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CURSO LICENCIAMENTO
AMBIENTAL

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Carga horária: 60hs
Conteúdo:

O meio ambiente e a sociedade ........................................................................... Pág. 8


Conceitos gerais ................................................................................................... Pág. 8
O licenciamento ambiental como ferramenta da sustentabilidade ....................... Pág. 15
As empresas e a preservação ambiental ............................................................. Pág. 19
Leitura Complementar .......................................................................................... Pág. 26
Legislação Ambiental ........................................................................................... Pág. 28
As normas de proteção ambiental no Brasil ......................................................... Pág. 28
A Lei 6.938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente .......................................... Pág. 34
Lei 9.605/98 - Lei de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza .............................. Pág. 43
Deliberações e resoluções Copam ...................................................................... Pág. 48
As Licenças Ambientais ....................................................................................... Pág. 50
O que é Licenciamento Ambiental ....................................................................... Pág. 50
Os diferentes tipos de licenças ambientais: licença prévia (LP), licença de instalação (LI),
licença de operação (LO)...................................................................................... Pág. 51
Documentação técnica ......................................................................................... Pág. 53
A atuação do CERH: Objetivos e finalidades ....................................................... Pág. 56
As competências do IEF, FEAM e IGAM ............................................................. Pág. 59
SISNAMA, CONAMA, IBAMA e o licenciamento ambiental ................................. Pág. 64
A Resolução Nº 237/97 do CONAMA e a competência para licenciar ................. Pág. 66
Prazos e validade para o licenciamento ............................................................... Pág. 69
Aplicação do Licenciamento Ambiental ................................................................ Pág. 71
Empreendimentos e atividades sujeitas ao Licenciamento Ambiental ................. Pág. 71
Atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais ...... Pág. 73
Critérios para uso dos Recursos Ambientais ....................................................... Pág. 76
Educação Ambiental ............................................................................................ Pág. 78
1.1 – Conceitos gerais

 A importância do meio ambiente


 Desenvolvimento sustentável
 Impacto e degradação ambiental


Por que é importante pensar no meio ambiente?

 Ouvimos falar praticamente todos os dias em meio ambiente. Por que
é importante discutir isso? Por que esse assunto está tão em evidência nos
dias atuais?

O fato é que todos nós, como organismos vivos que somos,


precisamos de condições mínimas para viver. Necessitamos de condições
adequadas e saudáveis no nosso dia a dia, tais como ar puro, água potável
em quantidade suficiente para saciar a sede e para nossa higiene pessoal.
Precisamos de um ambiente saudável, limpo e com saneamento adequado.
Todos nós gostamos de viver numa cidade limpa e arborizada, com
segurança e equipamentos para o lazer. Ou seja, queremos viver com
qualidade.

Antigamente o mundo considerava que os recursos do meio ambiente


eram ilimitados. O conceito era de que podíamos usar o que quiséssemos
do nosso mundo e que os recursos eram permanentemente renovados. A
ciência e os fatos se encarregaram de mostrar que não é assim. Inúmeras
espécies foram extintas, florestas foram devastadas, a poluição está
praticamente em todos os lugares.

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Tínhamos uma noção de mundo baseada em dois polos, ou seja: Os
bens podiam ser divididos em dois tipos:

a) Bens públicos, de uso comum do povo (ruas, praças, estradas,


rios e mares)

b) Bens privados. (Propriedades individuais).

Havia ideologias envolvidas nesse conceito de dualidade: O Poder


representado pelo Estado (partidos de esquerda: socialismo, poder
intervencionista do Estado controlando os meios de produção e a sociedade)
e a Iniciativa Privada (partidos de “direita”: capitalismo: liberdade ilimitada
para a iniciativa privada, limitação do Poder Estatal: o mercado regulando os
preços: falta de intervenção estatal). Os bens públicos foram chamados de
Primeiro Setor e os bens privados ficaram conhecidos com Segundo Setor.

Porém, no decorrer do tempo, percebeu-se que além dos bens do


Primeiro e Segundo setores (bens públicos e privados) havia outro, de maior
importância, acima dos interesses públicos e particulares: o bem ambiental,
primeiro bem, patrimônio social, garantia da própria existência e de uma vida
saudável.

O homem, percebendo que os recursos naturais não eram


inesgotáveis como se pensava, identificou a importância do Meio Ambiente e
o considerou um outro bem, o bem ambiental. Teria que haver um equilíbrio
entre as necessidades humanas e a preservação da natureza e se não
houvesse essa relação de equilíbrio toda a nossa existência estaria
ameaçada, assim como nosso planeta: a destruição ambiental atingiria o
nível global, com o fim da vida na Terra.

A conscientização da necessidade desse equilíbrio teve como


resultado o conceito de “responsabilidade social”, segundo o qual todos na
sociedade somos responsáveis: Estado, iniciativa privada e coletividade.
Isso causou uma mudança social que fez surgir o chamado Terceiro Setor,
ou seja, associações e entidades civis, também conhecidas por ONGs
(Organizações não Governamentais).

No conceito de responsabilidade social está nossa obrigação em


relação ao meio ambiente: devemos protegê-lo para garantir nossa
sobrevivência e o futuro das próximas gerações.

Quando falamos em meio ambiente vem à nossa mente o chamado


meio ambiente natural: ar, água, solo, fauna e flora. O homem evoluiu,
passando a viver em sociedade, construindo cidades, alterando o habitat
natural e mesmo vivendo em meio à natureza; criamos recursos artificiais,
tais como energia elétrica, gás, telefonia, etc.

Passamos então a conviver com o ambiente artificial, onde há a


interferência do homem, contrapondo-se ao primeiro, que é a natureza em si

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mesma. Como exemplo, podemos citar a construção de uma casa numa
fazenda. Por mais natural que seja a paisagem, temos nela algo que não faz
parte da natureza, ou seja, a casa em si, seu interior, é um ambiente
artificial, embora faça parte do ambiente natural.

Durante sua evolução, o homem criou e desenvolveu valores


importantes para sua identidade cultural: música, danças, artesanato, etc.
Cada grupo de pessoas então passou a se diferenciar das demais pelos
seus costumes, por sua cultura. Dessa forma foi criado o que chamamos de
meio ambiente cultural e quando pensamos num determinado país,
identificamos suas músicas, costumes, dança, comidas, artes, etc.

Também em consequência da evolução do homem, finalmente, temos


o conceito de meio ambiente do trabalho. Vamos pensar um pouco e
entenderemos com facilidade que onde há esforço físico e/ou intelectual
para gerar renda e sustento existe meio ambiente do trabalho, não
importando de que forma ele é constituído: se é trabalho autônomo, avulso,
cooperado, registrado, entre outros.

A Constituição Federal de nosso país determina em um de seus


artigos o conceito de que todos têm direito a um meio ambiente adequado
que possa ser de uso comum e que é dever do Poder Público e de todos, a
sua manutenção de forma a garantir não só a sobrevivência das gerações
atuais como também as futuras gerações.

Na verdade, o chamado meio ambiente é patrimônio social de cada


povo. Ele pertence a todos e todos têm o direito de usá-lo de forma
responsável. Para isso é preciso que ele seja mantido e não destruído, não
só para as pessoas que nele vivem hoje como para as que viverão no futuro.

Nem mesmo o Estado pode usar o meio ambiente como quiser e


muito menos destruí-lo sob qualquer argumento. O Estado é apenas o
“gerente” desse patrimônio coletivo.

Por esse motivo, por exemplo, uma praia não pode ser fechada e
usada por um condomínio nem uma praça pode ser vendida. Nos dois
exemplos a população estaria sendo impedida de usar bens ambientais que
pertencem à coletividade.

Desenvolvimento sustentável

Uma vez que vimos a origem e conceitos dos bens ambientais, vamos
agora examinar o chamado Desenvolvimento Sustentável.

Não cabem mais nos dias de hoje os conceitos do capitalismo e


socialismo predadores, onde o homem age de modo irresponsável,
defendendo a todo custo o lucro (capitalismo selvagem) ou o poderio do

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Estado a qualquer preço (socialismo totalitário), sem considerar a
necessidade de manter um equilíbrio com o meio ambiente.

Durante muito tempo o descontrole predador resultou na degradação


da qualidade de vida para todas as camadas da população, com maior
impacto nos pobres (todos sentem os efeitos da poluição, mas uma vez que
os pobres vivem em áreas mais poluídas; as enchentes, por exemplo,
atingem todas as cidades, mas é pior nas regiões ocupadas por populações
mais carentes, etc.).

O homem chegou à conclusão que, se preservar e recuperar o meio


ambiente, poderá se beneficiar dele e utilizar de forma satisfatória os
recursos naturais, sem que esses se esgotem. E isso tem impacto direto na
qualidade de vida.

O artigo 225 da Constituição Federal determina que cabe à


coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente para as
presentes e futuras gerações. Todos nós temos o dever de preservar o meio
ambiente também para as futuras gerações.

Como exemplo, podemos citar a fábula da “galinha dos ovos de ouro”.


Se o dono da galinha tivesse cuidado bem dela teria diariamente, por um
bom tempo, alguns ovos de ouro, mas sua cobiça fez com que ele a
matasse para pegar todos os ovos que pudesse de uma só vez.

A preservação da natureza é rentável sob o ponto de vista econômico,


pois além de garantir a nossa sobrevivência, se a mantivermos, ela
produzirá frutos para o homem e a sociedade. Será uma fonte de vida e
recursos econômicos, ou seja, o desenvolvimento precisa ser durável e
contínuo, ao invés de predador..

A isso chamamos Desenvolvimento Sustentável, que deve ter por


objetivo a manutenção dos recursos naturais em benefício da sociedade.
Para isso acontecer devemos preservar o meio ambiente e toda a sua
diversidade.

Muitos de nós não aceitaríamos abrir mão do nosso conforto pessoal,


e de nossos eletrodomésticos, aparelhos eletroeletrônicos, energia elétrica,
água encanada, vestuário, móveis, meios de transporte, etc. para preservar
a natureza.

Mas, se pararmos para pensar, veremos que todas essas conquistas


comprometem, de alguma maneira, em maior ou menor escala, nossos
recursos naturais.

Observando qualquer produto ou aparelho que utilizamos podemos


perceber o longo caminho percorrido pela matéria-prima desde as suas
fontes naturais até a chegada do produto final às nossas mãos. Muito pouca

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gente defenderia a natureza a ponto de escolher viver com os equipamentos
e recursos de séculos atrás.

Por esse motivo e principalmente para garantir nossa sobrevivência, a


atividade industrial e comercial nas cidades tem que minimizar ao máximo o
impacto sobre nossos recursos ambientais, ou seja, temos que ter controle
sobre a emissão de gases poluentes, destinação dos resíduos sólidos, etc.

Podemos perceber que, segundo esses princípios, há a crescente


necessidade e, por consequência, a preocupação do setor produtivo em
adotar uma postura empresarial que se adapte a uma forma responsável de
atuação para evitar ou pelo menos diminuir ao máximo os danos ambientais.
Um exemplo disso está na cultura de ataque ao desperdício, com seus três
princípios básicos que são: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Para tudo na vida existe um preço. Nesse caso não é diferente. O


progresso, da forma como vem ocorrendo, tem colocado em risco o
ambiente ou, em outras palavras, vem destruindo o planeta Terra e as suas
reservas naturais.

Especialistas no assunto afirmam que é mais fácil o mundo acabar


devido à destruição que estamos provocando do que por uma guerra nuclear
ou por uma invasão extraterrestre (ou outra catástrofe qualquer). Você acha
que isso tudo é um exagero? Então vamos trocar algumas ideias.

Adotamos hoje um modelo de crescimento econômico que criou


enormes desequilíbrios. Se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e
fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a
poluição são um problema que só tem aumentado.

Diante disso surgiu a ideia do Desenvolvimento Sustentável (DS),


buscando equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação
ambiental e, ainda, erradicar a pobreza no mundo.

Diversas pessoas que trabalham nessa área dizem que a humanidade


de hoje detém conhecimento suficiente para que seu desenvolvimento
ocorra de uma forma sustentável, mas é preciso garantir as necessidades do
presente sem impedir que as gerações do futuro encontrem os meios
necessários para suprir suas próprias necessidades.

Você está confuso com todos esses conceitos? Então calma, vamos
por partes.

Essa frase toda pode ser resumida em poucas e simples palavras: O


desenvolvimento tem que acontecer equilibradamente, alinhando-se às
limitações ecológicas do planeta, ou seja, podemos nos desenvolver sem
destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham a chance de
existir e viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria da
qualidade de vida e das condições de sobrevivência).

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Será que dá para fazer isso? Será que é possível conciliar tanto
progresso e tecnologia com um ambiente saudável?

É certo que isso é possível e é exatamente o que propõem as


pessoas que defendem o Desenvolvimento Sustentável (DS), que pode ser
definido como: "Equilíbrio entre tecnologia e ambiente, sem deixar de
considerar os diversos grupos sociais de cada país e também dos diferentes
países na busca do equilíbrio e justiça social".

Para alcançarmos o DS, a proteção do ambiente tem que ser


entendida como parte integrante do processo de desenvolvimento e não
pode ser considerada isoladamente. É aqui que entra uma questão sobre a
qual talvez você nunca tenha pensado: qual a diferença entre crescimento e
desenvolvimento?

Vamos lá então. O Crescimento não conduz automaticamente à


igualdade nem à justiça social, pois não considera nenhum outro aspecto da
qualidade de vida a não ser acumular patrimônio e riqueza, que ficam
concentrados nas mãos de uma minoria de pessoas.

O Desenvolvimento, por outro lado, volta sua preocupação para a


geração de riquezas, mas também tem o objetivo de distribuí-las de uma
forma mais justa para que seja possível melhorar a qualidade de vida de
toda a população, levando em conta a qualidade ambiental do planeta Terra.

O DS tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como


metas:

 A satisfação das necessidades básicas da população (educação,


alimentação, saúde, lazer, etc.);

 A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente
de modo que elas tenham chance de viver);

 A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar
da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que
lhe cabe para tal);

 A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc.);

 A elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança
social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do
preconceito e do massacre de populações oprimidas, como, por
exemplo, os índios);

 A efetivação dos programas educativos.

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Mundialmente e mesmo no Brasil há diversas ações sendo tomadas
na tentativa de se chegar ao DS, e duas são fundamentais. A primeira é a
Educação. Educar as pessoas para a preservação é a maneira mais direta e
funcional de se atingir pelo menos uma de suas metas: a participação da
população. Isso é vital.

A outra é a Legislação. A Lei 9.605/1998, Lei dos Crimes


Ambientais, inovou o meio jurídico do nosso país com a preocupação
voltada ao nosso desenvolvimento sustentável, caracterizando como crimes
ambientais ações que implicam na destruição da flora, fauna, assim como a
poluição.

Vamos agora aprofundar um pouco a visão sobre o impacto que o


crescimento humano causa sobre o meio ambiente.

Para que você possa compreender melhor, vamos definir que Impacto
Ambiental é toda e qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente. Essas alterações precisam ser quantificadas,
uma vez que são variáveis, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou
pequenas.

Toda ação sobre o ambiente causa algum impacto e produz a


chamada Degradação Ambiental, que é o processo de degradação do meio
ambiente, com danos à fauna e à flora natural.

A degradação é resultado da ação da poluição produzida pelo


homem, embora, no decorrer da evolução de um ecossistema possa ocorrer
degradação ambiental por causas naturais. Ex: tsunamis, vulcões,
terremotos, etc.

Vejamos agora alguns exemplos de atividades humanas com impacto


ambiental:

 Construção de rodovias, aeroportos, ferrovias, portos, terminais;



 Instalação de gasodutos, oleodutos, minerodutos, emissários de
esgotos;

 Obras para fins de saneamento, drenagem e irrigação, transposição
de bacias, canais de navegação, barragens hidrelétricas;

 Extração de combustível fóssil como petróleo, xisto, carvão, gás
natural;.

 Extração de minério;

 Projetos turísticos e urbanísticos, aterros sanitários;

 Instalação de usinas de geração de eletricidade;

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1.2 – O licenciamento ambiental como ferramenta
da sustentabilidade.

Já vimos que a sustentabilidade é o maior desafio para a humanidade


em nosso século. Na Conferência Mundial sobre Meio Ambiente (Rio-92)
quase 200 países, ao assinarem a “Agenda 21”, firmaram um compromisso
de busca coletiva por um mundo sustentável do ponto de vista ecológico e
socioeconômico.

Ao assumir esse compromisso, ainda que muito poucas ações


concretas tenham ocorrido, os países que assinaram a “Agenda 21” se
comprometeram com o Desenvolvimento Sustentável.

Podemos entender o Desenvolvimento Sustentável como a forma de


desenvolvimento que “atende às necessidades das presentes gerações sem
prejudicar o atendimento das necessidades das gerações futuras”, mas isso
deve ser ao mesmo tempo ecologicamente equilibrado, economicamente
viável e socialmente justo.

Muitos de nós pensamos que esse objetivo é muito bonito, mas


inatingível, já que para acontecer é necessária uma mudança de
comportamentos em toda a sociedade, pois está diretamente associado aos
nossos usos e costumes, a como trabalhamos, produzimos, vivemos nossas
vidas, e também tem a ver com o modo como os países e instituições
posicionam-se politicamente.

Hoje, no entanto, a sociedade em geral começa a fazer pressões via


consumidores e organizações não governamentais por um Desenvolvimento
Sustentável. Essas pressões são feitas sobre governos, instituições e
segmentos de produção.

Como resultado, têm surgido modelos de desenvolvimento e sistemas


de gestão que buscam equilibrar o desenvolvimento econômico e social com
a preservação ao meio ambiente.

Esses três componentes formam o Triângulo da Sustentabilidade,


conforme segue:

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Econômico Planeta Ambiental

Social

Falando agora do sistema de licenciamento ambiental brasileiro,


podemos perceber que ele é fundamental para a consolidação do
Desenvolvimento Sustentável em nosso país que, por sua vez, contribui para
o Desenvolvimento Sustentável do planeta.

Todos nós sabemos que o tema meio ambiente tem cada vez mais
destaque na mídia, principalmente via propostas políticas e ideológicas.
Diversos candidatos, nas eleições presidenciais de 2010, destacaram sua
preocupação com a questão ambiental, até porque esse assunto tem
sempre uma grande repercussão na sociedade em níveis nacional e
internacional.

Há muito a fazer, principalmente quanto aos obstáculos colocados ao


Desenvolvimento Sustentável, tais como indefinições quanto à competência
das diversas entidades públicas e visões distorcidas relativas à
interpretações da Constituição com relação à sustentabilidade e equilíbrio
ambiental. Isso nos leva à conclusão de que o sistema de licenciamento
ambiental precisa ser revisto e aperfeiçoado para que seja mais
transparente, ágil e eficaz.

Como primeira atitude para a implementação eficaz do licenciamento


ambiental no Estado brasileiro, é preciso definir o conceito de licenciamento
ambiental como base para o Desenvolvimento Econômico e Social e como
ferramenta para tornar possíveis os investimentos em nosso país.

Se adotarmos uma nova atitude com base nesse conceito, e falamos


aqui em atitude envolvendo o ponto de vista cultural e ideológico,
poderíamos consolidar os fundamentos legais da Ordem Econômica e
Social. Dessa forma, a Administração Pública e o Setor Produtivo passariam
a investir recursos humanos e materiais no sistema de licenciamento
ambiental, que assim deixaria de ser considerado um obstáculo aos
investimentos.

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Além da mudança de atitude como a que citamos, é importante
incorporar às nossas políticas públicas a Avaliação Ambiental com foco
estratégico, de forma a evitar que o licenciamento de grandes projetos e
programas de infraestrutura seja conduzido sem os devidos critérios pela
Administração Pública, ocasionando perda de tempo e investimentos.

Outro grande obstáculo à própria manutenção do licenciamento


ambiental brasileiro é a demora dos órgãos licenciadores na análise dos
pedidos de licença.

Não que esses órgãos não tenham capacidade para isso, mas
enfrentam problemas com os poucos recursos humanos capacitados de que
dispõem e os insuficientes recursos financeiros. É isso que resulta em
atrasos na análise dos pedidos, que se avolumam dia após dia.

Para resolver esse problema, uma saída seria criar um quadro de


consultores independentes legalizados. Os empreendedores interessados
poderiam pedir a esses consultores um exame prévio de seus projetos de
forma a identificar falhas e recomendar as soluções técnicas adequadas
para evitar ou minimizar possíveis impactos ambientais negativos.

Esses consultores independentes legalizados e pagos pelos


interessados, poderiam analisar os estudos de impacto ambiental a serem
apresentados ao órgão público encarregado do licenciamento, aliviando,
assim, a burocracia estatal, sem ocorrer perda de eficiência ou demora no
processo de autorização.

Isso não substituiria a análise pública do licenciamento, mas facilitaria


muito a análise de técnicos governamentais. Esses técnicos teriam sempre a
autoridade para homologar e incorporar aos seus pareceres as conclusões
dos consultores particulares. Seriam poupados do grande volume de
trabalho braçal de levantar dados e fazer sua análise.

Haveria considerável redução de custos para o estado, uma vez que


seriam evitados gastos com pessoal destinado a essas atividades-meio,
despesas com vistorias e inspeções de campo.

Outro “gargalo” está na insuficiente e confusa regulamentação dos


trabalhos de licenciamento, especialmente no que se refere às diversas
competências e critérios, tanto em nível federal quanto setorial dos
integrantes do SISNAMA.

Esse problema poderia ser reduzido com o aperfeiçoamento da


Resolução CONAMA n° 237/97 pelo Executivo Federal, ao mesmo tempo
em que se faria a revisão e consolidação da Legislação ambiental pelo
Congresso Nacional.

A Resolução CONAMA 237/97 instituiu regras que deveriam constar


em qualquer norma legal da Administração Pública, tais como os prazos de

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vigência das licenças prévias, de instalação e operação, o prazo para
revisão e renovação e os prazos de análise das solicitações de projetos e de
cumprimento dos ajustes recomendados.

Mas, desde sua entrada em vigor, a Resolução 237/97 tem sofrido


questionamentos quanto à sua constitucionalidade, sendo esse o motivo
pelo qual precisa ser revista o mais cedo possível.

O que ocorreu nos últimos tempos foi o desmembramento dos órgãos


do SISNAMA e a falta de padronização de procedimentos, o que, sem
dúvida, ocasionou muitos danos.

Para solucionar essa situação é necessário criar um Grupo ou


Comissão de Trabalho com apoio governamental, que faça o reexame de
todo esse modelo e proponha um modelo mais ágil e eficaz.

Esse grupo de trabalho poderia ser formado por juristas,


representantes de segmentos da indústria, técnicos e procuradores ligados
aos órgãos estaduais, ao IBAMA e ao próprio Ministério do Meio Ambiente.

Caberia a esse grupo propor e detalhar as normas gerais importantes,


em especial, normas voltadas a definir limites de impacto para
empreendimentos estratégicos e de interesse nacional, que sejam
licenciados pelo organismo federal e outros que devam ser licenciados pelos
estados e municípios.

Por outro lado, se a situação ainda é confusa, foi um grande avanço


para a causa da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável o
fato da Constituição de 1988 e das leis decorrentes terem definido que a
defesa do meio ambiente caberia ao Ministério Público, possibilitando sua
ação como instrumento da ação civil pública.

Por isso, é urgente implantar ações entre o Ministério Público e a


Administração Pública, buscando melhor eficiência para garantir o interesse
público, a Ordem Econômica e Social, a defesa ambiental e os princípios
assegurados aos cidadãos.

Os pontos críticos que geram conflitos envolvendo Ministério Público


e Administração devem-se à comunicação inadequada, muita burocracia na
troca de informações, diferentes ideologias e, frequentemente,
desconhecimento de como realmente funciona o licenciamento.

O licenciamento não significa cumprir uma rotina burocrática, cheia de


formulários e papéis. É um instrumento de mediação de conflitos, um meio
para que se mantenha o constante diálogo entre instituições setoriais,
sociedade civil e órgãos públicos. Por isso, não tem cabimento considerar o
licenciamento motivo de discórdia entre entidades.

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É fundamental para a sociedade e para o país o incremento da
comunicação entre os diversos órgãos responsáveis pela preservação do
meio ambiente e pela inclusão de formas de solucionar conflitos ambientais
usando recursos como a mediação e arbitragem para não ter que recorrer ao
judiciário, com toda a lentidão que isso acarreta.

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento


Sustentável, que reúne os 60 principais grupos econômicos do país, em
artigo publicado na imprensa (Jornal O Estado de São Paulo) destaca que
“ao mesmo tempo em que o país se conscientiza da necessidade de fazer
face à situação de seus 50 milhões de miseráveis e cria programas como o
Fome Zero, o emperramento dos sistemas de licenciamento induz à fome.”

Para se ter uma ideia do problema, em alguns estados a burocracia


para se obter uma licença ambiental é tanta que isso pode levar anos. Isso
faz com que em muitos casos as pessoas interessadas em empreender
desistam ou mudem seu interesse para outros locais ou até procurem outro
país.

É claro que isso causa limitação dos empregos e renda, sem as quais
nenhum programa de combate à miséria tem sustentação. É necessário,
portanto, tornar o processo de licenciamento mais ágil e eficaz, promovendo
o envolvimento de todas as partes. Sem isso, o país perde muito de sua
sustentabilidade.

1.3 – As empresas e a preservação ambiental.

Para que possamos entender a posição das empresas quanto à


questão ambiental é interessante discutirmos como essa relação tem
evoluído ao longo do tempo, até chegarmos aos dias atuais.

Há, na verdade, a questão de como se atender às necessidades de


uma população mundial em constante crescimento e de como isso impacta
sobre o meio ambiente. Hoje, sabemos que há um limite para a degradação
ambiental. Esse limite, uma vez ultrapassado, certamente ameaça a própria
sobrevivência da sociedade e da espécie humana. Temos, portanto, um
conflito a resolver.

O conflito entre o objetivo das empresas e o ponto de vista da


preservação é antigo. Todos nós sabemos que hoje o mundo enfrenta
limitações de recursos e sofre com a deterioração do meio ambiente e, mais
do que isso, com a ação de toda a mídia mundial criando muita pressão para
a urgência de uma agenda política e empresarial voltada para o resgate do
meio ambiente.

Fazer com que o tema preservação do meio ambiente faça parte do


processo de produção, ou seja, incluir na esfera econômica a questão
ambiental, pode significar uma tentativa de dar mais força aos interesses

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tanto das organizações quanto da sobrevivência do homem, fazendo com
que a questão ambiental passe a fazer parte dos processos de decisão das
atividades econômicas. Isso é feito de forma a apresentar um claro
alinhamento das estratégias de desenvolvimento sustentado com a
estratégia das organizações quanto à sua própria sobrevivência e a
preservação dos lucros.

Discutir o quanto é difícil conciliar preservação ambiental e os


objetivos de desenvolvimento não é algo recente. Na verdade, teve início no
século XV, período das grandes conquistas e colonizações mundiais.

Temos como exemplo a criação de parques nacionais nos Estados


Unidos e a proibição de caça a diversas espécies animais em pleno Século
XIX. No entanto, o nascimento da discussão ambiental no plano mundial
tornou-se mais evidente à medida que graves acidentes ecológicos,
principalmente a partir de 1940, ganhavam crescente destaque mundial,
causando grandes repercussões na sociedade e levando ao surgimento de
um maior número de pessoas preocupadas e envolvidas na luta pela
preservação ambiental.

Dentre essas pessoas podemos incluir estudiosos, especialistas,


estudantes, empresários, políticos, entidades de classe, cada qual articulado
segundo a sua percepção e interesse pela causa ambiental.

O modelo de desenvolvimento econômico atual, baseado na


exploração dos recursos naturais, que caracterizou a forma de atuação
industrial do século
XX vem cumprindo a sua função de realização das necessidades e
das expectativas de consumo da sociedade.

As empresas em grande parte do mundo e independente do sistema


político e social no qual se inserem, de forma geral e em diferentes graus
poluem e exploram o meio ambiente sem a devida reposição, incentivando o
desperdício de energia e de materiais em nome do mercado. Isso já aponta
sinais de graves desequilíbrios advindos dessa expansão industrial.

Ao se constatar a possibilidade real da degradação desse complexo


vital, o ecossistema chamado Terra torna-se fundamental para as
organizações incorporarem a questão da preservação ambiental em suas
políticas.

Desse modo o discurso de grandes corporações internacionais é feito


de forma coerente entre discurso e prática: Querem preservar o meio
ambiente como forma de potencializar os interesses tanto do capital quanto
da sobrevivência do homem. Pois, sem o homem, as empresas se
extinguem.

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A questão ambiental.

Considerar o meio ambiente como parte integrante da sociedade é


uma ideia que começa a surgir partir da década de 50. Nessa época, apenas
cinco anos depois do fim da II Guerra Mundial, havia forte discussão sobre
crescimento econômico e já se falava de sua relação com o meio ambiente e
com estratégias de desenvolvimento.

Essa discussão abriu espaço para que se desse atenção à questão


referente à ética na escolha das estratégias alternativas para esse
desenvolvimento, que é baseado em um sistema de valores da sociedade e
na responsabilidade.

O foco da conscientização ambiental nos fins da década de 60, além


do choque do petróleo, no início dos anos 70, foi determinante para a
consideração de questões relacionadas aos recursos naturais, à energia e
ao ambiente em geral nos campos econômico, social e político – o que pode
ser chamado simplesmente de questão ambiental.

A questão ambiental pode ser abordada sob três pontos de vista que
irão ligar o problema ambiental ao crescimento econômico: o ponto de vista
do desenvolvimento, a abordagem neoclássica e a economia ecológica.

As novas abordagens podem responder, ou ao menos tentar explicar,


o próprio desenvolvimento histórico capitalista e a relação entre o homem e
o meio ambiente, que como sabemos, não é simples.

Cada uma das abordagens dos três pontos de vista ambientais


apresenta motivos diferentes que ligam a questão ambiental ao crescimento
econômico e que estão associadas a diferentes momentos históricos.

Vamos a eles então:

a) O ponto de vista do desenvolvimento: na década de 60 e início dos


anos 70, começaram os questionamentos relacionando crescimento
econômico e meio ambiente;

b) a abordagem neoclássica: ganha espaço nos anos 70 e 80, coincidindo


com as reivindicações da sociedade e das classes ambientalistas pelo
pagamento de indenizações pelos efeitos sobre o meio ambiente de danos
causados pelas empresas, surgindo, então, a questão de se dar valor ao
ambiente, ou seja, quantificar a relação custo/benefício.

c) a economia ecológica: surge no final da década de 80 e no início da de


90, tocando em valores fundamentais para a existência do homem, visando

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seu crescimento, ampliando o conceito de que ele faz parte da natureza e da
relação das diversas ciências com o meio ambiente.

Segundo esses três pontos de vista, ao longo do tempo podemos


perceber que a questão ambiental vem sendo tratada em direta relação com
os problemas apresentados em cada período histórico.

E nos dias atuais? O tema meio ambiente evolui ao longo do tempo,


como já vimos. Podemos dizer que a questão de preservação do meio
ambiente é hoje realmente assunto de preocupação global, com
desdobramentos políticos internacionais. Dessa forma, a crise de energia,
aquecimento global, fome, produção e distribuição de alimentos, na verdade
não são questões separadas. Estão todas interligadas.

São temas que têm claras ligações com política, estratégia


internacional, etc. Um exemplo disso é o interesse internacional pela
Amazônia, sendo que muitos países hoje a consideram patrimônio global.

Um grupo de indústrias chamado Clube de Roma reconheceu essa


interligação de crises e criou o nome “Problemática Global” para se referir
aos complicados problemas globais e às ligações sempre em mudança
existentes entre eles: É importante entender que não são apenas problemas
ligados a diferentes aspectos, mas eles estão sempre mudando “à medida
que os cenários onde ocorrem também estão mudando”.

Fica claro que uma série de problemas, não apenas vinculados à


questão ambiental, engloba o mundo todo.

Com relação à problemática ambiental, a dinâmica econômico-


industrial, visando garantir o progresso econômico, baseava-se na
exploração dos recursos naturais e na poluição do meio ambiente.

Até tempos recentes, para se garantir o progresso econômico e


industrial compatível com os índices de crescimento da população, pensava-
se que a saída era a exploração indiscriminada dos recursos do meio
ambiente. Achava-se que, se não fosse assim, a própria sobrevivência
humana poderia estar comprometida.

Sabemos que, de diversas formas a indústria e seus produtos têm


impactos sobre a base de recursos naturais através da exploração e
extração de matérias-primas, sua transformação em produtos, consumo de
energia, formação de resíduos, uso e eliminação dos produtos pelos
consumidores.

Esses impactos podem ser positivos, melhorando a qualidade de um


recurso ou ampliando seus usos; ou podem ser negativos, devido à poluição
causada pelo processo e pelo produto, ou ainda ao esgotamento ou
deterioração do meio ambiente.

22
Com a Globalização, a preocupação com o meio ambiente tornou-se
mundial. É nesse cenário que surge a ideia de sustentabilidade. O
pensamento do desenvolvimento sustentável tem como base a ideia de
equilibrar as necessidades econômicas com necessidades não apenas do
meio ambiente, mas questões sociais também, que devem envolver
governos, sociedade, empresas e ONGs.

Com isso espera-se fazer com que o desenvolvimento tecnológico e


da produção não acabe com os recursos naturais, nem destrua o meio
ambiente, impedindo a existência da sociedade e de gerações futuras.

A história da economia aponta que, a partir dos anos 50, teve início o
avanço tecnológico e, os anos 80 e 90, se caracterizaram por grande
expansão de consumo de bens duráveis. Hoje, sentimos as consequências
ambientais causada por essa aceleração.

Da década de 70 em diante a privacidade das organizações para


fazer o que queriam começou a mudar. O mundo externo passou a
intrometer-se de forma indireta, mas também com mais força, nos
laboratórios e salas de conferências. Descobriu-se que a tecnologia baseada
na ciência, tendo o seu poder multiplicado pela explosão econômica global,
estava a ponto de causar mudanças irreversíveis no planeta Terra como
meio ambiente para a vida.

No início da década de 90, a existência de grandes “buracos de


ozônio” na atmosfera chegava ao conhecimento de leigos e a única questão
era saber com que rapidez ia prosseguir o esgotamento da camada de
ozônio, bem como quando ultrapassaria a capacidade do planeta de se
recuperar.

O aumento crescente da temperatura do planeta em consequência de


gases produzidos pelo homem tornou-se uma preocupação de políticos e
cientistas já na década de 80.

Como já vimos, a preocupação com o meio ambiente, apoiada pelo


conceito de sustentabilidade procura garantir o progresso material e bem-
estar social, preservando os recursos naturais que são patrimônios naturais
da humanidade para as futuras gerações.

Isso implica em fazer com que os recursos não sejam esgotados pela
produção, impondo limites com relação ao crescimento. Deve ser adotada
uma forma de gerenciamento que considere que existem limites físicos
naturais a serem respeitados. Se ultrapassarmos esses limites tendo por
meta apenas o lucro e o ganho, fatalmente haverá a destruição da natureza
de forma irreversível e, por consequência, a destruição da humanidade.

Entretanto, visando resguardar seus interesses econômicos, as


organizações criam formas de preservar o meio ambiente e acabam por
trazer benefícios à sociedade, bem como evitam possíveis questionamentos

23
que possam surgir quanto aos impactos ao meio ambiente resultantes da
aceleração da atividade industrial nos últimos anos.

O fato de a questão ambiental introduzir-se nos debates políticos e


econômicos resultou no surgimento do conceito do desenvolvimento
sustentável, vinculado à “utilização racional” dos recursos naturais,
passando a ser incorporado definitivamente no discurso econômico do meio
corporativo, como forma de socializar a responsabilidade pela destruição dos
ecossistemas
naturais.

Considerando isso, resta o problema de saber identificar quando


existe um verdadeiro interesse das indústrias pela conservação do meio
ambiente, ou quando existe uma tentativa de neutralizar o problema, usando
a ecologia apenas como marketing.

Sabemos que, para sobreviver, as empresas estão em permanente


processo de competitividade e a concorrência para ganhar mercado as
estimula a adotar tecnologias mais limpas, fazer o controle do desperdício, a
reciclagem de materiais, obter certificações ambientais como a série ISO
14000, tudo isso divulgado amplamente no mercado.

A finalidade dessas estratégias do chamado “marketing verde” é gerar


uma boa imagem no mercado, ampliando espaço para que os seus produtos
e serviços sejam bem aceitos.

Empresas dos setores químicos, de petróleo e farmacêutico, nos quais os


acidentes ecológicos são mais frequentes, foram as primeiras a incorporar o
meio ambiente nos seus programas institucionais.

Outro interesse ligado ao meio ambiente por parte das empresas


transnacionais refere-se ao controle dos bancos genéticos (germoplasmas)
encontrados nas florestas tropicais e em diversas outras formações vegetais
nos países do terceiro mundo.

Esses bancos genéticos são matérias-primas fundamentais para a


indústria farmacêutica para o século XXI, em que a tecnologia, seja na
informática, na eletrônica, na robótica ou na biologia, será o alicerce das
inovações.

As organizações que atuam na área farmacêutica, por exemplo,


buscando alinhar a conservação do meio ambiente com a maior valorização
do seu capital, montam parcerias com organizações não governamentais,
fundações de pesquisa e proteção ambiental, associações, programas de
preservação de parques ecológicos, florestas, etc., transferindo recursos
financeiros que promovam os objetivos dessas entidades, mas que
divulguem a imagem das empresas como grandes patrocinadoras e
mentoras dessas atividades.

24
Por esse motivo, há grande preocupação por parte de países que
detêm reservas florestais, como é o caso do Brasil, com a chamada Pirataria
Verde, ou seja, com organizações não governamentais que atuam em nosso
território e que podem ter interesses não revelados nos recursos naturais.

A questão é se o discurso das empresas e a prática são coerentes.


Faz parte da estratégia das empresas incluir um espaço para as suas
atividades ecológicas (reflorestamento, ajuda a entidades de preservação) e
seus relatórios anuais (Annual Report), que são enviados para os acionistas
e para os meios de comunicação em geral. Isso para garantir um meio
eficiente de relações públicas, sempre focando sua competitividade.

Percebemos então, que as ações das empresas em promover, pelos


seus discursos, a conservação do meio ambiente têm por interesse
apresentarem-se ao consumidor como instituições legalmente, socialmente e
ecologicamente corretas.

No entanto, apesar do envolvimento das empresas em relação ao


meio ambiente, ficam ainda algumas perguntas que merecem maior
atenção. São elas: Como separar o discurso da prática da empresa em
relação à preocupação ambiental? Qual o tamanho do espaço entre a
riqueza do discurso e a ação?

Para que possamos separar o “joio do trigo” e identificar eventuais


distorções entre o discurso e a prática, ou seja, se há de fato o interesse por
parte da empresa em preservar o meio ambiente de forma sustentável ou se
o discurso é uma estratégica apenas para garantir interesses econômicos, o
caminho é o “estudo de caso” de cada empresa e a divulgação também via
meios de comunicação e cobrança sobre eventuais distorções.

Essa prática vem sendo adotada por ONGs e outras organizações


realmente comprometidas com a questão ambiental. Isso faz com que as
empresas, ao se interessarem pelas questões ambientais e se sentirem
fiscalizadas passem a incorporar a preservação e uso responsável do meio
ambiente em seus planejamentos, em seus objetivos e até mesmo em suas
filosofias corporativas, o que significa adotar uma postura ecologicamente
responsável.

Promover pela educação e conscientização uma mudança social e


política que venha tratar como prioridade a preservação do meio ambiente,
ainda pode parecer uma utopia para muitos. Há muita resistência por parte
de governos e de grandes corporações, mas a cada dia cresce a pressão da
sociedade por mudanças, pois é a própria sociedade que sofre as
consequências da piora da qualidade de vida.

25
1.4 – Leitura Complementar

Camada De Ozônio: A Guerra Continua

(Artigo submetido à FOLHA DE S.PAULO, em 2 de fevereiro de 2000)

A destruição da Camada de Ozônio é um dos mais severos problemas


ambientais da nossa era, e durante algum tempo foi muito citada na imprensa.
Sua destruição ainda que parcial, diminui a resistência natural que oferece à
passagem dos raios solares nocivos à saúde de homens, animais e plantas. As
consequências mais citadas seriam o câncer de pele, problemas oculares,
diminuição da capacidade imunológica, etc. O problema surgiu nos anos 30,
quando algumas substâncias foram produzidas artificialmente em laboratório,
principalmente para as aplicações em refrigeração. Descobriu-se mais tarde que
estas atacam a camada de ozônio, com a tendência de reduzí-la globalmente, e
com um efeito devastador que acontece localmente na Antártica, conhecido
como o buraco de ozônio da Antártica, aumentando assim a penetração dos
raios ultravioleta indesejáveis.

Nos anos 80 iniciou-se uma verdadeira guerra para preservação da camada de


ozônio, e uma de suas maiores vitórias foi a assinatura do Protocolo de Montreal,
há mais de 10 anos. Por este tratado, assinado em 1987 por vários países, todas
as substâncias conhecidas por CFC (clorofluorcarbonetos), responsáveis pela
destruição do ozônio, não seriam mais produzidas em massa.

O trabalho mundial que se realiza para salvar a camada de ozônio continua.


Trata-se de uma verdadeira guerra, onde se ganha batalha por batalha (e às
vezes se perde uma, como por exemplo, a não assinatura do Protocolo por
alguns países). Recentemente, mais uma vez, representantes de 129 governos
se reuniram para discutir aspectos ligados à questão da proteção da camada de
ozônio.

A reunião de Pequim aconteceu de 29 de novembro a 3 de dezembro de 1999.


Seu objetivo foi mais uma vez verificar os progressos que estão sendo feitos no
sentido de eliminar as substâncias que destroem a camada de ozônio. Ficou
mais uma vez constatado que apesar de alguns avanços importantes, nem todos
os países tem conseguido satisfazer as metas traçadas em reuniões anteriores.
Por isto foi decidido que serão gastos nos anos de 2000 a 2002, a quantia de US
$ 475,7 milhões para ajudar as indústrias de países em desenvolvimento a se
adaptar a estes objetivos.

O grande problema é que muitas das pequenas indústrias que produziam e


ainda produzem substâncias "proibidas" não tem tido capacidade financeira de
se adaptar aos ditames do Protocolo de Montreal, que prevê o congelamento da
emissão dos CFCs, a partir de 1 de julho de 2000, nos níveis registrados entre
1995 e 1997. A eliminação total está prevista para 2010, e o nível de 50% está
previsto, numa etapa intermediária, para 2005.

A maior vitória nesta guerra foi conquistada em 1987, quando a maioria dos
países desenvolvidos parou de fabricar os CFCs. Para não prejudicar os países
em desenvolvimento, foi lhes concedido ainda um tempo adicional para se
adaptar às novas exigências. Assim é que, 84% da emissão de CFCs já foi
eliminada, uma conquista extraordinária. A guerra, porém, ainda não está ganha.

26
A Índia e a China são hoje ainda os maiores produtores e consumidores de
CFCs.

A redução da camada de ozônio pode ser medida através do tamanho do buraco


de ozônio da Antártica. Trata-se de uma região onde os efeitos destruidores dos
CFCs são aumentados, pelas condições climáticas do Polo Sul. Assim é que
estamos numa época em que o tamanho do buraco é o maior já registrado.
Apesar da vitória alcançada em 87, os problemas ainda não estão totalmente
resolvidos para a camada de ozônio, e o motivo é que não existe ainda um
substituto ideal para repor o CFC. Hoje utiliza-se maciçamente substâncias
conhecidas por HCFC, isto é, um CFC melhorado ecologicamente, mas que
ainda tem em sua molécula um átomo de cloro, que mais cedo ou mais tarde, vai
também atacar a camada de ozônio. Em outras palavras, a situação está
teoricamente melhor, mas ainda não está resolvida. A guerra não está ganha
ainda.

Não se pode esquecer que a camada de ozônio reage muito lentamente aos
estímulos externos. O exemplo citado acima ilustra bem o que se afirma. A partir
de 87 foi quase eliminada a emissão de novas quantidades de CFC para a
atmosfera, mas hoje ainda temos um buraco de ozônio na Antártica que está
próximo ao seu tamanho máximo. Os cientistas dizem para explicar isto que a
camada tem constante de tempo muito longa. A constante de tempo da camada
de ozônio é muito grande, isto é, ela só vai reagir a um estímulo após dezenas
de anos. A prova é que, há mais de 13 anos após a principal vitória na
eliminação da emissão de CFCs, o buraco na camada de ozônio ainda continua
próximo ao seu máximo.

Em 1998 o tamanho do buraco de ozônio da Antártica foi o maior já registrado,


com 27 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, mais de 3 vezes o tamanho
do Brasil. Parece que estamos ainda muito longe de um resultado realmente
positivo no sentido da recuperação da camada de ozônio, não só na Antártica,
mas também em todo o mundo. O Brasil tem participado deste trabalho de
avaliação contínua da camada de ozônio não só sobre o Brasil, mas também na
Antártica, onde manteve em 1999 uma equipe na base Comandante Ferraz, para
medir a camada de ozônio usando balões de pesquisa.

Por tudo isto, continua o monitoramento da camada de ozônio em todo o mundo,


a partir da superfície terrestre, de satélites, de aeronaves, usando as técnicas
mais diversas. Não podemos esquecer que a guerra ainda levará muitos anos,
até que finalmente, poderemos de fato não mais nos preocupar com radiação
ultravioleta danosa aos seres vivos, quando a camada de ozônio estiver
recuperada.

27
2.1 – As normas de proteção ambiental no Brasil.

Vimos na Unidade 1 que as crescentes pressões da sociedade e o


avanço da consciência ambientalista, que ganham mais força em função dos
impactos ecológicos, com consequências econômicas e sociais face à
implantação dos mais diferentes tipos de empreendimentos geraram, em
alguns países, ações para a adoção de práticas adequadas de
gerenciamento ambiental.

Com a Conferência Mundial de Meio Ambiente, realizada no período de


5 a 16 de junho de 1972, em Estocolmo, as ações de desenvolvimento no
Brasil foram, aos poucos, incorporando uma visão ambientalista que resultou
na implantação de uma legislação que reflete políticas e princípios,
estabelecendo as linhas básicas do licenciamento ambiental.

A legislação ambiental no Brasil, tomou por base o princípio do


poluidor-pagador do direito francês, que é uma obrigação legal prévia à
instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente
poluidora ou degradadora do meio ambiente. Ao adotar esse princípio, foi
possível ligar com foco no curto, médio e longo prazos as preocupações
ambientais com as estratégias de desenvolvimento social e econômico.

28
Como primeiro passo para um processo de aprimoramento e
regulamentação do licenciamento, em 1986 o CONAMA estabeleceu
diretrizes gerais para apresentação do Estudo de Impacto Ambiental - EIA -
e para o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA -, nos processos de
licenciamento ambiental, definindo ainda critérios para sua aplicação
(Resolução CONAMA n° 001/ 86).

O EIA não é o único estudo ambiental considerado no processo de


licenciamento, mas é importante para as decisões voltadas à implementação
de projetos. Esse estudo deve ser apresentado na fase de planejamento,
pesquisa e levantamentos da atividade e tem por objetivo verificar se a
localização do empreendimento é viável do ponto de vista ambiental.

Buscando aperfeiçoar o Sistema de Licenciamento Ambiental, o


CONAMA aprovou em 22 de dezembro de 1997 a Resolução no 237. Esta
Resolução, definida no CONAMA por um grupo de trabalho composto por
representantes de todos os setores envolvidos no licenciamento ambiental,
tem como objetivo básico a regulamentação das competências do
licenciamento ambiental, o estabelecimento de procedimentos nas suas
fases, dos prazos de análise e manifestação do licenciador e o prazo de
validade para cada licença.

Com o fim da última crise econômica, nosso país retomou o


desenvolvimento. Houve em consequência o crescimento da importância do
licenciamento, uma vez que aumentaram muito os pedidos para implantação
de empresas e serviços. Havia a necessidade de enquadrar os novos
empreendimentos em modelos de gestão ambiental, sem o que não é
possível receber as licenças necessárias à sua localização, instalação e
operação.

O Governo Federal tem dado muita importância à política de


desenvolvimento, principalmente da infraestrutura. Há uma demanda muito
grande de obras para capacitar o país a suportar seu desenvolvimento
futuro. Dessa forma, são inúmeros os projetos envolvendo hidrelétricas,
hidrovias, gasodutos, portos, aeroportos, obras de saneamento, etc. E todas
elas deverão cumprir a legislação atual.

No que se refere ao setor energético, observa-se um incremento


acentuado de usinas hidrelétricas e termelétricas, com o objetivo de suprir a
demanda de energia no país. Ressalta-se, também, o incremento na
interligação dos sistemas elétricos Norte/Nordeste e Sul/Sudeste/Centro
Oeste, em substituição à implementação de obras de geração de energia.

Também nos últimos anos nosso país tem se constituído no alvo


preferencial para que empresas invistam e ampliem suas atividades. Muitas
empresas querem participar do crescimento econômico, o que tem
ocasionado um aumento significativo de atividades relacionadas ao
licenciamento ambiental.

29
Destaca-se que o governo, através de seus Ministérios, vem
desenvolvendo projetos que requerem licenciamento, como no caso do
Ministério dos Transportes, com os Corredores de Transportes Multimodais
(Hidrovias – Ferrovias - Rodovias) e, também, o Ministério do Planejamento
e Orçamento - MPO, com a Transposição de Águas do Rio São Francisco
para o Semi-Árido Nordestino e obras de saneamento em todo país.

A legislação ambiental brasileira é considerada uma das mais


completas do mundo. Temos hoje 17 leis ambientais.

O problema é quanto ao cumprimento adequado dessas leis, mas,


apesar de não serem cumpridas de maneira adequada, elas são
importantes, pois podem garantir a preservação do patrimônio ambiental do
nosso país.

Vejamos quais são essas leis:

1 - Lei da Ação Civil Pública - número 7.347 de 24/07/1985.

Lei de interesses difusos, trata da ação civil pública de


responsabilidades por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e
ao patrimônio artístico, turístico ou paisagístico.

2 - Lei dos Agrotóxicos - número 7.802 de 10/07/1989.

A lei regulamenta desde a pesquisa e fabricação dos agrotóxicos até


sua comercialização, aplicação, controle, fiscalização e também o destino
das embalagens.

Exigências impostas:

- obrigatoriedade do receituário agronômico para venda de


agrotóxicos ao consumidor.

- registro de produtos nos Ministérios da Agricultura e da Saúde.

- registro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis – IBAMA

- o descumprimento desta lei pode acarretar multas e reclusão.

3 - Lei da Área de Proteção Ambiental - número 6.902 de 27/04/1981.

Lei que criou as "Estações Ecológicas", áreas representativas de


ecossistemas brasileiros, sendo que 90% delas devem permanecer

30
intocadas e 10 % podem sofrer alterações para fins científicos. Foram
criadas também as "Áreas de Proteção Ambiental" ou APAS, áreas que
podem conter propriedades privadas e onde o poder público limita as
atividades econômicas para fins de proteção ambiental.

4 - Lei das Atividades Nucleares - número 6.453 de 17/10/1977.

Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e a


responsabilidade criminal por atos relacionados com as atividades
nucleares.

Determina que, se houver um acidente nuclear, a instituição


autorizada a operar a instalação tem a responsabilidade civil pelo dano,
independente da existência de culpa. Em caso de acidente nuclear não
relacionado a qualquer operador, os danos serão assumidos pela União.

Esta lei classifica como crime produzir, processar, fornecer, usar,


importar ou exportar material sem autorização legal, extrair e comercializar
ilegalmente minério nuclear, transmitir informações sigilosas neste setor, ou
deixar de seguir normas de segurança relativas à instalação nuclear.

5 - Lei de Crimes Ambientais - número 9.605 de 12/02/1998.

Reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às


infrações e punições. A pessoa jurídica, autora ou coautora da infração
ambiental pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa se ela
tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental.

A punição pode ser extinta caso se comprove a recuperação do dano


ambiental. As multas variam de R$ 50,00 a R$ 50 milhões de reais.

Para saber mais: www.ibama.gov.br.

6 – Lei da Engenharia Genética – número 8.974 de 05/01/1995.

Esta lei estabelece normas para aplicação da engenharia genética,


desde o cultivo, manipulação e transporte de organismos modificados
(OGM), até sua comercialização, consumo e liberação no meio ambiente.

A autorização e fiscalização do funcionamento das atividades na área


e da entrada de qualquer produto geneticamente modificado no país são de
responsabilidade dos Ministérios do Meio Ambiente, da Saúde e da
Agricultura.

Toda entidade que usar técnicas de engenharia genética é obrigada a


criar sua Comissão Interna de Biossegurança, que deverá, entre outras

31
obrigações, informar aos trabalhadores e à comunidade sobre questões
relacionadas à saúde e segurança nessa atividade.

7 – Lei da Exploração Mineral – numero 7.805 de 18/07/1989.

Essa lei regulamenta as atividades garimpeiras. Para essas atividades


é obrigatória a licença ambiental prévia, que deve ser concedida pelo órgão
ambiental competente.

Os trabalhos de pesquisa ou lavra que causarem danos ao meio


ambiente são passíveis de suspensão, sendo o titular da autorização de
exploração dos minérios responsável pelos danos ambientais. A atividade
garimpeira executada sem permissão ou licenciamento é crime.

Para saber mais: www.dnpm.gov.br.

8 – Lei da Fauna Silvestre – número 5.197 de 03/01/1967.

A lei classifica como crime o uso, perseguição, captura de animais


silvestres, caça profissional, comércio de espécies da fauna silvestre e
produtos derivados de sua caça, além de proibir a introdução de espécie
exótica (importada) e a caça amadorística sem autorização do IBAMA.

Criminaliza também a exportação de peles e couros de anfíbios e


répteis em bruto.

9 – Lei das Florestas – número 4.771 de 15/09/1965.

Determina a proteção de florestas nativas e define como áreas de


preservação permanente (onde a conservação da vegetação é obrigatória)
uma faixa de 30 a 500 metros nas margens dos rios, de lagos e de
reservatórios, além de topos de morro, encostas com declividade superior a
45 graus e locais acima de 1.800 metros de altitude.

Também exige que propriedades rurais da região Sudeste do país


preservem 20% da cobertura arbórea, devendo tal reserva ser averbada em
cartório de registro de imóveis.

10 – Lei do Gerenciamento Costeiro – número 7.661 de 16/05/1988.

Define as diretrizes para criar o Plano Nacional de Gerenciamento


Costeiro, ou seja, define o que é zona costeira como espaço geográfico da

32
interação do ar, do mar e da terra, incluindo os recursos naturais e
abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre.

Permite aos estados e municípios costeiros instituírem seus próprios


planos de gerenciamento costeiro, desde que prevaleçam as normas mais
restritivas. Esse gerenciamento costeiro deve obedecer às normas do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

11 – Lei da criação do IBAMA – número 7.735 de 22/02/1989.

Criou o IBAMA, incorporando a Secretaria Especial do Meio Ambiente


e as agências federais na área de pesca, desenvolvimento florestal e
borracha.

Ao IBAMA compete executar a política nacional do meio ambiente,


atuando para conservar, fiscalizar, controlar e fomentar o uso racional dos
recursos naturais.

12 – Lei do Parcelamento do Solo Urbano – número 6.766 de


19/12/1979.

Estabelece as regras para loteamentos urbanos, proibidos em áreas


de preservação ecológicas, naquelas onde a poluição representa perigo à
saúde e em terrenos alagadiços.

13 – Lei Patrimônio Cultural - Decreto-lei número 25 de 30/11/1937.

Lei que organiza a Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional, incluindo como patrimônio nacional os bens de valor etnográfico,
arqueológico, os monumentos naturais, além dos sítios e paisagens de valor
notável pela natureza ou a partir de uma intervenção humana.

A partir do tombamento de um destes bens, ficam proibidas sua


demolição, destruição ou mutilação sem prévia autorização do Serviço de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, SPHAN.

14 – Lei da Política Agrícola - número 8.171 de 17/01/1991.

Coloca a proteção do meio ambiente entre seus objetivos e como um


de seus instrumentos.

Define que o poder público deve disciplinar e fiscalizar o uso racional


do solo, da água, da fauna e da flora; realizar zoneamentos agroecológicos
para ordenar a ocupação de diversas atividades produtivas, desenvolver

33
programas de educação ambiental, fomentar a produção de mudas de
espécies nativas, entre outros.

15 – Lei de Recursos Hídricos – número 9.433 de 08/01/1997.

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema


Nacional de Recursos Hídricos.

Define a água como recurso natural limitado, dotado de valor


econômico, que pode ter usos múltiplos (consumo humano, produção de
energia, transporte, lançamento de esgotos).

A lei prevê também a criação do Sistema Nacional de Informação


sobre Recursos Hídricos para a coleta, tratamento, armazenamento e
recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes
em sua gestão.

16 – Lei do Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição –


número 6.803 de 02/07/1980.

Atribui aos estados e municípios o poder de estabelecer limites e


padrões ambientais para a instalação e licenciamento das indústrias,
exigindo o Estudo de Impacto Ambiental.

17 – Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – número 6.938 de


17/01/1981.

É a lei ambiental mais importante e define que o poluidor é obrigado a


indenizar por danos ambientais que causar, independentemente da culpa.

O Ministério Público pode propor ações de responsabilidade civil por


danos ao meio ambiente, impondo ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou
indenizar prejuízos causados.

Essa lei criou a obrigatoriedade dos estudos e respectivos relatórios


de Impacto Ambiental (EIA-RIMA).

2.2 – A Lei 6.938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente.

Considerando a importância da Lei 6.938/81, uma vez que trata da


Política Nacional de Meio Ambiente, vamos dar a ela enfoque preferencial
neste curso.

34
Nosso país passou a ter Política Nacional do Meio Ambiente com a lei
nº 6.938/81 que pode ser considerada um marco legal para todas as
políticas públicas de meio ambiente a serem desenvolvidas pelos órgãos
estaduais.

Antes dessa lei cada Estado ou Município tinha autonomia para definir
suas políticas em relação ao meio ambiente, mas na prática, poucos
demonstravam interesse na preservação ambiental.

A partir da implantação dessa lei começou a ocorrer uma integração e


um alinhamento dessas políticas, tendo como metas os objetivos e as
diretrizes estabelecidas na referida lei pela União.

Um aspecto importante disso foi a criação do Sistema Nacional do Meio


Ambiente, um sistema de coordenação de políticas públicas de meio
ambiente envolvendo os três níveis da federação, que tem como objetivo
consolidar a Política Nacional do Meio Ambiente.

Política Nacional do Meio Ambiente.

A Lei nº 6.938/81 é a mais relevante norma ambiental depois da


Constituição Federal de 1988, na qual foi mantida. Traçou toda a sistemática
das políticas públicas brasileiras para o meio ambiente.

Essa lei definiu conceitos básicos como os de meio ambiente, de


degradação e de poluição e determinou objetivos, diretrizes e instrumentos,
além de definir responsabilidades.

Também definiu que a política ambiental é a organização da gestão


por parte do governo quanto aos recursos ambientais.

Determina também critérios econômicos para incentivar ações


produtivas que respeitem adequadamente o meio ambiente, bem como as
penalidades para o não cumprimento das normas definidas.

Objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente

O principal objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente é fazer com


que o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado seja de
fato respeitado.

Esse é um princípio contido no caput do art. 225 da Constituição


Federal. Por meio ambiente ecologicamente equilibrado se entende a
qualidade ambiental favorável a manter a vida das gerações atuais e futuras.

35
Também pode ser considerado como objetivo da Política Nacional do
Meio Ambiente conciliar o desenvolvimento socioeconômico do país com a
utilização racional dos recursos ambientais, de forma a que a exploração do
meio ambiente não comprometa as condições favoráveis à vida.

Podemos dizer, então, que o objetivo geral da Política Nacional do


Meio Ambiente está dividido em preservar, melhorar e recuperar o meio
ambiente. Entende-se que preservar é procurar manter o estado natural dos
recursos, não permitindo a ação predatória do homem. Significa deixar
intocados os recursos ambientais.

Melhorar é fazer com que, por meio da intervenção humana, se


consiga fazer com que a qualidade do meio ambiente seja sempre
aprimorada através da gestão apropriada das espécies animais e vegetais e
dos outros recursos ambientais.

Recuperar é fazer com que uma área degradada por meio da


intervenção humana volte a ter as características ambientais originais.
Podemos dizer que esse é o objetivo mais difícil e, em alguns casos, até
impossível de ser alcançado em função da gravidade dos danos causados.

É importante destacar que é mais importante condenar o causador de um


dano ambiental a recuperar o ambiente do que punir com prisão ou simples
multa financeira.

Os objetivos específicos estão disciplinados pela lei em questão de


uma forma bastante ampla no art. 4º da Lei:

Art. 4º – A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a


preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à


qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de


normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnológicas nacionais


orientadas para o uso racional de recursos ambientais;

V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de


dados e informações ambientais e à formação de uma consciência publica
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico;

36
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a
manutenção do equilíbrio ecológico propicio à vida;

VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou


indenizar os danos causados, e ao usuário da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos.

Tanto o objetivo geral quanto os objetivos específicos conduzem à


concepção de que a Política Nacional do Meio Ambiente, ao tentar
harmonizar a defesa do meio ambiente com o desenvolvimento econômico e
com a justiça social, tem como primeira finalidade maior a promoção do
desenvolvimento sustentável e como última finalidade maior a efetivação do
princípio da dignidade da pessoa humana.

Princípios da Política Nacional do Meio Ambiente.

É importante saber que os princípios da Política Nacional do Meio


Ambiente não coincidem exatamente com os princípios do Direito Ambiental,
embora tenham a mesma finalidade. Isso decorre da linguagem adotada,
própria de um texto legal. Os mesmos conceitos são expressos de maneira
diferente.

Após estabelecer o objetivo geral da Política Nacional do Meio


Ambiente, o artigo 2º da Lei nº 6.938/81 define o que chama de princípios
norteadores das ações, como segue:

I – Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,


considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II – Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III

– Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV – Proteção dos ecossistemas, com a preservação das áreas


representativas;

V – Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente


poluidoras;

VI – Incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso


racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII – Acompanhamento do estado de qualidade ambiental;

37
VIII – Recuperação de áreas degradadas;

IX – Proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X – Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação


da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do
meio ambiente.

Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente

Os mecanismos usados pela Administração Pública Ambiental são


instrumentos legais com a finalidade de cumprir a Política Nacional do Meio
Ambiente.

Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente estão


elencados na Lei nº 6.938/81 em seu Art.9º.

Art. 9º – São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II – o zoneamento ambiental;

III – a avaliação de impactos ambientais;

IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente


poluidoras;

V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou


absorção de tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder


Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção
ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;

VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa


Ambiental;

IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias não cumprimento das


medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;

38
X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA;

XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,


obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;

XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras


e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.

É importante saber que padrões de qualidade são normas definidas


pela legislação ambiental e pelos órgãos administrativos de meio ambiente e
se referem aos níveis permitidos de poluição do ar, da água, do solo e dos
ruídos.

Os padrões de qualidade ambiental definem os valores máximos de


lançamento na natureza de poluentes permitidos.

Veremos agora como é feito zoneamento dos locais e de sua


definição quando às diversas atividades que podem neles ser desenvolvidas.

Nas cidades brasileiras, a definição de zoneamento urbano ou


ambiental é quase sempre feita por meio de um Plano Diretor ou de Códigos
Urbanísticos Municipais, embora os Estados e o Governo Federal também
tenham competência para estabelecer algum tipo de zoneamento.

Entendemos por zoneamento uma delimitação de áreas em um


determinado espaço. Com base nessa divisão são definidas as áreas
previstas para os projetos de expansão econômica ou urbana.

A avaliação de impacto ambiental é um instrumento que serve para


defender o meio ambiente. A avaliação é formada por um conjunto de
procedimentos técnicos e administrativos que procuram analisar os
possíveis impactos ambientais causados pela instalação ou operação de
uma atividade.

Esses procedimentos servem para dar suporte à decisão de licenciar


ou não determinado empreendimento. A finalidade é aumentar os impactos
positivos para o meio ambiente e diminuir os impactos negativos.

Como processo administrativo, o licenciamento ambiental não é um


processo simples. Ele segue os procedimentos definidos pela área
administrativa responsável pela gestão ambiental, seja no âmbito federal,
estadual ou municipal.

Existem alguns instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente que


não estão relacionados pela Lei nº 6.938/81, mas são de grande
importância, como é o caso do Fundo Nacional de Meio Ambiente criado
pela Lei nº 7.797/89.

39
Esse fundo é importante, pois é um agente financiador de projetos
ambientais. O funcionamento do licenciamento obedece a seguinte ordem
quanto aos instrumentos existentes:

As leis estaduais e municipais podem conter também indicações de


instrumentos para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente,
com as necessárias adaptações à realidade de cada entidade administrativa.

Esses instrumentos estão divididos em três grupos:

- O primeiro é o dos instrumentos de intervenção ambiental, que são


os mecanismos condicionadores das condutas e atividades relacionadas ao
meio ambiente (incisos I, II, III, IV e VI do art. 9º da citada Lei).

- O segundo são as medidas tomadas pelo Poder Público, que são os


instrumentos de controle ambiental. Sua finalidade é verificar se pessoas
públicas ou particulares se adequaram às normas e padrões de qualidade
ambiental e que podem ser anteriores, simultâneas ou posteriores à ação
em questão (incisos VII, VIII, X e IV do art. 9º da lei citada).

- O terceiro são as medidas legais e com finalidade repressiva


aplicáveis à pessoa física ou jurídica (inciso IX da Lei citada).

O Sistema Nacional do Meio Ambiente.

O SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente é uma estrutura


político-administrativa governamental aberta à participação de instituições
não governamentais e forma a grande estrutura da gestão ambiental no
Brasil.

O SISNAMA pertence ao Poder Executivo da mesma maneira que os


demais sistemas administrativos, como o Sistema Nacional de Educação, o
Sistema Nacional de Segurança e o Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor.

O Sistema Nacional do Meio Ambiente é formado pelo conjunto de


órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e de fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela
proteção e melhoria da qualidade ambiental.

Na sua formação, percebemos que pode ter tomado como modelo o


National Environmental Policy Act – (Ato da Política Nacional do Meio
Ambiente), do governo dos Estados Unidos.

40
Lembremos que, quando nos referimos ao sistema estamos
considerando um conjunto de partes que forma um todo. Nesse sentido,
pensando num sistema, isso pode nos ajudar a:

1) identificar a relação entre as partes componentes.

2) a localização de um padrão que determina as ligações entre as


partes.

3) Vendo o todo percebemos uma finalidade.

Objetivo e Estrutura do Sistema Nacional do Meio Ambiente.

O objetivo do SISNAMA é tornar realidade o direito ao meio ambiente


ecologicamente equilibrado, conforme está previsto na Constituição Federal
e nas normas nos diversos níveis governamentais do nosso país.

Vamos ver agora qual o objetivo e qual a estrutura do Sistema


Nacional de Meio Ambiente. Para você que está fazendo esse curso, isso
pode parecer burocrático, afinal estamos falando de legislação ambiental,
mas isso é muito importante no contexto do tema em estudo.

Nossa finalidade é fazer com que você entenda esse contexto para
que possa transitar por ele. Você já aprendeu que a Lei da Política Nacional
do Meio Ambiente estruturou o Sistema Nacional do Meio Ambiente,
conforme seu Art.3º, e que ele é formado pelos seguintes órgãos:

Art. 3º. O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), constituído pelos


órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e pelas fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis
pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, tem a seguinte estrutura:

I – Órgão Superior: o Conselho de Governo;

II – Órgão Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente


(CONAMA);

III – Órgão Central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da


República (SEMAM/PR);

IV – Órgão Executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis (IBAMA);

V – Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades da Administração Pública


Federal direta e indireta, as fundações instituídas pelo Poder Público cujas
atividades estejam associadas às de proteção da qualidade ambiental ou
àquelas de disciplinamento do uso de recursos ambientais, bem assim os

41
órgãos e entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e
projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a
degradação ambiental;

VI – Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo


controle e fiscalização das atividades referidas no inciso anterior, nas suas
respectivas jurisdições.

O Sistema Nacional do Meio Ambiente é uma instituição sem


personalidade jurídica e não um instituto jurídico ou legal, que possui
atribuições a serem executadas por meio de órgãos, entidades e instituições
que o integram.

A ideia é que do Ministério do Meio Ambiente às secretarias estaduais


e municipais de meio ambiente sigam os mesmos princípios, finalidades e
procedimentos.

Considerações Finais

Vamos agora resumir um pouco.

Entendemos por Política Nacional do Meio Ambiente as diretrizes


gerais estabelecidas por lei, que têm o objetivo de integrar as políticas
públicas de meio ambiente dos Estados que formam a Federação para que
sejam eficientes e eficazes.

Tanto o objetivo geral quanto os objetivos específicos nos levam a


entender que a Política Nacional do Meio Ambiente, ao tentar alinhar a
defesa do meio ambiente com o desenvolvimento econômico e com a justiça
social, tem como sua principal finalidade a promoção do desenvolvimento
sustentável, sempre respeitando o princípio da dignidade da pessoa
humana.

Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente são aqueles


mecanismos utilizados pela Administração Pública ambiental com o intuito
de atingir os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente.

De acordo com o caput do art. 6º da Lei nº 6.938/81, o Sistema


Nacional do Meio Ambiente é o conjunto de órgãos e entidades da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de fundações instituídas
pelo Poder Público responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade
ambiental.

42
2.3 – Lei 9.605/98 - Lei de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza.

A chamada Lei da Natureza ou Lei dos Crimes Ambientais (Lei n.


9.605) é uma lei brasileira de 12 de fevereiro de 1998, assinada pelo então
presidente Fernando Henrique Cardoso, que dispõe sobre as sanções
penais e administrativas a serem aplicadas aos responsáveis por ações que
danifiquem ou comprometam o meio ambiente.

Segundo a Lei, os crimes podem ser classificados em seis tipos


diferentes:

1) Crimes contra a Fauna

São as agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em


rota migratória. Tal agressão pode ser realizada por vários meios, como a
caça, a pesca, matança por diversão, e outros meios como perseguir,
apanhar, utilizar, vender, expor, exportar, adquirir, impedir a procriação,
maltratar, realizar experiências dolorosas ou cruéis.

Da mesma forma, incorre neste crime, aquele que transportar, manter


em cativeiro ou depósito, espécimes, ovos ou larvas sem autorização
ambiental ou em desacordo com esta.

2) Crimes contra a Flora

São agressões cometidas contra plantas ou vegetações como


forestas. Entre as principais agressões, podemos destacar:

- Destruir ou danificar floresta de preservação permanente, as


vegetações fixadoras de dunas ou protetoras de mangues;

- Provocar incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender,


transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área;

- Extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de


madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida
autorização ou em desacordo com esta;

- Impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer forma de


vegetação;

- Destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de


logradouros públicos ou em propriedade privada alheia;

43
- Comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização.
Neste caso, se a degradação da flora provocar mudanças climáticas ou
alteração de corpos hídricos e erosão a pena é aumentada de um sexto a
um terço.

3) Crimes de poluição e demais crimes ambientais

Como crime de poluição, podemos considerar a poluição acima dos


limites estabelecidos por lei. Da mesma forma, é considerado crime a
poluição que provoque ou possa provocar danos à saúde humana,
mortandade de animais e destruição significativa da flora.

Outro exemplo de crimes de poluição são aqueles que tornam locais


impróprios para uso ou ocupação. Como exemplo, podemos citar o caso de
poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento
público e a não adoção de medidas preventivas em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreversível.

Já os considerados demais crimes ambientais, são caracterizados


por:

- A pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem autorização


ou em desacordo com a obtida e a não recuperação da área explorada;

- A produção, processamento, embalagem, importação, exportação,


comercialização, fornecimento, transporte, armazenamento, guarda,
abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas a saúde
humana ou em desacordo com as leis;

- Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar


empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em
desacordo com esta;

- Podemos também encaixar nesta categoria a disseminação de


doenças, pragas ou espécies que posam causar dano à agricultura, à
pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas.

4) Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural

Tais crimes podem ser enquadrados da seguinte forma:

- Destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura de


patrimônio cultural;

- Pichar ou grafitar edificação ou local especialmente protegido por lei;

44
- Danificar, registros, documentos, museus, bibliotecas e qualquer
outra estrutura, edificação ou local protegidos quer por seu valor
paisagístico, histórico, cultural, religioso, ou arqueológico

- Construção em solo não edificável como áreas de preservação, ou


no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com a autorização
concedida.

5) Crimes contra a administração ambiental

Destacam-se as seguintes situações:

- Afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de


informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou
autorização ambiental;

- Concessão de licenças ou autorizações em desacordo com as


normas ambientais;

- Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de


cumprir obrigação de relevante interesse ambiental;

- Dificultar ou obstar a ação fiscalizadora do Poder Público;

6) Infrações administrativas

Podemos conceituar as infrações administrativas como sendo toda


ação ou omissão que viole regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente;

Destaques da Lei

Entre os diversos crimes ambientais destacam-se: Matar animais


silvestres, nativos ou em rota migratória (art.29) continua sendo crime.

Entre esses animais encontram-se as espécies ameaçadas de


extinção, tais como a ararinha azul, o mico-leão dourado, o boto cor-de-rosa.

O fato não é considerado crime se o abate for para saciar a fome da


pessoa ou da sua família em situação emergencial.

O comércio, o aprisionamento e o transporte desses mesmos animais


também constitui crime (art.29, §1°, III), sendo a pena em ambos os casos
de 6 meses a 1 ano de prisão, além de multa;

45
Passa a ser crime, além dos maus tratos, o abuso contra animais,
assim como ferir ou mutilar um animal (art.17). Isso se refere não apenas
aos animais silvestres, nativos e exóticos, mas também aos animais
domésticos ou domesticados e sua pena é multa financeira por animal ou, se
for uma espécie ameaçada de extinção, a multa varia para valores
superiores.

As experiências dolorosas ou cruéis em animal vivo, ainda que seja


para fins didáticos ou científicos (como cobaia, dissecar rãs, por exemplo),
são consideradas crimes "quando existirem recursos alternativos" (art.17, §
único) e o infrator incorre nas mesmas penas (multa) referentes aos maus
tratos.

A exportação não autorizada de peles e couros de anfíbios e répteis


em estado bruto (art.13) sujeita o infrator a multa financeira, mais um
acréscimo por espécie apreendida, conforme o grau de raridade do animal;

A caça às baleias, golfinhos e outros cetáceos é considerada crime


ambiental (art.22) dentro do limite de 200 milhas do mar territorial brasileiro.
O simples ato de "molestar de forma intencional" o cetáceo já se enquadra
neste artigo, cuja pena é multa num determinado valor financeiro.

Obs: Os valores financeiros das multas são definidos pelo Governo


Federal e podem variar ao longo do tempo. Por esse motivo não foram
expressos aqui.

Exemplos de crimes ambientais:

O Brasil é um país que apresenta inúmeros casos de crimes


ambientais. Como exemplo, vamos apresentar alguns casos presentes em
um documento publicado pelo Greenpeace, em 2002, intitulado “Crimes
Ambientais Corporativos no Brasil”, onde são relatados diversos casos de
crimes ambientais cometidos por grandes corporações brasileiras e
multinacionais, algumas até estatais, e que tiveram resultados catastróficos.

Veja a seguir um breve resumo de alguns casos de crimes


ambientais:

1) Eternit e Brasilit: o caso envolvendo as empresas do grupo francês


Saint-Gobain, principais fabricantes de telhas e caixas d’água no Brasil,
envolveu uma série de processos de ex-funcionários que apresentaram
doenças relacionadas a exposição ao amianto ou asbesto, um mineral que
misturado com o cimento serve de matéria-prima para a construção de
caixas d’água e telhas. A exposição ao amianto tem efeitos nocivos
reconhecidos internacionalmente e, por isso o uso do mineral é proibido em

46
todos os países da união europeia, por provocar uma doença chamada de
asbestose (doença crônica pulmonar), câncer de pulmão, do trato
gastrointestinal e o mesotelioma (tumor maligno raro que pode atingir tanto a
pleura – tecido que reveste o pulmão, quanto o peritônio – tecido que
reveste o estômago). Embora a empresa não tenha admitido que as
doenças foram provocadas pela exposição de seus funcionários ao mineral,
em setembro de 1998 a empresa foi condenada a pagar uma indenização de
R$100 mil reais e uma pensão mensal para o funcionário João Batista Momi,
por ter contraído asbestose.

2) Na época outros 200 aposentados do grupo entraram na justiça


contra a empresa. Em junho de 1999 foi a vez da Eterbrás, empresa do
grupo Eternit, indenizar a família do ex-funcionário Élvio Caramuru que
morreu de mesotelioma de pleura aos 34 anos de idade. A empresa recorreu
em todas as decisões alegando que o fibrocimento (mistura de amianto e
cimento) não era o responsável por causar o câncer. Mas, anos depois a
Brasilit eliminou o uso de amianto de seus produtos adotando o lema “0%
amianto. 100% você”. No entanto, ele ainda é utilizado pela Eternit já que no
Brasil seu uso ainda é permitido embora com algumas restrições e com a
proibição em alguns estados, como São Paulo, e municípios. Mas o grande
problema ainda são as mineradoras, principal fonte de contaminação
ambiental. No município de Bom Jesus da Serra na Bahia, onde funcionou a
mineradora da Sama S/A de 1939 a 1967, pertencente a Eternit, o local
minerado transformou-se em um grande lago. O problema é que moradores
usam a água do local para consumo e há contaminação por amianto em
toda parte. (Fonte: Estadão).

3) Aterro Mantovani: entre 1974 e 1987 o aterro instalado em Santo


Antônio da Posse (SP), recebeu resíduos de 61 indústrias da região e, em
1987 foi fechado pela Cetesb (agência ambiental paulista) devido a diversas
irregularidades. Parte dos resíduos perigosos depositados ali vazou para o
lençol freático contaminando o solo e a água na região com substâncias
como organoclorados, solventes e metais pesados. Após constatada a
contaminação o proprietário do aterro, Waldemar Mantovani, foi multado em
R$93 mil reais e as empresas que depositaram seus resíduos tiveram de
assinar um acordo com o Ministério Público e a Cetesb onde se
comprometiam a colaborar com parte dos recursos necessários para
remediação do local. Algumas empresas como a Du Pont que gastou mais
de US$300 mil dólares retirando seu material dali e incinerando-o em outro
local, tiveram de fazer a remoção dos resíduos perigosos.

4) Companhia Fabricadora de Peças (Cofap): em 2000 durante a


manutenção de uma bomba subterrânea de caixa d’água no condomínio
Barão de Mauá, no município de mesmo nome em São Paulo, uma explosão
vitimou um trabalhador que estava no local e deixou outro com 40% do
corpo queimado. Ao investigar o ocorrido descobriu-se que no terreno onde
foi erguido o condomínio haviam sido depositados clandestinamente
resíduos tóxicos que provocaram a contaminação do local por 44 compostos
orgânicos voláteis diferentes, dentre eles o benzeno, o clorobenzeno e o

47
trimetilbenzeno, todos cancerígenos. Durante a perícia, constatou-se que a
presença de gases inflamáveis provenientes dos resíduos do solo
contaminado é que acabou provocando a explosão. A área de 160 mil m²
havia pertencido à Cofap que alegou na época desconhecer como estes
materiais tóxicos foram parar ali. Em 2001, uma ação civil pública foi movida
contra a Cofap, Grupo Soma (responsável pelo início das construções), a
construtora SQG, a PAULICOOP (que promoveu a construção do
condomínio através da Cooperativa Habitacional Nosso Teto) e a Prefeitura
de Mauá. Em 2005 foi decidido que as empresas teriam de indenizar os
moradores do condomínio, retirá-los do local e realizar a recuperação
ambiental da área.

2.4 – Deliberações e resoluções Copam.

Inicialmente, precisamos saber que o COPAM significa Conselho


Estadual de Política Ambiental.

Criado em 1977, o Conselho de Política Ambiental - COPAM é um


órgão normativo, colegiado, consultivo e deliberativo, subordinado à
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável –
SEMAD.

Tem por finalidade deliberar sobre diretrizes, políticas, normas


regulamentares e técnicas, padrões e outras medidas de caráter
operacional, para preservação e conservação do meio ambiente e dos
recursos ambientais, bem como sobre a sua aplicação pela Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pelas entidades a
ela vinculadas e pelos demais órgãos locais.

São considerados órgãos locais os órgãos ou as entidades do Poder


Público Municipal cujas atividades estejam associadas às de proteção e
controle do uso dos recursos ambientais.

O COPAM tem a seguinte estrutura:

I - Presidência;

II - Plenário;

III - Câmara Normativa e Recursal;

IV - Câmaras Temáticas:

a) Câmara de Energia e Mudanças Climáticas;


b) Câmara de Indústria, Mineração e Infraestrutura;

48
c) Câmara de Atividades Agrossilvopastoris;
d) Câmara de Instrumentos de Gestão Ambiental;
e) Câmara de Proteção à Biodiversidade e de Áreas Protegidas;

V - Secretaria Executiva;

VI - Unidades Regionais Colegiadas, em número máximo de quatorze, com


sede e jurisdição estabelecidas no Anexo deste Decreto;

Sua estrutura, fundamentada em um sistema colegiado, consagrou a


fórmula do gerenciamento participativo, inovando a forma de organização de
conselhos governamentais e a própria elaboração de políticas públicas.

Exercendo o papel de órgão colegiado do sistema ambiental estadual


é responsável pela deliberação e normatização das políticas públicas
formalizadas pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
– SISEMA (SEMAD, FEAM, IGAM e IEF) na área ambiental.

O COPAM está organizado em sete Câmaras Especializadas, que


têm competência para atuar na elaboração de normas, visando a proteção e
a preservação ambiental, na sua respectiva área de atuação.

O Plenário reúne-se, ordinariamente, a cada trimestre, em data, local


e hora fixados com antecedência de pelo menos 5 (cinco) dias pela
Secretaria Executiva.

E, extraordinariamente, por iniciativa do Presidente, da maioria de


seus membros ou por solicitação de qualquer Câmara Especializada,
quando convocado pela Secretaria Executiva com antecedência de no
mínimo 2 (dois) dias.

As resoluções e deliberações do COPAM são publicadas no Diário


Oficial e estão disponíveis na íntegra para consulta.

49
3.1 – O que é Licenciamento Ambiental.

Antes de qualquer ação ou atividade que tenha o potencial de poluir


ou afetar de alguma forma o meio ambiente, a primeira coisa a fazer e
solicitar o licenciamento ambiental.

Por lei, essa medida tem uma característica social importante. É parte
do processo de licenciamento a realização de Audiências Públicas.

Isso deve ser feito envolvendo os Órgãos Estaduais de Meio Ambiente


e, dependendo do caso, o IBAMA, que são partes integrantes do SISNAMA
(Sistema Nacional de Meio Ambiente).

Se o projeto a ser aprovado for um projeto de infraestrutura de grande


porte, envolvendo impactos em mais de um estado ou em setores,
principalmente petróleo e gás, hidroelétricas, complexos rodoviários ou
ferroviários; é campo de atuação do IBAMA.

As diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão na Lei


6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97. Além dessas, o
Ministério do Meio Ambiente emitiu o Parecer nº 312, que define a
competência estadual e federal para o licenciamento, tendo como
fundamento a amplitude do impacto.

Dentro do IBAMA cabe à Diretoria de Licenciamento Ambiental a


execução do licenciamento em nível federal. Há possibilidade de se fazer o
processo praticamente todo on line.

Os empreendedores podem acessar os módulos de:

- Abertura de processo,

50
- Atualização de dados técnicos do empreendimento,

- Solicitação de licença,

- Envio de documentos e boletos de pagamento de taxas do


licenciamento.

É importante saber que o processo de licenciamento em nível federal


está dividido em três fases:

- Licença Prévia - LP,


- Licença de Instalação – LI,
- Licença de Operação - LO.

3.2 – Os diferentes tipos de licenças ambientais: licença prévia


(LP), licença de instalação (LI), licença de operação (LO).

Seguem agora as definições, condições e critérios para a emissão da


LP, LI e LO.

LICENÇA PRÉVIA - LP.

É o documento que deve ser solicitado pelo empreendedor


obrigatoriamente na fase preliminar do planejamento da atividade, na fase
de estudos para localização do empreendimento.

A LP deverá ser concedida pelo órgão Estadual de Meio Ambiente -


OEMA, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, ou nos casos previstos em lei, e
sua concessão está condicionada às informações prestadas, formalmente,
pelo interessado.

Após análise, o órgão licenciador define as condições básicas a serem


atendidas para a localização do empreendimento, levando em conta os
planos municipais, estaduais ou federal de uso do solo. O fato de se obter
esse licenciamento ainda não autoriza o início de qualquer obra destinada a
implantar o projeto do empreendimento.

O pedido de licenciamento deve ser publicado pelo empreendedor


conforme Resolução n° 006/ 86 do Conselho Nacional do Meio ambiente -
CONAMA.

51
LICENÇA DE INSTALAÇÃO – LI.

E obrigatório que este documento seja obtido pelo empreendedor junto


ao órgão Estadual de Meio Ambiente ou, quando couber, ao IBAMA, antes
da implantação do empreendimento.

A solicitação da LI estará condicionada à apresentação de projeto


detalhado do empreendimento. Ao obter essa licença o responsável pelo
projeto assume o compromisso de manter o projeto final compatível com o
conteúdo aprovado.

O empreendedor solicita a LI e publica o pedido, conforme a Resolução


n° 006/86 do CONAMA.

Para que seja obtida a LI, é necessário que todas as exigências


constantes da LP (Licença Prévia) tenham sido atendidas.

O documento que dará base à emissão da LI é o Projeto Executivo.


Esse projeto deve conter todos os Programas Ambientais, Planos de
Monitoramento, identificados e aprovados no EIA/RIMA, bem como as
exigências feitas no corpo da LP (Licença Prévia).

Uma vez elaborado esse projeto e aprovado pelo órgão competente,


será concedida a LI ao empreendimento. Essa concessão de licença deverá
ser publicada conforme Resolução n° 006/86 do CONAMA.

LICENÇA DE OPERAÇÃO – LO.

Essa licença é concedida pelo órgão ambiental competente, devendo


ser solicitada antes do empreendimento entrar em operação. Sua concessão
está condicionada à vistoria, teste de equipamentos e outros meios de
verificação técnica.

A solicitação da LO é de caráter obrigatório e sua concessão implica o


compromisso do interessado em manter o funcionamento dos equipamentos
de controle de poluição pelo programa de controle ambiental, atendendo às
condições estabelecidas no seu deferimento.

O empreendedor solicita ao órgão ambiental competente a Licença de


Operação e publica o pedido, conforme a Resolução n° 006/86 do CONAMA.

Para que esta fase se concretize é necessário que todas as exigências


relativas à LI tenham sido satisfeitas.

Para o cumprimento desta etapa do licenciamento, realiza-se vistoria


do empreendimento para verificar se todas as exigências e detalhes técnicos
descritos no projeto foram desenvolvidos e atendidos ao longo de sua fase

52
de implantação, inclusive com acompanhamento dos testes pré-
operacionais, quando necessário.

Sendo aprovada esta etapa, a LO será concedida, devendo ser


publicada conforme Resolução n° 006/86 do CONAMA.

Uma vez concedida a LO, o órgão ambiental deverá renovar a licença


periodicamente após realizar vistoria do empreendimento para verificar a
execução e os resultados dos programas e monitoramentos ambientais.

3.3 – Documentação técnica.

Sob o enfoque da Documentação Técnica, vamos considerar dois


tópicos já mencionados anteriormente, que são:

- EIA - Estudo de Impacto Ambiental

- RIMA - Relatório de Impacto Ambiental

O que é EIA/RIMA?

É um dos instrumentos da política Nacional do Meio Ambiente e foi


instituído pela RESOLUÇÃO CONAMA N.º 001/86, de 23/01/1986.

Refere-se a atividades utilizadoras de Recursos Ambientais


consideradas de significativo potencial de degradação ou poluição, que
dependerão do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para seu licenciamento ambiental.
(LI).

Neste caso o licenciamento ambiental apresenta uma série de


procedimentos específicos, inclusive realização de audiência pública, e
envolve diversos segmentos da população interessada ou afetada pelo
empreendimento.

O EIA e o RIMA ficam à disposição do público que se interessar,


respeitando-se o sigilo industrial, conforme estabelecido no Código Estadual
de Meio Ambiente.

Para elaborar o EIA/RIMA o interessado deverá seguir os


procedimentos do Termo de Referência, que é um conjunto de orientações
dos procedimentos a serem seguidos.

53
Atividades sujeitas a licenciamento com apresentação de EIA/RIMA.

Você deve estar se perguntando: quais, então, são as atividades que pedem
a elaboração de EIA/RIMA. Vamos especificar agora. São elas:

 Estradas de rodagem com 2 (duas) ou mais faixas de rolamento;



 Ferrovias;

 Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

 Aeroportos, conforme definido pelo inciso I, artigo 48, do Decreto-Lei
n.º32, de 18 de novembro de 1966;

 Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de
esgotos sanitários;

 Linhas de transmissão de energia elétrica acima de 230 KW;

 Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como:

o Abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação,


retificação de cursos d’água,

o Abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias,


diques;

 Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);



 Extração de minério, inclusive os da classe II, definidos no CÓDIGO
DE MINERAÇÃO;

 Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos
ou perigosos;

 Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de
energia primária, acima de 10 MW;

 Complexos e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos,
siderúrgicos, destilarias e álcool, hulha, extração e cultivo de recursos
hídricos);

 Distritos industriais e Zonas Estritamente Industriais - ZEI;

 Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de
100 há (cem hectares) ou menores, quando atingir áreas significativas
em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;

54
 Projetos urbanísticos, acima de 100 ha (cem hectares) ou em áreas
consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e
dos órgãos municipais e estaduais competentes;

 Qualquer atividade que utilize carvão vegetal em quantidade superior
a 10t (dez toneladas) por dia.

Obs.: Poderá ser exigida a apresentação de EIA/RIMA de outros ramos


além dos acima especificados, a critério do órgão ambiental.

No caso de aterros de resíduos sólidos urbanos e industriais,


aplicam-se as determinações das PORTARIAS N.º 10/96-SSMA e N.º 12/95-
SSMA.

Na verdade, de acordo com o Código Estadual de Meio Ambiente, o


licenciamento para a construção, instalação, ampliação, alteração e
operação de empreendimentos ou atividades utilizadoras de recursos
ambientais considerados de significativo potencial de degradação ou
poluição, dependerá da apresentação do Estudo Prévio de Impacto
Ambiental (EIA) e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

Também de acordo com o Código Florestal Estadual, é proibida a


derrubada parcial ou total das matas ciliares e das vegetações de
preservação permanente definidas em lei e reserva florestal do artigo 9º
desta Lei, salvo quando necessário à execução de obras, planos ou projetos
de utilidade pública ou interesse social, mediante a elaboração prévia do
EIA-RIMA e licenciamento do órgão competente e Lei própria.

ORIENTAÇÕES GERAIS.

O licenciamento tem seu início coma apresentação da documentação


constante no item “DOCUMENTAÇÃO NECESSARIA” das “INSTRUÇÕES
PARA SOLICITAÇÃO DE DOCUMENTOS”, ressaltando-se que após a
análise desta documentação é que a entidade se manifestará pela
necessidade ou não da apresentação do referido estudo.

Após ter sido comprovado se tratar de empreendimento sujeito a


apresentação de EIA/RIMA, a FEPAM (Federação Estadual de Proteção
Ambiental ou órgão equivalente) deve formar uma equipe técnica
multidisciplinar para análise de cada Estudo/Relatório apresentado à
instituição.

Esta equipe fixa as informações a serem solicitadas no Termo de


Referência. (Que vai conter as orientações para elaboração do processo).

55
De acordo com a legislação em vigor referente ao EIA/RIMA devem
ser seguidos os procedimentos:

 Depois de notificado pela FEPAM de que se trata de licenciamento


com apresentação de EIA/RIMA, o empreendedor deverá publicar a
solicitação de licenciamento, conforme a RESOLUÇÃO CONAMA Nº
006/86, e, oportunamente apresentar comprovação da publicação;

 O Termo de Referência para a apresentação do EIA/RIMA deverá
estar de acordo com as orientações da equipe técnica multidisciplinar;

 A FEPAM colocará à disposição dos interessados o RIMA, em sua
Biblioteca e determinará prazo de, no mínimo, 45 (quarenta e cinco)
dias para recebimento de comentários;

 A FEPAM convocará audiência pública através de edital assinado por
seu Diretor-Presidente, mediante petição apresentada por no mínimo
1 (uma) entidade legalmente constituída, governamental ou não, por
50 (cinquenta) pessoas ou pelo Ministério Público, conforme
estabelecido no Código Estadual de Meio Ambiente, sendo que a
divulgação da convocação se fará com uma antecedência mínima de
30 (trinta) dias.

 A FEPAM poderá deliberar pela convocação de audiência pública,
mediante apreciação da equipe multidisciplinar, mesmo sem haver a
solicitação popular para a realização da mesma, com vistas à
obtenção de subsídios para emissão do parecer técnico final.

 A FEPAM, durante a análise técnica, poderá solicitar
complementações do EIA/RIMA.

 Após a análise técnica a FEPAM se manifestará, aprovando ou
invalidando o EIA/RIMA, através da emissão do documento
correspondente, licenciando ou indeferindo a solicitação de
licenciamento ambiental.

 O recebimento da licença também deverá ser tornado público pelo
empreendedor.

3.4 – A atuação do CERH: Objetivos e finalidades.

Antes de definirmos o que é o CERH, é importante lembrar que o


Brasil é um país rico em recursos hídricos. Possui entre 12% a 14% da água
doce de todo o mundo Contudo, 70% da água existente no território
brasileiro estão no Rio Amazonas e os restantes 30% distribuem-se nos
demais estado da federação.

56
Como exemplo, o Estado de São Paulo, centro financeiro e técnico da
América Latina, com concentração de um quarto da população do país,
dispõe de apenas 1,6% de todas as reservas hídricas doces do território
nacional.

Considerando-se a distribuição de água no nossos pais, podemos


dizer que os três desafios mais importantes são a) a escassez de água, b) os
conflitos sobre o uso da água e, c) a expansão urbana e a pobreza.

Apesar de terem ocorrido avanços quanto aos níveis de cobertura


de abastecimento de água por meio de ligações de moradias e saneamento
adequado, isso ocorreu principalmente nas grandes cidades.

Há, ainda, uma parcela muito grande da população mais pobre que
vive em condições subhumanas nas favelas e palafitas ao redor das grandes
cidades.

A poluição aumenta o problema de escassez de água. As áreas


metropolitanas têm sido cada vez mais sobrecarregadas em função do
aumento da população e, na maioria das vezes, é necessário buscar a água
em locais cada vez mais distantes.

Essa realidade, não raras vezes acaba por ser a causa de conflitos
entre municípios e mesmo entre estados no que se refere à captação e
distribuição da água.

Como exemplo podemos citar a transposição do rio São Francisco e


toda a polêmica que ainda desperta esse projeto.

Existem em cada Estado da Federação as Secretarias de Estado de


Energia, Recursos Hídricos e Saneamento (SSEs), responsáveis pela
política de abastecimento de água e saneamento. Cabe a esses órgãos
definir a política para o uso da água e do meio ambiente.

Vamos então definir o que é CERH. O Conselho Estadual de


Recursos Hídricos (CERH) de cada estado é a maior autoridade no Sistema
Integrado de Gestão de Recursos Hídricos. É um órgão deliberativo, com
participação dos grupos interessados do estado, dos municípios e da
sociedade civil.

É responsável pela supervisão e regulamentação do Sistema de


Gestão de Recursos Hídricos do Estado. A Secretaria Executiva do CERH é
a Comissão Coordenadora de Recursos Hídricos (CORHI).

57
Responsabilidade de regulamentação.

A Lei Federal Nº 11.445 de 2007 normatizou o setor de


Abastecimento de Água e Saneamento do Brasil (AAS), dando poderes e
capacidade técnica aos governos estaduais para melhorar a sua
regulamentação dos serviços.

Normalmente, em cada estado há um orgão voltado ao Saneamento


Ambiental (CETESB ou equivalente) que é responsável pela emissão de
licenças ambientais e pelo monitoramento e fiscalização das leis antipoluição
no Estado.

Suas ações de controle da poluição têm-se limitado principalmente


às maiores indústrias e aos piores poluidores de cada estado e, como
resultado, outras entidades, como as empresas de água e saneamento, têm
sido sujeitadas a uma regulamentação e fiscalização bem menos rigorosas.

Os desafios da água.

Como já ressaltamos anteriormente, a questão da água tem como


desafios a pouca disponibilidade, a expansão urbana e a pobreza, que têm
causado a poluição da água, problemas com drenagem urbana e altos níveis
de perda de receita em alguns municípios.

O acesso ao abastecimento de água e saneamento e a qualidade do


serviço estão entre os principais desafios para muitos estados e municipios.

Esse problema é relativamente menor nos estados do norte e do


Centro-sul do Brasil, mas na região nordestina é antiga a dificuldade relativa
ao uso e destinação da água, pois ali ela é mais escassa.

O problema da escassez de água.

Quando nos referimos ao problema da escassez, devemos considerar


que a água de superfície (rios, lagos, água da chuva) é responsável por
cerca de 80% do uso da água de que dispomos, enquanto as águas
subterrâneas respondem por 20%.

A água de superficie sofre influência direta do meio ambiente. Fatores


climáticos como secas prolongadas, desmatamento, poluição, afetam
diretamente a quantidade e qualidade da água disponível.

Daí a grande preocupação com a preservação e manutenção das


fontes (mananciais) que dão origem à água potável.

58
De forma geral, as áreas de mananciais enfrentam questões graves
de qualidade de água, principalmente aquelas próximas às grandes cidades,
devido à presença extensiva de favelas ou bairros sem sistema de coleta de
resíduos sólidos ou esgoto.

As proximidades de mananciais foram originalmente definidas como


áreas de proteção ambiental, mas acabam sendo invadidas por famílias de
baixa renda que chegam às regiões metropolitanas em busca de trabalho e
oportunidade.

Há também conflitos quanto ao uso da água para a produção de


energia hidrelétrica. Projetos de hidreletricas têm enfrentado grandes
dificuldades quanto à sua aprovação, pois muitas vezes implicam em
desmatamento, danos aos animais e às populações indígenas e ribeirinhas.

Quanto às águas subterrâneas, têm sido usadas pelas indústrias,


casas e condomínios privados e empresas prestadoras de serviços. O uso
crescente das águas subterrâneas é resultado de politicas não muito claras
e da falta de controle e acompanhamento da água subterrânea.

Nos municípios onde a água e o saneamento são fornecidos pelo


governo local, geralmente a falta de capacidade na expansão do
abastecimento de água contribui para a exploração de recursos hídricos
subterrâneos.

A situação de escassez de água, combinada com uma expansão


urbana desordenada e indústrias produtivas, mas poluidoras, tem gerado um
conflito cada vez maior entre os consumidores, razão pela qual o papel do
CERH é bastante importante.

3.5 – As competências do IEF, FEAM e IGAM.

Competências do IEF.

Cabe ao IEF (Instituto Estadual de Florestas) as tarefas de secretaria


executiva do COPAM, no tocante às atividades agrícolas, pecuárias e
florestais, à FEAM, (Fundação Estadual do Meio Ambiente) no tocante às
atividades industriais, minerárias e de infraestrutura.

O CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) exerceu até a


criação da SEMAD (Secretaria de Meio Ambiente), em 1995, o papel de
órgão superior do sistema ambiental, contando sempre com uma
composição de representantes de instituições públicas e associações civis,
incluindo representantes das entidades ambientalistas.

59
De acordo com sua estrutura atual, o COPAM está organizado em
seis Câmaras Técnicas: Atividades Agrárias, Bacias Hidrográficas, Proteção
da Biodiversidade, Mineração, Política Ambiental e Poluição Industrial.

As Câmaras Técnicas são dotadas de competência para elaboração


de normas técnicas para a proteção ambiental, de acordo com os
respectivos temas. Entre as competências de caráter deliberativo destacam-
se a concessão de licença ambiental para atividades potencialmente
poluidoras e o julgamento em primeira instância dos processos de infração
tipificados como graves ou gravíssimos, pelo não cumprimento da legislação
ambiental.

A amplitude das atribuições das câmaras técnicas garante a


operacionalidade e a dinâmica do conselho. Em sua composição participam
no máximo seis conselheiros, escolhidos entre membros do plenário e
representantes de entidades públicas, de classe ou do setor produtivo, não
integrantes do plenário e relacionados à área de atuação e especialização
da câmara.

A presidência da câmara técnica é exercida por um de seus


integrantes, eleito entre os membros da câmara também pertencentes ao
plenário.

Esta característica faz com que a câmara seja conduzida por um dos
conselheiros mais representativos entre os seus pares e lhe confere uma
característica de grande independência e responsabilidade em suas
deliberações.

Esta sinergia entre as câmaras técnicas e o conselho completam as


principais características da estrutura do COPAM.

Os procedimentos usados para a tomada de decisões pelas câmaras


técnicas e pelo conselho rotineiramente incluem:

- A participação do IEF na apresentação de pareceres técnicos,


jurídico ou proposições normativas;

- A participação de empreendedores e respectivos consultores;

- A manifestação e esclarecimento necessários ao posicionamento


dos conselheiros;

- A apresentação de relatórios e pareceres por parte de conselheiros


sobre assuntos específicos;

- A presença de representantes de comunidades e demais agentes


envolvidos nos temas em discussão.

60
Esses procedimentos utilizados pelo COPAM no processo de tomada
de decisão têm se mostrado um método democrático e eficiente para a
resolução de conflitos inerentes às decisões sobre as exigências de controle
ambiental de atividades poluidoras e outras matérias de caráter ambiental.

Competências da FEAM.

No âmbito do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), a


Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) tem como competência apoiar
e assessorar tecnicamente e juridicamente as Câmaras Especializadas de
Atividades Industriais (CID), Minerárias (CMI) e de Infraestrutura (CIF).

As Câmaras Especializadas são órgãos deliberativos e normativos,


encarregadas de analisar e compatibilizar planos, projetos e atividades de
proteção ambiental com as normas que regem a espécie, de acordo com
sua competência.

Cada Câmara é composta por seis membros designados pelo


presidente do Copam, sendo quatro conselheiros do Plenário e dois
convidados, que podem ser representantes de órgãos ou entidades da
administração pública, de entidades civis representativas dos setores
produtivos, de categorias de profissionais liberais ou de ONGs.

De acordo com o Decreto 44.316/06 a CID, CMI e CIF têm as seguintes


competências específicas:

 julgar recursos de decisões proferidas pelo Presidente da Feam


relativas à aplicação de penalidades às infrações previstas pela Lei
7.772 de 1980.

 decidir sobre os pedidos de concessão de:

a) Licença Prévia (LP) de empreendimentos ou atividades classes 3
e 4 que não estejam localizados no território de jurisdição das
Unidades Regionais Colegiadas (URCs);

b) Licença de Instalação (LI) e de Operação (LO) concedidas em


caráter corretivo de empreendimentos ou atividades classes 3 e 4 que
não estejam localizados no território de jurisdição das URCs;

c) Licenças Prévia (LP), de Instalação (LI) e de Operação (LO) de


empreendimentos ou atividades classes 5 e 6, desenvolvidas em
qualquer parte do território do Estado de Minas Gerais, inclusive as
concedidas em caráter corretivo;

61
d) licenças de atividades ou empreendimentos localizados ou
desenvolvidos na jurisdição de duas ou mais URC;

e) Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF) ou licença


ambiental concedida pela Feam.

Competências do IGAM.

São as seguintes as competências do IGAM (Instituto de Gestão de


Águas e Mananciais).

1) Definir as áreas em que a ação do governo relativa à qualidade


ambiental deva ser prioritária;

2) Estabelecer normas técnicas e padrões de proteção e conservação do


meio ambiente, observadas a legislação federal e a estadual,
bem como os objetivos definidos nos planos de Desenvolvimento
Econômico e Social do Estado;

3) Aprovar normas sobre a concessão dos atos autorizativos ambientais,


no âmbito de sua competência, inclusive quanto à classificação das
atividades por parte do potencial poluidor;

4) Compatibilizar planos, programas e projetos potencialmente


modificadores do meio ambiente com as normas e padrões
estabelecidos pela legislação ambiental vigente, visando à garantia da
qualidade de vida e dos direitos fundamentais da sociedade e do
indivíduo;

5) Estabelecer diretrizes para a integração dos municípios, mediante


convênio, na aplicação das normas de licenciamento e fiscalização
ambiental;

6) Acompanhar o planejamento e o estabelecimento de diretrizes de


ações de fiscalização e de exercício de poder de polícia administrativa
desenvolvidos pelos órgãos e entidades ambientais estaduais;

7) Disciplinar exclusivamente os dispositivos contidos na Lei nº 14.181,


de 17 de janeiro de 2002, na Lei nº 14.309, de 19 de junho de 2002, e
na Lei nº 7.772, de 8 de setembro de 1980;

8) Analisar, orientar e licenciar, por intermédio de suas Unidades


Regionais Colegiadas, a implantação e a operação de atividade
efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do meio
ambiente, determinando igualmente a relocalização, a suspensão ou
o encerramento dessas atividades, quando necessário, ouvido o
órgão seccional competente;

62
9) Autorizar a exploração florestal disciplinada pela Lei nº 14.309, de19
de junho de 2002, nos termos do regulamento desta Lei;

10) Discutir e propor programas de fomento a pesquisa aplicada a área


ambiental, bem como projetos de desenvolvimento sustentável;

11) Homologar acordos, visando à transformação de penalidade


pecuniária em obrigação de execução de medidas de interesse de
proteção ambiental, além das exigidas em lei;

12) Aprovar relatórios de impacto ambiental;

13) Propor ao Executivo a criação e a extinção das Câmaras Temáticas,


bem como instituir e extinguir grupos de trabalho para análise de
temas específicos, quando se fizer necessário, por meio de
deliberação;

14) Atuar conscientizando a sociedade acerca da necessidade de


participação no processo de proteção, conservação e melhoria do
meio ambiente, com vistas ao uso sustentado dos recursos naturais;

15) Decidir, em grau de recurso, através da Câmara Normativa e


Recursal, como última instância administrativa, sobre as penalidades
aplicadas por infração à legislação ambiental, bem como sobre o
licenciamento ambiental e autorização ambiental de funcionamento
das atividades sujeitas ao controle ambiental;

16) Determinar a compensação ambiental a que se refere o art. 36 da Lei


Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000;

17) Deliberar sobre o zoneamento ecológico econômico do Estado;

18) Aprovar o relatório de qualidade do meio ambiente, a ser elaborado


com base nos indicadores ambientais do Estado;

19) Homologar, nos termos do art. 2º da Lei nº 10.583, de 2 de janeiro de


1992, a lista de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção;

20) Propor a criação e reclassificação de unidades de conservação do


Estado;

21) Deliberar, nos termos dos SS§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº 14.309, de


19 de junho de 2002, sobre zoneamento e planos de gestão de
unidades de conservação de uso sustentável;

22) Estabelecer diretrizes para aplicação dos recursos previstos no art.


214, § 3º da Constituição Estadual e de fundos de apoio à política
ambiental e de desenvolvimento sustentável;

63
23) Aprovar os mapas de zoneamento e o calendário da pesca no Estado
com vistas ao desenvolvimento sustentável da fauna aquática;

24) Responder a consultas sobre matéria de sua competência, orientar


os interessados e o público em geral quanto à aplicação de normas e
padrões de proteção ambiental e divulgar relatório sobre qualidade
ambiental; e Aprovar seu regimento interno; e exercer as atividades
correlatas que lhe forem delegadas.

3.6 – SISNAMA, CONAMA, IBAMA e o licenciamento ambiental.

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) é constituído pelos


Órgãos e Entidades da União, dos Estados do Distrito Federal, dos
Territórios, dos Municípios e Fundações instituídas pelo Poder Público.

Responsável pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Está


subordinado ao CONAMA (Órgão Superior do Conselho Nacional do Meio
Ambiente).

É um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas


responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade ambiental,
estruturando-se por meio dos seguintes níveis político administrativos:

Órgão superior – Conselho de Governo, que reúne a Casa Civil da


Presidência da República e todos os ministros. Tem a função de assessorar
o presidente da República na formulação da política nacional e das diretrizes
nacionais para o meio ambiente e os recursos naturais.

Órgão consultivo e deliberativo – Conselho Nacional do Meio


Ambiente - CONAMA. Reúne os diferentes setores da sociedade e tem
caráter normatizador dos instrumentos da política ambiental.

Órgão central – Ministério do Meio Ambiente. Tem a função de


planejar, coordenar, supervisionar e controlar as ações relativas à política do
meio ambiente.

Órgão executor – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Está encarregado de executar e
fazer executar as políticas e diretrizes governamentais definidas para o meio
ambiente.

Órgãos seccionais – De caráter executivo, essa instância do


SISNAMA é composta por órgãos e entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas e projetos, assim como pelo controle e fiscalização
de atividades degradadoras do meio ambiente. São, em geral, as
Secretarias Estaduais de Meio Ambiente.

64
Órgãos locais – Trata-se da instância composta por órgãos ou
entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização dessas
atividades em suas respectivas jurisdições. São, quando elas existem, as
Secretarias Municipais de Meio Ambiente.

Quais os principais problemas para se implementar o SISNAMA.

Falta da capacidade de fazer chegar suas ações o mais próximo


possível dos cidadãos, a escassez de recursos financeiros e de pessoal,
assim como a falta de uma base legal revisada, consolidada e implementada
são os principais problemas relativos à implementação do SISNAMA.

Somente 23% dos municípios brasileiros criaram instâncias municipais


de meio ambiente, ocorrendo, na ausência dessas, o repasse das
atribuições para os âmbitos estadual e federal.

A falta de uma movimentação para a criação dos Conselhos


Municipais e para o bom funcionamento dos Conselhos Estaduais de Meio
Ambiente, garantindo assim maior participação e controle social nos
processos de tomada de decisão e na gestão ambiental.

Aspectos que devem ser aprofundados para o fortalecimento do


SISNAMA.

Aumento da base de sustentação e de controle social das políticas


ambientais – é preciso ampliar e fortalecer os espaços de debate, de
negociação e de deliberação das políticas ambientais para o país, buscando
incluir todos os envolvidos – por exemplo:

- Sociedade civil organizada via ONGs,

- Comunidades tradicionais,

- Povos indígenas,

- Cooperativas,

- Clubes de serviços,

- Associações de bairros e de classe,

- Sindicatos,

- Empresários,

- Comerciantes.

65
Descentralização da gestão ambiental – possibilitar que os três níveis
de governo – municipal, estadual e federal compartilhem as informações.

Articulação – o SISNAMA deve promover o diálogo e a articulação


com os demais sistemas voltados a áreas específicas da gestão ambiental,

Estratégias que podem ser adotadas para este fortalecimento rumo à


sustentabilidade.

1. Incentivo à criação dos órgãos municipais de meio ambiente,


incluindo mecanismos que facilitem a sua estruturação e
funcionamento regular.

2. Incentivo à criação de conselhos municipais de meio ambiente


e ao seu funcionamento regular.

3. Funcionamento dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente.

4. Articulações entre governos federal, estaduais e municipais,


envolvendo instituições de ensino e pesquisa, para a
capacitação técnica, tecnológica e operacional dos órgãos
ambientais nos diferentes âmbitos.

5. Estruturação de mecanismos que garantam o acesso de cada


cidadão à informação sobre degradação e riscos ambientais,
opções de uso sustentável dos recursos, incluindo técnicas e
tecnologias adaptadas.

Fortalecimento de um ambiente de discussões para a construção do


pacto ambiental do país, e instalação de comissões tripartites nos estados e
compostas por representantes do IBAMA, do órgão ambiental estadual e da
Associação Nacional dos Municípios e Meio Ambiente ou de associações
representativas dos municípios.

Desenvolvimento de ações que valorizem a integração e a


capacitação dos diferentes conselhos que compõem o SISNAMA.

3.7 – A Resolução Nº 237/97 do CONAMA e a competência para


licenciar.

O Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, conforme as


suas atribuições e competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938,
de 31 de agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, de 06 de
junho de 1990, considerou a necessidade de revisão dos procedimentos e
critérios utilizados no licenciamento ambiental para que pudesse efetivar a

66
utilização do sistema de licenciamento como instrumento de gestão
ambiental.

Vamos então, ver quais foram as definições realizadas:

I - Licenciamento Ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o


órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,
considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas
aplicáveis ao caso.

II - Licença Ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou
jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental.

III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos


aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como base
para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e
projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e
análise preliminar de risco.

IV - Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que


afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte,
o território de dois ou mais Estados.

É importante destacar que todo empreendimento com potencial para,


de alguma forma, afetar o meio ambiente depende, para funcionar, do
licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras
licenças legalmente exigíveis.

Também é importante saber que caberá ao órgão ambiental


competente definir os graus de exigência, do detalhamento e a
complementação da análise ambiental levando em consideração as
características dos riscos ambientais, o porte e outras características do
empreendimento.

Uma vez que o órgão ambiental competente, verificando que a


atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa
degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao
respectivo processo de licenciamento.

67
Vamos agora abordar as competências dos chamados órgãos
ambientais:

É competência do IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o


licenciamento ambiental a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de
agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto
ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:

I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;


no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva;
em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.

II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do


País ou de um ou mais Estados;

IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,


armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem
energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer
da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;

V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a


legislação específica.

O IBAMA faz o licenciamento depois de considerar o exame técnico


realizado pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se
localizar a atividade ou empreendimento. Quando julgar necessário pode
pedir o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios envolvidos no procedimento de
licenciamento.

O IBAMA pode delegar aos Estados o licenciamento de atividade com


significativo impacto ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando
possível, as exigências. Uma vez tendo delegado o licenciamento, o órgão
ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o licenciamento ambiental dos
empreendimentos e atividades que:

I – Estejam localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em


unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;

II – Estejam localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de


vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da
Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem
consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;

III – Pelos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de


um ou mais Municípios;

68
IV – Tenham sido delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal,
por instrumento legal ou convênio.

Depois de avaliar o exame técnico feito previamente pelos órgãos


ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou
empreendimento, o órgão ambiental estadual ou federal fará o licenciamento
e também, quando for necessário, levará em conta o parecer dos demais
órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios envolvidos no procedimento de licenciamento.

É da competência do órgão ambiental municipal o licenciamento


ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e
daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou
convênio.

Se for o caso, deverá consultar os órgãos competentes da União, dos


Estados e do Distrito Federal.

É importante saber que mesmo com os diversos níveis de consulta


(Federal, Estadual e demais entidades), os empreendimentos e atividades
serão licenciados em um único nível de competência.

Dessa forma, dependendo do tipo, a atividade ou empreendimento,


será licenciada em nível federal estadual ou municipal.

3.8 – Prazos e validade para o licenciamento.

Prazos de validade.

A Licença Prévia (LP) terá prazo de validade máximo de um ano,


independente do porte e do potencial poluidor-degradador do
empreendimento, podendo ser renovada de acordo com o cronograma de
elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento
ou atividade. Esta Licença terá o prazo máximo de vigência de cinco anos,
devendo ser renovada anualmente.

A Licença de Instalação (LI) terá prazo de validade máximo de dois anos,


independente do porte e do potencial poluidor-degradador do
empreendimento, podendo ser renovada de acordo com o seu cronograma
de implantação. Esta Licença terá o prazo máximo de vigência de seis anos,
devendo ser renovada a cada dois anos.

A Licença de Operação (LO) terá prazo de validade mínimo de um ano e


máximo de três anos, de acordo com o potencial poluidor-degradador da
atividade/empreendimento, da seguinte forma: um ano para

69
empreendimentos com alto potencial poluidor degradador, dois anos para
empreendimentos com médio potencial poluidor degradador e três anos
para empreendimentos com pequeno potencial poluidor degradado

Há ainda outras licenças específicas, conforme segue:

A Licença de Instalação e Operação (LIO) concedida para implantação de


projetos de assentamento de reforma agrária e de criações (aves, peixes).

A Licença Simplificada (LS), concedida exclusivamente quando se tratar


da localização, implantação e operação de empreendimentos ou atividades
de porte micro, com pequeno potencial poluidor-degradador e cujo
enquadramento de cobrança de custos situe-se nos intervalos de A, B ou C,
constantes da Tabela n° 01 do Anexo III da Resolução COEMA nº 08/2002.
O processo de licenciamento ambiental simplificado constará de Licença
Prévia (LP) e Licença de Instalação/Operação (LIO).

A Autorização Ambiental (AA), será concedida a empreendimentos ou


atividades de caráter temporário. Caso o empreendimento, atividade,
pesquisa, serviço ou obra de caráter temporário, exceda o prazo
estabelecido de modo a configurar situação permanente, serão exigidas as
licenças ambientais correspondentes, em substituição à Autorização
Ambiental expedida.

Prazos das outras licenças.

Licença de Alteração (LA) condicionada à existência de Licença de


Instalação (LI) ou Licença de Operação (LO), observando ainda o
seu respectivo prazo de validade.

Licença de Instalação e Operação (LIO) terá prazo de validade


estabelecido em cronograma operacional, não ultrapassando o período
de três anos.

Licença Simplificada (LS) terá prazo de validade ou renovação


estabelecido no cronograma operacional, não extrapolando o período de
dois anos.

Autorização Ambiental (AA) terá seu prazo estabelecido em cronograma


operacional, não excedendo o período máximo de um ano.

70
4.1 – Empreendimentos e atividades sujeitas ao Licenciamento
Ambiental.

Os empreendimentos e atividades sujeitas a Licenciamento Ambiental


são de forma geral os que seguem e que se desdobram, sendo necessária a
consulta conforme a Resolução Nº 237/97 do CONAMA para ver seu
desdobramento.

1-Extração e tratamento de minerais

2-Indústria de produtos minerais não metálicos

3-Indústria metalúrgica

4-Tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia

5-Indústria mecânica

6-Indústria de material elétrico, eletrônico, comunicações e informática.

71
7-Indústria de material de transporte

8-Indústria de madeira

9-Indústria de borracha

10-Indústria de beneficiamento de couros e peles

11-Indústria química e petroquímica

12-betuminosas e da madeira

13-outros produtos da destilação da madeira

14-germicidas e fungicidas

15-Explosivos

16-Secantes

17-Indústria de produtos de matéria plástica

18-Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos

19-Indústria de produtos alimentares e bebidas

20-Indústria de fumo

21-Indústrias diversas

22-Obras civis

23-Serviços de utilidade

24-Embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros

25-Turismo

26-Atividades diversas

27-Atividades agropecuárias

28-Uso de recursos naturais

72
4.2 – Atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de
recursos ambientais.

São consideradas atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras


de recursos ambientais as abaixo relacionadas, lembrando que cada uma
dessas atividades se desdobra nas respectivas descrições, detalhando as
modalidades de cada atividade.

Para maiores detalhes deve-se consultar o ANEXO I DA LEI Nº


13.361, DE 13/12/2007.

Código Atividade

01 Extração e Tratamento de Minerais

02 Indústria de Produtos Minerais não Metálicos.

03 Indústria Metalúrgica

04 Indústria Mecânica

05 Indústria de Material Elétrico, Eletrônico e


Comunicações

06 Indústria de Material de Transporte.

07 Indústria da Borracha

08 Indústria de Material de Couros e Peles

09 Indústria Têxtil, Vestuário, Calçados e Tecidos.

10 Indústria de Produtos de Matéria Plástica.

11 Indústria do Fumo

12 Indústrias Diversas

73
13 Indústria Química

14 Indústria de Produtos Alimentares e Bebidas

15 Serviços de Utilidade

16 Transporte, Terminais, Depósito e Comércio

17 Turismo

18 Uso de Recursos Naturais

19 Indústria da Madeira

20 Indústria de Papel e Celulose

Cadastro Técnico Federal para as Atividades Potencialmente


Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais.

Qual a finalidade: A finalidade desse cadastro é o controle e monitoramento


das atividades potencialmente poluidoras e/ou a extração, produção,
transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio
ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora.

Quem deve se cadastrar: Nos termos da Lei nº 6938 Art.17 incisos I e II é


obrigatório o registro no IBAMA de todas as pessoas físicas ou jurídicas que
se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou a extração,
produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente
perigosos ao meio ambiente, assim como de minerais, produtos e
subprodutos da fauna e flora, indicadas na IN nº 010/01.

74
Normas para cadastramento

Quem não precisa se cadastrar: Pessoas que desenvolvam atividades


artesanais de pedras semipreciosas, fabricação e reforma de móveis,
artefatos de madeira, artigos de colchoaria, estofados, cestos ou outros
objetos de palha, cipó, bambu e similares e, desta forma, sejam
consideradas autônomas ou microempresas, tais como:

- Carpinteiros,

- Marceneiros,

- Artesãos

- Produtores de plantas ornamentais, aromáticas, medicinais de


origem exótica, exceto as espécies listadas nos ANEXOS I e II da
Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna
Selvagens em Perigo de Extinção - CITES, ANEXOS I e II,

- Consumidores de lenha para uso doméstico e o consumo de carvão


vegetal por pessoas físicas que se dedicam ao comércio ambulante;

- Pessoas que atuem no comércio de pescados;

- Comércio de materiais de construção que comercializa subprodutos


florestais, até cem metros cúbicos ano;

- Comércio varejista que tenha como mercadorias óleos lubrificantes,


gás GLP, palmito industrializado, carvão vegetal e xaxim, tais como,
açougues, mercearias, frutarias, supermercados e demais estabelecimentos
similares.

Como se cadastrar: As pessoas físicas ou jurídicas sujeitas ao Cadastro


Técnico Federal só poderão se registrar via internet no site do IBAMA,
acessando o link da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental para
preenchimento autoexplicativo.

OBS: Algumas categorias dependem, para registro, da análise técnica do


projeto da área específica do IBAMA, com base na legislação que
regulamenta a atividade, o que pode acarretar a exigência de documentos
específicos.

75
Cadastro Técnico Federal para as Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental (IN 010/01 IBAMA)

Qual a finalidade: Identificação, com caráter obrigatório, de pessoas físicas


e jurídicas que se dediquem à consultoria técnica sobre problemas
ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos,
aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetivas ou
potencialmente poluidoras.

Quem deve se cadastrar: De acordo com a Lei 6.938 art.17 Inciso I, devem
se cadastrar pessoas físicas ou jurídicas que se dediquem a prestação de
serviços de consultoria sobre problemas ecológicos ou ambientais, bem
como a elaboração do projeto, fabricação, comercialização, instalação ou
manutenção de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao
controle de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras.

Por que deve ser feito o cadastro: Os órgãos ambientais somente


aceitarão, para fins de análise, projetos técnicos de controle da poluição ou
estudos de impacto ambiental, cujos elaborados sejam profissionais,
empresas ou sociedade civis regularmente registradas no presente cadastro.

Como se cadastrar: As pessoas físicas ou jurídicas sujeitas ao Cadastro


Técnico Federal só poderão se registrar, via internet acessando o link da
Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental para preenchimento
autoexplicativo.

OBS: A inclusão de pessoas físicas e jurídicas neste cadastro não implicará,


por parte do IBAMA e perante terceiros, em certificação de qualidade, nem
juízo de valor de qualquer espécie.

4.3- Critérios para uso dos Recursos Ambientais.

O uso dos recursos ambientais, quer sejam recursos hídricos,


relativos à fauna e flora, meio ambiente em geral e diversos tipos de manejo
como, por exemplo, piscicultura e quaisquer atividades que sejam relativas à
fauna e flora, além do uso do subsolo, estão regulamentados por lei.

A Lei Nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981 é considerada um marco


importante, pois dispõe sobre a política nacional do Meio Ambiente, sua
finalidade e aplicação.

Essa lei que cria a Política Nacional do Meio Ambiente tem por
objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

76
Visa basicamente à manutenção do equilíbrio ecológico, considerando
o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo.

Enfoca os seguintes pontos:

 Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;



 Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

 Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;

 Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;

 Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o
uso racional e a proteção dos recursos ambientais;

 Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

 Recuperação de áreas degradadas;

 Proteção de áreas ameaçadas de degradação;

 Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação
da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na
defesa do meio ambiente.

Sua abrangência refere-se ao:

- Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e


interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas;

- Degradação da qualidade ambiental; poluição, a degradação da


qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

- Atividades que criem prejuízos às atividades sociais e econômicas


afetem desfavoravelmente o ambiente, afetem as condições estéticas ou
sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com
os padrões ambientais estabelecidos;

- A qualquer agente poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito


público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental;

77
- Recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores, superficiais
e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os
elementos da biosfera.

Como é possível perceber, atividades que afetem os Recursos


Hídricos (rios, lagos, águas subterrâneas) tais como irrigação,
empreendimentos elétricos com pequeno ou grande potencial de impacto
ambiental, pesca, peixes ornamentais, algas e criação de camarões devem
seguir os critérios legais junto ao IBAMA.

O mesmo vale para ações junto à flora, como manejo florestal


sustentável, desmatamento, utilização e comercio de produtos vegetais.

No que se refere à fauna e à biodiversidade, devem seguir a


regulamentação legal referente à preservação de espécies ameaçadas de
extinção, criação e comercialização de animais, zoológicos, circos e mesmo
os animais de estimação.

Da mesma forma, estão sob a lei ações relativas à diversidade


biológica, coleta, transporte a armazenamento de espécimes.

4.4 – Educação Ambiental.

Hoje, o grande desafio da humanidade é promover o


desenvolvimento sustentável de forma rápida e eficiente. A gestão ambiental
possui caráter multidisciplinar, profissionais dos mais diversos campos
podem atuar na área, desde que devidamente habilitados.

Torna-se necessária a formação de pessoas com diferentes perfis


profissionais, que agreguem a visão ambientalista à exploração dos recursos
naturais, surgindo os gestores ambientais.

É necessário organizar as atividades humanas para que estas


causem o menor impacto possível sobre o meio ambiente. Esta organização
vai desde a escolha dos melhores técnicos até ao cumprimento da
legislação e definição correta dos recursos humanos e financeiros.

Também é importante saber manejar as ferramentas existentes da


melhor forma possível e não necessariamente desenvolver a técnica ou a
pesquisa ambiental em si.

De forma geral e por vários motivos há fatos que demonstram que o


empresariado nacional está comprometido de forma crescente com a
proteção ambiental.

78
Analisando os investimentos desagregados por região, verifica-se que
a região norte foi a que registrou o maior percentual de empresas que
investiram em proteção ambiental (79,2%) por conter o maior número de
indústrias do setor de madeira, atividade que representar maior potencial de
impacto ambiental.

Estes fatores são mais uma demonstração de crescimento,


importância dada pelas indústrias à prática do desenvolvimento sustentável.

O Setor industrial vem enfrentando algumas dificuldades nas


relações com os órgãos ambientais. A maior dificuldade identificada pelas
empresas é a demora na análise dos pedidos e, consequentemente, na
emissão da licença ambiental.

No que diz respeito à relação entre as indústrias e os órgãos


ambientais, os requisitos da regulamentação ambiental, inadequados e até
excessivos, foram identificados como os maiores causadores de desgaste,
ocasionando a desmotivação na preservação ambiental.

Ainda há muito que fazer e avançar tanto na iniciativa pública como a


privada, para que se obtenha maior agilidade, qualidade e eficiência, sem
comprometer o desenvolvimento econômico e social brasileiro (AMBIENTE
BRASIL, 2007).

O processo de gestão ambiental implica em um processo contínuo


de análise formado de decisão, organização, controle das atividades de
desenvolvimento, bem como avaliação dos resultados para melhorar a
formulação de políticas e sua implementação para o futuro.

Do ponto de vista empresarial, gestão ambiental é termo que se


costuma usar para a gestão que se orienta para evitar, na medida do
possível, problemas para o meio ambiente.

Hoje é praticamente aceito pela maioria das empresas que a gestão


ambiental é o principal instrumento para se obter um desenvolvimento
sustentável.

A gestão ambiental nas empresas e seus processos estão ligados


às normas elaboradas pelas instituições públicas. São normas que podem
ser aplicadas a empresas de qualquer tamanho e setor.

O sistema de Gestão Ambiental é o conjunto de responsabilidades,


procedimentos, processos e instrumentos que se adotam para a instalação
de uma política ambiental em determinada empresa ou unidade de
produção.

Na gestão ambiental de uma organização a ética ambiental, a


análise do sistema como um todo incluído no meio ambiente e na sociedade,
deve substituir a abordagem estritamente setorial, dando maior peso ao

79
alinhamento entre as diferentes atividades que permitam usar melhor os
recursos, o espaço e a mão de obra.

Esta forma de fazer a gestão ambiental estabelece um procedimento


de gestão que procura evitar que uma determinada ação possa
comprometer o resultado de outra ou das demais.

Fica mais claro se entendermos que a gestão ambiental é uma


estratégia de negociação permanente, na qual os objetivos dos grupos e das
pessoas com interesses parcialmente opostos, tanto dentro como fora da
empresa, devem ser analisados, pesados e se possível relacionados a um
modelo de equilíbrio do ecossistema, que deve ser definido pessoalmente
pelo responsável pela empresa.

As últimas duas décadas foram marcadas por uma valorização


crescente do meio ambiente. Isso tem causado uma mudança de
comportamento nos governos e nos agentes econômicos em todo o mundo.

Na verdade, se os governos não tivessem empregado incentivos e


criado normas, o meio ambiente estaria muito mais comprometido do que
atualmente.

Educação Ambiental Organizacional.

Podemos definir educação de várias formas, mas a mais importante


delas define que educar implica em aprendizado, que é a aquisição de novos
comportamentos.

A educação ambiental, em um contexto de reflexão sobre ações


marcadas pela degradação permanente do meio ambiente e do seu
ecossistema, se mostra um tema de fundamental importância não apenas
para a sobrevivência das organizações, na medida da necessidade de
matéria prima e do aumento dos custos de produção, mas também, e
principalmente, por ser um tema de interesse da sociedade de forma geral.

Educação ambiental, portanto, significa adquirir novos


comportamentos, novos valores e conceitos sobre o meio ambiente.

As empresas têm sido as principais responsáveis pelas alterações


ocorridas no meio ambiente, de onde obtêm os recursos que serão utilizados
para a produção de bens que serão utilizados pelas pessoas.

Isso, entretanto, está ficando num plano secundário se


considerarmos os problemas causados à natureza. E, por ironia, esses
problemas causados é que acabam por destacar a empresa em relação à
sociedade, não propriamente seus produtos.

80
No meio empresarial, o desafio é o de criar e desenvolver uma
educação ambiental a partir de uma prática educacional que ligue de forma
clara a necessidade de se enfrentar ao mesmo tempo a degradação
ambiental, os problemas sociais e o processo produtivo.

A discussão sobre a participação das empresas é fundamental e ao


mesmo tempo muito complexa. A educação dos funcionários das empresas
deve ser muito bem planejada.

Trata-se de planejar uma educação que aborde o tema, associado às


diversas dimensões humanas e não apenas à questão da produção.

As empresas devem estar cada vez mais preparadas para receber,


processar e reelaborar as informações ambientais que recebem, e para
transmitir e decodificar esse tema para os funcionários, focando a ecologia
no desempenho do papel da organização e de cada um na sociedade.

A educação ambiental deve destacar os problemas ambientais que


decorrem também da falta de estrutura social, da destruição do meio
ambiente e suas consequências para cidades, países e para o mundo,
afetando a qualidade de vida das pessoas. .

De forma prática, como foi dito, a questão da educação ambiental nas


organizações não é tarefa fácil, exigindo investimentos importantes em
treinamento dos funcionários. A mudança comportamental e cultural só vai
acontecer gradualmente, ao mesmo tempo em que os gestores da empresa
multiplicarem um modelo de ensino ambiental junto aos seus colaboradores.

Um sistema de gestão ambiental proporciona ordem e coerência aos


esforços de uma empresa por considerar as preocupações ambientais
mediante a destinação de recursos, designação de responsabilidades e da
avaliação contínua de práticas, procedimentos e processos. Compete à
empresa definir as diretrizes de seu sistema de gestão ambiental de acordo
com as suas práticas empresariais e as suas estratégias.

No novo conceito de empresa há hoje maior compreensão de que a


atividade econômica não deve orientar-se somente por obter resultados,
mas também pelo papel que ela desempenha na sociedade.

Com maior frequência a empresa é mais compreendida como


unidade de produção e menos como uma organização. Como organização, a
empresa é um sistema social, formado por um conjunto de pessoas
necessárias para que sejam alcançadas as metas empresariais.

Adotando esse ponto de vista, a organização é um grupo social e


deverá ter uma liderança que deve estabelecer e firmar objetivos éticos para
orientar suas atividades.

81
Assim, os empresários estão se conscientizando de que a empresa
não é somente uma unidade de produção e distribuição de bens e serviços
que atende a determinadas necessidades da sociedade.

A empresa deve atuar de acordo com uma responsabilidade social,


que se consolida no respeito aos direitos ambientais, na melhoria da
qualidade de vida da comunidade e da sociedade de uma forma geral e na
preservação do meio ambiente natural.

Como vimos, a atuação das organizações está mudando, ainda


abaixo da velocidade desejada, mas há hoje um ponto de convergência que
é uma maior responsabilidade social. A empresa passa a atuar como agente
de mudanças e desenvolvimento junto a grupos sociais, participando
ativamente dos processos educacionais, sociais e ecológicos, procurando
consolidar-se pelo exemplo.

Adquirir consciência ambiental é muito importante para todo e


qualquer tipo de desenvolvimento, pois ter essa consciência pode contribuir
para um mundo melhor, integrando assim o homem ao seu meio ambiente.

Neste sentido, a educação ambiental pode ser vista como um


compromisso com todas as esferas da sociedade de forma geral. Poderá
significar a construção de um futuro mais humano, mais justo pelas decisões
tomadas no presente, dada a sua importância na transformação das
questões mundiais.

A educação ambiental também promove a consolidação dos valores


éticos, pois estimula à mudança de comportamento em todos os níveis da
sociedade.

Dessa forma, a relação ética do homem com o ambiente é realizada


por meio da interação e harmonia, proporcionando, assim, o seu próprio
bem-estar.

Nesse sentido, diante da necessidade de ensinar, na busca por um


futuro melhor, lembra-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) onde foram destacadas várias
recomendações para a Educação Ambiental. Eis algumas questões que
necessitam ser melhor exploradas, (op. cit., p. XV):

“- reorientar a educação para o desenvolvimento sustentável;


- aumentar/incrementar a conscientização popular;
- considerar o analfabetismo ambiental;
- promover treinamento.”

Diversos dirigentes empresariais hoje chamam a atenção para a


importância do treinamento sobre a questão ambiental e argumentam que
em todos os encontros promovidos em favor da Educação Ambiental, este
assunto deve ser sempre enfocado nas discussões em busca de melhorias.

82
Ainda sobre as formulações feitas no Fórum Global, destaca-se o
tratado de “Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global”. Entre as formulações são destacadas algumas,
em que a Educação Ambiental deve:

- ser direito de todos;

- ter como base o pensamento crítico, fomentando a transformação e


a construção da sociedade;

- ter o propósito de formar cidadãos com consciência local e


planetária;

- ser considerada como um ato político, baseado em valores para a


transformação social;

- envolver uma perspectiva holística;

- desenvolver a solidariedade com estratégias democráticas;

- abordar as questões globais críticas, como: população, saúde, paz,


direitos humanos, democracia, fome, e degradação da flora e fauna, numa
perspectiva sistêmica;

- facilitar a cooperação mútua e equitativa nos processos de decisão;

- capacitar as pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e


humana;

- promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições;

- ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as formas


de vida.

Pode-se perceber a importância da Educação Ambiental para lidar


com as questões e problemas do ambiente, sendo que esta deve ser
utilizada como um instrumento para alcançar a sustentabilidade no futuro.

Devemos estar atentos também à questão do desenvolvimento, pois


quando falamos em desenvolvimento temos que considerar o cenário
altamente complexo do mundo atual, em que os aspectos biológicos,
emocionais, sociais e a própria realidade estão em constante mudança.

Sendo assim, para que o conhecimento atinja todas as camadas da


sociedade, o processo educacional deve procurar atingir todos os
envolvidos. O processo educacional voltado à preservação do meio
ambiente e à sustentabilidade deve procurar conhecer os aspectos legais

83
desse tema, suas repercussões sociais, biologia, e demais matérias
correlatas.

Esse conhecimento deve destacar o ponto central e a posição do


homem na natureza e permitir a todos os envolvidos a compreensão que
resulte na mudança de consciência em seu grupo social e mesmo na
sociedade onde esse grupo está inserido.

Temos, então que, através da educação ambiental pode-se


desenvolver, por meio da compreensão, mudança de atitudes, valores e
mentalidades, produzindo ações sustentáveis aplicáveis a todos os níveis,
tanto de forma local quanto em nível global.

É consenso dos especialistas que a educação ambiental, do


desenvolvimento de ações de planejamento que permitam a participação de
todos e de atitudes e ações que levem em consideração as características
da sociedade e cultura alvo é possível conseguir uma gestão ambiental que
solucione efetivamente os problemas.

Um dos pontos mais importantes, já que estamos falando em


educação, é o envolvimento das comunidades acadêmicas para que se
criem sistemas mais interligados de planejamento.

Dessa forma se obtém uma ligação maior entre o mundo empresarial


e o mundo científico, além de se contribuir para mudanças de novos padrões
comportamentais.

Também é necessário ligar a educação ambiental a normas e


procedimentos políticos, que possam servir de apoio ao processo
educacional. Aso mesmo tempo são necessárias ações sociais que
permitam identificar e atuar com apoio da lei sobre os fatores sociais que
levam as pessoas a destruírem o ambiente.

Com isso, surge o aprendizado de uma nova relação com o meio


ambiente. Neste novo modelo de relação, com novas atitudes e ações
concretas, respaldo legal e aprendizado, é possível obter melhor qualidade
de vida para todos e atingir o alvo da preservação do ambiente para a
geração atual e para as gerações futuras.

84

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