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AULA 6: CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA

NESTA AULA SERÁ ABORDADO

 A necessodades da certificação agrícola


 Como obter a certificação
 Tipos de certificação
 Entidades Avaliadoras da Conformidade
 Normas da Produção Orgânica
 Regulamento da Lei Orgânica
 Perguntas sobre a certificação

1. A NECESSIDADE DE CERTIFICAÇÃO

Para muitos o sistema orgânico consiste em deixar de utilizar agroquímicos,


substituindo por produtos alternativos e naturais. Esses são passos importantes, pois o
cultivo com agroquímicos causam a destruição da microflora e a fauna benéfica que
protegem as plantas, contra os patógenos e insetos nocivos. No entanto, o sistema de
produção orgânica é mais do que isso, pois envolve também os fatores ambientais,
conservacionistas, sociais, ética e segurança alimentar.

Na verdade, considera-se que aqueles que iniciarem o cultivo apenas com a


visão de substituir insumos certamente fracassarão no empreendimento orgânico, pois
há muitos outros fatores envolvidos e igualmente importantes.
Verifica-se a prática que os maiores problemas enfrentados pelos agricultores
para passar de forma definitiva ao sistema orgânico é a adaptação á consciência de
recuperação e preservação do ambiente. Quando tiverem a consciência holística, isto
é, do envolvimento de todos os fatores (solo, planta e ambiente) no processo de
produção, tudo poderá ser mais fácil.
Nos primeiros anos da conversão orgânica, haverá sérias dificuldades para obter
alimentos de qualidade e a produtividade poderá não ser satisfatória. Por alguns anos
ainda, a propriedade poderá sofrer os reflexos e conseqüências do manejo
convencional, porque os recursos naturais estão degradados, há pouca ou nenhuma
diversificação e há falta de integração das atividades. Nessas condições, a propriedade
ainda terá dependência de fatores externos, que poderá afetar o equilíbrio econômico.

Deve ficar claro que a propriedade agrícola é que é certificada, sendo ela
considerada orgânica e não o produtor agrícola. Um produtor pode possuir uma
propriedade orgânica e outra convencional, assim como ter produções paralelas, desde
que estejam claramente separadas em todas as suas fases: a produção, colheita,
armazenamento e transporte, isto significa que, não podem ocorrer a mistura dos
produtos, como insumos utilizados na sua produção.

2. COMO OBTER A CERTIFICAÇÃO COMO UNIDADE ORGÂNICA

A certificação é um processo que atesta que determinada propriedade rural está


enquadrada dentro dos princípios do sistema orgânico e que o produto obtido é
realmente orgânico e que está enquadrado dentro das normas técnicas estabelecidas
pela legislação vigente. A certificação de um produto tem por objetivo garantir a sua
origem e a qualidade orgânica.
A certificação pode ser definida também como a avaliação de conformidade de
uma unidade produtora, processadora ou que comercializa produtos orgânicos,
verificando seu enquadramento nas normas e regulamentos que regem a Lei Orgânica.
A certificação agrícola, dentro do padrão eco-social, compreende a confirmação
do enquadramento da propriedade dentro de normas estabelecidas, que envolvem a
preservação do ambiente, a segurança alimentar e relações sociais justas.
Ela necessita passar por um período de transição e manter-se em conformidade
com a legislação e com o acompanhamento constante de uma entidade certificadora.
FORMAS DE OBTER O SELO ORGÂNICO – SBCO

As formas de garantir o enquadramento das unidades produtoras nas


normas orgânicas são:

1. Certificação por Auditoria: Na certificação é realizada uma auditoria


por um organismo de avaliação da conformidade independente (entidade certificadora
externa), que atesta se o sistema de produção e a qualidade estão dentro dos os
requisitos das normas. Caso seja confirmado, haverá a a emissão de um certificado
comprovando que a empresa produtora ou processadora está em conformidade com as
exigências estabelecidas nestas normas.

2. Certificação Participativa: Pelas nova regras da Lei Orgânica é possível


a certificação através do Sistema Participativo de Garantia da Conformidade Orgânica,
que dispensa o sistema de auditoria individual. No caso é uma organização que
assume a responsabilidade formal pelo conjunto de atividades desenvolvidas num
Sistema Participativo de Garantia - SPG, constituindo na sua estrutura organizacional
uma Comissão de Avaliação e um Conselho de Recursos.

O produtor participa de uma entidade associativa, cadastrada no Ministério da


Agricultura. Esta entidade tem um técnico que acompanha todas as atividades e
enquadramento de cada unidade no sistema orgânico. Exemplo de sistema
participativo operando no Brasil é a Rede EcoVida, que tem atividades na região sul do
país, como Santa Catarina e Paraná.

3. Dispensa da certificação para agricultores familiares : No caso


da comercialização em venda direta, realizada por agricultor familiar, que esteja
vinculado a um processo organizacional com controle social, cadastrado no MAPA, a
lei orgânica dispensa a sua certificação. O Artigo 3 da Lei Orgânica já possibilita a
comercialização direta pelos pequenos agricultores familiares.

Cadastro dos Agriculturores Familiares: Artigo 1° - No caso da


comercialização direta aos consumidores, por parte dos agricultores familiares,
inseridos em processos próprios de organização e controle social, previamente
cadastrados junto ao órgão fiscalizador, a certificação será facultativa, uma vez
assegurada aos consumidores e ao órgão fiscalizador a rastreabilidade do produto e o
livre acesso aos locais de produção ou processamento.

No ponto de comercialização ou no rótulo desses produtos, poderá constar a


expressão: “Produto orgânico não sujeito à certificação nos termos da Lei nº 10.831, de
23 de dezembro de 2003”.

Agricultor ou agricultora familiar: aquele (a) cuja principal fonte de renda seja
a produção agropecuária ou do extrativismo sustentável e que a base da força de
trabalho utilizada na unidade de produção seja desenvolvida por membros da família.
Em caso de necessidade de contratação de mão de obra externa, esta não deverá ser
superior a 75% do total utilizado no estabelecimento.

ATENÇÃO: VEJA MAIORES DETALHES DESTES PROCEDIMENTOS NO ANEXO:


PERGUNTAS SOBRE A CERTIFICAÇÃO.
3. A LEGISLAÇÃO ORGÂNICA BRASILEIRA = NORMAS
ORGÂNICAS

A certificação é fundamental para o desenvolvimento global da agricultura


orgânica e a criação de normas e padrões mundiais homogêneas. Os padrões básicos
definidos pelas legislações orgânicas estão em constante desenvolvimento.

As normas visam preservar as bases fundamentais da produção orgânica, que


buscam a produção de alimentos saudáveis e de qualidade, com a manutenção e
proteção do ecosistema. Elas envolvem a qualidade da água, manejo do solo e das
ervas pioneiras, nutrição vegetal e proteção e resistência das plantas.
A existência de normas técnicas à nìvel nacional é desejável, uma vez que é
necessário padronizar a produção orgânica em todas suas fases e dar instrumentos às
certificadoras para acompanhar e inspecionar o procedimentos de cultivos nas
propriedades rurais.
Estes procedimentos deverão estar de acordo com as exigências de entidades
paralelas da Argentina, Chile, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Holanda e
Inglaterra, para que o produto possam se exportados para o mercado internacional.

3.1. A LEI ORGÂNICA


O Brasil tem uma lei orgânica, que regulamenta toda a produção e
comercialização de produtos orgânicos. Em 23 de Dezembro 2003 foi aprovada a Lei
Orgânica sob nº 10.831/03, que dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras
providências. Ela passou a vigorar à partir de 01/01/2011. Á partir desta data todas as
entidades certificadoras e produtores orgânicos deverão estar cadastrados no
Ministério da Agricultura. Todos os produtos orgânicos obrigatoriamente deverão ter o
selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica = SBACO.

A Lei Orgânica sob nº 10.831/03, foi publicadas em 23 de Dezembro 2003


foi aprovada que dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências.
Ela passou a vigorar à partir de 01/01/2011 , veja nas Instruções Normativas 17-18
e 19 como produzir dentro da legislação orgânica.
Sua principais deliberações da Lei Orgânica são:

 Informações sobre a qualidade orgânica: A qualidade orgânica será


identificada pelo uso dos termos: “ORGÂNICO”, “PRODUTO ORGÂNICO” e
“PRODUTO COM INGREDIENTES ORGÂNICOS“ e suas variações de gênero e
número. O termo “ORGÂNICO”, “PRODUTO ORGÂNICO” e “PRODUTO COM
INGREDIENTES ORGÂNICOS” poderá ser complementado pelos termos
ECOLÓGICO, BIODINÂMICO, NATURAL, REGENERATIVO, BIOLÓGICO,
AGROECOLÓGICO, PERMACULTURA e EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL.

 Credenciamento das entidades Avaliadoras: procedimento pelo qual o


MAPA reconhece formalmente que um organismo de avaliação da conformidade está
habilitado para realizar a avaliação de conformidade de produtos orgânicos, de acordo
com a regulamentação oficial de produção orgânica e com os critérios em vigor. O
sistema orgânico será fundamentado na avaliação da conformidade das unidades de
produção e comercialização orgânicas por meio de entidades certificadoras
credenciadas pelo MAPA.

 Acreditação das entidades avaliadoras no INMETRO:


 A acreditação é um procedimento pelo qual o INMETRO – Instituto Nacional de
Metrologia e Normatização Industrial, reconhece formalmente que um organismo de
avaliação da conformidade (entidade certificadora) está habilitado para realizar
procedimentos de certificação, de acordo com as normas internacionais de acreditação
de organismos certificadores de produtos e processos e com os regulamentos da
produção orgânica vigentes.

 A acreditação das entidades certificadoras será realizada pelo INMETRO,


utilizando os critérios reconhecidos internacionalmente, acrescidos dos requisitos
específicos estabelecidos nos regulamentos técnicos de produção orgânica.

 Avaliação da conformidade: qualquer atividade com objetivo de determinar,


direta ou indiretamente, o atendimento a requisitos aplicáveis. (Atividade da entidade
certificadora em avaliar se a unidade produtora está de acordo ou seja em
conformidade com as normas da produção orgânica vigentes).
 Certificação orgânica: procedimento pelo qual um organismo de avaliação da
conformidade credenciado (entidade certificadora credenciada no MAPA) dá garantia
por escrito que uma produção ou um processo claramente identificados foram
metodicamente avaliados e estão em conformidade com as normas de produção
orgânica vigentes.

 Conversão orgânica: Para que uma área dentro de uma unidade de


produção seja onsiderada orgânica, deverá ser obedecido um período de conversão.
O período de conversão será variável de acordo com o tipo de exploração e a utilização
anterior da unidade, considerando a situação ecológica e social atual. A transição para
o manejo orgânico deverá ser planejada, sendo obrigatória a apresentação de plano de
manejo.

 Produção Paralela (orgânica e convencional na mesma propriedade): É


permitida a produção paralela nas unidades de produção e estabelecimentos onde haja
cultivo, criação ou processamento de produtos orgânicos. Nas áreas e
estabelecimentos em que ocorra a produção paralela os produtos orgânicos deverão
estar claramente separados dos produtos não orgânicos e será requerida uma
descrição do processo de produção, do processamento e do armazenamento.

3.2.REGULAMENTO DA LEI ORGÂNICA


A lei orgânica é regulamentada pelo Decreto nº 6323 de 27/12/2007 Entre as
principais alterações e as novas deliberações estão:

 A criação do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica,


regida pelo Ministério da Agricultura. Pecuária e Abastecimento.
 Os organismos de avaliação da conformidade orgânica (certificadoras)
deverão ser acreditados no Inmetro e posteriormente credenciados pelo MAPA.
 Será criado o Sistema Participativo de Garantia da Qualidade Orgânica.
 As infringências às exigências legais para a produção orgânica estarão
sujeitas, isolada ou cumulativamente, á multas e diversas sanções.
 O selo do SBACO poderá ser utilizado somente 13 meses após a proclamação
do decreto e a vigência do regulamento á partir de dois anos da sua publicação.
3.3. PROCEDIMENTOS E PRODUTOS TOLERADOS NA
UNIDADE ORGÂNICA:
Estes consistem em atividades, medidas e produtos aceitos temporariamente,
uma vez que há falta ou é inviável o emprego daqueles considerados ideais. Apesar de
tolerados, estes produtos não devem prejudicar ou causam contaminações ao homem
e ao meio ambiente. O emprego de certas atividades ou produtos tolerados requerem
um plano de emprego e a autorização prévia da Certificadora Orgânica.

Manejo do solo: São tolerados o uso de implementos como arados de discos,


grades de discos e enxadas rotativas, entre outros. Uso de resíduos orgânicos,
industriais e urbanos desde que isentos de agentes contaminantes (químicos e
biológicos). Uso de plásticos (material inerte) para a cobertura desde que não causem
poluição do ambiente.

Nutrição Vegetal: São toleradas em aplicações esporádias e eventuais


produtos de média concentração e solubilidade como sulfato de potássio, resíduos
isentos de agentes contaminantes, condicionadores de solo, algas e plantas marinhas
e diferentes fontes de microelementos (com consulta da certificadora).

Proteção de Plantas: São tolerados em carater emergencial extratos de


plantas, caldas e soluções alho, piretro, rotenona, quássia, etc, produtos sulfurados,
caldas cúpricas, óleo mineral, querosene, sabão, sulfato de zinco e permanganato de
potássio. Iscas formicidas exceto aquelas á base de sulfuramida e produtos naturais
bioestimulados, como aminoácidos, biodinâmicos, etc.

3.4. PROCEDIMENTOS PROIBIDOS NUMA UNIDADE


ORGÂNICA:
São atividades ou produtos que não são aceitos na produção orgânica. Caso
ocorra a transgressão desta norma, de forma direta ou indireta, o produto vegetal não
poderá ser comercializado como orgânico e a área será temporariamente interditada
para a produção de alimentos orgânico e sujeita a reinspeção da entidade certificadora.

Os procedimentos proibidos são:


a. Manejo do solo e dos mananciais:
Cultivo sem realizar um planejamento de aspecto orgânico. Realizar a queimada
sistemática da biomassa (material vegetal). Uso de equipamento que pulverize a
estrutura do solo. Erradicar a flora e fauna nas áreas de proteção ambiental e dos
mananciais de água, assim como nas classes de capacidade de uso de solo VII e VIII.
Emprego de água sem análise, com contaminantes. Utilização de material mineral ou
orgânico que contenha resíduos químicos ou biológicos que possam poluir ou
contaminar o solo e os mananciais. Emprego de biocidas, herbicidas sintéticos de
natureza química, destilados de petróleo e hormônios sintéticos.

b. Nutrição vegetal
Emprego de fertilizantes químicos em geral, de média a alta concentração e
solubilidade, incluindo cloreto de potássio, nitrato de potássio e salitre do chile. Uso de
agrotóxicos e fitoreguladores. Adubos orgânicos, fertilizantes, corretivos ou
condicionadores de solo que contenham agentes contaminantes ou poluentes do solo.

c. Proteção de plantas
Não é aceito o emprego de qualquer agrotóxico de natureza química, com finalidade
inseticida, acaricida, nematicida, formicida, rodenticida, fungicida, bactericida
erradicante, etc Não é permitido o emprego de extrato pirolenhoso e o fumo , na forma
de nicotina pura. Defensivos á base de mercúrio ou brometo de metila para tratamento
do solo. Emprego de produtos inorgânicos sintéticos a base de metais persistentes no
ambiente, como o mercúrio, chumbo, cádmio, arsénio, enxofre em composto de
síntese, etc.

4. INSTRUÇÕES NORMATIVAS QUE REGULAM A PRODUÇÃO


ORGÂNICAS Nº 17,18 E 19

Três instruções normativas que tratam da regulamentação dos orgânicos foram


publicadas, no dia 29/01/2009, no Diário Oficial da União (DOU).

A Instrução Normativa n° 17 estabelece as normas referentes ao regulamento


técnico para o extrativismo sustentável orgânico, que consiste em permitir que produtos
do extrativismo e do agroextrativismo sejam certificados como orgânicos.
A Instrução Normativa n°18 aprova o regulamento técnico para o
processamento, armazenamento e transporte de produtos orgânicos. Assim, é
obrigatório o uso de boas práticas de manuseio e processamento, com o objetivo de
contribuir com a integridade física dos produtos e manter os registros atualizados das
unidades de produção sobre a manutenção da qualidade desses alimentos.

A Instrução Normativa nº 19, traz as regras dos mecanismos de controle e


informação da qualidade dos produtos orgânicos. Vale ressaltar que esta IN
implementa o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (Sisorg), o
que confere maior credibilidade e facilita a identificação do produto no mercado.

Com a publicação dessas três instruções normativas se encerra a primeira etapa


do processo de regulamentação dos produtos orgânicos.

Prazo para o enquadramento nas normas orgânica: Conforme o Decreto


nº70.048 de 23/12/09, todos os segmentos envolvidos na rede de produção orgânica
tiveram até 31 de dezembro de 2010 para se adequarem às regras estabelecidas neste
Decreto e demais atos complementares. Á partir de 01/01/2011 todos os produtores
orgânicos deverão estar cadastrados no CADASTRO GERAL DOS PRODUTORES
ORGÂNICOS do Ministério da Agricultura.

PARA SABER SOBRE A PRODUÇÃO ORGÂNICA


CONHEÇA AS INSTRUÇÕES NORMATIVAS Nº 17 -18 e 19
COMPLETAS EM NOSSO TEXTO DE LEITURA

5. COMO ATUAM AS CERTIFICADORAS ORGÂNICAS


As unidades produtoras, processadoras ou comerciantes de produtos de origem
vegetal ou animal, para serem reconhecidos como orgânicas devem ser auditadas por
organismo de avaliação da conformidade orgânica, que devem ser empresa jurídica
(privada ou pública), com ou sem fins lucrativos, com sede ou não no território nacional.

As certificadoras devem ser credenciadas no Ministério da Agricultura – MAPA e


acreditadas no INMETRO, conforme a nova legislação orgânica vigente. Já existiam
em 2006 no Brasil mais de 20 entidades certificadoras, em vários estados.
Estas entidades fornecem certificados orgânicos, com pequenas variações nos
seus critérios, porém unânimes nas normas básicas da agricultura orgânica.
Geralmente os selos são liberados em função das quantidades colhidas e
comercializadas.

Por recomendação da legislação oficial, as entidades que avaliam a


conformidade da produção orgânica não devem prestar assessoria técnica ou participar
da venda de insumos agroecológicos.

Desta forma, as entidades existentes que prestavam algum serviço aos


associados, tiveram que modificar sua forma de atuação. Permaneceu uma entidade
associativa para divulgar e orientar a agricultura orgânica e formaram nova estrutura
jurídica e técnica independente para realizarem somente a certificação orgânica.
Abaixo seguem expostos os selos utilizados por algumas das certificadoras
mencionadas no quadro acima:

CERTIFICADORAS ORGÂNICAS

AAO Abio ANC APAN BCS Chão Vivo MOA

Coolméia Skal Ecocert FVOBrasil IBD IMO OIA

6. COMO É FEITA UMA AUDITORIA (OU AVALIAÇÃO) DA


CONFORMIDADE ORGÂNICA NUMA UNIDADE INTERESSADA EM
SER ORGÂNICA

AUDITORIA DE CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA


A certificação poderá ser feita de forma participativa, através de um Organismo
Participativo de Avaliação da Conformidade – OPAC ou então pela auditoria externa de
um Organismo de Avaliação da Conformidade Orgânica - OAC: instituição que avalia,
verifica e atesta que produtos ou estabelecimentos produtores ou comerciais estão
enquadrados nas normas orgânicas.
Na visita de auditora para avaliação da conformidade orgânica, é feito um
relatório e histórico das áreas da propriedade interessada, levantando todos os seus
dados e uso das terras e seus recursos. O produtor acompanha a visita e dá sua
assinatura, atestando os dados levantados.
Tanto a produção agropecuária como a industrialização, armazenamento e a
estrutura de comercialização são inspecionados. Poderá ainda serem solicitadas
análises químicas, biológicas e de resíduos, da terra e da água.

7. PERÍODO DE CONVERSÃO PARA O SISTEMA ORGÂNICO


Geralmente as propriedades passam por um período de transição para o
sistema orgânico, quando elaboram um plano para efetivação das mudanças que
deverão ser providenciadas, segundo o parecer da entidade avaliadora da
conformidade orgânica.

Pela legislação em vigor, as propriedades passam por um período mínimo de


transição, de 12 meses de manejo orgânico, para produção de cultivos anuais (milho,
soja, sorgo e outros), capineiras e pastagens perenes e de 18 meses em cultivos
perenes, até obterem a certificação e o direito de usarem o selo orgânico. Para
certificação internacional o período de transição é o dobro para os cultivos perenes ou
seja de 36 meses.

8. AUDITORIA DE MANUTENÇÃO DA UNIDADE ORGÂNICA


Todas as unidades produtoras, comerciantes e processadoras orgânicas,
necessitam anualmente renovar a sua certificação junto ao Orgão de Avaliação da
Conformidade Orgânica, devendo enviar Plano de Produção e receber visita de
auditoria programada.

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PERGUNTAS SOBRE A CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA

Apresentamos perguntas e respostas sobre a certificação


agrícola, que vão esclarecer tudo sobre o procedimento de obter o
selo orgânico.

QUESTÕES
 Quais as diferenças entre a agricultura orgânica e a agricultura
convencional?
 Quais são as bases do cultivo orgânico?
 Quais são os ramos da agroecologia?
 Quais são seus princípios e exigências para que possamos
implantar o sistema orgânico?

NESTA AULA SERÁ ABORDADO

 Perguntas sobre a certificação agrícola


 Componentes da certificação
 Entidades Avaliadoras da Conformidade
 Normas da Produção Orgânica
 Regulamento da Lei Orgânica

1. O que significa certificação orgânica?


Certificação, como termo utilizado na agricultura, significa garantir a origem
(procedência) e qualidade dos produtos obtidos, seja ela ambiental ou orgânica. A
certificação pode ser definida também como a avaliação de um sistema de qualidade
segundo os requisitos das normas ou outras, com a emissão de um certificado
comprovando que a empresa produtora ou processadora está em conformidade com as
exigências estabelecidas com suas normas e regulamentos.

2. O que se objetiva na certificação em relação ao alimento?


Podemos dizer que a certificação é uma prática que surgiu da necessidade de
se identificar a origem e o processamento de um alimento, permitindo ao agricultor um
produto diferenciado e mais valorizado, estabelecendo uma relação de confiança com o
consumidor. Garante ao consumidor a sua procedência isenta de contaminação
química, respeitando o meio ambiente e o trabalhador.

3. Quais são as preocupações com a certificação?


A sustentabilidade do agroecossistema, a segurança alimentar, o bem-estar do
trabalhador rural, sua inserção social e a saúde da população humana e animal devem
ser os princípios norteadores da certificação agrícola. A certificação é fundamental para
o desenvolvimento global da agricultura orgânica e a criação de normas e padrões
mundiais homogêneas

4. Quando surgiu a certificação agrícola?


A certificação agrícola surgiu na Europa por meio dos movimentos
ambientalistas e sociais, enfocando primariamente a agricultura orgânica e a
exploração florestal. Havia grande preocupação com o desmatamento na América do
Sul, África e Ásia e o uso exagerado de pesticidas.

4. Existe somente certificação orgânica ou é possível certificar outra forma


de agricultura?
O processo de certificação evoluiu e, atualmente, a própria agricultura tradicional
é passível de algum tipo de certificação. Por exemplo, propriedades que utilizam
agroquímicos dentro das recomendações técnicas e que cumprem as normas de boas
práticas agrícolas, tem a possibilidade de receber um dos tipos de certificação agrícola
disponíveis, fato que é impossível no sistema orgânico, que proíbe o emprego de
pesticidas e adubos solúveis.
5. Na certificação quem é avaliado?
No processo de avaliação e certificação, a propriedade ou o produto devem ser
avaliados dentro de normas estabelecidas com base em informações técnicas sólidas e
isentas de qualquer critério ideológico. Deve ficar claro que a propriedade agrícola é
que é certificada, sendo ela considerada orgânica e não o produtor agrícola. Desta
forma, um produtor pode possuir uma propriedade orgânica e outra convencional, não
podendo, no entanto, misturar as colheitas.

6. Qual a participação do consumidor nesse processo?


É baseado na expectativa do consumidor final, que há a exigência pela
qualidade intrínseca dos alimentos, isto é, o comprador quer mais do que simplesmente
produtos com boa aparência e sabor, mas deseja alimentos verdadeiramente sadios,
de origem conhecida, com rastreabilidade.
A tendência atual do consumidor é ser cada vez mais exigente, a sua atribuição
de qualidade vai além da aparência e sabor. Exigem respeito ao meio ambiente e á
produção de alimentos de forma justa e correta. Os consumidores certamente
rejeitarão produtos que na sua produção, ocorra exploração infantil ou escrava, ou seja,
fruto de devastação de matas nativas.

7. Qual a importância do produtor agrícola?


É o componente mais importante de todo o processo de certificação, pois a
qualidade do alimento começa no campo, através do seu trabalho. Não adianta termos
as melhores normas ou entidades certificadoras, se os produtores não adotam
voluntariamente as instruções normativas.
Independente da pressão de normas ou protocolos, o produtor deve ter
consciência e disposição para efetuar de forma correta todos os procedimentos
recomendados pelo sistema de produção certificada. Dessa forma, o produtor deve
estar sempre atualizado com as exigências e alterações nos procedimentos e
requerimentos do processo.

8. Precisa haver o enquadramento da propriedade rural nas normas para a


cessão da certificação?
Para a unidade produtora agrícola ou processadora de alimentos, obter a
concessão da certificação, ela deve estar enquadrada, em conformidade às normas e
regulamentos estabelecidos na legislação orgânica, que deverão ser confirmadas pela
visita de avaliação da conformidade pelo órgão certificador.

9. O que deve estar incluido nas normas?


As normas devem apresentar os regulamentos da produção certificada,
constituída de todos os procedimentos recomendados, tolerados e proibidos, para as
operações culturais, insumos, colheita, colheita, beneficiamento, embalagem e
comercialização.
Deve também apresentar também os procedimentos para a estruturação do
processo, com o acesso dos produtores, credenciamento e forma de inspeção dos
órgãos certificadores e como deve ser a atuação do órgão normatizador.
10. O Brasil tem normas orgânicas?
Sim, no Brasil, a Lei Orgânica nº 10.831 de 23/12/2003 do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, é a referência para a produção,
processamento e comercialização de produtos orgânicos. O seu regulamento saiu em
19/12/2008 pelo Decreto 64.

11.Qual é a Instrução Normativa que regulamenta a produção orgânica no


Brasil atualmente?
É a INSTRUÇÃO NORMATIVA-DECRETO Nº64. O Ministério de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento publicou no Diário Oficial da União, em 19/12/2008, no
Decreto nº64, as novas instruções normativas para a produção animal e vegetal
orgânica no Brasil. Apresentamos o texto completo em anexo no final desta publicação.
Ficou revogada a Instrução Normativa MAPA nº 07, de 17 de maio de 1999.

Entre as principais alterações e as novas deliberações estão:


 Apresentar o Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção
Animal e Vegetal.

 Estabelecer as normas técnicas para os Sistemas Orgânicos de Produção


Animal e Vegetal a serem seguidos por toda pessoa física ou jurídica responsável por
unidades de produção em conversão ou por sistemas orgânicos de produção.

 Definir as normas técnicas para os Sistemas Orgânicos de Produção de bovinos,


bubalinos, ovinos, caprinos, eqüinos, suínos, aves, coelhos e abelhas.

 Apresentar as listas de Substâncias Permitidas para uso nos Sistemas


Orgânicos de Produção Animal e Vegetal.

 Informar que o Regulamento Técnico sobre Extrativismo Sustentável Orgânico


será objeto de regulamentação específica.
12. Quais são os elementos componentes da certificação orgânica?
COMPONENTES DA CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA

ENTIDADES CERTIFICADORAS
(Avaliam a conformidade com as normas)
AAO-ANC-IBD-ECOCERT-FVO-MOA

Cadeia Produtiva
Rastreabilidade

PRODUTOR CONSUMIDOR
AGRÍCOLA FINAL

Preservação do Ambiente;
Segurança Alimentar e Relações
Justas

ENTIDADES REGULADORAS
(Estabelecem os Padrões/Normas/Protocolos.
Credenciam e fiscalizam as Certificadoras)
INMETRO – IFOAM - EUREPGAP

13. Por quê a lei orgânica é importante?


A implementação da lei dos orgânicos é considerada vital para a consolidação e
desenvolvimento do setor no Brasil uma vez que unifica e harmoniza o complexo
sistema de certificação em vigor no país. Atualmente, a certificação é feita por mais de
vinte entidades, que até janeiro de 2009, deverão estar acreditadas pelo Inmetro e
credenciadas pelo MAPA, para que seus certificados possam utilizar o selo do Sistema
Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica.
14. O que fazem as entidades reguladoras da certificação?
A certificação tem base em normas elaboradas por entidades reconhecidas ou
com base em regulamentos técnicos emitidos por órgãos regulamentadores oficiais.
Cabe ás entidades normatizadoras estabelecerem os normas ou protocolos que
regularizem o processo da produção agrícola certificada. . Entidades normatizadoras:
EUREPGAP; IFOAM, MAPA.
As entidades normatizadoras poderão ser também responsáveis pela acreditação
e credenciamento dos organismos que fazem a avaliação da conformidade orgânica e
a constante atualização e regularização das normas

15. O que é Acreditação?


É o procedimento pelo qual um organismo responsável, ou seja, a instituição
acreditadora, reconhece formalmente que uma empresa tem competência para cumprir
as atividades definidas na sua razão social, no caso, atividades de auditoria ou
avaliação da conformidade.

15. Quem faz a acreditação dos organismos da avaliação orgânica?


O Inmentro, através do Sistema Brasileiro de Acreditação-SBC, faz a acreditação
no Brasil, das organizações prestadoras de serviços, sendo a avaliação pautada em
exigências legais do atendimento, bem como na organização do trabalho e seus
resultados.
Cabe às entidades por ele credenciadas a condução das atividades de
certificação de conformidade e de treinamento de pessoas. de certificação credenciado
pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro.
O Inmetro é o responsável pela acreditação das entidades interessadas em
proceder a avaliação da conformidade orgânica no Brasil. Esse processo deve ser feito
antes do credenciamento no Ministério da Agricultura.
16. O que é acreditação internacional?
A acreditação pode também ser considerada como resultado de análise ou
auditoria rigorosa dos processos empregados pelos produtores ou processadores de
orgânicos permitindo a obtenção do crédito de acesso para um determinado mercado.
Principais Acreditadoras: Biosuisse (para o mercado suíço), Europgap (parceria global
para agricultura sustentável e segura para países da União Européia), Demeter (alemã
que atende 50 países), IAS (Japão), IFOAM (Estados Unidos) e USDA (Estados
Unidos).

17. Porque as entidades certificadoras (avaliadoras da conformidade


orgânica) devem fazer o credenciamento no Ministério da Agricultura –MAPA?
Como garantia que a organização avaliadora ou certificadora executa seu
trabalho de forma correta, dentro da legislação em vigor, há a necessidade de uma
organização oficial que „certifique o certificador‟ ,isto é, o orgão credenciador fornece
uma “licença” que comprova que a entidade avaliadora da conformidade está
enquadrada nos regulamentos oficiais. Esse processo é conhecido como
credenciamento. No Brasil, os órgãos certificadores para atuar na certificação orgânica
deverão estar credenciados no MAPA

18.É vantagem fazer também o credenciamento em entidades


internacionais?
Para as certificadoras é interessante o credenciamento de organismos oficiais,
certificadoras e entidades reguladoras locais, como vem sendo feito por várias
certificadoras que atuam no Brasil. Abaixo, credenciamentos internacionais obtidos
pela Certificadora IBD:

 IFOAM - Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica, que


garante ao acesso aos mercados dos USA e Japão.

 DAR - Círculo de Credenciamento Alemão, órgão alta competência de


credenciamento de certificadoras da Alemanha, que garante acesso a toda a
Comunidade Européia. O DAR verifica se a certificadora aplica de forma adequada as
Normas ISO-65, específicas para certificadoras.

 USDA - United States Department of Agriculture, que garante acesso ao


mercado norte-americano.
19 Quem faz a concessão da certificação, ou seja, a avaliação da
conformidade de uma unidade produtora, processadora ou comercializadora?
São os ORGANISMOS DE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE. Podem ser
entidades públicas ou privadas, de constituição jurídica, com ou sem fins lucrativos,
com sede ou filiais no Brasil.
De uma forma geral, as organizações interessadas em proceder a certificação
orgânica, devem possuir uma adequada estrutura técnico-administrativa, estando
separadas de outras atividades comerciais, como comercialização ou venda de
alimentos orgânicos, insumos agrícolas e também da prestação de assistência técnica.

20. Como procedem a cessão da certificação?


Elas são responsáveis pela avaliação da conformidade, ou seja, na execução da
auditoria na unidade produtora ou processadora para verificar se está enquadrada nas
normas ou protocolos estabelecidos pelas entidades normatizadoras. São instituições
externas e reconhecidas, que fazem a avaliação da conformidade dos
estabelecimentos interessados e comprovam a certificação por escrito.

21. Quem pode solicitar a certificação?


Os proprietários e empresas isoladas, grupos de produtores ou comunidades
rurais podem solicitar a certificação a qualquer momento para uma certificadora. Deve
ser ressaltado que é a unidade produtora que deve ser objeto de certificação e não o
produtor. É importante também destacar que este é um processo voluntário do
interessado que busca a certificação.

22. O que é Certificação Individual?


A certificação individual pode ocorrer em diversos níveis, desde um produtor rural,
até uma empresa de grande porte, seja produtora, processadora ou distribuidora de
alimentos. Neste caso, o custo da certificação para o requerente é mais elevado, tendo
em vista que todo o processo será custeado por apenas uma pessoa ou empresa. No
entanto é um sistema que possibilita maior controle das operações internas, já que as
decisões e o manejo são orientados por uma pessoa ou um representante legal.

23. Pode ser certificado qualquer produto?


A certificação de conformidade é um documento de espectro abrangente que
pode certificar qualquer material, componente, equipamento, interface, protocolo,
procedimento, função, método e atividade de organismos ou pessoas. Cada
certificadora tem uma linha de atuação de produtos que certifica, sendo por isso,
necessário uma consulta específica.

Poderão ser objetos de certificação os seguintes produtos ou serviços: apicultura,


pecuária de corte e leite; piscicultura e aqüicultura; processamento de alimentos;
produção agrícola; produção de cosméticos; produção de insumos; produção de vinho;
produção têxtil; restaurantes, pousadas, hotéis; silvicultura e outros produtos
extrativistas. Poderá ser feita também a certificação de produtos cosméticos.

Embora o Brasil não possua uma legislação específica que regule a certificação
de cosméticos orgânicos, por isso até hoje são utilizados referenciais particulares para
as certificadoras que estão desempenhando esta atividade. Nesse caso, poderão ser
consultadas as certificadoras: ECOCERT, BDIH, Soil Association, AIAB, IBD.

24. O que é certificação independente?


È quando se utiliza uma organização certificadora independente (certificador
externo), dotada de sistemas, pessoal e capacitação para avaliar se o manejo de um
determinado sistema produtivo atende ou não os requisitos estabelecidos pelas normas
e regulamentos. A organização certificadora é quem realiza na prática todo o trabalho
de avaliação e emite o certificado individualmente.

25. O que é Certificação facultativa?


Quando não é exigido a certificação dos produtores. A venda direta sem
certificação por agricultores familiares é uma das alterações com o regulamento da Lei
nº 10.831, de 2003 , que prevê a dispensa da certificação por auditoria.
A comercialização em venda direta deverá ser realizada por agricultor familiar e
vinculado a um processo organizacional com controle social, cadastrado no MAPA. O
Artigo 3 da Lei Orgânica já possibilita a comercialização direta pelos pequenos
agricultores familiares.

Artigo 1° - No caso da comercialização direta aos consumidores, por parte dos


agricultores familiares, inseridos em processos próprios de organização e controle
social, previamente cadastradas junto ao órgão fiscalizador, a certificação será
facultativa, uma vez assegurada aos consumidores e ao órgão fiscalizador a
rastreabilidade do produto e o livre acesso aos locais de produção ou processamento.
No ponto de comercialização ou no rótulo desses produtos, poderá constar a
expressão: “Produto orgânico não sujeito à certificação nos termos da Lei nº 10.831, de
23 de dezembro de 2003”.

26. O que é certificação participativa?


Na certificação participativa não há a necessidade de um órgão independente
como a certificadora para dar a garantia de que os procedimentos estão em
conformidade com determinadas diretrizes de produção. Os próprios produtores se
organizam de tal forma que são capazes de controlarem a sua produção, além da
participação de técnicos e de outros agricultores que fazem parte do grupo, de maneira
a respeitarem as normas de produção estabelecidas por eles próprios, sem prejuízo ao
meio ambiente.

A atual legislação orgânica prevê a formação do Sistema Participativo de Garantia


da Conformidade Orgânica, conforme Decreto 6.323 de 28/12/2007. No Brasil,
principalmente na região sul há entidades, como a Rede Ecovida, trabalhando com
esse conceito.
É denominado de Certificação Participativa ao processo de geração de
credibilidade que pressupõe a participação solidária de todos os segmentos
interessados em assegurar a qualidade do produto final e do processo de produção.
Este processo resulta de uma dinâmica social que surge a partir da integração entre os
envolvidos com a produção, consumo e divulgação dos produtos a serem certificados.

No caso da Rede Ecovida de Agroecologia a Certificação Participativa se dá em


torno do Produto Orgânico e a credibilidade é gerada a partir da seriedade conferida a
palavra da família agricultora e se legitima socialmente, de forma acumulativa, nas
distintas instâncias organizativas que esta família integra.

HOJE A LEGISLAÇÃO ORGÂNICA- DECRETO Nº64, DETERMINA QUE AS


ENTIDADES DE CERTIFICAÇÃO PARTICIPATIVA DEVEM TER OS CONSELHOS
DE ÉTICA E DE CERTIFICAÇÃO.

Geração de Credibilidade do Produto Ecológico na Rede Ecovida de


Agroecologia
27. Como funciona uma certificação participativa na ECOVIDA?
A estrutura é a existência de um Núcleo e um Comitê de Ética local e do Núcleo
e do Conselho de Ética Regional. Assim, a primeira instância de certificação é a
palavra do agricultor e de sua família, que com outras famílias formam o Núcleo Local.
A seriedade do trabalho desenvolvido pela família é referendada pelo grupo do qual ele
faz parte, através da Comissão de Ética deste grupo. Este grupo por sua vez tem seu
trabalho referendado pelo Núcleo Regional do qual participam representantes dos
núcleos locais, através do Conselho de Ética do Núcleo.

Os produtos oriundos deste Núcleo são respaldados por todos os demais


Núcleos, que possuem em comum normas de produção e patamares mínimos de
funcionamento, o que os permite legitimarem-se mutuamente, através da Rede Ecovida
de Agroecologia.A condição de membro da Rede Ecovida pressupõe um compromisso
com a Agroecologia, mas esta condição não autoriza de forma automática a utilização
do selo. Para isto é necessário passar pelo processo de certificação.

28. Quais são as etapas do selo ECOVIDA?


1. Havendo demanda por parte de um grupo de agricultores pelo processo de
certificação, formam um núcleo e um comitê de ética local. Esta demanda ocorre
apenas se o grupo sente a necessidade de tornar público o reconhecimento conferido
pela Rede em relação a seu processo/produto;

2. É encaminhado ao Núcleo e Conselho de Ética Regional os agricultores que


se enquadram nas normas. É então feita a visita às propriedades do grupo por
integrantes da Comissão de Ética do grupo, do Conselho de Ética do núcleo e da
assessoria;
3. Um dos integrantes desta comissão que se constituiu para a visita se
encarrega de elaborar um relatório onde constam aspectos das propriedades visitada,
ligados ao seu grau de ecologização e a outros aspectos que constam nas normas
internas da Rede .

4. Reunião entre o grupo, integrantes do Conselho de Ética do Núcleo Regional


e assessoria. Nesta reunião se discute o relatório das visitas, o grau de ecologização
das propriedades e do grupo e se planejam ações visando superar limites identificados;

5. Decisão por parte do Conselho de Ética do Núcleo sobre a liberação ou não


do uso do selo para este grupo;

6. Caso tenha obtido a autorização, o grupo deve informar a coordenação do


Núcleo Regional em que produtos e em que quantidade o selo será utilizado.

29. Quando é um agricultor ou agricultora familiar?


Ele pode ser definido como aquele (a) cuja principal fonte de renda seja a
produção agropecuária ou do extrativismo sustentável e que a base da força de
trabalho utilizada na unidade de produção seja desenvolvida por membros da família.
Em caso de necessidade de contratação de mão de obra externa, esta não deverá ser
superior a 75% do total utilizado no estabelecimento.

30. Como é interpretada pela legislação uma unidade como orgânica?


A legislação brasileira considera como sistema orgânico a unidade produtora ou
comerciante, que adota técnicas específicas de uso racional dos recursos naturais,
com respeito à integridade cultural das comunidades rurais, de modo a garantir
desenvolvimento socioeconômico e sustentabilidade ambiental. Trata-se de garantir a
“oferta de produtos saudáveis, isentos de contaminantes intencionais”, como expressa
a Lei 10.831, de 2003.

31. Como é feito o acompanhamento oficial do Sistema Orgânico?


Através de colegiados estaduais, previstos nas Normas, já estão sendo
estabelecidos, tendo uma atuação não somente para encaminhamento do
credenciamento das certificadoras, mas para debater novas posições e problemas que
a produção orgânica encontra na sua definição como processo produtivo e comercial.
32. As certificadoras tem o mesmo critérios no processo de certificação?
Todas elas devem adotar as normas e regulamentos da lei orgânica, no entanto,
elas possuem pequenas variações nos seus critérios, porém unânimes nas normas
básicas da agricultura orgânica. Há certos produtos que são tolerados para emprego no
sistema de produção orgânico, que não são aceitos por algumas entidades
certificadoras.
33. ONDE POSSO OBTER MAIORES INFORMAÇÕES DAS PRINCIPAIS
CERTIFICADORAS ORGÂNICAS?

CERTIFICADORAS SITE/E-MAIL
ECOCERT/AAO - São Paulo (SP) www.aao.org.br
anc@correionet.com.br
ANC - Campinas (SP) http://www.anc.org.br
http://www.apan.org.br
Apan - São Paulo (SP) apancertificadora@gmail.com
Chão Vivo - Santa Maria do Jetibá (ES) pmsmj@escelsa.com.br

http://www.ecocert.com.br
Ecocert - AAO ecocert@ecocert.com.br
FVO - Recife (PE) fvobr@terra.com.br
http://www.ibd.com.br
IBD - Botucatu (SP) ibd@ibd.com.br
IHAO - Chapada dos Guimarães (MT) sorayaihao@bol.com.br
IMO Control do Brasil - São Paulo (SP) imocontrol@terra.com.br
www.mokitiokada.org.br
MOA - Rio Claro (SP) certcmo@terra.com.br
http://www.oiabrasil.com.br
OIA - São Paulo (SP) oiabrasil@oiabrasil.com.br
sapucaiong@uol.com.br
Sapucaí - Pouso Alegre (MG) sapucaicert@veloxmail.com.br
Skal - Barreiras (BA) skalbrasil@daventria.net
http://www.skalint.com.br
http://www.tecpar.br
TecPar Cert (Paraná) grapiuna@tecpar.br

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