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23/11/2020 Compostagem em casa: vamos nessa?!

Compostagem em casa: vamos nessa?!


8 de dezembro de 2017 Letícia Klein

Retornar à terra o que é da terra. Esta é uma definição de compostagem que eu gosto bastante. Compostar é
basicamente devolver à natureza o que dela veio, transformando restos de alimentos e outros materiais
orgânicos em adubo e fertilizante.

Os orgânicos representam pelo menos 50% de todos os resíduos produzidos em casa. Ao fazer compostagem,
evitamos que eles sejam enviados ao aterro sanitário, onde emitem gases de efeito estufa, causadores das mudanças
climáticas, e produzimos alimento nutritivo para as plantas. O processo também fortalece nossa conexão com os
alimentos, pois podemos acompanhar um ciclo natural em ação e ver o produto desde o preparo – quando não desde
o cultivo -, até o solo novamente.

Na compostagem, a matéria orgânica é degradada por micro-organismos, como fungos e bactérias, e também por
insetos, como minhocas (neste caso é chamada de vermicompostagem). O processo pode ser feito em casa ou
mesmo, em apartamento e, quando realizado de maneira correta, não provoca mau cheiro.

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Em vez de lixo, restos orgânicos podem virar adubo e fertilizante

Para funcionar, a compostagem necessita de equilíbrio entre nitrogênio (orgânicos) e carbono (palha, serragem ou
folhas secas). Ela pode ser feita em recipientes como baldes ou caixas de plástico (ideais para apartamentos),
caixotes de madeira no chão (pode ser feita em casa com quintal) ou diretamente no solo, em leiras ou pilhas
(indicada para locais maiores e que comportam grandes quantidades de resíduos orgânicos). O foco deste post é
a compostagem doméstica – qualquer semelhança com querer te incentivar a fazer em casa não é mera
coincidência.

A compostagem em baldes ou caixas de plástico é muito prática e ocupa pouco espaço, por isso pode ser feita em
apartamento. Existem alguns modelos e você mesmo pode montar a sua composteira ou minhocário, mas o
princípio é o mesmo: dois ou mais recipientes chamados de digestores, onde é feita a decomposição dos orgânicos, e
um recipiente para coletar o chorume, um líquido escuro que é basicamente a água resultante da decomposição dos
alimentos, visto que eles são constituídos em 70% por água.

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Recipientes de plástico são mais indicados para a compostagem doméstica

O chorume da compostagem (não confundir com o do aterro sanitário, que é tóxico) é um fertilizante rico e
nutritivo e pode ser utilizado nas plantas na proporção de uma parte para dez de água. Ele não tem cheiro ruim nem
forte, por isso, se você sentir qualquer dos dois é um sinal de desequilíbrio no sistema: úmido demais, seco demais
ou presença de alimentos e outros materiais que não podem ser compostados.

A diferença entre composteira e minhocário é a temperatura e a presença de minhocas da espécie californiana no


segundo. Na composteira, onde os alimentos são decompostos apenas por micro-organismos, o processo é mais
lento e gera menos chorume, portanto é indicado para pessoas que produzem uma quantidade bem pequena de
resíduos orgânicos ou que preferem não mexer com minhocas.

Mas vou te contar uma coisa: antigamente eu não era fã delas; hoje já as chamo de “minhas filhas”, de tanto que me
apeguei! As minhocas são as grandes jardineiras da natureza, pois oxigenam o solo, preparando-o para o cultivo, e
produzem um excelente adubo (chamado de húmus). Além disso, elas processam mais rapidamente os alimentos do
que os micro-organismos, por isso o minhocário é bom para famílias que geram quantidades maiores de resíduos
orgânicos.

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Minhocas oxigenam o solo, preparando-o para o cultivo,


e produzem um excelente adubo

É necessário ter pelo menos duas caixas digestoras, que é onde a mágica da transformação acontece. Assim, depois
que encher uma, você começa a utilizar a outra. Quando esta estiver cheia, a compostagem vai terminado na
primeira e você vai poder retirar o produto final, que é o adubo.

Além das caixas digestoras, o sistema tem a caixa coletora, que fica embaixo das outras e serve para captar o
chorume. Você pode comprar o conjunto pronto na internet ou fazer em casa a partir de baldes velhos ou daqueles de
10 ou 15 litros que as padarias costumam ter. Você também vai precisar de tampas (os da padaria têm).

Se você fizer em casa, precisará furar o fundo e as laterais superiores dos baldes digestores para que o ar circule e
também recortar a parte central de duas tampas (as bordas ficam para que um balde não encaixe até o fundo do
outro). A tampa de cima do sistema deve permanecer inteira e também pode ter furinhos para a entrada do ar. Os
furos devem ter tamanho suficiente para permitir que as minhocas passem de um balde digestor para outro. Na
tampa do balde coletor é interessante colocar uma tela fina para evitar que as minhocas caiam no chorume e morram
afogadas. Se quiser, você ainda pode instalar uma torneirinha na parte de baixo do balde coletor para retirar o
chorume.

Depois de pronto o conjunto, o processo padrão é simples e similar nos dois modelos. Na composteira, você coloca
uma camada de uns dois centímetros de terra no fundo do balde ou caixa (o berço dos micro-organismos) e depois,
segue colocando os orgânicos e cobrindo com serragem (mais grossa e não tratada), folha seca ou palha.

Já no minhocário, a base é de húmus com minhocas e em seguida, você segue colocando os orgânicos e cobrindo
com o elemento seco. A terra ou o húmus vão apenas no começo, para forrar os baldes. Cada porção de orgânicos
deve ser misturada com um pouco do elemento seco para permitir maior aeração e depois coberta totalmente com
mais serragem, folha ou palha. Além de ser necessária para a compostagem acontecer, a cobertura (fonte de

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carbono) serve para não dar cheiro. Na composteira, onde a temperatura alta é essencial para a decomposição pelos
micro-organismos, a cobertura mantém o aquecimento entre 40° e 70°C.

A manutenção dos dois sistemas é um pouco diferente. Na composteira, devido à necessidade de temperatura alta,
você não pode mexer todos os dias nela. A cada dois ou três dias (ou mesmo uma vez por semana), você coloca a
porção de orgânicos, mistura com um pouco de elemento seco e depois cobre. Na próxima vez, revire o que já está
lá, coloque mais orgânicos, misture novamente com um pouco de elemento seco e cubra. Por ser um processo
aeróbico, com presença de oxigênio, o reviramento ocasional ajuda e acelera o processo. Para os alimentos não
começarem a apodrecer nos dias em que a composteira deve ficar fechada, você pode guardá-los num pote na
geladeira ou no congelador.

A cobertura deve ser sempre com serragem (mais grossa e não tratada), folha seca ou palha

No minhocário, a temperatura é mais fresca (de 13°C a 27°C) e você pode colocar orgânicos todos os dias, também
misturando com um pouco de elemento seco e cobrindo totalmente com mais serragem, folha ou palha. Na hora de
revirar, faça com cuidado para não machucar as minhocas.

Quando uma caixa digestora estiver cheia, troque-a pela vazia e deixe a outra descansando, verificando de tempos
em tempos se está tudo certo. O adubo ficará pronto de um a dois meses, que é geralmente o tempo que leva para
você encher a outra caixa. No minhocário, você coloca a caixa cheia embaixo da vazia e as minhocas vão subir pelos
buraquinhos. Quando começar a utilizar a segunda caixa digestora do minhocário, pegue um pouco do húmus com
minhocas da outra caixa. Para retirar o adubo do minhocário, depois de pronto, e não retirar minhocas junto, você
pode colocar a caixa sem tampa no sol e esperar que elas migrem para o fundo. Isso acontece porque as minhocas

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não gostam de luz, por isso também é importante forrar as caixas digestoras por fora com pano escuro ou pintá-las
com tons escuros.

Para ajudar o processo de compostagem, é importante reduzir o tamanho dos orgânicos que vão para a composteira
ou o minhocário. Quanto menor os pedaços de frutas, legumes e folhas, mais rápida será a decomposição. Você pode
colocar cascas de legumes e frutas, sementes repartidas, talhos e folhas de verduras, filtro e borra de café, casca de
ovo, saquinho de chá, flores, guardanapos usados, caixa de ovo, penas, cabelos e unhas (só na composteira, pois não
são alimento para as minhocas).

Frutas cítricas e alimentos cozidos ou assados devem corresponder a no máximo 20% do montante de resíduos
orgânicos e, no geral, devem ser evitados. Para conseguir aproveitar as cascas de laranja, tangerina e limão, você
pode deixá-las de molho em uma solução de água, vinagre e álcool e ao final de uma semana, você tem um
desinfetante natural. Depois desse processo, as cascas podem ser enxaguadas e adicionadas à composteira ou
minhocário sem problema.

As cascas de cebola e alho também não podem ir cruas para o sistema. Você pode utilizar casca de cebola, alho e
talos como de couve-flor para fazer um caldo de legumes. Só depois disso elas podem ser compostadas. Tem
alimentos, porém, que não podem ir para a composteira ou o minhocário, como carnes, gorduras, bolos, doces e
laticínios.

Por fim, a compostagem não é uma ciência exata, você vai acompanhando e sentindo se precisa colocar mais ou
menos elemento seco, se precisa deixar o ambiente mais quente ou mais fresco. As minhocas fogem do calor, então
se você levantar a tampa da caixa e perceber que há muitos indivíduos nas laterais é um sinal de que está muito
quente para elas.

O que ajuda a evitar essa situação é deixar o minhocário e a composteira em local sombreado e coberto. Por ser um
ambiente fresco, úmido e escuro, próprio da decomposição, podem aparecer outros insetos, como minhoquinhas
brancas, colêmbolos, lesminhas e besouros. Não se assuste, é normal. Junto com as minhocas californianas, eles
contribuem para a compostagem e um húmus de qualidade. Só preste atenção na quantidade, pois as minhocas
devem ser dominantes. Para saber se o húmus está no ponto certo, pegue um pouco na mão e aperte. Se não pingar
água e não esfarelar, você já pode usar nos seus vasinhos de plantas, horta e jardim.

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Fotos: pixabay/domínio público

Letícia Klein
Jornalista e técnica em Meio Ambiente, a catarinense é
Embaixadora da Juventude Lixo Zero Blumenau e
membro da Juventude Lixo Zero Brasil. Escreve sobre

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sustentabilidade e preservação ambiental no blog


pessoal Sustenta Ações , em que busca contribuir para um mundo mais verde e
consciente

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