Você está na página 1de 17

Ambiente e Desenvolvimento

Unidade 1:
Definições de Ambiente e
Desenvolvimento

Objetivos
• Compreender a relação entre as atividades humanas e o
ambiente.
Unidade 1

O componente curricular de Ambiente e Desenvolvimento visa compre-


ender as relações entre as atividades humanas, o ambiente, o desenvolvimento
e a sustentabilidade. Antes de iniciarmos os nossos estudos, vamos fazer um
exercício de pensar sobre a definição dos significados desses conceitos? A par-
tir dos conhecimentos que você já possui sobre o assunto e a partir das suas
experiências, pense nos significados de ambiente, de desenvolvimento e de
sustentabilidade. A longo desta unidade, vamos aprofundar os estudos esses
conteúdos.

Introdução ao ambiente e desenvolvimento


O ambiente é tudo o que envolve ou cerca os seres vivos. De acordo com
a definição de Barbieri, o ambiente consiste “no ambiente natural e artificial, isto
é, o ambiente físico e biológico originais e o que foi alterado, destruído e constru-
ído pelos humanos, como as áreas urbanas, industriais e rurais. Esses elementos
condicionam a existência dos seres vivos, podendo-se dizer, que o ambiente não é
apenas o espaço onde os seres vivos existem ou podem existir, mas a própria con-
dição para a existência da vida na Terra” (BARBIERI, 2016, p. 5). Ainda, o autor
salienta que o ambiente envolve todos os elementos vivos (bióticos) e não vivos
(abióticos) que ocorrem em determinado local.

Conceito
Bióticos: São exemplos de elementos bióticos plantas, animais, insetos, pessoas,
fungos, bactérias, zooplâncton, fitoplâncton, algas, entre outros seres vivos.

Abióticos: Todas as influências que os seres vivos possam receber em um ecossistema,


relativas a aspectos físicos, químicos ou físico-químicos do ambiente, como radiação
solar, temperatura, vento, água, composição do solo, pressão

A sobrevivência de qualquer espécie, inclusive a humana, ao longo do tem-


po depende de condições adequadas de alimentação, de abrigo e de reprodução.
Porém, o ser humano precisa de muito mais coisas para se satisfazer individual-
mente e como sociedade. Necessitamos, por exemplo, de uma casa para morar,
móveis, roupas, calçados, energia elétrica, equipamentos eletroeletrônicos (tele-
visão, geladeira, chuveiro, lâmpadas, ar-condicionado), tecnologias (smartphone,
notebook, internet, aplicativos), bicicleta, veículo, educação, saúde, alimentação,
lazer, esporte, cultura, salão de beleza, festas, viagens, entre outras necessidades
individuais e coletivas para as quais a sociedade trabalha a fim de proporcionar
satisfação pessoal e melhorar a qualidade de vida.

2
Ambiente e Desenvolvimento

Todas as matérias-primas (petróleo, gás, água, madeira, rochas, metais...),


utilizadas na fabricação de produtos e no desenvolvimento de tecnologias e equi-
pamentos, são oriundas do planeta Terra, gerando benefícios para a sociedade. Em
todas as etapas dos processos produtivos, que iniciam com a exploração e o pro-
cessamento da matéria-prima, passando pela fabricação, distribuição e utilização
de um bem durável, até o seu descarte, são gerados impactos ambientais sobre o
meio físico, o meio biótico e a própria sociedade. A esse respeito, destaca-se que,
em todas as etapas dos processos produtivos, que iniciam com a exploração da
matéria-prima, passando pelo processamento, fabricação, distribuição e utilização
de um bem durável até o seu descarte, são gerados impactos ambientais sobre o
meio físico, o meio biótico e a própria sociedade. Isto é, a apropriação de recursos
do planeta gera benefícios para a sociedade e, ao mesmo tempo, impactos sobre a
Terra, como podemos observar na imagem a seguir.

Fonte: Univates (2019).

Dica de vídeo
Para refletir mais sobre os efeitos dos impactos ambientais e sociais dos proces-
sos produtivos e do consumo, assista ao documentário The Story of Stuff (ou sua
versão em português, A História das Coisas, no Youtube). O documentário aborda
a questão do consumo exagerado de bens materiais e suas consequências negativas
em termos ambientais, trazendo um questionamento sobre os nossos costumes no
que tange à maneira como consumimos e como encaramos a preservação do planeta.
A partir do vídeo, reflita sobre a provocação: qual é o nosso papel no planeta Terra e o
que estamos fazendo para melhorá-lo?

3
Unidade 1

A sociedade humana valoriza os elementos que precisa para viver, mas se


preocupa pouco com os resíduos das suas atividades, como o lixo, o esgoto e as
emissões atmosféricas, que poluem o ambiente. Por exemplo, em nosso dia a dia,
precisamos de água potável, de alimentos em determinada quantidade e de ar lim-
po - são necessidades cotidianas básicas. Como consequência das nossas ativida-
des e hábitos diários, convertemos cerca de 80% da água que utilizamos em efluen-
tes domésticos e sanitários (esgoto), geramos aproximadamente 0,6 kg de resíduos
sólidos (lixo) por dia e liberamos emissões atmosféricas (gases) pela utilização
de veículos automotores nos deslocamentos (JORDÃO; PESSÔA, 1995). Desse
modo, as sobras ou os subprodutos das nossas atividades, se forem descartados em
locais inadequados ou não forem gerenciados de forma cuidadosa, comprometem
a qualidade do ambiente, inclusive os espaços onde nós vivemos.

Fonte: Univates (2019).

O homem promove adaptações e modificações no ambiente natural, de for-


ma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas, consistindo no grande
agente transformador do ambiente natural. O ambiente urbano, que envolve o se-
tor industrial, residencial, comercial, bem como os serviços públicos e de trans-
porte, é o resultado de aglomerações populacionais que estão localizadas em am-
bientes naturais transformados e que, para a sua manutenção e desenvolvimento,
necessitam de recursos do ambiente natural (PHILIPPI JR. et al., 2004). Essas
transformações do ambiente natural são realizadas nas mais variadas localizações
climáticas, geográficas e topográficas, em grande escala e em diferentes períodos
de tempo, como é possível evidenciar na sequência de fotografias abaixo.

4
Ambiente e Desenvolvimento

Fonte: Flickr (2019).

Examinando essas fotografias, podemos verificar exemplos de modificações


do ambiente natural pelos seres humanos em seus processos de desenvolvimen-
to, que resultam em poluição ambiental e em impactos para a sociedade devido
ao lançamento de esgoto, resíduos sólidos e emissões atmosféricas sem controle
adequado no ambiente. De acordo com os autores Donaire e Oliveira, “o fato de
o ambiente sempre ter sido considerado um recurso abundante e classificado na
categoria de bens livres, ou seja, daqueles bens para os quais não há a necessidade
de trabalho para sua obtenção, dificultou a possibilidade de estabelecimento de
certo critério em sua utilização e tornou disseminada a poluição ambiental, pas-
sando afetar a totalidade da população, por meio de uma apropriação socialmente
indevida do ar, da água ou do solo” (DONAIRE; OLIVEIRA, 2018, p. 37).

Segundo Barbieri (2016), há duas correntes ou abordagens antagônicas para


relacionar o ambiente com as políticas econômicas e sociais, principais responsá-
veis pela transformação dos ambientes naturais e a poluição da água, ar e solo: a
abordagem ecológica e abordagem a antropocêntrica.

De acordo com o autor, a abordagem ecológica defende que os humanos

5
Unidade 1

são apenas mais um elemento da natureza, de modo que “não possuem nenhum
direito a mais que os outros seres” (BARBIERI, 2016, p. 22). Essa visão do mundo
sugere o uso mínimo de recursos para não afetar a capacidade de regeneração do
meio ambiente, que apresenta recursos finitos e “capacidade de carga e de absorção
de poluentes limitada” (BARBIERI, 2016, p. 22).

A abordagem antropocêntrica destaca que “a preocupação com o meio


ambiente se dá na medida que este se torna um problema para os humanos. Sub-
jacente a essa postura está a concepção de um ser humano separado da natureza”
(BARBIERI, 2016, p. 38); essa dualidade lhe daria o direito de ser o seu senhor e de
utilizá-la em seu benefício. Dessa forma, não há preocupação com a quantidade e
a natureza da produção e do consumo, pois o importante é dar conta das necessi-
dades humanas, sejam elas essenciais ou não.

Para Barbieri (2016, p. 22), entre esses dois extremos, encontra-se a aborda-
gem socioambiental, “que reconhece o valor intrínseco da natureza, mas admite
que ela deve ser usada para atender às necessidade humanas presentes e futuras.
Por isso, procura tornar sustentáveis os sistemas de produção e consumo, enten-
didos como aqueles capazes de atender às necessidades humanas respeitando as
limitações do meio ambiente. Porém, entende que essas limitações não são está-
ticas e que o ser humano pode e deve superá-las constantemente para atender às
necessidades básicas de todos os humanos indefinidamente”.

Nesse sentido, o art. 225 da Constituição Federal Brasileira, promulgada


em 05 de outubro de 1988, determina que “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia quali-
dade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Dessa forma, o artigo reforça
a importância do poder público e da sociedade atuarem em prol de um meio am-
biente equilibrado.

No próximo capítulo, vamos tratar com mais ênfase a dimensão do desen-


volvimento, alinhado com os eixos do desenvolvimento econômico, do desenvol-
vimento social e do desenvolvimento ambiental, com conexões no dia a dia das
pessoas, do trabalho e das cidades onde moramos.

Desenvolvimento
Desafio
Como sequência da primeira unidade do componente curricular, leia o capítulo
20, Política e Gestão Ambiental, do livro Curso de Gestão Ambiental, que relaciona
diversos aspectos intrigantes sobre o Ambiente e o Desenvolvimento. Após se apro-
priar do texto e somar a visão pessoal de mundo, acesse o fórum Política e Gestão
Ambiental e contribua com as discussões dos colegas.

6
Ambiente e Desenvolvimento

A definição de desenvolvimento proposta por Arlindo Philippi Jr. e por Gil-


da Collet Bruna indica que “é um processo contínuo e progressivo, gerado na co-
munidade e por ela assumido, que leva as populações a um crescimento global e
harmonizado de todos os setores da sociedade, pelo aproveitamento dos seus dife-
rentes valores e potencialidades, de modo a produzir e distribuir os bens e serviços
necessários à satisfação das necessidades individuais e coletivas do ser humano
por intermédio de um aprimoramento técnico e cultural e com menor impacto
ambiental possível” (PHILIPPI JR.; BRUNA, 2004, p. 719).

O desenvolvimento pleno de uma sociedade envolve o desenvolvimento


econômico, social e ambiental, englobando condições dignas de alimentação,
saúde, educação, moradia, segurança, empregabilidade, salários, benefícios
sociais, lazer, entre outros aspectos. Vários países conseguem equiparar o desen-
volvimento econômico com desenvolvimento social e ambiental. O Brasil ocupa
uma posição de destaque na economia global em termos de desenvolvimento eco-
nômico, estando entre as 10 maiores economias do mundo, como nos mostra o
ranking abaixo.

Fonte: Adaptado pela Univates, com base em Funag (2019) e Época (2017).

A partir da análise das dez maiores economias mundiais atuais e a projeção


para 2050, conclui-se que o Brasil é um sucesso em termos de avanço e de desen-
volvimento econômico. Porém, de forma similar ao que acontece na China e na
Índia, por exemplo, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil não
acompanha o sucesso econômico. O IDH é calculado pela Organização das Nações
Unidas (ONU) e avalia a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de uma
população, com base nos seguintes indicadores: educação (alfabetização e taxa de
matrícula), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita).

7
Unidade 1
https://www.undp.org/pt/brazil/idh
Dica de site
Para compreender melhor o que é o IDH, como surgiu, quais são os seus objetivos,
a sua forma de cálculo e as suas características, leia as informações disponíveis no
site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

No caso do IDH, o Brasil ocupa a posição 75 de um total de 189 países


avaliados pela ONU, como é possível constatar no ranking que segue. Isso revela
que a riqueza econômica do país não é convertida no acesso igualitário ao desen-
volvimento e em qualidade de vida para toda a sociedade. Além disso, também
evidencia-se, no Brasil, um modelo econômico agressor ao ambiente, visto que,
no geral, são precários os serviços públicos de gerenciamento dos resíduos sólidos
e de tratamento dos esgotos, e mostram-se recorrentes os problemas no país com
desastres ambientais e tecnológicos, como os que ocorreram no rompimento das
barragens de rejeitos de mineração de Mariana e de Brumadinho, ambas localiza-
das em Minas Gerais.

Fonte: Adaptado pela Univates, com base em PNUD (2019).

Segundo Klink, o desenvolvimento sustentável “implica na melhoria da


qualidade de vida humana, mas dentro da capacidade de suporte do ecossistema: é
uma estratégia de desenvolvimento que administra todos os ativos, os recursos na-
turais e os recursos humanos, assim como os ativos financeiros e físicos, de forma
compatível com o crescimento da riqueza e do bem estar a longo prazo” (KLINK,
2001, p. 78). A adoção da sustentabilidade estimula a utilização dos recursos do

8
Ambiente e Desenvolvimento

meio físico e do meio biótico do planeta para melhorar a qualidade de vida da


população, prevenindo e controlando os impactos ambientais decorrentes das di-
versas atividades humanas.

A humanidade apresenta uma característica importante que a diferencia das


demais espécies e nos torna únicos entre os demais organismos vivos: a racionali-
dade, que envolve a capacidade de pensarmos e refletirmos sobre as nossas ações,
de acordo com princípios, valores e condutas estabelecidos em cada contexto e
aprendidos para a boa convivência em sociedade. Portanto, cabe a todas as pessoas
da sociedade assumir o seu papel para utilizarmos os recursos do planeta (água,
energia, alimentos, produtos, equipamentos) com sabedoria, evitando o consumo
compulsivo e os desperdícios e contribuindo para termos um ambiente com mais
qualidade.

As discussões em torno desse assunto são proporcionadas pela educação


ambiental, que deve estimular as pessoas a serem portadoras de soluções, e não
apenas de denúncias daquilo que é considerado errado, além de produzir mudan-
ças nas suas próprias condutas. Além disso, a educação ambiental implica a percep-
ção da conexão entre o pensamento e a ação, entre os valores e a prática, tanto no
âmbito individual como no coletivo, ressaltando a responsabilidade da humanida-
de para transformar suas atitudes. Aliás, uma noção de responsabilidade coletiva
e de visão de futuro para as populações e para o planeta é fundamental para cons-
truir as bases para a educação ambiental, pois, como orientou Mahatma Gandhi
em uma citação inspiradora: “Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um
oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele
esteja sujo por completo” (WIKIQUOTE, 2019, texto digital). Acreditar na huma-
nidade e na possibilidade de mudanças em suas condutas é algo que está presente
na concepção da educação ambiental, expressa na tirinha abaixo, observe:

Fonte: Armandinho (2015).

A tirinha acima evidencia que a humanidade é ao mesmo tempo a maior


responsável pela destruição dos ambientes naturais, mas também a maior defen-
sora. Dessa forma, cabe conhecermos um pouco mais sobre a estruturação e o
funcionamento dos ecossistemas, tanto no ambiente natural como no ambiente
modificado.

9
Unidade 1

Conhecendo um pouco melhor o ambiente


Segundo a Lei da Conservação das Massas de Lavoisier (apud TERRA,
2013, texto digital), “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Mas o que isso significa para nós? A tabela a seguir apresenta dados acerca da
geração diária de resíduos sólidos no Brasil nos anos de 2010 e 2011. Tais dados
evidenciam que foram produzidas aproximadamente 200.000 toneladas de resí-
duos sólidos por dia no Brasil em 2011, representando 1,22 kg de resíduos sólidos
por habitante por dia. Todavia, é importante questionarmos: nós não pagamos por
isso? Não seriam 200.000 toneladas por dia de matéria-prima? Será que isso está
voltando ao ciclo produtivo? Se a matéria é finita, podemos realmente jogar fora
esses resíduos?

Conceito
Lei da Conservação das Massas: Em uma reação química que ocorre num sistema
fechado, a massa total antes da reação é igual à massa total após a reação.

2010 2011
Região
RSUGerado(t/dia)/ População Urbana
RSU Gerado (t/dia) Índice(kg/hab/dia)
Índice(kg/hab/dia) (hab)

Norte 12.920 / 1,108 11.833.104 13.658 1,154

Nordeste 50.045 / 1,289 39.154.163 50.962 1,302

Centro-Oeste 15.539 / 1,245 12.655.100 15.824 1,250

Sudeste 96.134 / 1,288 75.252.119 97.293 1,293

Sul 20.452 / 0,879 23.434.082 20.777 0,887

BRASIL 195.090 / 1,213 162.318.568 198.514 1,223

Fonte: Adaptada por Univates, com base nos dados de ABRELPE (2011, p. 45).

10
Ambiente e Desenvolvimento

Do ponto de vista do nosso planeta, não há como jogar lixo “fora”. Logo: se
nada se perde, tudo vai para algum lugar. Para onde vai o nosso lixo? Para res-
ponder essa pergunta, é necessário entender como funciona nosso planeta e como
funcionam os ecossistemas.

Conceito
Ecossistema: Qualquer unidade que abranja todos os organismos que funcionam
em conjunto (comunidade biótica), numa dada área, interagindo com o ambiente fí-
sico, de tal forma que ocorra um fluxo de energia e um reaproveitamento de nutrientes
(ciclagem) entre as partes vivas e não vivas.

Um ecossistema é a inter-relação entre a matéria, energia e seres vivos, sen-


do a Ecologia a ciência através da qual estudamos como os diversos organismos
animais, plantas, fungos e microrganismos interagem no mundo natural e modi-
ficado (RICKLEFS; RELYEA, 2018). Observe abaixo um esquema sobre o funcio-
namento dos ecossistemas naturais:

Fonte: Univates (2019).

Nesse sentido, um ecossistema natural pode ser descrito como o conjunto


de plantas, animais e microrganismos que vivem em um ambiente. Os ecossiste-
mas caracterizam-se por envolver ambientes aquáticos e terrestres com dimensões
variadas, por constituir cadeias tróficas e por apresentar homeostase (equilíbrio) e
autorregulação (reciclagem e reuso). O ciclo biológico de materiais e energia nos
ecossistemas é mantido por três grupos de organismos: os produtores, os consu-
midores e os decompositores.

11
Unidade 1

• Produtores: são organismos clorofilados capazes de utilizar a radiação so-


lar para produzir seu próprio alimento por fotossíntese. Nesse processo, a
energia luminosa do sol é convertida em energia química, momento em que
as moléculas de gás carbônico e de água são sintetizadas em moléculas de
glicose e ocorre a liberação de oxigênio.

Fonte: Univates (2019).

• Consumidores: são organismos que se alimentam das plantas (herbívoros),


de outros animais (carnívoros) ou ambos (onívoros).

• Decompositores: são representados por fungos e bactérias, os quais degra-


dam a matéria orgânica de produtores e consumidores, produzindo subs-
tâncias inorgânicas utilizadas novamente como alimento pelos produtores.

Os ecossistemas naturais dependem dos organismos decompositores para


garantir a completa reciclagem dos elementos oriundos da morte de um orga-
nismo ou do descarte de resíduos orgânicos. Nos sistemas biológicos, o ciclo é
fechado, como podemos observar no esquema a seguir. Isso significa que não são
produzidas sobras de materiais no ambiente, e, assim, a reciclagem é completa e os
elementos retornam para que os produtores os utilizem para o seu desenvolvimen-
to biológico.

Fonte: Univates (2019).

12
Ambiente e Desenvolvimento

Diferentemente dos ecossistemas naturais, nos ambientes industriais as em-


presas retiram recursos naturais de alta qualidade (combustíveis fósseis, minérios,
água subterrânea), não reciclam a maior parte dos materiais gerados e devolvem os
materiais de forma degradada (resíduos) à natureza, causando degradação e polui-
ção ambiental. Os organismos dificilmente conseguem acompanhar as mudanças
oriundas do desenvolvimento industrial (novas tecnologias, novos produtos, au-
mento de produção, consumo, poluição) e se adaptar aos ambientes alterados. As
alterações dos ecossistemas são superiores àquelas que os organismos conseguem
suportar, levando ao colapso das comunidades naturais.

Quais são os impactos desse colapso? Uma das consequências mais visíveis,
além do potencial de extinção de espécies, é a proliferação de animais que se bene-
ficiam com a presença humana, principalmente nos espaços alterados das cidades.
Enquanto alguns são inofensivos, como os pardais, por exemplo, outros caracteri-
zam-se pela capacidade de transmitir doenças, como os ratos, as baratas e os mos-
quitos. Além de afetar a saúde dos seres humanos, as quebras dos ciclos naturais
podem influenciar as atividades econômicas, como acontece nos momentos de
incidência de pragas agrícolas (adaptadas aos agroquímicos utilizados e à ausên-
cia dos pássaros predadores, que foram expulsos), nos processos de desertificação
(devido à perda da vegetação) e na ocorrência de destruição de áreas agrícolas por
javalis (espécie exótica).

Conceito
Espécie exótica: Espécie típica de outro ecossistema introduzida pelo ser humano
em outro local. Devido à falta de predadores, essas espécies tendem a se multiplicar
de forma descontrolada, extinguindo as espécies nativas.

Tendo em vista que toda atividade gera um impacto ambiental, o objetivo


do desenvolvimento sustentável não é necessariamente cessar o impacto (visto que
isso implicaria cessar a atividade), mas compatibilizar o impacto com o ecossis-
tema em questão, para que este não entre em colapso.

Os ecossistemas industriais ou urbano-industriais também podem ser


classificados em três componentes análogos aos ecossistemas naturais.

• Produtores: representados pelas atividades primárias de produção de ener-


gia e exploração de matérias primas (extração de combustíveis, agricultura).
• Consumidores: representados por um sistema de produção industrial, que
utilizam a matéria prima, energia e a força de trabalho das pessoas para a
produção de produtos e equipamentos.
• Decompositores: são as atividades de tratamento dos resíduos sólidos,
efluentes líquidos, emissões atmosféricas e de reciclagem de materiais.

13
Unidade 1

Os sistemas industriais são abertos, como podemos analisar na imagem a


seguir, e geram resíduos e subprodutos em todas as fases de um processo produti-
vo, que são descartados no ambiente sem que haja decompositores e recicladores
para eles. Os resíduos sólidos, os efluentes líquidos e as emissões atmosféricas aca-
bam gerando poluição ambiental, pois a reciclagem representa apenas uma peque-
na fração dessa matéria descartada.

Fonte: Univates (2019).

O objetivo de estudar os ecossistemas industriais é compreender o seu fun-


cionamento, as suas limitações e vislumbrar como é possível aproximá-los do dos
ecossistemas naturais, estimulando que os materiais circulem o máximo possível,
de modo a retardar sua disposição final no ambiente. Como estratégias de dessa
aproximação, pode-se citar: a redução da extração dos recursos naturais, o apro-
veitamento da energia com a máxima eficiência, a intensificação do reuso e a reci-
clagem dos materiais e, ainda, a diminuição da produção de resíduos sólidos.

Dica de vídeo
Vamos assistir um vídeo que interpreta de forma simples a questão da sustenta-
bilidade e das relações entre os seres humanos e o planeta Terra? O episódio O
Trabalho e o Português Gostoso integra a série Somos1só, produzida pela TV Cultura
e Sesc TV, e aborda uma série de conceitos e debates que trabalhamos nesta Unidade
1 do componente curricular Ambiente e Desenvolvimento. Você pode buscar o vídeo
no YouTube.

Por meio dos nossos estudos foi possível evidenciar argumentos, dados e
reflexões que indicam a validade e a importância de buscar desenvolvimento mais
sustentável. Como explica Barbosa Filho, essa atitude é fundamental para “asse-
gurar às gerações futuras o direito a um ambiente equilibrado com as mesmas
condições (naturais, sociais e econômicas) disponíveis para as gerações atuais”, e
tal busca “colocou as discussões relativas aos processos de produção e o projeto de
produtos em outra perspectiva, em um patamar mais elevado no âmbito das ques-
tões das sociedades atuais. A introdução do conceito de desenvolvimento mais
sustentável como elemento de ordem na concepção de novos processos produti-

14
Ambiente e Desenvolvimento

vos e produtos trouxe aos profissionais a consciência de seu papel em uma grande
cadeia de intervenções, diretas e indiretas, sobre o meio ambiente” (BARBOSA
FILHO, 2009, p. 94).

Nesta unidade, estudamos os conceitos de ambiente, desenvolvimento


e sustentabilidade, visando compreender as possibilidades de análise das re-
lações entre os seres humanos e o ambiente. Além desses conceitos, também
conhecemos as bases da educação ambiental, as quais nos ajudam a compre-
ender melhor como as atividades humanas interagem com o ambiente.

Atividade
Agora que você leu o texto desta unidade, acesse o Ambiente Virtual e rea-
lize a atividade a seguir.

15
Unidade 1

Referências

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2011. São Paulo: ABRELPE,
2011. Disponível em: http://a3p.jbrj.gov.br/pdf/ABRELPE%20Panorama%20
2001%20RSU-1.pdf. Acesso em: 23 ago. 2019.]

ARMANDINHO. Tirinha. Tiras Armandinho, 2015. Disponível em:


https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/116674417279/dia-nacional-da-
bot%C3%A2nica-tirinha-original. Acesso em: 17 set. 2019.

BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e


instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2016.

BARBOSA FILHO, A. N. Projeto e desenvolvimento de produtos. São Paulo:


Atlas, 2009. Disponível em: https://www.unijui.edu.br/Portal/Modulos/
biblioteca/MinhaBiblioteca?isbn=9788522464760. Acesso em: 6 ago. 2019.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federal do Brasil.


Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 01 ago. 2019.

DONAIRE, D.; OLIVEIRA, E. C. Gestão Ambiental na Empresa: fundamentos


e aplicações. São Paulo: Atlas, 2018. Disponivel em: https://www.unijui.edu.br/
Portal/Modulos/biblioteca/MinhaBiblioteca?isbn=9788597017168 .Acesso em: 6
ago. 2019.

ÉPOCA. Essas serão as maiores economias do mundo em 2050. 21 fev. 2017.


Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2017/02/
essas-serao-maiores-economias-do-mundo-em-2050.html. Acesso em: 4 out.
2019.

FOTOGRAFIAS sobre intervenções na natureza (composição). Flickr, 2019.


Disponível em: https://www.flickr.com/. Acesso em: 23 set. 2019.

FUNAG. Maiores economias do mundo. 2019. Disponível em: http://www.funag.


gov.br/ipri/images/analise-e-informacao/01-Maiores_Economias_do_Mundo.
pdf. Acesso em: 4 out. 2019.

JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de Esgotos Domésticos. Rio de


Janeiro: ABES, 1995.

KLINK, C. A. O papel da pesquisa ecológica na gestão ambiental e manejo de


ecossistemas. In: BURSTYN, M. (ed). A Difícil Sustentabilidade. Rio de Janeiro:
Garamond Universitária, 2001, p. 77-84.

PHILIPPI JR, A.; BRUNA, G. C. Política e Gestão Ambiental. In: PHILIPPI JR,
A.; ROMÉRIO, M. A. BRUNA, G. C. (ed.). Curso de Gestão Ambiental. Barueri:
USP / MANOLE, 2004, p. 707-719. Disponível em: https://www.unijui.edu.br/
Portal/Modulos/biblioteca/MinhaBiblioteca?isbn=9788520443200. Acesso em: 6
ago. 2019.

16
Ambiente e Desenvolvimento

PNUD. Ranking IDH Global 2014. 2019. Disponível em: https://www.br.undp.


org/content/brazil/pt/home/idh0/rankings/idh-global.html. Acesso em: 4 out.
2019.

RICKLEFS, R.E.; RELYEA, R. A Economia da Natureza. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2021. Disponível em: https://www.unijui.edu.br/Portal/
Modulos/biblioteca/MinhaBiblioteca?isbn=9788527737623. Acesso em: 21 mai.
2022.

TERRA. “Nada se cria, tudo se transforma”; há 219 anos, Lavoisier era


guilhotinado. 8 maio 2013. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/
ciencia/pesquisa/nada-se-cria-tudo-se-transforma-ha-219-anos-lavoisier-era-
guilhotinado,0ebb069f8618e310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html. Acesso
em: 4 out. 2019.

WIKIQUOTE. Mahatma Gandhi. 2019. Disponível em: https://


pt.wikiquote.org/wiki/Mahatma_Gandhi. Acesso em: 4 out. 2019.

17

Você também pode gostar