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GESTÃO AMBIENTAL

Autoria: Renata Laranjeiras Gouveia


SUMáRIO

APRESENTAÇÃO........................................................................... 5

CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL ....................7

CAPÍTULO 2
GESTÃO AMBIENTAL ...................................................................53

CAPÍTULO 3
INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL................................98
CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO
AMBIENTAL

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Relatar a trajetória percorrida na relação do homem com a natureza.


• Apresentar as conferências internacionais que mediam a relação do homem
com a natureza.
• Conhecer o desenvolvimento sustentável, suas premissas e objetivos.
• Analisar como a evolução do pensamento contribuiu para a relação do homem
com a natureza.
• Examinar as conferências internacionais, seus entraves e desafios para a
preservação/conservação dos ecossistemas.
• Questionar atitudes sustentáveis no dia a dia e nas suas atividades laborais.
• Conhecer como funciona a pegada ecológica, além dos impactos.
• Entender, através da pegada ecológica, o impacto do consumo humano nos
recursos naturais.
• Analisar os modos de produção e consumo no planeta.
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro estudante, o livro de Gestão Ambiental tem, como propósito, ser um
guia nas questões relacionadas com o meio ambiente. Nele, você aprenderá
conceitos e ferramentas que ajudarão na sua formação.

A gestão ambiental, assim como o nome já diz, estuda formas de gerir o


meio ambiente. É atuar nas ações, no planejamento das organizações, para que
não causem impactos negativos ao meio ambiente com as atividades, mas, se o
impacto já tiver ocorrido, atuar na remediação ou na minimização dos danos.

Para entendermos como a gestão ambiental funciona, começaremos


aprendendo o que é o meio ambiente, a sua importância para os homens e para
os ecossistemas. Conheceremos a trajetória das conferências mundiais que
permeiam a base da discussão da relação do homem com a natureza. Ainda,
analisaremos como a Revolução Industrial marca uma nova era nessa relação.

Conheceremos o desenvolvimento sustentável e entenderemos a sua


importância para um planeta mais justo, que defende os recursos naturais e
que protege os cidadãos. Deve servir de suporte para a criação de legislações
e normas ambientais, que veremos mais adiante. Por fim, analisaremos a nossa
pegada ecológica e as atitudes que podemos ter para viver de forma mais
harmônica com a natureza.

Preparados para iniciar?! Então, pegue o seu chá ou café, em um copo


reutilizável, e vamos iniciar o nosso primeiro capítulo de estudos.

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
QUESTÃO AMBIENTAL
Olá, aluno! Começaremos a nossa conversa entendendo como o homem
vem utilizando a natureza para a sobrevivência desde o período pré-histórico até
os dias atuais. Preparados?! Vamos lá, compartilhar saberes e experiências!

O homem sempre precisou se relacionar com o meio ambiente para a


sobrevivência, sejam aqueles homens primitivos que usavam a pesca e a caça
para a alimentação, ou hoje em dia, com o homem que utiliza a natureza não
apenas para se alimentar, mas, também, como forma de energia, de trabalho e
renda.
Nossos antepassados eram nômades e viviam buscando as condições
favoráveis da natureza para adaptação, pois dependiam das condições naturais
para o estabelecimento. Viviam em harmonia com a natureza e só retiravam dela
o que era estritamente necessário à sobrevivência. A natureza era a força maior e,
por muitas vezes, temida pelo homem.

Com o tempo, o homem pôde se estabelecer, adaptando-se ao ambiente


natural. Na Idade Média, inicia-se um processo de separação da natureza humana
da não humana, e, com isso, modifica-se a visão que o homem tinha sobre a
natureza na gênese da formação. A ciência experimental trouxe a necessidade
de comprovação científica de toda evidência, como métodos fundamentais
para a construção do conhecimento. O homem deixa de ser fundamentalmente
ligado à natureza e busca instrumentos para a dominar, apropriar e adaptar às
necessidades (NAVES; BERNARDES, 2014).

Para conhecer os diferentes conceitos de natureza, meio


ambiente, ambiente, recursos naturais e recursos ambientais, não
deixe de ler o artigo disposto a seguir: http://www.iea.sp.gov.br/out/
publicacoes/pdf/asp-2-04-2.pdf. Esse artigo é base fundamental para
esta disciplina.

Sempre existiram diversos tipos de usos dos recursos naturais (vegetais


e animais para alimentação, uso do solo para plantio, vento para navegação,
matéria-prima para fabricação de produtos etc.), porém, o que se vê, nos dias
atuais, é que a exploração da natureza tomou um rumo sem precedentes, e a
disponibilidade que se tinha antes, dos recursos naturais, não é mais a mesma. O
que mudou na relação que tínhamos com a natureza com a que temos hoje?

O homem passa a enxergar a natureza com uma visão antropocêntrica. O


homem que está no centro do universo e a natureza devem servir para satisfazer
às necessidades.

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CapítuloG1ESTÃO AmB
EVOLUÇÃO
IENTAL HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

Meio Ambiente: conjunto de condições, leis, influências e


interações de ordens física, química e biológica que permite, abriga
e rege a vida em todas as suas formas. Conjunto de condições, leis,
influência e interações de ordens física, química, biológica, social,
cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas (CONAMA N° 306, 2002). Circunvizinhança em que uma
organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais,
flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações (ISO 14001, 2004).

Gostaríamos que você refletisse a respeito de algumas questões. Já parou


para pensar na sua atitude diante do meio ambiente? A sua forma de vida, de
consumo, é sustentável? Pode ser que você responda sim, mas acreditamos
que a maioria das pessoas não parou para analisar como o seu estilo de vida
pode impactar. Você pode estar se questionando: mas eu não tenho nada a
ver com isso, são as empresas que poluem e, consequentemente, degradam
o meio ambiente. Você tem razão em certa parte. As empresas são as maiores
causadoras de impacto ambiental, de degradação do meio ambiente, mas nós,
eu e você, também podemos contribuir, positiva ou negativamente, com o meio
ambiente.

Agora, entenderemos como ocorreu a revolução industrial e como ela


ocasionou mudanças no estilo de vida da população, além da relação com o meio
ambiente. Vamos lá?!

2.1 O HOMEM E A NATUREZA: A


REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O ser humano, diferente de outros animais, possui algo em especial,
a consciência, e ela fez, também, com que o homem criasse um senso de
adaptabilidade incrível, o que vem permitindo a sobrevivência. Como disse
Charles Darwin, quem sobrevive não é o mais forte, mas o mais adaptado.

Ao longo dos anos, o homem vem modificando tudo ao redor, criando peças,
equipamentos que pudessem facilitar a vida e multiplicar a força. Por exemplo,
ao invés de levar produtos com a mão, com o advento da roda, pôde multiplicar a
força.

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A Primeira Revolução industrial (1760-1840) tem estopim no
A relação do homem
com a natureza mesmo período da Revolução Francesa. Iniciada na Inglaterra, trouxe
foi completamente grandes transformações e desenvolvimento tecnológico, e, aos
modificada, pois os poucos, foi se alastrando por todo o mundo. A relação do homem com
modos de produção a natureza foi completamente modificada, pois os modos de produção
foram alterados e foram alterados e elevados a uma escala muito maior, o que gerou
elevados a uma
muito consumo dos recursos naturais disponíveis.
escala muito maior,
o que gerou muito
consumo dos Na pré-história, o homem utilizava a natureza para a alimentação
recursos naturais familiar e a criação de alguns utensílios para caçar e pescar, mas, com
disponíveis. a Revolução Industrial, essa relação passa a ser alterada de forma
definitiva. Não seria usada mais apenas para a subsistência, mas para
sustentar padrões de consumo que não respeitavam o tempo de renovação dos
recursos na natureza.

A Revolução Industrial fez crescer a esperança de grandes oportunidades de


trabalho e de qualificação. Trabalhos que demoravam dias para serem realizados,
e que necessitavam de muitos trabalhadores, aconteciam em poucas horas, ou,
até mesmo, em minutos. Para Bursztyn e Bursztyn (2012), a mecanização, o
desenvolvimento da siderurgia, o amplo uso de energia e de recursos naturais,
além da urbanização, marcam a era.

O que dependia, antes, da força muscular, foi, aos poucos, sendo substituído
pelas máquinas e pelas fábricas. Tem-se o tear a vapor, que substituiu milhares
de artesãos que dependiam da venda desse produto para a sua sobrevivência e a
dos seus familiares. Os trabalhadores que viviam desse tipo de trabalho passaram
a adquirir novas habilidades, transformaram-se em operadores de máquinas.
Também tiveram que se adaptar à disciplina de se trabalhar em uma fábrica.

A agilidade de produção fez com que fosse necessário, cada vez mais, o
uso de matérias-primas para fabricação de produtos e, por consequência, a
utilização dos recursos naturais se deu de forma exploratória. A eletricidade, o
descaroçador de algodão e as ferrovias transcontinentais, por exemplo, mudaram,
permanentemente, a sociedade e a sua relação com o meio ambiente.
Inúmeros impactos
ambientais puderam O ferro e o aço foram materiais sempre presentes nas produções,
ser registrados com
essa alteração na novas fontes de energia passaram a ser utilizadas, incluindo os
dinâmica da relação combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Destaca-se, também,
homem x natureza a crescente aplicação da ciência na indústria, além da produção em
(poluição das águas, massa de bens manufaturados e do aumento do uso dos recursos
dos solos, do ar, naturais.
esgotamento de
recursos naturais).
Inúmeros impactos ambientais puderam ser registrados com essa

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CapítuloG1ESTÃO AmB
EVOLUÇÃO
IENTAL HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

alteração na dinâmica da relação homem x natureza (poluição das águas, dos


solos, do ar, esgotamento de recursos naturais). Aumentou a quantidade de
pessoas que foi morar nas cidades em busca de empregos, porém, em muitos
lugares, o crescimento se deu de forma desordenada, com ausência de sistemas
de saneamento básico e coleta de lixo. A poluição do ar e da água vinha da
queima do carvão e dos estágios de produção dentro das fábricas, da produção
de metais e da utilização de produtos químicos. Doenças de veiculação hídrica
passaram a ser frequentes, como a febre tifoide e a cólera.

Assista ao vídeo A história das coisas, no qual é possível


conhecer como se dá o processo produtivo capitalista (extração,
produção, consumo e descarte), além dos impactos socioambientais
que são gerados. O vídeo pode ser acessado em https://www.
youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw.

O modo de produção capitalista, baseado no acúmulo das riquezas, da


utilização predatória do meio ambiente com a Revolução Industrial, transformou
as sociedades. A ideia de crescimento econômico e desenvolvimento leva a um
alto consumo de produtos, o que gera muita utilização dos recursos naturais.

Diante dos impactos do novo estilo de vida das populações e do crescimento


das indústrias, 1962 é marcado pelo lançamento do livro Primavera Silenciosa. O
que esse livro tem de tão especial que gostaríamos que você conhecesse? É um
marco, um livro que altera o curso da história.

Primavera Silenciosa foi escrito pela bióloga marinha Rachel


Primavera
Carson, e, a partir dele, dá-se o início do movimento ambientalista. O
Silenciosa foi escrito
livro faz uma forte crítica à indústria química produtora de pesticidas, pela bióloga marinha
abordando como esses produtos alteravam os processos celulares das Rachel Carson, e, a
plantas, ocasionavam a morte de animais e colocavam a saúde dos partir dele, dá-se o
seres humanos em risco. início do movimento
ambientalista.
De onde vem o título Primavera Silenciosa? Leia uma pequena
resenha do livro para entender de onde surgiu esse nome.

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Resenha Primavera Silenciosa

Havia um tempo em que tudo se harmonizava. Fazendas


prósperas com muitos pomares, plantações, flores belas, animais,
peixes, aves, tudo em perfeita harmonia, até a chegada dos
colonizadores, que ali se instalaram. Um tempo depois, apareceram
doenças misteriosas que acometiam animais, plantas e pessoas.
Tudo ficou mais difícil, pois não conseguiam colher frutos e criar
animais, tudo estava devastado, tudo parecia sombrio, algo que
assustava e preocupava os colonizadores.

Desde o advento da indústria química, com a revolução verde,


os seres humanos passaram a ser obrigados ao contato com
substâncias químicas perigosas, desde o nascimento até a morte:
DDT, BHC, aldrin, heptacloro etc., os chamados organoclorados da
família dos poluentes persistentes orgânicos (POPs). O DDT foi um
composto químico muito utilizado até a década de 1970 (no Brasil,
apenas recentemente banido), cujas moléculas se alojam na camada
lipídica do corpo. São persistentes e podem ser encontrados nos
pássaros, na carne dos peixes, dos animais diversos e no solo. Até o
ar puro leva e traz essa poeira química.

Os pássaros estavam se tornando estéreis, pondo ovos sem


fecundar, as minhocas apareceram mortas, os animais sumindo e
uma paisagem cada vez mais pobre de vida. A chegada da primavera
já não é mais anunciada pelo canto dos pássaros, e as madrugadas
se tornaram silenciosas. Ar, terra, rios e mares já estavam
contaminados, e, com isso, o próprio homem se obrigou a viver em
meio ao caótico desequilíbrio.

Se, antes, a preocupação dos humanos era com as “pestes”


que ali circulavam, hoje, a preocupação se remete à saúde pública.
Diversas doenças “modernas” surgiram ou aumentaram os índices
(como certos tipos de câncer e disfunções metabólicas) decorrentes
do uso exacerbado dos pesticidas, fungicidas e todos os tipos de
insumos químicos que foram introduzidos na natureza. Os inseticidas
aplicados anteriormente já não fazem tanto efeito e, com isso, os
agricultores buscam aumentar a dose, ou usar outros químicos,
chamados de menos tóxicos, para combater, novamente, todas as
pragas.

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EVOLUÇÃO
IENTAL HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

Carson nos deixa refletir acerca do uso de métodos não


destrutivos da natureza, considerando todo o conhecimento científico
que se tem do que ocorreu no passado. Apesar de todas essas
abordagens novas, devemos ter a consciência de que estamos
lidando com vidas e ter cuidado com esse “controle da natureza”,
pois as armas químicas contra os insetos são armas contra nós
mesmos e a Terra.

FONTE: SACCOMANI, R.; MARCHI, L. F. B.; SANCHES, R. A.


Primavera silenciosa: uma resenha. Revista Saúde em Foco, v. 1, n.
1, p. 1, 2018.

Como você pôde entender em Primavera Silenciosa, não existe atitude, que
ocorra de forma isolada, que não traga malefícios ao todo, à biosfera. Nossas
atitudes, por mais que sejam simples, ao serem somadas com as das outras
pessoas, atuam no desequilíbrio ambiental. Imagine se tratando de indústrias que
têm os potenciais de poluir e degradar o meio ambiente de maneira bem mais
voraz.

A Revolução Verde teve início em 1950, no México, e trouxe inovações


tecnológicas para a agricultura, como pesquisas com sementes, fertilização do
solo, mecanização do campo e o massivo uso de agrotóxicos. Esse fato é o
propulsor para a morte de animais e prejuízos na saúde humana.

Antes de continuarmos, leia alguns conceitos técnicos de ecologia, a seguir.


Eles serão fundamentais para entender como o meio ambiente funciona.

Indivíduo: cada ser vivo de uma espécie.


População: conjunto de indivíduos.
Comunidade: conjuntos de populações de várias espécies que
compõem um habitat.
Ecossistema: conjunto de todas as comunidades que interagem
com os fatores abióticos (ar, água, solo, temperatura).
Biosfera: conjunto de todos os ecossistemas.

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Ecologia: ciência que estuda as relações entre os seres vivos e,
destes, com o meio ambiente em que vivem.
Preservação: intocável, visa à integridade.
Conservação: proteção dos recursos naturais, porém, com a
utilização racional.

Dez anos após o lançamento do livro Primavera Silenciosa, em 1972, um outro


livro ganha destaque no cenário mundial, intitulado de Limites do Crescimento.
Essa obra abordou grandes problemas da época, como o elevado crescimento
populacional, saneamento, poluição, energia, saúde e meio ambiente.

O livro foi encomendado pelo Clube de Roma, com a liderança do pesquisador


Dennis Meadows, sendo fruto do MIT (Instituto Tecnológico de Massachussetts),
onde simulou, a partir de modelos computadorizados, as consequências do
elevado crescimento populacional em um planeta com os recursos ambientais
esgotáveis.

O Clube de Roma foi criado em 1968 pelo italiano Aurelio Peccei


e pelo cientista escocês Alexander King, com o intuito de promover
reflexões acerca do futuro da humanidade e do planeta. Os membros
desse clube são personalidades de diferentes comunidades, como
políticos, cientistas, empresários, acadêmicos, religiosos etc.

Também conhecido como Relatório Meadows, o livro mostrou que a


população estava crescendo de forma exponencial, enquanto a produção de
alimentos não poderia crescer dessa maneira. Assim, uma das conclusões era
que se os crescimentos populacional e econômico continuassem a ocorrer dessa
forma, os recursos naturais do planeta entrariam em colapso antes de 2070.

Outras conclusões seriam de que essa tendência era possível de ser alterada
com as estabilizações econômica e ecológica e que as pessoas deveriam ter,
como meta, a procura pela estabilização. O crescimento exacerbado da população
ocasionaria falta de alimentos, pois as terras cultiváveis ficariam extintas, devido
à alta demanda, assim como não haveria mais água potável em quantidade e

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CapítuloG1ESTÃO AmB
EVOLUÇÃO
IENTAL HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

Na época, os dados geraram grande alvoroço e muitos criticavam as


conclusões, principalmente, pela adoção do crescimento zero para todos os
países. Entretanto, o que se percebe é que as conclusões continuam, apesar de
não sido concretizadas, fazem sentido. Encaminhamo-nos para o esgotamento
dos recursos naturais, devido à exploração desenfreada e aos elevados
crescimentos econômico e populacional do planeta.

Uma exploração econômica que não respeita o ciclo natural dos recursos
naturais leva à exaustão.

É preciso finalizar este tópico abordando as quatro fases da revolução


industrial, estabelecendo uma cronologia das características das revoluções,
ressaltando aspectos e elementos importantes para a discussão ambiental.

A primeira revolução (1760-1840) trouxe mudanças nos setores econômico e


social, nos quais se iniciaram a construção mecânica e a expansão das indústrias.
Na segunda revolução (1850-1945), novas técnicas de produção são utilizadas e
se tem o petróleo utilizado como combustível. Máquinas e fertilizantes químicos
na agricultura são utilizados. A terceira revolução (1950-1970) também é chamada
de revolução do computador. O uso da internet cresce e há grandes integrações
econômica e política. A quarta revolução (1970-dias atuais) é direcionada à
inteligência artificial e à aprendizagem de máquinas.

FIGURA 1 – AS QUATRO FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

FONTE: <https://www.bwexpo.com.br/a-industria-de-agua-e-efluentes-
esta-pronta-para-a-era-pos-digital/>. Acesso em: 15 jun. 2020.

A apropriação dos recursos naturais tem se tornado cada vez mais intensa
ao longo das revoluções industriais, e, com isso, a degradação ambiental
e os impactos
qualidade negativos
para toda se tornaram mais evidentes. Apesar do constante
a população.

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aprimoramento dos meios de produção, das tecnologias cada vez mais de ponta,
o despertar para a preservação do meio ambiente ainda não é efetivo.

Alguns países ainda acreditam que o crescimento econômico precisa se dar


a todo custo (sem se preocupar com a degradação ambiental). Se as atitudes
contrárias ao meio ambiente, com a exploração desenfreada dos recursos naturais
ocasionada por alguns países, só eles devem arcar com as consequências?
Não. Os impactos podem até ser locais, mas as consequências são globais,
e já estamos colhendo esses frutos. Enchentes, baixa qualidade do ar, água
com pouca qualidade e quantidade, solos inférteis, surgimentos de doenças e
aquecimento da temperatura da terra são apenas alguns dos exemplos do que já
estamos vivenciando, e se essa dinâmica não for alterada, outros mais ocorrerão.

1 - Considerando os resultados obtidos no Relatório Meadows,


com o mundo entrando em colapso pelo constante crescimento
populacional e pela falta de terras férteis, quais seriam os motivos
para esse fato ainda não ter se concretizado?
R.:

2 - Com relação aos problemas percebidos no livro Primavera


Silenciosa, Rachel Carson verificou uma mudança significativa
no meio ambiente após observações intensas. Diante desse
contexto, qual a contribuição do livro Primavera Silenciosa em
relação ao meio ambiente?

R.:

3 - A relação do homem com o meio ambiente vem se modificando ao


longo dos anos, e, com isso, diversos impactos são ocasionados
na natureza. Com relação à pandemia da COVID-19, quais são
os impactos ambientais ocasionados para o surgimento dessa
nova doença?

R.:

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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

2.2 TOMADA DE CONSCIÊNCIA DA


QUESTÃO AMBIENTAL
Você está percebendo que começamos a nossa conversa desde quando
se iniciou a relação do homem com a natureza, partindo para as revoluções que
marcaram a história da humanidade, marcando, também, a forma como o homem
passou a olhar para a natureza. Continuaremos com essa linha de raciocínio e
seguiremos para conhecer as conferências mundiais que mediam essa relação.
Entenderemos os documentos e os acordos que foram gerados nesses momentos
e a contribuição para a conservação do meio ambiente.

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano

Conhecida como Conferência de Estocolmo, é o marco inicial dos debates


das relações do homem com a natureza. Surgiu como uma tentativa de mediar a
forma como os homens usavam a natureza para satisfazer necessidades.

Foi realizada em 1972, na Suécia, na cidade de Estocolmo. Contou com


a participação de representantes de governo de 113 países, organizações não
governamentais, organizações intergovernamentais e população.

Já eram notáveis os efeitos negativos que a industrialização causava no


meio ambiente. Adensamento populacional e urbanização elevavam os níveis da
poluição e da degradação dos recursos naturais. O crescimento era inevitável,
porém, precisava-se criar regras, normas, a fim de estabelecer parâmetros para a
exploração.

A Conferência de Estocolmo gerou uma declaração e um plano de ação para


o meio ambiente humano, com 109 recomendações. Como era de se esperar,
existiram muitos impasses e desafios em relação aos países que não aceitaram
muito bem essas recomendações.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) foi criado
nessa conferência. Seus principais objetivos são: manter o estado do meio
ambiente global sob contínuo monitoramento, alertar as nações a respeito das
ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas que melhorem a qualidade de
vida da população, sem comprometer a integridade dos recursos naturais (ONU,
2020).

Como afirma Jankilevich (2003), apesar dos avanços que foram considerados
em relação aos problemas ambientais e à sensibilização mundial, os países

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GESTÃO AmBIENTAL

industrializados tinham que a contaminação, com consequente deterioramento


ambiental, era um mal necessário para que houvesse crescimento econômico,
além de benefícios.

Se pararmos agora e olharmos ao nosso redor, as empresas e indústrias que


nos cercam, podemos ver que esse pensamento ainda prevalece até hoje, mas,
calma, há empresas que já mudaram o seu olhar em relação ao meio ambiente
e atuam de forma responsável com a natureza. Você conhece alguma empresa
assim?

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e


Desenvolvimento (CNUMAD)

Essa conferência ficou mais conhecida como Eco-92 ou Rio-92, foi realizada
no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em 1992. Ela marca 20 anos desde a
Conferência de Estocolmo, e teve o intuito de avaliar os andamentos, entraves e
desafios que marcaram o período.

Líderes de 179 países, organizações não governamentais e ambientalistas


participaram da Eco-92. Foram dias intensos de muitos debates.

De acordo com Bursztyn e Bursztyn (2012), os objetivos da conferência


foram:

• Examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas


depois da Conferência de Estocolmo.
• Identificar estratégias regionais e globais para ações apropriadas
referentes às principais questões ambientais.
• Recomendar medidas a serem tomadas nos âmbitos nacional e
internacional, relativas à proteção ambiental.
• Promover o aperfeiçoamento dos protocolos ambientais internacionais.
• Examinar estratégias de promoção de desenvolvimento sustentável.

Na Eco-92, foram assinados cinco documentos que serviram de diretrizes


e metas para os países alcançarem nos anos seguintes da conferência. Você
conhecerá um pouco desses documentos agora.

Convenção da Biodiversidade (CDB)

Os objetivos deste documento foram a conservação da biodiversidade e


o uso sustentável dos recursos. A conservação in situ dos ecossistemas e dos
habitats naturais é fundamental para a sustentação das características ecológicas
de cada região e das suas funções dentro de um ecossistema. No Brasil, o CDB

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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

foi aprovado pelo Decreto Legislativo 2, de 1994, e, posteriormente, promulgado,


através do Decreto n° 2.519/1998.

O documento apontou que cada país tem soberania sobre os recursos


genéticos contidos no território, além de ter o dever da preservação. Não
se trata, apenas, da proteção da biodiversidade, mas da regularização dos
desenvolvimentos social e econômico sustentáveis por parte de quem utiliza os
recursos naturais do planeta.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2000), a convenção foi estruturada


em três pontos:

1- A conservação da diversidade biológica.


2- O uso sustentável da biodiversidade.
3- A repartição justa e equitativa dos benefícios da utilização dos recursos
genéticos.

O Brasil não ficou muito satisfeito com os resultados da convenção, pois


sabe-se que os países industrializados já consumiram grande parte dos seus
recursos naturais, devido ao elevado grau de produção e consumo. Além disso,
com relação ao recurso natural existente nos países em desenvolvimento e
subdesenvolvimento, em que mãos cairia? Como poderiam provar que uma
espécie utilizada para uma finalidade por uma empresa de outro país foi retirada
do seu território? E se não for possível haver um acordo quanto à participação
nos resultados entre a empresa detentora do conhecimento científico e o país
soberano? (NOVAES, 1992).

Convenção-Quadro das Mudanças Climáticas

Esta convenção debateu a respeito das alterações do clima, que já se


mostravam notáveis naquela época, e teve, como objetivo, a diminuição do
lançamento dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Os principais gases
de efeito estufa são: vapor d’água, ozônio (O3), dióxido de carbono (CO2), metano
(CH4), óxidos de nitrogênio (NOx) e eclorofluorcarbonos (CFCs).

O aumento das atividades industriais e agrícolas demanda grandes usos de


energia. Deu-se por uma matriz energética que queima combustíveis fósseis para
a geração. Ainda, somado a esse fator, tem-se o aumento do desflorestamento,
fatos que contribuíram para o lançamento de GEEs na atmosfera. Os países
desenvolvidos abarcam a maior parcela da poluição, devido aos modos de
produção.

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GESTÃO AmBIENTAL

A proposta era a redução desses gases em 20% até 2000, meta que foi
refutada por um dos países que mais polui, os Estados Unidos.

Em 1997, foi realizada, no Japão, na cidade de Kyoto, a terceira Conferência


das Partes (COP3). Nessa conferência, foi trazido tudo que se havia debatido na
Eco-92 em relação às mudanças climáticas, o que gerou o chamado Protocolo
de Kyoto. Esse protocolo definiu que os países industrializados deveriam reduzir
suas emissões atmosféricas de GEEs em 5,2%, em um comparativo com o ano
de 1990. Era necessário que, pelo menos, 55 países assinassem esse documento
para que ele tivesse validade, e, assim, pudessem eliminar 55% das emissões
que estavam sendo lançadas na atmosfera até 2012.

Você sabe o que é efeito estufa? Por que sempre o associamos


a algo ruim? O efeito estufa é essencial para que se tenha vida no
nosso planeta. Sem ele, as temperaturas seriam tão baixas que nós
não teríamos como sobreviver. Assim, qual é toda polêmica que
envolve esse evento? O sol emite energia ao planeta, parte dela
é absorvida e, a outra, é refletida. São os gases de efeito estufa
(GEE) que conseguem manter parte desse calor na atmosfera
para que a temperatura seja mantida em condições favoráveis
ao desenvolvimento da humanidade. O problema está no grande
lançamento de GEE na atmosfera, devido, principalmente, à queima
de combustíveis fósseis, desmatamento e atividades industriais que
têm aumentado o efeito estufa, e, consequentemente, a temperatura
da Terra.

Essas metas variavam entre os países. De acordo com o processo de


desenvolvimento, os Estados Unidos teriam que reduzir 7% e a União Europeia
8%, e outros países poderiam aumentar os lançamentos, como a Islândia (10%) e
a Austrália (8%).

O prazo para encerrar o protocolo seria no fim de 2012, porém, no mesmo


ano, foi realizada, no Qatar, a COP18, e novas metas foram estabelecidas no
combate às mudanças climáticas. O novo acordo previu a redução de 18% das
emissões de GEEs nos países desenvolvidos em relação a 1990 até 2020, porém,
Estados Unidos, Canadá, Rússia, Nova Zelândia e Japão não aderiram a essa
nova etapa do protocolo, enfraquecendo o processo.

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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

A seguir, retrataremos os países que mais lançaram CO2 na atmosfera,


destacando-se China, Estados Unidos, Índia e Rússia

FIGURA 2 – EMISSÃO GLOBAL DE DIÓXIDO DE CARBONO


NA ATMOSFERA (MEGATONELADAS) EM 2018

FONTE: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50811386>. Acesso em: 29 maio 2020.

Princípios da Gestão Sustentável das Florestas

Este foi um documento criado sem força jurídica, com o intuito de serem
estabelecidos uma gestão e um gerenciamento das florestas mundiais de forma
sustentável, para a preservação e a conservação desse recurso natural tão
fundamental para as diversas atividades ecossistêmicas.

Foram elaborados 15 princípios dentro do documento. Dentre eles,


destacam-se os seguintes temas: os Estados têm direito soberano sobre os
recursos florestais que estão no seu território, gerindo os recursos e atendendo
às próprias necessidades; as políticas florestais precisam respeitar a cultura dos
povos indígenas que lá vivem; e as mulheres têm que fazer parte dos processos
de gestão e de tomada de decisão. De acordo com o documento, as florestas são
fontes de bens e serviços, necessitando de um uso sustentável que garanta a
conservação.

Os países em desenvolvimento devem contar com o apoio financeiro dos


países desenvolvidos e cooperação técnica para a implementação de programas
e políticas nacionais. É preciso refletir, um pouco, a respeito do Princípio 4:

23
GESTÃO AmBIENTAL

O papel vital de todos os tipos de florestas na manutenção dos


processos ecológicos e equilíbrio nos níveis local, nacional,
regional e global, através, nomeadamente, do papel da proteção
de ecossistemas frágeis, bacias hidrográficas e recursos
de água doce, ricos depósitos de biodiversidade, recursos
biológicos e fontes de material genético para a biotecnologia
de produtos, além da fotossíntese, deve ser reconhecido.

É importante frisar o papel fundamental que as florestas exercem dentro do


nosso planeta. Além de serem fonte de recursos, elas ainda mantêm a qualidade
e a quantidade de água no mundo. Sabemos que os recursos hídricos estão
contaminados e poluídos, de forma que a autodepuração se torna cada dia
mais difícil. Imagina quando somamos, a esse fato, a degradação das florestas,
aumentamos ainda mais as chances desse recurso, um dia, esgotar-se.

As florestas cobrem 30% da superfície terrestre (SANTOS,


2018), e transformam o dióxido de carbono (CO2) em oxigênio (O2)
através de um processo chamado de fotossíntese. Não só elas, mas,
também, as microalgas presentes nos oceanos e rios podem realizar
o processo. As microalgas correspondem a 50% do total de oxigênio
produzido no planeta.

De acordo com Bursztyn e Bursztyn (2012), os países ricos queriam que a


convenção garantisse a proteção das florestas tropicais, o que ia de encontro com
os países em desenvolvimento, que criticavam que esse instrumento obstruía
o desenvolvimento, pois podia se tratar de uma tentativa de apropriação dos
recursos florestais.

Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento:

É uma declaração na qual constam 27 princípios a respeito da relação do


homem com a natureza, que foram criados para reafirmar a declaração produzida
em Estocolmo. Destacaremos, aqui, dois princípios contidos nesse documento,
para falarmos um pouco deles:

Princípio 6: Será dada prioridade especial à situação e às necessidades


especiais dos países em desenvolvimento, especialmente, dos países menos
desenvolvidos e daqueles ecologicamente mais vulneráveis. As ações

24
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

internacionais nas áreas do meio ambiente e do desenvolvimento devem, também,


atender aos interesses e às necessidades de todos os países.

Princípio 11: Os Estados adotarão legislação ambiental eficaz. As normas


ambientais, os objetivos e as prioridades de gerenciamento deverão refletir
os contextos ambiental e de meio ambiente. As normas aplicadas por alguns
países poderão ser inadequadas para outros, em particular, para os países em
desenvolvimento, gerando custos econômicos e sociais injustificados (ONU,
1992).

Ficou acordado que seria necessária a criação de políticas de preservação


do meio ambiente para cada país. As políticas precisavam ser exclusivas de cada
país, pois era fundamental que se analisassem os recursos disponíveis e modos
de produção, não sendo viável uma política única que contemplasse todos.

O princípio 6 lança que os países em desenvolvimento e os menos


desenvolvidos necessitariam de prioridade especial para a preservação do meio
ambiente. Tais países possuem um grande número de pessoas que vive no nível
de miséria, são 656 milhões de pessoas vivendo com menos de $1,90 por dia
(UCHOA, 2019). Essas pessoas vivem sem condições adequadas de qualidade
de vida, e, por consequência, originam impactos ao meio ambiente. Pense nas
pessoas que vivem nas palafitas, que ficam localizadas às margens dos rios. Sem
saneamento básico, todo o esgoto é lançado diretamente dentro do corpo hídrico,
sem nenhum tipo de tratamento, ocasionando poluição das águas.

Os países não têm condições financeiras de tratar dos resíduos e de sanear


todo o território. Grande parte dos rios, mares, terras e ar está contaminada. A
adoção de tecnologias limpas apresenta elevados custos, o que não é acessível
a uma grande parcela mundial. A urbanização em larga escala, pós-Revolução
industrial, ocasionou um crescimento desordenado das cidades, gerando
problemas de falta de saneamento básico e de tratamento e disposição dos
resíduos.

Conheça todos os princípios da Declaração do Rio de Janeiro


sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento em http://www.mpf.mp.br/
sc/municipios/itajai/gerco/volume-v.

25
GESTÃO AmBIENTAL

Como diz a Constituição da República do Brasil (1988), no Art. 225, “todos


têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, além do uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se, ao poder público e
à coletividade, os deveres de defender e preservar para as presentes e futuras
gerações”.

Todos têm uma parcela de obrigação na conservação do meio ambiente.


Sem o seu equilíbrio, a qualidade de vida também estará ameaçada.

Agenda 21:

A Agenda 21, segundo Barsano e Barbosa (2019), gerou um documento com


40 capítulos, das mais variadas vertentes, mas sempre olhando para a relação
do homem x natureza. Destacam-se os seguintes temas: proteção da qualidade
e do abastecimento hídrico, mudanças de padrão de consumo, combate à
pobreza, proteção da atmosfera, combate ao desflorestamento, conservação da
diversidade biológica, proteção e promoção da condição humana.

Uma das metas estabelecidas era que cada país criasse a sua própria
Agenda 21, para que as particularidades ambientais, sociais, culturais e
econômicas fossem atendidas, tendo, como um marco referencial, a Agenda 21
Global. Os objetivos que devem constar dentro desse documento se referem a um
caminho necessário a ser trilhado para que se consiga ter mais qualidade de vida
no planeta, respeitando e preservando o meio ambiente e o processo cultural das
nações.

A Agenda 21 é considerada um dos documentos mais importantes lançado


nessa Conferência. Essa relevância fez com que esse assunto fosse tratado em
outras conferências, como a Assembleia Geral da ONU (1997) e a Cúpula Mundial
Sobre o Desenvolvimento (2002).

Oliveira (2012) destaca que houve um progresso no debate acerca do meio


ambiente em várias esferas (governamental, não governamental, empresarial,
acadêmica e científica), contudo, a forma de se apropriar dos recursos naturais e
a alta produção não foram alteradas, gerando uma quimera de sustentabilidade.

Falaremos com mais detalhes no tópico do Desenvolvimento Sustentável.

26
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

Para conhecer mais a Agenda 21, não deixe de visitar o


site do Ministério do Meio Ambiente: https://www.mma.gov.br/
responsabilidade-socioambiental/agenda-21. Nele, você encontrará
informações da Agenda 21 Brasileira e da Agenda 21 Local.
Ainda, conhecerá o Sistema Agenda 21, um banco de dados que
descentraliza as informações e as compartilha a todo público
interessado.

Cúpula do Milênio

Em 2000, ocorreu a chamada Cúpula do Milênio das Nações Unidas, na sede


das Nações Unidas, em Nova York. Presidentes de 189 países se reuniram, nesse
evento, no qual foram lançados oito objetivos para o alcance da sustentabilidade,
que deveriam ser atendidos 2015.

FIGURA 3 – OBJETIVOS DO MILÊNIO (ONU)

FONTE: <http://www.odmbrasil.gov.br/o-brasil-e-os-odm>. Acesso em: 28 jun. 2020.

27
GESTÃO AmBIENTAL

Contou com o apoio de 191 nações, oito objetivos, 21 metas globais e


60 indicadores. De acordo com Roma (2019), no Brasil, foi estabelecido um
Decreto Presidencial em 2003, a partir do qual foi criado o Grupo Técnico para
Acompanhamento das Metas e Objetivos do Desenvolvimento do Milênio. Esse GT
trabalhou com formas de adaptar esses objetivos do milênio à realidade brasileira
e de elevar algumas metas, com isso, o Brasil teve mais metas e indicadores do
que a média global.

De acordo com o Governo Federal, o Brasil alcançou a meta de reduzir a


fome e a pobreza extrema estabelecida para 2015 (a metade do que se tinha em
1990) em 2002 (objetivo 1). Com relação ao objetivo 7, o Brasil contou com uma
diminuição do desmatamento da Amazônia e cumpriu com a redução da emissão
dos gases de efeito estufa (BRASIL, 2015).

Dando sequência a essa viagem no tempo nas reuniões globais acerca da


relação do homem com a natureza, ocorreu, em 2002, em Johanesburgo, África
do Sul, a Rio +10.

Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento


Sustentável (CMDS)

Marcando 10 anos após a Eco-92, a Conferência ficou mais conhecida como


Rio+10. A intenção era fazer um balanço dos documentos que foram gerados na
Eco-92, além de observar os entraves e desafios que ainda persistiam. Como
era de se esperar, os países quase não tinham alterado as formas de produção
e de conservação do meio ambiente. Ainda, continuava a existir uma diferença
entre os pobres e os ricos, os países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Foi uma
Conferência sem resultados práticos e de pouca resolução.

Dois documentos foram criados: a Declaração Política e o Plano de


Implementação. O primeiro se trata de um documento que pedia pelo alívio da
dívida externa dos países em desenvolvimento, além de mostrar que os objetivos
definidos na Eco-92 não tinham sido alcançados. Já o segundo estabeleceu
metas para a erradicação da pobreza, a mudança dos padrões de consumo e de
produção, e, por fim, a proteção dos recursos naturais.

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

Em 2012, o ciclo de Conferências retornou à cidade do Rio de Janeiro, Brasil,


com a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
conhecida como Rio+20. Contou com a participação de representantes de mais
de 100 países, além de uma novidade: o debate também foi estendido de forma
virtual.

28
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

Já tinham se passado, então, 20 anos desde a Eco-92, e um novo balanço


era necessário estabelecer. Mais uma vez, não ocorreu sucesso nos protocolos
já redigidos anteriormente, pois as desigualdades entre os países ainda se
mostravam muito notórias. Os interesses econômicos saem à frente dos interesses
ambientais, o que dificulta ainda mais o cumprimento dos objetivos e metas.

Os temas principais da Rio+20 foram a economia verde e a erradicação


da pobreza. Outros temas também foram tratados: lidar globalmente com a
sustentabilidade, criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS);
estratégia de financiamento, produção e consumo sustentável; e colaboração em
pesquisas e relatórios de sustentabilidade empresarial.

No encerramento da Conferência, foi aprovado o documento intitulado de


O Futuro que Queremos. Esse documento leva, como maior desafio global, a
erradicação da pobreza, que é fundamental para o desenvolvimento sustentável.
Mais uma vez, são listados metas e objetivos no intuito de uma sociedade
mais justa e igualitária e da preservação do meio ambiente. Reafirmaram-se
os compromissos que, anteriormente, já tinham sido formados e que não foram
cumpridos.

Foi apresentado um vídeo, na Rio+20, a todas as nações que trazem uma


mensagem primordial para a continuidade da sobrevivência da espécie humana
no planeta Terra. Pensar que o homem está no topo da teia da vida é o maior erro
que se pode cometer. O homem não existe sem a natureza, mas a natureza existe
sem o homem.

Transcrição de partes do vídeo apresentado na Rio+20

“A espécie humana surgiu na Terra há cerca de três milhões


de anos, e surgiu com uma vocação admirável: a de transformar
tudo a sua volta. Transformamos pedra em ferramenta, planta em
roupa, chão em milharal, milho em pipoca, trigo em pão, água em
energia, papel em literatura, petróleo em velocidade. Vivemos, hoje,
uma cultura de transformações cada vez mais acelerada, e o fato de
estarmos realizando plenamente nossa vocação é maravilhoso, se
não fosse por um detalhe, um detalhe do tamanho do mundo.

A Terra não tem recursos suficientes para o nosso ímpeto


transformador. Já somos sete bilhões de pessoas e seremos muito

29
GESTÃO AmBIENTAL

mais. Nosso impulso transformador só vai se expandir nos próximos


anos. O que faremos diante desse enorme dilema? O homem vai
parar de transformar o mundo? Como vamos tornar compatíveis a
continuidade do nosso desenvolvimento e a nossa própria existência
no planeta Terra?

Quais são as sementes de hoje?

As sementes de hoje são as ideias e atitudes capazes de fazer


com que o homem passe a transformar o mundo de maneira mais
limpa, mais pensada, mais responsável.

• Preservar as fontes de energias renovável.


• Investir na expansão da produção agrícola.
• Práticas de baixa emissão de carbono.
• Promover a segurança alimentar.
• Inclusão social.
• Reduzir o desmatamento.
• Conservar as florestas e a biodiversidade.
• Buscar meios de compensar as perdas do passado.

Se você deseja aprofundar os seus conhecimentos, não deixe de


visitar o site das Organizações das Nações Unidas no Brasil. O site
está disponível em https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/.

1 - As Conferências Mundiais sobre o Meio Ambiente são importantes


espaços de debates, com diversos documentos já redigidos.
Assim, de acordo com os documentos apresentados, assinale a
alternativa que apresenta a sequência correta:

I- Declaração sobre Meio Ambiente Humano.


II- Agenda 21.
III- O futuro que queremos.

30
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

a) Rio +20/Conferência das Partes/Eco-92.


b) Eco-92/Conferência de Estocolmo/Rio+10.
c) Conferência de Estocolmo/Eco-92/Rio+20.
d) Conferência das Partes/Rio+10/Eco-92.
e) Rio+10/Conferência das Partes/Rio+20

2 - Vimos que o Brasil avançou no cumprimento dos Objetivos


de Desenvolvimento do Milênio. Assim, valide os resultados
alcançados em relação aos seguintes objetivos:

Objetivo 2: educação básica de qualidade para todos.


Objetivo 8: todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.

R.:

3 - Dentre os objetivos do milênio, destaque dois que você considera


mais importantes para uma sociedade justa e que preserva os
recursos naturais. Justifique a sua resposta.

R.:

2.3 DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Chegamos, agora, a um momento bem esperado. Temos certeza de que
você já ouviu falar em desenvolvimento sustentável, sustentabilidade. Afinal,
parecem ser termos que entraram na “moda” no mundo. E aí... você sabe o que é
desenvolvimento sustentável? O que eu e você temos a ver com isso?

É preciso retomar uma história já contada. Você se lembra da Conferência


de Estocolmo? Ela foi o ponto de partida para se falar em desenvolvimento
sustentável, evoluindo com a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento.

Presidida pela médica Gro Harlem Brundtland, ex primeira-ministra da


Noruega, a Comissão publicou, em 1986, o documento intitulado de Our
Commum Future, também conhecido como Relatório Brundtland, como forma
de homenagear a ministra. No Brasil, ele foi publicado em 1987, com o nome

31
GESTÃO AmBIENTAL

de Nosso Futuro Comum. É fruto, desse documento, a definição do conceito de


desenvolvimento sustentável: é o desenvolvimento que satisfaz necessidades
da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades
das futuras gerações. É não esgotar os recursos naturais, e que eles estejam em
quantidade e qualidade favoráveis para as gerações que ainda surgirão.

Você deve estar se questionando: desenvolvimento sustentável


e sustentabilidade são a mesma coisa? Para muitos autores, esses
termos são sinônimos, e, para outros, a sustentabilidade estaria
relacionada com o equilíbrio entre o que a natureza pode oferecer e o
consumo humano. Já o desenvolvimento sustentável inclui, também,
as necessidades socioeconômicas das populações. A seguir, haverá
a descrição de frases que os pesquisadores mais associam ao utilizar
esses dois termos:

FIGURA 4 – CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE E


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

FONTE: Adaptada de Feil e Schreiber (2017)

O que se tem de consenso é que eles atuam na mediação da


relação do homem com o meio ambiente, de forma que este seja
preservado e que o homem tenha qualidade de vida. E para você?
Pesquise e reflita a respeito das definições dos dois termos. Neste
livro, utilizaremos os termos como sinônimos, pois ambos buscam o
equilíbrio das ações humanas com o meio ambiente.

32
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

Foi estabelecido que a sustentabilidade se basearia em um tripé (triple


bottom line), portanto, as ações devem ser ambientalmente responsáveis,
economicamente viáveis e socialmente equitatíveis. Eles precisam interagir de
forma integrada. A não inclusão de um dos componentes do tripé já caracteriza
que não há sustentabilidade.

FIGURA 5 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

FONTE: <http://blog.lojasansuy.com.br/piscicultura-intensiva-e-sustentavel/
tripe-sustentabilidade-curso-blog-3/>. Acesso em: 28 jun. 2020.

Social: é o capital humano dentro e fora dos ambientes produtivos. É o


respeito ao cidadão, além da qualidade de vida (responsabilidade social).

Ambiental: agir preventivamente, evitando que o impacto seja ocasionado.


Se o impacto já tiver sido originado, pode-se atuar na implementação de medidas
mitigatórias, contemplando todo o passivo ocasionado.

Econômico: produzir, levando em consideração o tempo de regeneração dos


recursos naturais, tendo um preço compatível e agindo com respeito com os seus
colaboradores.

De acordo com Silva (2008, p. 101), “a manutenção da vida no planeta


depende da garantia da existência dos recursos essenciais ao ser humano para
as futuras gerações”.

Segundo Dias (2009), os principais objetivos das políticas ambientais e


desenvolvimentistas são:

33
GESTÃO AmBIENTAL

• Retomar o crescimento.
• Alterar a qualidade do desenvolvimento.
• Atender às necessidades essenciais de emprego, alimentação, energia,
água e saneamento.
• Manter um nível populacional sustentável.
• Conservar e melhorar a base dos recursos.
• Reorientar a tecnologia e administrar o risco.
• Incluir o meio ambiente e a economia no processo de tomada de
decisões.

Como já vimos, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram


estabelecidos no em 2000 e serviram de base para a construção dos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Cúpula de Desenvolvimento Sustentável
ocorreu em Nova York, em 2015, e foram definidos os ODS. Como o prazo para o
alcance das metas é 2030, também ficou conhecida como “Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável”.

A seguir, elencaremos os 17 objetivos que foram definidos na busca de


sociedades mais justas e que conservam os recursos ambientais:

FIGURA 6 – OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODM)

FONTE: <https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/
educacaoambiental/2019/10/07/agenda-2030-e-os-objetivos-de-
desenvolvimento-sustentavel-ods/>. Acesso em: 18 jun. 2020.

34
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

A Agenda 2030 requer que haja uma forte integração entre diversos setores
da sociedade: governos, setor privado, academia e sociedade civil. Só com essa
integração que o desenvolvimento sustentável poderá ser alcançado.

Ela abrange cinco tópicos, nos quais os ODS estão contidos:

• Pessoas: acabar com a pobreza e a fome, garantindo que as pessoas


tenham condições adequadas de qualidade de vida.
• Planeta: proteger o planeta da contínua degradação, gestão sustentável,
preservação dos recursos naturais.
• Prosperidade: todos os seres humanos devem ter uma vida próspera,
com realizações pessoais.
• Paz: promoção de sociedades pacíficas, inclusivas e justas.
• Parceria: solidariedade global.

O Estado tem a obrigação de fazer com que o desenvolvimento sustentável


seja possível, pois é um direito humano fundamental, que deve ser garantido
por meio de políticas públicas que levem em consideração todas as dimensões
(SILVA, 2008).

É preciso conhecer, agora, duas ferramentas para colocar em prática o


desenvolvimento sustentável: Triple Bottom Line (TBL) e Global Reporting
Initiative (GRI).

O Triple Bottom Line foi desenhado por John Elkington (sociólogo e consultor
britânico) em 1990 e ganhou esse nome por se basear no tripé da sustentabilidade,
ou como ele chamou, 3P: people (pessoas), planet (planeta) e profit (lucro). Seria
uma forma de medir a sustentabilidade das empresas, que vêm adotando esse
modelo nos relatórios de gestão.

As empresas precisam produzir de forma consciente, respeitando os ciclos


de regeneração dos recursos ambientais, e necessitam ser mais eficientes nas
produções, para que utilizem apenas o necessário de água e energia, evitando o
desperdício.

Olhando para os três aspectos, há:

Pessoas: salários justos, qualidade de vida, preocupação com o bem-estar,


promoção, jornadas de trabalho de forma que as pessoas também possam
aproveitar a família, adequação às leis trabalhistas.

Planeta: diminuição do impacto ambiental, utilização de medidas mitigatórias


para os impactos que não puderam ser evitados, evitar o desperdício, atuar mais
na prevenção dos impactos do que na remediação deles.
35
GESTÃO AmBIENTAL

Lucros: contabilização dos lucros advindos das atividades das empresas.


Um desenvolvimento que não se dá pela degradação dos ecossistemas.

Empresas que se mostram ambientalmente sustentáveis saem na frente das


demais, pois, cada vez mais, as pessoas se preocupam com o meio ambiente, e,
com isso, buscam produtos e serviços que também mostrem essa preocupação e
cuidado nas atividades.

A revista Corporate Knights avalia as empresas mais sustentáveis


mundialmente, tendo sido destaque, em 2019, a empresa dinamarquesa Chr.
Hansem Holding. A maioria da receita (80%) vem do desenvolvimento de soluções
naturais. O Brasil foi representado com as seguintes empresas: Banco do Brasil
S.A. (8° lugar), Natura Cosméticos S.A. (15° lugar), CEMIG (19° lugar) e a ENGIE
Brasil Energia S.A. (72° lugar) (QUALTEC, 2019).

Destacam-se os seguintes tópicos como vantagens do TBL:

• Melhora as condições trabalhistas.


• Reduz o consumo de matérias-primas.
• Utiliza recursos naturais de maneira eficaz.
• Não causa esgotamento de nenhum recurso natural.
• Preocupa-se com a qualidade de vida dos funcionários.
• Ganha-se em produtividade.
• Aumenta a competitividade diante do mercado.
• Reflete uma boa imagem da empresa perante a sociedade.

O Global Reporting Initiative é uma organização multistakholders sem fins


lucrativos, criada, em 1997, com a função de elaborar estruturas de relatório de
sustentabilidade em todo o mundo.

Stakeholder: pessoa ou grupo de pessoas que possuem


participação em investimento ou ações em uma determinada empresa
ou negócio. As partes interessadas, que podem ser beneficiadas ou
prejudicadas por um empreendimento, serviço ou produto, também
são consideradas stakeholders (BEZERRA, 2014).

36
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

A adoção da utilização dos relatórios do GRI vem crescendo a cada


ano, pois traz como as empresas podem medir os esforços ambientais nos
empreendimentos. Podem ser utilizados por qualquer organização que queira
relatar os impactos, sendo uma referência confiável. Assim, direcionando as
organizações, seguem os princípios contidos no relatório (BARSANO; BARBOSA,
2019):

• Definição do conteúdo.
• Garantia da qualidade das informações.
• Indicadores de desempenho.
• Orientações técnicas para elaboração do relatório.
• Outros itens de divulgação.

Dados apontam que 75% das 2050 maiores empresas do mundo usam os
relatórios de sustentabilidade do GRI, e mais de 130 políticas em mais 60 países
os utilizaram como referência (GRI, 2017).

Dentre as vantagens da utilização do GRI, destacam-se:

• Um diferencial para outras empresas.


• Detecta pontos fracos da organização.
• Demonstra a reputação da empresa.
• Valoriza as ações.
• Contribui com a definição de melhores estratégias de sustentabilidade.
• Ressalta os pontos positivos.
• Confiabilidade.

Pare um momento e conheça mais a respeito do GRI em


https://www.youtube.com/watch?v=nuwKVKPtSfg. Você encontrará
informações valiosas que servirão para a sua carreira. O vídeo tem
duração de 4 minutos e 28 segundos.

37
GESTÃO AmBIENTAL

Queremos mostrar, agora, como se dá o desenvolvimento sustentável na


prática através de dois cases, vamos lá?!

Case 1: Empresa Natura (edifício administrativo), em São Paulo

O edifício administrativo foi projetado levando em consideração três objetivos


principais, buscando aliar as atividades ao desenvolvimento sustentável: integrar-
se ao ambiente externo; utilizar, ao máximo, a energia advinda da luz solar, e
promover a interação social.

• 14% dos materiais utilizados na obra puderam ser reciclados, tendo um


novo ciclo de vida.
• 100% da madeira utilizada na construção foi obtida de locais legalizados e
que possuíam selo de certificação ambiental FSC (Forestry Stewardship
Council).
• 97% dos resíduos recicláveis não foram enviados a aterros sanitários
para a disposição final. Foram encaminhados para o reaproveitamento
através de cooperativas.
• 41,2% do material empregado na obra foi manufaturado em um raio
máximo de 800 quilômetros, favorecendo o comércio local e diminuindo
a demanda de transportes.

Pode-se perceber que os três pilares da sustentabilidade foram atingidos


com esse projeto e, por isso, o empreendimento recebeu um selo de qualidade
do certificado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Levaram-
se em consideração os seguintes aspectos para a avaliação: energia, atmosfera,
terreno sustentável, uso racional de água, qualidade do meio ambiente interno,
materiais e recursos, prioridades regionais e inovação (NAKAMURA, 2018).

Case 2: Hospital Regional do Litoral Norte (Caraguatatuba, São Paulo)

A construção do Hospital Regional Litoral Norte recebeu a certificação AQUA-


HQE (alta qualidade ambiental), pois optou por soluções sustentáveis ao longo da
obra. Verificaremos quais foram os itens considerados no projeto:

• Cobertura verde.
• Construção de bicicletário.
• Aquecimento da água através da energia solar.
• Utilização da água de reuso nas bacias sanitárias e da água destinada à
manutenção dos jardins.
• Iluminação com lâmpadas do tipo LED.
• Uso de pisos drenantes nas áreas externas, o que permite que a água
possa adentrar no solo.

38
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

• Utilização de produtos sustentáveis, como os pisos de borracha.


• Brises para diminuição da incidência solar nos lados leste e oeste.
• Estudo prévio da localização da implantação do hospital, garantindo a
acessibilidade ao empreendimento e otimização da climatização local
(NAKAMURA, 2018).

Segue a leitura de um trecho da Carta da Terra, que foi concebida como


uma declaração para a construção de uma sociedade mais sustentável, justa e
pacífica. São importantes a reflexão e a sensibilização.

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra,


em uma época em que a humanidade deve escolher o seu futuro.
À medida que o mundo se torna cada vez mais interdependente e
frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes
promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no
meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida,
somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um
destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade
sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos
humanos universais, na justiça econômica e cultura da paz. Para
chegar a esse propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra,
declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a
grande comunidade da vida, e com as futuras gerações (MMA, 2000).

Para a leitura completa da Carta da Terra, acesse o seguinte link


dentro do site do Ministério do Meio Ambiente: https://www.mma.gov.
br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.pdf.

39
GESTÃO AmBIENTAL

1 - Com relação ao local em que você desenvolve as suas atividades


laborais, descreva se há elementos que contemplem o tripé da
sustentabilidade.

R.:

2 - Elenque cinco procedimentos que as empresas podem adotar


para a preservação/conservação do meio ambiente. Procure
novas fontes de pesquisa para responder.

R.:

3 - Leia o texto a seguir:

“As cidades brasileiras, assim como diversas outras ao redor do


mundo, têm apresentado problemas graves nos seus sistemas
de mobilidade urbana. São problemas históricos que nos levam
a discutir como chegamos à situação atual e que alternativas
são possíveis. Não é culpa apenas do intenso investimento
na indústria automobilística, mas de um conjunto de fatores e
escolhas que conduziram a esse cenário distópico. Kellerman
(2012) apresenta diversos exemplos, incluindo o uso de bicicletas
em Amsterdã (Holanda) e de barcobus em Veneza, para
demonstrar como o acesso a outros modais de mobilidade pode,
por vezes, estar relacionado a aspectos geográficos e culturais”.

FONTE: SILVA, C. G. da S.; MELLO, S. C. B. Recife, Veneza


brasileira: repensando a mobilidade urbana a partir de seus rios.
Revista Cidade, v. 34, n. 1, p. 1, 2017.

Considerando o fragmento de texto, responda aos seguintes


questionamentos:

a) Quais as consequências da grande utilização, no Brasil, de carros


particulares?

R.:

40
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

b) Cite duas ações que melhorem a mobilidade urbana das cidades,


de acordo com o tripé da sustentabilidade.

R.:

2.4 PEGADA ECOLÓGICA


É comum atribuirmos todo o impacto negativo ocasionado no meio ambiente
aos processos industriais, mas você já parou para pensar que também pode
ocasionar impactos negativos ao meio ambiente? Quais as suas atitudes no dia a
dia? Que tipo de pegada você está deixando no planeta? É a respeito disso que
falaremos agora, a respeito da nossa pegada ecológica no planeta. Primeiramente,
é preciso conhecer o conceito.

Pegada ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia


a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais
(WWF, 2020).

Agora que você já sabe o conceito, pode refletir a respeito do consumo,


das escolhas de compra. Você se preocupa com a forma com que o produto
que você consome foi fabricado? Conhece as empresas que são certificadas
ambientalmente? Compra por prazer ou apenas por necessidade? São várias
as perguntas, e, aqui, cabe um momento de ponderação para entender as
consequências do consumo no planeta.

O consumo tem características variadas, de acordo com o grau de


desenvolvimento de um determinado país. Dentro de um país, esse consumo
também varia, de acordo com a classe social das pessoas, principalmente, devido
à grande desigualdade social.

É uma atividade econômica que consiste na aquisição de determinados


bens e serviços. Ao longo dos anos, o ímpeto do consumo foi alterado
consideravelmente, o que gerou uma grande degradação dos recursos naturais.

O uso exacerbado dos recursos naturais não consegue respeitar o tempo


de renovação dentro da natureza, ocasionando esgotamento. Na antiguidade, as
pessoas consumiam apenas o que era necessário para as necessidades básicas,
porém, na atualidade, é bem diferente, muitas pessoas consomem como forma de
status social.

41
GESTÃO AmBIENTAL

A publicidade aparece como um fator que influencia o consumo. De acordo


com Baracho e Dantas (2018, p. 61), “esta foi se transformando ao longo do
tempo, e o que era apenas de caráter informativo, tornou-se cada vez mais
complexo, aperfeiçoando-se no sentido de influenciar e, até mesmo, impor, ao
consumidor, determinado produto ou serviço”.

Além da publicidade gerada na televisão, outdoors, surge um novo tipo, os


influenciadores digitais. Eles exercem um “poder” de consumo sobre as pessoas,
tornando-se uma ponte entre as marcas e o público-alvo. Uma postagem nas
redes sociais chega a atingir milhares de seguidores e faz com que as vendas de
serviços e produtos cresçam exponencialmente.

O “ter” se tornou premissa necessária para a entrada em grupos sociais em


detrimento do “ser”. É mais importante ter o carro, o celular, a roupa da moda do
que ser honesto, ter caráter, por exemplo. Uma pesquisa realizada por Qualtec
(2019) aponta que 76% das pessoas que seguem esses influencers já adquiriram
produtos que foram indicados por postagens. Percebe-se, então, mais um reforço
a favor do consumo. E o planeta Terra, como fica nessa história?

FIGURA 7 – QUANTIDADE DE PLANETAS PARA SUPRIR


AS FORMAS ATUAIS DE CONSUMO DOS PAÍSES

FONTE: <https://alvo10.wordpress.com/2012/07/31/reflexao/>. Acesso em: 18 jun. 2020.

42
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

O planeta não suporta esse tipo de consumo. Em alguns países, como é o


caso do Estados Unidos, seriam necessários 5,33 planetas para suprir o estilo de
vida dos habitantes. Os países mais pobres possuem um estilo de vida diferente,
principalmente, devido à baixa capacidade de poder aquisitivo, como se pode ver
na Somália, onde a pegada ecológica é de menos da metade de um país.

Outro fator que merece destaque é a chama obsolescência programada.


Equipamentos já são fabricados com uma vida útil muito inferior do que os que
eram produzidos no passado. Uma geladeira, um fogão não duram mais como
antes. Pergunte aos seus pais, seus avós, o quanto esses bens duravam, eles
chegavam até a passar entre as gerações. Hoje, eles quebram com rapidez,
de forma que o conserto não seja viável, ocasionando a compra de um novo
equipamento. Mais consumo e uma quantidade imensa de resíduos gerados e
que são destinados em aterros por não terem mais serventias.

Fabricantes projetam aparelhos que quebram rapidamente, ou,


ao menos, passam a funcionar com menos eficiência depois de um
tempo, tudo para que você precise comprar outro logo mais. Apesar
de ser algo observado nos tempos mais recentes, em 1928, uma
revista direcionada ao setor publicitário publicou um texto dizendo
que “um artigo que não estraga é uma tragédia para os negócios”.
Não por coincidência, essa ideia começou a criar força justamente
na época da Grande Depressão dos Estados Unidos, enfrentando
uma das maiores crises econômicas da história nesse período.
As empresas começaram a decidir fabricar produtos com menor
qualidade, que durariam menos tempo, a fim de fazer os clientes
comprarem novos itens com mais frequência e, assim, agitar a
economia. Contudo, ainda que essa crise tenha sido superada nas
décadas posteriores, esse pensamento se aliou ao capitalismo
desenfreado e, cada vez mais, produtos programados para estragar
começaram a chegar às prateleiras (GNIPPER, 2017).

Para onde vai todo esse resíduo? Você pode responder que faz a sua parte
destinando os resíduos para a coleta de lixo, mas se você se lembrar de que a
sua casa é a biosfera (já vimos esse conceito anteriormente), o planeta, perceberá
que não existe o “fora”, tudo está dentro. Segue uma distinção entre os produtos
do passado e os produtos atuais:

43
GESTÃO AmBIENTAL

QUADRO 1 – DISTINÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS


PRODUTOS DO PASSADO E DO PRESENTE

Características dos produtos (passado) Características dos produtos (presente)

Longa duração, servia para mais de uma Duração cada vez mais curta (dificuldade
geração para conserto)
Numerosos e variados quanto às marcas e
Pouco numerosos
qualidade
Técnicas de fabricação simples e com lenta Técnicas de fabricação cada vez mais sofisti-
evolução cadas e evoluindo rapidamente
Fabricação cada vez mais afastada do
Proximidade entre o artesão e o consumidor consumidor, devido aos numerosos interme-
diários
Decisão de compra cada vez mais irracional,
Decisão de compra racional
motivada, muitas vezes, pelo marketing
FONTE: A autora

Que tal ficarmos atentos ao real motivo das nossas necessidades antes de
consumirmos desenfreadamente? Responda aos seguintes questionamentos
antes de fazer uma compra: Por que comprar? O que comprar? Como comprar?
De quem comprar? Como usar? Como descartar?

A pegada ecológica é expressa em hectares globais (gha). Verificam-se os


níveis de consumo de uma determinada população e se estão de acordo com
a capacidade ecológica do planeta. Ela ajuda a entender o quanto de recursos
naturais utilizamos para sustentar o nosso estilo de vida.

Pode ser calculada em relação a um país, uma cidade ou uma pessoa. Os


países industrializados acabam por ocupar mais espaços de terra e por consumir
em quantidades superiores do que os menos industrializados, assim, a pegada
ecológica dos países industrializados e da sua população é maior.

Segundo WWF Brasil (2020), um norte-americano consome de 200 a 250


litros de água por dia, um europeu, 100 a 200 litros, e, em algumas regiões da
África, só há 15 litros disponíveis para cada habitante.

Para calcular a pegada ecológica, foram analisados os diferentes territórios


produtivos e os aspectos relacionados ao consumo. Com isso, foram determinados
os seguintes componentes, de acordo com a WWF Brasil (2020):

44
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

• Áreas de cultivo: extensão de áreas destinadas à produção de alimentos


para consumo humano e produção de ração para o gado, borrachas e
oleaginosas.
• Carbono: extensão das áreas florestais que podem sequestrar emissões
de CO2 (Dióxido de Carbono), advindas de queimas de combustíveis
fósseis.
• Pastagens: extensão das áreas destinadas à criação de gados de corte e
leiteiro, além da produção de couro e produtos de lã.
• Florestas: extensão de áreas que são utilizadas para o fornecimento de
madeira, lenha e celulose.
• Estoques pesqueiros: estimativa da produção primária necessária para
a sustentação de peixes e mariscos capturados em relação a espécies
marinhas e de água doce.
• Áreas construídas: extensão de áreas que possui infraestrutura humana
(transportes, estruturas industriais, habitação, reservatórios para geração
de energia).

Precisamos viver de modo que nossa pegada não deixe danos para toda a
humanidade. Levando em consideração as nossas atitudes cotidianas, o nosso
estilo de vida, essa pegada também pode ser calculada de forma individual, para
cada cidadão do planeta.

No cálculo, são levados em consideração aspectos, como:

• Alimentação: vegana, vegetariana, onívora, predileção por carnes


vermelhas.
• Moradia: quantos cômodos há na casa, quantas pessoas moram,
utilização de chuveiro elétrico, ar-condicionado, lâmpadas led.
• Bens: gastos com roupas e sapatos, equipamentos eletroeletrônicos,
mobílias, estofados, móveis, eletrodomésticos, remédios, revistas e
jornais, produtos de limpeza para a casa.
• Serviço: internet, tv, telefonia, restaurantes, bares, teatros, cinemas,
baladas, cabeleireiros, barbearias, salões de beleza, cuidados pessoais.
• Tabaco: se é fumante.
• Transporte: total de horas que voou, possui carro motorizado, utiliza
transporte público/coletivo, o quanto usa carro para deslocamento,
oferece carona para o trabalho/estudo.

É urgente e necessária a mudança nos padrões de consumo, pois o


planeta não consegue suportar esse estilo de vida. Viver e crescer dentro da
sustentabilidade se tornam os únicos caminhos viáveis.

45
GESTÃO AmBIENTAL

Gostaríamos que você fosse até o site indicado e fizesse


o teste da sua pegada ecológica. Vamos lá saber quantos
planetas são necessários para sustentar o seu estilo de vida?!
Acesse https://promo.wwf.org.br/pegada-ecologica-calculadora?_
ga=2.165045174.886685499.1595332771-204433557.1593114538.

Agora que você já calculou a sua pegada ecológica, pode responder: Quantos
planetas são necessários para sustentar o seu estilo de vida?

A seguir, você poderá conhecer algumas dicas que ajudarão na diminuição


da pegada ecológica no nosso cotidiano:

QUADRO 2 – ATITUDES SUSTENTÁVEIS PARA A


DIMINUIÇÃO DA PEGADA ECOLÓGICA
Separação e reciclagem do lixo Utilizar meios de transporte menos poluentes
Evitar comidas processadas, alimentar-se de
Economia de energia
produtores locais
Consumo sustentável e consciente Evitar o excesso de consumo de carne
Economia e reutilização de água (lavagem de
Evitar desperdícios calçada, plantas)

Neutralizar o carbono, plantar uma árvore


Utilizar sacolas reutilizáveis

FONTE: A autora

Pesquisas apontam que a criação de gados e a indústria de


laticínios são responsáveis por 30% do lançamento de gases de
efeito estufa na atmosfera, principalmente, devido à alta produção de
metano que esses animais exalam.

46
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

Cerca de um terço de todos os alimentos produzidos a cada ano acaba


apodrecendo dentro dos caixotes, devido às más condições de armazenamento.
Caso a população mundial atinja o marco de 9,6 bilhões de habitantes em 2050,
poderão ser necessários mais que dois planetas para suprir os atuais estilos de
vida (ONU, 2011).

1 - Quais as suas atitudes cotidianas que aumentam a pegada


ecológica?

R.:

2 - Diante do que estudamos, o que você poderia mudar no seu dia a


dia para diminuir a pegada ecológica? Elabore um texto, levando
em consideração os tópicos a seguir. Caso tenha outro tópico
para discussão, poderá ser acrescentado.

Água Energia Lixo doméstico Solo Transporte Consumo Ar

R.:

3 - Diante da crise socioambiental atual, analise as afirmativas a


seguir. Classifique V para as verdadeiras e F para as falsas:

( ) A pegada ecológica mede a quantidade de terra biologicamente


improdutiva do planeta.
( ) A pegada ecológica inclui os aspectos de consumo de recursos
e da produção de resíduos para os quais a Terra tem capacidade
regenerativa.
( ) Avalia as dimensões sociais e econômicas da sustentabilidade.
( ) A pegada ecológica compara a demanda humana sobre a natureza
com a capacidade da natureza de atender a essa demanda.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) V – F – V – V.
b) F – V – F – V.
c) F – F – V – V.
d) V – F – V – F.
e) V – V – F – F.

47
GESTÃO AmBIENTAL

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim da nossa primeira unidade e, com ela, iniciamos o nosso
caminho para o conhecimento da gestão ambiental. Os conceitos que foram
abordados são fundamentais para percorrer a jornada do entendimento das
questões ambientais.

Vimos que a relação do homem com a natureza se deu desde os primórdios


da humanidade e foi sendo alterada ao longo do tempo. Percebemos que o
homem passou a utilizar a natureza não apenas para a alimentação, mas para
sustentar o estilo de vida.

A Revolução Industrial foi um marco na utilização exacerbada da natureza


e, ainda hoje, continua a trazer consequências irreversíveis ao meio ambiente.
Você pôde entender todas as fases da revolução e a sua relação direta com os
impactos ambientais negativos.

Conheceu dois livros importantes que criticam os modos de produção


praticados e preveem consequências danosas ao homem e ao meio ambiente:
Primavera Silenciosa e Limites do Crescimento.

Você pôde conhecer toda a trajetória das conferências mundiais que


lutam pela preservação do meio ambiente, e também analisou documentos
fundamentais que atuam na mediação dessa relação. Os entraves e dificuldades
se tornam evidentes, mas, também, há as conquistas que os fóruns mundiais já
alcançaram em favor da natureza.

Aprendeu a respeito dos oito Objetivos do Milênio da Organização das


Nações Unidas e viu que a implantação da Agenda 21 nos países, cidades e
municípios é ferramenta primordial para o alcance da sustentabilidade.

Você analisou o desenvolvimento sustentável, suas premissas e desafios, e


conheceu ferramentas de desenvolvimento sustentável, como a Triple Bottom Line
(TBL) e o Global Reporting Initiative (GRI). Conheceu o tripé da sustentabilidade
(preservação ambiental, desenvolvimento econômico e socialmente justo)
e desenvolveu habilidades ao aprender os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável, de acordo com a Agenda 2030. Esses objetivos, de uma forma ou de
outra, atuam na eliminação ou na minimização dos impactos socioambientais do
planeta.

Percebeu que nosso estilo de vida, de consumo, traz inúmeros prejuízos ao


meio ambiente, e entendeu que se continuarmos a produzir e a consumir nessa
mesma escala, em pouco tempo, não existirão mais recursos naturais disponíveis

48
Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL

para a sobrevivência das pessoas.


Aprendeu como calcular a sua pegada ecológica e a importância de termos
atitudes sustentáveis no nosso dia a dia, além de refletir a respeito do poder da
publicidade e do marketing referentes às questões do consumo.

Com isso, finalizamos nossa primeira unidade. Esperamos você na segunda


unidade, para continuarmos nossos estudos e aprofundarmos a questão da
gestão ambiental. Até lá!

REFERÊNCIAS
AGENDA 2030. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o
desenvolvimento sustentável. 2016. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
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em: 15 jun. 2020.

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Melhoramentos, 1998.

BARACHO, H. U.; DANTAS, S. B. de S. A influência da publicidade no consumo


exacerbado. Revista de Direito, Globalização e Responsabilidade nas
Relações de Consumo, Salvador, v. 4, n. 1, p. 61-77, 2018.

BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Meio ambiente: guia prático e didático. 3. ed.


São Paulo: Érica, 2019.

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BRASIL. Decreto nº 2.519, de 16 de março de 1998.


Promulga a Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro,
em 05 de junho de 1992. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/d2519.htm. Acesso em: 2 fev. 2021.

49
GESTÃO AmBIENTAL

BRASIL. Decreto Legislativo nº 2, de 1994. Aprova o texto do Convenção


sobre Diversidade Biológica, assinada durante a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na Cidade do Rio de Janeiro,
no período de 5 a 14 de junho de 1992. Disponível em: https://www2.camara.
leg.br/legin/fed/decleg/1994/decretolegislativo-2-3-fevereiro-1994-358280-
publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 2 fev. 2021.

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GESTÃO AmBIENTAL

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e adaptativo. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

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mobilidade urbana a partir de seus rios. Revista Cidade, v. 34, n. 1, p. 1, 2017.

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natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/o_que_e_pegada_ecologica/.
Acesso em: 20 maio 2020.

52
CAPÍTULO 2
GESTÃO AMBIENTAL

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Definir os conceitos de gestão e administração.


• Explicar como funciona a gestão ambiental.
• Apontar para a responsabilidade social empresarial.
• Descrever a economia ambiental e as vertentes.
• Conhecer as políticas ambientais vigentes e as formas de atuação.
• Analisar como se compõe um Sistema de Gestão Ambiental, além de todas as
aplicações.
• Conhecer as ferramentas de gestão ambiental.
• Discutir acerca das atitudes ambientais nas empresas.
• Debater acerca dos fundamentos teóricos e metodológicos da valoração
econômica do meio ambiente.
• Organizar planos de gestão ambiental.
• Interpretar as legislações ambientais.
GESTÃO AmBIENTAL

54
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá, estudante! Chegamos ao segundo capítulo de estudos a respeito da
gestão ambiental. Estamos, juntos, construindo um alicerce de conhecimentos
que lhe tornará um profissional ainda mais capacitado.

Neste capítulo, questionaremos: o que é gestão ambiental? E aí, a essa


altura, você já saberá o que significa gestão ambiental? Entenderemos acerca
da implementação do Sistema de Gestão Ambiental dentro das organizações,
além de conhecermos uma ferramenta muito utilizada, o ciclo PDCA. Pensou em
melhoria contínua, pensou no PDCA. Já grava essa dica aí!

Nosso livro também mostrará que as empresas que se preocupam com a


Responsabilidade Social Empresarial ganham destaque no cenário econômico.
Você visualizará ferramentas de gestão ambiental, como a ecologia industrial,
produção mais limpa, ecodesign e ecoeficiência.

A economia ambiental também merece atenção no cenário da gestão


ambiental. Já ouviu falar da valoração ambiental? Em breve, você conhecerá e
perceberá que valores são atribuídos ao capital natural, os quais podem se dar
através de métodos diretos e indiretos.

Por fim, mostraremos nosso maior instrumento de defesa do meio ambiente:


a Política Nacional do Meio Ambiente. Você conhecerá o conjunto de órgãos que
compõe o Sistema Nacional do Meio Ambiente, além de refletir a respeito das
agressões ao meio ambiente, considerados crimes ambientais.

Preparado para desenvolver diversas competências? Vamos lá?! Bons


estudos!

2 GESTÂO AMBIENTAL
Olá, pós-graduando! Iniciaremos a nossa conversa conhecendo dois
conceitos que são a chave para entender a gestão ambiental.

Segundo o Dicionário Financeiro (2020), gestão é uma área das ciências


humanas que se dedica à administração de empresas e de outras instituições,
visando fazer com que sejam alcançados os objetivos de forma eficaz e eficiente.
Já a “administração significa a inteligência da organização, isto é, como a
organização se articula, planeja, organiza, lidera e controla suas operações para
alcançar objetivos e conseguir resultados esplêndidos” (CHIAVENATO, 2007, p.
3).
55
GESTÃO AmBIENTAL

A gestão está diretamente relacionada à administração dos recursos que


precisam ser geridos dentro de uma organização. A gestão é a forma de fazer e a
administração seria a inteligência por trás disso.

Gestão ambiental é a gestão “cujo objetivo é conseguir que os efeitos


ambientais não ultrapassem a capacidade de carga do meio no qual se encontra
a organização, ou seja, obter um desenvolvimento sustentável” (DIAS, 2009, p.
89). “É a ciência que estuda e administra o exercício das atividades econômicas
e sociais, tendo em vista o uso racional dos recursos naturais, renováveis ou
não, de modo a se preservar o meio ambiente saudável para todas as gerações”
(BARSANO; BARBOSA, 2019, p.164).

A gestão ambiental atua, então, na administração dos processos e produtos


dentro de uma organização que utilize recursos naturais, visando à conservação
do meio ambiente.

Gerir os recursos naturais não é tarefa fácil, mas imprescindível para o


alcance da sustentabilidade. Para o alcance da sustentabilidade, precisamos
lembrar do consumo. O consumo desenfreado faz com que se retire, cada dia
mais, da natureza, para a produção de novos produtos.

O mundo está sempre em constante evolução e a forma de consumir


também. Já se tem uma parcela da sociedade que se preocupa com a forma
de consumir, que busca empresas que se importam com o meio ambiente, com
processos produtivos mais limpos e que geram menos resíduos.

Implementar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) dentro das organizações


é se mostrar responsável pelo desenvolvimento sustentável, e com a manutenção
da vida no planeta Terra. O SGA tem o foco direcionado à resolução das questões
que envolvem o meio ambiente, de acordo com os processos de produção da
organização.

As empresas que adotam um SGA possuem muitos benefícios, como:

• Diminui processos, penalidades e multas ambientais.


• Reduz custos, ao adotar medidas que evitam os desperdícios.
• Melhora a imagem da empresa perante os stakeholders.
• Há ganhos na competitividade com as demais empresas, pois os
investidores buscam empresas que se preocupam com o meio ambiente.
• Aumentam o valor da marca, ao se mostrarem respeitosas com o meio
ambiente.
• Buscam, sempre, a melhoria contínua nas atividades, aumentando o
desempenho ambiental.

56
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Melhoria contínua: é o processo de aprimoramento do sistema


de gestão ambiental voltado à implementação de melhorias no
desempenho ambiental global, de acordo com a política ambiental da
organização.
Desempenho ambiental: são resultados mensuráveis do sistema
de gestão ambiental, relativos ao controle de uma organização sobre
os aspectos ambientais, com base na sua política, seus objetivos e
metas ambientais.
Aspecto ambiental: elementos das atividades, produtos ou
serviços de uma organização que podem interagir com o meio
ambiente. Cabe salientar que um aspecto ambiental significativo é
aquele que tem ou pode ter um impacto ambiental significativo.
Impacto ambiental: é qualquer modificação do meio ambiente,
adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades,
produtos ou serviços de uma organização (ABNT, 2015).

Buscando atingir a melhoria contínua, as empresas adotam a utilização do


ciclo PDCA. É uma ferramenta que auxilia para a implementação do SGA. Você já
utilizou essa ferramenta ou, pelo menos, já ouviu falar dela? Explicaremos como
funciona.

PDCA é a inicial, em inglês, das seguintes palavras: plan, do, check e act.
Elas podem ser entendidas da seguinte forma:

Plan (Planejar): é a primeira etapa e tem grande relevância no processo. Nela,


apresenta-se o planejamento da organização. São traçados os caminhos para o
alcance das metas ambientais, contidas na política ambiental da organização.
Comprometimento com a política ambiental estabelecida, elaboração do plano
de implementação dos instrumentos de gestão ambiental, requisitos, objetivos,
metas e plano de ação são realizados nesta fase.

Do (Executar): Após estabelecidas as metas e as metodologias que serão


empregadas, tem-se a fase de execução. Nesta fase, podem ser observados os
seguintes tópicos: implementação e operacionalização, alocação de recursos,
estruturas e responsabilidades, conscientização e treinamento e comunicação.

Check (Verificar): Depois de executar as atividades, é preciso verificar


os resultados obtidos das operações, então, há monitoramento e controle,
identificação de não conformidades, ações corretivas, preventivas e registros.
57
GESTÃO AmBIENTAL

Act (Corrigir): Por fim, a última etapa é analisar o que não seguiu o esperado
com o planejamento. Para que todo o ciclo PDCA aconteça novamente, é hora
de discutir a respeito das não conformidades. Revisão e avaliação crítica do
processo, reflexão, atuação corretiva, postura estratégica e revisão da política são
elementos que constam nesta etapa do ciclo.

O ciclo PDCA é fechado e contínuo. Terminando a última etapa (Act), volta-


se, novamente, para a primeira etapa (Plan), com o intuito de aperfeiçoar as
formas de relação da empresa com o meio ambiente, buscando, sempre, a
melhoria contínua.

FIGURA 1 – CICLO PDCA

FONTE: <https://www.siteware.com.br/metodologias/como-fazer-
pdca-passo-a-passo/>. Acesso em: 15 jun. 2020.

Pare, agora, apenas um pouco, a leitura do seu livro, e assista


ao seguinte vídeo, que abordará o ciclo PDCA: https://www.youtube.
com/watch?v=TONjXHA7UwQ. O vídeo tem duração de 7 minutos e
57 segundos.

58
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Percebeu que, quando se fala do PDCA, ele está relacionado com a ISO
14001? Tenha só um pouco de calma, falaremos, de forma aprofundada, dessa
certificação, no Capítulo 3 do livro.

Adotar um SGA é sair na frente das outras organizações em termos de


competitividade. O grau de envolvimento da empresa com a questão ambiental
pode ter vários resultados, dependendo da política ambiental estabelecida dentro
da organização e o quão ela quer ser responsável em relação às formas social e
ambiental.

Apesar dos benefícios citados anteriormente, há, também, alguns empecilhos


ao se adotar um SGA, como a falta de recursos destinadas para a realização,
ausência de alteração no processo produtivo, pessoas sem a capacidade técnica-
científica necessária para as demandas ambientais, e falta de comprometimento
de todo o corpo organizacional diante da busca de atitudes proativas em relação
ao meio ambiente.

Outros aspectos que podem dificultar essa implementação são: falta


de revisão ambiental minuciosamente realizada, identificação inadequada
de aspectos ambientais significativos, dificuldades de delegar autoridade
às pessoas certas, treinamento impróprio de funcionários, dificuldades de
comunicação dentro de uma organização, falta de envolvimento pessoal da alta
administração e uso impróprio de consultores externos.

A seguir, elencaremos as opções estratégicas que as empresas podem


adotar em relação ao meio ambiente, podendo ser proativas ou não.

QUADRO 1 – OPÇÕES ESTRATÉGICAS DAS EMPRESAS


FRENTE À LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Opções estratégicas Descrição
É a opção adotada pelas empresas que não cumprem a legislação
Não cumprimento
ambiental, devido aos custos envolvidos, ou por terem baixa percepção da
importância do fator ambiental.
Cumprimento A organização escolhe uma estratégia reativa, limitando-se a cumprir a
legislação vigente.
A empresa adota uma postura proativa em termos de gestão ambiental,
adotando uma política ambiental que ultrapassa as exigências legais. As
Cumprimento a mais
empresas que assumem essa estratégia são as que incorporam instru-
mentos voluntários de política ambiental com os selos ecológicos e os
certificados de gestão ambiental, como a ISO 14001.

59
GESTÃO AmBIENTAL

Estratégias baseadas na premissa de que a “gestão ambiental é boa admi-


nistração” adotadas pelas empresas que buscam a excelência ambiental,
Excelências comer-
com foco na qualidade, procurando projetar e desenvolver produtos e
cial e ambiental
processos limpos. Sob esse ponto de vista, essas empresas consideram
que a contaminação equivale à ineficiência.
As empresas observam as práticas mais avançadas do seu setor econômi-
Licenciamento co e incentivam a força de trabalho para “trabalhar com base em uma ética
ambiental ambiental”. De modo geral, são as primeiras a assumir novas medidas de
cunho ambiental.
FONTE: Adaptado de Roome (1992)

Além do fator competitividade, nos dias atuais, empresas que são


potencialmente poluidoras necessitam passar pelo processo de licenciamento
ambiental, o que confere obrigatoriedade ao cumprir as legislações ambientais
pertinentes e se adequar às condicionantes advindas do órgão ambiental
competente. Falaremos, com mais detalhes, do licenciamento ambiental, no
Capítulo 3 deste livro.

Um SGA objetiva o encorajamento de uma organização a gerenciar os


impactos ambientais adversos, reduzindo tais impactos continuamente para
a sobrevivência da organização e do meio ambiente. Uma técnica utilizada é a
avaliação do ciclo de vida.

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica desenvolvida para a análise


do berço-ao-túmulo ou do berço-ao-berço, para avaliar os impactos associados a
todas as fases da vida de um produto, que vai da extração da matéria-prima ao
processamento, fabricação, distribuição e uso de materiais.

Do berço-ao-berço é um conceito frequentemente utilizado na economia


circular. É uma variação do berço-ao-túmulo, trocando a etapa do resíduo por
um processo de reciclagem que o torna reutilizável na fabricação de um outro
produto, fechando, assim, o ciclo.

O objetivo de uma ACV não é apenas a criação de dados, mas, também, atua
na tomada de decisões. Por isso, é sempre pensado como um objetivo específico,
como tornar um produto mais sustentável.

A metodologia utilizada para a ACV, de acordo com a norma NBR ISO 14040
(ABNT, 2015), segue o seguinte fluxo:

Definição dos objetivos e escopo: definição das fronteiras do estudo


(temporal e geográfica), a quem se destinam os resultados, os critérios de
qualidade e as categorias de impacto a serem consideradas.
60
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Análise de inventários: coleta de dados que representam os fluxos de


matéria e de energia que entram e que saem das diversas etapas do ciclo de
vida do produto. Essa etapa pode incluir trabalho de campo com coleta de dados
primários ou incluir coleta de dados da literatura (dados secundários).

Avaliação dos impactos: softwares com alta capacidade de processamento


de dados são utilizados. Eles auxiliam os especialistas a traduzirem o modelo de
ciclo de vida que foi criado para refletir o produto ou serviço que está sob análise
em indicadores de impacto ambiental.

Interpretação: identificação das questões significativas do estudo, checagem


da integridade, da sensibilidade e da consistência dos resultados e definição
das conclusões, limitações e recomendações dos estudos. A interpretação deve
acontecer durante todo o estudo e não só na etapa final: essa arquitetura faz com
que, normalmente, os estudos não sejam lineares ao longo das fases.

Como categorias de impactos tradicionais, o estudo de Mendes, Bueno e


Ometto (2015) cita os seguintes: aquecimento global, eutrofização, toxicidade,
ecotoxicidade, depleção do ozônio, acidificação, uso do solo, esgotamento dos
recursos naturais e oxidação fotoquímica.

Interessou-se pelo assunto? Então, leia o artigo a seguir,


a respeito da avaliação do ciclo de vida do queijo muçarela de
um laticínio na região norte do Brasil, e veja, na prática, como
elaborar uma ACV. O artigo está disponibilizado em https://www.
producaoonline.org.br/rpo/article/view/3614/1902.

61
GESTÃO AmBIENTAL

1 - Utilize a ferramenta do PDCA e mostre como a organização,


empresa em que você trabalha utiliza esse ciclo. Caso você
verifique que ela não segue essa ferramenta, descreva como ela
se aplica a uma empresa que se preocupa com o meio ambiente.

R.:

2 - A gestão ambiental visa administrar a relação das empresas com


os recursos naturais. Diante dessa afirmação, marque V para
verdadeiro e F para falso nas afirmativas a seguir:

( ) O SGA é um conjunto de procedimentos baseado no cumprimento


da legislação ambiental vigente e na busca da melhoria contínua.
( ) A Avaliação do Ciclo de Vida atua na identificação dos impactos
mais relevantes acerca de um produto.
( ) No ciclo PDCA, o act se relaciona com a execução dos
procedimentos que foram definidos na fase do planejamento.
( ) Empresas que possuem gestão ambiental são menos competitivas
em relação às demais organizações.

R.:

3 GESTÃO AMBIENTAL NAS


EMPRESAS
As empresas possuem grande responsabilidade para o alcance do
desenvolvimento sustentável. É necessário que elas atuem almejando o equilíbrio
entre o ambiental, o social e o econômico.

Você se lembra do tripé da sustentabilidade? Se não se lembrar,


volte ao primeiro capítulo deste livro e reforce os ensinamentos.

62
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Pensando nisso, foi criado um termo que conquistasse esse compromisso, a


Responsabilidade Social Empresarial (RSE).

De acordo com Santos e Weber (2020, p. 248), a RSE busca “o


desenvolvimento sustentável a partir de ações e projetos com foco econômico,
gerando lucro, emprego e renda, mas, também, buscando estratégias que
promovam equidade, bem-estar, saúde e segurança dos stakeholders, assim
como a utilização eficiente e equilibrada dos recursos naturais”.

A partir dessa definição, nota-se que a RSE é o que, de fato, a empresa faz,
são as ações que ela realiza no dia a dia para melhorar a qualidade de vida dos
trabalhadores e da comunidade em geral. Ainda, deve utilizar, de forma eficiente,
os recursos naturais, evitando o desperdício e tendo o mínimo de resíduos, com
lucro e competitividade.

Para Dias (2009, p. 155), “a concepção de SER gera novo papel da empresa
dentro da sociedade, extrapolando o âmbito do mercado, e como agente
autônomo no seu interior, imbuído de direitos e deveres que fogem ao âmbito
exclusivamente econômico”.

Alguns elementos podem ser pontuados, como as comunidades locais, ao


buscarem uma boa relação da empresa com a comunidade do entorno. Escolas,
postos de saúde podem receber auxílios das organizações para qualidade de
vida. Projetos de educação ambiental também podem ser desenvolvidos, com o
intuito de sensibilizar a comunidade em relação aos recursos naturais.

Fornecedores e consumidores passam a ter uma boa relação com a


organização, através da ética e da transparência. A organização se mostra
preocupada com as questões ambientais locais e globais, refinando os
processos operacionais, cumprindo as legislações ambientais vigentes, trazendo
ecoeficiência para a organização.

“A empresa é vista, cada vez mais, como um sistema social com relações
diversas, além de restritamente econômicas” (DIAS, 2009, p. 155). De acordo
com o mesmo autor, os seguintes itens fazem, uma empresa, ser socialmente
responsável:

• Implantar um Sistema de Gestão Ambiental.


• Proceder modificações no processo produtivo, substituindo os produtos
tóxicos ou nocivos por menos prejudiciais.
• Estabelecer um programa de redução de emissão de poluentes.
• Estabelecer programas de formação e informação ambiental para o
quadro de pessoal da organização.

63
GESTÃO AmBIENTAL

• Criar um setor responsável, prioritariamente, com a questão ambiental.


• Elaborar códigos de conduta de respeito ao meio ambiente.
• Participar ativamente das campanhas educativas e de prevenção
organizadas pelos governos em todos os níveis, e daquelas promovidas
pelas entidades representativas do setor produtivo.
• Recuperar e reciclar os produtos e subprodutos.
• Promover e incentivar a pesquisa de novas tecnologias e novos produtos
que não prejudiquem o meio ambiente.
• Diminuir o consumo de matérias-primas, água e energia.
• Diminuir a produção de resíduos e, nos casos em que se mantém,
assegurar que tenham um tratamento correto.

A Petrobrás é um exemplo de empresa que possui a RSE.


Sua política de responsabilidade social tem o seguinte princípio:
fornecemos a energia que move a sociedade a realizar o seu
potencial, respeitando os direitos humanos e o meio ambiente,
relacionando-nos, de forma responsável, com as comunidades nos
locais onde atuamos e superando os desafios de sustentabilidade
relacionados ao nosso negócio, incluindo a transição para uma
matriz energética de baixo carbono (PETROBRÁS, 2020).

Outra empresa é a Toyota, que possui os seguintes princípios


de atuação: Condução dos negócios com responsabilidade
social, vinculados aos conceitos de desenvolvimento sustentável
e melhoria contínua no âmbito da empresa; Valorização dos
funcionários, oferecendo boas condições e bom ambiente de
trabalho, desenvolvimento profissional, estímulo à qualidade de vida
e promoção da saúde; Respeito aos direitos humanos, pautando
suas ações em princípios de cidadania, inclusão social e não
discriminação; Respeito à diversidade de raça, gênero e cultura
no ambiente de trabalho; Respeito à legislação brasileira e órgãos
regulatórios; Apoio à erradicação dos trabalhos infantil, escravo e
degradante (TOYOTA, 2020).

64
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Para conhecer outras empresas que se preocupam com a SER,


leia o artigo a seguir. Nele, você poderá aprofundar um pouco mais o
tema. O artigo está disponível em https://www.brazilianjournals.com/
index.php/BRJD/article/view/10770/8993.

Continuaremos nossa conversa falando das ferramentas de gestão ambiental


adotadas por empresas que não visam, unicamente, ao lucro. A variável ambiental
ganha destaque dentro do processo. Pesquise empresas que são assim e procure
ser um consumidor consciente, que preza pela vida. Por que não fazer a nossa
parte, né?!

Produção mais limpa

A P+L foi proposta pelo PNUMA e pela Organização do Desenvolvimento


Industrial das Nações Unidas (UNIDO) na década de 90, com o intuito de servir
como uma estratégia preventiva e integrada aos produtos, serviços e processos
para que se aumentasse a eficiência do uso das matérias-primas. Seu foco
principal é atuar na redução ou eliminação da poluição durante o processo, e
não na finalização deste. É uma estratégia preventiva de combate à poluição. A
prevenção se dá na fonte, e não no fim, ela também evita a utilização de matérias-
primas tóxicas.

Diferente das tecnologias de fim-de-tubo (tecnologias ambientais


convencionais) que a proteção ambiental é assunto apenas para especialistas da
área.

A P+L prega que a proteção do meio ambiente é dever de todas as pessoas


da empresa. Observe o exposto a seguir:

65
GESTÃO AmBIENTAL

FIGURA 2 – FLUXOGRAMA DO FUNCIONAMENTO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA

FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1751789/mod_resource/
content/1/O_que_Produo_mais_Limpa.pdf>. Acesso em: 28 set. 2020.

Você pôde observar, no fluxograma, que existem três níveis com processos
diferentes. O que a P+L quer alcançar é o nível 1, evitar a geração de resíduos e
emissões na fonte, lá no início do processo produtivo. A modificação dos processos
e produtos pode se dar dessas três maneiras: housekeeping, substituição de
matéria-prima (materiais mais resistentes, substituição de uso de recursos não
renováveis por recursos renováveis, tóxicos por atóxicos) e modificação da
tecnologia (equipamentos mais eficientes).

66
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Housekeeping, na sua tradução literal, significa arrumar a


casa, é um termo utilizado para o uso cuidadoso das matérias-
primas e dos processos dentro de uma organização. É direcionado
para a infraestrutura da empresa, buscando um aproveitamento do
espaço, da organização, pensando em eliminar desperdícios, como
alterações de layout, buscando uma disposição mais eficiente para
equipamentos e máquinas.

Os resíduos que não puderem ser evitados passam, então, a ser reciclados
internamente, sendo reintegrados a algum processo de produção dentro da
empresa (nível 2), assim, o resíduo voltaria a ser matéria-prima. Em último
caso, no nível 3, quando não há possibilidade de reutilização dos resíduos pela
própria empresa, eles seguem para a reciclagem externa ou para uma destinação
ambientalmente adequada.

Assim, de acordo com Dias (2009), os seguintes aspectos são vistos em uma
empresa que adota a P+L:

• Processos de produção: racionalização do uso de matérias-primas,


reduzindo a quantidade e a toxicidade de todas as emissões de gases e
resíduos.
• Produtos: reduzir os impactos negativos ao longo do ciclo de vida dos
produtos até um design adequado.
• Serviços: incorporar as preocupações ambientais aos projetos e
fornecimentos de serviços.

Motivado para conhecer mais uma ferramenta de gestão ambiental? Então,


vamos lá?!

Ecologia industrial

A ecologia industrial também é uma ferramenta de gestão ambiental. Ela


atua no sentido de que todos os resíduos que forem eliminados por uma empresa
possam servir de matéria-prima para outra empresa.

A criação de parques industriais é uma boa alternativa para que essa ecologia
funcione, assim, implementam-se tecnologias que busquem ser mais sustentáveis
desde a obtenção da matéria-prima até o produto final.

67
GESTÃO AmBIENTAL

A seguir, poderá ser observado que, no processo tradicional de uma


empresa, utilizam-se recursos naturais para a geração de um produto, além de
que se eliminam os resíduos, que passam a não ter mais utilização, diferente do
que acontece na ecologia industrial. O sistema é circular, o que é resíduo de uma
empresa se torna a matéria-prima de outra, evitando, assim, o desperdício e a
utilização exagerada de novas matérias-primas para a produção.

FIGURA 3 – ECOLOGIA INDUSTRIAL

FONTE: <https://sites.google.com/site/medioquestoesambientais/
simbiose-industrial?tmpl=%2Fsystem%2Fapp%2Ftemplates%2Fp
rint%2F&showPrintDialog=1>. Acesso em: 28 set. 2020.

Isso não é maravilhoso?! Segundo Araújo et al. (2013, p. 1), a ecologia


industrial tem uma visão sistêmica e holística, e todos os componentes do
sistema industrial e da biosfera possuem uma relação integrada. Destacam-se as
seguintes características:

• Enfatizado o substrato biofísico das atividades humanas, os complexos


padrões do fluxo de material dentro e fora do sistema industrial, em
contraste com a abordagem atual, que considera a economia em termos
de unidades monetárias abstratas.
• Considerada a formação de parques industrias (eco-redes) como um
aspecto-chave para viabilizar o ecossistema industrial.

68
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

• Levados em conta os limites da capacidade de carga do planeta e da


região.
• O projeto e a operação são modelados como as atividades dos
sistemas biológicos (mimetismo), otimizando ciclo de materiais para se
aproximar de um ciclo fechado, utilizando fontes de energia renováveis e
conservando materiais não renováveis.

Ecoeficiência

A ecoeficiência seria a sustentabilidade dentro do contexto organizacional,


representando a maximização da eficiência, no sentido de otimizar a utilização
dos recursos e dos meios para o alcance dos objetivos da empresa. Ao se ter
a consciência de que a sustentabilidade garante a existência da vida, faz-se
imprescindível que a ecoeficiência se torne uma prática cada vez mais utilizada
dentro das organizações (BONFIM et al., 2016). Assim, diminuir o consumo
dos recursos naturais, obtendo eficiência na produção e nos serviços, atua na
minimização dos impactos ambientais. Aliado a esse processo, fabricar produtos
duráveis, ecologicamente corretos, satisfaz necessidades humanas e preserva o
meio ambiente.

A Eco-92 (falamos dela no primeiro capítulo) endossou a utilização da


ecoeficiência, incorporando-a na iniciativa privada através da Agenda 21, devendo
atender aos seguintes objetivos, de acordo com Barsano e Barbosa (2019):

• Mitigar a intensidade de material utilizado nos bens e serviços.


• Reduzir a intensidade de energia utilizada nos bens e serviços.
• Reduzir a dispersão de qualquer tipo de material tóxico.
• Apoio à reciclagem.
• Maximização do uso sustentável dos recursos naturais.
• Expansão da durabilidade dos produtos.
• Aumento do nível de bens e serviços.

Um sistema ecoeficiente se preocupa com a poluição ambiental e com


a produção de resíduos. Então, as alternativas buscam uma grande produção,
com melhor qualidade, mas que gerem o mínimo de resíduos e de consumo
dos recursos naturais e que se mantenham lucrativas. Vejamos como isso pode
acontecer:

• Trocar torneiras manuais por automáticas, visando à minimização do


consumo de água.
• Substituir as lâmpadas por do tipo LED, planejar a organização de forma
que se aproveite, o máximo, da iluminação natural.

69
GESTÃO AmBIENTAL

• Buscar formas alternativas de geração de energia, por exemplo, energia


solar.
• Minimizar a dispersão de contaminantes tóxicos, além da intensidade de
materiais dos bens e serviços.
• Estender a durabilidade dos produtos e que tenham potencial de
reciclabilidade.
• Promover educação ambiental com os colaboradores e consumidores
com vistas à preservação do meio ambiente através do consumo
sustentável.

A empresa do setor têxtil Saitex é especializada na fabricação


de jeans para marcas, como Ralph Lauren, Tommy Hilfiger e Calvin
Klein. Localizada no Vietnã, é um grande exemplo de ecoeficiência
na produção.

Considerada a fábrica de jeans mais sustentável do mundo,


possui a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental
Design). A água utilizada na produção e no tingimento das calças é
98% tratada. Esse material se torna tóxico e contaminante se não
houver um tratamento adequado. A fábrica utiliza energia solar, com
geradores de biomassa, e painéis de luz natural no teto.

Um processo normal de fabricação de jeans gasta 80 litros


de água na fabricação, já a Saitex utiliza apenas um litro para a
fabricação, além de gerenciar os resíduos advindos do processo.

Ecodesign

Também chamado de design ecológico, é conceituado, pelo Ministério


do Meio Ambiente (2020), como todo o processo que contempla os aspectos
ambientais. O objetivo principal é projetar ambientes, desenvolver produtos e
executar serviços que, de alguma maneira, devem reduzir o uso dos recursos não
renováveis, ou, ainda, minimizar o impacto durante o ciclo de vida.

O ecodesign atua na fase de concepção de um produto, prezando pela


menor geração de resíduos e utilização de recursos que não sejam renováveis
nas práticas. Existem certificações ambientais direcionadas para a prática do
design sustentável:

70
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

• ISO 14062: integração de aspectos ambientais no design e


desenvolvimento do produto.
• Crade to Cradle (C2C): certifica a inovação de produtos considerados
sustentáveis que levem em consideração a administração da água,
responsabilidade social, utilização de energias renováveis, reutilização
de materiais e saúde material.

Segue um resumo das etapas necessárias para o ecodesign, sempre


pensando em aliar produtos ecoeficientes com a preservação do meio ambiente,
o uso sustentável dos recursos naturais e a gestão dos resíduos.

QUADRO 2 – ETAPAS DO ECODESIGN


Projetos que atentem para Objetivos
Os produtos são fabricados de forma que as
Desmontagem do produto conexões entre as peças sejam simples, multi-
funcionais e comuns a diversos produtos.
Produto com alto teor de materiais recicláveis
Reciclagem e que gere o mínimo de resíduo ao fim do ciclo
de vida.
Materiais e componentes que não são reciclá-
Facilitar o descarte
veis necessitam de descarte seguro.
Assegurar que alguns componentes do produto
Reutilizar os componentes possam ser recuperados, renovados e reutili-
zados.
Produtos que reduzam o consumo de energia
em todas as etapas do processo (produção,
Redução do consumo de energia
distribuição, utilização, reciclagem e disposição
final).
Processos mais limpos, que substituam a
Reduzir riscos crônicos utilização de substâncias perigosas, nocivas à
camada de ozônio, que sejam biodegradáveis.
FONTE: Adaptado de Alves e Freitas (2013)

Os produtos são versáteis, possuem qualidade, sendo mais duradouros. A


produção é eficiente, procura utilizar fontes renováveis para geração de energia
e utiliza menos recursos naturais. Os consumidores buscam empresas que se
preocupam com o meio ambiente durante os processos produtivos, e o ecodesign
traz um valor agregado que as diferencia de outras empresas.

Seguem exemplos de produtos que foram concebidos com os princípios


do ecodesign. Já se permitiu experimentar produtos que são amigos do meio
ambiente? Vamos lá, conhecê-los?!
71
GESTÃO AmBIENTAL

FIGURA 4 – EMPRESAS QUE UTILIZAM ECODESIGN


NA FABRICAÇÃO DOS PRODUTOS

FONTE: <https://autossustentavel.com/2017/02/5-iniciativas-
brasileiras-ecodesign.html>. Acesso em: 28 set. 2020.

O sapato produzido na letra (A) é da Insecta Shoes, uma marca de produtos


veganos e ecológicos confeccionados a partir de peças de roupas usadas e de
garrafas plásticas do tipo PET. Já utilizou mais de 2.100 peças de roupas, 1.000
garrafas PET e 630 kg de tecido para a produção, material este que poderia ter
sido descartado, mas foi reinserido no modelo produtivo. As bolsas da marca
Revoada (B) foram criadas a partir de câmaras de pneu e náilon de guarda-chuva.

As peças criadas pela Da Tribo (C) também utilizam câmaras de pneu e


guarda-chuvas para a fabricação dos produtos. Além disso, realiza trabalhos com
as comunidades, que trabalham com os materiais recicláveis, gerando renda a
diversos setores. A Papel Semente (D) produz papéis artesanais e ecológicos
que contêm sementes de flores e temperos na fabricação. Todo o papel criado é
feito a partir da reciclagem de papéis já utilizados. Esses quatro exemplos foram
desenvolvidos por empresas no Brasil.

Viu só quantas ideias legais foram utilizadas para a criação desses produtos
ecoeficientes e sustentáveis?! E você, já pensou em alguma forma de transformar
materiais que seriam destinados a aterros sanitários em novos produtos? Solte a
imaginação!

72
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

1 - A empresa que você trabalha é ecoeficiente? Faça uma análise do


seu ambiente laboral e destaque os pontos positivos e negativos
em relação a esse tema.

R.:

2 - Com relação à ecoeficiência e à produção mais limpa, analise o


texto a seguir e responda se estão certas ou erradas, justificando
a sua resposta:

A P+L e a ecoeficiência são ferramentas de gestão ambiental,


dentro das organizações, que se preocupam com o meio
ambiente. A ecoeficiência é a aplicação integrada da prevenção
ambiental aliada a processos, serviços e produtos com o intuito
de atuar como um modelo preditivo. A P+L é um procedimento
de controle da poluição através de tecnologias end-of-pipe, que
tratam os resíduos para remediar o passivo ambiental ocasionado
no processo produtivo.

R.:

4 ECONOMIA AMBIENTAL

Ao falarmos da economia ambiental, podemos associar três perguntas que


fundamentam o objetivo principal: o que produzir? Para quem produziremos?
Como vamos realizar essa produção?

Comum associarmos o termo economia ambiental com economia ecológica,


mas eles possuem significados diferentes. A economia ambiental se refere a uma
vertente do estudo da economia, com a análise dos processos de recuperação
do meio ambiente, já a economia ecológica atua no sentido de relacionar o
meio ambiente com as pessoas e empresas. Mede os limites da utilização da
natureza.

Nosso foco, neste capítulo, é a economia ambiental, portanto, falaremos,


agora, dos seus antecedentes, começando pelos fisiocratas.

73
GESTÃO AmBIENTAL

Os fisiocratas eram um grupo de economistas franceses que tinham, como


premissa, que a única fonte de riqueza das nações era a agricultura, as terras
agrícolas. Os produtos advindos dessa forma econômica deveriam ter valores
elevados, com o intuito de serem estimulados o investimento e a produção, haja
vista que, na opinião desse grupo, a agricultura tinha um valor muito grande.

Os agricultores eram considerados a classe produtiva, e as pessoas que


trabalhavam nas demais áreas, como nas indústrias, eram considerados da
classe estéril.

É na figura de François Quesnay que esse movimento foi iniciado no século


XVIII. A fisiocracia é considerada a primeira escola de economia científica. Os
fisiocratas acreditavam que, se tratando da agricultura, a economia poderia
ser taxada facilmente, por causa do fluxo de pagamentos. Esse fluxo seria um
esquema fechado.

A teoria da renda de David Ricardo (1772-1823) foi concebida através de


ideias preexistentes: a teoria do monopólio, a produtividade e a teoria dos
rendimentos decrescentes. Até hoje, a teoria se encontra praticamente inalterada,
sendo um dos pilares do desenvolvimento do capitalismo.

A teoria inferia que, por causa do aumento populacional, a fronteira agrícola


se deslocaria para terras mais distantes do mercado e menos férteis, o que
poderia tornar os rendimentos nulos. A agricultura estaria sujeita a rendimentos
marginais decrescentes e, com isso, não conseguiria produzir alimentos baratos
para os trabalhadores.

As principais obras de Ricardo foram: O Alto Preço do Ouro, Uma Prova


de Depreciação das Notas Bancárias (1810), Ensaio sobre a Influência de
um Baixo Preço do Cereal sobre os Lucros do Capital (1815) e Princípios da
Economia Política e Tributação (1817). Exerceu, assim, muita influência sobre os
economistas neoclássicos e os marxistas.

Thomaz Malthus (1766-1834) foi um economista inglês que teve contribuições


nas áreas de economia e demografia. Para ele, houve um elevado crescimento
populacional depois da Revolução Industrial, principalmente, por causa das
melhores condições de vida. É a partir dessa percepção que ele lança a sua teoria.

A população estava crescendo em progressão geométrica (2, 10, 50,


250, 1250), enquanto a produção de alimentos apenas crescia em progressão
aritmética (2, 5, 8, 11, 14, 17). Isso evoluiria até chegar ao colapso, a partir do qual
não existiriam mais alimentos para alimentar toda a população.

74
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

GRÁFICO 1 – CRESCIMENTO POPULACIONAL POR THOMAS MALTHUS

FONTE: <https://www.multiplaescolha.com.br/teoria-malthusiana-
que-e-entenda/>. Acesso em: 28 jun. 2020

Com isso, deveria se trabalhar com medidas antinatalidade. Assim, ele deu
algumas sugestões: deveria se realizar castidade antes do casamento, a sujeição
moral de retardar os casamentos e os casais só poderiam ter uma quantidade de
filhos que pudessem sustentar. Contudo, a teoria de Malthus não se concretizou,
pois a evolução da tecnologia e dos meios de produção conseguiu produzir mais
alimentos (apesar que, ainda, de forma desigual, há muita miséria e fome no
planeta), além de que a população não cresceu como ele esperava.

Karl Marx (1818-1883) foi um revolucionário socialista que teve dois livros de
grande destaque: Manifesto Comunista (1848) e O Capital (1867). As teorias de
Marx versavam a respeito da economia, da sociedade e da política.

Observando acerca da produção material na Europa, ele percebeu a


desigualdade social e a exploração da burguesia (classe dominante, detentora
dos meios de produção) sobre o proletariado (classe explorada). O marxismo
defendia que deveriam existir lutas de classes e que o Estado deveria proteger
os interesses de todos, o que não ocorria, pois o Estado defendia apenas os
interesses da burguesia.

A teoria econômica de Marx mostrava que o capitalismo, como um sistema


de produção e bens materiais, podia ter o valor de uso e o valor de troca em
relação às mercadorias. O valor de uso está atrelado às necessidades que podem
ser satisfeitas com a aquisição de um determinado bem, e o valor de troca seria o
tempo de trabalho necessário para a produção da mercadoria.

O capital objetiva o lucro, com uma tendência estrutural para a queda das
taxas. Essa descida pode ser contrariada se houver aquisição de matérias-

75
GESTÃO AmBIENTAL

primas mais baratas, além da intensificação da exploração. Porém, o mercado


não é regulado pelas forças que determinam o consumo e a produção, gerando
desequilíbrios. Esses desequilíbrios podem criar crises, excesso de produção.
As crises são as expansões da produção além do que o mercado pode absorver
dentro de uma taxa de lucro que seja satisfatória (SANTOS, 2020).

“As crises são cíclicas e fazem parte do sistema (regulador): são soluções
momentâneas e forçosas das condições existentes; a crise promove a
concentração de K (mais valia), consolidando, temporariamente, o sistema”
(SANTOS, 2020, p. 5).

Karl Marx usou a mais-valia para explicar a produção dos lucros


dentro do sistema capitalista. Como o trabalho gera riquezas, a mais-
valia é a diferença do valor entre o que o empregado produz
(mercadoria) e o que ele, de fato, recebe (salário).

Arthur C. Pigou (1877-1959) foi professor de política econômica e sua obra


principal foi a Economia do Bem-Estar, publicada, originalmente, em 1920. Trouxe
um elemento direcionado à poluição, a Taxa Pigouviana, lançando, assim, uma
teoria econômica.

A Taxa Pigouviana é um imposto direcionado para corrigir os efeitos de uma


externalidade negativa, podendo ser ele um dano ambiental. Também é conhecida
como a cobrança por uma poluição ocasionada.

Externalidades: é a consequência do impacto das ações de um


agente econômico diretamente sobre o bem-estar de outros agentes
econômicos que não se relacionam diretamente ao fato ocorrido.
Elas são consideradas falhas no mercado. Se o efeito desse impacto
for danoso, é uma externalidade negativa, já se o efeito for benéfico,
a externalidade é positiva.

76
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Para Pigou, seria necessário punir o agente econômico pela externalidade


negativa, assim, haveria correção das externalidades através de cobranças
estipuladas com relação da diferença entre o custo marginal privado e o social.

Custo marginal privado (CMGp): custo direto de produção de


uma unidade adicional do bem.
Dano marginal (DMG): custo adicional do processo de produção
que recai sobre terceiros e pelos quais a firma não paga.
Custo marginal social (CMGs): soma do custo marginal privado
e do dano marginal.
CMGs = CMGp + DMG

De acordo com Reato e Cabeda (2017, p. 133-134), a atividade que uma


empresa executa tem vantagens para consumidores dos produtos e serviços,
mas a poluição ocasionada no processo produtivo pode gerar prejuízos a
comunidades vizinhas e ao meio ambiente. Nessa perspectiva, “o proprietário da
fábrica emissora dos resíduos poluentes é o responsável pela nocividade causada
pela fumaça. Consequentemente, a empresa teria o dever de compensar o dano
por meio do pagamento de tributação adequada e proporcional ou, ainda, relocar
a empresa”.

Chegamos a uma outra vertente da economia, com Ronald Coase, ganhador


do Prêmio Nobel em 1991. Alegava que evitar prejuízos aos vizinhos da fábrica
ocasionaria prejuízos para a própria fábrica.

O Teorema de Coase menciona que se faz necessário “refletir acerca dos


impactos econômicos no caso de a responsabilização ser submetida para um ou
para outro, atentando-se à amplitude dos prejuízos, optando pelo prejuízo menos
severo” (REATO; CABEDA, 2017, p. 135).

Os agentes afetados poderiam negociar e chegar a um acordo acerca das


externalidades negativas, de forma com que elas fossem internalizadas. O papel
do governo seria o de garantir que os direitos de propriedade fossem delineados,
além de que a livre negociação ocorresse sem gerar custos de transação.

77
GESTÃO AmBIENTAL

Conheça mais a respeito da vida desse ganhador do Nobel e


da sua teoria econômica no artigo a seguir, intitulado Uma Revisita a
Ronald H. Coase: file:///C:/Users/renat/Downloads/3904-17792-3-PB.
pdf.

Continuando na caminhada da economia ambiental, chegamos em um


assunto que vem ganhando destaque nas discussões: valoração ambiental.

A valoração do capital natural atua na precificação dos bens e serviços que


são prestados pela natureza, mas, então, o que seria o capital natural? Você
conhece?

O capital natural é o estoque que existe, no planeta Terra, dos recursos


naturais, podendo ser água, solo, ar, fauna, flora, patrimônio genético etc. Eles
possuem um fluxo de serviços e bens para as pessoas através dos processos
ecossistêmicos.

A preservação do capital natural é essencial para a existência das pessoas


no planeta. Nosso estilo de vida e modos de produção, como vimos anteriormente,
vêm nos mostrando, a cada dia, o impacto que exercemos sobre eles, através
da escassez de água, desertificação, assoreamento dos recursos hídricos, baixa
qualidade do ar etc.

Atribuir um valor a um bem natural não é tarefa fácil, portanto, deve-se


atribuir um valor ao que a natureza é capaz de gerar, levando em consideração
ou relacionando com os bens e serviços já existentes. Aplica-se, então, a seguinte
fórmula:

Valor econômico total (VET) = Valor de uso (VU) + Valor de opção (VO) + Valor de Existência
(VE).

De acordo com Marques (2004), Valor de Uso (VU) representa o valor


atribuído, pelas pessoas, ao uso, propriamente dito, dos recursos e serviços
ambientais.

O VU é composto pelo Valor de Uso Direto (VUD) e pelo Valor de Uso


Indireto (VUI). O VUD corresponde ao valor atribuído pelo indivíduo devido à
utilização efetiva e atual de um bem ou serviço ambiental, por exemplo, extração,

78
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

visitação ou alguma outra forma de atividade produtiva ou consumo direto. Já o


VUI representa o benefício atual do recurso, derivado de funções ecossistêmicas,
como a proteção do solo, a estabilidade climática e a proteção dos corpos d’água
decorrentes da preservação das florestas.

Valor de opção (VO): representa aquilo que pessoas atribuem no presente


para que, no futuro, os serviços prestados pelo meio possam ser utilizados.
Assim, trata-se de um valor relacionado a usos futuros, que podem gerar alguma
forma de benefício ou satisfação aos indivíduos. Por exemplo, o benefício advindo
de fármacos desenvolvidos com base em propriedades medicinais ainda não
descobertas de plantas existentes nas florestas.

Valor de existência (VE): caracteriza-se como um valor de não uso. Essa


parcela representa um valor atribuído à existência de atributos do meio ambiente,
independentemente do uso presente ou futuro. Representa um valor conferido,
pelas pessoas, a certos recursos ambientais, como florestas e animais em
extinção, mesmo que não tencionem usar ou apreciar na atualidade ou no futuro.
A atribuição do valor de existência é derivada de uma posição moral, cultural, ética
ou altruística em relação aos direitos de existência de espécies não humanas ou
da preservação de outras riquezas naturais, mesmo que estas não representem
uso atual ou futuro para o indivíduo.

A valoração ambiental ajuda a criar subsídios para a elaboração


e a implantação de políticas públicas voltadas à preservação e à
conservação ambiental. Os valores também servem de base para a
aplicação de multas e taxas ambientais.

Para a valoração ambiental, existem diversas metodologias utilizadas para a


quantificação, dependendo do objeto de estudo. Podemos classificar os métodos
em diretos e indiretos.

Os métodos diretos estão direcionados a entender as preferências


das pessoas através de mercados hipotéticos ou de mercados de bens
complementares. Já os métodos indiretos conseguem obter o valor do recurso
levando em consideração a função do produto, com o impacto ambiental
ocasionado em comparação com preços já existentes de mercado.

79
GESTÃO AmBIENTAL

Métodos diretos de valoração: obtêm as preferências dos consumidores


através da disposição a pagar (DAP), do indivíduo, por bens e serviços ambientais.

DAP direta: DAP indireta:


Avaliação ou valoração contingente: as pessoas Preços hedônicos: a valoração relacionada
dão valores de quanto estariam dispostas a com os fatores ambientais que influenciam
pagar no intuito de compensar um bem ou uso diretamente o preço de mercado. Ex.: Um bairro
do serviço do capital natural. São realizados arborizado, uma lagoa conservada.
questionários para obtenção desses dados. Custos de viagem: custos utilizados para ir visi-
tar um lugar para apreciação da natureza. Ex.:
Taxa de entrada, alimentação, deslocamento.

Métodos indiretos de valoração: recuperam os valores dos bens e


serviços ambientais através das alterações nos preços dos produtos do mercado
resultantes das mudanças ambientais.

Produtividade marginal Mercado de bens substitutos: valor relaciona-


do à substituição de um produto por outro já
existente no mercado.
Produtividade marginal: a qualidade ambiental Custos evitados: valor, ao recurso natural, pelos
é um fator que tem consequências ao valor dos impactos negativos que foram evitados ao
produtos. Mudanças na qualidade do capital preservá-lo.
natural afetam os níveis de produção.
Custos de controle: valor referente aos gastos
Atribui valores ao uso da biodiversidade, rela- destinados a manter a qualidade dos recursos
cionando-se com a qualidade e a quantidade do naturais.
recurso ambiental. A qualidade ambiental é um
fator da produção. Custos de reposição: valor destinado à repara-
ção de um dano causado.

Custos de oportunidade: custos econômicos e


sociais atrelados à preservação dos recursos
naturais.

Conheça um pouco mais da produtividade marginal em https://


www.youtube.com/watch?v=P8aysYsljVU. O vídeo tem duração de 3
minutos e 3 segundos. É importante dar uma conferida.

80
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Cabe destaque o Método de Valoração Contingente (MVC). Os resultados


obtidos por esse método são dependentes ou contingentes de um mercado
hipotético. Baseia-se nos gostos diferentes das pessoas e nos graus de preferência
por determinados bens. Assim, “procura-se mensurar, monetariamente, o impacto
no nível de bem-estar dos indivíduos decorrente de uma variação quantitativa ou
qualitativa dos bens ambientais” (ARAÚJO et al., 2013, p. 45).

Dois indicadores são utilizados neste método: a disposição a pagar (DAP) e a


disposição a receber (DAA). As pessoas são questionadas a respeito dos valores
referentes a um bem natural, mesmo que nunca tenham utilizado. Araújo et al.
(2013) informam que é um método que recebe críticas, porém, é o único modelo
que consegue captar os valores dos bens e dos recursos ambientais, podendo ser
moldado a uma quase totalidade dos problemas ambientais.

Thomas e Callan (2010) esclarecem que a entrevista, ao ser elaborada, pode


induzir, aos perguntados, respostas parecidas com as que, normalmente, seriam
ditas em situações reais. Esse instrumento deve auxiliar e contornar o problema
da não revelação das preferências. A utilização da pesquisa envolve os passos a
seguir:

• Construir um modelo detalhado do mercado hipotético, incluindo as


características dos bens e quaisquer outras condições que afetem o
mercado.
• Projetar um instrumento de pesquisa para obter uma estimativa imparcial
da DAP individual.
• Avaliar a confiabilidade das respostas dos entrevistados.

A utilização desse método serve para entender o que mudou e o quanto


melhorou ou piorou o bem-estar da sociedade em relação às mudanças dos
serviços ambientais e da quantidade de bens. Lembrando que isso pode servir de
termômetro quando pensamos no desenvolvimento sustentável. O que estamos
deixando de qualidade e quantidade de serviços ambientais para as gerações que
ainda estão por vir?

Veja, a seguir, dois exemplos da aplicação de métodos de valoração


ambiental:

81
GESTÃO AmBIENTAL

No projeto Conservador das Águas (Minas Gerais), o produtor


rural que cumpre metas de conservação de áreas de preservação
permanente e de restauração florestal em sua propriedade recebe
um apoio financeiro equivalente a 100 Unidades Fiscais de Extrema
por Hectare (o valor de uma UFEX foi fixado em R$2,95 em 2019).

O projeto ilustra o princípio do Conservador-Recebedor e é


considerado uma inovação, visto que utiliza forças de mercado para
obter melhores resultados ambientais através da recompensa aos
provedores de serviços ambientais. No caso, as políticas ambientais
de comando e controle são complementadas pelos instrumentos
econômicos e permitem que os produtores participantes obtenham
ganho financeiro direto das práticas de conservação.

A publicação Quanto Vale o Verde: A Importância Econômica


das Unidades de Conservação Brasileiras é também um exemplo
interessante de valoração ambiental. A obra coordenada pela
Conservação Internacional (CI-Brasil), em parceria com a UFRRJ
e outras instituições, traz resultados de estudos da contribuição
financeira que a proteção das áreas verdes pode trazer para a
economia nacional a partir dos benefícios dos bens e serviços
oferecidos efetiva ou potencialmente pelas UCs brasileiras.

Dentre os valores do foco do estudo, destaque para: produtos


florestais, uso público das áreas protegidas, estoque de carbono,
produção de água, proteção dos solos e geração de receita tributária
para municípios (ICMS Ecológico).

Esses exemplos facilitam a compreensão da relevância dos


recursos naturais. Sabe-se que a população humana depende
diretamente dos bens e serviços ambientais (água, clima, solo,
biodiversidade etc.). Ao atribuir valor econômico a esses recursos, a
comunicação a respeito da importância fica mais fácil e o alerta para
a preservação fica mais didático, alcançando diversos públicos, de
leigos a tomadores de decisão.

FONTE: <https://www.matanativa.com.br/blog/valoracao-
ambiental>. Acesso em: 23 jan. 2020.

82
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

1 - A teoria de David Ricardo se encontra, até hoje, inalterada, e foi


fundamentada em algumas teorias já existentes, como a teoria
da produtividade e dos rendimentos decrescentes. Explique,
fundamentado nos rendimentos marginais decrescentes, porque,
de acordo com o crescimento populacional, David Ricardo
afirmava que os rendimentos seriam nulos?

R.:

2 - Externalidades: é a consequência do impacto das ações de um


agente econômico diretamente sobre o bem-estar de outros
agentes econômicos que não se relacionam diretamente ao fato
ocorrido. Assim, o governo deveria incentivar as empresas que
causam impactos positivos ao meio ambiente e punir as que
causam efeitos negativos. Diante desse contexto, explique a
teoria Pigouviana.

R.:

5 ASPECTOS GERAIS DA
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Partiremos para conhecer o arcabouço jurídico relacionado com a
preservação e a conservação ambiental. Já vimos, na primeira unidade, que,
de acordo com a Constituição Federal, todas as pessoas têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado e que o poder público e a coletividade
devem o defender .

Você conhece as legislações ambientais que orientam a forma da utilização


da natureza e quais os instrumentos que atuam na defesa?

A primeira delas, e a que marca o início das leis ambientais, é a Política


Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Instituída através da Lei n° 6938/81, é o
instrumento jurídico que vem garantir que o Art. 225 da CF seja realizado. A PNMA
é o maior instrumento quando se trata da preservação, além da conservação do
meio ambiente.

83
GESTÃO AmBIENTAL

A PNMA tem, como objetivos, destacados no Art. 2: “preservação, melhoria e


recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana”.

Três palavras precisam ser destacadas neste objetivo para uma melhor
explicação. A primeira delas é a preservação, que é procurar manter o estado
natural dos recursos naturais sem que tenha intervenção dos seres humanos. Já
vimos, anteriormente, que preservação é diferente de conservação.

A segunda palavra é melhoria. É fazer com que a qualidade ambiental se


torne melhor por meio da intervenção humana, podendo ser através do manejo
adequado das espécies, do controle da poluição, da preservação ambiental etc.

A terceira palavra é a recuperação, para buscar a qualidade ambiental que


se tinha antes de uma área ter sido degradada pela ação humana. É buscar que
tais áreas retomem suas características ecológicas, sendo o objetivo mais difícil
de ser alcançado.

A PNMA tem, como princípios:

QUADRO 3 – PRINCÍPIOS NORTEADORES DA POLÍTICA


NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (1981)
I - Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente
como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo;
II - Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Ill - Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - Proteção dos ecossistemas, com a preservação das áreas representativas;
V - Controle e zoneamento das atividades potenciais ou efetivamente poluidoras;
VI - Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção
dos recursos ambientais;
VII - Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - Recuperação de áreas degradadas;
IX - Proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive, educação da comunidade, objeti-
vando capacitar para a participação ativa na defesa do meio ambiente
FONTE: A autora

84
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) foi criado a partir da


PNMA, para ser um conjunto de agências que se responsabilizasse e assegurasse
a implementação dessa política. É uma estrutura adotada para a gestão ambiental
no Brasil. O SISNAMA é formado por diversos órgãos e instituições ambientais
compostos pelos poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e o Ministério Público.

FIGURA 5 – ORGANOGRAMA DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

FONTE: A autora

Como órgão superior, há o Conselho do governo, que é um órgão integrante


da Presidência da República. É formado por todos os ministros do Estado, pelos
titulares essenciais da Presidência e pelo advogado geral da União.

É função do órgão superior assessorar o Presidente da República no que


concerne à formulação de políticas nacionais e diretrizes governamentais para
a sustentabilidade na utilização dos recursos naturais e na proteção do meio
ambiente.

Com relação ao órgão consultivo e deliberativo, tem-se o Conselho Nacional


do Meio Ambiente (CONAMA), que tem, como atribuições, assessorar, estudar
e propor, ao Conselho do Governo, as diretrizes para as políticas relacionadas
com o meio ambiente. É, também, função do CONAMA, a criação de normas e
padrões que atuem na prevenção da poluição com vistas à manutenção do meio
ambiente ecologicamente equilibrado.

85
GESTÃO AmBIENTAL

Você sabia que existem, no CONAMA, várias câmaras técnicas


(CTs)? As CTs servem como locais de discussão dos assuntos
relacionados ao meio ambiente. Dessa forma, desenvolvem, relatam
e examinam as matérias da sua competência para o Plenário.

Dentro dessa estrutura, há as seguintes câmaras técnicas: CT


Assuntos Jurídicos; CT Biodiversidade; CT Controle Ambiental; CT
Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável; CT Florestas
e Demais Formações Vegetais; CT Gestão Territorial, Unidades de
Conservação e Demais Áreas Protegidas; e CT Qualidade Ambiental
e Gestão de Resíduos.

Os estados e municípios também podem deliberar normas e padrões


ambientais, porém, eles jamais poderão ser menos exigentes do que as normas
lançadas pelo CONAMA. Todas as reuniões são públicas e abertas à sociedade.

São diversas as resoluções do CONAMA e abrangem uma série de requisitos


ambientais que precisam ser seguidos pelas organizações, de modo que a
poluição e a contaminação sejam evitadas. Como exemplos

• Resolução n° 237, de 19 de dezembro de 1997: Dispõe sobre


licenciamento ambiental, competência da União, Estados e Municípios,
listagem de atividades sujeitas ao licenciamento, estudos ambientais,
estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental.
• Resolução n° 357, de 17 de março de 2005: Dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
e estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências.
• Resolução n° 420, de 28 de dezembro de 2009: Dispõe sobre critérios
e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de
substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento
ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência
de atividades antrópicas.
• Resolução n° 491, de 19 de novembro de 2018: Dispõe sobre padrões
de qualidade do ar.

86
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Como órgão central dentro da estrutura do SISNAMA, temos o Ministério


do Meio Ambiente (MMA). Cabe, a ele, os papéis de planejar, coordenar,
supervisionar e coordenar a PNMA e todas as diretrizes governamentais em
relação ao meio ambiente, além de incentivar a descentralização da gestão
ambiental e a repartição de competências dentro das três esferas do governo.

Dentro do site do MMA, diversos são os assuntos que são debatidos e


acompanhados, como: agenda ambiental urbana, água, áreas protegidas,
biodiversidade, biomas, cidades sustentáveis, clima, desenvolvimento rural,
educação ambiental, florestas, gestão territorial, governança ambiental, patrimônio
genético, responsabilidade socioambiental e segurança química.

Tratando-se dos órgãos superiores, há dois: o Instituto Brasileiro do Meio


Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O IBAMA é uma autarquia federal vinculada ao MMA. Tem, como funções:

I- exercer o poder de polícia ambiental de âmbito federal;


II- executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes
às atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da
qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização,
ao monitoramento e ao controle ambientais, observadas as diretrizes emitidas
pelo Ministério do Meio Ambiente, e;
III- executar as ações supletivas da União, em conformidade com a legislação
ambiental.

Através do IBAMA, processa-se o licenciamento ambiental quando o


empreendimento atingir mais de dois estados. Falaremos do licenciamento
ambiental no Capítulo 3 deste livro. A função principal é a de atuar como polícia
ambiental. Diante disso, veja a matéria a seguir:

O IBAMA aplicou mais de R$ 45 milhões em multa por


exploração florestal e transporte de madeira ilegal no Mato Grosso.
As ações ocorreram nas terras indígenas de Aripuanã, Kayabi,
Roosevelt, Kawahiva do Rio Prado, Parque Nacional Juruena,
Parque do Aripuanã, Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, Novo
Mundo, Alta Floresta, Cocalinho, Araguaiana e Nova Nazaré.

Nos últimos três meses, além dos 94 autos de infrações


aplicados, também foram embargadas 48 áreas, por estarem

87
GESTÃO AmBIENTAL

sofrendo desmatamento ilegal nesse período. Foram apreendidos 66


motores estacionários, 29 acampamentos, 18 motos, 10 escavadeiras
elétricas, 10 tratores, nove caminhões, nove motosserras, nove
construções de madeira, três caminhonetes, duas armas de fogo,
uma balsa garimpeira, uma pá carregadeira, 3 kg de mercúrio e
1.250m³ de madeira. Ainda, foram neutralizadas 38 frentes de
desmatamento e lavra mineral, três frentes de exploração ilegal de
madeira e oito frentes de desmatamento, grilagem e invasão.

FONTE: <https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/noticias/2020/ibama-
aplicou-mais-de-r-45-milhoes-em-multa-por-exploracao-florestal-e-transporte-
de-madeira-ilegal-no-mato-grosso>. Acesso em: 28 jun. 2020.

O ICMBio é um órgão que possui o poder da polícia ambiental, porém, as


atividades são destinadas às áreas de Unidade de Conservação (UC). Cabe, ao
órgão:

Unidades de conservação: espaço territorial e seus recursos


ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

• Apresentar e editar normas e padrões de gestão de Unidades de


Conservação federais.
• Propor a criação, regularização fundiária e gestão das Unidades de
Conservação federais.
• Apoiar a implementação do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC).
• Fiscalizar e aplicar penalidades administrativas ambientais ou
compensatórias aos responsáveis pelo não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
• Monitorar o uso público e a exploração econômica dos recursos naturais
nas Unidades de Conservação nas quais isso for permitido, seguidas as
exigências legais e de sustentabilidade do meio ambiente.

88
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

Você já ouviu falar do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de


Conservação)? Instituído pela Lei nº 9.985, de 2000, é constituído pelo
conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais, com
as funções de proteger as espécies ameaçadas de extinção, contribuir para a
preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais, promover
o desenvolvimento sustentável, recuperar/restaurar os ecossistemas degradados
etc.

Em resumo, o SNUC atua para a proteção e a recuperação ambiental dentro


nas UCs, com vistas ao desenvolvimento sustentável.

As UCs se dividem em dois grupos em relação aos usos preponderantes:

• Unidades de Proteção Integral: preservar a natureza, sendo admitido


apenas o uso indireto dos recursos naturais, com exceção dos casos
previstos na Lei nº 9.985/2000.
• Unidades de Uso Sustentável: compatibilizar a conservação da natureza
com o uso sustentável da parcela dos recursos naturais.

Basta se lembrar do primeiro capítulo, quando falamos da diferença de


preservação e conservação.

Também é função, do ICMBio, implementar o Sistema Nacional de Informações


sobre o Meio Ambiente (SINIMA), programas de educação ambiental, dispositivos
e acordos internacionais relativos à gestão ambiental, além de propor e editar
normas de fiscalização e de controle das cavernas (patrimônio espeleológico) e a
elaboração do Relatório de Gestão das Unidades de Conservação.

Os órgãos seccionais são os Estados, que têm, como função, a execução


de programas e projetos, além da fiscalização e do controle de atividades que,
potencialmente, degradam a natureza. Os Estados possuem autonomia em
relação ao meio ambiente, podendo criar leis, sempre visando ao baixo impacto
das atividades. As leis estaduais não podem ser menos exigentes do que as leis
federais.

Os órgãos locais, os municípios possuem as mesmas responsabilidades


do que os órgãos seccionais, apresentando uma vantagem: por estarem mais
próximos da população, os debates ambientais podem e devem ser estendidos
para os moradores de uma determinada região, para que eles possam levantar
anseios e expectativas para a comunidade, podendo participar diretamente da
execução dos projetos ambientais.

89
GESTÃO AmBIENTAL

Com os intuitos de formar agentes multiplicadores e estimular a


adoção de práticas sustentáveis, a Prefeitura do Recife desenvolveu
o Programa Educar para uma Cidade Sustentável na rede municipal
de ensino. Desde 2014, aproximadamente, 140 escolas, creches
e CMEIs já passaram pelo programa. Cerca de 50 mil estudantes,
com idade entre 2 e 14 anos, foram sensibilizados acerca da
importância das esferas ecológica e sociocultural para a construção
de uma sociedade consciente e responsável. As atividades são
desenvolvidas durante o ano letivo nas unidades de ensino de forma
lúdica e transversal na sala de aula.

Como meio de promoção do programa, eles utilizam quatro


protetores da natureza que embarcam em aventuras para defender
o meio ambiente, acompanhados de uma garça azul e um robô
reciclado, formando a turma mangue e tal. Uma jornada pelo
enfrentamento e transformação dos problemas ambientais da cidade,
através da educação ambiental e das atitudes sustentáveis.

A Turma Mangue e Tal é baseada nas temáticas do verde


urbano, resíduos sólidos, água e biodiversidade. Para cada temática,
existe um personagem correspondente: Jô - Protetora das questões
relativas às áreas verdes, arborização, unidades de conservação e
do mangue; Dom - Protetor da natureza, responsável pelas atitudes
sustentáveis e boas práticas para a preservação do meio ambiente;
Riso - Protetora dos recursos hídricos, rios e ecossistemas, da praia,
do uso racional da água; Otto - Protetor dos animais; Düporto - Um
aratu gigante e cibernético, faz o transporte da Turma Mangue e
Tal (por terra, água ou ar); e Morena, uma garça azul, protetora dos
resíduos sólidos.

FONTE: <http://meioambiente.recife.pe.gov.br/educacao-
ambiental-0>. Acesso em: 28 set. 2020.

90
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

QUADRO 4 – LEIS AMBIENTAIS NO BRASIL


LEI TÍTULO OBJETIVO
Lei n° Lei do Parcelamento do Solo Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá
6.766/1979 Urbano outras providências.
Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambien-
Lei n° Política Nacional de Meio
te, seus fins e mecanismos de formulação e apli-
6.938/1981 Ambiente
cação, e dá outras providências.
Disciplina a ação civil pública de responsabilidade
por danos causados ao meio ambiente, ao consu-
Lei n°
Lei da Ação Civil Pública midor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
7.347/1985
histórico, turístico e paisagístico e dá outras pro-
vidências.
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Re-
Lei n° Política Nacional de Recur- cursos Hídricos, regula o inciso do XIX do Art. 21
9.433/1997 sos Hídricos da CF e altera o Art. 1° da Lei n° 8.001, de 13 de
março de 1990, que modificou a Lei n° 7.990, de
28 de dezembro de 1989.
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
Lei n°
Lei de Crimes Ambientais derivadas de condutas e atividades lesivas ao
9.605/1998
meio ambiente, e dá outras providências.
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Po-
Lei n° Política Nacional de Educa-
lítica Nacional de Educação Ambiental e dá outras
9.795/1999 ção Ambiental
providências.
Estabelece as diretrizes nacionais para o sane-
Lei n° Estabelece a Política Nacio-
amento básico; cria o Comitê Interministerial de
11.445/2007 nal de Saneamento Básico
Saneamento Básico.
Lei n° Novo Código Florestal Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e dá
12.651/2012 Brasileiro outras providências.
Lei das Estações Ecológicas; Dispõe sobre a criação de estações ecológicas,
Lei n°
Lei da Área de Proteção áreas de proteção ambiental e dá outras providên-
6.902/1981
Ambiental (APA) cias.
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
Lei Política Nacional de Resídu-
altera a Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,
n°12.305/2010 os Sólidos
e dá outras providências.
FONTE: A autora

Falaremos de algumas delas no Capítulo 3, mas, para fechar este capítulo, é


preciso conhecer a Lei de Crimes Ambientais.

Instituída através da Lei n° 9.605/1998, foi criada com o intuito de punir


qualquer dano ou prejuízo que seja realizado à flora, fauna, recursos naturais,
que cause poluição ou relacionado aos patrimônios culturais. As sansões

91
GESTÃO AmBIENTAL

ocorrem nas esferas administrativa e penal. A punição depende da extensão dos


danos ocasionados, podendo ser restrição de liberdade, prestação de serviços
comunitários e pagamento de multas.

Os crimes ambientais, de acordo com a resolução, estão divididos nas


seguintes categorias:

QUADRO 5 – TIPOS DE CRIMES AMBIENTAIS


Tipo de Crime Significados
São as agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em
rota migratória, como caça, pesca, transporte e comercialização sem au-
torização; os maus-tratos; a realização de experiências dolorosas ou cru-
éis com animais quando existe outro meio, independentemente do fim.
Contra a fauna
Agressões aos habitats naturais dos animais, como modificação, danifi-
cação ou destruição do ninho, abrigo ou criadouro natural. A introdução
de espécimes animais estrangeiras no país sem a devida autorização,
assim como a morte de espécimes devido à poluição.
Causar destruição ou danos à vegetação de APP, em qualquer estágio,
ou a UC; provocar incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender,
transportar ou soltar balões em qualquer área; extração, corte, aquisição,
venda, exposição para fins comerciais de madeira, lenha, carvão e outros
produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo;
Contra a flora extrair, de florestas de domínio público ou de preservação permanente,
pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a
regeneração natural de qualquer forma de vegetação; destruir, danificar,
lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou
em propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem
a devida autorização.
Poluição acima dos limites estabelecidos por lei, que provoque ou possa
provocar danos à saúde humana, mortalidade de animais e destruição
Poluição e outros significativa da flora. Ainda, aquela que torne locais impróprios para uso
crimes ambientais ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne necessária a interrup-
ção do abastecimento público e a não adoção de medidas preventivas
em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
Contra o ordena- A violação da ordem urbana e/ou da cultura também configura um crime
mento urbano e o ambiental.
patrimônio cultural

São as condutas que dificultam ou impedem que o Poder Público exerça


Contra a administração
a sua função fiscalizadora e protetora do meio ambiente, seja praticada
ambiental
por particulares ou por funcionários do próprio Poder Público.

FONTE: A autora

92
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

É importante enfatizar que tornar locais impróprios para ocupação humana,


mesmo que o fato em si ainda não tenha acontecido e há apenas o risco de
acontecer, já é considerado crime ambiental, passível de penalizações.

1 - Considerando o seu conhecimento, além da função do IBAMA,


discorra acerca do que poderia ser melhorado em relação à
fiscalização dos crimes ambientais.

R.:

2 - Considerando o derramamento de petróleo que ocorreu no litoral


do nordeste do Brasil, quais itens da Lei de Crimes Ambientais
ele infere? Quais as consequências desse acontecimento para o
meio ambiente?

R.:

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Mais uma unidade que finalizamos juntos. A segunda unidade já mostrou,
a você, a gestão ambiental de maneira mais aprofundada. Quantos conceitos
puderam ser verificados nesta unidade e que são fundamentais para o nosso
estudo.

Aprendemos que a gestão ambiental atua dentro das empresas, sendo um


marco orientador das atividades, de forma que elas não agridam o meio ambiente.
É uma grande aliada da preservação ambiental.

Conhecemos algumas ferramentas de gestão ambiental que se preocupam


desde a forma como a matéria-prima é concebida, não utilizando recursos naturais
de maneira exacerbada. Essas ferramentas também atuam evitando a produção
de resíduos, e se caso eles não puderem ser evitados, que sirvam de matéria-
prima para uma outra organização. A produção mais limpa, a ecoeficiência,
a avaliação do ciclo de vida, o ecodesign e a ecologia industrial foram essas
ferramentas.

93
GESTÃO AmBIENTAL

Você também estudou a economia ambiental e viu que existem métodos de


valorar os recursos ambientais, e que isso auxilia na formulação e implementação
de políticas públicas voltadas à preservação e à conservação ambiental.

Por fim, analisamos a Política Nacional do Meio Ambiente, nosso maior


instrumento ambiental. O SISNAMA vem para garantir que ela seja implementada.
Listamos, também, outras políticas ambientais, e você conheceu tudo que é
considerado crime dentro da Lei de Crimes Ambientais.

Vamos lhe esperar ansiosamente na terceira e última unidade do livro. Bons


estudos e até breve!

REFERÊNCIAS
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orientações para uso. 2015. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.
php/4940965/mod_resource/content/1/NBRISO14001.pdf. Acesso em: 18 jun.
2020.

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e estrutura. 2015. Disponível em: http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/
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no projeto e desenvolvimento do produto. 2004. Disponível em: https://
kupdf.net/download/abnt-iso-tr-14062-gest-atilde-o-ambiental-integra-
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produto_5afa584ee2b6f5e25b596c28_pdf. Acesso em: 2 fev. 2021.

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V. S.; LOUREIRO, G. E. Avaliação do ciclo de vida do queijo muçarela de um
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ALVES, I. J. B. R.; FREITAS, L. S. Análise comparativa das ferramentas de


gestão ambiental: produção mais limpa x ecodesign. In: LIRA, W. S.; CÂNDIDO,
G. A. Gestão sustentável dos recursos naturais: uma abordagem participativa.
Campina Grande: EDUEPB, 2013.

94
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

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industrial: um pouco de história. 2013. Disponível em: http://www.hottopos.com/
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Rural do Semi-Árido – UFERSA, 2013.

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J. C. O.; CARVALHO, I. L. P. de. Responsabilidade social empresarial: uma
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CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de


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conama/legiabre.cfm?codlegi=740. Acesso em: 2 fev. 2021.

95
GESTÃO AmBIENTAL

CONAMA. Resolução n° 420, de 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre


critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de
substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental
de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades
antrópicas. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=620. Acesso em: 2 fev. 2021.

CONAMA. Resolução n° 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre


a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, e estabelece as condições e padrões de lançamento de
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br/cepsul/images/stories/legislacao/Resolucao/2005/res_conama_357_2005_
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CONAMA. Resolução n° 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe sobre


licenciamento ambiental, competência da União, Estados e Municípios, listagem
de atividades sujeitas ao licenciamento, estudos ambientais, estudo de impacto
ambiental e relatório de impacto ambiental. Disponível em: https://www.icmbio.
gov.br/cecav/images/download/CONAMA%20237_191297.pdf. Acesso em: 2 fev.
2021.

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www.dicionariofinanceiro.com/gestao/#:~:text=Gest%C3%A3o%20%C3%A9%20
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agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Marques_valoracaoID-8c4EUMn3Bm.pdf.
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www.mma.gov.br/informma/item/7654-ecodesign.html#:~:text=%C3%89%20
todo%20o%20processo%20que,durante%20seu%20ciclo%20de%20vida. Acesso
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96
Capítulo 2 GESTÃO AMBIENTAL

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2020. Disponível em: https://petrobras.com.br/data/files/8A/14/5A/E3/
CDB03710A3C3FE272418E9C2/Politica_de_Responsabilidade%20Social_
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THOMAS, J. M.; CALLAN, S. J. Economia ambiental: fundamentos, políticas e


aplicações. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

TOYOTA. Política de responsabilidade social. 2020. Disponível em: https://


www.toyotaempilhadeiras.com.br/sobre-nos/politica-de-responsabilidade-social/.
Acesso em 18 set. 2020

97
GESTÃO AmBIENTAL

98
CAPÍTULO 3
INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Apresentar os instrumentos da gestão ambiental.


• Identificar as certificações ambientais vigentes.
• Descrever as formas de gerenciamento do meio ambiente.
• Conhecer a Avaliação de Impacto Ambiental, as metodologias e os instrumentos
de avaliação (EIA/RIMA).
• Definir educação ambiental e esclarecer o seu papel como um poderoso
instrumento de gestão ambiental.
• Esquematizar o funcionamento do licenciamento ambiental.
• Entender as certificações ambientais, a importância e o processo de auditoria.
• Aplicar ferramentas de Avaliação de Impacto Ambiental.
• Distinguir o Estudo de Impacto Ambiental do Relatório de Impacto do Meio
Ambiente.
• Avaliar os programas de educação ambiental nas organizações.
• Analisar os planos de gerenciamento ambiental a respeito dos resíduos sólidos
e dos recursos hídricos.
GESTÃO AmBIENTAL

100
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá, pós-graduando! Daremos início ao último capítulo do livro de Gestão
Ambiental. Esperamos que você esteja construindo o seu conhecimento a partir
desse material, que foi criado especialmente para você com todo o cuidado.

No Capítulo 3, falaremos dos instrumentos de gestão ambiental, começando


com a série ISO 14000, tão conhecida dentro das organizações quando se quer
alcançar a excelência na gestão do meio ambiente. Ela valida e certifica os
empreendimentos que se preocupam com a forma de utilização dos recursos
naturais. Você também conhecerá outros selos e certificações que buscam
validar produtos e serviços que buscam compatibilizar as atividades com o meio
ambiente.

Discorreremos, também, acerca do gerenciamento dos resíduos sólidos e


dos recursos hídricos, temas polêmicos na nossa sociedade, que merecem uma
atenção especial. Vivemos com uma crise socioambiental, os nossos recursos
estão se exaurindo e a poluição atinge as águas, solos, atmosfera, gerando
inúmeros malefícios ao meio ambiente e à qualidade de vida da população.

Este capítulo também mostrará a avaliação de impacto ambiental, a


classificação dos impactos ambientais e como é importante fazer a sua
caracterização para estudos ambientais que atuam com as funções de prevenção,
mitigação e compensação dos impactos. Você entenderá como acontece o
licenciamento ambiental, quem o processa, características e tipos de licenças.
Ainda, falaremos do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto
do Meio Ambiente (RIMA).

Por fim, encerraremos nosso livro abordando a educação ambiental. Você


conhecerá a política que a rege, características e tipos de educação ambiental.
Também entenderá como ela pode ser direcionada ao contexto das organizações,
como um elemento transformador de atitudes e de estilo de vida.

Desejamos, a você, mais um capítulo de aprendizados e de compartilhamento


de saberes. Um bom estudo!

101
GESTÃO AmBIENTAL

2 INSTRUMENTOS DE GESTÃO
AMBIENTAL
Olá, aluno! Ao longo dos capítulos anteriores, você ouviu falar da ISO 14001
e, agora, chegou o momento de conhecer a fundo. Preparado?

A série ISO 14000 é um conjunto de normas que foram desenvolvidas pela


International Organization for Standardization (ISO), traduzida, no Brasil, como
Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT). É responsável pelas normas
de gestão ambiental dentro das empresas.

O principal foco é o de implementar um SGA dentro das organizações, para


que se minimizem os danos que podem ser ocasionados pelos empreendimentos
através dos processos produtivos no meio ambiente. Uma empresa que consegue
obter a certificação ISO 14000 tem uma imagem empresarial de destaque,
pois sabe-se que são empresas que se preocupam com o meio ambiente e se
adequam a todos os requisitos necessários para ser eficientes e ambientalmente
corretas. Dentro da série, são observadas as seguintes normas:

• ISO 14001: Normas referentes à implementação do SGA.


• ISO 14004: Normas do SGA, porém, destinadas à parte interna da
empresa.
• ISO 14010: Normas relacionadas à auditoria ambiental e à credibilidade.
• ISO 14031: Normas de desempenho do SGA.
• ISO 14020: Normas relacionadas aos rótulos e declarações ambientais.

Para Barsano e Barbosa (2019), a ISO 14001 pode ser implementada em


qualquer empresa que tenha o intuito de:

• Implementar, manter e aprimorar um SGA.


• Assegurar-se da sua conformidade com a política ambiental definida.
• Demonstrar tal conformidade a terceiros.
• Buscar certificação/registro do sistema de gestão ambiental por uma
organização externa.
• Realizar uma autoavaliação e emitir autodeclaração de conformidade
com essa norma.

Legal saber que temos normas que visam à preservação e à conservação do


meio ambiente e que muitas empresas buscam obter a certificação. O que você
acha a respeito?

102
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

A ISO 14001 foi revisada a partir da versão anterior, de 2004, e agora possui
a versão mais recente, sendo de 2015. Entenda, rapidamente, como foi formulada
a estrutura:

1. Escopo: Esta norma especifica os requisitos para um sistema de


gestão ambiental que uma organização pode utilizar para melhorar o
desempenho ambiental. É destinada ao uso por uma organização que
procura gerir as responsabilidades ambientais de forma sistemática, o
que contribui para o pilar ambiental da sustentabilidade.
2. Referências normativas: Não há referências normativas.
3. Termos e definições: A norma cita diversas definições de termos (SGA,
política ambiental, organização, alta administração, parte interessada,
ambiente, aspecto ambiental, condição ambiental, impacto ambiental,
prevenção da poluição, obrigações de conformidade, risco etc.).

Interessou-se em conhecer todos esses termos? Dê uma olhada


na norma ISO 14001:2015, que você encontrará a definição de cada
um.

1. Contexto da organização: É necessário contextualizar, além de


determinar as questões externas e internas que são relevantes para o
propósito (o da empresa) e que afetam a capacidade de alcançar os
resultados pretendidos do sistema de gestão ambiental. Tais questões
devem incluir condições ambientais que podem afetar a organização ou
condições ambientais que podem ser afetadas pela organização.

Também é importante compreender as necessidades e expectativas das


partes interessadas (consumidores, trabalhadores, fornecedores). Nesta fase,
determina-se o escopo do SGA (determinar os limites e aplicabilidade). De acordo
com a norma, uma vez que o escopo for definido, todas as atividades, produtos e
serviços da organização, dentro desse escopo, precisam ser incluídos no sistema
de gestão ambiental.

Com relação ao SGA, para atingir os resultados pretendidos, incluindo


melhorar o desempenho ambiental, a organização deve estabelecer, implementar,
manter e melhorar, continuamente, um sistema de gestão ambiental, incluindo os

103
GESTÃO AmBIENTAL

processos necessários e as interações, em conformidade com os requisitos da


norma.

2. Liderança: A alta administração deve demonstrar liderança e


comprometimento com respeito ao SGA. Deve estabelecer, implementar
e manter uma política ambiental que esteja de acordo com o âmbito
definido no sistema de gestão ambiental.
3. Planejamento: A organização deve estabelecer, implementar e manter
o (s) processo (s) necessário (s) para a sustentabilidade, com isso, é
necessário definir os objetivos ambientais da empresa, além de criar um
planejamento para o alcance. No âmbito do sistema de gestão ambiental,
a organização deve determinar o potencial de situações de emergência,
incluindo aquelas que podem ter um impacto ambiental.

É preciso definir ações para enfrentar os riscos e oportunidades, conhecer os


aspectos ambientais e, com isso, os possíveis impactos ambientais que podem
ser ocasionados. Trabalhar com obrigações de conformidade e criar planos de
ação para cada objetivo a ser alcançado. Segue o exposto de como associar um
aspecto ambiental a um impacto.

FIGURA 1 – RELAÇÃO ASPECTO AMBIENTAL X IMPACTO AMBIENTAL

FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/384582/>. Acesso em: 4 out. 2020.

104
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Você pôde perceber que uma atividade pode ter vários aspectos relacionados
(serviço, elemento de um produto, atividade) e o que você faz com o aspecto
ambiental é o diferencial. Entender os possíveis impactos que os aspectos
ambientais podem ocasionar é a chave para a prevenção. Dessa forma, podem
ser evitados os impactos ambientais negativos. A seguir, traremos mais exemplos
de aspectos e impactos ambientais:

QUADRO 1 – EXEMPLOS DE ASPECTO E IMPACTO AMBIENTAL


Aspecto Ambiental Impacto Ambiental
Limpeza da empresa com uso de água Esgotamento dos recursos hídricos
Queima de carvão em um forno Emissão de fuligem
Vazamento de óleo Contaminação do solo/água
Morte da fauna e flora do entorno, alteração da
Incêndio (madeira, produtos inflamáveis)
qualidade do ar
Consumo de madeira Redução da disponibilidade do recurso natural
FONTE: A autora

4. Suporte (Incluindo recursos): A organização deve determinar e


prover os recursos necessários para estabelecimento, implementação,
manutenção e melhoria contínua do sistema de gestão ambiental.
Importante destacar a necessidade de toda documentação referente à
gestão ambiental estar devidamente documentada, além de um bom
processo de comunicação entre os stakeholders. Dentro da organização,
podem ser disponibilizados quadros de avisos mostrando as metas
ambientais e tudo que já foi alcançado, para que todos os colaboradores
tenham acesso à informação e que existam práticas de conscientização,
através de palestras, treinamento etc.
5. Operações: A organização deve estabelecer, implementar, controlar e
manter os processos necessários para atender aos requisitos do sistema
de gestão ambiental, além de estar apta a responder a situações de
emergência potencial identificadas.
6. Avaliação de desempenho: Tão importante quanto realizar um
planejamento e o executar é avaliar os resultados encontrados. Nesta
etapa, então entram o monitoramento, a medição, a avaliação da
conformidade, a auditoria interna e a análise crítica pela administração.
A organização deve avaliar o desempenho ambiental e a eficácia do
sistema de gestão ambiental que foi colocado em prática.
7. Melhoria: Nesta etapa, busca-se a melhoria dos processos, e se
trabalha para combater não conformidades. Caso elas aconteçam,
há a necessidade de implantação de ações corretivas, que devem ser
apropriadas para a importância dos efeitos das não conformidades
encontradas, incluindo o impacto ambiental.

105
GESTÃO AmBIENTAL

Não conformidade x Ação corretiva


Não conformidade: Não atendimento de um requisito
preestabelecido. Os requisitos variam entre os fatos considerados
externos (normas ISO, produtos fornecidos por um fornecedor) e os
internos (procedimentos e processos da organização).
Já a ação corretiva é utilizada quando se é detectada a
não conformidade, então, age-se para corrigir imediatamente a
irregularidade.

Por fim, busca-se atingir sempre a melhoria contínua, atuando na adequação


e na eficácia do SGA. Essa é a palavra-chave quando falamos de ISO 14001:
melhoria contínua. Não se esqueça dela!

Vimos, no Tópico 9, que da norma se faz necessária a ocorrência de auditorias


internas dentro das empresas. Você sabe como funciona esse processo?

Auditoria: processo sistemático, independente e documentado


para obter evidência de auditoria e a avaliar objetivamente para
determinar a extensão com que os critérios de auditoria estão sendo
cumpridos (ABNT, 2015).

As auditorias ocorrem internamente, sendo realizadas pela própria


organização, e, também, podem ser externas, no caso, uma entidade externa
realiza o processo. Elas surges da necessidade de analisar as questões ambientais
que fazem parte da empresa, dessa forma, os processos são monitorados e
avaliados com uma frequência estabelecida.

Segundo Barsano e Barbosa (2014), as auditorias atuam no sentido de


detectar problemas e oportunidades, como:

• Fontes de poluição e medidas de controle e prevenção.


• Uso de energia e água e medidas de economia.
• Processos de produção e distribuição.

106
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

• Pesquisas e desenvolvimento de produtos.


• Uso, armazenagem, manuseio e transporte de produtos controlados.
• Subprodutos e desperdícios.
• Estações de tratamento de águas residuárias (esgoto).
• Sítios contaminados.
• Reformas e manutenções de prédios e instalações.
• Panes, acidentes e medidas de emergência e mitigação.
• Saúde ocupacional e segurança do trabalho.

A certificação só é obtida após a realização da auditoria externa, através de


entidades credenciadas pelo Inmetro. Analisa os processos e pode, ao fim, afirmar
se o SGA atende a todos os requisitos que estão dispostos na norma.

Se for detectado que há pendências a serem sanadas, o auditor pode


conceder um prazo para que sejam reparadas, mas, atenção, isso só vale se for
a primeira vez que a organização tenta obter a certificação. Depois de receber o
certificado, há validade de três anos e conta com auditorias de manutenção para
garantir que o SGA cumpra tudo o que foi estabelecido.

Todo o cronograma das auditorias ambientais deve ser realizado de forma


que se baseie na importância ambiental da atividade desenvolvida, além da
utilização dos resultados das auditorias anteriores (BARSANO; BARBOSA, 2014).

A rotulagem ambiental também é um elemento importante dentro da


conservação ambiental, principalmente, para o consumidor, pois pode ser atestado
que os processos produtivos ocorrem de forma a preservar e a conservar o meio
ambiente. É certificada através da norma ISO 14020, que tem, na rotulagem
ambiental, uma ferramenta de comunicação com o intuito de mostrar, aos
consumidores, produtos que foram fabricados com poucos impactos ambientais.
É necessário que o uso se dê de forma ética e transparente. A função, portanto,
é a de comunicar os benefícios ambientais de um produto/embalagem, e, com
isso, aumentar a demanda por esse tipo de produto, promovendo a educação e o
desenvolvimento sustentável.

A ISO 14020 contém princípios básicos em relação aos diferentes tipos de


rotulagem ambiental, apontando que a Avaliação de Ciclo de Vida, sempre que
apropriada, deve fazer parte do contexto. Assim, a rotulagem ambiental pode ser
classificada de três maneiras (COLANTONIO; PAULA; JABUR, 2019):

• Rotulagem Ambiental do Tipo I (ISO 14024): Clássicos: seguem todos


os requisitos da norma ISO para selos verdes. Outros selos verdes Tipo I, sem
cumprir todos os requisitos da norma: contêm alguns, mas nem todos os requisitos

107
GESTÃO AmBIENTAL

(por exemplo, podem ter auditoria e elaboração de critérios múltiplos por terceiras
partes, mas não ter considerações do ciclo de vida). Ex.: FSC, EcoSocial, Ecocert
etc.

QUADRO 2 – EXEMPLOS DE ROTULAGENS AMBIENTAIS


SIGLA NOME FUNÇÃO
É um movimento global que pretende redefinir o con-
ceito de sucesso nos negócios e identificar empresas
que usem o poder para solucionar algum tema so-
Sistema B
cial e ambiental.

Todo empreendimento ligado às operações de ma-


nejo florestal e/ou à cadeia produtiva de produ-
tos florestais, que cumpra com os princípios e critérios
Cerflor
do FSC, pode ser certificado. Atualmente, existem três
modalidades de certificação: Manejo Florestal, Ca-
deia de Custódia, Madeira Controlada.
Tem o objetivo de definir práticas agrícolas corretas e
que causem o menor impacto possível à saúde dos
Rainforest consumidores. Ainda, estabelecer normas para gestão
Alliance do meio ambiente e dos trabalhadores envolvidos com
a atividade produtiva.

Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo


Florestal, em português). O FSC promove uma ges-
tão florestal responsável e o uso racional da
FSC
floresta, a partir de várias normas denominadas de
Princípios e Critérios, que pretendem garantir, a longo
prazo, a existência da floresta.
É uma organização de certificação orgânica. Mesmo
sendo baseada na Europa, realiza inspeções em mais
de 80 países, o que a tornou uma das maiores
ECOCERT
organizações de certificação orgânica do
mundo.

108
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Uma das certificações mais conhecidas é o PROCEL


– Programa Nacional de Conservação de
Energia Elétrica, que tem, como finalidade, ser uma
PROCEL ferramenta simples e eficaz que permite, ao consumi-
dor, conhecer, entre os equipamentos e os eletrodo-
mésticos à disposição no mercado, os mais eficientes e
que consomem menos energia.
Esse selo confere o quanto um produto é orgânico, ou
seja, para conquistar essa certificação, o pro-
Produto dutor teve de seguir uma série de requi-
Orgânico sitos para a plantação, garantindo que todo o
Brasil desenvolvimento das plantas seja realizado de acordo
com os manuais, sem qualquer intervenção química,
desde a plantação até a embalagem final.
Esse certificado garante que o alimento vem de produ-
tores que atendem a exigências de bem-estar animal.
Certified
Para melhorar a vida dos animais criados em fazendas
Humane
e granjas, direcionando a demanda do mercado para
Brasil
produtos elaborados com práticas mais humanizadas e
responsáveis de criação.
Esse selo certifica empresas que se preocupam com a
logística reversa das embalagens de empresas de todo
o Brasil, ou seja, como elas se atentam ao destino final
Eureciclo
de embalagens geradas por empresas e a marginaliza-
ção dos agentes da cadeia de reciclagem.

FONTE: <https://basesustentabilidade.org/selos-de-sustentabilidade-descubra-
quais-sao-e-a-importancia-deles-na-sua-vida/>. Acesso em: 15 maio 2020.

• Autodeclarações ambientais (Rotulagem do Tipo II) (ISO 14021): São


autodeclarações feitas pelos produtores, importadores, distribuidores,
ou qualquer entidade que se beneficie desse tipo de declaração nos
mercados sem ter sido feita uma certificação de terceira parte. Ex.: 100%
orgânico, produto longa vida, conserva água, degradável, percentual de
material reciclado utilizado.

109
GESTÃO AmBIENTAL

FIGURA 2 – EXEMPLO DE AUTODECLARAÇÃO: PERCENTUAL


DE MATERIAL RECICLADO UTILIZADO

FONTE: <http://www.abre.org.br/wp-content/uploads/2012/07/
cartilha_rotulagem.pdf>. Acesso em: 20 out. 2020.

• Declarações Ambientais do Tipo 3 (ISO 14025): Consistem em


enunciados públicos de dados quantificados acerca do produto e que
facilitam a escolha do consumidor. Ex.: consumo de energia ou de
recursos naturais por geladeiras, máquinas de lavar roupa etc.

Você pôde perceber que são vários os selos e certificações ambientais


que asseguram a origem e os processos dos produtos. Cabe, ao consumidor, a
responsabilidade por obter produtos e serviços de empresas que se preocupam
com o meio ambiente, que realizam atividades levando em consideração aspectos
e impactos ambientais.

1 - Na sua opinião, qual a importância de se adquirir a certificação


ISO 14001?

R.:

2 - Levando em consideração os aspectos ambientais, dentro do seu


ambiente laboral, quais aspectos podem ser identificados e quais
impactos eles podem ocasionar?

R.:

3 - Identifique selos e certificações ambientais nos produtos que você


consome e destaque a importância.

R.:

110
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

3 GERENCIAMENTO AMBIENTAL
É preciso dedicar um pouco de tempo, neste momento, para refletir acerca
das questões que envolvem as formas de prevenção ambiental. A maneira como
os recursos naturais precisam ser gerenciados para que não ocorra degradação
ambiental.

É muito comum a utilização dos termos gestão ambiental e gerenciamento


ambiental como sinônimos, porém, entenderemos, agora, que eles não possuem
o mesmo significado.

O gerenciamento ambiental é uma parte da gestão ambiental. É constituído


como as ações realizadas para regular o uso, o controle, a conservação e a
preservação do meio ambiente, além de, também, ser utilizado para avaliar a
conformidade dos processos, de acordo com as políticas ambientais vigentes.

Conseguiu perceber a diferença? Temos a certeza de que você não utilizará


mais esses dois termos como sinônimos. Então, é preciso discorrer, agora, a
respeito da gestão dos resíduos sólidos e dos recursos hídricos.

Vimos, no Capítulo 2, que, em 2010, foi instituída a Política Nacional de


Resíduos Sólidos (PNRS), através da Lei n° 12.305/2010. Essa política é um
grande instrumento quando falamos da gestão e do gerenciamento dos resíduos
sólidos. Por falar nisso, gestão e gerenciamento em relação aos resíduos sólidos
têm o mesmo significado? Esperamos já saber a sua resposta. Veja o que diz a
PNRS:

X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações


exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte,
transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada
dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada
dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos;
XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações
voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma
a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural
e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento
sustentável.

111
GESTÃO AmBIENTAL

Quando falamos do resíduo sólido, apenas estamos tratando de produtos


sólidos? Isso é uma dúvida comum, mas os resíduos sólidos são qualquer
“material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas
em sociedade, cuja destinação final se procede, propõe-se proceder ou se está
obrigada a proceder, nos estados sólido ou semissólido, além dos gases contidos
em recipientes e líquidos”. Já os rejeitos são os “resíduos sólidos que, depois de
esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada”. Então, nada
de chamar mais esses materiais de lixo, use a nomenclatura correta!

Os resíduos sólidos são classificados de acordo com a origem, conforme


destacado a seguir:

FIGURA 3 – CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE ACORDO COM A ORIGEM

FONTE: <https://www.researchgate.net/publication/325134500_Denim_residuo_
solido_da_industria_textil_brasileira_acoes_sustentaveis_sob_o_olhar_do_design/
figures?lo=1&utm_source=google&utm_medium=organic>. Acesso em: 28 set. 2020.

Ainda, são classificados levando em consideração a periculosidade, como


resíduos perigosos, aqueles que, em razão das características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade,
teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública
ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica.
Assim, os resíduos não perigosos. Veja, a seguir, o significado desses termos:
112
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

QUADRO 3 – TERMOS UTILIZADOS NA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS


Termos Significados
Inflamabilidade Qualidade ou estado do que é inflamável (pode pegar fogo).
Corrosividade São substâncias que apresentam uma severa taxa de corrosão ao aço. Evi-
dentemente, tais materiais são capazes de provocar danos, também, aos te-
cidos humanos.
Reatividade Propriedade de reagir.
Toxicidade Tudo aquilo que possa contaminar e que é perigoso ou nocivo para a saúde.
Patogenicidade A capacidade de um patógeno de provocar alterações nos organismos hos-
pedeiros infectados.
Carcinogenicidade Refere-se ao poder, habilidade ou tendência para produzir câncer.
Teratogenicidade Um teratogêno é qualquer agente, incluindo fatores ambientais, que causa um
anormal desenvolvimento pré-natal.
Mutagenicidade Potencial das substâncias de induzirem mutações no homem que podem ser
transmitidas, via células germinativas, para as gerações futuras ou evoluir e
causar câncer.
FONTE: A autora

Uma característica marcante que a PNRS trouxe foi a implantação do sistema


de logística reversa. Consumidores, comerciantes, distribuidores e fabricantes
têm uma responsabilidade dentro desse sistema.

A logística reversa é definida como “instrumento de desenvolvimentos


econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor
empresarial, para reaproveitamento, no seu ciclo ou em outros ciclos produtivos,
ou outra destinação final ambientalmente adequada” (BRASIL, 2010).

Os produtos que possuem a obrigatoriedade de realizar o sistema de logística


reserva são os destacados a seguir:

• Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos


cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas
as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou
regulamento.
• Pilhas e baterias.
• Pneus.
• Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens.
• Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista.
• Produtos eletroeletrônicos e os seus componentes.

113
GESTÃO AmBIENTAL

Nesses casos, os consumidores precisam fazer a devolução desses


produtos após a utilização aos comerciantes ou distribuidores. Já os comerciantes
e distribuidores devem efetuar a devolução aos fabricantes e importadores dos
produtos. Estes, por vez, dão a destinação final ambientalmente adequada
aos produtos e embalagens. Dessa forma, os produtos não são destinados de
qualquer maneira no meio ambiente, causando poluição e contaminação.

Alguns fatores precisam ser implementados para que a logística reversa


possa ter êxito, como:

• Implantar procedimentos adequados de compra dos produtos ou


embalagens que já foram utilizadas.
• Acesso a pontos de entrega aos resíduos que fazem parte da logística
reversa.
• Parceria com cooperativas de catadores de resíduos sólidos para
obtenção do material.

Vamos conhecer algumas empresas que já possuem a logística


reversa consolidada nas suas operações. Curioso?

Mc Donalds: Faz a logística reversa com o óleo que é utilizado


para fritar as batatas. Conveniada à empresa Martin-Brower, todo o
óleo utilizado é recolhido pelos caminhões, que fazem a análise do
produto. Posteriormente, o óleo é direcionado para uma usina que o
transforma em biocombustível, utilizado para abastecer os próprios
caminhões da empresa.

HP: Através do programa HP Planet Partners Brasil, é agendada,


com o cliente, uma data para que possa ser realizada a devolução
de cartuchos e toners que já foram utilizados. Assim, o material
retorna para a empresa, que faz o processamento desse material e
o transforma em novos produtos da marca, como cartuchos e peças
para as impressoras.

Pneus Bridgestone: os pneus, ao chegarem no fim da vida


útil, retornam à empresa, que realiza a trituração e a picotagem do
material para a reutilização. Estes não podem ser utilizados para
fabricar os pneus novamente, pois a borracha perde as propriedades,
então, ela é encaminhada para a fabricação de solados de sapatos,

114
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

borrachas para vedação e para peças de reposição na indústria


automobilística e na fabricação de asfaltos.

FONTE: <https://eescjr.com.br/blog/5-empresas-exemplos-
de-logistica-reversa/>. Acesso em: 18 out. 2020.

Quando falamos de resíduos sólidos, é muito comum associarmos a política


dos 5 Rs. Ela é muito difundida nas organizações, e cada um dos 5 Rs possui um
significado diferente:

• Reciclar: fazer com que o material, depois de utilizado, possa ser


transformado em outros produtos, com isso, entrando na cadeia produtiva
novamente.
• Reduzir: comprar menos, apenas o que for realmente necessário.
• Recusar: não comprar para atender a um desejo de consumo.
• Reutilizar: transformar um material que já foi usado em outro objeto, ou
para outro uso. Ex.: garrafa de bebida ser transformada em jarro.
• Repensar: o mais importante de todos os Rs. Precisamos repensar
nossos padrões de consumo. Será que eu realmente preciso consumir
tudo isso? É necessária uma reflexão profunda a respeito, conforme
falamos no Capítulo 1.

Ao realizar essa mudança de consumo, de produção, é possível diminuir a


extração de recursos naturais para a fabricação de mais produtos. Com isso, há,
também, a redução de materiais, que são disponibilizados nos aterros sanitários.
Além disso, também são reduzidos os gastos com o tratamento do lixo.

O gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos pode trazer graves


consequências à saúde da população e ao meio ambiente. Resíduos dispostos
em lixões, em cursos de água, no solo, causam problemas de contaminação nos
recursos naturais e que se transformam em doenças para as pessoas.

Perigo de contaminação de mananciais de água potável, sejam superficiais


ou subterrâneos, e de disseminação de doenças, por intermédio de vetores que
se multiplicam nos locais de disposição de papel, garrafas e restos de alimentos,
criando um ambiente propício para a proliferação, provocando diversas doenças
para o ser humano (BARSANO; BARBOSA, 2014).

Você se lembra de que falamos que alguns elementos, como pilhas,


baterias, precisam de logística reversa? Esses equipamentos possuem uma

115
GESTÃO AmBIENTAL

grande quantidade de metais pesados (chumbo, mercúrio, níquel, cádmio) na


composição que, ao serem descartados de qualquer forma no meio ambiente,
podem ocasionar sérios problemas. Veja na matéria a seguir:

Dados da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) apontam que o


Brasil utiliza 1,2 bilhão de unidades de pilha anualmente, sendo 40%
deste número vindo da produção falsificada, ou seja, fora do controle
da legislação e contendo nível maiores de metais em composição.

O descarte inapropriado faz com que as pilhas fiquem expostas


para sofrer deformações nas cápsulas, gerando o vazamento do
lixo tóxico composto no interior. O líquido presente no interior dos
dispositivos se trata de um produto não biodegradável e sem
decomposição, que ocasiona a contaminação quando é despejado
sob o solo, lençol freático, rios e o percurso d’água, sendo prejudicial
à hidrografia e à agricultura, o que causa danos irreparáveis no meio
ambiente e nas plantações.

Na saúde humana, a contaminação que o contato com esses


metais gera é no desenvolvimento de graves e sérias doenças.
Dentre elas, estão diversas mutações genéticas, problemas em todo
o sistema nervoso central e, se não for detectado rapidamente, a
contaminação pode gerar até o câncer.

FONTE: https://www.dinamicambiental.com.br/blog/reciclagem/conheca-os-
perigos-do-descarte-incorreto-de-pilhas/. Acesso em: 29 maio 2020.

Todo resíduo precisa ser devidamente acondicionado e descartado de


forma adequada para que não ocorram esses problemas. Nas empresas, é muito
comum ver os coletores de materiais recicláveis com a devida separação pelo tipo
de resíduo. Os resíduos que têm potencial de reciclagem devem ser destinados a
cooperativas de catadores, que fazem a triagem e encaminham para os centros
de reciclagem dos produtos.

116
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

FIGURA 4 – SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NAS EMPRESAS

FONTE: <https://www.cbm.df.gov.br/5408-o-papa-cartao-esta-
no-cemev-e-na-dinvi>. Acesso em: 11 out. 2020.

Saindo, agora, da temática de resíduos sólidos, entraremos em outro tipo de


gerenciamento ambiental, o dos recursos hídricos.

A água é um elemento fundamental para a existência da vida, dependemos


dela para a hidratação do nosso corpo, cozinhar os alimentos, realizar a higiene
corporal, para os processos industriais, dentre outras tantas aplicações. Diante
disto, falaremos da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Instituída
através da Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997, tem, como objetivos: assegurar, à
atual e às futuras gerações, a necessária disponibilidade de água, em padrões de
qualidade adequados aos respectivos usos; a utilização racional e integrada dos
recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável; e a preservação e
a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do
uso inadequado dos recursos naturais.

A água é considerada um recurso natural renovável, porém, a má utilização


desse recurso já mostra que não temos água em qualidade e quantidade
suficientes para todas as pessoas do planeta. Regiões, como o Nordeste do
Brasil, sofrem com a falta de água. Ilhas insulares, como Fernando de Noronha
(PE), precisam utilizar um sistema de dessalinização da água do mar para o
acesso a esse recurso.

Dentro da PNRH, foram definidos instrumentos de execução, listados a


seguir:

117
GESTÃO AmBIENTAL

• Planos de recursos hídricos.


• Enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes da água.
• A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos.
• A cobrança pelo uso de recursos hídricos.
• O sistema de informações de recursos hídricos.

A outorga de uso da água, de acordo com Braga (2009, p. 67), “é um ato


administrativo de autorização, mediante o qual o poder público outorgante faculta,
ao outorgado, o direito de uso do recurso hídrico por prazo determinado, nos
termos e condições expressos no respectivo ato”. Assim, a outorga tem a função
de assegurar os controles quantitativo e qualitativo dos recursos hídricos.

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos possui a competência para editar


as normas dos critérios gerais na autorização do uso das águas. Ao ceder o uso,
este deve garantir que se tenha uma reserva hídrica remanescente, no sentido de
preservar a fauna e o equilíbrio ambiental aquático. Na esfera federal, é a Agência
Nacional da Águas (ANA) que tem o poder de outorga.

O Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SNGREH)


tem, como objetivos: coordenar a gestão integrada das águas; arbitrar,
administrativamente, os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; planejar, regular e
controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; e promover
a cobrança pelo uso de recursos hídricos.

FIGURA 5 – SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO


DOS RECURSOS HÍDRICOS (SNGREH)

FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/2748901/>. Acesso em: 15 out. 2020.

118
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

No âmbito nacional, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH),


o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Secretaria de Recursos Hídricos e
Ambiente Urbano realizam a formulação de políticas relacionadas com os recursos
hídricos. Já para a implementação, a ANA e as agências de bacias possuem essa
responsabilidade.

Tratando-se da esfera estadual, os Conselhos Estaduais de Recursos


Hídricos, com as secretarias de Estado, formulam as políticas estaduais, deixando,
para as entidades estaduais e as agências de bacia, a missão de as implementar.

As águas podem ser utilizadas para diversas finalidades, como poderemos


ver de acordo com a ANA. As águas são classificadas para os seguintes usos:

QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS


A irrigação é uma prática da agricultura adotada para suprir a deficiência
total ou parcial da água utilizada para a produção. A agricultura irrigada é o
uso que mais consome água no Brasil e no mundo. No nosso país, a prática
Irrigação
obteve forte expansão com o apoio de políticas públicas, a partir das décadas
de 1970 e 1980. O Brasil está entre os países com maior área irrigada do
planeta.
O Brasil é um dos países com maior disponibilidade de água, porém, grande
parte desse recurso está concentrada em regiões onde há menor quantidade
de pessoas.

Abastecimento
Nos grandes centros urbanos, há elevada densidade populacional e forte
demanda pelos recursos hídricos, que, em muitos casos, são atingidos pela
poluição e, por consequência, há uma piora considerável na qualidade da
água, tornando o abastecimento nas cidades um grande desafio.
A intensidade do uso da água no setor industrial depende de vários fatores:
o tipo de processo e de produtos, a tecnologia utilizada, as boas práticas
e a maturidade da gestão. Em bacias, como a do Rio Tietê e a da Região
Indústria
Hidrográfica do Paraná, por exemplo, esse é o uso principal, correspondendo
a cerca de 45% da vazão de retirada da bacia, de acordo com estimativas
realizadas pela ANA.
Com um dos maiores potenciais hidrelétricos do mundo, o Brasil possui diver-
sos empreendimentos no setor, classificados em três tipos, de acordo com a
capacidade de geração de energia:

Hidroeletricidade
▪ Central Geradora Hidrelétrica (CGH), com menor capacidade de geração.
▪ Pequena Central Hidrelétrica (PCH).
▪ Usina Hidrelétrica (UHE), com maior capacidade produtiva de energia.

119
GESTÃO AmBIENTAL

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico regula o uso de águas


da União (interestaduais, transfronteiriças e reservatórios federais) pelo setor
Saneamento de saneamento e realiza estudos da água e dos esgotos. Com a aprovação
do novo marco legal do saneamento básico, a Agência passará a emitir
normas de referência para o setor.
Qualquer atividade humana que altere as condições naturais das águas é
Outros usos considerada um tipo de uso. Cada tipo de uso pode ser classificado como uso
consuntivo ou não consuntivo.
FONTE: <https://www.ana.gov.br/usos-da-agua/saneamento>. Acesso em: 15 out. 2020.

Todas as pessoas precisam de água de alguma forma, pensando nisso,


foi estabelecido, pela Resolução CONAMA n° 357/2005, o enquadramento
dos cursos de água em classes de uso. As águas são consideradas na Classe
Especial quando o uso se destina ao abastecimento para consumo humano; à
preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e à preservação
dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.

As águas da Classe 1 são destinadas ao abastecimento de consumo


humano, após tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à
recreação de contato primário (natação, esqui aquático, mergulho); à irrigação de
hortaliças; e à proteção das comunidades aquáticas em terras indígenas.

As águas da Classe 2 são destinadas ao abastecimento do consumo


humano, após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas;
à recreação de contato primário; à irrigação de hortaliças; e à aquicultura da
atividade pesqueira.

As de Classe 3, ao abastecimento para consumo humano, após tratamento


convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas
e forrageiras, à pesca amadora; à recreação de contato secundário; e à
dessedentação de animais.

Por fim, a Classe 4 se destina à navegação e à harmonia paisagística.


Percebeu que quanto maior o número da classe, menor é a qualidade da água?
Pois é, essa é a lógica do enquadramento dos corpos de água, quanto menor
a classificação, mais exigentes são os padrões de balneabilidade. Assim, a
resolução “busca assegurar, às águas, qualidades compatíveis com os usos
mais exigentes e, simultaneamente, diminuir os custos de combate à poluição”
(MACHADO; KNAPIK; BITENCOURT, 2019, p. 261).

Essa classificação, segundo Braga (2009), foi criada com o intuito de


atender às necessidades das comunidades e à preservação do meio ambiente.

120
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Estabeleceram-se, assim, os níveis de pH, turbidez, temperatura, Demanda


Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (BDO), coliformes
fecais e totais e mais de 76 parâmetros.

Preservar as águas não é tarefa fácil, mesmo com todo esse arcabouço legal
implementado.

1 - Quanto aos resíduos sólidos, podemos afirmar que:

a) Possuem a mesma classificação, portanto, as formas de


destinação seguem o mesmo procedimento.
b) Os resíduos industriais podem ser depositados em lagos e rios.
c) A logística reversa é um procedimento de responsabilidade apenas
do fabricante.
d) As pilhas e baterias devem ser destinadas nos lixões, para que
não causem impacto ambiental.
e) Resíduo no estado semi-sólido também é considerado um resíduo
sólido.

2 - Qual o papel da Agência Nacional das Águas (ANA) no


gerenciamento dos recursos hídricos?

R.:

4 AVALIAÇÃO DE IMPACTO
AMBIENTAL
A avaliação de impacto ambiental (AIA) é um instrumento de gestão
ambiental muito utilizado, e atua de maneira preventiva em relação aos impactos
ambientais. É aplicado em projetos e empreendimentos que são instalados e que
podem trazer impactos negativos, de forma que sejam minimizados os efeitos
deletérios.

De acordo com Sánchez (2013, p. 22), a AIA “é apresentada, seja como


instrumento analítico, seja como processo (ou ambos), visando antever possíveis
consequências de uma decisão”. Atua com o processo decisório, o qual precisa,
também, do envolvimento do público.

121
GESTÃO AmBIENTAL

QUADRO 5 – DEFINIÇÕES DE AIA


Um processo de exame e de negociação do conjunto das consequências de um projeto (Leduc e
Raymond, 2000).
Avaliação de propostas quanto às implicações em todos os aspectos do ambiente, do social ao
biofísico, antes que sejam tomadas decisões sobre essas ações, e a formulação de respostas
apropriadas às questões levantadas na avaliação (Morgan, 2012).
Um processo sistemático que examina, antecipadamente, as consequências ambientais de ações
humanas (Glasson et al., 1999).
A apreciação oficial dos prováveis efeitos ambientais de uma política, programa ou projeto e medi-
das a serem adotadas para proteger o ambiente (Gilpin, 1995).
FONTE: Adaptado de Sánchez (2013)

Seja qual for a definição que você resolva adotar, perceba que todas falam
da antecipação, da prospecção. É o caráter prévio e de prevenção que prevalece
na literatura ao se abordar a AIA.

No Brasil, a AIA vem se estabelecer a partir da Política Nacional do Meio


Ambiente, direcionada, ao CONAMA, uma série de atribuições, como a criação
da Resolução 01/86. Nessa Resolução, foi estabelecida uma lista de atividades
sujeitas ao AIA como condição para o processo de licenciamento ambiental.
Conheceremos, mais adiante, essas atividades e como se processa o AIA.

Ao longo do livro, você se deparou com inúmeras passagens nas quais


falamos dos impactos ambientais, consequências, causas e exemplos, mas,
até então, não havíamos feito a classificação. Veja, então, como os impactos
ambientais podem ser classificados:

FIGURA 6 – CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

FONTE: A autora

122
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Com relação à abrangência, o impacto pode ser:

• Local: quando está localizado na área diretamente afetada.


• Regional: quando está localizado na área de influência direta.
• Estratégico: quando extrapola as áreas de influências.

Com relação a reversibilidade, é classificada em:

• Reversível: pode retornar à situação original de antes do impacto.


• Irreversível: não tem como ser revertida ao estado de antes da ocorrência
do impacto, mesmo se a fonte causadora cessar as atividades.

De acordo com o prazo de manifestação:

• Imediato: aparece no instante em que a ação ocorre (Ex.: ruído, poeira).


• Médio prazo: os efeitos são observados após um período médio a partir
do início do impacto.
• Longo prazo: os efeitos são observados após um período longo a partir
do início do impacto (Ex.: modificação do regime de um rio).

A magnitude é considerada a grandeza do impacto em termos absolutos,


podendo ser definida como a medida de alteração de um atributo ambiental, em
termos quantitativos e qualitativos.

• Magnitude fraca: 1 a 3.
• Magnitude média: 4 a 7.
• Magnitude forte: 8 a 10.
• Variável: pode variar segundo as diferentes intensidades das ações
geradas, provocando efeitos de magnitudes diferentes.

Por exemplo, se um determinado empreendimento ocasionar alterações


na comunidade vegetal e deslocamento de populações em uma área de cava,
para o impacto, isso é irreversível, com efeitos imediatos, e, em médio prazo,
com abrangência local. Já para a perturbação da fauna terrestre, os impactos se
mostram temporários, imediatos, locais, reversíveis e de baixa magnitude. Todas
as situações precisam ser avaliadas para um diagnóstico efetivo antes que o
impacto, de fato, aconteça.

123
GESTÃO AmBIENTAL

Ao estudar a classificação dos impactos ambientais, deve-


se levar em consideração as seguintes áreas, de acordo com a
Resolução CONAMA n° 001/86: Área de Influência Indireta (AII)
- corresponde à área real ou potencialmente sujeita aos impactos
indiretos da operação e ampliação do empreendimento; Área de
Influência Direta (AID) - corresponde à área que sofrerá os impactos
diretos da operação e ampliação do empreendimento; e Área
Diretamente Afetada (ADA) - corresponde à área que sofrerá a ação
direta da operação e/ou ampliação do empreendimento. Para uma
melhor visualização, observe o exposto a seguir, para entender como
essas áreas ficam delimitadas.

FIGURA 7 – ÁREAS DE INFLUÊNCIA NO ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL

FONTE: <https://www.saoluis.ma.gov.br/midias/anexos/1440_3._area_
de_influencia_do_empreendimento.pdf>. Acesso em: 18 out. 2020.

Agora, entenderemos em que área a Avaliação de Impacto Ambiental deve


ser empregada, dentro dos processos de licenciamento ambiental através do
Estudo do Impacto Ambiental.

Licenciamento Ambiental

Que tal entendermos o licenciamento ambiental?! Você já ouviu falar?


O que é uma licença? Quais as características? Qual a função? Só existe um
tipo de licença? Eu preciso licenciar o meu empreendimento? Tenha calma...
Responderemos agora. Preparados? Vamos lá!

O licenciamento ambiental é um dos instrumentos propostos pela PNMA, que


ganha reforço com as resoluções CONAMA n° 001, de 1986, e n° 237, de 1997, e
com a Lei Complementar n° 140, de 2011, que fixa normas de cooperação entre
as esferas federais, estaduais e municipais em prol do meio ambiente.

124
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

De acordo com a resolução CONAMA n° 237/1997, define-se licenciamento


ambiental como: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma,
possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e
regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Todo empreendimento ou atividade, que seja potencialmente poluidor,


precisa passar pelo processo de licenciamento ambiental. Dentre as atividades,
destacam-se:

• Hidrelétricas.
• Ferrovias.
• Rodovias.
• Aeroportos.
• Oleodutos e gasodutos.
• Atividades de extração de petróleo e minérios.
• Portos.
• Construção de distrito industrial.
• Projetos agropecuários.
• Projetos urbanísticos com mais de 100 hectares.
• Aterros sanitários.

Todas as atividades e empreendimentos (mesmo que não sejam


listados) precisam passar por uma consulta com o órgão ambiental
competente. Pode ser até que não passem por todo o processo
de licenciamento, mas pode ser necessária a utilização de algum
instrumento de avaliação de impacto ambiental, como o Relatório
Ambiental Simplificado (RAS), Relatório Ambiental Preliminar (RAP),
Plano de Controle Ambiental (PCA), Avaliação Ambiental Integrada
(AAI) etc.

125
GESTÃO AmBIENTAL

Ainda, de acordo com o CONAMA n° 237/1997, a licença ambiental é


caracterizada como ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão
ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar,
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadores dos recursos
ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou aqueles que,
sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

Existem três tipos de licenças, dependendo da fase em que o empreendimento


se encontra:

Licença de Prévia (LP): É a primeira licença. Deve aprovar a localização e a


concepção do projeto do empreendimento ou da atividade, por meio da viabilidade
ambiental. Estabelecem-se os requisitos básicos e as condicionantes que devem
ser atendidas nas próximas fases. Não pode ser superior a 5 (cinco) anos.

Licença de Instalação (LI): É a licença que autoriza a instalação do


empreendimento, o início das obras para a construção do empreendimento ou
atividade. Isso se dá diante das recomendações dos planos, projetos e programas
aprovados na LP. Não pode ser superior a 6 (seis) anos.

Licença de operação (LO): autoriza a operação do empreendimento ou


atividade e delibera condicionantes para a execução. Tempo mínimo de 4 (anos)
e máximo de 6 (seis) anos. Para a renovação, deve ser dada entrada no órgão
ambiental com, no mínimo, 120 (cento e vinte) dias antes do prazo de expiração
da licença.

As licenças podem se dar de forma isolada ou em sucessão, dependendo da


fase em que se encontram o empreendimento e as características.

Quem processa o licenciamento? Qualquer órgão federal pode executar?


Depende. A característica principal para saber quem faz o licenciamento é a
localização do empreendimento ou da atividade.

Se o empreendimento for instalado dentro de apenas um município e o


impacto ambiental apenas abranger esse município, o licenciamento se dá pelo
órgão ambiental municipal. Caso o empreendimento seja localizado em dois
ou mais municípios dentro de um mesmo estado, e os impactos também se
localizarem na área, a competência para o licenciamento é do órgão ambiental
estadual.

De acordo com a Lei Complementar n° 140 (2011), é ação administrativa


dos municípios o licenciamento de empreendimentos que causem ou possam

126
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos


respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios
de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou localizados em unidades
de conservação instituídas pelo município, exceto em Áreas de Proteção
Ambiental (APAs). Já com relação aos Estados, a mesma lei aplica que cabe, a
eles, promoverem o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos
localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo
Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Também cabe, ao
Estado, aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações
sucessoras em:

a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado,


exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do Art. 7o;
c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados,
ambientalmente, pelo Estado;

Essas e outras atribuições podem ser acessadas, na íntegra, na Lei


Complementar. Já o empreendimento que está localizado em dois ou mais Estados
compete, à esfera federal (IBAMA), proceder com o licenciamento ambiental.

A linha de transmissão Presidente Juscelino atravessa 29


municípios ao todo, sendo cinco na Bahia e 24 em Minas Gerais.
Como a localização se dá em dois estados, o processo de
licenciamento se deu pelo IBAMA. Mesmo sendo conduzidos
pelo IBAMA, outros órgãos precisaram ser consultados, como:
Fundação Nacional do Índio (Funai), que analisa interferências em
terras indígenas; Fundação Cultural Palmares (FCP), que analisa
interferências em terras quilombolas; Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan), trata de interferências dos patrimônios
históricos, culturais e arqueológicos; e Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão que cuida das
unidades de conservação no Brasil.

127
GESTÃO AmBIENTAL

Pronto, já sabemos o que é licenciamento ambiental, os tipos de licenças


ambientais e quem procede o licenciamento. Adentraremos, agora, nas
especificidades do processo.

Na fase da LP, devem ser elaborados os estudos ambientais que visem


conhecer o meio ambiente onde o empreendimento deve ser instalado. Caso seja
uma atividade de potencial impacto ambiental negativo, deve ser desenvolvido o
Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

O EIA é um instrumento científico-técnico multidisciplinar, oriundo da


PNMA, que faz um diagnóstico do meio ambiente em relação a ADA, AID e AII
do empreendimento. É possível fazer um diagnóstico do meio ambiente antes
e depois da instalação do empreendimento, identificando os possíveis impactos
ambientais e as formas de redução, mitigação e compensação do impacto.

O estudo é dividido em três secções:

• Meio físico: subsolo, águas, ar, clima (recursos minerais, topografia,


recursos hídricos, regime hidrológico, correntes marinhas, correntes
atmosféricas etc.).
• Meio biológico e ecossistemas naturais: fauna e flora (espécies
indicadoras de qualidade ambiental, raras e ameaçadas de extinção, de
valores científico e econômico, áreas de preservação permanente).
• Meio socioeconômico: uso e ocupação do solo, usos da água,
socioeconomia (sítios e monumentos arqueológicos, culturais e históricos
da comunidade, relações de dependência entre a sociedade local, os
recursos ambientais e a potencial utilização futura dos recursos).

Observe esse processo a seguir. Ao se caracterizar o empreendimento,


chega o momento de fazer o diagnóstico ambiental (EIA/RIMA), com a análise dos
possíveis impactos negativos às regiões de estudo. Nesse mesmo documento,
já são desenvolvidas as medidas mitigadoras e compensatórias que se tornam
planos de monitoramento ambiental na fase de instalação e operação do
empreendimento.

128
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

FIGURA 8 – CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL


E DO RELATÓRIO DE IMPACTO DO MEIO AMBIENTE

FONTE: <http://www.josianeguss.com/2018/04/importancia-do-
eiarima-estudo-de.html>. Acesso em: 15 jun. 2020.

Analisando, entende-se o caráter multidisciplinar que esse estudo


Com isso, há o
possui. Biólogos, geógrafos, geólogos, assistentes sociais, advogados,
RIMA, que reflete os
engenheiros ambientais etc. trabalham em conjunto para a elaboração principais resultados
do EIA/RIMA. Como, ao fim, obtém-se um documento extenso com obtidos no EIA com
uma linguagem técnica, viu-se a necessidade da elaboração de um uma linguagem mais
documento mais simples. Com isso, há o RIMA, que reflete os principais acessível.
resultados obtidos no EIA com uma linguagem mais acessível. Contém
a descrição do projeto e as consequências ambientais. Ele é um
importante instrumento quando se tratam das audiências públicas.

Você pode estar se perguntado: professora, além de tudo isso, ainda é


preciso passar por um processo de audiência pública? Em alguns casos, a
audiência pública se faz necessária.
É um instrumento
A audiência pública, estabelecida pela resolução CONAMA n° importante para
009, de 1987, informa que precisa ocorrer quando: o órgão ambiental analisar os
encarregado do licenciamento decidir; houver solicitação de entidade impactos dos
civil; houver solicitação pelo Ministério Público; ou for solicitada por, empreendimentos,
pelo menos, 50 cidadãos. É um instrumento importante para analisar os podendo até
embargar as obras.
impactos dos empreendimentos, podendo até embargar as obras. Seus
objetivos são:
129
GESTÃO AmBIENTAL

• Fornecer informações, aos cidadãos, do projeto.


• Oportunidade de se expressar, de ser ouvido e de influenciar nos
resultados.
• Identificar as preocupações e os valores do público.
• Avaliar a aceitação pública de um projeto com vistas para o
aprimoramento.
• Identificar a necessidade de medidas mitigadoras ou compensatórias.
• Legitimar o processo de decisão.
• Atender a requisitos legais de participação pública.

Portanto, todos podem participar das audiências públicas, estas que devem
ser comunicadas através da imprensa local, tendo um prazo de 45 (quarenta
e cinco) dias para os interessados solicitarem. Cópias do RIMA são colocadas
à disposição do público na biblioteca do órgão ambiental competente e nos
municípios de influência do futuro empreendimento.

Seguindo o processo de licenciamento ambiental, se o projeto for aceito


pela sociedade, passa para a fase da instalação. Nessa fase, os programas de
monitoramento que foram expostos no EIA passam a ser colocados em execução.

Como exemplo de programas ambientais, há: Plano de Compensação


Ambiental (PCA), Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes
Líquidos (PGRSEL), Programa de Educação Ambiental (PEA), Programa de
Educação Ambiental em Saúde (PEAS), Programa de Reposição Florestal,
Programa de Coleta de Germoplasmas e Resgate de Epífitas, Programa de
Afugentamento de Fauna (PAMFR), Programa de Proteção do Patrimônio
Espeleológico, Programa de Monitoramento e Recuperação de Processos
Erosivos e Áreas Degradadas etc.

Para finalizar o tópico, segue o exposto, que resumirá, de forma bem didática,
todas as etapas do processo de licenciamento ambiental.

130
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

FIGURA 9 – ETAPAS DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

FONTE: <http://www.ambiens.com.br/licenciamento-ambiental>. Acesso em: 18 set. 2020.

Interessou-se por esse assunto? Recomendamos que


você assista ao vídeo a seguir, https://www.youtube.com/
watch?v=yW5iDYT1-_Y, que aborda a compensação ambiental.
Nele, a Advocacia Geral da União (AGU) explicará como pode ser
realizada a compensação ambiental, além das formas jurídicas de
aplicação. O vídeo tem duração de 2 minutos e 31 segundos.

1 - Uma empresa transmissora de energia fará a instalação de


linhas de transmissão nos Estados de Pernambuco e Paraíba.
Qual o órgão que procederá com o licenciamento ambiental e
quais as etapas que devem ser realizadas até a operação do
empreendimento?

R.:

131
GESTÃO AmBIENTAL

2 - Ao realizar o licenciamento ambiental, o órgão competente faz a


tramitação, além de especificar os prazos de validade, de acordo
com cada licença. A respeito desse tema, marque a alternativa
falsa:

a) O prazo de validade da licença de operação (LO) é de, no mínimo,


4 (quatro) anos, e, no máximo, 6 (seis) anos.
b) A licença de instalação (LI) tem prazo de validade, não podendo
ser superior a 4 (quatro) anos, marcando, assim, o início da
operação do empreendimento.
c) A licença prévia (LP) abarca os estudos iniciais para aprovação
do local da instalação do empreendimento.
d) A validade da LP não pode ser superior a 5 (cinco) anos.
e) Os planos e programas que foram definidos na fase da LP
passam a ser realizados na LI.

5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Entraremos, agora, no último assunto do nosso livro: educação ambiental.
Você pode nos perguntar o porquê de termos deixado esse assunto para o fim.
Precisamos conhecer o mundo que nos cerca e entender que somos parte do
meio ambiente, pois não estamos dissociados dele. É urgente a mudança no
nosso modelo de desenvolvimento, e qual o caminho para isso? A educação
ambiental.

Para Barsano e Barbosa (2019, p. 228), a educação ambiental tem um


papel fundamental, “pois se trata de um processo com dimensões abrangentes
que aborda os temas ambientais de forma globalizada, considerando que o
nosso planeta é um ser vivo que reage às transformações, de acordo com ações
antrópicas”.

Diante da urgência, foi instituída a Política Nacional de Educação Ambiental


(PNEA), através da Lei n° 9.759, de 27 de abril de 1999. A referida lei conceitua
educação ambiental (EA) como:

Art. 1º Entendem-se, por educação ambiental, os processos, por meio dos


quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltados para a conservação do meio
ambiente, além do uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sustentabilidade”.

132
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Foi promulgada no sentido de articular uma integração entre as modalidades


e níveis educacionais dentro do país, com vistas aos meios formais e aos não
formais de ensino, propulsores de iniciativas de cunho ambiental.

A EA é muito mais do que uma ação pontual, é um processo. É uma mudança


de estilo de vida, de atitudes. As empresas precisam pensar na forma com que
vêm lidando com a natureza, e nós também temos que fazer a nossa parte. Por
isso, a educação ambiental se dá para o indivíduo e para a coletividade.

Serão elencados os seguintes objetivos dentro da política:

QUADRO 6 – OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente nas suas múltiplas e
complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos;
II - a garantia da democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica das problemáticas ambiental e
social;
IV - o incentivo às participações individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação
do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do país, em níveis micro e macrorre-
gionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos
princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e
sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamen-
tos para o futuro da humanidade.
FONTE: A autora

Perceba que todos os aspectos da vida (ambientais, econômicos, sociais,


culturais) são igualmente respeitados. Uma pessoa que não conhece os
processos ecológicos que um recurso hídrico traz ao meio ambiente pode
preservar? É pouco provável que essa pessoa se preocupe com a preservação
do meio ambiente, mas, a partir das ações de EA, ela passa a entender como os
recursos hídricos são responsáveis por manter o equilíbrio ecológico, ganhando
um senso de responsabilidade para a conservação.

A educação move a sociedade, e isso se aplica perfeitamente à educação


ambiental. O conhecimento e a sensibilização são as molas propulsoras para a
preservação e a conservação ambiental.

133
GESTÃO AmBIENTAL

Quando você mostra, a um colega, a importância de fazer a


separação do lixo, você está fazendo educação ambiental? Sim, com
certeza! A EA pode acontecer de três formas:
Educação ambiental formal: É aquela que acontece dentro
do âmbito escolar. Ela é sistematizada e tem uma metodologia de
ação predefinida. Dá-se de forma transdisciplinar e interdisciplinar.
Está inserida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
englobando: educação básica (educação infantil, ensino fundamental
e ensino médio), educação superior, educação especial, educação
profissional e educação de jovens e adultos. De acordo com
Antonucci et al. (2020, p. 2), a EA “deve dar especial atenção à
população em idade escolar, deliberando, às instituições educativas,
a responsabilidade da promoção da consciência ambiental por
aqueles já comprometidos e preparados para a formação dos futuros
cidadãos”. Para isso, ela deve transpassar por todas as áreas do
conhecimento com ações que se integrem aos variados setores.
Educação ambiental não formal: O foco já não são mais as
escolas, mas continua a ter uma metodologia definida de aplicação.
Esse tipo de EA é o que ocorre dentro das empresas, ONGs, meios
de comunicação e demais organizações. Atua na sensibilização
do coletivo sobre a questão ambiental, de forma a aumentar a
conservação. A diferença desta para a educação ambiental formal é
que ela atua por meio de programas, políticas privadas e públicas,
contribuindo para a sensibilização da população em relação às
questões ambientais, oferecendo melhoria na qualidade de vida
e soluções para problemas sociais (saneamento básico, ocupação
do solo, preservação dos recursos naturais etc.) (BARSANO;
BARBOSA, 2019).
Educação ambiental informal: É a EA que você faz ao falar
para um amigo para não jogar lixo nos rios, no lago, nas ruas. Não
tem uma sistemática definida, acontece em qualquer lugar e a
qualquer hora. É destinada ao grande público, também, com o intuito
de promover a preservação do meio ambiente.

134
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Dentro do ambiente escolar, a EA precisa atuar de forma inter e


transdisciplinar. O assunto não pode ficar direcionado apenas ao professor de
ciências, como normalmente é visto. Ela não pode ser uma disciplina específica e
tem que transpassar pela geografia, matemática, história, dentre outras matérias.

Já quando falamos do ensino superior, a EA pode ser uma disciplina, atuando


sempre no intuito de ser integrada, contínua e permanente.

Segundo Lima (2020, p. 49690), “a prática em educação ambiental, para que


se transforme em atitude cotidiana, não deve ser realizada de maneira pontual,
mas deve ser algo contínuo no processo de aprendizagem de todo o indivíduo,
tanto educador quanto educando”.

O sentido da EA é atuar na formação de pessoas críticas, reflexivas e


transformadoras. Assim, as práticas cidadãs podem ser fortalecidas, alicerçadas
em um espírito cooperativo que está comprometido com o futuro do planeta e,
consequentemente, com a sobrevivência da espécie humana.

A EA crítica, segundo a visão de Guimarães (2016, p. 17), utiliza o olhar


sistêmico do meio ambiente “compreendido, na sua totalidade complexa, como
um conjunto no qual seus elementos/partes interdependentes inter-relacionam
entre si, entre as partes e o todo, o todo nas partes em uma interação sintetizada
no equilíbrio dinâmico”.

Diferente da educação ambiental conservadora, que foca apenas em datas


específicas (dia do meio ambiente, dia da árvore), em resíduos, reciclagem, a
educação ambiental crítica promove uma profunda reflexão e, com isso, mudanças
de valores a atitudes direcionadas ao meio ambiente.

A EA crítica vem para contribuir para a formação do sujeito ecológico,


orientado por sensibilidades com os meios social e ambiental, conseguindo agir
em relação às questões socioambientais, colocando em prática a ética e a justiça
ambiental (CARVALHO, 2004).

Dentro das empresas, também precisa existir a EA, pois também são agentes
transformadores do meio ambiente. Boas práticas ambientais e desenvolvimento
sustentável devem ser a base dos programas de educação ambiental dentro das
organizações.

A Instrução Normativa n° 2, do IBAMA, de 2012, estabelece que os programas


de educação ambiental podem ser estruturados de duas maneiras, utilizados nos
processos de licenciamento ambiental:

135
GESTÃO AmBIENTAL

• Programas de Educação Ambiental – PEA: são voltados para a


comunidade e aos grupos sociais dos locais que são potencialmente
afetados direta ou indiretamente pelo empreendimento.
• Programas de Educação Ambiental dos Trabalhadores – PEAT: são
direcionados aos trabalhadores empregados, terceirizados, parceiros
envolvidos nas atividades da organização.

O PEA deve ser elaborado a partir dos resultados de um diagnóstico


socioambiental participativo, considerando os impactos e as especificidades
do empreendimento nos grupos sociais atingidos nas áreas de influência. Esse
diagnóstico se fundamenta em metodologias participativas (recursos técnico-
pedagógicos), que promovam o protagonismo desses atores sociais, dando muita
atenção aos grupos em estágio de vulnerabilidade socioambiental.

Devem ser compreendidos processos de ensino-aprendizagem com o


objetivo de desenvolver capacidades para que os trabalhadores avaliem as
implicações dos dados e riscos socioambientais decorrentes do empreendimento
nos meios físico-natural e social na área de influência.

Programas e projetos podem ser desenvolvidos dentro das organizações.


Curioso para conhecer na prática? Vamos lá!

A UHE Tucuruí, localizada no rio Tocantins, no Pará. Em 2019,


contou com um Programa de Educação Ambiental que teve, como
objetivo, a integração entre o desenvolvimento e a preservação,
minimizando os impactos causados pelo empreendimento e trazendo
melhoria das condições de vida das comunidades. As ações se
alicerçaram nos princípios, diretrizes e características do processo
de EA da PNEA e na Instrução Normativa nº 02, do IBAMA. Algumas
das atividades e ações promovidas foram:

• Oficinas e palestras de educação ambiental nas escolas e nas


RDS.
• Oficina da cadeia produtiva da agricultura familiar e/ou da pesca
artesanal.
• Desenvolvimento da educação ambiental em projetos produtivos
de cunho socioambiental.
• Visitas monitoradas e trilhas interpretativas.
• Palestras informativas com sessões de cinema.

136
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

• Palestras e eventos de política ambiental para força de trabalho


da UHE.

FONTE: https://ecossis.com/projects/programa-de-educacao-ambiental-
na-uhe-tucurui-para-a-eletronorte/. Acesso em: 3 out. 2020.

1 - Para você, qual dos três tipos de educação ambiental é o mais


importante? Justifique a sua resposta.

R.:

2 - Quais ações de educação ambiental você indicaria para serem


desenvolvidas dentro da organização em que você trabalha?

R.:

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim do nosso livro, e esperamos que todo conteúdo que aqui
foi disponibilizado tenha servido de guia para os seus estudos acerca da gestão
ambiental. Entender a gestão ambiental é entender como ter qualidade de vida
para a atual e futuras gerações dentro do planeta Terra.

Aprendemos, neste capítulo, que a série ISO é um balizador dentro das


organizações que se preocupam com o meio ambiente e têm processos e produtos
de acordo com as legislações ambientais. Vimos que essas empresas possuem
um diferencial de competitividade diante das outras, por causa do crescente
número de consumidores que se preocupa com as questões ambientais.

Conhecemos, também, a avaliação de impacto ambiental, e você pôde


entender que os impactos são classificados de acordo com abrangência,
reversibilidade, prazo de manifestação e magnitude. Vimos que o licenciamento
ambiental foi um instrumento criado para minimizar os impactos ambientais
negativos que a instalação e a operação de empreendimentos podem causar no
meio ambiente. Esse processo se dá através das licenças prévia, de instalação

137
GESTÃO AmBIENTAL

e operação. Também entendeu a importância dos estudos de impacto ambiental,


como a instalação dos empreendimentos para a criação de planos de controle e
monitoramento ambiental.

Vimos que a Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Política Nacional de


Recursos Hídricos são fortes instrumentos para salvaguardar nossos recursos
naturais. Conhecemos a logística reversa e a importância de determinados
materiais retornarem aos fabricantes para que estes reservem uma destinação
final ambientalmente adequada. Ainda, o Sistema Nacional de Gerenciamento
dos Recursos Hídricos, e que as águas possuem um enquadramento específico,
dependendo do uso preponderante.

Para finalizar, falamos da educação ambiental, mais um instrumento de


gestão ambiental que atua na mudança de valores e de percepção diante das
questões ambientais, um forte aliado dentro das escolas, universidades, empresas
e para toda a sociedade em geral, na busca de um comprometimento individual e
coletivo no que concerne à preservação e à conservação ambiental.

Lembre-se: o conhecimento é dinâmico e precisa de constante evolução. Não


pare por aqui, continue a mergulhar no mundo da gestão ambiental e aprofunde,
a cada dia, os seus conhecimentos. O saber é transformador. Obrigada por ter
percorrido essa jornada com todos nós e esperamos que nos encontremos em
breve!

REFERÊNCIAS
ABNT. ISO 14021:2016. Rótulos e declarações ambientais - Autodeclarações
ambientais (rotulagem do Tipo II). 2016.

ABNT. ISO 14001. Sistemas de gestão ambiental - Requisitos com


orientações para uso. 2015.

ABNT. ISO 14025:2006. Rótulos e declarações ambientais - Declarações


ambientais de Tipo III - Princípios e procedimentos. 2006.

ABNT. ISO 14031. Gestão ambiental – Avaliação de desempenho ambiental -


Diretrizes. 2004. Disponível em: http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasghislaine/
abnt-nbr-iso-14031.pdf. Acesso em: 2 fev. 2021.

ABNT. ISO 14004. Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes gerais para


implementação. 2004. Disponível em: file:///C:/Users/renat/Downloads/
NBRISO14004%20.pdf. Acesso em: 2 fev. 2021.

138
Capítulo 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

ABNT. ISO 14020:2002. Rótulos e declarações ambientais - Princípios gerais.


2002.

ABNT. ISO 14010. Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios gerais.


2002. Disponível em: http://www.ingenieroambiental.com/4004/NBR%20ISO%20
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