
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Reitor: Aldo Nelson Bona
Vice-reitor: Osmar Ambrósio de Souza

Universidade Aberta do Brasil


UAB/UNICENTRO

Coordenação:
Maria Aparecida Crissi Knuppel

Projeto TICS/UAB/Unicentro
Coordenação:
Maria Terezinha Tembil; Ariane Carla Pereira

Revisão/Correção Linguística:
Ari José da Silva

Planejamento gráfico: Lucas Gomes Thimóteo

Diagramação: Márcio Nei dos Santos

Comissão Científica
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE
Carlos Alberto Kuhl
UNICENTRO
Diocesar Souza
Guarapuava, PR, 2013
Edélcio José Stroparo
Marcio Alexandre Facini
João Morozini
Klevi Reali
Margareth Maciel
Regiane Trincaus
Robinson Medeiros
Romeu Scharz Sobrinho
Ruth Rieth Leonhardt
Vanessa Lobato
Waldemar Feller

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SumáriO

INTRODUÇÃO.............................................05 CAPÍTULO 3 – POLÍTICA AMBIEN-


CAPÍTULO 1 – ECONOMIA E MEIO TAL..................................................................37
AMBIENTE...................................................09
1.1 Economia Ambiental...........09 CAPÍTULO 4 – DESENVOLVIMENTO
1.1.1 Internalização das Externali- SUSTENTÁVEL...........................................43
zações............................................11 4.1 Discussão do Conceito de Desen-
1.1.2 Valoração de Bens e Servi- volvimento Sustentável........................44
ços Ambientais.............................14 4.2 Economia Verde..............................48
1.2 Economia Ecológica.......................17 4.3 Estabilidade Comunitária...............50
1.2.1 Entropia e Economia Antró- 4.4. Gestão de Ecossistemas................51
pica................................................19 4.4.1 Modelos de Gestão de Ecos-
1.2.2 Capacidade de Carga (Car- sistemas.........................................51
rying Capacity).............................22 4.5 Serviço Ambiental em Unidades e
Conservação...........................................55
CAPÍTULO 2 – TEMAS TRANSVERSAIS 4.6 Economia do Ecoturismo.............59
EM ECONOMIA AMBIENTAL..............27
2.1 Ecologia Regional...........................27 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................61
2.1.1 Diferenças Regionais.........29
2.1.2 Economia Florestal...........32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA.........65

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A área da Ciência Econômica vol-
tada aos temas ambientais fundamenta suas
análises a partir do relacionamento entre as
atividades de produção e consumo em fun-
ção de seus impactos potenciais sobre os
ecossistemas naturais ou culturais e a conser-
vação da biodiversidade. A importância dos
recursos naturais para a execução da análise
econômica é evidente, desde os primórdios
da Economia como Ciência. Isso esteve evi-
denciado na discussão sobre o excedente da
produção agrícola dos economistas fisiocra-
tas, ou na observação da limitante escassez de
INTRODUÇÃO
recursos e redução da produtividade agrícola
O meio ambiente representa, para o dos economistas clássicos.
ser humano, o atendimento de três provisões A autonomia da Ciência Eco-
vitais. Tais provisões dizem respeito aos ser- nômica em relação à Economia Política
viços de subsistência, insumos para ativida- ocorreu a partir da sistematização cien-
des produtivas e substrato para recepção de tífica nas metodologias, que possibilita-
resíduos. Sendo assim, a interação dos seres ram identificar os padrões do comporta-
humanos com a natureza constitui-se objeto mento humano ao lidar com os fatores
de estudos da Ciência Econômica. de produção e com o mercado de bens e

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serviços. Tais metodologias permitiam iden- oliberalismo privatista. Convém lembrar que crescimento do sistema econômico mundial
tificar, desde então, que as ações antrópicas o ponto de inflexão coincide com o período eram limitadas. Diante das evidências de li-
sobre o meio ambiente, aquelas realizadas por da publicação, em 1972, do livro “Os Limites mitações ao crescimento econômico, a análi-
humanos ao manipularem, deliberadamente do Crescimento”, conhecido como “Relatório se dos impactos ambientais provocados pelo
ou não, o equilíbrio dos fatores de produção, do Clube de Roma” ou “Relatório Meadows”, uso dos recursos naturais foi introduzida nas
tendem a alterar os ecossistemas existentes, que alerta sobre o esgotamento dos recursos formulações das teorias econômicas, tanto
tanto qualitativamente quanto quantitativa- naturais diante do crescimento econômico no resgate do liberalismo político-econômi-
mente. (CORAZZA, 2005; TURNER, 2008). O pe- co dos neoliberais, quanto pelos fundadores
No entanto, a expansão internacio- ríodo coincide, também, com a Primeira Con- de um novo campo da Ciência Econômica,
nal dos mercados de bens e serviços, con- ferência Mundial sobre o Homem e o Meio o da Economia Ambiental e o da Economia
jugada à evolução das tecnologias em geral, Ambiente, realizada pela ONU, em Estocol- Ecológica. Os economistas mais críticos ao
podem ter induzido a humanidade à ilusó- mo, em 1972, marcada pelo impasse entre a sistema dominante, como Lipietz (2002), por
ria percepção de abundância de recursos e proposta de desenvolvimento zero, defendi- exemplo, passaram a afirmar que as consta-
superação da escassez. Embora os recursos da por países desenvolvidos, e a proposta de tações das limitações ao crescimento econô-
naturais sejam indissociáveis das atividades desenvolvimento a qualquer custo, defendida mico evidenciam o esgotamento do modelo
econômicas, as questões relativas aos impac- por países em desenvolvimento. capitalista produtivista, cuja dinâmica pressu-
tos ambientais foram ignoradas pelos econo- Apesar de as revoluções agrária e põe o sempre mais.
mistas clássicos e tratadas como externalida- industrial, que se basearam no uso intensi- Seguindo a análise de Lipietz
des pelos economistas neoclássicos, desde o vo de novas tecnologias, terem solucionado, (2002), na década de 80, do Século XX, a
final do Século XIX, quando surgiu a teoria aparentemente, as crises de escassez de ali- crise desembocou em uma crise ecológica,
marginalista, até o início da década de 70, do mentos, tornou-se evidente, na segunda me- porque a abundância verificada nas déca-
Século XX, quando houve ascensão do ne- tade do Século XX, que as possibilidades de das anteriores ocorreu “em detrimento da

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Terra”, com destruição de paisagens, polui- biental e a Economia Ecológica. A primeira
ção do ar, envenenamento de lençóis freáti- deriva das formulações da teoria neoclássica,
cos etc. tendo como pano de fundo o comportamen-
Considerando que as atividades pro- to humano diante das variações entre a oferta
dutivas existem por razões econômicas e não e a procura de bens e serviços no mercado. A
por motivos ecológicos ou socioculturais, o segunda pressupõe a precedência das leis da
desenvolvimento da Ciência Econômica tra- físico-química como norteadoras da análise e
dicional carece da incorporação de variáveis normatização das atividades mercadológicas.
que deem conta da problemática ambiental. Este livro reúne textos de nível in-
Por isso, o surgimento de novas formulações trodutório com a finalidade de auxiliar es-
como Economia Ambiental e Economia tudantes a situarem-se nas discussões aca-
Ecológica. Suas formulações diferenciam-se dêmicas sobre a relação entre o mundo do
da Economia tradicional, devido aos pressu- mercado, onde se gera a renda, e o universo
postos de que o atendimento às necessidades natural, onde se origina a vida. Apresentam-se
ecológicas por parte dos agentes econômicos os principais conceitos relacionados ao obje-
requer a promoção de mudanças no ambiente to da Ciência Econômica em suas interfaces
do mercado, especialmente no que se refere com os temas ambientais. O livro foi con-
às variáveis que sustentam suas definições e cebido para servir de leitura complementar
racionalidade. em disciplinas como Economia Ambiental e
Há duas vertentes principais de abor- Economia Ecológica, podendo ser utilizado
dagem sobre a relação entre as atividades eco- em outras disciplinas cujo conteúdo relacione
nômicas e o meio ambiente, a Economia Am- as atividades econômicas e o meio ambiente.

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8
O primeiro Princípio da Economia
Neoclássica refere-se ao privilegiamento da
análise de mercado no processo produtivo. O
segundo Princípio da Economia Neoclássi-
ca refere-se à condição de escassez dos bens
como condição sine qua non para que o merca-
do possa existir. O terceiro Princípio refere-se
à racionalidade como guia do comportamen-
to dos agentes econômicos, a fim de que se

CAPÍTULO 1 alcance a maximização da satisfação coleti-


va. O quarto Princípio se refere ao preço de
ECONOMIA E MEIO
equilíbrio como fundamento para a existên-
AMBIENTE
cia das atividades econômicas. O quinto Prin-
cípio considera a subjetividade da valoração
1.1. Economia ambiental
dos bens. O sexto Princípio considera o valor
A Economia Ambiental é uma ci- de utilidade em contraposição ao conceito do
ência que aplica as teorias econômicas neo- valor baseado na quantidade de trabalho em-
clássicas às questões ambientais. O objeto de pregada ou no valor de existência.
estudo da Economia Ambiental consiste da O conceito de Economia Am-
interdependência entre os processos ineren- biental tem por objetivo promover a in-
tes ao funcionamento do mercado e a preser- serção dos bens ambientais nos estudos
vação dos ecossistemas naturais. da Ciência Econômica. Seus precursores, de

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acordo com Chang (2001), foram autores recursos naturais se fundamenta no princípio Sob a perspectiva da Economia Am-
focados na Economia do Bem-Estar Social, da escassez, segundo o qual, consideram-se biental, o critério utilizado para maximizar
como Pigou e Keynes, que trataram a Econo- como bens econômicos apenas os recursos o uso dos recursos disponíveis obedece ao
mia como estratégia definidora para o melhor naturais escassos. Diante disto, atribui-se à postulado do estado Ótimo de Pareto, como
uso dos recursos escassos. Economia Ambiental a tarefa de busca pela condição necessária, embora não suficiente.
Para Barreto (2009, p.5), a Econo- identificação dos padrões comportamentais O estado Ótimo de Pareto implica distribui-
mia Ambiental baseia-se em duas premissas dos seres humanos e seus impactos poten- ção ideal de bens entre os consumidores, alo-
básicas, que consiste em: ciais sobre a conservação da biodiversidade cação técnica ideal de recursos e quantidades
e dos hábitats ecológicos. Seus fundamentos ideais de produção (BRUE, 2005). Segundo
i. Que a meta da política am-
biental é alocar os recursos de modo baseiam-se na análise das atividades de pro- o critério de Pareto, baseado no princípio
a maximizar o ’bem-estar’’ dos indi-
víduos; dução e de consumo dos agentes econômicos de propiciar o máximo de bem estar para o
nas sociedades. De forma geral, a Economia maior número de pessoas, a eficiência máxi-
ii. que o ’bem-estar’” destes Ambiental serve-se de um conjunto de con- ma de um sistema econômico ocorre quando
indivíduos aumenta à medida que
suas preferências são satisfeitas. ceitos, modelos e técnicas consolidados no inexiste possibilidade de melhorar a posição
pensamento econômico neoclássico, aplica- de pelo menos um agente desse sistema eco-

Além disso, baseia-se na ideia de que dos à relação das atividades econômicas com nômico sem que a posição de outro agente
o papel das funções que o meio am-
biente desempenha para a sobrevi- o meio ambiente. seja prejudicada. O Ótimo de Pareto, pode ser
vência das espécies e a importância
vital destas funções pode ser traduzi- Os recursos naturais, embora escas- representado graficamente pela curva com-
da em valores morais, éticos ou eco-
nômicos. sos, apresentam múltiplas utilidades, o que posta pelo conjunto de pontos para os quais
coloca os agentes econômicos diante de situ- não existem possibilidades de eficiência su-
ações em que precisam decidir sobre a utiliza- perior (CARRERA-FERNANDEZ, 2009).
Na definição de Souza-Lima (2004), ção de tais recursos de forma a maximizar seu Teoricamente, o estado Ótimo de Pareto é
a relação da Economia Ambiental com os valor de uso e/ou de mercado. obtido depois de exauridas todas as possibi-
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lidades de melhorias potenciais do bem-estar à redução de instabilidade dos grandes siste- 1.1.1 Internalização das externalidades
econômico. mas.
Segundo Pearce (1996), a Economia No entanto, ao analisar os estágios Decorrente da formulação do sexto
Ambiental deve poder explicar a degradação de desenvolvimento econômico de uma socie- Princípio da Economia Neoclássica, verifica-se
ambiental de forma ampla e argumentar a dade, Schallau (1990) observa que nos primei- um vácuo relativo à valoração dos recursos,
partir dos mecanismos para lidar com todas ros estágios de desenvolvimento a sociedade bens e serviços ambientais. Dessa ausência
as falhas do mercado. Muitas falhas podem pode considerar a instabilidade como o custo advém a aplicação teórica do conceito de ex-
ocorrer ao mesmo tempo: falha governamen- necessário para alcançar acúmulo de renda, ternalidade, utilizado para caracterizar os as-
tal (de intervenção), falha do mercado local, o que deixa de ser o caso nos estágios mais petos econômicos não incluídos na teoria do
falha do mercado global (de apropriação). O avançados de desenvolvimento econômico. mercado e de onde se justifica a necessidade
principal desafio está em demonstrar e inven- Se for possível sintetizar a carac- de criação de mecanismos de internalizar o
tar formas de capturar os valores globais pelo terização da Economia Ambiental, Barreto que ainda está externo.
não uso dos recursos naturais, diferenciando (2009) observa que há dois grupos de solu- Por definição, uma externalidade
os benefícios locais e globais propiciados pela ções propostas, embora ambos sejam tentati- ocorre quando o bem-estar de um indivíduo
conservação. vas de equacionar os problemas de poluição e ou grupo de indivíduos é impactado, sem
De acordo com Castle (1996), há do esgotamento dos recursos naturais a par- que o indivíduo ou grupo de indivíduos pa-
três grandes problemas a serem resolvidos, tir da lógica de mercado: um grupo propõe gue ou receba qualquer tipo de compensação
para se alcançar o uso adequado dos recursos a valoração econômica dos recursos e ecos- por esse impacto. As externalidades podem
naturais. O primeiro refere se ao sistema de sistemas, o segundo grupo propõe a defini- ter origem em efeitos colaterais resultantes
posse dos recursos, que deve refletir o custo ção de direitos de propriedade a recursos e de atividades de mercado, como a poluição
social de sua exploração, o segundo refere se ecossistemas que possuam características de e a alteração da qualidade da paisagem, por
à eliminação da pobreza e o terceiro se refere bem público. exemplo. Externalidades também resultam

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de fenômenos naturais, como queda de raios, da responsabilidade por uma externalidade. na implantação de mecanismos ou incentivos
deslizamento de terras, erupção de vulcões Assim sendo, Coase apresentou uma formu- que levem os agentes econômicos a pesarem
etc. Quando o impacto é adverso a externali- lação de que o problema da externalidade o valor de mercado dos efeitos de suas ações.
dade é negativa, quando o impacto é benéfico pode ser resolvido de maneira ótima, através No entanto, afirma Pearce (1996)
a externalidade é positiva. da negociação privada, sem a intervenção do que as intervenções governamentais nas for-
O conceito de internalização das ex- Estado. Nesse sentido, propôs o seguinte co- ças de mercado também conduzem a falhas
ternalidades foi introduzido na Ciência Eco- rolário, conhecido como Teorema de Coase, no mercado, porque, às vezes, subsidiam a
nômica, em 1920, por Pigou. A proposição de afirmando que se os direitos de propriedade conversão de reservas de bens naturais, como
Pigou (1932) constitui-se na implementação, são bem definidos, e não há custos de transa- as florestas, em recursos econômicos explo-
por iniciativa do Estado, de medida tributária ção, então haverá uma alocação eficiente dos ráveis. No Brasil, por exemplo, o Governo
capaz de influenciar o comportamento dos recursos na negociação privada de conflito, Federal instituiu, no período entre 1965 e
agentes econômicos no mercado, com o ob- com maximização do bem estar social, mes- 1988, o Programa de Incentivos Fiscais ao
jetivo de corrigir as externalidades negativas mo que ocorra uma externalidade negativa Florestamento e Reflorestamento (PIFFR),
na utilização de recursos naturais. A medida (COASE, 1960). A referência aos custos de um conjunto de atos normativos que regula-
estatal pigouviana, baseada no Princípio do transação relaciona-se aos custos de um acor- mentaram incentivos fiscais às atividades flo-
Poluidor Pagador, tornou-se conhecida como do, que inclui custo de informação, tempo, restais (BACHA, 2008). Um problema com
Imposto de Pigou ou Taxa de Pigou (BRUE, fiscalização do acordo, etc. os subsídios e incentivos fiscais é que podem
2005). Os mecanismos de internalização criar distorções sociais, ao promoverem o es-
A abordagem Pigouviana, no en- das externalidades aplicam-se, normalmente, tímulo para que agentes econômicos privados
tanto, é criticada sob a argumentação de que para os casos de externalidades negativas re- expandam suas atividades exploratórias sem
há uma complexidade prática na atribuição sultantes de práticas do mercado, consistindo contrapartida fiscal compatível. Outro aspec-

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to problemático é que os incentivos fiscais incrementar o valor agregado dos bens e ser- algum mercado a ocorrência de inabilida-
encorajam processos ineficientes de produ- viços produzidos. Tais orientações tem por de para que se realize a captura dos valo-
ção, que resultam em aumento da quantidade base a lógica central de qualquer atividade res não comerciais dos recursos naturais,
de recursos necessários e aceleram a depleção empresarial, cujo objetivo é criar e capturar bem como de outros valores econômicos
dos recursos não renováveis. valor no mercado. relacionados, isso se deve a imperfeições
Nas situações em que o fator nature- A redução de riscos, porém, impli- do mercado. Tais imperfeições resultam
za é o aspecto fundamental para a caracteriza- ca custos, de tal forma que o provimento de de fatores como direitos de propriedade
ção das externalidades, como a poluição, por qualidade ambiental superior ao exigido pelo incongruentes, mercado incipiente, cus-
exemplo, a Economia Ambiental lida com a compliance pode deixar os custos de produção to de transação, falta de estímulo público
criação de condições em que tais externali- e/ou comercialização superiores aos da con- à conservação ambiental, altas taxas de
dades sejam incorporadas aos processos de corrência, adverte Reinhardt (1999). Sendo desconto, aversão a incertezas e riscos, ir-
mercado. assim, conclui-se que não é economicamen- reversibilidade etc. Ainda de acordo com
De acordo com Reinhardt (1999), te lógico prover mais benefícios ambientais Panayotou (1993) e Pearce (1996), as so-
as organizações empresariais tomam suas do que é legalmente mandatório, exceto se luções para tais imperfeições de mercado
decisões econômicas relativas ao uso dos houver vantagem competitiva significativa no deveriam ser estabelecidas por meio de
recursos ambientais tendo como premissa, mercado de atuação da organização, porque políticas públicas sobre a posse e uso da
em primeiro lugar, a redução dos riscos po- se torna mais difícil recuperar os gastos adi- terra, direitos ambientais e deveres fiscais.
tenciais futuros. Em segundo lugar, usufruir cionais e ainda obter lucros. Com base nisso, as soluções para as
das oportunidades ambientais de mercado, Na avaliação de Panayotou (1993) falhas do mercado local passam pela elaboração
quando se apresentarem as possibilidades de e de Pearce (1996), se for verificado em de políticas adequadas de posse da terra, zonea-

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mento do uso da terra, legislação sobre comér- a compensar com exploração de recursos em importantes por Seroa da Motta (2006),
cio de direitos ambientais e política fiscal. outras regiões. O problema, portanto, passa a porque permitem estimar os valores so-
As falhas globais, segundo Pearce ser onde cortar. (SEDJO, 1996) ciais dos recursos naturais com base nos
(1996), são mais complexas devido à necessi- conceitos de custo de oportunidade, po-
1.1.2 Valoração de bens e serviços
dade de criação de mercados mundiais, mas, dendo ser determinado tanto o valor de
ambientais
em princípio, os direitos de desenvolvimento uso quanto o valor de não uso. O valor de
podem ser negociáveis em nível internacional, A importância ecossistêmica de um mercado de um bem ambiental consiste na
os fluxos do setor privado podem ser estimu- bem ou serviço ambiental pode ser traduzido estimativa do seu valor monetário em rela-
lados para a captura de benefícios ambientais, através da atribuição de um valor de mercado ção aos outros bens e serviços disponíveis
além da adoção de várias formas de negocia- a ele. De acordo com May, Lustosa e Vinha na economia. Tal valor está associado aos
ção como troca de débito-pela conservação da (2003), essa atribuição de valor se baseia no atributos do bem ambiental, que podem ou
natureza (debt-for-nature swaps) e financiamen- entendimento de que todos os recursos am- não estar associados ao seu uso.
to de projetos pelo Global Environment Facili- bientais possuem um valor intrínseco que Outro fator importante da valora-
ty. Tais valores nem sempre são apropriados pode ser moral, ético ou econômico. ção mercadológica dos bens ambientais con-
pelos países menos desenvolvidos, porque os O valor econômico de um bem siste em dimensionar os impactos ambientais
valores globais dominam os valores locais e ambiental pode ser atribuído por méto- para internalizá-los à dimensão econômica
torna-se difícil estabelecer o equilíbrio entre dos de mercado ou métodos que não se- propriamente dita. Dessa forma, é possível
conservação e desenvolvimento. A redução jam mercadológicos. Também pode ser evidenciar os custos e benefícios de quais-
da exploração dos recursos naturais em uma atribuído de forma direta ou indireta. Os quer iniciativas que venham a expandir as ati-
região estimula o sistema global de mercado mecanismos de mercado são considerados vidades humanas.

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Quanto aos métodos não mercado- De acordo com Barreto (2009), os Dentro da perspectiva de valora-
lógicos, utiliza-se como base o tipo de utili- economistas que defendem a valoração eco- ção econômica, Pearce, Markandya e Barbier
dade que dá origem ao bem ou serviço. De nômica do meio ambiente, consideram que o (1989) consideram que o valor econômico
acordo com Marques e Comune (1999), um valor econômico, o mais relevante, é o que total de um bem ou serviço ambiental é dado
bem ou serviço ambiental pode ser classifica- orienta a tomada de decisão, apontando a pela seguinte equação:
do dentro das seguintes categorias: importância de um recurso para o bem-estar
social. Assim sendo, os modelos de valoração VET = VUD + VUI + VO + VE
• Valor de uso consumptivo
(caça, pesca etc.). buscam a equivalência dos possíveis impactos
Onde,
no bem-estar humano ou social que tenham
VET = Valor Econômico Total
• Valor de uso não consump- resultado das transformações ambientais. Tal
tivo (admiração paisagística, natação, VUD = Valor de Uso Direto
montanhismo etc.). variação é medida pela observação dos níveis
VUI = Valor de Uso Indireto
de utilidade associados aos fluxos de bens e
VO = Valor de Opção
serviços oriundos do meio ambiente. Des-
• Valor de serviços indiretos VE = Valor de Existência
(através de livros, filmes, fotografias ta forma o cálculo do valor tem por base a
etc.).
comparação de mudança no fluxo de servi- Em seu livro sobre “Economia Am-
ços com a mudança no estoque do recurso. biental”, o professor da Fundação Getúlio
• Valor de existência (satisfa-
ção pela preservação de espécie ou Portanto, segundo Barreto (2009), não são os Vargas, Seroa da Motta (2009), apresenta os
ecossistema, aplicado ao rol de bens
e serviços não considerados nem recursos em si que são valorados, mas as pre- principais métodos de valoração dos recursos
para uso corrente nem para uso op-
cional). ferências dos indivíduos. naturais, conforme apresentado na Tabela I.

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Tabela 1. Principais métodos de valoração ambiental

Método da produtividade marginal Cálculo da variação do nível de estoque ou qualidade

Método de mercado de bens substitutos Cálculo dos custos de reposição, dos gastos defensivos ou custos evitados e dos custos
de controle das perdas
Método da função demanda Cálculo da variação da disponibilidade.

Método da função de produção Observação do valor em função da contribuição como insumo ou fator de produção

Método do custo de oportunidade Estimativa do custo de oportunidade pelo não uso

Método de mercado para bens complementares Estimativa pelo valor de outros bens com preço de mercado

Método da valoração contingente Estimativa com base nos preços de mercado de bens privados

Método dos preços hedônicos Cálculo da variação de valor em função dos atributos de outro bem

Método do custo de viagem Estimativa da demanda com base nos custos de acesso

Fonte: Seroa da Motta (2009).


Um aspecto que dificulta a aplicação prática da valoração com referência predominantemente econômica é a dificuldade na tarefa de
estimar o valor dos bens e serviços ambientais para os casos em que o mercado não é explícito ou é muito imperfeito.

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Na Tabela 2 apresenta se um exemplo de como se pode estabelecer valor de mercado a servi- a Economia Ecológica é elaborada com o in-
ços ambientais: tuito de conceber o sistema econômico em
Tabela 2. Capital natural: exemplos de componentes subjacentes e valores conformidade aos ecossistemas naturais. De
BENS E SERVIÇOS ECOS- VALOR ECONÔMICO acordo com Harris (2000), a Economia Eco-
BIODIVERSIDADE
SISTÊMICOS (EXEMPLO) (EXEMPLO) lógica caracteriza-se por abordar a atividade
Prevenção da emissão de ga- econômica no contexto dos sistemas bioló-
Recreação
ECOSSISTEMAS ses de efeito estufa pela con- gicos e físicos que servem de meio para tal
Regulação da água
(variedade e área) servação de florestas: US$ atividade e de onde se originam os recursos
Sequestro de carbono
3,7 trilhões. produtivos.
Contribuição dos insetos Na abordagem da Economia Eco-
Comida, fibras, combustível
ESPÉCIES para polinização das culturas lógica os sistemas produtivos são conside-
Inspiração para design
(diversidade e abundância) agrícolas: US$ 190 bilhões/ rados como sistemas abertos, dentro dos
Polinização
ano quais os ecossistemas não são uteis apenas
25-50% de US$ 640 bilhões/ quanto à sua dimensão econômica. Dessa
Descobertas medicinais
GENS ano dos produtos farmacêu- visão, como apresentam Hosokawa, Rocha-
Resistência a doenças
(variabilidade e população) ticos dos EUA derivam de delli e Lima (2000), o equilíbrio econômico
Capacidade de adaptação
recursos genéticos somente pode ser alcançado na busca pela
Fonte: UNEP, 2011, p.18. universo, representando na prática uma críti- utilização sustentável dos recursos naturais.
ca à Economia Ambiental. Trata-se de uma Para isso, considerar as questões ambientais
1.2 Economia Ecológica
abordagem da Economia que fundamenta apenas como uma questão de internalização
A Economia Ecológica aborda a seus princípios nos modelos naturais, como das externalidades, em decorrência da busca
produção e o consumo humano em suas rela- por exemplo, as leis físicas da termodinâmica. pela otimização da relação custo-benefício,
ções com os sistemas que suportam a vida no Dessa forma, de acordo com Foladori (2001), tal como definidas pela Economia Neoclássi-
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ca, é insuficiente para a compreensão e gestão constituiria em fonte primordial de valor, de Vernadsky consistiu em perceber a conexão
dos impactos das atividades econômicas so- forma a destacar a agricultura como a fonte entre a origem da vida e os processos na-
bre o meio ambiente. Pelos conceitos da Eco- de riquezas de uma nação, em contraposição turais. Com base em estudos da evolução
nomia Neoclássica, as externalidades seriam ao mercantilismo inglês que preceituava o de- paleontológica, concluiu que antes do sur-
apenas custos sociais decorrentes das prefe- senvolvimento da indústria e do comércio ex- gimento do homem predominaram as trans-
rências subjetivas individuais para as quais terior como base das riquezas nacionais. Para formações geoquímicas. Numa segunda
inexiste um mercado. Hosokawa, Rochadelli Nascimento (2009), os pioneiros da Econo- etapa, posterior ao surgimento do homem
e Lima (2000) argumentam que, em função mia Ecológica teriam sido Wladimir Verna- civilizado, a sustentação da vida possuía de-
da premissa da abordagem neoclássica para o dsky (1863-1945) e Sergei Podolinsky (1850- pendência alimentar permanente. Na tercei-
comportamento econômico humano, a inter- 1891), além de Justus von Liebig (1803-1873) ra etapa, a sustentabilidade poderia vir com a
nalização das externalidades ambientais não e Karl Marx (1818-1883). solução do problema energético, utilizando-
conduz, necessariamente, à sustentabilidade Consta que Vernadsky e Podolinsky -se a energia solar sem a mediação das plan-
na utilização dos recursos naturais. Embora, foram os pioneiros na proposição de análises, tas. Se isso fosse possível, viabilizaria tanto a
a internalização dos custos sociais pudesse visando um equilíbrio maior entre o homem e abundância energética quanto a abundância
promover uma otimização da relação custo- o planeta, reflexo dos estudos rurais que em- alimentar. Sendo assim, seria possível liberar
-benefício no que se refere ao consumo dos preenderam sobre a relação entre o homem o ser humano da matéria viva e transformá-
recursos, cuja decisão de escolha está sujeita e a terra. Já no fim do século XIX, apresen- -lo em um ser capaz de produzir o próprio
às preferências subjetivas individuais. taram o esboço de uma visão ecológica, cujo alimento, embora a multiplicação da vida
Em conformidade aos estudos de foco estava na análise do fluxo de energia na continuasse a ocorrer dentro das dimensões
Foladori (2001), a fundamentação da Econo- agricultura. (NASCIMENTO, 2009) finitas do planeta e de acordo com os limites
mia Ecológica originou-se da fisiocracia de Ainda de acordo com Nascimento impostos pela constituição física e química
Quesnay (1694—1774), para quem a terra se (2009), a maior importância dos estudos de do meio.

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Para Vernadsky, de acordo com está centrada na concepção de metabolismo ída também materialista quando ocorre falha
Nascimento (2009), os seres humanos são entre sociedade e natureza. (NASCIMEN- metabólica. É como se o destino tanto do
sujeitos ecológico-planetários fundamentais TO, 2009) homem como da natureza estivessem selados
para a fase evolutiva atual da Terra, em fun- Liebig introduziu a prática de adu- por esse metabolismo, vinculando-os a uma
ção de sua capacidade de transformação da bação química em substituição à orgânica, única fonte de vida.
crosta terrestre e da vida no planeta. A so- baseado na ideia de que era necessário devol- Para Nascimento (2009), o conceito
lução da questão social, portanto, há de de- ver ao solo as condições de fertilidade, como de falha metabólica de Marx é sua contribui-
mandar uma mudança na forma como se dá o uma garantia de sustentabilidade do agricul- ção mais relevante para o debate ambiental. A
processo alimentar e na forma como as fon- tor (NASCIMENTO, 2009). Liebig correla- ideia de troca metabólica entre natureza e so-
tes de energia são utilizadas pelo homem para cionava o problema do esgotamento do solo ciedade em Marx teria um propósito maior:
obtenção de seus alimentos. ao da poluição nas cidades em decorrência do transformar essa relação concretamente.
Outro pioneiro da Economia Eco- aumento do esgoto humano e animal, pro- Marx e Engels associam, por isso, a noção de
lógica, considerado por Nascimento (2009), pondo, naquela época, a reciclagem orgânica. alienação do trabalho com a de alienação da
é Sergei Podolinsky, que, ao estudar os balan- A economia política de Marx, segun- natureza.
ços energéticos na agricultura, observou que do Nascimento (2009), foi importante para o
1.2.1 Entropia e economia antrópica
sua base está na noção de fluxo de energia, nascimento da Economia Ecológica, porque
cujos parâmetros de sustentabilidade ener- define o processo de trabalho como uma re- A entropia é entendida como uma
gética são construídos socialmente. Tal con- lação entre o homem e a natureza, na qual o parte da energia que é perdida em forma
ceito será retomado na teoria econômica na homem, através das suas próprias ações, me- de calor, ou, uma quan01tidade de energia
década de 1970 por Georgescu-Roegen. deia, regula e controla o metabolismo entre de um sistema que não pode ser convertida
A importância de Liebig e Marx en- ele e a natureza. O conceito ressalta o caráter em trabalho mecânico sem comunicação
tre os precursores da Economia Ambiental materialista dessa relação e propugna uma sa- de calor a algum outro corpo. A entropia é

19
maior nos processos irreversíveis e menor De acordo com argumento de Ho- las teorias: Teoria de Relatividade Geral de Eins-
nos reversíveis. sokawa e Hosokawa (2001), o uso dos re- tein, Teoria de Hawking, Teoria de Gravitação
Há, distintamente, duas vertentes cursos energéticos acelera a geração de en- Universal. Todas essas teorias explicam fenô-
da Economia Ecológica que se baseiam nos tropia, o que ameaça as espécies e a biosfera menos com formas espiraladas ou cilíndricas, o
princípios da termodinâmica para analisarem como um todo). Assim, a lei dos efeitos da que permite concluir que os efeitos da entropia
as condições de sustentabilidade ambiental entropia natural pode ser relacionada com natural são eventos cíclicos cuja anatomia é uma
do mercado e do desenvolvimento (LIMA, a economia antrópica. A teoria postula que hélice cônica, espiralada logarítmica em retração.
1999.). Enquanto a primeira lei da termodi- o uso de energia nos processos produtivos Várias fórmulas matemáticas podem ser extraí-
nâmica (lei da conservação da energia) funda- cresce exponencialmente e, assim, da mesma das desse conceito, que podem explicar os efei-
menta os argumentos de uma vertente, a se- forma cresce também sua entropia. Sendo a tos da entropia natural. Quando se altera o coe-
gunda lei da termodinâmica (lei da conversão entropia um processo irreversível, em que a ficiente angular, que é a velocidade dos efeitos da
da energia) dá sustentação aos argumentos energia convertida entropicamente não pode entropia natural, os seus efeitos são acelerados.
de outra. A primeira vertente de estudiosos ser recuperada ou reciclada, tem-se como re- A aceleração pode ser observada em exemplos
da Economia Ecológica está focada em ana- sultado um crescimento exponencial da po- como o desmatamento das florestas de araucá-
lisar as condições de equilíbrio entre os insu- luição ambiental. Verifica-se o fenômeno de ria. A escala de tempo do universo é muito supe-
mos produtivos e os resíduos da produção. perda de energia térmica de forma irreversí- rior à humana, o equilíbrio tem base nessa escala
A segunda vertente tem seu foco na análise vel e exponencial nos processos de produção temporal, e, quando o homem consumiu essas
da conversão da energia, considerando que de bens e serviços. florestas (geralmente para fins energéticos) em
as atividades econômicas utilizam matéria e Se o crescimento é em forma expo- poucas décadas, destruiu a harmonia existente,
energia de baixa entropia que são converti- nencial positiva, os efeitos são manifestados de acelerando os efeitos da entropia, pois as matas
das em matéria e energia de alta entropia. No forma exponencial negativa, alertam Hosokawa demoram até séculos para atingir sua longevida-
longuíssimo e Hosokawa (2001). Isso pode ser explicado pe- de natural.

20
A teoria de economia ecológica ba- de mar, fotovoltaica) em detrimento do uso com fluxo metabólico. O fluxo principia na
seada na análise da entropia, considera que das fontes de energia não renováveis (fósseis utilização dos recursos naturais, que promo-
o universo é todo composto de energia, que - carvão, petróleo; urânio), de forma a produ- ve escasseamento, e finda com o descarte de
assume várias formas de seres e elementos. zir níveis mais sustentáveis de entropia, com- resíduos, que promove poluição ambiental.
Tais formas estão sujeita à transformação; se patíveis com a capacidade de resiliência do Tanto o escasseamento quanto a poluição
harmônica no tempo, há adaptação e sobre- meio ambiente. (HOSOKAWA e HOSOKA- representam custos ambientais, e tais custos
vivência, se não, tende à extinção da espécie. WA, 2001) precisam ser contabilizados. Por isso, nas
Assim, a biodiversidade está relacionada com De outra forma, conforme afirma últimas décadas os estudiosos do meio am-
a estrutura energética do universo. As altera- Lima (1999), a inevitabilidade da aceleração biente e da economia ambiental tem procu-
ções no ambiente induzem à desorganização da entropia verificada no sistema de produ- rado formulações que permitam estabelecer
energética (alta entropia) e efeitos acelerados. ção econômica implica na impossibilidade parâmetros de medidas para os custos da
Isto significa que para se adaptarem e sobre- do desenvolvimento sustentável no longo depleção e para o planejamento ambiental.
viverem os organismos precisam mudar sua prazo. Diante disto, coloca-se a questão da Neste sentido surgiram conceitos como ca-
composição genética. escala do crescimento da economia e da re- pacidade de carga (WAGAR, 1964), estima-
A espécie humana não teria tempo lação entre o tamanho físico do sistema eco- tiva de consumo da biosfera (VITOUSEK,
hábil para realizar tal mutação genética, o que nômico e do ecossistema. De acordo com 1986), pegada ecológica (WACKERNA-
significa que os efeitos acelerados da entro- Cechin e Veiga (2010), como o sistema de GEL; REES, 1996), contabilidade ambiental
pia implicam maiores riscos de extinção da produção econômica é finito, o crescimen- (ODUM, 1996), espaço ecológico (BÜHRS,
espécie. Para conter esse processo, deve-se to econômico implica na incidência de um 2009) etc. Dentre esses, abordaremos a se-
priorizar as energias renováveis (hidroelétri- custo ambiental, porque a economia consti- guir os conceitos de capacidade de carga e
cas, solar, eólica, fitomassa sustentada, fluxos tui-se em um sistema dissipativo de energia pegada ecológica.

21
1.2.2 Capacidade de carga (Carrying Capa-
city) presente e futura dos recursos disponíveis. de uma determinada espécie que uma área

A primeira formalização do conceito de De acordo com Magro (1999), a extrapolação pode acomodar sem prejuízo da sua capaci-
capacidade de carga foi proposta por Wagar do uso dessa técnica, para estudos em outras dade para acomodar a mesma espécie no por-
(1964), cujos conceitos podem ser sintetizados
em três pontos: áreas de atividade, ocorreu a partir da década vir. Trata-se de uma equação com a medida
•• a capacidade de carga não é um va- de 1970, principalmente para uso adaptado da quantidade de recursos renováveis existen-
lor absoluto nem igual em todos os a unidades de conservação em que ocorrem tes no meio ambiente com a quantidade de
lugares; atividades recreacionais. Houve, essencial- população que tais recursos tem a capacida-
•• a capacidade de carga depende das mente, uma adaptação do conceito de capa- de de atender. Ou seja, a capacidade de carga
necessidades e valores das pessoas, cidade de carga animal para o de capacidade é uma função das características naturais da
e só pode ser definido com relação de carga recreacional, com o objetivo de ave- área ocupada e da população que a ocupa.
aos objetivos de gestão; riguar qual o número adequado de visitantes Daily e Ehrlich (1992) assinalam
•• a necessidade de limitar o acesso e que uma área suporta. que em relação aos seres humanos, há maior
uso de alguns bens naturais pode ser O equilíbrio de um ecossistema está complexidade para se estimar a capacidade de
feita através de outros instrumentos diretamente relacionado aos limites de uso carga, devido aos fatores socioculturais e tec-
administrativos como zoneamento, dos seus ambientes, limites que definem sua nologias disponíveis. O termo capacidade de
persuasão etc. capacidade de carga e precisam ser respeita- carga define qual o nível de atividade humana
O conceito de capacidade de carga dos para a preservação do que lhe é inerente- que um local pode suportar sem causar danos
teve origem no manejo de pastagens como mente característico. ao ambiente e é bastante utilizado em reser-
técnica, para avaliar qual a quantidade máxi- De acordo com a conceituação eco- vas ecológicas e parques ambientais para defi-
ma de animais que uma área de pecuária po- lógica de capacidade de carga consiste no li- nir qual a quantidade ideal de visitantes, com
deria suportar sem comprometer a qualidade mite máximo para o tamanho da população o objetivo de prevenir alterações indesejáveis

22
no ambiente. Seu cálculo resulta de observa- de forma negativa, a experiência de De acordo com Cole (2004), porém,
ções repetidas quanto às variáveis ambientais, uso (capacidade de carga social). há grandes divergências entre gestores e pes-
físicas, ecológicas e de manejo. Ao se transfe- A avaliação da capacidade de car- quisadores sobre o valor do conceito de capa-
rir o conceito para o âmbito global, podem-se ga é considerada importante, por Peccatiello cidade de carga. Se por um lado há ferrenhos
identificar as possibilidades de sobrevivência (2007), para avaliar a intensidade do uso defensores, enaltecendo o aspecto técnico
das gerações atuais e futuras, ao se verificar público de uma determinada área e estimar administrativo de auxiliar na tomada de deci-
qual a capacidade do planeta Terra em supor- os limites de uso para não haver compro- sões sobre valores e organização sustentável
tar os impactos resultantes dos padrões atuais metimento de sua sustentabilidade ecossis- do acesso aos bens naturais, por outro lado,
de consumo. têmica. A medição adequada sobre o uso per há críticos severos do seu caráter normativo
A capacidade de carga possui em sua capita adequado de um bem ambiental per- que o desqualificam como base de pesquisa
formulação conceitual princípios das ciências mite antecipar decisões sobre atos preven- científica, criticando justamente a impreci-
biológicas, bem como princípios das ciências tivas. Enquanto técnica ou modelo de ava- são dos cálculos de valor. Para Cole (2004), o
exatas e sociais. Os aspectos definidores da liação, Stankey e Manning (1986) observam conceito de capacidade de carga sustenta-se
Capacidade de Carga são enumerados por que a capacidade de carga oferece uma base mais em função da capacidade dos gestores
Magro (1999) conforme relação abaixo: para averiguar várias interações importantes, em tomar decisões baseados nas apreciações
•• estabilidade e diversidade do ecos- dentre as quais estão a relação entre ofer- de valor, do que dos cientistas em fundamen-
sistema natural (capacidade de carga ta e demanda, entre condições de oferta e tar teorias sobre tais decisões.
física); qualidade percebida e entre quantidade de Uma reformulação do conceito de
•• quantidade de usuários que a área oferta e qualidade da experiência resultante capacidade de carga foi proposta por Stankey
pode receber sem que seja afetada, do usufruto. e Manning (1986), com o objetivo de enfa-

23
tizar as condições desejadas para uma área Figura 1. Capacidade de carga mundial em 1961 e 2006
considerada, em substituição à medida de
quanto uso uma área poderia tolerar. Apre-
sentam o conceito de Limites Aceitáveis
de Mudanças (Limits of Acceptable Change –
LAC). A justificativa da proposição é de que
o importante não é como prevenir qualquer
mudança antrópica, mas quanto de mudan-
ça pode-se permitir que ocorra, onde pode
ocorrer e quais ações para controlá-las são
necessárias.
Os estudos sobre o conceito de
capacidade de carga evoluíram de forma a Fonte: UNEP, 2011 (Permitida reprodução (o percentual de área demandado cresceu de
incorporar várias dimensões da sustentabi- para fins didáticos). 70% para 120% da capacidade da biosfera,
lidade ecológica, destacando-se os aspectos De acordo com relatório de Wacker- entre 1961 e 1999.
ambientais, culturais, sociais, econômicos e nagel et al (2002) para a Academia National
1.2.3 Pegada ecológica (ecological
políticos. (PECCATIELLO, 2007). Na Figu- de Ciências dos Estados Unidos, a humani-
footprint)
ra 1, mostra-se um gráfico ilustrando resul- dade já ultrapassou a capacidade de carga da
tado de estudos da Organização das Nações biosfera desde a década de 1980. Tal excesso A fim de satisfazer, ainda que par-
Unidas (ONU), em que se compara a capa- pode ser expresso pela quantidade excedente cialmente, a necessidade de contabilização
cidade de carga mundial de 1961 com a de da demanda humana por área de terra pro- dos custos da depleção e da poluição, Wacker-
2006, categorizadas por continentes. dutiva em relação ao suprimento da natureza nagel e Rees (1996) propuseram uma medida

24
biofísica dos estoques e fluxos naturais rele- pegada ecológica de um território possibili- A fundamentação de Pegada Eco-
vantes denominada como pegada ecológica. ta o estabelecimento de benchmarkings, o que lógica sustenta-se em três conceitos básicos,
A Pegada Ecológica resulta do cál- torna possível realizar comparações entre in- que são sustentabilidade, equidade e capaci-
culo baseado no tamanho da população, mul- divíduos, cidades e nações, bem como criar dade de carga. A sustentabilidade refere-se à
tiplicado pelo consumo per capita de recursos índices referenciais. satisfação das necessidades humanas, tanto
naturais, conforme as possibilidades tecnoló- O conceito de pegada ecológica as atuais quanto a das gerações futuras, com
gicas. Consiste em conceito baseado na ideia resulta da busca pelo estabelecimento de foco na conciliação entre a demanda humana
de que, para cada quantidade de bens e ener- um parâmetro quantitativo que avalie às e a capacidade de suporte dos ecossistemas.
gia consumidos, há um equivalente territorial possibilidades probabilísticas quanto ao A equidade refere-se à análise do equilíbrio
mensurável em área de terra e quantidade de tempo restante para a vida humana no pla- entre as nações, espécies e gerações, quanto
água necessários para que os bens e energia neta tal qual a conhecemos. Levando em ao uso e consumo dos recursos naturais. A
consumidos possam ser produzidos. consideração a quantidade de recursos capacidade de carga refere-se à ideia de que
A pegada ecológica é uma medida existente para satisfazer a demanda pre- há um limite para o uso e consumo dos re-
que contrasta o consumo dos recursos na- sente, calcula-se o tempo futuro provável cursos naturais em cada espaço geográfico
turais pelas atividades humanas em relação à para o consumo e depleção total final dos específico. O conceito de capacidade de carga
capacidade de suporte da natureza. O obje- bens ambientais ou de qualquer recurso engendra a suposição de que a sobreutiliza-
tivo de tal medida é mostrar se os impactos necessário para manter a qualidade de vida ção (overshoot) das energias e matérias, existen-
no ambiente global são sustentáveis no longo das pessoas. Com essa finalidade, parte-se tes em determinada área, determinam que a
prazo. Trata-se de conceito que fornece um da observação quantitativa dos limites na- condição para o crescimento econômico con-
referencial de desempenho ecológico e iden- turais de uso e consumo dos recursos na- tínuo seria a depleção do capital natural e a
tifica os desafios sociais a serem considerados turais, bem como da capacidade de autos- diminuição dos serviços da natureza em prol
nas políticas públicas. Ou seja, a medida de sustentação biológica da natureza. da manutenção da vida.

25
A pegada ecológica de uma área ge- gada Ecológica (emissão), a fim de
ográfica, portanto, deve ser menor do que a estimar se o tamanho do território
porção da superfície ecologicamente produti- biologicamente produtivo que se faz
va do território à que se refere, seja tal territó- necessário para sequestrar o equiva-
rio uma cidade, um país ou um planeta. lente per capita das emissões de car-
Para cálculo da pegada ecológica, bono e, assim, evitar um aumento
considera-se a subdivisão espacial das áreas de CO2 na atmosfera.
de terra bioprodutiva. Tais subdivisões são: •• Áreas pavimentadas, impermeabi-
•• Áreas de pastagem, destinadas à lizadas ou degradadas, destinadas à
criação de animais de corte e de lei- moradia, ao transporte, ao comér-
te. cio, à produção industrial e energé-
•• Áreas de floresta e reflorestamento, tica.
destinadas às florestas naturais ou •• Áreas para a proteção da biodiver-
plantadas para a produção de fibras, sidade, destinados à sobrevivência e
madeira e combustíveis. reprodução de outras espécies (que
•• Áreas de agricultura, para cultivo não a humana), incluindo fauna e
de alimento humano e ração de ani- flora.
mais.
•• Áreas marítimas, destinadas à pesca
extrativa e cultivo de pescados.
•• Áreas de energia, espaço fictício
para referência de cálculo da Pe-

26
A capacidade de uso dos recursos
de uma região depende da acessibilidade e
da qualidade dos recursos (BARLOWE,
1972). A acessibilidade se refere à sua locali-
zação, posição em relação ao mercado, con-
dições para transporte e situação em relação
a fontes de matéria prima. A qualidade se

CAPÍTULO 2 refere às condições de produção dos recur-


sos disponíveis, o que envolve condições
TEMAS TRANSVERSAIS EM
climáticas, características estéticas, presença
ECONOMIA AMBIENTAL
de água, vegetação, acesso à escola e a ativi-
dades culturais.
2.1 Economia Regional
Dentre as alternativas de uso da
A economia regional é descrita por terra, a escolha tende a ser por aquela que
Barlowe (1972) como a ciência que estuda as proporciona a maior vantagem comparati-
relações econômicas referentes à ocupação va para seu proprietário ou para a sociedade
e uso da terra. Seu objeto de estudo são os (BARLOWE, 1972). Os critérios de compa-
problemas decorrentes do uso e controle es- ração dependem da capacidade de uso e das
tratégico dos recursos em uma região, cujas demandas sociais presentes, podendo ser
variáveis são os fatores físico-biológico, eco- aplicados tanto valores monetários quanto
nômico (principalmente preço), institucional valores sociais intangíveis, ou uma combina-
e tecnológico. ção de ambos. Às vezes, o peso dos valores

27
sociais é contraposto aos valores comerciais, Tabela 3. ORDEM DE PRIORIDADE DE LOCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES EM
mas tradicionalmente a vantagem compara- FUNÇÃO DA RENDA DA TERRA
tiva é medida pela habilidade econômica de
uma área, para competir com outras áreas na Autor BARLOWE (1972) HOSOKAWA (1986)
produção de produtos ou serviços específi- 1. Comércio e Indústria Instalações urbanas
cos. A redução da exploração em regiões indi- 2. Residências Infraestruturas de comunicação
viduais estimula o sistema global de mercado 3. Agricultura e Pecuária Indústrias
a compensar com exploração em outras áreas 4. Floresta e campo Agricultura
(SEDJO, 1996). O problema, portanto, passa 5. Depósito sanitário Pecuária
a ser onde explorar. 6. Florestas
Tomando por base o retorno finan- As opções de ocupação e uso do Como exemplo de mudanças radi-
ceiro potencial dos recursos de uma região, solo em função da renda alteram-se com a cais ocorridas ao longo do tempo, pode-se
definido no conceito de renda da terra, Bar- evolução tecnológica, que vem seguida de comparar com a observação que Von Thü-
lowe (1972) classifica a ordem de prioridade mudanças nas demandas de consumo, pois nen fez da distribuição espacial das atividades
para o melhor uso da terra com prioridade novas tecnológicas promovem inovação da produtivas da sua época, na segunda metade
para as atividades comerciais e industriais, matriz energética das sociedades e, conse- do Século XIX. As áreas centrais eram des-
próximo das quais se localizariam as residên- quentemente, revolucionam sua infraestru- tinadas ao mercado e prestação de serviços.
cias, seguido das atividades agro florestais, e tura de comunicação e acessibilidade geo- Próximos ao centro eram produzidos os bens
no mais distante limite regional, as instalações gráfica. Além disso, inovações tecnológicas perecíveis mais lucrativos ou mais difíceis de
para dejetos e saneamento. Classificação se- direcionam mudanças normativas, com a transportar, como hortaliças, leite e deriva-
melhante é proposta por Hosokawa (1986) finalidade de tornar o sistema de produção dos, por exemplo. No entorno imediato do
para as atividades básicas de uso da terra. social mais eficiente. mercado se fazia necessário o cultivo de

28
florestas para fornecimento da matriz ener- padrões de posse de terra, densidade popula- maior degradação ambiental e não apresen-
gética da época, a lenha. Com o afastamento cional humana e cultura local (KARANTH e tam as mesmas vantagens ambientais da ma-
do centro de mercado, a terra passava a ser MADHUSUDAN, 2002). Outros fatores que deira, como renovabilidade, reciclabilidade e
ocupada com produtos menos lucrativos e podem estimular as sociedades a adotarem biodegradabilidade.
mais fáceis de transportar, como grãos e pe- práticas de uso mais intensivo da terra, com O custo de transporte para locomo-
cuária, com transição da agricultura intensiva menor uso de território per capita, estão asso- ver pessoas, insumos, equipamentos e produ-
para agricultura extensiva (CROSIER, 2001; ciados à escassez de recursos extrativos e de tos é um dos principais fatores para definir
NIEMELÄ, 2008). áreas disponíveis (SCHAIK E RAO, 2002). os padrões de utilização e de produção numa
Outro fator importante considerado nas de- área. O fator locacional afeta o uso econômi-
2.1.1 Diferenças regionais
cisões que resultam em uso intensivo da ter- co e o valor dos recursos, porque, devido à
As diferenças entre regiões podem ra, consiste no valor de mercado das terras dimensão espacial dos mercados e suas dis-
ser analisadas fundamentalmente através das disponíveis para venda. Além disto, conside- tâncias em relação aos centros econômicos,
listas de produtos exportados e importados ram-se as oportunidades de comercialização os fluxos de transporte e de informação au-
na matriz input-output de cada região (ISARD, dos excedentes, de forma que possibilitem o mentam os custos da produção e eliminam a
1985). As características dos recursos dispo- financiamento do usufruto de comodidades condição de concorrência perfeita. No custo
níveis e as instituições socioculturais locais desejadas. do transporte são contabilizados os valores
são os principais fatores diferenciais nos ti- O aumento de preços reduz o va- do transporte em si, o tempo gasto, o esforço
pos de uso e ocupação espacial das áreas de lor de uso dos recursos naturais e estimula a e as inconveniências de transportar insumos,
terra. As definições sobre o melhor uso dos utilização de materiais substitutos (SEDJO, equipamentos, produtos e pessoas.
recursos de uma região geralmente são feitas 1996). No caso da madeira, as implicações Segundo Clemente (1992), a Teoria
com base em critérios macroeconômicos, tais ambientais são negativas, porque os materiais da Localização Industrial considera o custo
como preços de mercado, acesso a transporte, substitutos como metais e concreto causam de transporte e a economia de escala como

29
os fatores centrais para as tomadas de decisão estocagem e de substituição do insumo na O aumento populacional dentro de
sobre investimentos, mas defende que o custo produção de bens, e também diretamente uma área exaure gradativamente os recursos
de transporte não deve ser utilizado como cri- proporcional à densidade do valor do insu- naturais utilizados para sobrevivência das co-
tério para separar as áreas de mercado, porque mo. A teoria das vantagens comparativas, munidades, o que gera mudanças nos usos
a produção tende a ser espacialmente concen- porém, é de curto prazo e implica desequilí- tradicionais dos recursos e induz ao consumo
trada em função da economia de escala. As- brio regional crescente, devido aos efeitos da intensivo com investimentos de capital e tra-
sim sendo, o custo de transporte de produtos especialização na produção que beneficia as balho na produção de bens com o máximo
não apresenta ganhos significativos de escala, regiões mais desenvolvidas, porque são elas valor agregado (PEARCE, 1996; SCHAIK;
sendo incorporado aos custos totais e com- que têm capacidade para oferecer vantagens RAO, 2002). Isso leva a novos padrões de
pondo uma fração do custo médio. Por sua comparativas (CLEMENTE, 1992). consumo e modos de vida nas comunidades,
vez, o custo de transporte de insumos soma- As áreas de terra estão localizadas aumentando a probabilidade de haver falhas
-se aos demais custos de produção e é incor- dentro de uma matriz de usos e padrões di- nos mercados locais e globais.
porado aos preços cobrados do consumidor. versificados de posse dos recursos. Um siste- De modo geral, as definições de re-
Ambos os custos, de transporte de ma inadequado de posse da terra é apontado cursos emergem das comunidades, que são
produtos e de transporte de insumos, são di- por Castle (1996) como uma das principais a base para a ordem social das populações
retamente comparáveis, sendo o transporte causas para o uso inadequado dos recursos humanas, onde as atitudes e os valores hu-
de insumos menos desejável do que o trans- naturais de uma área por não refletir o cus- manos são adquiridos (LEE; FIELD; BUR-
porte de produtos, porque a interrupção do to social adequado. Em nível global, Pearce CH JR., 1990). Sugere Shannon (1990), que
suprimento de insumos pode inviabilizar a (1996) aponta a possessão de terras em um o planejamento regional da terra deve ser
produção (CLEMENTE, 1992). Por isso, a país por indivíduos que habitam em outro um processo de diálogo entre o saber po-
atratividade de uma fonte de insumo é di- país como um dos fatores de distorção na lítico, o saber social e o saber técnico. As
retamente proporcional às dificuldades de economia de uma região. comunidades florestais, cuja base de renda

30
é a exploração dos recursos naturais, não al- cionado por determinantes culturais, porque À medida que o nível de escassez
cançam nível de desenvolvimento compatí- não há no organismo humano os recursos dos recursos naturais afeta os padrões de
vel com o das demais comunidades rurais. biológicos que possam garantir a estabilida- consumo e à medida que o nível de in-
De acordo com Drielsma, Miller e Burch de das atitudes humanas e, por isso, se faz formação e tecnologia disponíveis permi-
Jr. (1990), tais comunidades apresentam alto necessário estabelecer ordem, direção e esta- tem novas formas de aproveitamento dos
índice de desemprego, salários baixos, rota- bilidade (BERGER e LUCKMANN, 1983). recursos, os valores culturais vão sendo
tividade populacional alta, índice de suicídio Como através da repetição padronizada qual- transformados. Um exemplo é a evolução
e alcoolismo elevados, e menor integração quer ação pode ser reproduzida com econo- da percepção predominante dos seres hu-
social do que qualquer outro tipo de comu- mia de esforço (BERGER e LUCKMANN, manos sobre as florestas que, ao longo dos
nidade rural ou urbana. 1983), o padrão de estabilidade institucional séculos, passou da reverência espiritual dos
Para as pessoas viverem em comu- das comunidades reproduz a cultura de uso povos primitivos à exploração utilitarista
nidade, os padrões de relacionamentos são dos recursos naturais, constituindo-se em im- das sociedades contemporâneas. De acor-
institucionalizados pelos valores culturais. portante parâmetro para a estabilidade das do com (MACCLEERY, 1994), uma nova
Os valores culturais orientam continuamente comunidades baseadas em recursos. Em con- cultura social em relação às florestas ten-
as práticas sociais e individuais das pessoas. cordância com esse raciocínio, MUTH (1990) de a globalizar-se em função do avançado
De acordo com BERGER e LUCKMANN reforça o argumento de que a estabilidade da processo de depleção dos recursos natu-
(1983), na relação entre a natureza e a socie- estrutura institucional é o melhor parâmetro rais somado às novas evidências científicas
dade, o corpo biológico impõe limites para para entender a estabilidade de uma comuni- quanto aos efeitos das atividades antrópi-
aquilo que é socialmente possível, enquanto dade, destacando os indicadores tradicionais cas sobre o meio ambiente. Essa nova cul-
o mundo social impõe limites para o que é de estabilidade do emprego, estabilidade da tura tende a priorizar a qualidade de vida
biologicamente possível. Mesmo o desenvol- oferta de recursos, estabilidade econômica e através da sustentabilidade ecológica de
vimento biofísico do ser humano está condi- estabilidade populacional. longo prazo.

31
2.1.2 Economia Florestal malmente, causa impacto negativo sobre os ambientais supridos pelas florestas, o que tor-
lucros, afirma (SCHMIDHEINY e WBCSD, na o uso prolongado para produção comer-
A humanidade é dependente das 1992), por isso, defende que o estímulo para cial em tema de controvérsias (FAO, 2003).
florestas para uma grande variedade de pro- investimentos em reflorestamentos depende A combinação desses três aspectos distingue
dutos, apesar de a urbanização separar as pes- da disponibilidade de financiamento de longo o comércio florestal das outras formas de co-
soas, física e psicologicamente, da terra que prazo e métodos de avaliação e contabilidade mércio, porque, embora economicamente a
as sustenta. A economia florestal refere-se ao apropriados. sustentabilidade florestal esteja primariamen-
manejo e exploração de áreas florestais para Há três aspectos particularmente te vinculada ao suprimento de madeira, ela
atender a diversos objetivos. Ela está intrin- problemáticos em relação ao manejo florestal inevitavelmente está relacionada aos valores
secamente vinculada à Economia Ambiental, sustentável entre as características que defi- ambientais e sociais.
porque as florestas proveem água, oxigênio, nem as florestas. O primeiro refere-se aos ris- De acordo com documento da FAO
depósito para o carbono atmosférico, vida cos exacerbados pela sensitividade ambiental, (2003), os elementos envolvidos na sustenta-
silvestre, pesca, paisagens turísticas e opor- porque as florestas, principalmente as natu- bilidade florestal referem-se à produção sus-
tunidades de recreação, além da madeira e rais, precisam de um longo período de rota- tentável de bens e serviços, à conservação da
depósitos de minerais. A administração flo- ção, o que requer altos retornos ou incenti- diversidade biológica e à garantia de impactos
restal, portanto, deve buscar o equilíbrio en- vos para estimular investimentos. O segundo sociais e econômicos positivos.
tre a produção de commodities e a captura dos deve-se à ocupação de grandes extensões de A produção sustentável de bens e
valores não consumptivos das florestas. terra, o que aumenta as disputas entre grupos serviços refere-se tanto aos produtos da ma-
Um dos obstáculos para investimen- de interesse sobre as alternativas para os usos deira quanto aos produtos não madeireiros,
tos em atividades florestais é a crescente prefe- da terra (incluindo a proteção total das flo- além da proteção do solo e da água, manu-
rência do mercado de capital por opções com restas) e pressões políticas sobre o governo. tenção das funções do ecossistema, conti-
retorno de curto prazo. Plantar árvores, nor- O terceiro deve-se à importância dos serviços nuidade da saúde e vitalidade da floresta e

32
contribuição ao clima local e global. A con- consumo humano e o aumento da produtivi- De acordo com MacCleery (1994),
servação da diversidade biológica refere-se à dade agrícola devida à aplicação de fertilizan- está em curso uma série de transformações
conservação da paisagem, dos ecossistemas, tes e pesticidas à base de petróleo podem ser nos padrões de consumo dos mercados flo-
das espécies e do banco genético. A garantia considerados como os principais fatores para restais, cuja tendência aponta para o desloca-
de impactos sociais e econômicos positivos a redução na demanda por produtos flores- mento no foco do mercado, retirando-o da
refere-se ao respeito aos povos indígenas, tais, mesmo com a população global em cres- sustentabilidade em suprimento de matéria
às comunidades locais, aos proprietários de cimento. Através do desenvolvimento tecno- prima e deslocando-o para a sustentabilidade
terras, aos trabalhadores assalariados e às lógico, alcança-se melhor aproveitamento da biodiversidade local e regional. Apesar do
economias locais e regionais (FAO, 2003). da matéria prima com menor desperdício, conflito entre as demandas sociais pelo ma-
Os elementos arrolados não são necessaria- além de estímulo à prática da reciclagem. Em nejo sustentável das florestas como cenários
mente compatíveis entre si, o que requer dos contrapartida, crescem as oportunidades de de lazer e biodiversidade e as demandas tradi-
grupos de interesse envolvidos nas negocia- mercado para o uso de materiais substitutos cionais de florestas como estoque de matéria
ções sobre o uso das grandes áreas de terra como aço, concreto, plástico e outros. Em- prima e áreas para novas fronteiras agrícolas.
algum tipo de trade off entre os interesses em bora as vantagens ambientais dos produtos O manejo sustentável de florestas,
disputa. florestais sejam evidentes em relação a seus conforme conclusão da Conferência Inter-
As práticas florestais são dependen- potenciais substitutos, Hartikainen (1994) nacional sobre a Contribuição de Critérios
tes dos processos de adoção e difusão das argumenta que as vantagens comerciais do e Indicadores para o Manejo Sustentável de
novas tecnologias, bem como da capacidade setor dependem de manejo florestal sensível Florestas (CICI), realizada na Guatemala em
de investimentos por parte de quem detém a às questões ambientais, do uso de tecnolo- 2003, compreende sete áreas temáticas: exten-
posse da terra. A diminuição das áreas flores- gia limpa no processo de industrialização e são dos recursos florestais, diversidade bioló-
tais passíveis de exploração, a conversão do da responsabilidade social nas atividades de gica, saúde e vitalidade das florestas, funções
petróleo em principal fonte de energia para o marketing. produtivas dos recursos florestais, funções

33
protetivas dos recursos florestais, funções de proteção da biodiversidade e preservação e a incapacidade dos governos nacionais em
socioeconômicas e estrutura legal, política dos ecossistemas, com mensuração tanto da atenderem às demandas ambientais dos gru-
e institucional (FAO, 2003). A formalização madeira, plantas ornamentais e medicinais, pos de pressão foram os fatores conjunturais
dessas áreas tem por base as diretrizes esta- quanto de outros bens também vitais para os complementares para o surgimento das cer-
belecidas durante a Rio-92, através do docu- seres humanos. tificações florestais (e por extensão e inspira-
mento “Princípios das Florestas” (UNCED, De acordo com Cashore, Auld e ção de outras certificações ambientais).
1992). Em tal documento, é dado realce ao Newsom (2004), as incertezas suscitadas pela O comércio internacional exer-
princípio de que o manejo sustentável das falta de acordo durante a Eco-92, no Rio ce influência direta e indireta sobre o meio
florestas deve ser um compromisso inadiável de Janeiro, para a assinatura da “Convenção ambiente. O comércio baseado em práticas
das gerações atuais, para que as necessidade Global das Florestas”, baseada no documen- insustentáveis de exploração florestal tem
sociais, econômicas, ecológicas, culturais e to “Princípios da Floresta”, suscitaram as sido considerado como o maior fator para
espirituais das gerações por vir sejam garan- condições para o surgimento das organiza- o desmatamento e a degradação ambiental,
tidas, como por exemplo, em suprimento de ções de auditoria e certificação florestal em principalmente em países não desenvolvidos.
madeira, água, comida, ração, medicina, com- nível mundial. Tais iniciativas propostas por De acordo com relatório da FAO (2003), o
bustível, abrigo, emprego, recreação, biodi- instituições não estatais orientadas para o comércio internacional de produtos flores-
versidade, diversidade paisagística, sequestro mercado (non-state market-driven institutions) ob- tais não tem sido afetado pela eliminação de
de carbono etc. jetivaram promover o desenvolvimento sus- barreiras tarifárias, que geralmente são baixas,
O documento sobre as florestas, tentável fora dos processos governamentais mas por barreiras não tarifárias de cunho so-
aprovado na Rio-92, conforme ressaltado por usuais, tornando as certificações florestais em cioambiental. As condições ambientais, as
Hosokawa, Rochadelli e Lima (2000), consi- sistemas privados destinados à governança de políticas e as legislações influenciam o aces-
dera que o manejo florestal sustentável, por- um bem público, a sustentabilidade ambien- so ao mercado e a competitividade dos pro-
tanto, seja feito sob uma perspectiva ampla, tal. A globalização do comércio internacional dutores individualmente, afetando o fluxo

34
comercial. Embora o comércio de produtos zendo com que o planejamento estratégico cos e técnicos em todos os estágios do de-
florestais seja percebido como o principal no setor florestal oriente-se para o mercado, senvolvimento florestal. Considerando o que
fator para a gestão sustentável dos recursos mudando o foco para atender às demandas afirmam Schmidheiny e o WBCSD (1992), a
naturais, a liberalização do comércio inter- de mercado, em substituição ao foco na ofer- abordagem que nivela os fatores sociocultu-
nacional e as reformas correspondentes das ta de produtos. Devido a isso, intensificaram- rais aos fatores técnico-econômicos apresen-
políticas macroeconômicas nacionais têm le- -se os investimentos em pesquisa e desen- ta uma relação custo-benefício melhor se for
vado à expansão das exportações dos países volvimento de tecnologias que maximizam o antecipatória.
em desenvolvimento, principalmente de com- aproveitamento dos recursos naturais e, em
modities e, consequentemente, aumentando as consequência, geram produtos com alto valor
pressões sobre o meio ambiente. agregado que permitem aos investidores cap-
Segundo Hartikainen (1994), o de- turar no mercado renda sobre as inversões de
senvolvimento dos mercados de produtos capital em inovações.
florestais tende a ser norteado pelo confronto A conservação ambiental em rela-
entre o paradigma de utilização convencional ção às florestas, conforme observa Pearce
das florestas e o paradigma de desenvolvi- (1996), não pode basear-se apenas em argu-
mento sustentável, de forma que os aspectos mentos econômicos locais, como por exem-
sociais da sustentabilidade ambiental afetem plo, produtos não madeireiros e beneficia-
cada vez mais as decisões de consumo, in- mento ecológico de madeira, porque isso não
dependentemente das variações na demanda garante a sustentabilidade. A sustentabilidade
decorrentes do crescimento demográfico e requer uma abordagem que trata os custos e
das flutuações econômicas. Para Auchincloss benefícios sociais e culturais com a mesma
(1994), a globalização da economia vem fa- importância que trata os fatores econômi-

35
36
nômica para direcionar as ações dos agentes
econômicos no sentido de atingir objetivos de
interesse público, que não seriam alcançados
se os agentes atuassem livremente. Tal inter-
venção é realizada por meio de instrumentos
de controle direto, como normas técnicas, ou
através de mecanismos de mercado. Os ins-
trumentos de controle são complementares à
definição de prioridades. Isto é, antes de mais
nada define-se o que merece atenção e esfor-

CAPÍTULO 3 ços, o que preservar e onde preservar.


No caso de utilização de instrumen-
POLÍTICA AMBIENTAL
tos econômicos para o estabelecimento e exe-
As políticas ambientais objetivam cução de política ambiental, a fundamentação
proteger o meio ambiente com diretrizes, adequada encontra-se no conhecimento eco-
para estimular o desenvolvimento de tecno- lógico.
logias limpas, ajustar as estruturas produtivas Como os recursos naturais são so-
para maior eficiência e mudar comportamen- cialmente definidos, as políticas ambientais
tos de consumo. são o resultado de escolhas humanas em re-
De acordo com Seroa da Motta lação aos recursos disponíveis. As controvér-
(2006), a política ambiental consiste em uma sias ambientais frequentemente resultam da
intervenção governamental na esfera eco- diferença entre opiniões nas comunidades.

37
As alternativas políticas concorrentes origi- estando em marcha uma tendência de aproxi- cessos de produção de bens, o que leva ao
nam-se das diferenças na percepção e signi- mação entre esses dois tipos de política. Tam- problema sobre o pagamento da conta pela
ficância dos recursos naturais para diferentes bém Donaire (2007) observa que as regula- depleção do meio ambiente. A solução pro-
indivíduos e dos valores que eles lhes atri- mentações formais do mercado evoluíram do posta pelo “Conselho Empresarial Mundial
buem. Estudos citados por Hays (1990) mos- paradigma de priorizar os objetivos econômi- para o Desenvolvimento Sustentável” (World
tram que a diferença entre os líderes políticos cos das empresas para o paradigma de prio- Business Council for Sustainable Development) é de
e econômicos em relação à comunidade em rizar a responsabilidade social das empresas. que a conta deve ser paga proporcionalmen-
geral é que os líderes estão mais interessados Para o mercado, isso representa, pelo lado da te ao nível do consumo (SCHMIDHEINY e
nos índices de emprego, valor das proprieda- oferta, que a credibilidade e a competitividade WBCSD, 1992), ou seja, pelos consumidores.
des e impostos, enquanto a comunidade está das marcas e produtos passam a ser variáveis A migração do capital financeiro em volta do
mais preocupada com a qualidade do meio dependentes da política de exploração e uti- planeta, em questões de segundo, faz com
ambiente. Como as definições evoluem na lização dos recursos naturais (SAUNDERS e que a redução das atividades econômicas em
medida em que o significado dos recursos e MCGOVERN, 1997). Pelo lado da demanda, uma região ou localidade seja compensada
as interações humanas com a natureza modi- significa incorporar critérios ambientais no por crescimento econômico em outra locali-
ficam-se, concomitantemente à produção de processo de escolha, principalmente no que dade. Teoricamente, isso pode contribuir para
novos conhecimentos, um grande problema se refere às práticas dos produtores em rela- a estabilidade econômica geral, mas tende a
está em entender a evolução das escolhas hu- ção à redução e reaproveitamento de dejetos, causar ruptura econômica nas localidades
manas em relação aos recursos ambientais. cumprimento da legislação ambiental vigen- descapitalizadas, com possível desestímulo à
Diz Pearce (1996) que algumas po- te, prática da renovabilidade dos recursos e utilização de tecnologias mais limpas nessas
líticas de desenvolvimento podem ser mais compromisso com o bem estar das gerações comunidades. Considerando que o ritmo ace-
eficazes, para proteger benefícios ambientais futuras. A incorporação dessas variáveis am- lerado das transformações tecnológicas apro-
locais e globais do que as políticas ambientais, bientais acarreta custos adicionais aos pro- funda o distanciamento entre países ricos e

38
pobres, com os primeiros fundamentando custos ambientais a produtos de economias pelos novos objetivos sociais, o desenvolvi-
suas economias em tecnologia e os últimos com regulamentação e controle ambiental mento não será sustentável.
sustentando-se em mão de obra de baixo cus- ineficientes, poderia resultar na perda de van- Há três mecanismos básicos para
to, a democratização da disseminação de tec- tagem competitiva de tais produtos e acentu- induzir o mercado a internalizar os custos
nologias limpas poderia ajudar a reduzir tal ar a distância entre países ricos e pobres. ambientais e pagar pelos prejuízos da polui-
desequilíbrio entre os mercados. Uma dificuldade para implantação ção: comando e controle, autorregulamen-
Outro aspecto presente nas discus- de tal política, porém, é que nem todos os tação e instrumentos econômicos (SCHMI-
sões de políticas ambientais refere-se à inter- custos ambientais podem ser quantificados, DHEINY e WBCSD, 1992). A utilização de
nalização das externalidades ambientais aos por isso não podem ser internalizados. O um mix adequado desses mecanismos pode
custos de produção, ideia presente no concei- conceito de cobrança do custo total é um mo- encorajar o desenvolvimento de inovações,
to de cobrança do custo total. Considera-se delo ideal, porém, impraticável. No entanto, a promover redução do ônus decorrente do
que a incorporação dos custos ambientais aos evolução da degradação ambiental pressiona compliance empresarial e diminuir os gastos
preços dos produtos pode auxiliar na redução as sociedades humanas a buscarem modelos governamentais.
dos desequilíbrios do mercado. No entanto, viáveis de sustentabilidade, embora se dispo- O mecanismo de comando e con-
há que se considerar que isso poderia aumen- nha apenas de conhecimentos incompletos e trole refere-se basicamente às regulamenta-
tar ainda mais a desvantagem dos produtos instrumentos imperfeitos. ções governamentais sobre fatores como pa-
das economias menos desenvolvidas, cujas Em defesa da abordagem merca- drões tecnológicos, nível de efluentes, nível
leis ambientais tendem a ser menos rigorosas dológica para a política ambiental, SCHMI- de emissões e outros aspectos afins.
e, consequentemente, o controle dos impac- DHEINY e WBCSD (1992) argumentam que A autorregulamentação refere-se a
tos ambientais dos processos produtivos tam- os riscos são superados pelas novas oportu- iniciativas empresariais para normatizar as
bém. Sendo assim, a tendência no mercado nidades inerentes à concorrência, eficiência e próprias atividades através do estabelecimen-
internacional de impor a internalização dos inovação, e observa que, sem haver empenho to comum de padrões tecnológicos, metas de

39
redução da poluição etc., como estratégia de todas as localidades, assim como não é pos- gulamentações têm motivado a liquidação de
prevenção em relação a regulamentações go- sível assegurar sustentabilidade econômica e florestas maduras, adoção de rotações de cur-
vernamentais que, em geral, impõem maior ambiental para uma comunidade a partir de to prazo e cortes seletivos de espécies, porque
rigor e implicam compliance de custos mais ele- políticas públicas locais (SCHALLAU, 1990). no longo prazo, há maior risco de exposição à
vados. O nível global das atividades econômicas e as regulamentações restritivas (PEARCE, 1996;
Os instrumentos econômicos, tais estruturas políticas em nível hierárquico na- LIPPKE, 1996). Os incentivos para que os
como taxas e impostos, atuam sobre a com- cional reduzem o poder das administrações proprietários de terra invistam em bens e ser-
posição dos custos de produção e sobre o municipais em relação à preservação am- viços ambientais objetivam o provimento de
desempenho dos orçamentos de consumo. biental e em relação à geração de renda. No compensação, se houver redução na renda
Como consequência, influenciam os níveis entanto, há casos em que a gestão municipal proveniente da atividade econômica princi-
de preços de mercado, tanto dos insumos voltada à preservação ambiental pode tornar- pal, garantir financiamento do fluxo de caixa
quanto dos produtos e serviços. O objetivo -se um fator de maximização da geração de para os pequenos proprietários e reduzir o
de tal intervenção na composição dos custos renda, como é o caso da cidade de Bonito, risco em relação às regulamentações restriti-
e dos preços praticados no mercado é estimu- na Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul. vas. Geralmente as restrições ambientais ao
lar mudanças de comportamentos de ambos, A facilitação de crédito ou outro uso de recursos em uma área promovem um
produtores e consumidores, relativos às de- tipo de incentivo, se comparada à criação de aumento nos custos à medida que reduzem o
cisões de escolha dos processos produtivos, impostos ou taxas ambientais, pode ser uma valor presente dos recursos pelo retardo na
matérias primas, tecnologias, compra de bens forma mais efetiva para se alcançar os obje- utilidade. Alguns benefícios globais, como
e serviços etc. tivos de conservar ou criar hábitats ou bio- trocar dívida externa por conservação e ne-
As políticas públicas para a admi- diversidade. Há evidências de que a criação gociação de direitos para estimular investi-
nistração dos recursos naturais não podem de impostos normalmente leva à redução da mentos privados em imagem ambiental,
assegurar estabilidade econômica igual para biodiversidade e hábitats, assim como as re- podem não ser grandes o suficiente para

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suplantar os benefícios desenvolvimentistas
da exploração imediata dos recursos disponí-
veis (PEARCE, 1996). Os subsídios que le-
vam à degradação ambiental não representam
uma falha do mercado, é uma falha de polí-
tica ambiental (SCHMIDHEINY e WBCSD,
1992).
As políticas para proteção ambien-
tal, normalmente, precisam ser mensuradas
em termos de custos econômicos e políti-
cos. Os custos econômicos referem-se ao
valor comercial dos bens a serem preserva-
dos, analisando-se as equações dos custos de
oportunidade. Os custos políticos referem-se
à possibilidade de conflito de interesse entre
grupos sociais e atores econômicos diferen-
tes. Via de regra, afirma Harris (2000), as
políticas de proteção ambiental enfrentam
algum grau de oposição das pressões pelo de-
senvolvimento econômico.

41
42
ração. Nesse Relatório, Desenvolvimento
Sustentável é definido como a capacidade de
satisfazer as necessidades do presente e ao
mesmo tempo garantir que as gerações futu-
ras disponham de recursos para ter suas pró-
prias necessidades atendidas. (UN, 1987)
A definição de Desenvolvimento
Sustentável no “Relatório Brundtland” con-
tém os dois conceitos chave de necessidade e
limitação tecnológica (UN, 1987). Com rela-

CAPÍTULO 4 ção ao primeiro conceito, o Relatório chama


à atenção para as necessidades essenciais dos
DESENVOLVIMENTO
pobres. Com relação ao segundo conceito, a
SUSTENTÁVEL
atenção é direcionada às limitações impostas
O conceito mais conhecido e refe- pelo estado da arte em tecnologia e às limita-
renciado de Desenvolvimento Sustentável é ções na capacidade das organizações sociais
o que está expresso no Anexo do Documen- conseguirem reunir as necessidades ambien-
to A/42/427 da ONU, de 1987, conhecido tais do presente e do futuro.
como “Our Common Future” (Nosso futuro O Relatório recomenda, também,
comum) ou como “Relatório Brundtland”, que as metas de desenvolvimento econômi-
por ter sido Gro Brundtland quem, por três co sejam definidas, para todos os países, em
anos, coordenou os trabalhos de sua elabo- termos de sustentabilidade. Além disso, há o

43
alerta de que Desenvolvimento implica trans- Sustentável trata da busca pela viabilização de •• Sustentabilidade para quem?
formação progressiva da economia e da so- um novo projeto econômico para as nações, •• Como tornar sustentável um desen-
ciedade, considerando o acesso equânime de em nível global, que permita tanto a susten- volvimento com redistribuição de
todos aos recursos e a distribuição de custos tabilidade dos ecossistemas naturais quanto recursos e justiça social?
e benefícios socializada. (UN, 1987) dos ecossistemas sociais existentes. Consiste •• Quem, em última instância, deve de-
na proposição de um novo paradigma para finir o uso dos recursos disponíveis?
4.1. Discussão do conceito de Desen-
o modelo socioeconômico, de forma que a •• Quem determina e com qual escala
volvimento Sustentável
sobrevivência das sociedades humanas e dos de uso?
Segundo Lipietz (2002), há no con- ecossistemas naturais não se tornem opções •• Quem representa as gerações futu-
ceito de Desenvolvimento Sustentável uma dicotômicas, nem no presente nem no futuro. ras nos processos de negociação?
premissa relacionada à constatação de que O desafio colocado diante da huma- Tais questões engendram peculiari-
o sistema econômico mundial apresenta um nidade, especialmente de suas lideranças, é a dades cujas respostas envolvem fatores cul-
padrão de desenvolvimento socioeconômico harmonização entre três grandes necessidades turais, morais e ideológicos. A magnitude do
intrinsecamente insustentável. As atuais tec- fundamentais, que consistem em preservar par- desafio demanda a ação coletiva sob a res-
nologias possuem um alto poder de impacto celas significativas de meio ambiente, promover ponsabilidade do Estado, devido à premên-
ambiental negativo, cujas consequências inde- o desenvolvimento tecnológico compartilhado e cia por correção de falhas nos mecanismos
sejáveis prescindem de acidentes para causar promover mudanças sociais em prol da justiça de mercado, especialmente, no que se refere
problemas ambientais de elevada gravidade. social e erradicação da pobreza no mundo. a preservação ecológica dos bens ambientais.
A proposição conceitual de Desen- O norteamento desse desafio deve Dentre os possíveis caminhos apon-
volvimento Sustentável implica na refutação dar conta de alguns questionamentos essen- tados para o Desenvolvimento Sustentável,
do modelo socioeconômico predominante. ciais relacionados à sustentabilidade. As per- Lipietz (2002) considera que há duas obriga-
De modo geral, o termo Desenvolvimento guntas essenciais são: ções que são imperativas. A primeira é a de

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economizar os recursos naturais oriundos da sos ambientais, autorizações/concessões de de tempo. O segundo, de modo amplo, signi-
Terra, com atribuição de prioridade às tec- uso/exploração negociadas), além dos acor- fica planejar e perseguir a obtenção de fluxo
nologias que economizam energia e matéria dos e protocolos de autolimitação, código de contínuo dos bens e serviços necessários, para
prima. A segunda é a de implementar novas boa conduta etc. Cada um desses instrumen- satisfazer as sociedades humanas por várias
regulamentações em que a proteção social e a tos obedece a uma lógica diferente. Enquanto gerações. Do ponto de vista ambiental, a sus-
proteção ambiental estejam associadas. uns focam na recuperação de áreas degrada- tentabilidade requer que deixemos um legado
Sob a ótica de uma análise econô- das, outros focam na indenização por danos de sobrevivência do maior número possível
mica convencional, a economia sustentável ambientais causados e, ainda, há instrumen- de ecossistemas naturais pelo maior prazo de
é aquela capaz de equilibrar a relação entre tos direcionados à dissuasão preventiva. A via tempo possível, para que o nível de utilida-
o consumo necessário e a maximização da do imposto dissuasivo parece ser, no longo de dos recursos para as gerações futuras seja
utilidade dos bens consumidos. O problema prazo, a mais promissora. Esse último con- pelo menos igual ao das gerações presentes.
maior surge ao se buscar equacionar a ma- siste em instrumento de política socioeconô- Para o conceito de desenvolvimento
ximização da utilidade no consumo de bens mica duplamente vantajosa, porque além de sustentável há concorrência de dois paradig-
públicos, que são de uso comum. prevenir as sociedades de externalidades ne- mas opostos, conforme apresentado por Cas-
Os meios e conhecimentos neces- gativas, também oferece à coletividade recur- tle (1996). Por um lado, concebe-se o desen-
sários para equacionar o problema de maxi- sos novos que podem ser alocados em outras volvimento das sociedades humanas como
mizar a utilidade no consumo dos bens am- políticas. tendo alcançado o ponto limite para que os
bientais existem. Tais meios compreendem Há dois modos de definir a sustenta- recursos naturais provenham o bem estar
tanto as iniciativas de regulamentação (leis e bilidade. O primeiro, de modo restrito, é con- humano, de forma que o desenvolvimento
normas) quanto os instrumentos de política siderá-la como a racionalização da produção, sustentável seja definido como o de manter
econômica (impostos e taxas relacionadas à para gerar fluxo contínuo de matéria prima os recursos naturais em níveis não declinan-
utilização/consumo/degradação dos recur- em uma área específica durante um período tes, porque eles são insubstituíveis. Por outro

45
lado, considera-se que vários dos recursos na- Uma posição intermediária entre das como resultantes da análise custo-benefí-
turais podem ser substituídos por produtos as duas concepções é defendida por Castle cio socioambiental. Tal vínculo se faz neces-
industrializados, de forma que o desenvolvi- (1996), consistindo em conceber o desenvol- sário, porque os limites para o crescimento
mento sustentável seja definido como depen- vimento sustentável como dependente de se econômico não estão apenas na escassez dos
dente do desenvolvimento de tecnologias que evitar situações irreversíveis e da adoção de recursos não renováveis, mas se encontram
compensem o declínio dos recursos naturais. um padrão mínimo de segurança em relação principalmente na limitação dos sistemas na-
No primeiro caso, os recursos naturais e os aos níveis de exploração dos recursos natu- turais de absorção de lixo, que são a atmos-
recursos industrializados são considerados rais. fera, o solo e os corpos de água (SCHMI-
como complementares entre si, no segundo Apontam Schaik e Rao (2002) que, DHEINY e WBCSD, 1992).
caso, como substitutos entre si. Afirma Cas- sob a perspectiva da conservação da biodiver- Devido a considerações práticas re-
tle (1996) que a segunda concepção tem sido sidade, a sustentabilidade é mais bem definida lativas às necessidades sociais futuras, o de-
predominante, exceto em relação aos recur- como a estabilidade do uso da terra. O uso senvolvimento sustentável requer o compar-
sos sem medida de valor comercial, como estável da terra implica sustentabilidade eco- tilhamento de uma ética coletiva baseada na
uma paisagem singular. Essa concepção ba- lógica, no sentido de manutenção de serviços igualdade de oportunidades entre nações e
seia-se na leitura histórica de que o progresso (nutrientes, solos, clima, etc.). Dessa forma, o entre gerações. Além disso, as abordagens de
humano dos últimos dois séculos tenha sido desenvolvimento sustentável pode ser consi- mercado precisam adotar preços que reflitam
alcançado em função da substituição do capi- derado como o uso estável das áreas de terra, os custos ambientais e as tecnologias apro-
tal natural pelo capital produzido pelo traba- atingível através do estímulo à intensificação priadas passarem a ser internacionalmente
lho humano. Assim sendo, a engenhosidade do uso direto e de atividades de uso indireto. disseminadas. (SCHMIDHEINY e WBCSD,
humana é a responsável por garantir a satis- Quaisquer que sejam as concepções 1992).
fação das necessidades das gerações futuras, de desenvolvimento sustentável, as metas de De acordo com Schmidheiny e o
não algum recurso natural específico. crescimento econômico tendem a ser defini- WBCSD (1992), os fatores mais importantes

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consistem em distribuir adequadamente os das decisões incorretas torna-se uma variável A irreversibilidade refere-se a uma
bens necessários à sobrevivência das nações, política importante. Flexibilidade e adaptabi- progressiva deterioração das condições am-
começando pelos mais carentes, e estabelecer lidade são recomendáveis, porque os custos bientais até que se alcance o ponto de não re-
o preço correto com a incorporação dos cus- sociais podem ser demasiado altos diante de torno em relação à degradação ambiental de
tos ambientais. Obedecendo ao princípio bá- tais decisões incorretas, notadamente nos um local. Com relação ao debate científico,
sico da microeconomia de que quanto maior casos de abordagens extremas, tais como na Rouanet (2005) argumenta que a questão da
o preço menor é a demanda, a solução de situação dicotômica extrema de preservacio- irreversibilidade é controversa e os governan-
longo prazo consiste na implantação grada- nismo total versus utilitarismo total dos recur- tes receosos de que compromissos ambienta-
tiva de taxas e impostos referentes ao uso de sos. O foco de atenção, portanto, não está na listas possam impactar negativamente sobre
bens públicos. argumentação sobre se os recursos naturais as perspectivas de desenvolvimento econô-
De acordo com Castle (1996), a sus- e os recursos produzidos são substitutos ou mico, continuarão se apegando ao benefício
tentabilidade econômica é um ideal buscado complementares no longo prazo; o foco de da incerteza relativa ao tema para não defini-
em condições de extrema incerteza, porque os atenção é o de evitar irreversibilidades na rem metas de sustentabilidade.
prazos são longos, estão envolvidas relações natureza, exceto se o custo de evitá-las for Diante da paralisia ante a incerteza,
de produção e consumo, a tecnologia tende muito alto (CASTLE, 1996). Tal abordagem Rouanet (2005) defende a estratégia metodo-
a mudar diante de novos conhecimentos e a direciona a atenção para as instituições e pro- lógica de Lempert, Popper e Bankes (2003),
renda não permanece constante. Todos são cessos de decisão que reconhecem o con- argumentam ser aconselhável que os gover-
fatores que afetam os indicadores de escolha texto específico da situação de cada recurso nantes, diante de diversos cenários prováveis
e fazem com que as preferências entre as ge- individualmente. Isso demanda que as infor- apresentados em uma previsão científica, op-
rações não sejam constantes. mações sejam avaliadas e disponibilizadas, e tem pelos que resultariam em consequências
As incertezas relativizam as noções que o gerenciamento de recursos adapte-se às mais catastróficas, pois se omitirem-se frente
de visão correta sobre o mundo, e o custo mudanças decorridas ao passar do tempo. a eles, arriscam dar margem à concretização

47
das decorrências ambientais e econômicas que possam moldar o futuro sustentável que reto (2009) atesta que, ao pensar o Desen-
mais danosas. Não há perspicácia nem profi- se deseja. volvimento Sustentável sob a perspectiva da
cuidade em se considerar um único resultado Por sua vez, Terborgh e Schaik ética, há quem advogue o preceito de que
apenas como o mais provável. A vantagem (2002) fazem um alerta de que nem sempre qualquer indivíduo pode trocar todo o seu
do método de Lempert, Popper e Bankes há coincidência entre as propostas de desen- sistema de valores para uma ética social con-
(2003) é que ele comporta a elaboração de volvimento sustentável e a preservação da sensual. Ou seja, a era da sustentabilidade e
estratégias alternativas aos diversos cenários, natureza, em função do caráter utópico da da harmonia ambiental se iniciaria, à medida
de forma a orientar as ações políticas de acor- sustentabilidade ambiental. O conceito de que os indivíduos trocassem seu sistema de
do com o desenrolar da conjuntura, quanto à desenvolvimento sustentável, portanto, é so- valores associados ao consumo e as empre-
confirmação ou refutação do cenário admiti- mente um ideal norteador que auxilia as to- sas trocassem seus sistemas de valores asso-
do. Esse tipo de postura torna inócua a des- madas de decisões para se alcançar equilíbrio ciados à produção e ao lucro.
culpa de inação fundada em que as análises global entre as atividades econômicas e a ca-
4.2 Economia Verde
científicas deem margem à incerteza. Além pacidade limitada de suprimento dos recursos
disso, remete à adoção estratégica de planos naturais. Durante a Conferência Mundial da
de ação com os quais todos podem concor- Considerando a discussão na di- ONU de 2012, no Rio de Janeiro, chamada
dar independentemente dos filtros ideológico mensão ética, Barreto (2009) observa que de Rio+20, em alusão aos vinte anos passa-
que orientam as análises sobre o amanhã. O os proponentes da produção e consumo dos, desde a Conferência Mundial da ONU
que Lempert, Popper e Bankes (2003) pro- conscientes acreditam que depende da as- de 1992, a Rio-92, promoveu-se como priori-
põem é um método que supera a discussão similação de uma nova ética o advento de tária a proposta de Economia Verde. Os pro-
sobre a capacidade de se prever ou não o transformação da sociedade como a conhe- positores de tal ideia expressam a esperança
amanhã, ao direcionarem o foco do debate cemos no capitalismo para uma sociedade de que possa constituir-se em direcionamen-
para o emolduramento das decisões e ações sustentável. Citando Medeiros (2007), Bar- to para mudar o paradigma corrente da eco-

48
nomia mundial, retirando-a de sua trajetória dos bens ambientais, políticas de preço e lidade ambiental não seja factível, somadas
em colapso com a sustentabilidade ambiental regulamentações que incentivem os agen- à dificuldade em se definir consensualmen-
(UNEP, 2011). tes econômicos a se adaptarem às perdas te o que seja Desenvolvimento Sustentável,
Entre os primeiros autores a tra- ambientais. dirigentes e diplomatas de diversas partes do
balhar com o tema Economia Verde estão O conceito de economia verde vem mundo passaram a considerar a hipótese de
Pearce, Markandya e Barbier (1989), cujos se inserindo nos discursos ambientalistas ofi- que talvez tenha chegado o momento de se
conceitos centrais de seu livro “Blueprint ciais, especialmente nas discussões da ONU adotar um termo substituto mais genérico.
for a Green Economy” (Diretrizes para uma e do grupo de nações do G-20, desde 2009, De certa forma, o conceito de economia ver-
Economia Verde) são fundamentalmen- como alternativa à renovação do conceito de de, embora mantenha a proposição de susten-
te os de Desenvolvimento Sustentável e Desenvolvimento Sustentável. Essa tendên- tabilidade ambiental no centro do discurso,
o de valoração ambiental. O que Pearce cia em prol da Economia Verde deve-se em redireciona as discussões ambientais globais
e colegas procuram escrever é um manu- grande parte à crise do capitalismo verifica- para um campo mais propício às estratégias
al de aplicação do conteúdo do Relatório da em 2008 (crise das subprime das hipotecas do sistema de mercado, em detrimento das
Brundtland. Seu argumento toma por base imobiliárias), que influenciou o surgimen- demandas socioambientais.
a observação de que a economia contem- to de desilusão generalizada em relação aos No âmbito do Programa de Meio
porânea tende a estimular a depleção do paradigmas econômicos predominantes. O Ambiente da Organização das Nações Uni-
capital natural, para conseguir crescimento termo ganhou força com o agravamento da das, (UNEP, 2010), a expressão economia
econômico, o que inviabiliza o Desenvol- crise em 2011, em função da tensão em torno verde é definida como a economia que resulta
vimento Sustentável. Para se conseguir al- das dívidas soberanas na Europa. em melhoria do bem estar humano e maior
cançar uma economia verde, portanto, será Em meio às controvérsias em torno igualdade social, na medida em que reduz os
necessário adotar políticas de valoração das possibilidades reais de que a sustentabi- riscos ambientais e a escassez ecológica. Isso

49
se traduz em produção com baixa emissão de boas intenções sem metas definidas, os fun- (1990). Por isso, é necessário antecipar os im-
CO2, uso eficiente dos recursos produtivos e dos ambientais sem recursos, as promessas pactos econômicos das alternativas de plane-
maior inclusão social. Ainda segundo docu- não cumpridas, dentre as quais o fracasso do jamento para o uso da terra.
mento da UNEP (2010), na economia verde, Protocolo de Kyoto é o caso mais enfático. Diz Muth (1990) que a estabilida-
o crescimento da renda e da empregabilidade Dentre as razões apontadas pela de de uma comunidade é mais bem indicada
serão estimulados por investimentos, tanto UNEP (2011) em defesa de se colocar a eco- pelo equilíbrio da sua estrutura institucio-
públicos quanto privados, direcionados à re- nomia verde no topo da agenda socioambien- nal do que pelos indicadores econômicos
dução das emissões de carbono e da poluição, tal estão a de mudança climática global, inse- tradicionais, tais como índices de emprego
com foco na eficiência energética e material, gurança energética e escassez ecológica, além e suprimento de recursos, estabilidade eco-
a fim de prevenir a perda de biodiversidade e da necessidade de equidade entre as gerações nômica, ou balanceamento populacional.
de serviços ecossistêmicos. e erradicação da pobreza como prioridade Cabe lembrar, porém, que a expressão “es-
A expressão Desenvolvimento Sus- número um. tabilidade comunitária” não possui um sig-
tentável está identificado com os últimos nificado consensual, o que dificulta a tarefa
4.3 Estabilidade comunitária
vinte anos de tratados ambientais e comer- de se alcançar consenso quanto às políticas
ciais internacionais, cujos resultados em prol As políticas administrativas exercem públicas de manejo ambiental sustentável
da preservação ambiental foram escassos ou impacto diferenciado sobre as comunidades (SCHALLAU, 1990). De acordo com Driel-
nulos, em que pese os esforços de discursos dependentes da exploração primária dos re- sma; Miller; Burch Jr. (1990), os incremen-
diplomáticos e press releases elegantes para cursos naturais, fazendo com que o planeja- tos em estabilidade econômica e prosperida-
enaltecer pequenos avanços em torno das mento sobre o uso de tais recursos tenha in- de comunitária têm sido melhor alcançados
discussões sobre parágrafos secundários. No fluência direta sobre a vitalidade econômica e nos contextos da indústria de larga escala.
geral, porém, predominaram as resoluções de a estabilidade comunitária, segundo Schallau A estabilidade comunitária, portanto, está

50
associada aos padrões industriais de renda 4.4 Gestão de ecossistemas a extração comercial dos recursos naturais.
e trabalho assalariado em grandes empresas Em um modelo econômico-ecológico, os po-
controladas por centros distantes das fon- O equilíbrio entre o sistema de con- tenciais conflitos entre a produção de bens
tes de recursos produtivos. Os projetos de sumo humano com o sistema de assimilação comerciais e bens não comerciais são eviden-
ganho sustentado em pequenas comunida- da natureza requer, de acordo com Hosokawa ciados. As relações técnicas definem o que é
des rurais não resolvem os problemas sala- (1986), manutenção da capacidade produtiva das possível e os julgamentos de valor determi-
riais ou organizacionais da mão de obra nos fontes de recursos, desenvolvimento de tecnolo- nam o que é desejável.
mesmos níveis alcançados pelas indústrias gia para melhor aproveitamento dos recursos e
4.4.1 Modelos de gestão de ecossiste-
operando em economia de escala. No caso reciclagem, e uso sustentável da natureza.
mas
da indústria madeireira de larga escala, por Afirma Mendelsohn (1996) que há
exemplo, a estabilidade é alcançada ao custo convergência de opinião em relação à ocu- I. Modelo de Mendelsohn (maximização dos
do individualismo e da independência, fun- pação e ao uso da terra, mesmo entre gru- benefícios)
damentais ao capitalismo mas incompatíveis pos de interesse concorrentes. O conceito de A versão de Mendelsohn (1996)
com a eficiência econômica. gestão de ecossistemas, que não possui uma para o modelo de gestão de ecossistemas ba-
Defendendo a visão do Council on definição precisa e necessita de interdiscipli- seia-se no pressuposto de que os benefícios
Environmental Quality e Ecological Society of naridade em modelagem quantitativa, nutre a devem ser maximizados, para o maior núme-
America, Miller (1997) considera que a sus- esperança daqueles que buscam uma solução ro de pessoas pelo período mais longo pos-
tentabilidade e a conservação da biodiver- técnica para os conflitos de interesse, porque sível. Tal pressuposto é similar ao postulado
sidade somente podem ser alcançadas pelo pode ser abordado tanto sob a ótica empre- do “Ótimo de Pareto”. A maximização dos
direcionamento do manejo para a escala de sarial de garantir a continuidade da produção benefícios de um plano de gestão de recursos
ecossistema. quanto sob a ótica ambientalista de impedir é calculada pela seguinte equação:

51
quantificação da conexão entre o gerencia-
mento de atividades e os produtos resul-
tantes, modelagem dinâmico da sequência
de mudanças que o gerenciamento das
ações estabelece, listagem completa e ava-
liação de todos os produtos, adequação aos
detalhes espaciais como design e padrões,
treinamento aos administradores sobre ha-
bilidades de tomar decisões sob incertezas,
cooperação entre muitos proprietários.
Para Mendelsohn (1996), os valores
sociais relativos aos recursos comerciais e não
comerciais são explicitados no modelo, em
Substituindo a equação (3) em (1) produção de bens e serviços ao longo de função da necessidade de que os conflitos se-
obtém a descrição completa da função “obje- um período de tempo. Os parâmetros de jam geridos eficientemente. O planejamento
tivo” da gestão de ecossistemas (4). tal modelo, tais quais crescimento de árvo- e o manejo dos recursos naturais incorporam
Mendelsohn (1996) propõe o de- res, população animal, nutrientes, ciclo da objetivos múltiplos, por isso, há ocorrência
senvolvimento de um modelo ecológi- água, etc., são considerados pela inter-rela- de demanda por julgamentos de valor sobre
co que identifique as potencialidades de ção dinâmica que mantém entre si. Dentre a importância relativa de cada objetivo. O
cada fração territorial. O modelo ideal se- as funções fundamentais do modelo analí- julgamento de valor sobre questões de terras
ria aquele capaz de apontar tanto os im- tico propostos por Mendelsohn (1996) es- públicas é um atributo público que não per-
pactos das ações administrativas quanto a tão: quantificação das relações ecológicas, tence a nenhuma ciência em particular.

52
Como cada comunidade tem sua munidade a partir de interesses comuns que a considerem como sendo o seu lar. Tal espa-
história de relacionamentos e seu ambien- incitem à ação. No biorregionalismo, busca- ço é subdividido em áreas correspondentes a
te social próprio, os cidadãos locais tendem -se o equilíbrio entre as necessidades de sus- bacias hidrográficas, tipos de hábitats, terri-
a participar dos processos de planejamento tento da comunidade e o potencial de recur- tórios de espécies específicas, áreas de abas-
público, de acordo com as experiências de sos naturais existentes. O problema central é tecimento de madeira, zonas de desenvolvi-
relações individuais com as instituições go- encontrar os melhores locais para conservar mento, etc.
vernamentais, observa Shannon (1990). As- a natureza e os recursos naturais, sem des- As características do manejo biorre-
sim sendo, os programas para envolver o pú- prezar a possibilidade de produção de bens gional são: abranger regiões extensas e bio-
blico nos processos de planejamento devem e serviços que possam ser desenvolvidos sus- ticamente viáveis estruturadas em zonas-nú-
respeitar a forma como as pessoas preferem tentavelmente, ou seja, equilíbrio de escalas. cleo, corredores e matrizes, com o objetivo
participar e como podem criar valor. As in- Expandir as escalas geográficas nos progra- de alcançar sustentabilidade econômica, en-
formações apresentadas e a forma como são mas de conservação e de desenvolvimento, volvimento integral dos grupos de interesse,
apresentadas influenciam o nível de interesse para abranger ecossistemas inteiros, pode vir processar informações confiáveis de forma
dos grupos organizados, embora as pessoas a ser a melhor abordagem política. O termo compreensível, realizar pesquisa e monito-
possam desenvolver novos interesses durante biorregião é usado para identificar um espaço ramento, adaptar-se às condições presentes,
o processo. geográfico que abriga integralmente um ou recuperar áreas degradadas, desenvolver ha-
II. Modelo de Miller (biorregionalismo) vários ecossistemas, incluindo os residentes bilidades cooperativas, promover integração
O biorregionalismo é apresenta- locais, os que utilizam ou dependem dos re- institucional e articular cooperação interna-
do por Miller (1997) como uma abordagem cursos da área e os interessados na área e em cional. Os maiores desafios para a abordagem
ecossistêmica que traz a dimensão social para sua população. Em termos práticos, a bior- biorregional são os de construir capacidades
o debate ambiental, incorporando o fator am- região é definida de forma que a maioria dos interdisciplinares em função das grandes es-
biental aos processos decisórios de uma co- residentes e os dependentes de seus recursos calas geográficas, engajar os residentes locais

53
e outros grupos de interesse em questões de decorrentes da conservação dos ecossiste- mesmo tempo, o que implica complicações
interesse comum para ação e investimento, e mas. Para reforçar seu argumento, citam Pe- institucionais. Vários são os stakeholders en-
promover a cooperação entre organizações e arce (2007), que afirma que os investimentos volvidos, oriundos de diferentes classes so-
instituições para equilibrar os interesses locais em conservação ecológica são menores do ciais. Por isso, de acordo com o Modelo da
com os interesses mais amplos da sociedade. que o necessário devido a erros de avaliação Utilidade dos Ecossistemas, a economia po-
(MILLER, 1997). Há uma tendência de que por parte dos responsáveis pelas decisões lítica dos ecossistemas extrapola os objetivos
os programas biorregionais enfatizem cada pertinentes ao tema. de eficiência e eficácia para incluir variáveis
vez mais as questões políticas, legislativas e O modelo da utilidade dos serviços como equidade, justiça e legitimidade (AD-
administrativas, com maior peso para os fato- ambientais baseia-se em focar no panorama GER et al. 2001; PAAVOLA 2007).
res sociais, culturais e econômicos, em detri- dos serviços dos ecossistemas (ecosystem ser- As referências de análise iniciam
mento das soluções técnicas fáceis ou vindas vices framework – ESF) no longo prazo. Os com a identificação do estágio em que se en-
apenas da posição de especialistas (MILLER, ecossistemas são considerados como capital contram a provisão dos serviços do ecossis-
1997). natural vivo, cujos serviços estratégicos são tema e em qual contexto socioeconômico e
III. Modelo de Turner e Daily (utilidade dos amenização climática, água potável, comida, político-cultural eles ocorrem. Após tal veri-
serviços ambientais) polinização, recreação, lazer e patrimônio ficação é feita a modelagem, mapeamento e
Com base no argumento de que os cultural. A ênfase do modelo está no papel valoração. As opções de gestão, bem como os
modelos tradicionais de gestão de ecossiste- que os ecossistemas saudáveis desempenham custos de oportunidade são explorados atra-
mas, fundados em justificativas científicas e para a provisão sustentável de bem estar hu- vés da análise de cenários futuros e propostas
éticas, não são mais suficientes para o ritmo mano, desenvolvimento econômico e redu- de intervenção.
de depleção ambiental verificada no planeta, ção da pobreza. As características dos serviços
Turner e Daily (2008) apresentam um modelo Os benefícios gerados pelos ecossis- ecossistêmicos de alguns bens públicos des-
baseado na utilidade dos serviços ambientais temas, no entanto, são públicos e privados ao tacam a importância da necessidade de que

54
se implantem mecanismos de pagamento exagerar o custo de oportunidade real rela- em relação ao entorno cada vez mais ocupado
pelos serviços ambientais. Tais mecanismos cionado aos recursos naturais (TURNER e por paisagens monoculturais ou com fauna e
são vistos como a melhor forma de garan- DAILY, 2008). flora de pequena diversidade. São paisagens
tir a sustentabilidade na gestão dos recursos que evoluem para composição com determi-
4.5. Serviços ambientais em Unidades
naturais. nadas espécies, predominantes pelo critério
de Conservação
É preciso, porém, enumerar al- da utilidade econômica e pelas pressões do
gumas limitações a serem superadas pelo O sucesso ou fracasso de uma área manejo antrópico.
modelo, apontadas pelos próprios propo- protegida depende dos processos ecológi- A redução de tal pressão requer o
nentes. A primeira limitação se refere à cos que mantêm a diversidade biológica ser manejo e a interação entre as pessoas e a na-
insuficiência de informações sobre os be- sustentados em longo prazo (POWEL; et al, tureza em seus locais de trabalho e interações
nefícios dos serviços disponibilizados pe- 2002). As áreas de proteção ambiental, tan- sociais, fora das áreas protegidas ou zonas
los ecossistemas conservados. A segunda to as zonas-núcleo quanto os corredores de tampão. O objetivo do manejo destas é o de
limitação se deve à deficiência institucional biodiversidade, estão localizadas dentro de otimizar o valor intrínseco, político, econômi-
para identificar quem são os verdadeiros uma matriz de usos e padrões diversificados co, social, cultural e ecológico dos recursos
beneficiários de uma área conservada, pois, de posse e uso do solo. No entanto, devido às (MILLER, 1997), e reduzir as ameaças exter-
às vezes, os beneficiários estão distantes pressões ocasionadas por assentamentos hu- nas às áreas de proteção ambiental pela pro-
da área, enquanto os locais não recebem manos em seu entorno, principalmente com moção do desenvolvimento sustentável em
a consideração que merecem. A terceira li- vistas à expansão das atividades produtivas, seu entorno (SCHAIK; RIJKSEN, 2002).
mitação resulta da característica relativa à as Unidades de Conservação tendem a pade- A proteção ambiental pode ser tec-
natureza de um bem público, para o qual cer do efeito de borda. Devido a isso, Lash nicamente fácil e socialmente difícil, porque
não há preço de mercado, há muitos bene- (1997) as denomina como “ilhas de diversida- requer persistência para persuasão e aceitação
ficiários e, além disso, o mercado tende a de biológica”, devido ao contraste que fazem integral das regulamentações legais. Muitos

55
projetos de proteção ambiental e desenvol- blema da ação coletiva (ou a tragédia dos co- tre. Os principais projetos de desenvolvimen-
vimento sustentável têm falhado por se ter muns), e o problema da preferência do tempo to devem ser localizados longe das áreas de
acreditado que a população local estivesse (ou o problema do desconto). No primeiro conservação ou nas proximidades de áreas
interessada em uso sustentável e em conser- caso, em um sistema de livre acesso, o indi- urbanas já existentes, para reduzir conflitos e
vação da biodiversidade, por carência dos víduo obtém maior vantagem explorando ajudar a alcançar as metas de desenvolvimen-
meios de neutralização da corrupção e da ex- os recursos imediatamente do que se o fizer to de longo prazo. O envolvimento direto das
ploração ilegal dos recursos, e uso inadequa- gradualmente, porque ele será punido pelos comunidades locais em atividades de conser-
do das tecnologias de apoio aos projetos de outros que utilizam o sistema com prática vação, como assistentes de pesquisa, guardas
assistência à conservação. A conservação re- imediatista. No segundo caso, em função do e outros, mostra-se mais efetivo para se con-
quer a imposição de medidas de fiscalização e custo de oportunidade embutido no consu- seguir apoio local à conservação do que as
controle, legalmente estabelecidas, sendo que mo futuro, há preferência pelo consumo no falsas promessas de prosperidade associada a
o manejo de áreas de proteção ambiental é presente, quando o recurso é mais valioso, iniciativas insustentáveis de desenvolvimento.
frequentemente mais uma tarefa política do porque no futuro tanto o indivíduo quanto o A situação das plantas, animais e co-
que técnica. As imposições legais devem ser recurso podem não estar mais presentes. munidade ecológica como um todo, é con-
fortes o suficiente para impedir que os in- As estratégias de conservação que siderada por STRUHSAKER (2002) como
divíduos levem muito longe seus interesses enfatizam as atividades de desenvolvimento o principal indicador da conservação de um
egoístas (SCHAIK; RIJKSEN, 2002; BRO- socioeconômico como essenciais, para atin- ecossistema ou área.. As variáveis biológicas
CKELMAN; et al, 2002). gir os objetivos propostos têm falhado con- intrínsecas fundamentais que influenciam a
Segundo Hardin (1968), a oposição sistentemente, afirma (OATES, 2002), por- situação das áreas de conservação são o tama-
às iniciativas de preservação ambiental tem que incrementam ameaças como caça ilegal nho e a demografia populacional (densidade,
resquícios históricos em dois fenômenos que e exploração madeireira em função da baixa estrutura de idade, natalidade, sobrevivência,
deixaram marcas na psique humana: o pro- prioridade atribuída à proteção da vida silves- etc.) de plantas e animais. As outras variáveis

56
importantes são a integridade ecológica e o brevivência em longo prazo de uma unidade há indivíduos que até destroem as barreiras
estado sucessional da comunidade. Tais va- de conservação. Dentre os objetivos a serem em alguns pontos para continuar tendo aces-
riáveis são de difícil avaliação, por causa do alcançados está o de conseguir o apoio, ou di- so aos recursos como lenha, madeira etc.,. A
alto grau de variação natural, que torna pra- minuir a hostilidade, das comunidades locais prevenção proativa com a separação espacial
ticamente impossível um controle científico em relação às unidades de conservação. Para entre humanos e a vida silvestre é apresenta-
rígido. Além disso, as atividades humanas isso, é recomendada a estratégia de modifi- da como uma boa proposição.
do passado, mesmo que não existam mais, cação do comportamento humano. Caso o As opções de ações que promo-
influenciam essas variáveis devido aos seus conflito manifesto esteja relacionado à incon- vam a mudança de comportamento das po-
efeitos de longo prazo. venientes causados pela presença de animais pulações envolvidas em situações potenciais
De acordo com Karanth e Madhu- selvagens, uma alternativa de ação seria mo- de conflito, são enumeradas por Karanth e
sudan (2002), a conservação da vida silvestre dificar o comportamento do animal. Outra Madhusudan (2002), destacando-se o estímu-
em unidades de conservação apresenta qua- alternativa seria a separação espacial entre a lo à tolerância aos danos causados por ani-
tro requisitos: 1) a preservação das espécies, comunidade humana e o animal, objetivan- mais silvestres. Além disso, as opções, não
2) o uso sustentável das espécies abundantes, do a prevenção de conflitos. Algumas vezes, excludentes, apresentadas fazem referência à
3) a mitigação de prejuízos à vida selvagem e, é possível modificar o comportamento das educação em conservação da natureza, à mu-
4) o abrandamento de conflitos entre neces- espécies selvagens envolvidas em situações dança das práticas de agricultura e de criação
sidades concorrentes. de conflito através de barreiras físicas [trin- de animais, ao pagamento de compensação
No que se refere à gestão de confli- cheiras, fossos, paredes, cercas comuns ou financeira e à adoção de mecanismos legais
tos entre necessidades concorrentes, Karanth eletrificadas], limitando os movimentos de de repressão aos crimes ambientais.
e Madhusudan (2002) consideram-na priori- animais em direção aos assentamentos huma- A história tem demonstrado que as
tária dentre os requisitos conservacionistas, nos. O problema é que necessitam de altos sociedades tendem a estabelecer áreas de con-
a fim de intensificar as possibilidades de so- investimentos e manutenção contínua, pois servação apenas depois de perder espécies ou

57
paisagens significativas, e o apoio popular ge- a inadequação da compensação, atrasos e Dourojeanni (2002) atribui aos so-
ralmente demora a acontecer, especialmente corrupção de funcionários, além do uso ina- cioambientalistas a origem de muitos proble-
por parte dos residentes locais de uma área dequado através de reclamações fraudulentas mas relacionados ao estabelecimento e mane-
protegida (DAVENPORT; RAO, 2002). O (KARANTH; MADHUSUDAN, 2002). jo de unidades de conservação, especialmente
processo de criação de áreas de proteção é As dificuldades em fortalecer os re- devido ao estímulo para a criação de áreas
dificultado pelo fato de que possuem mais gulamentos das áreas de conservação frente protegidas brandas, como prefere designar
opositores do que defensores, o que faz com à persistência dos conflitos com as comuni- as APAs (Áreas de Proteção Ambiental). As
que seja uma manifestação de vontade políti- dades locais têm feito surgir a noção de que APAs são consideradas como unidades de
ca. Geralmente, há mais vontade política para a limitação dos interesses é injusta. A con- conservação branda, porque nelas qualquer
criar do que para administrar adequadamente cepção de que a população local deveria ser atividade humana é permitida, sem preocu-
as unidades criadas, porque a criação é uma a principal beneficiária com a conservação de pação com os processo biológicos necessá-
ação altamente visível, enquanto que desig- uma área, leva ao raciocínio de que as oportu- rios à efetiva conservação e sem considerar a
nar fundos para o manejo não chama a aten- nidades perdidas deveriam ser compensadas. possibilidade de extinção de espécies.
ção nem traz votos nos processos eleitorais No entanto, de acordo com Brockelman et al Um plano de manejo consistente é
(DOUROJEANNI, 2002). A obtenção (com- (2002), tal conclusão desafia a premissa bá- uma ferramenta indispensável para a admi-
pra) do apoio da população local através de sica de que os parques são para benefício de nistração de uma unidade de conservação.
incentivos financeiros é problemática, porque todos, além de desconsiderar o fato de que as Os planos de manejo muito meticulosos, re-
as forças do mercado mudam, as populações comunidades locais, de modo geral, carecem cheados com informações teóricas, de valor
crescem, as necessidades se expandem, as de- dos recursos e das informações necessários duvidoso para os administradores, tem pouca
mandas e expectativas aumentam (STRUH- para manejar recursos cuja necessidade de utilidade como ferramenta prática. O ideal é
SAKER, 2002). Os problemas com os pla- conservação se deve à significância de nível que sejam documentos concisos baseados no
nos de compensação financeira parecem ser nacional ou global. bom senso e nas experiências locais. Poucas

58
páginas de conselhos práticos e recomen- madeireira, mineração, pastoreio por gado 4.6. Economia do ecoturismo
dações, mapas de boa qualidade e/ou foto- doméstico, invasão por posseiros, comerciali-
grafias aéreas e informações sobre atitudes e zação de produtos naturais), as ameaças ‘invi- Conforme argumento de (DAVEN-
comportamentos das populações locais po- síveis’ (documentos ineficientes de criação da PORT et al., 2002), o ecoturismo é compatível
dem ser extremamente valiosas para os admi- área, problemas de titulação de terras, falta de com a proposição de desenvolvimento sus-
nistradores, especialmente no período de im- posse dos recursos do subsolo, falta de von- tentável, porque é compatível com a conser-
plantação inicial. (DOUROJEANNI, 2002). tade política para reforçar os regulamentos, vação da biodiversidade, auxilia a preservação
Para um manejo adequado TERBORGH e falta de cooperação interinstitucional, exis- das áreas, gera renda, ajuda na educação am-
DAVENPORT (2002) consideram necessá- tência de propriedades privadas dentro da biental, conjuga os interesses mercantis aos
rio monitorar as seguintes variáveis: as ques- área, hierarquia de ministérios, existência de da conservação em prol de manejo adequado
tões socioeconômicas (pressão demográfica legislação contrária à área), a administração e das áreas protegidas e promove a aceitação
no entorno da área, atitudes da população o manejo (orçamento, equipe, aparelhamento de longo prazo da unidade de conservação
local, economia local e dependência de ati- do pessoal, capacidade de fiscalização e con- como uma instituição legítima. Embora nem
vidades extrativas, presença de operações de trole, manejo do ecoturismo, indicações de sempre a opção de investimento em empre-
retirada de recursos em grande escala, sistema corrupção, definição e demarcação de limi- endimento ecoturístico apresente a melhor
predominante de propriedade de terras), as tes), os recursos naturais (indicadores bioló- relação custo-benefício de oportunidade no
ameaças resultantes de atividades legais (pre- gicos, espécies-bandeira, espécies endêmicas, uso do solo, a vantagem está na possibilida-
sença de residentes legais dentro da área, uso espécies de valor comercial excepcional, qua- de de garantir no longo prazo o usufruto dos
sustentável permitido dos recursos da área, lidade da água), as ameaças além dos limites serviços ambientais. As características atrati-
turismo, concessões, atividades recreativas, da área (mudança climática global, poluição vas aos turistas geralmente podem ser divul-
manejo do lixo), as ameaças resultantes de ati- do ar e da água, incêndios, invasões por espé- gadas, mas isso, às vezes, conflita com a pro-
vidades ilegais (caça clandestina, exploração cies exóticas). teção de ecossistemas frágeis.

59
O turismo sustentável, de acordo tivações do ecoturismo são a contemplação
com Wall (1997) é aquele que é desenvolvido e a observação das características naturais e
e mantido em uma área de forma a manter-se dos recursos culturais. No entanto, a boa prá-
viável pelo maior período de tempo possível, tica do ecoturismo requer investimentos na
sem degradar nem impactar negativamente o educação ambiental do turista. Ademais, a
meio ambiente e sem diminuir a qualidade de concordância do turista com os objetivos da
vida da população envolvida. Como efeito, o atividade e com a proteção do meio ambiente
turismo sustentável permite a diversificação é uma premissa indispensável.
da economia local. Portanto, é desejável que o Os principais problemas associados
turismo em áreas naturais seja realizado com ao ecoturismo, conforme observação de Da-
consciência e respeito às peculiaridades das venport et al (2002), consistem na degradação
comunidades visitadas. Quando realizado em de áreas naturais por má gestão da atividade,
áreas ecologicamente sensíveis, a sustentabi- incapacidade na realização de manejo adequa-
lidade da atividade turística está diretamente do das áreas visitadas, obtenção insuficiente de
relacionada à observância das limitações ao renda com o turismo para cobrir os custos de
uso dos recursos naturais, bem como ao re- manejo na grande maioria das áreas protegidas,
conhecimento do direito de manifestação e obtenção insuficiente de renda com o turismo
permanência das culturas locais tradicionais. para cobrir os custos de oportunidade ou para
O ecoturismo busca o bem estar da desestimular a retirada ilegal de produtos e in-
comunidade local, além de focar na preserva- vasões, ressentimentos entre os residentes lo-
ção do meio ambiente e da cultura local. De cais pobres devido à noção de que as áreas são
acordo com Pires (2005), as principais mo- apenas para turistas estrangeiros ricos.

60
tes nos primórdios da ciência econômica.
A influência dos fenômenos ambientais na
economia somente passou a ser considerada
pelos economistas, como externalidade, ao fi-
nal do Século XIX, com o advento da teoria
marginalista.
Ao final do Século XX, as eviden-
tes limitações ao crescimento econômico e o
crescente rigor dos impactos ambientais na
biosfera, atestaram credibilidade aos econo-

CONSIDERAÇÕES FINAIs mistas ambientais e economistas ecológicos


de várias vertentes. Ao mesmo tempo em que
Para os seres humanos, o meio am- parcela significativa da humanidade, e outros
biente constitui-se em fonte de provimento seres vivos, lutam para preservar habitáveis
de três fatores vitais: os serviços de subsistên- alguns ecossistemas do planeta terra, econo-
cia, os insumos para produção e os substratos mistas de várias vertentes debruçam-se em
para resíduos. resolver equações para medir variáveis e indi-
Apesar da indissociabilidade entre cadores ambientais relacionados à sustentabi-
os recursos naturais e as atividades econômi- lidade ambiental. Conceitualmente, algumas
cas, essa proximidade gritante passou ignora- tentativas de medir os impactos ambientais
da por longos períodos dentre os principais são bem recebidas, como os conceitos de ca-
arautos das correntes teóricas predominan- pacidade de carga e pegada ecológica.

61
A Economia Ambiental e a Econo- naturais em decorrência de desequilíbrios no O uso de determinado recurso natu-
mia Ecológica constituem-se em novas orien- mercado. Busca-se organizar o sistema eco- ral sempre depende dos fatores acessibilidade
tações teóricas na ciência econômica, mas nômico em conformidade aos ecossistemas e qualidade. Ambos os fatores apresentam in-
que postulam visões de mundo e alternativas naturais: sistemas abertos onde o equilíbrio terface com as instituições socioculturais do
de soluções concorrentes entre si. econômico somente pode ser alcançado pela habitat dos usuários dos recursos. Tal inter-
A Economia Ambiental foi forjada utilização sustentável dos recursos naturais. face institucional diferencia os vários tipos de
a partir das formulações da teoria neoclássi- A relação do ser humano com a uso e ocupação espacial das áreas disponíveis
ca, centrada no conceito de valor coincidente natureza é mediada pelas relações sociais e na terra. Apesar das influências socioculturais
com o de utilidade e na equação comporta- suas heranças históricas. No entanto, nem sobre as decisões de uso de determinado re-
mental entre oferta e procura no mercado. a Economia Ambiental nem a Economia curso, os critérios macroeconômicos tendem
Seus representantes dividem-se entre os que Ecológica, tampouco suas variantes com a predominar quando são definidos os usos
defendem equacionar os problemas de polui- denominações políticas, como Economia para os recursos de uma região.
ção e esgotamento dos recursos naturais com Verde, consideram tais relações sociais Na acepção de Barreto (2009), nem a
a proposição de valoração econômica dos re- como foco de análise (Souza-Lima, 2004). Economia Ambiental nem a Economia Ecoló-
cursos e ecossistemas, em contraposição aos Ou seja, embora a apropriação e uso dos re- gica, conseguem equacionar a sustentabilidade
que propõe a definição de direitos de proprie- cursos naturais sejam definidos a partir de ambiental por meio da incorporação da natureza
dade a recursos e ecossistemas que possuam preferências que contemplam os interesses à lógica do mercado. Isto decorre do fato de que
características de bem público. privilegiados de alguns grupos (e nações), a valoração econômica do meio ambiente não
A Economia Ecológica atribui pre- não de toda a sociedade (ou humanidade), pode ser condição sine qua non para a formulação
cedência aos fluxos de matéria e energia su- os discursos vigentes nas duas abordagens de políticas, pois seria um reconhecimento acrí-
jeitos às leis da físico-química, da biologia ou econômicas citadas não incluem a análise tico da impossibilidade de controlar o metabolis-
da ecologia, a fim de evitar irreversibilidades de tal fenômeno. mo social no capitalismo.

62
Embora os bens ambientais sejam multidisciplinares. As soluções técnicas dire-
bens públicos, de modo geral, o comporta- cionadas à maximização de resultados indivi-
mento humano em relação ao meio ambiente duais ou baseadas em parecer especializado
é influenciado pelas relações sociais de pro- podem parecer mais racionais, mas são, nor-
dução. Se as relações sociais de produção no malmente, limitadas quanto à complexidade
mercado são incapazes de aliar em seus meca- das relações entre seres humanos e ecossiste-
nismos os interesses públicos da preservação, mas naturais.
então as decisões precisam ser políticas, o que Se houvesse predominância de uma
requer os longos períodos de negociações racionalidade coletiva, a busca pela viabiliza-
diplomáticas internacionais, como as verifi- ção de um novo projeto econômico para as
cadas nos eventos e reuniões ambientais da nações, em nível global, que permitisse tanto
ONU, porque os custos econômicos e políti- a sustentabilidade dos ecossistemas naturais
cos precisam ser bem mensurados. quanto dos ecossistemas sociais existentes,
As informações utilizadas nos pro- poderia ser viabilizada. No entanto, para isso,
cessos decisórios não dependem necessa- seria necessário partir de um ponto de vista
riamente de considerações estritamente téc- utópico, porque o desenvolvimento sustentá-
nicas. Os tomadores de decisão precisam vel requer o compartilhamento de uma ética
considerar os fatores socioculturais e ambien- coletiva baseada na igualdade de oportunida-
tais, além dos aspectos econômicos, políticos des entre nações e entre gerações.
e normativos. As decisões políticas e empre-
sariais relacionadas ao meio ambiente reque-
rem soluções que conjugam conhecimentos

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