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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade de Geociência e Ambiente

Gestão de Recursos Ambientais e Naturais

Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário

Azarias Armando Nhari

Oliva D. Alexandre Nur

Tomás Samuel Gavisse

Mauro Pantie

Tete, Agosto de 2023


Azarias Armando Nhari

Oliva D. Alexandre Nur

Tomás Samuel Gavisse

Mauro Pantie

Gestão de Recursos Ambientais e Naturais

Trabalho de Carácter Avaliativo a ser apresentado na


cadeira de Sociologia Ambiental, no curso de Gestão
Ambiental e Desenvolvimento Comunitário com
habilitação a ecoturismo no Departamento de
Ciências da Terra e Meio Ambiente.

Msc. Arlindo Machili

Tete, Agosto de 2023


Índice
1 Introdução............................................................................................................................ 4

1.1 Objectivos: ................................................................................................................... 4

1.1.1 Geral ..................................................................................................................... 4

1.1.2 Específicos ............................................................................................................ 4

1.2 Metodologia ................................................................................................................. 4

2 Responsabilidade Ambiental na Gestão de Recursos Ambientais nas zonas rurais e urbanas


5

2.1 Relação homem-natureza ............................................................................................. 6

2.2 Responsabilidade Social na gestão de recursos ambientais nas zonas urbanas ........... 7

2.2.1 VULNERABILIDADE: RISCO, OPORTUNIDADE E CAPACIDADE DE


RESPOSTA ......................................................................................................................... 8

2.3 GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS .................................................................... 9

2.4 IMPORTÂNCIA DO SABER LOCAL NA GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS


10

3 Conclusão .......................................................................................................................... 12

4 Referências Bibliográficas ................................................................................................ 13


4

1 Introdução
O presente trabalho tem como tema Responsabilidade Ambiental na Gestão de Recursos
Ambientais nas zonas rurais e urbanas.

A Gestão Socioambiental tem por objetivo promover a conservação e o desenvolvimento


socioambiental por meio do envolvimento da sociedade na gestão ambiental. Partimos do
princípio de que ações e normas construídas de forma integrada e participativa em geral
apresentam maior efetividade. A sustentabilidade tem sua devida importância, pelo fato de ser
um conceito normativo sobre a forma como os seres humanos deveriam agir em relação à
natureza, levando em conta sua responsabilidade com as futuras gerações (AYRES, 2008).

Dovers e Handmer (1992) explicam que a sustentabilidade nada mais é do que a capacidade do
sistema humano, natural ou misto de resistir ou se adaptar a mudança endógena e exógena por
um tempo indeterminado.

1.1 Objectivos:
1.1.1 Geral
• Responsabilidade Social na Gestão de Recursos Ambientais nas zonas rurais e
urbanas;

1.1.2 Específicos
• Falar sobre Aspectos gerais da Gestão Socioambiental;
• Abordar sobre recursos ambientais nas zonas rurais e urbanas;
• Importancia do saber local na gestao de recursos naturais.

1.2 Metodologia
Para a compilação do trabalho usou-se os seguintes métodos de pesquisa científica:
• Revisão bibliográfica, na qual consistiu em consultas de obras já publicadas, segundo
(Gil, 1991).
• Analise documental que também consistiu em consulta de materiais que não receberam
ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os
objetos da pesquisa, (Gil, 1991). Tais como: Jornais, revistas.
• Pesquisa eletrônica – esta foi constituída por informações extraídas de endereços
eletrônicos, disponibilizados em home page e site, a partir de livros, folhetos, manuais,
guias, artigos de revistas, artigos de jornais, segundo o (silveira e Gerhardt,2009).
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2 Responsabilidade Ambiental na Gestão de Recursos Ambientais nas zonas rurais e


urbanas
Importa antes referir que o Desenvolvimento Comunitario funda-se nas pessoas (as
comunidades que ocupam uma determinada área territorial) mas também constitui-se num
processo dependente da existência de recursos (disponíveis no meio ambiente envolvente
dessas comunidades). Este facto, municia uma relação estreita homem versus meio ambiente.
Ao longo da história da humanidade, infelizmente essa relação nunca conheceu um convívio
salutar e harmonioso. (Evans, 2007).

A progressiva degradação dos recursos naturais, a extinção das espécies da fauna e da


flora, o aquecimento global estimulado pela emissão de gases poluentes, a erosão ligada à
destruição da cobertura vegetal dos solos, a poluição das águas e dos solos, etc., foram se
constituindo factores de ameaça à sobrevivência humana levando a que a questão ambiental
ocupasse um destaque cimeiro nos debates internacionais (Kraemer, 2004). De entre vários
argumentos e conceitos, daqui decorre a questão relacionada à gestão ambiental. Este não
constitui um conceito novo muito menos uma necessidade nova pois, ao longo da história da
humanidade, são inúmeras as consequências nefastas resultantes do mau relacionamento com
o meio ambiente (Evans, 2007).

Durante a Idade Média, verificaram-se gravíssimos problemas de saúde pública como resultado
da acumulação indiscriminada de resíduos que provocou a poluição do ar e da água (Silva;
Schuetz e Tavares, 2008).

O “boom” desenvolvimentista que iniciara com a Revolução Industrial exacerbou os problemas


até aí registados e iniciou uma nova era onde os afogos sociais como o êxodo rural, a
prostituição, o desemprego, a falta de habitação entre outros, foram se agravando cada vez mais
e arrastando consigo outros problemas mais complexos, nomeadamente os ambientais
(Kraemer, 2004).

Na tentativa de buscar soluções, houve várias iniciativas cujo destaque vai para a 1ª
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano realizada em 1972, Suécia
(Conferência de Estocolmo). Como resultado imediato desta conferência, foram lançadas duas
iniciativas: o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a Comissão Mundial sobre
o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD). Foi também a partir desta conferência que
muitos países iniciaram com a criação de ministérios, secretarias, agências e outras diligências
ambientais (Rocha, 2008).
6

No seguimento das acções da CMMAD, em 1987 é lançado o Relatório Brundtland que


constitui um marco importante na gestão ambiental uma vez que consagrou o conceito de
desenvolvimento sustentável estabelecendo com alguma clareza, os diferentes papéis de cada
um dos intervenientes no processo de desenvolvimento. Igualmente foi esta entidade a
responsável pela organização que viria a se realizar e conhecer-se como a Cimeira do Rio em
1992.

Estas acções, inequivocamente, trouxeram e elucidaram a necessidade de pensar e agir


diferente num paradigma novo onde a ideia deveria ser de integração e interacção, de proposta
de uma nova maneira de olhar e transformar o mundo, baseada no diálogo entre saberes e
conhecimentos diversos (Almeida, 2002). No mundo sustentável, uma actividade não pode ser
pensada ou praticada em separado, porque tudo está inter-relacionado, isto é, está em
permanente diálogo.

2.1 Relação homem-natureza


Desde a revolução económica, a sustentabilidade dos recursos naturais está fortemente
condicionada pelos aspectos económicos. Na utilização dos recursos, parece existir uma
dualidade objectiva onde o indivíduo aspira maximizar o lucro ou o bem-estar, enquanto por
sua vez, a sociedade quer o desenvolvimento sustentável, isto é, equilibrar a satisfação das
necessidades humanas com a protecção do ambiente natural de modo que as necessidades
possam ser satisfeitas não só no presente, mas também num futuro indefinido. Satisfazer
necessidades presentes e futuras, exige uma relação mais cuidada, mais sábia e integradora de
esforços entre o homem e o meio que lhe sustenta. A este respeito, é importante lembrar o
pensamento de Pinheiro (2007) sobre a relação entre a população e o ambiente.

Este tema tem sido tratado com mais frequência em congressos e seminários, é motivo de
mais interesse científico, de preocupação de organismos internacionais, além de ser assunto
recorrente na imprensa a cada nova tragédia que associa perdas de vidas humanas e materiais a
eventos de desastres naturais. Neste texto nos dispomos a realizar algumas reflexões
introdutórias sobre a relação entre meio ambiente e urbanização e sobre como a degradação
ambiental se associa à degradação social, criando situações de risco para populações instaladas
em áreas precárias. Em contrapartida, se o ambiente urbano potencializa o risco de desastres
ambientais, que afetam com mais intensidade os pobres, também criam oportunidades que
melhoram a capacidade de resposta de indivíduos e grupos sociais a estes riscos. Risco e
oportunidade, portanto, andam juntos nas cidades, definindo graus diferenciados de
vulnerabilidade socioambiental em áreas urbanas. Pinheiro (2007)
7

2.2 Responsabilidade Social na gestão de recursos ambientais nas zonas urbanas

As práticas de responsabilidade socioambiental devido a sua complexidade e recente


valorização nas atividades produtivas variam de acordo com o porte da organização, em que as
exigências de licenciamento e a legislação ambiental são mais importantes que as motivações
associadas à redução de custos. Os impactos ambientais nas organizações e as estratégias
ambientais a serem adotadas são diferentes em função do tipo de empresa (TACHIZAWA,
2008).

Tachizawa (2008, p. 18), comenta que “[...] a gestão socioambiental não questiona a ideologia
do crescimento econômico, que é a principal força motriz das atuais políticas econômicas e,
tragicamente da destruição do ambiente global”.

A gestão socioambiental implica que os recursos naturais são limitados, e que precisa ter
algumas ações, pois com o crescimento econômico ilimitado, o planeta pode ter vários
desastres, por isso a necessidade de introduzir a sustentabilidade nas atividades de negócios.

Urbanização e meio ambiente têm uma relação direta. A urbanização, por implicar a
concentração de pessoas e atividades produtivas sobre um espaço restrito, gera,
necessariamente, impactos degradadores do meio ambiente com efeitos sinérgicos e
persistentes. Embora outras atividades, como a agricultura, a pecuária, a mineração e a geração
de energia, provoquem igualmente grandes impactos negativos sobre o meio ambiente, a
urbanização, por gerar de forma concentrada seus impactos ambientais e difundi-los além dos
limites urbanos, merece uma análise especial. (TACHIZAWA, 2008)

Em um mundo que se torna cada vez mais urbano, e de forma acelerada nas regiões mais
pobres do planeta, grande parte dos mais significativos impactos ambientais tem sido gerada
nas cidades. Segundo os criadores do conceito de pegada ecológica, a agricultura e o consumo
de alimentos são os maiores contribuintes para a carga ecológica da humanidade e se apropriam
de mais de 60% da capacidade regenerativa do planeta.

Em tese, contudo, a concentração de população humana em cidades reduz a pressão sobre


os ecossistemas e as áreas naturais, porque diminui drasticamente a superfície de espaço natural
requerida para a ocupação de um mesmo número de pessoas de forma dispersa no território.
Segundo estimativas do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) (UNFPA, 2008), a
soma de todas as áreas urbanas ocupa somente 2,8% da superfície terrestre.
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Especialmente nos países em desenvolvimento, a urbanização está associada a mais


degradação ambiental e social, mas também a mais chances de revertê-las. Oportunidades e
riscos são potencializados pela urbanização e tornam-se mais relevantes quanto mais carentes
forem as populações urbanas. Maiores níveis de urbanização aumentam as oportunidades, mas
também aumentam os riscos para os mais pobres. As concentrações populacionais favorecem a
concentração econômica e estudos da nova geografia econômica confirmam que a prosperidade
econômica está associada a economias de escala e à concentração espacial das populações. Nas
cidades, estão as oportunidades de emprego, a melhor educação, o acesso a serviços de saúde e
mesmo melhores condições de moradia se comparadas às áreas rurais, mesmo que em condições
ainda precárias.

Observando-se por outro lado, nas cidades também estão os maiores riscos de desastres
ambientais e as maiores chances de ser atingido por eles. A urbanização afeta as condições
naturais para a ocorrência de desastres ambientais, assim como os desastres ambientais têm seu
potencial de dano ampliado em função da urbanização. A urbanização em condições precárias
acentua ainda mais estes riscos para as populações em situação de vulnerabilidade social. A
vulnerabilidade a desastres ambientais aumenta em função de mais vulnerabilidade social e
cresce em um contexto de mais desigualdade social (CEPAL, 2008).

A vulnerabilidade social urbana é uma função que relaciona a exposição de determinado grupo
social ao risco, a estrutura de oportunidades que este grupo dispõe e a sua capacidade de
resposta em razão desses dois aspectos.

2.2.1 VULNERABILIDADE: RISCO, OPORTUNIDADE E CAPACIDADE DE


RESPOSTA
Baseado nas definições selecionadas por Cutter (1996 apud HOGAN; MARANDOLA,
2006) e nas análises dos autores consultados (CUNHA, 2004; HOGAN; MARANDOLA, 2006;
KAZTMAN; FILGUEIRA, 2006), pode-se dizer que três fatores estão mais presentes nas
definições sobre vulnerabilidade: i) a exposição a risco, que está relacionado a pessoas ou a
grupos sociais e não a lugares; ii) a estrutura de oportunidades que as pessoas ou os grupos
sociais dispõem para enfrentar estes riscos; e iii) a capacidade de resposta aos riscos.

A exposição a risco pode ocorrer pelas condições ambientais e sociais. Situações nas quais
existe a possibilidade de ocorrência de eventos perigosos pela ocupação humana de áreas
sujeitas a desabamentos, inundações, poluição hídrica, poluição atmosférica, poluição dos
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solos, contaminação por resíduos ou produtos perigosos, e desastres naturais, como terremotos,
furações, maremotos, entre outros, são exemplos de exposição a risco por condições ambientais.
A carência de infraestrutura que dê condições básicas de habitabilidade nestas áreas, como redes
de esgotamento sanitário e de abastecimento de água, tratamento de efluentes, coleta de lixo,
obras de contenção de encostas e drenagem de águas pluviais, aliada às precárias condições de
habitação, agravam esta exposição a risco. Se a elas forem agregadas às carências sociais, como
pobreza, desemprego e baixa escolaridade, por exemplo, e unidas às carências de serviços
públicos de saúde, segurança, lazer e educação, maior se torna a exposição a risco dos
indivíduos ou grupos sociais submetidos a estas condições. (CUNHA, 2004)

De facto, como constatam Hogan e Marandola (2006), especialmente nas grandes cidades, as
áreas de degradação ambiental coincidem com as áreas de degradação social. Ou seja, pessoas
ou grupos sociais expostos a riscos ambientais, na maior parte dos casos, também são
vulneráveis do ponto de vista social.

2.3 GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS

Diante da crise ambiental que vem sendo cada vez mais difundida, vários campos da
ciência têm demonstrando interesse de poder contribuir com o desenvolvimento de soluções e
não apenas de conflitos, mas de ações de conservação ambiental. Morin (2000) relatou que a
crise civilizatória ocidental serviu para ajudar a entender melhor como os valores de outras
culturas se comportam diante da natureza e seus recursos e que realizar o intercâmbio entre elas
seria de fundamental importância.

O ser humano primitivo durante em suas atividades diárias de sobrevivência no


ambiente, não causava desequilíbrio aos processos naturais e reprodutivos, pois permitiam a
esses ambientes sua manutenção e resiliência ao longo do tempo (LIMA,1984). Segundo a
autora, o desenvolvimento do conhecimento em busca de novas soluções de problemas do
cotidiano, deu início a uma nova maneira de intervir na natureza. Com a revolução industrial,
gerou a segregação de valores e causou a dicotomia entre a espécie humana e a natureza. Com
este processo, algumas culturas perderam suas práticas e conhecimentos ligados à natureza. A
evolução da ciência também foi responsável notoriamente por desqualificar o que não era
quantificável e a desvalorização desses conhecimentos foi se dissipando cada vez mais.
Segundo Maturana e Varela (2010) a objetividade foi privilegiada, descartando-se a
subjetividade, pois era vista como algo que comprometeria a exatidão da ciência. Porém, a
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humanidade esqueceu que a existência não pode ser quantificada, o sujeito não pode ser
quantificado (MORIN, 2000). Como o que não pode ser quantificado tem o poder de apontar
caminhos para subsidiar a conservação da biodiversidade e suas culturas? Porque as culturas,
as lendas, as crenças, as práticas e os saberes sobre o mundo natural são fatores intrínsecos
ligados a humanidade e, a partir desse universo, podem ser utilizados para nortear soluções e
entendimentos direcionados principalmente para o meio ambiente e a gestão de seus recursos
naturais.
A gestão de recursos naturais é essencial para medir e controlar o uso consciente de fontes de
energia dentro de um plano de desenvolvimento econômico e social que visa criar uma
sociedade mais sustentável. Basicamente, a gestão de recursos consiste em metodologias e
ações para conscientizar pessoas e empresas sobre a exploração excessiva da natureza e seus
recursos.

Entre as principais medidas para uma boa gestão de recursos naturais, são estabelecidas
políticas ambientais de preservação e recuperação de áreas desmatadas ou degradadas, além de
processos eficazes de reflorestamento e exploração sustentável. Também são recomendados
estudos que prevejam os impactos causados por novos empreendimentos ou projetos de
ampliação. A importância da gestão de recursos naturais está exatamente na capacidade de
aliar o desenvolvimento e o progresso, sem deixar de preservar a natureza. (MORIN, 2000).

Um aspecto que tem dado bastante certo no que diz respeito à gestão de recursos naturais
é o valor que os consumidores dão a empresas sustentáveis. Marcas que investem e reconhecem
a importância da sustentabilidade e da preservação estão conquistando cada vez mais espaço no
mercado. Mostrar responsabilidade ambiental traz resultados práticos em vendas, participação
no mercado e investimentos externos de investidores nacionais e estrangeiros.

2.4 IMPORTÂNCIA DO SABER LOCAL NA GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS


O conhecimento local vem sendo abordado em várias pesquisas e em lugares variados com
o objetivo de manifestar práticas e culturas, assim como suas relações com o ambiente.

A palavra “local” tem indicado o lugar e as ações dos saberes que as pesquisas retratam e,
além disso, entende-se que esse conhecimento local é dinâmico e mutável (ALBUQUERQUE;
ALVES, 2014). Segundo Santoset al. (2005), os termos: “conhecimento local” e “conhecimento
tradicional”, objetivam dar atenção à importância que esses saberes carregam nos processos de
desenvolvimento em sistemas de produção. Godoy et al. (2005) relataram que as pesquisas
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costumam abordar termos como: “popular”, “local”, “indígena” ou “conhecimento ecológico


local” como sinônimos dos conhecimentos adquiridos por comunidades que lidam diretamente
com o ambiente natural.

O conceito de “conhecimento local”, sob a ótica da antropologia, tem derivação do “tradicional”


(tradição – ao longo do tempo), do indígena, sendo utilizado para descrever padrões de crenças,
costumes e conhecimentos técnicos que são transmitidos de geração para geração dentro de um
processo de socialização (MORGAN, 2005). Segundo este autor, o termo também é utilizado
como sinônimo de cultura.
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3 Conclusão
Se, por um lado a questão ambiental introduz a possibilidade de redirecionar os rumos do
desenvolvimento em benefício das gerações futuras, por outro, os mecanismos concebidos para
se alcançar tal objetivo podem trazer sérios problemas à sobrevivência das gerações atuais de
agricultores familiares (Neumann; Loch, 2002).

A educação ambiental, então, se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe
atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que
procure incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental,
compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas
ambientais. Morais (2004)

Pode-se afirmar, então, que a situação ambiental exige da educação uma revolução
ecopedagógica, conforme afrma. Morais (2004).

Cabe à sociedade como um todo, não somente aos produtores rurais por estarem em contato
direto com a natureza, identificar, como um primeiro passo, os custos do desenvolvimento para,
a partir daí, tentar reduzi-los. Como escrevem Silva e Almeida (2010) deve haver um
engajamento ativo na proteção ambiental, no que concerne ao futuro do planeta, através da
mobilização e comprometimento da sociedade com organicidade, estratégias, práticas e com a
avaliação dos resultados, após estruturação de interesses.

Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o comportamento do homem em relação


à natureza, sob um modelo de desenvolvimento sustentável, ou seja, um processo que assegure
uma gestão responsável dos recursos do planeta de forma a preservar os interesses das gerações
futuras e, ao mesmo tempo atender às necessidades das gerações atuais, no sentido de promover
a compatibilização de práticas econômicas e conservacionistas, com re- exos positivos
evidentes junto à qualidade de vida de todos.
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4 Referências Bibliográficas
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