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VIDA RURAL

Microrganismos eficientes enriquecem o solo

Q
ue tal usar uma
receita natural,

Foto: Aires Mariga/Epagri


que utiliza os
menores seres vivos exis-
tentes, para tornar o solo
mais rico e fértil? Isso é
perfeitamente possível
com os microrganismos
eficientes. São bactérias,
actinomicetos, fungos e
leveduras, existentes nos
solos de matas virgens ou
com baixa ação humana,
capazes de regenerar e
decompor a matéria or-
gânica. São chamados
eficientes porque agem
de forma muito rápida,
vivificando o solo.
Esses “animaizinhos”
são importantes operá-
rios da natureza. Além de
aumentar a velocidade Microrganismos devem ser capturados em matas virgens ou com pouca ação humana
de decomposição da ma-
téria orgânica, auxiliam
na eliminação de doenças e patógenos cobri-la novamente com a serapilheira”, horas. Para cada litro de água é preciso
do solo e facilitam a reciclagem de nu- detalha a extensionista. misturar 100 gramas de açúcar (de pre-
trientes para as plantas. Eles também As calhas devem permanecer nessa ferência mascavo) ou melado. Depois
melhoram os aspectos físicos, químicos condição por duas semanas. Nesse pe- de bem fechados, os recipientes devem
e biológicos do solo e equilibram o am- ríodo, é importante que se evite o acú- ser mantidos à sombra por mais 15 dias
biente. A boa notícia é que é possível mulo excessivo de água nesse ponto. em média, sendo abertos diariamente
capturar e multiplicar esses microrga- Outra recomendação é que essa ação
para soltar o gás formado pela fermen-
nismos para usar em qualquer cultivo seja feita num local o mais próximo
tação.
agrícola. possível de onde os microrganismos efi-
Lidiane Camargo, extensionista da cientes serão utilizados. É fundamental A mistura estará pronta quando ces-
Epagri em Criciúma, conta que um cen- também marcar o local onde as calhas sar a formação de gás. Daí é hora de
tímetro cúbico de solo de mata virgem ficaram, para facilitar sua localização na peneirar todo o material. O líquido que
tem cerca de 20 milhões de microrga- hora do resgate. restar deve ter um odor doce a agradá-
nismos. É preciso capturá-los para usar Após 15 dias, é hora de resgatar as vel, semelhante ao fermento utilizado
na lavoura. O primeiro passo é cozinhar calhas. Colonizado pelos microrganis- na cozinha. Caso tenha mau cheiro, não
sem sal um quilo de arroz polido ou in- mos eficientes, o arroz deve estar com deve ser utilizado. Ele pode ser armaze-
tegral, de preferência orgânico. Esse ar- tons rosados, azulados, amarelos e nado por pelo menos um ano em local
roz é dividido em calhas de bambu ou alaranjados. Caso se constate manchas fresco e ventilado.
em bandejas de plástico ou madeira. “O cinzas, marrons ou pretas como mofo, Para ser utilizado na lavoura, é pre-
ideal é que seja calha de bambu, que é o arroz deve ser descartado, pois esses
ciso diluir 20ml desse líquido em 20
mais natural. Também é importante que não são microrganismos desejáveis.
litros de água sem cloro. Essa solução
se façam uns furos, para não acumular O arroz colorido deve ser distribuí-
final deve ser utilizada no mesmo dia da
água”, alerta Lidiane. do em baldes ou garrafas pet de dois ou
As calhas cheias de arroz devem ser cinco litros. O importante é que todos diluição. Ela pode ser aplicada direta-
depositadas no solo de uma mata vir- os recipientes tenham tampa. Ao arroz mente nas plantas ou no solo. Outra es-
gem ou com pouca ação humana. “É será acrescentada água sem cloro, ou tratégia é mergulhar as sementes nessa
preciso afastar a serapilheira, colocar a água tratada que tenha ficado em re- solução antes do plantio. “Ela coloca
calha em contato com o solo e depois pouso em um recipiente aberto por 24 vida onde é aplicada”, resume Lidiane.

Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.31, n.1, jan./abr. 2018 19

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