Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GRUPO DE TRABALHO 7
RURALIDADES E MEIO AMBIENTE
Resumo
O presente artigo trata da relação entre os pescadores artesanais de Matinhos – PR, com a Natureza,
trazendo a discussão sobre o valor dos conhecimentos tradicionais para se pensar novas formas de
conservação da natureza, através do diálogo entre os saberes científicos e populares, além de
abordar a importância de programas de educação ambiental na comunidade como forma de
valorização desse diálogo. Neste sentido, a pesquisa foi desenvolvida a fim de investigar,
principalmente, em que medida os pescadores artesanais podem ser considerados conservacionistas
e a forma como lidam com a conservação da natureza, visto que dependem diretamente dela para a
sobrevivência de sua atividade profissional. Para os pescadores estudados, em primeiro lugar a
profissão é a sua essência, um saber-fazer específico, e é principalmente nesse aspecto que a
presente pesquisa se torna relevante sob os pontos de vista científico e social, ou seja, na
demonstração de que outros tipos de conservação devem ser priorizados. A forma como os
pescadores estudados lidam com as questões ambientais, de uma forma geral, nos leva a crer que o
modelo econômico vigente ainda é – senão o principal – um dos maiores obstáculos para a perca
dos valores relacionados à natureza. Os resultados e análises da pesquisa empírica permitem
responder não somente se os pescadores artesanais possuem práticas conservacionistas, mas
também a complexidade da atividade profissional como sendo a grande mediadora da relação
homem-natureza.
Introdução
1
Mestre em Sociologia (UFPR) e Especialista em Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPR).
3
ambientais da nossa sociedade são conseqüências da organização a qual estamos sujeitos, ou seja,
os problemas ambientais são, antes, um conflito no interior da própria sociedade humana.
Outro autor que analisa a crise sob um ponto de vista interessante é Leff (2002). O autor
acredita que a problemática ambiental também está aliada ao “efeito de acumulação de capital e da
maximização da taxa de lucro a curto prazo, que induzem a padrões tecnológicos de uso e ritmos de
exploração da natureza” (p.59). Uma das principais soluções, para ele, seria a valorização do
diálogo de saberes, já que as formas de uso dos recursos naturais dependem, e muito, do sistema de
valores das comunidades. O olhar transdisciplinar, para Leff, se torna primordial frente a crise
sóciambiental, e a adoção de formas de amenização dos problemas ambientais que priorizem não
somente o pensamento científico, mas também o conhecimento popular.
Frente a essa crise, a sociedade passa por um momento fundamental para refletir o que é
conservar os recursos naturais e a diversidade cultural que possuímos. Não podemos desconsiderar
que os cientistas têm um papel importante na conservação, mas não é o único instrumento, nem a
única forma de conhecer. Devemos, portanto, almejar uma mescla entre os conhecimentos
tradicionais e acadêmicos, priorizando a idéia de que conservação, segundo Leff (2001), não é só
ciência, mas também práticas sociais e representações de mundo. Para muitas culturas, como é o
caso dos pescadores artesanais, o meio ambiente assume um papel talvez ainda mais fundamental,
uma vez que dependem dele diretamente para a sobrevivência de seu trabalho.
O presente artigo é parte de uma pesquisa com um grupo de pescadores artesanais do
município de Matinhos, litoral do Paraná. Partindo do pressuposto que os pescadores artesanais, por
dependerem diretamente e quase que exclusivamente da natureza para sobreviverem em sua
atividade profissional – a pesca – teriam práticas conservacionistas, surgiu a inquietação de
investigar se realmente essa hipótese se confirmaria, uma vez que, para alguns autores como Cunha
(2004), para pensarmos em novas formas de conservação é necessário entendermos a relação
sociedade-natureza, uma vez que uma nova relação implica também na valorização das formas
tradicionais de produção, como é o caso dos pescadores artesanais.
Referências Bibliográficas
BONIN, A. A. A pesca e seus trajetos: um estudo dos pescadores artesanais do canto da praia
de Itapema-Sc. Tese de doutorado – PUC-SP: São Paulo, 1984.
_________ (org.). Etnoconservação: novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos.
2ed. Coleção Ecologia e Cultura. São Paulo: Hucitec, 2000.
GIDDENS, A. Para além da Esquerda e da Direita. Tradução de Álvaro Hattnher. São Paulo:
UNESP, 1996.
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Disponível
em: <www.ibama.gov.br> Acessado de agosto a julho/2007.