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culinária: quero ensinar meus alunos a prepararem uma refeição de alta qualidade
com a Palavra, de modo que possam fornecer alimento sólido para as pessoas que
querem se alimentar, e meu alvo é capacitar pastores e professores nas igrejas, para
que saibam descobrir essas verdades bíblicas preciosas e transformá-las em sermões
20 | a espiral Hermenêutica
e acrescentar material que surgiu durante esse intervalo de tempo. Não há estudante
Informo agora o que foi acrescentado a esta nova edição. Primeiro, há dois ca-
Hebreus e Apocalipse.
Em segundo lugar, acrescentei novas seções dentro de capítulos que já existiam:
(1) Incluí na introdução duas subdivisões intituladas “A interpretação e o proble-
dados importantes mais recentes. (5) Acrescentei ao capítulo sete (“Narrativa”) uma
subdivisão intitulada “Interpretando a narrativa bíblica”, sobre as críticas da fonte,
da forma e da redação. (6) Ao capítulo oito (“Poesia”) incorporei a subdivisão “A
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mos”, a cosmovisão do livro de Apocalipse e a interpretação de símbolos. (10) Incluí
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ção sobre o desenvolvimento histórico da teologia bíblica, além de uma seção sobre
(“Homilética II: o sermão”) incorporei uma subdivisão chamada “Uma teologia bí-
blica da pregação”.
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vos dados e descobertas nos diferentes campos de conhecimento. Por exemplo, não
mas incorporei uma boa quantidade de dados extraídos de autores como Anthony
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Grant Osborne
19 de junho de 2006
AgrAdecimentos
Q uando se leva sete anos para escrever um livro, o nome de muitos que ajuda-
qualquer pessoa que, em virtude de minha limitação humana, não seja mencionada
aqui. Tanta gente colaborou com este livro, que só posso torcer para que o nome da
que ajudaram com as investigações: Lois Fuller, Bruce Fisk, Dennis Fisher, Gerald
cial a Andreas, que preparou os índices e andou a segunda milha no cumprimento dos
ravilhosos períodos sabáticos foram uma grande ajuda para minha pesquisa: um ano na
estudando a Bíblia e diga que descobriu moedas de ouro na parte dos fundos da igreja,
das que estivessem na superfície. Você começaria a cavar e logo estaria comprando
Isso é real quando se trata de estudar a Bíblia: quanto mais fundo você chega, maiores
propósito deste livro é fornecer-lhe as ferramentas necessárias para cavar mais fundo
lógica e ordenada das leis da interpretação. Na primeira parte, que constitui a base
pode ser simplesmente aprendida numa sala de aula, mas é consequência de uma
que, depois de pregarem por três anos, terão condições de preparar mensagens até
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tura, considerando o aspecto sagrado quase um gênero literário.
No entanto, nenhum esforço humano jamais poderia chegar a uma percepção
propriamente divina da verdadeira mensagem da Palavra de Deus. Apesar de Karl
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A tarefa hermenêutica tem ainda três níveis. Eles serão discutidos segundo a
de seminários que têm a cabeça nas nuvens e não conseguem se comunicar com nin-
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a Bíblia por meio das três abordagens na ordem apresentada, sempre procurando co-
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cação para o leitor moderno (1967:103-126).
A hermenêutica é importante porque capacita a pessoa a se movimentar do texto
. O conceito tem
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derada, negligenciada ou negada”, pois a pré-compreensão, ou “autoconsciência her-
menêutica” do intérprete, torna muito difícil (e para vários outros, muito irrelevante)
A Bíblia não foi revelada por “língua dos anjos”. Apesar de inspirada por Deus,
foi escrita em linguagem humana e dentro dos limites impostos por culturas igual-
que meaning
estão encapsuladas dentro das linguagens e culturas humanas dos antigos hebreus e
gregos, e, por isso, devemos entender essas culturas para interpretar os textos bíbli-
cos de maneira adequada. Portanto, a Bíblia não ultrapassa barreiras culturais para
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vergem tanto quando interpretam a mesma passagem, sabemos que Deus não revela
nós, pois os autores não estão mais aqui para esclarecer e explicar o que escreveram.
O leitor moderno não pode estudar o texto a partir da perspectiva do passado, mas
pelo autor está perdido para sempre. Cada comunidade fornece suas tradições que,
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les é válido para uma determinada perspectiva de leitura ou comunidade (de acordo
Esses problemas existem mesmo e são complexos. Em vista das difíceis ques-
Entretanto, em certo sentido, cada capítulo neste livro é uma resposta a essa questão,
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nal pretendido pelo texto bíblico. Os apêndices discutem a resposta teórica, ao passo
que o livro, como um todo, procura apresentar a solução prática para o dilema.
(urbana/rural). Isso se torna mais complicado quando duas pessoas são de regiões di-
ferentes do país. E mais complicado ainda quando pertencem a culturas distintas. No
seminário em que leciono, há alunos que vieram de mais ou menos quarenta países.
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tiplique isso por dois mil anos e acrescente uma cultura que deixou de existir em 70
e nós (cf. Apêndice 1). Como transpor esse abismo para descobrir o que Zacarias ou
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vel, mas sim dar ao leitor as ferramentas para transpor esse abismo, a saber: por meio
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gua (a língua hebraica passou por transformações no período do Antigo Testamento,
e tanto Esdras como Daniel usaram o aramaico em partes de seus livros; o grego do
esses obstáculos não são insuperáveis, o problema é que não temos condições de
descobrir as respostas de forma indutiva, mas temos de usar as melhores fontes que
temos para explicar esses aspectos. E esse é outro propósito deste livro: sugerir as
Hoje, o grande problema do estudo da Bíblia é que achamos que isso deve ser
refeições de boa qualidade, manuais para todo tipo de trabalho — marcenaria, hidráu-
lica, manutenção de automóveis e assim por diante — e devoramos livros em nossas
usar as ferramentas que nos dão a competência necessária para transpor o abismo que
nos separa dos tempos bíblicos e da intenção dos autores.
os gêneros. Por exemplo, há longos trechos de livros proféticos que contêm poesia,
enquanto outros trechos contêm linguagem apocalíptica. Há elementos epistolares
na literatura apocalíptica (tais como os de Ap 2—3) e linguagem apocalíptica nos
(como em 2Ts 2).2 É por isso que alguns estudiosos põem em dúvida a validade
o funcionamento das parábolas (cf. Capítulo 12) e dos símbolos dentro do contexto
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Lutero (em -
Assim, todas essas coisas são muito confusas, e a pessoa comum tem todo o
reservado para a elite acadêmica. Eu diria que não. Em primeiro lugar, há diferentes
níveis de compreensão: devocional, estudo bíblico básico, homilético, dissertações
e teses. Cada nível tem seu valor e seu processo. Além disso, qualquer pessoa tem o
direito de aprender os princípios hermenêuticos que se aplicam a esses vários níveis.
devem ser ensinados no contexto da igreja local. Ao longo deste livro, espero poder
tratar dos vários níveis de compreensão.
fé verdadeira. Essas ênfases não são contraditórias, mas apontam para uma pluralida-
de decorrente de diversos escritores.
A questão é se as diferenças são irreconciliáveis ou se uma unidade mais profun-
da está por trás das diversas faces das várias tradições de Israel e da igreja primitiva.
de eliminar as ênfases individuais, quer de Paulo, quer de Tiago. Isso pode acarretar
um uso errado de paralelos, de forma que um autor (digamos, Paulo) é interpreta-
for, existe uma unidade fundamental por trás das diferentes expressões. O conceito
de diversidade é a espinha dorsal da teologia bíblica, a qual, penso eu, é o vínculo
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da teologia bíblica e em buscar categorias bíblicas que possam resumir a unidade que
está por trás das diversas expressões das Escrituras.
propôs a
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vo, apresentando como alternativa o princípio da (“analogia das
isolada ou passagem obscura de um livro pode revogar uma doutrina que é clara-
mente estabelecida por muitas passagens” (1890:579). Eu reforçaria essas palavras
acrescentando que as doutrinas não devem ser formuladas em cima de uma única
perigosa, pois se supõe que as ideias preconcebidas de determinada pessoa são mais
importantes do que o próprio texto. É uma abordagem que também interpreta mal as
Escrituras. Poucas declarações bíblicas são descrições teóricas — ou seja, sistêmi-
cas — de dogmas. Ao contrário, as declarações de um autor da Bíblia aplicam uma
e destaca aqueles aspectos do ensino mais amplo que sirvam para essa situação parti-
cular. é o método pelo qual isso é feito.
são nossos amigos, não inimigos. Eles fornecem um conjunto de dados com os quais
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reader response -
mento facilmente se transforma em preconceito, um conjunto de dados “a priori” que
colocam uma forma sobre a Bíblia e obrigam-na a se moldar a noções preconcebidas.
Assim, até certo grau, precisamos colocar essas ideias “entre parêntesis” e permitir
pregAção expositivA
Defendo com unhas e dentes a ideia de que o alvo da hermenêutica não é a teologia
sistemática, mas o sermão. O verdadeiro propósito das Escrituras não é explicação,
mas exposição, não é descrição, mas proclamação. A Palavra de Deus fala a cada
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as pessoas saiam impressionadas com a erudição demonstrada, suas vidas não são
mas precisam sempre voltar a cada domingo para ouvir o “especialista”. E com isso
Pregadores de nossos dias precisam primeiro ter um encontro com o texto em sua
conclusão
texto. Isso é importante para que venhamos a interagir com as ferramentas exegéticas
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tindo a opinião de terceiros (algo muito comum nos trabalhos acadêmicos).
O estudo dedutivo lida com os estágios 3-6 como aspectos separados, mas
interdependentes, da pesquisa exegética. Nessa fase todas as ferramentas devem ser
consultadas — gramáticas, léxicos, dicionários, estudos vocabulares, atlas, estudos
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funda, além da superfície do texto. A compreensão preliminar derivada do estudo
indutivo e a compreensão mais profunda obtida pela pesquisa interagem e se ajustam
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TEOLOGIA EXEGÉTICA
ideia-núcleo
3 estudo gramatical
4 estudo semântico
5 estudo sintático
Um dos principais propósitos do estudo dedutivo é nos levar para longe do signi-
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ticas, pois, sem essa ajuda, pouco saberemos acerca daquele período antigo. Portanto,
precisamos usar os recursos indutivos e dedutivos em conjunto, para que possamos
se movimenta numa espiral ascendente (por meio da interação das pesquisas indutiva
ascendente (por meio do movimento que parte da teologia bíblica, passa pela teologia
problemas atuais e resumir a verdade teológica para a geração de hoje. Por último, a
teologia homilética (assim chamada para destacar o fato de que a preparação de um
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ção feito por Eugene Nida e Charles Taber (1974). A teoria tem por base o pensamen-
to de que a comunicação transcultural de ideias nunca é um em linha reta,
pois não existem duas línguas ou culturas que estejam tão vinculadas assim. Uma
de modo que elas possam falar com a mesma força na cultura de hoje.
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ma de tudo, cada gênero nos proporciona um “estudo de caso”, reaplicando os prin-
cípios exegéticos a cada tipo isolado de literatura bíblica.