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Boas Práticas de Fabricação na

Indústria Farmacêutica

Prof. Dra. Ana Flávia Oliveira Santos


MEDICAMENTO

Fármaco Excipiente

Eficácia Funcionalidade

SEGURANÇA E QUALIDADE
Boas Práticas de Fabricação
Importante!!!
1958 – EUA
Intoxicação em massa de crianças entre 5 e 10 anos, em
hospital pediátrico, tratadas com produto vitamínico.
Aparecimento de mamas e outras mudanças relacionadas
com estrógenos.
A investigação demonstrou que as cápsulas estavam
contaminadas com estrógenos devido a limpeza deficiente
do equipamento usado na fabricação (produtos
estrogênicos e vitamínicos fabricados alternados).
O resultado da análise do controle da qualidade era
satisfatório incluindo o teor de vitaminas.
Importância da limpeza correta dos equipamentos
para evitar a contaminação cruzada.
Boas Práticas de Fabricação
Importante!!!
Final dos anos 60 – Europa
Paciente perdeu a visão e outros mais sofreram graves
lesões nos olhos que comprometeram seriamente a sua
visão.

A investigação demonstrou o fabricante da pomada


oftálmica como responsável, porque o produto por conter
antibióticos de amplo espectro e um esteróide, não
continha conservantes.

O fabricante considerou que a presença de antibióticos e


o baixo conteúdo de água eram suficientes para prevenir o
crescimento bacteriano.
Boas Práticas de Fabricação Importante!!!

2003 – Brasil
Cerca de 22 pessoas morreram após o uso de contraste em
exames gastro-intestinais.

A investigação comprovou a presença de grande


quantidade de carbonato de bário e sulfato de bário,
substâncias aplicadas como veneno para rato, que
absorvidas pelo organismo podem causar intoxicação e até
a morte.

O carbonato de bário foi utilizado para diminuir os


custos na fabricação do produto, conforme fabricante.

O comércio, o uso e a distribuição do estoque dos


medicamentos fabricados e importados foram suspensos.
Produção de Medicamentos
Boas Práticas de Fabricação
Breve retrospectiva

Início nos EUA, ligada a ação regulatória do FDA;

Déc. 50 – FDA enfraquecido;

Déc. 60 – FDA fortalecia;

Déc. 70 (1975) – Norma 567, da OMS;

Déc. 70 – Brasil, instalação de multinacionais no setor


farmacêutico.
Boas Práticas de Fabricação
Mundo

Origem do nome
Do termo em inglês Good Manufacturing Practices (GMP)

Versão americana Versão européia

1075 – Versão OMS


Boas Práticas de Fabricação
Legislação

Brasil

1994 – Tradução da GMP (Ministério da Saúde e Secretaria


de Vigilância Sanitária);

RDC nº 134, de 13 de julho de 2001;

RDC nº 210, de 04 de agosto de 2003;

RDC nº 17, de 16 de abril de 2010.

RDC nº 301, de 21 de agosto de 2019.


GESTÃO DE QUALIDADE DE PRODDUTOS
FARMACÊUTICOS E COSMÉTICOS
Boas Práticas de Fabricação

É a parte da garantia da qualidade que assegura que os produtos


são consistentemente produzidos e controlados com padrões de
qualidade apropriados para o uso pretendido e requerido pelo
registro.

Principais aspectos na implantação das BPF


Evitar misturas acidentais e/ou contaminações cruzadas;
Garantir rastreabilidade;
Garantir a identidade e teor do ativo;
Existir programa de treinamento de pessoal inicial e periódico;
Possuir POP para cada etapa do processo, incluindo
equipamentos).
Controle de Qualidade
Boas Práticas de Fabricação

Amostragem Especificações Ensaios

Procedimentos de
organização

Procedimentos de
Documentação
liberação
Condições gerais

Todos os processos de fabricação devem ser claramente definidos


e sistematicamente revisados em função da experiência adquirida.
Além disso, devem mostrar ser capazes de fabricar medicamentos
dentro dos padrões de qualidade exigidos, atendendo as
respectivas especificações;

Sejam realizadas as qualificações e validações necessárias;

Sejam fornecidos todos os recursos necessários, incluindo: pessoal


qualificado e devidamente treinado; instalações e espaço
adequados; equipamento e serviços adequados; materiais,
recipientes e rótulos apropriados; procedimentos e instruções
aprovados;
Condições gerais

As instalações e os procedimentos devem ser escritos em


linguagem clara, inequívoca e serem aplicáveis de forma especifica
as instalações utilizadas;

Os operadores devem ser treinados para desempenharem


corretamente os procedimentos;

Devem ser feitos registros (manualmente e/ou através de


instrumentos de registro) durante a produção para demonstrar que
todas as etapas constantes nos procedimentos e instruções foram
seguidas e que a quantidade e qualidade do produto obtido estão
em conformidade com o esperado. Quaisquer desvios significativos
devem ser registrados e investigados;
Condições gerais
Os registros referentes a fabricação e distribuição dos produtos
devem minimizar qualquer risco a sua qualidade;

Esteja implantado um sistema capaz de recolher qualquer lote,


após sua venda ou fornecimento;

As reclamações sobre produtos comercializados devem ser


examinadas, registradas e as causas dos desvios de qualidade,
investigadas e documentadas;

Devem ser tomadas medidas com relação aos produtos com


desvio da qualidade e adotadas as providencias no sentido de
prevenir reincidências.
Boas Práticas de Fabricação

Sanitização e Higiene Qualificação e Validação

Reclamação

Recolhimento de Contratação de
produtos fabricação e/ou análise

Auto-inspeção e
auditoria

Pessoal Instalação

Equipamento

Materiais Documentação
Sanitização e Higiene

Envolvida em todas as etapas da fabricação;

Deve abranger:
Pessoal
Instalações
Equipamentos e utensílios
Materiais de produção e recipientes
Produtos para limpeza e desinfecção
E qualquer outro aspecto que possa constituir fonte de
contaminação para o produto.

Programa de sanitização e higiene – Diminui as fontes potenciais


de contaminação.
Qualificação e Validação

Programa de qualificação e validação deve ser claramente definido


e documentado em um plano mestre de validação;

Definir protocolos e aprová-los;

O que deve ser qualificado ou validado


Procedimentos de limpeza
Métodos analíticos
Sistemas computadorizados
Processos
Equipamentos
Mudanças significativas nas instalações, no local de fabricação

A responsabilidade pela realização da validação deve ser


claramente definida.
Qualificação e Validação

Revalidação – qualquer mudança em fórmulas, métodos,


equipamentos e materiais que possam afetar a qualidade e/ou
reprodutibilidade do processo.

Reclamação

Qualquer reclamação deve ser investigada e registrada de acordo


com os procedimentos escritos;
As autoridades sanitárias competentes devem ser informadas
pelo fabricante ou detentor de registro quando for detectado
qualquer desvio significativo de qualidade no processo de
fabricação, deterioração de produto, roubo de carga ou quando
estiver sendo investigado qualquer outro problema que tenha
impacto na qualidade do produto.
BRASIL, 2010
Recolhimento de
produtos

Devem existir procedimentos escritos, regularmente conferidos e


atualizados, para proceder a qualquer atividade de recolhimento;

As operações de recolhimento do produto no mercado devem ser


imediatas, iniciando-se preferencialmente pelos hospitais e
farmácias;

Todas as autoridades sanitárias competentes dos países para os


quais o produto tenha sido enviado, devem ser imediatamente
informadas sobre qualquer intenção de recolhimento de produto
que apresente ou esteja sob suspeita de desvio da qualidade.
Contratação de
fabricação e/ou análise

Os contratos de produção e/ou análise devem ser claramente


definidos, acordados e controlados;

O contrato deve permitir ao contratante auditar as instalações do


contratado;

Os aspectos técnicos do contrato devem ser estabelecidos por


pessoas competentes, com conhecimento adequado em tecnologia
farmacêutica, controle de qualidade e BPF.
Auto-inspeção e
auditoria

O programa de auto-inspeção deve ser projetado de forma a


detectar quaisquer deficiências na implementação das BPF e de
recomendar as ações corretivas necessárias;

Deve conter procedimentos mínimos e documentados para auto-


inspeção;

A complementação da auto-inspeção com auditoria da qualidade


pode ser necessária;

A auditoria da qualidade consiste no exame e na avaliação de


todo ou parte de determinado sistema da qualidade com o objetivo
especifico de aperfeiçoá-lo.
Pessoal

Qualificado em quantidade suficiente para desempenhar todas as


atividades pelas quais o fabricante é responsável;

Todas as responsabilidades individuais devem ser estabelecidas


em procedimentos escritos e ser claramente compreendida por
todos os envolvidos;

Todo pessoal deve conhecer os princípios das BPF e receber


treinamento inicial e contínuo incluindo instrução de higiene de
acordo com a necessidade.
Instalação

Devem ser localizadas, projetadas, construídas, adaptadas e


mantidas de forma que sejam adequadas as operações a serem
executadas;

Minimizar o risco de erros e possibilitar a limpeza e manutenção


de modo a evitar a contaminação cruzada, o acúmulo de poeira e
sujeira ou qualquer efeito adverso que possa afetar a qualidade dos
produtos;

Devem ser mantidas em bom estado de conservação, higiene e


limpeza;
Instalação

O fornecimento de energia elétrica, iluminação, ar condicionado


(temperatura e umidade) e ventilação devem ser apropriados de
modo a não afetar direta ou indiretamente os processos de
fabricação e armazenamento ou o funcionamento adequado dos
equipamentos;

Devem ser projetadas e equipadas de forma a permitirem a


máxima proteção contra a entrada de insetos e outros animais.
Equipamentos

Devem ser projetados, construídos, instalados, localizados e


mantidos de forma a facilitar as operações a serem realizadas;

Projeto e localização devem minimizar os riscos de erros e


permitir limpeza e manutenção adequadas, evitando contaminação
cruzada, acúmulo de poeira e sujeira e, em geral, evitar todo efeito
que possa influir negativamente na qualidade dos produtos;

Os instrumentos e balanças devem ser periodicamente calibradas


e devidamente identificadas.
Materiais

Devem ser postos em quarentena imediatamente após o


recebimento ou produção, até que sejam liberados pelo controle de
qualidade para uso ou distribuição;

Armazenados em condições apropriadas;

A separação dos lotes e a rotatividade do estoque devem obedecer


à regra: “primeiro que expira, primeiro que sai” (PEPS);

As matérias-primas devem ser adquiridas somente dos


fornecedores qualificados e incluídas na lista de fornecedores da
empresa, preferencialmente, diretamente do produtor;
Materiais

Todas as matérias-primas recebidas devem ser verificadas de


forma que seja assegurado que a entrega esteja em conformidade
com o pedido;

Matérias-primas identificadas;

Atenção as informações dos rótulos de todos os materiais.


Documentação

Parte essencial do Sistema de Garantia da Qualidade;

Exemplos de documentos mínimos exigidos:


Especificações e procedimentos de ensaio de controle de
qualidade;
Especificações para matérias-primas e materiais de
embalagem;
Especificações para produtos intermediários, a granel e
produtos terminados;
Fórmula mestra / fórmula padrão – para cada produto e
tamanho de lote a ser fabricado;
Registros dos lotes de produção;
Procedimentos operacionais padrão (POP);
Ordem de fabricação.
Todo mundo, alguém, qualquer um e
ninguém

A qualidade era um serviço importante a ser feito e todo mundo


estava certo de que alguém faria.

Qualquer um poderia ter feito.

Alguém ficou zangado sobre isso, porque era serviço de todo


mundo.

Todo mundo pensou que qualquer um podia fazê-lo, mas


ninguém o faria.

“No fim todo mundo culpou alguém quando ninguém fez o que
qualquer um poderia ter feito.”

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