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EMURIELA DA ROCHA DOURADO

MICRORGANISMOS EFICIENTES (EM) NO TRATAMENTO DE SEMENTES


DE MILHO

Dissertação apresentada à Universidade


Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Agroecologia, para obtenção do título
de Magister Scientiae.

VIÇOSA
MINAS GERAIS − BRASIL
2018
Ficha catalográfica preparada pela Biblioteca Central da Universidade
Federal de Viçosa - Câmpus Viçosa

T
Dourado, Emuriela da Rocha, 1987-
D739m Microrganismos eficientes (EM) no tratamento de sementes
2018 de milho / Emuriela da Rocha Dourado. – Viçosa, MG, 2018.
ix, 51f. : il. (algumas color.) ; 29 cm.

Orientador: João Carlos Cardoso Galvão.


Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Viçosa.
Inclui bibliografia.

1. Milho - Semente - Qualidade. 2. Agroeocologia.


3. Micro-organismos. I. Universidade Federal de Viçosa.
Departamento de Fitotecnia. Programa de Pós-Graduação em
Agroecologia. II. Título.

CDD 22. ed. 633.1521


DEDICO

Ao meu pai, Honório Dourado Neto

e à minha mãe, Anailde Pinheiro da Rocha Dourado, com carinho.

OFEREÇO

Aos meus avós:

Adevaldo da Rocha Prates e Inês Pinheiro Rocha;

Maria da Glória Dourado de Castro e Manoel Dourado de Castro (in memoriam)


ii
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e irmãos, em primeiro lugar, pelo apoio, amor e
dedicação. Ao meu pai por me inspirar e minha mãe por me incentivar. Aos meus
irmãos, Maurício e Vitor, que eu amo e admiro cada dia mais.

A Matheus pelo companheirismo e força em muitos momentos dessa caminhada.

Ao meu orientador, prof. João Carlos C. Galvão pela orientação, paciência, todas
as palavras amigas e ensinamentos.

Às minhas colegas de orientação Silvane, Beatriz, Steliane e, em especial, ao


colega Jefferson pelo apoio enriquecedor neste texto e ajuda na condução dos
experimentos.

Aos que contribuíram no essencial, tornando possível este trabalho, o assistente


de laboratório Wander e o técnico José Custódio (Laboratório de Análise de Rotina de
Sementes), o pós-doutorando André, que contribuiu enormemente, Athus, Deco,
Priscilla e à técnica Bianca (Laboratório de Micologia e Etiologia de Doenças Fúngicas
de Plantas), Tomas, Camila, Paulo, Manu e ao funcionário Antônio Carlos (Laboratório
de Associações Micorrízicas). Um agradecimento especial ao amigo Alan Emanuel pelo
apoio na condução dos experimentos, dicas e conselhos fundamentais para a conclusão
deste trabalho.

Às amizades que a vida me trouxe e levo sempre comigo no coração, Rosiellen,


Diana e Maíra. Vocês são as melhores do mundo.

Aos meus coorientadores Maria Catarina Megumi Kasuya e Olinto Liparini


Pereira pelos ensinamentos.

À empresa Ambiem Ltda. Brasil, ao Programa Milho e aos Departamentos de


Microbiologia e Fitotecnia, pelo fornecimento do material necessário aos experimentos.

Ao Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e à Universidade Federal de


Viçosa pela oportunidade.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),


pela concessão da bolsa.

A Deus por me conceder vida e capacidade de realizar. Agradeço.

iii
RESUMO
DOURADO, Emuriela da Rocha, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, julho de
2018. Microrganismos Eficientes (EM) no tratamento de sementes de milho.
Orientador: João Carlos Cardoso Galvão. Coorientadores: Maria Catarina Megumi
Kasuya e Olinto Liparini Pereira.

A produção de alimentos orgânicos vem crescendo nos últimos anos, entretanto, estes
sistemas requerem insumos isentos de pesticidas químicos e que possibilitem benefícios
ambientais, sociais e econômicos. A obtenção de sementes orgânicas no Brasil é um dos
principais entraves desse setor e são necessárias pesquisas que apontem insumos
adequados a este sistema de cultivo. Entre as ferramentas para a busca de sistemas mais
sustentáveis estão os microrganismos eficientes (EM). Entretanto, são escassas
literaturas sobre os mecanismos de ação deste produto e sua utilização para o tratamento
de sementes. Considerando a hipótese de que os EM podem ser utilizados para a
produção orgânica do milho (Zea mays L.), este trabalho teve como objetivo estudar os
efeitos das formulações de EM no tratamento de sementes de milho visando sua
melhoria da qualidade sanitária e fisiológica. Foram testadas EM de três origens
distintas, sendo um comercial (EMCOM) e dois de agricultores familiares, um de
Montes Claros – MG (EMCE) e outro de Viçosa – MG (EMMA). Os EM foram
filtrados, de forma a excluir os microrganismos, fazendo-se o uso apenas dos
metabólitos secundários produzidos no processo fermentativo. No primeiro experimento
os EM foram testados separadamente, onde sementes de milho foram embebidas por 30
min em quatro concentrações (1%, 2%, 5%, 100%) de EM em duas versões (filtrado e
não filtrado), além da testemunha embebidas em água destilada, totalizando nove
tratamentos dispostos em delineamento inteiramente casualizado. Após cinco dias de
incubação, foi quantificada a presença de fungos fitopatogênicos nas sementes. No
segundo experimento as sementes de milho foram embebidas por 30 min nos três EM e
suas versões filtradas, sem diluição, além do tratamento adicional fungicida Derosal
Plus e a testemunha, totalizando oito tratamentos em delineamento inteiramente
casualizado. As sementes seguiram para teste de sanidade “blotter test”, teste de
germinação e primeira contagem, teste de emergência em areia e índice de velocidade
de emergência, peso de massa fresca e seca de plântulas. No terceiro experimento, 42
fungos isolados de sementes de milho tratadas com EM foram avaliados em teste de
cultura pareada com Fusarium verticillioides, avaliando-se o diâmetros das colônias. O
experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com em três
repetições. Menores incidências de fungos fitopatogênicos foram observadas nas
iv
concentrações sem diluição dos EM, demonstrando que o mecanismo de ação dos
microrganismos da cultura mista advém também da produção dos metabólitos
secundários que contém substancias antimicrobianas. Nos experimentos comparativos
ao fungicida, todos os EM demonstraram eficiência equivalente ao Derosal Plus, sem
prejudicar a qualidade fisiológica das sementes, não interferindo na germinação ou
emergência do milho. Entretanto, as sementes tratadas com EM apresentaram plântulas
com maiores massa fresca e seca, comparadas à testemunha e ao fungicida. Dos 42
isolados obtidos das sementes de milho, 21 mostraram capacidade de inibir do
crescimento micelial do F. verticillioides com porcentagens de inibição entre 46 e
quatro por cento. Foram observados diferentes mecanismos de antagonismo, mas
principalmente por competição e antibiose. De forma geral, todos os EM testados foram
eficientes no controle de patógenos de sementes de milho, sem prejudicar sua qualidade
fisiológica. O EM tem mecanismo de ação intimamente ligado aos metabolitos
secundários produzidos via fermentação anaeróbica e pode potencialmente substituir
produtos químicos no tratamento de sementes de milho.

v
ABSTRACT
DOURADO, Emuriela da Rocha, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, July, 2018.
Effective Microrganisms (EM) on seed treatment of maize. Advisor: João Carlos
Cardoso Galvão. Co-advisors: Maria Catarina Megumi Kasuya and Olinto Liparini
Pereira.

Organic food production has been growing in recent years; however, these systems
require inputs that are free of chemical pesticides and provide environmental, social and
economic benefits. Obtaining organic seeds in Brazil is one of the main obstacles in this
sector, and research is needed that points out suitable inputs to this cropping system.
Among the tools for the search for more sustainable systems are Effective
Microorganisms (EM). However, there are few literature about mechanisms of action of
this product and its use for the treatment of seeds. Considering the hypothesis that EM
can be used for the organic production of maize (Zea mays L.), this work had the
objective of studying the effects of EM formulations in the treatment of maize seeds
with a view to improving sanitary and physiological quality. Three different sources
were tested: one commercial (EMCOM) and two from family farmers, one from Montes
Claros - MG (EMCE) and another from Viçosa - MG (EMMA). EM were filtered in
order to exclude the microorganisms, using only the secondary metabolites produced in
the fermentation process. In the first assay the EM were tested separately, where corn
seeds were soaked for 30 min in four concentrations (1%, 2%, 5%, 100%) of EM in two
versions (filtered and unfiltered), besides the embedded control in distilled water,
totaling nine treatments arranged in a completely randomized design. After five days of
incubation, the presence of phytopathogenic fungi in the seeds was quantified. In the
second experiment the maize seeds were soaked for 30 min in the three EM and their
filtered versions, without dilution, besides the additional fungicide treatment Derosal
Plus and the control, totaling eight treatments in a completely randomized design. Seeds
were followed for blotter test, germination test and first count, emergency sand test and
emergency speed index, fresh and dry weight of seedlings. In the third treatment, 42
fungi isolated from corn seeds treated with EM were evaluated in a culture test paired
with Fusarium verticillioides, evaluating the diameters of the colonies. The experiment
was conducted in a completely randomized design, with three replications. Corn seeds
with lower incidences of phytopathogenic fungi were observed at concentrations
without dilution of EM, demonstrating that the mechanism of action of mixed - culture
microorganisms also results from the production of secondary metabolites containing
antimicrobial substances. In the comparative experiments to the fungicide, all EM
vi
showed efficiency equivalent to Derosal Plus, without affecting the physiological
quality of the seeds, without interfering in the germination nor the emergence of the
corn. However, the seeds treated with EM presented seedlings with higher fresh and dry
mass, compared to the control and the fungicide. Of the 42 isolates obtained from corn
seeds, 21 showed the ability to inhibit the mycelial growth of F. verticillioides with
percentages of inhibition between 46 and four percent. Different mechanisms of
antagonism were observed, but mainly by competition and antibiosis. In general, all EM
tested were efficient in the control of maize seed pathogens and without impairing their
physiological quality. EM has a mechanism of action closely linked to secondary
metabolites produced via anaerobic fermentation and may potentially replace chemicals
in the treatment of maize.

vii
SUMÁRIO
1. Introdução Geral............................................................................................................1
Referências Bibliográficas.................................................................................................3
CAPÍTULO I.....................................................................................................................5
2. Microrganismos eficientes (EM) no tratamento de sementes visando melhoria da
sanidade.............................................................................................................................5
RESUMO..........................................................................................................................5
2.1. Introdução...................................................................................................................7
2.2. Material e Métodos.....................................................................................................8
2.2.1. Lote de sementes de milho .................................................................................. 9
2.2.2. Obtenção dos Microrganismos Eficientes (EM) ................................................. 9
2.2.3. Determinação dos tratamentos .......................................................................... 10
2.2.3.1. Concentrações de EM no tratamento de semente ...................................... 10
2.2.3.2. Filtragem .................................................................................................... 10
2.2.4. Tratamento de sementes e arranjo experimental ............................................... 11
2.3. Resultados e Discussão............................................................................................12
2.3.1. Escolha do lote ................................................................................................. .12
2.3.2. Tratamento das sementes com EM ................................................................. ..12
2.4. Conclusões................................................................................................................19
Referências bibliográficas...............................................................................................20
CAPÍTULO II .................................................................................................................23
3. Controle de Patógenos de Sementes de Milho com Microrganismos Eficientes .......23
RESUMO........................................................................................................................23
3.1. Introdução................................................................................................................25
3.2. Material e Métodos...................................................................................................27
3.2.1. Obtenção dos Microrganismos Eficientes (EM) ............................................. ..27
3.2.2. Sanidade de sementes ........................................................................................ 28
3.2.3. Germinação e primeira contagem ..................................................................... 28
3.2.4. Emergência em areia e Índice de Velocidade de Emergência (IVE) ................ 28
3.2.5. Massa seca e massa fresca de plântulas ............................................................ 29
3.2.6. Análise estatística .............................................................................................. 29
3.3. Resultados e Discussão.............................................................................................29
3.4. Conclusões................................................................................................................34
Referências bibliográficas...............................................................................................35
CAPÍTULO III................................................................................................................40
viii
4. Potencial de microrganismos isolados de sementes tratadas com Microrganismos
Eficientes (EM) no biocontrole de Fusarium verticillioides...........................................40
RESUMO........................................................................................................................40
4.1. Introdução................................................................................................................41
4.2. Material e Métodos..................................................................................................42
4.2.1. Obtenção das culturas puras dos isolados ......................................................... 42
4.2.2. Obtenção do Fusarim verticillioides ................................................................. 43
4.2.3. Ensaio de cultura pareada.................................................................................. 43
4.3. Resultados e discussão.............................................................................................44
4.4. Conclusão.................................................................................................................46
Referências Bibliográficas...............................................................................................47
5. Conclusão Geral..........................................................................................................51

ix
1. Introdução Geral

O milho (Zea mays L.) é uma cultura de grande importância no Brasil e no


mundo, é um alimento de alto valor energético e de custo relativamente baixo, estando
presente em uma vasta gama de produtos (GALVÃO et al., 2017). O milho é cultivado
em todo o território nacional e a safra de 2017/2018 está estimada em 82 milhões de
toneladas (CONAB, 2018). No contexto da agricultura familiar, o milho se destaca
como alimento essencial para os agricultores, pois também compõe a alimentação de
animais, principalmente suínos e aves, ou seja, a base para o consumo da carne, ovos,
entre outros (GALVÃO et al., 2017).

O milho orgânico ganhará espaço no mercado de alimentos, pois é utilizado em


toda a cadeia produtiva e a produção orgânica de milho tende a crescer com a utilização
de tecnologias novas e metodologia participativa (OLIVEIRA et al., 2007). A produção
orgânica de alimentos vem crescendo em nosso país e, em 2013, o número de unidades
produtivas aumentou 22 %, em relação a 2012 (BRASIL, 2014). A obtenção de
sementes orgânicas no Brasil é um dos principais entraves do setor e são necessárias
pesquisas que apontem insumos adequados a este sistema de cultivo, preservando a
saúde do produtor, do consumidor e do meio ambiente.

A qualidade do milho pode ser influenciada por diversos fatores (SANDINI e


FANCELLI, 2000; GALVÃO et al., 2017), e, dentre eles, destacam-se as doenças
associadas às sementes (MACHADO, 2006). A proteção das sementes é fator
primordial nos sistemas de cultivo, porém, tem sido feita, predominantemente, com o
uso de agrotóxicos e neste caso, mais especificamente fungicidas e inseticidas. Os
impactos negativos sobre o meio ambiente e a saúde humana causados pelos
agrotóxicos têm sido extensivamente documentados tanto por organizações
internacionais como na literatura científica (SCHMITZ et al., 2014; GONZÁLEZ-
ALZAGA et al., 2014), o que promove uma repercussão no sentido de desenvolver
alternativas que venham a substituir estes produtos químicos.

Entre as ferramentas para a busca de sistemas mais sustentáveis para o cultivo do


milho, orgânicos e agroecológicos, enquadram-se os chamados microrganismos de
regeneração, eficazes ou eficientes (EM) que são formulações que, quando utilizados
como inoculantes, podem promover rapidamente o aumento da diversidade e número de
microrganismos benéficos aos solos e às plantas, integrando o equilíbrio microbiológico
do meio (BONFIM et al., 2011; PEREIRA et al., 1994). O conceito de EM foi iniciado

1
pelo Professor Teruo Higa da Universidade de Ryukyus em Okinawa (Japão), com o
objetivo de melhorar a utilização da matéria orgânica na produção agrícola (BONFIM et
al., 2011).

O EM é uma tecnologia social baseada no processo de inoculação de culturas


mistas de microrganismos de solo de matas, propiciando condições favoráveis para o
desenvolvimento das plantas. A utilização do EM na cultura do milho como alternativa
de melhoria da produção e das condições de cultivo já apresenta resultados satisfatórios,
(TEIXEIRA et al., 2017; MEGALI et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2011) porém, para o
tratamento de sementes, ainda são escassas as informações. Além disso, há um número
reduzido de trabalhos científicos e grande parte dos trabalhos são de difícil acesso e
também muitos deles se constituírem de relatos de produtores.

Assim, objetivou-se estudar os efeitos das formulações de EM no tratamento de


sementes de milho visando sua melhoria da qualidade sanitária e fisiológica.

Esta pesquisa foi dividida em três capítulos em que, para cada capítulo, uma
hipótese diferente foi testada. No primeiro capítulo, foi avaliada a eficiência de
diferentes concentrações do EM no tratamento de sementes de milho, a hipótese
levantada foi que o EM é pode diminuir infestação de fungos patogênicos nas sementes
de milho. A melhor concentração, resultante do primeiro experimento, foi comparada no
segundo capítulo ao fungicida recomendado para o tratamento de sementes na cultura
do milho, a hipótese foi a de que o EM tem o efeito semelhante ao fungicida. Por fim, o
terceiro capítulo se ateve à investigação da atividade microbiana antagônica de isolados
do EM, em relação ao patógeno Fusarium verticillioides e a hipótese foi a de que os
metabólitos secundários produzidos pelos microrganismos isolados dos experimentos
tem efeito antibiótico sobre os patógenos nas sementes de milho.

2
Referências Bibliográficas
BONFIM, F. P. G; HONÓRIO, I. C. G.; REIS I. L.; PEREIRA A. J; Souza, D. B.
Caderno dos microrganismos eficientes (EM): instruções práticas sobre uso
ecológico e social do EM. Universidade Federal de Viçosa: Departamento de Fitotecnia;
2011. 32p.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) 2014.


Disponível em http://www.agricultura.gov.br/ministerio/desenvolvimento-
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CONAB – Companhia Nacional Abastecimento, Acompanhamento da safra brasileira:


grãos. Monitoramento agrícola - Safra 2017/18. Brasília. v. 10, 2018, 178p.

GALVÃO, J. C. C.; BORÉM, A.; PIMENTEL, M. A. Milho: do plantio à colheita.


2.ed. Viçosa (MG): Ed. UFV, 2017. 382 p.

GONZÁLEZ-ALZAGA B.; LACASA, M.; AGUILAR-GARDU, C.; RODRÍGUEZ-


BARRANCO, M.; BALLESTER, F.; REBAGLIATO, M.; HERNÁNDEZ, A.F. A
systematic review of neurodevelopmental effects of prenatal and postnatal
organophospphate pesticide exposure. Toxicology Letters, v. 230, n. 2, p.104-121,
2014. https://doi.org/10.1016/j.toxlet.2013.11.019

MACHADO, J.C.; WAQUIL, J.M.; SANTOS, J.P.; REICHENBACH, J.W. Tratamento


de sementes no controle de fitopatógenos e pragas. Informe Agropecuário, v.27,
n.232, p.76-87, 2006. Disponível em
https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/489541/1/Tratamentosementes.pdf
Acesso em 17 de julho de 2018.

MEGALI, L.; SCHLAU, B.; RASMANN, S. Soil microbial inoculation increases corn
yield and insect attack. Agronomy for Sustainable Development, v. 35, n. 4, p 1511–
1519, 2015. https://doi.org/10.1007/s13593-015-0323-0

OLIVEIRA, L. R.; MIRANDA, G. V.; SANTOS, I. C.; GALVÃO, J. C. C.; LIMA, J. S.


MENDES, F. F.; FONTANETTI, A.; SOUZA, L. V.; MELO, A. V. Desempenho e
seleção de cultivares de milho em sistema orgânico de cultivo. Revista Brasileira de
Agroecologia, v. 2, p. 1369-1372, 2007. Disponível em http://revistas.aba-
agroecologia.org.br/index.php/rbagroecologia/article/view/6556 Acesso em 17 de julho
de 2018.

3
OLIVEIRA, S. A. S.; STARK, E. M. L. M.; FREITAS, J. A. E.; BERBARA, R. L.;
SOUZA, S. R. Partição de nitrogênio em variedades de milho (Zea mays L.) com a
aplicação foliar de microorganismos eficazes e nitrato. Revista Universidade Rural.
Série Ciências da Vida, Seropédica, v. 31, n. 1, p. 57-69, 2011. Disponível em
https://tede.ufrrj.br/jsppui/handle/tede/241 Acesso em 17 de Julho de 2018.

PEREIRA, T. G.; SILVA, S.; MORAES, E. G.; LOPES, M. A. P.; PEREIRA, J. G.;
GONÇALVES, L. S. Utilização de Microrganismos eficientes (EM) na produção de
alimentos orgânicos. Anais da VII Semana de Ciência e Tecnologia. IFMG – Bambuí,
1994.

SANDINI, I. E.; FANCELLI, A. L. Milho: estratégias de manejo para a região sul.


Guarapuava: Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, 2000. 209 p.

SCHMITZ J.; HAHN M.; BRUHL, C. A. Agrochemicals in field margins – An


experimental field study to assess the impacts of pesticides and fertilizers on a natural
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https://doi.org/10.1016/j.agee.2014.04.025

TEIXEIRA, N. T.; de WITT, L.; SILVA FILHO, P. R. R. Microrganismos de


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2017. Disponível em:
http://ferramentas.unipinhal.edu.br/engenhariaambiental/viewarticle.php?id=1499
Acesso em: 17 07 2018.

4
CAPÍTULO I

Microrganismos eficientes (EM) no tratamento de sementes visando melhoria da


sanidade

RESUMO
Os Microrganismos Eficientes (Effective Microrganisms – EM) consiste em culturas
mistas de microrganismos benéficos existentes na natureza, e que são capturados e
utilizados como inoculantes para incrementar a diversidade microbiana no solo e nas
plantas. As aplicações com altas diluições de EM são empregadas visando a melhoria da
qualidade dos solos e em áreas de cultivo e podem contribuir para um ganho de
qualidade nos cultivos de cereais de grande valor econômico e social, como é o caso do
milho. Este cereal tem papel importante na cadeia de produtos orgânicos e é
componente básico na produção para autoconsumo para os agricultores familiares em
função do seu alto valor energético. Há a necessidade de se desenvolver produtos que
atendam as demandas de sistemas orgânicos e agroecológicos, que necessitam de
insumos adequados às suas demandas, que não sejam poluentes e apresentem resultados
consistentes em campo. Na literatura é possível encontrar resultados satisfatórios
empregando-se as culturas mistas para melhorar a qualidade dos solos, mas são escassas
as informações referentes ao uso do EM para tratamento de sementes, bem como de
informações que elucidem os mecanismos de ação dessas formulações. Objetivou-se
com este trabalho determinar a melhor concentração de EM que pode ser utilizado na
melhoria da qualidade sanitária de sementes de milho e identificar ao que se associa seu
efeito. Foram testados três EM de origens distintas, sendo um comercial e dois de
agricultores familiares de Montes Claros (MG) e Viçosa (MG). Além disto, estes EM
foram também filtrados, de forma a excluir os microrganismos, mantendo-se compostos
produzidos no processo fermentativo. Cada EM foi testado separadamente. Desse modo,
para cada teste, duzentas sementes foram embebidas por 30 minutos em quatro
concentrações (1%, 2%, 5%, 100%) de EM em duas versões (filtrado e não filtrado),
além da testemunha, água destilada esterilizada, totalizando 9 tratamentos dispostos em
delineamento inteiramente casualizado. As sementes inoculadas seguiram apara o teste
de sanidade tipo “blotter”, permanecendo incubadas por cinco dias. Após o período de
incubação, foi quantificada a presença de fungos fitopatogênicos nas sementes pelo teste
de sanidade. Todos os EM sem diluição foram eficientes, independentemente da sua

5
origem, na redução da incidência dos fungos fitopatogênicos avaliados, promovendo um
decréscimo entre 67% e 21%, incluindo os resultados referentes às versões filtradas. Os
metabólitos provenientes da fermentação anaeróbica tem íntima relação com os
resultados obtidos para os testes realizados. Os Microrganismos Eficientes podem
auxiliar na melhoria da qualidade sanitária das sementes de milho, reduzindo a
incidência de fungos causadores de doenças nas sementes.

6
2.1. Introdução

Dentre os diversos fatores que afetam a qualidade das sementes de milho, os


fungos são considerados um dos mais importantes, além de estarem relacionados à
qualidade sanitária, podem afetar a germinação e o vigor, bem como acelerar o processo
de deterioração, principalmente, em condições de armazenamento (MENTEN, 1995).
Agentes etiológicos da maioria das doenças que afetam a cultura do milho podem ser
disseminados e transmitidos por sementes contaminadas (BARBA, 2001).

As principais medidas para evitar podridões de sementes e morte de plântulas


são o uso de sementes sadias e tratadas, no entanto, o tratamento de sementes, no Brasil,
é feito majoritariamente com o uso de fungicidas (PEREIRA et al., 2005). O uso de
agrotóxicos nos cultivos vem causando diversos problemas à saúde humana e para o
meio ambiente. Métodos de controle alternativo de doenças são considerados como uma
opção viável para diminuir a contaminação ambiental causada pelos agrotóxicos
(LONDRES, 2011) e são uma alternativa para os agricultores que praticam a agricultura
orgânica e a agroecológica. Dentre as alternativas para substituir o controle químico, os
microrganismos eficientes (EM) são importantes para o desenvolvimento de sistemas
agrícolas mais sustentáveis, com redução do uso de insumos químicos.

O EM (Effective Microorganisms) foi desenvolvido por Teruo Higa, na


Universidade de Ryukyus, Okinawa, Japão, na década de 1970 e consiste de culturas
mistas de microrganismos benéficos formadas basicamente por bactérias produtoras de
ácido láctico, bactérias fotossintetizantes, actinomicetos, leveduras, fungos
filamentosos, entre outros, e que ocorrem naturalmente no ambiente (HIGA e
WIDIDANA, 1989). Esses produtos são utilizados como inoculantes, para aumentar a
diversidade e o número de microrganismos naturais benéficos do solo e da planta,
integrando o equilíbrio microbiológico.
Experiências com estas formulações nas áreas de produção agrícola como
inoculante de solo têm demonstrado diminuição do potencial de muitos patógenos de
plantas (HIGA e WIDIANA, 1989). O EM é comercializado no Brasil e em diversos
países, entretanto, é produzido por agricultores que conhecem o método de captura dos
microrganismos e de preparo com composto microbiano fermentado de uso em solos e
plantas. Estas formulações tem composição e combinação microbiana complexa, isolada
de matas e que coexistem em meio líquido fermentativo enriquecido com fonte de
açúcar. Esta estratégia caracteriza a tecnologia social do EM (BONFIM et al., 2011).

7
Na Agricultura Natural os microrganismos eficientes são utilizados para
promover a decomposição da matéria orgânica e tornarem os nutrientes e os minerais do
solo disponíveis para a planta. É possível encontrar na literatura uma vasta gama de
dosagens recomendadas para o uso do produto. Em aplicações foliares em milho, foi
utilizado um volume equivalente a 20 mL por planta em duas aplicações intervaladas e
constatou aumento nos teores de proteína bruta dos grãos (OLIVEIRA et al. (2011).
Aplicações de EM (10 L ha-1) em áreas de plantio de milho doce ocasionaram o
aumento significativo do peso de espigas, sem alterar o número de espigas em relação à
testemunha (DALY e STEWART, 1999). Em plantio de milho com adubação orgânica,
foi aplicado EM (0,1% (v/v)) por seis vezes nas plantas, da época de implantação ao
estádio R4, e verificaram o aumento do peso das espigas de milho, em comparação com
o controle (TEIXEIRA et al. 2017)

As aplicações com altas diluições de EM são empregadas visando a melhoria da


qualidade dos solos e em áreas de cultivo. O consórcio de microrganismos pode ter seu
uso expandido, por exemplo, para o tratamento de sementes. O tratamento de sementes
de trigo com EM (150 mL/kg de semente) e a mesma concentração do produto
autoclavado, alcançaram os mesmos resultados, indicando que o efeito foi proveniente
também dos metabólitos presentes no composto (BORGEN, 1999). As informações
sobre essa tecnologia e seu mecanismo de ação ainda são escassas na literatura. O
processo de separação dos metabólitos secundários do composto, para esta pesquisa,
tem em vista, sobretudo, a melhor compreensão da atividade microbiana e seu efeito
quando da utilização dos Microrganismos Eficientes.

Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho determinar a melhor


concentração e identificar se o efeito se deve aos microrganismos ou aos metabólitos
produzidos.

2.2. Material e Métodos

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Associações Micorrízicas


pertencente ao Departamento de Microbiologia, localizado no Instituto de Biotecnologia
Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) e no Laboratório de Micologia e Etiologia de
doenças Fúngicas de Plantas do Departamento de Fitopatologia, Universidade Federal
de Viçosa, em Viçosa, Minas Gerais, Brasil.

8
2.2.1. Lote de sementes de milho

O lote de sementes de milho utilizado no experimento foi cedido pelo Programa


Milho da Universidade Federal de Viçosa. Foram disponibilizadas UFVM100,
UFVM200, AL Bandeirante, Sol da Manhã e BR105; e duas variedades de milho
crioulo, denominadas Maia e Amarelão. Os lotes foram submetidos ao teste de sanidade
(BRASIL, 2009) pelo método do papel de filtro “blotter test”, empregando-se 200
sementes de cada lote, divididas em oito repetições de 25 sementes, colocadas em
caixas "gerbox” previamente sanitizadas, contendo duas folhas de papel filtro
esterilizadas e umedecidas com água destilada esterilizada duas vezes e meia o seu peso
seco. A incubação em câmara tipo “Biochemical Oxygen Demand” (BOD), a 25±2 °C,
com regime de 12 horas de luz, durante 24 h e posterior transferência para a câmara a -
16 °C por 24 h, para inibição da germinação. Decorrido esse período, as sementes
retornaram às condições iniciais de incubação, permanecendo por cinco dias. Após este
procedimento, as sementes foram analisadas, com o auxílio de microscópio
estereoscópico e óptico, para a observação das estruturas morfológicas dos fungos
(NEERGAARD, 1979), os quais foram identificados ao nível de gênero, sendo os
resultados expressos em percentagem de incidência de fungos em sementes.

2.2.2. Obtenção dos Microrganismos Eficientes (EM)

Foram utilizados três inoculantes EM (Microrganismos Eficientes) de origens


distintas, sendo dois obtidos de agricultores familiares e um EM comercial (Tecnologia
EM•1®), tendo sido o último, doado pela empresa Ambiem Brasil Ltda. Os EM obtidos
de agricultores familiares, denominados EMCE e EMMA foram produzidos a partir de
microrganismos obtidos de área de Cerrado (município de Montes Claros-MG) e Mata
Atlântica (município de Viçosa-MG), respectivamente, utilizando-se como isca arroz
cozido (700 g) colocado ao solo e coberto com material vegetal em decomposição. Após
a captura, o arroz colonizado com microrganismos de cores claras (excluindo-se os
microrganismos de cor escura) foi colocado em garrafa juntamente com melaço (200
mL) e água (1800 mL) e submetido ao processo fermentativo por cerca de cinco dias e
resultou em EM pronto para uso (BONFIM et al., 2011). Quanto ao EM comercial
(Tecnologia EM•1®), denominado EMCOM, foram seguidas as normas do fabricante
para a “ativação”, utilizando-se para tal, o melaço enviado pela empresa juntamente
com o produto e, para o tratamento de sementes, preconizadas as instruções de uso.

9
2.2.3. Determinação dos tratamentos

2.2.3.1. Concentrações de EM no tratamento de semente

Foram estabelecidas quatro concentrações (1%, 2%, 5% e 100% (v/v))


empregadas para todos os EM testados, além do controle, água destilada esterilizada.
Cada um dos três EM (EMCE, EMMA e EMCOM) foi filtrado para avaliar o efeito dos
compostos metabolizados. O processo consistiu na separação por filtragem dos
microrganismos dos metabólitos por eles produzidos durante o processo de
fermentação.

2.2.3.2. Filtragem

A filtragem foi realizada no Laboratório de Associações Micorrízicas e Genética


Molecular de Microrganismos pertencentes ao Departamento de Microbiologia,
localizados no Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO), foi
efetuada para os três EM (EMCE, EMMA e EMCOM) e procedeu-se através das
seguintes etapas:

Coagem: A coagem do material visou separar a parte líquida do composto.


Utilizou-se, inicialmente uma peneira comum, com malha de tela de 2,75 mm. Em
seguida, fez-se passar o líquido resultante da etapa anterior em peneira de 75 µm (nº
200). A parte consistente foi descartada e partir daí, apenas a parte líquida prosseguiu
para as outras etapas.

Primeira filtragem: Foi realizada com uso de aparato apropriado composto de


filtro de papel comum em funil de Büchner acoplado a um kitassato esterelizado, que
por sua vez conectava-se à bomba de sucção vácuo à pressão de 500 mm Hg, fazendo-se
passar o líquido pelo filtro no aparato.

Centrifugação: O líquido resultante da etapa anterior possuía uma espessura que


não permitia passagem em membrana filtrante de 22 µm (etapa final) e houve a
necessidade de se recorrer a uma centrifugação das amostras de EM. Procedeu-se a
centrifugação a 6.000 g durante 10 minutos em temperatura ambiente e o sobrenadante
foi armazenado em recipiente esterilizado.

Membrana filtrante: O líquido sobrenadante de cada amostra, resultante da etapa


anterior, foi passado em membrana Millipore® de filtragem esterilização de 0,45 µm de
diâmetro do poro e em seguida, por duas vezes, em membrana Millipore® de filtragem
esterilização de 0,22 µm de diâmetro de poro. Ambas as membranas citadas foram

10
instaladas em aparato apropriado composto por kitassato estéril conectado à bomba de
sucção vácuo à pressão de 500 mm Hg. Após a filtragem, o composto foi armazenado a
-20 ºC e utilizado mediante demanda, ao longo do experimento. Uma amostra de 0,1
mL de cada EM filtrado foi retirada e plaqueada, com três repetições, em placas de Petri
contendo meio de cultura BDA (batata-dextrose-ágar) enriquecido de 1% de Extrato de
Levedura e incubada em BOD a 25±2 °C para análise da efetividade da filtragem.

2.2.4. Tratamento de sementes e arranjo experimental

Foi conduzido um ensaio para cada EM separadamente. Em cada ensaio, foi


analisada a versão filtrada e a não filtrada, e quatro diferentes concentrações (1%, 2%,
5% e 100% (v/v)), além do controle (água destilada esterilizada). Dessa forma, o
delineamento experimental empregado foi inteiramente casualizado (DIC), com 9
tratamentos e oito repetições, totalizando 72 unidades experimentais em cada ensaio
(Tabela 1).

Tabela 1. Concentrações e status de filtragem dos EM utilizados no tratamento de


sementes.
Experimento Concentrações Controle
Filtrado
1 - EMCE 1% 2% 5% 100% 0
Não Filtrado
Filtrado
2 - EMMA 1% 2% 5% 100% 0
Não Filtrado
Filtrado
3 - EMCOM 1% 2% 5% 100% 0
Não Filtrado
EMCE (EM feito por agricultores familiares em mata de Cerrado); EMMA (EM feito por
agricultores familiares em mata da Zona da Mata Mineira); EMCOM (EM Tecnologia EM•1®,
produto comercial).
Duzentas sementes não desinfestadas de cada tratamento (Tabela 1) foram
embebidas por 30 minutos (NCUBE, 2008) em 100 mL de solução (de acordo com as
concentrações estabelecidas) e, em seguida, incubadas pelo método de papel de filtro
“blotter test” (BRASIL, 2009). Após este procedimento, as sementes foram analisadas,
com o auxílio de microscópio, para a observação das estruturas morfológicas dos fungos
(NEERGAARD, 1979), os quais foram identificados ao nível de gênero, sendo os
resultados expressos em percentagem de incidência de fungos em sementes.

As análises de variância foram realizadas no programa Sisvar para o teste de


Dunnett (P≤0,05), e também pelo programa SAEG, no caso dos teste de Tukey
(P≤0,05).

11
2.3. Resultados e Discussão

2.3.1. Escolha do lote

A maior incidência de fungos patogênicos foi no lote avaliado da variedade


BR105 sendo identificados os gêneros Fusarium, Penicillium, Trichoderma, Aspergillus
em maior ocorrência, e os gêneros Acremonium e Cladosporium em menor ocorrência.
O lote apresentou 47,5% de incidência geral de patógenos nas sementes de milho, a
maior entre os lotes avaliados, e por isso foi o lote mais adequado para o experimento,
visto que, para este estudo, a escolha de um lote com alta incidência de patógenos nas
sementes visou eliminar o fator resistência (natural) intrínseco a muitas variedades de
milho (COSTA et al., 2003).

2.3.2. Tratamento das sementes com EM

Os testes de média Dunnett e Tukey mostraram que a aplicação do EM teve um


efeito significativo na incidência dos patógenos em sementes de milho. Os tratamentos
sem diluição, tanto o filtrado quanto o não filtrado, promoveram a diminuição
significativa da quantidade de patógenos nas sementes em relação à testemunha, como
foi demonstrado pelos testes de Dunnett e Tukey (Tabela 2).

Tabela 2. Incidência geral de fungos observados em sementes tratadas com três EM, sob
diferentes concentrações.
Concentração Filtragem EMCE EMMA EMCOM
0% (Testemunha) 87a 92a 95a
F 90a 96a 94a
1%
NF 88a 97a 89ab
F 85a 85a 98a
2%
NF 92a 92a 90a
F 89a 92a 97a
5%
NF 80a 90a 86ab
F 20b* 43b* 74b*
100%
NF 26b* 33b* 39c*
CV(%) 12,9 10,5 11,9
1
As médias seguidas de * na coluna são diferentes a 5% de probabilidade pelo teste de
Dunnett em comparação com a testemunha água destilada esterilizada.
2
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não se diferem entre si estatisticamente pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade.
3
Considera-se “F” para EM filtrado e “NF” para EM não filtrado.
Não houve diferença entre os tratamentos que sofreram diluição e a testemunha
pelo teste de Dunnett (Tabela 2). O EMCE promoveu uma significativa diminuição da

12
incidência dos patógenos nas sementes e este resultado foi observado no composto
filtrado e o não filtrado. O mesmo ocorreu nos tratamentos com EMMA e EMCOM.

Observou-se que o EMCE reduziu em 67% a incidência geral de fungos nas


sementes em relação à testemunha (Figura 1A), a maior porcentagem de redução entre
todos os tratamentos. O EMCE filtrado (Figura 1B) foi 6% melhor que a não filtrada
(Figura 1D), ainda que não houve diferença. Os resultados indicam que, aparentemente,
os microrganismos eficientes e os compostos metabolizados por eles são capazes de
promover ação inibitória no crescimento dos fungos fitopatogênicos. BORGEN (1999)
verificou que o tratamento de sementes de trigo com EM•1® (150 mL do produto por
quilo de semente) apresentou 87,6% de redução de cárie (Tilletia tritici). A aplicação da
mesma concentração do produto autoclavado proporcionou os mesmos resultados,
indicando que o efeito foi proveniente, além dos microrganismos, pelos metabólitos
secundários presentes no produto.

Figura 1. Sementes de milho tratadas com EMCE e avaliadas após período de incubação em
câmara tipo BOD. (A) Sementes embebidas apenas em água destilada esterilizada. (B) Sementes
embebidas no EMCE filtrado sem diluição. (C) Sementes embebidas em EMCE não filtrado e a
5% de diluição. (D) Sementes embebidas em EMCE não filtrado e sem diluição
13
Para os três EM empregados foi observado o efeito significativo na inibição do
Fusarium spp., seguindo a tendência da incidência geral e analisado pelo teste de
Dunnett (Tabela 3). O melhor tratamento foi o EMCE filtrado e sem diluição, que
reduziu a incidência do patógeno em 67%, em relação à testemunha sem, contudo,
diferir da versão não filtrada. O crescimento dos fungos pode ter sido afetado pela
presença dos microrganismos provenientes do EM assim como pela influência de seus
metabólitos. MELLONI et al. (1995) observaram menor crescimento de Fusarium spp.
em meio de cultura conforme aumentou-se a concentração do produto comercial em
experimento in vitro. FLORES et al. (2012), comprovou que o EM inoculado
juntamente com o Trichoderma spp. demonstrou ser eficiente na diminuição da
incidência dos patógenos Sclerotium rolfsii e Fusarium spp. em plantas de pimentão.

Tabela 3. Incidência de Fusarium spp. em sementes tratadas com EM, sob diferentes
concentrações.
Concentração Filtragem EMCE EMMA EMCOM
0% (Testemunha) - 81a 61a 64ab
F 83a 64a 64ab
1%
NF 75a 50ab 60abc
F 82a 32bc* 80a
2%
NF 87a 32bc* 61abc
F 83a 66a 72ab
5%
NF 72a 56a 52bc
F 14b* 32bc* 36cd*
100%
NF 23b* 22bc* 23d*
CV(%) 17,7 28,5 30,0
1
As médias seguidas de * na coluna são diferentes a 5% de probabilidade pelo teste de
Dunnett em comparação com a testemunha água destilada esterilizada.
2
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não se diferem entre si estatisticamente pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade.
3
Considera-se “F” para EM filtrado e “NF” para EM não filtrado.

Para o tratamento EMMA na concentração de 2%, tanto o filtrado como o não


filtrado, diferiram da testemunha pelo teste de Dunnett, o que não ocorreu com os
outros EM na mesma concentração (Tabela 3). Este resultado pode ter relação com a
produção de algum metabólito prejudicial ao crescimento do Fusarium spp., uma vez
que o filtrado e o não filtrado mostram resultados similares. Isto pode acontecer em

14
decorrência da variedade de microrganismos encontrada nos EM, uma vez que cada
formulação é composta por diferentes grupos (HIGA e PARR, 1994).

As concentrações 1% e 5% não promoveram ação inibitória significativa sobre o


Fusarium spp. (Tabela 3), exceto nas sementes tratadas com EMCOM a 5% que não
diferiu da versão filtrada sem diluição, o que é comprovado pelo teste de Tukey. Na
literatura é possível encontrar trabalhos publicados que validam o emprego de altas
diluições para o uso do EM, porém esses relatos são de aplicações no solo ou nas
plantas (ELANGO et al.,1999; DALY e STEWART, 1999; HUANG et al., 1998). Para
aplicação diretamente em sementes, há o indício de que concentrações mais altas
favorecem a diminuição da incidência de patógenos.

Além do Fusarium spp., os fungos como Penicillium spp., Trichoderma spp.,


Aspergillus spp., Acremonium spp., e Cladospporium spp. foram identificados nas
análises de sanidade das sementes. A ocorrência está relatada em três tabelas (Tabela 4,
Tabela 5, Tabela 6), que apresentam, individualmente, a incidência dos fungos
conforme o EM utilizado nos tratamentos. Os resultados tem relação com aqueles
apresentados anteriormente (Tabela 2), em que os tratamentos sem diluição
ocasionaram decréscimo da porcentagem de fungos observados nas sementes de milho.

Tabela 4. Fungos fitopatogênicos observados e sua incidência em porcentagem nas


sementes de milho tratadas com EMCOM, sob diferentes concentrações.
Penicillium Trichoderma Aspergillus Acremonium Cladospporium
Conc. Filtragem
spp. spp. spp. spp. spp.
0% - 95 ±4,1 5 ±4,0 2 ±4,3 6 ±5,6 5 ±5,0
F 93 ±7,2 3 ±2,8 1 ±1,4 8 ±7,5 6 ±6,4
1%
NF 90 ±11,5 6 ±3,0 2 ±2,1 11 ±9,5 3 ±4,7
F 96 ±6,9 4 ±3,3 0 ±0,0 5 ±6,2 0 ±0,0
2%
NF 91 ±7,7 11 ±4,2 2 ±4,3 6 ±9,3 0 ±0,0
F 97 ±4,7 2 ±4,3 3 ±3,0 3 ±3,0 10 ±13,3
5%
NF 86 ±18,1 5 ±5,4 1 ±1,9 8 ±10,6 1 ±1,4
F 72 ±16,6 10 ±6,0 1 ±1,9 2 ±3,0 2 ±4,3
100%
NF 29 ±13,1 15 ±23,0 1 ±1,4 11 ±6,7 2 ±3,0
1
Média±desvio padrão
2
Considera-se “F” para EM filtrado e “NF” para EM não filtrado.

15
Tabela 5. Fungos fitopatogênicos observados e sua incidência em porcentagem nas
sementes de milho tratadas com EMCE, sob diferentes concentrações.
Penicillium Trichoderma Aspergillus Acremonium Cladospporium
Conc. Filtragem
spp. spp. spp. spp. spp.
0% - 85 ±8,7 7 ±4,7 2 ±2,1 2 ±3,0 1 ±1,4
F 80 ±13,8 8 ±7,4 1 ±1,4 0 ±0,0 0 ±0,0
1%
NF 82 ±15,3 16 ±13,1 2 ±2,1 2 ±5,7 0 ±0,0
F 79 ±8,8 9 ±3,3 2 ±3,0 0 ±0,0 1 ±1,4
2%
NF 86 ±11,7 8 ±8,3 9 ±7,2 1 ±1,4 0 ±0,0
F 87 ±9,5 5 ±9,7 1 ±1,4 1 ±1,9 0 ±0,0
5%
NF 78 ±17,0 16 ±13,3 3 ±4,2 1 ±1,4 1 ±1,4
F 6 ±6,8 12 ±14,5 0 ±0,0 3 ±4,8 0 ±0,0
100%
NF 7 ±6,7 13 ±17,2 0 ±0,0 1 ±1,9 0 ±0,0
1
Média±desvio padrão.
2
Considera-se “F” para EM filtrado e “NF” para EM não filtrado.

Tabela 6. Fungos fitopatogênicos observados e sua incidência em porcentagem nas


sementes de milho tratadas com EMMA, sob diferentes concentrações.
Penicillium Trichoderma Aspergillus Acremonium Cladospporium
Conc. Filtragem
spp. spp. spp. spp. spp.
0% - 92 ±6,4 1 ±2,8 36 ±10,3 0 ±0,0 0 ±0,0
F 96 ±3,7 2 ±2,1 34 ±15,4 0 ±0,0 0 ±0,0
1%
NF 97 ±3,5 5 ±6,3 26 ±11,7 1 ±1,4 0 ±0,0
F 85 ±11,3 6 ±6,8 22 ±6,7 1 ±1,9 0 ±0,0
2%
NF 93 ±5,4 10 ±6,4 28 ±16,1 51 ±12,0 0 ±0,0
F 93 ±12,0 7 ±10,2 47 ±8,8 0 ±0,0 0 ±0,0
5%
NF 91 ±11,3 7 ±6,7 38 ±19,6 0 ±0,0 0 ±0,0
F 29 ±14,8 38 ±12,6 8 ±8,6 11 ±6,7 0 ±0,0
100%
NF 11 ±10,0 9 ±12,0 2 ±3,0 25 ±11,9 0 ±0,0
1
Média±desvio padrão.
2
Considera-se “F” para EM filtrado e “NF” para EM não filtrado.

Nas sementes tratadas com EM sem diluição e não filtrado foram observadas
colônias microbianas em suas superfícies. Estas estruturas (Figura 2) que se formaram
apresentavam diferentes características morfológicas e sua incidência está apresentada
na Tabela 7. A presença desses organismos pode estar associada ao controle de
patógenos nas sementes, além da evidência da ação substâncias antagonistas presentes
nos EM. Não foi o objetivo desta pesquisa a identificação dos microrganismos
mencionados, mas sim de estudar a eficiência da cultura mista no controle dos fungos
fitopatogênicos.

16
Tabela 7. Estruturas microbianas observadas e sua incidência em porcentagem nas
sementes de milho tratadas com EM de origens diferentes.
Conc. Filtragem EMCE EMMA EMCOM
0% - 0 ±0 0 ±0 0 ±0
F 0,5 ±1,4 0 ±0 0 ±0
1%
NF 0,5 ±1,4 0 ±0 0 ±0
F 0,5 ±1,4 0 ±0 0 ±0
2%
NF 0,5 ±1,4 0 ±0 0 ±0
F 0 ±0 0 ±0 0,5 ±1,4
5%
NF 1 ±1,9 0 ±0 0 ±0
F 41 ±34,4 0 ±0 6 ±6,8
100%
NF 47 ±11,1 84 ±12,8 1,5 ±2,1
1
Média±desvio padrão.
2
Considera-se “F” para EM filtrado e “NF” para EM não filtrado.

Bactérias e leveduras são amplamente estudadas para fins de controle biológico


(GRIGOLETTI JÚNIOR et al., 2000; PICCININ et al., 2005). Em sua pesquisa,
SANTOS (2016), por meio de sequenciamento em Illumina MiSeq, avaliou a
diversidade e caracterizou taxonomicamente a microbiota de EM de diferentes origens
(comercial e também produzidos por agricultores familiares) e os filos comuns aos três
EM incluíram Actinobacteria, Firmicutes, Proteobacteria e Synergistetes. Algumas das
bactérias presentes nos filos são produtoras de substâncias antimicrobianas (BARKA et
al. 2015). A análise do resultado (Tabela 7) permite inferir que, mesmo em sementes
tratadas com EM filtrado, as colônias puderam ser observadas. A presença de
microrganismos podem ser provenientes do EM, indicando que o produto tem a
capacidade de promover o desenvolvimento organismos endofíticos (uma vez que as
sementes sofreram desinfestação superficial) que aparentemente competem com os
fungos fitopatogênicos.

17
Figura 2. Sementes de milho tratadas com EM sem diluição e não filtrado cobertas por colônias
microbianas (setas) em sua superfície.

18
2.4. Conclusões

Os três EM testados são capazes de diminuir a incidência de fungos


fitopatogênicos nas sementes de milho, quando aplicados sem diluição e em contato
com a semente.

É possível admitir que os compostos produzidos através da fermentação


anaeróbica dos EM possuem substâncias antimicrobianas que contribuem para
diminuição da incidência de fungos fitopatogênicos.

19
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Acesso em: 23 07 2018.

22
CAPÍTULO II

Controle de Patógenos de Sementes de Milho com Microrganismos Eficientes (EM)

RESUMO

Um dos fatores que afetam a qualidade da semente do milho é a incidência de


patógenos, dentre eles o Fusarium verticillioides que podem promover infestações
durante o desenvolvimento, colheita e armazenamento, e produzir toxinas nocivas à
saúde humana e animal. Este patógeno causa danos como podridão e tombamento do
colmo. Por esse motivo deve-se fazer o tratamento da semente antes do plantio e
práticas de controle para evitar a incidência desse fungo na cultura milho. Os
agrotóxicos, apesar de apresentarem elevados custos e riscos ambientais, tem sido o
método mais frequente no controle fitossanitário de sementes. Insumos que possam
substituir os agrotóxicos e que venham a ser utilizados na produção, tratamento e
melhoria da qualidade de sementes - e que sejam não poluentes e apresentem resultados
consistentes em campo - são a base de uma agricultura sustentável. Os Microrganismos
Eficientes (EM), desenvolvidos no Japão há quase 40 anos pelo professor Teruo Higa
são formulações empregadas na Agricultura Natural e apresentam potencial para suprir
esta desmanda. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade fisiológica e
sanitária de sementes de milho tratadas com EM comparativamente ao tratamento com o
fungicida recomendado para a cultura. Três EM de origens distintas foram testados, um
comercial e outros dois provindos da agricultura familiar de áreas de Cerrado e Mata
Atlântica. Além disto, estes EM foram filtrados e também testados, de forma a excluir
os microrganismos, mantendo-se metabólitos secundários produzidos no processo
fermentativo. O delineamento experimental inteiramente casualizado foi realizado com
oito tratamentos, sendo três de cada um dos EM filtrado e três de cada EM não filtrado,
fungicida e testemunha. Duzentas sementes de milho foram embebidas por 30 minutos
em cada formulação e foram analisadas pelos testes de sanidade, germinação e primeira
contagem, emergência em areia estéril e índice de velocidade de emergência, peso de
massa fresca e seca. Pelo teste de sanidade, todas as formulações foram capazes de
diminuir incidência dos fungos nas sementes, sendo estatisticamente iguais ao fungicida
em eficiência. Para os testes de qualidade fisiológica, não houve influência de nenhum
EM testado, exceto para peso de massa fresca e seca, em que houve diferença dos
tratamentos fungicida e testemunha, sendo os resultados dos EM de valores inferiores.
Isto pode ter ocorrido pelo uso da areia autoclavada, visto que os microrganismos do

23
EM podem utilizar as sementes substrato e nutriente, quando não há matéria orgânica a
ser decomposta na areia, acarretando um estresse para o embrião na formação da
plântula, ainda que isso não tenha interferido na germinação.

24
3.1. Introdução

A ocorrência de doenças e pragas, associadas às sementes, é um dos fatores que


mais causam danos aos cultivos agrícolas e aos agroecossistemas, sendo um problema
de importância crescente em todo o mundo (MACHADO, 2006). O uso de sementes
com alta qualidade fisiológica e sanitária é muito importante na implantação da cultura.
Falhas na emergência podem refletir de maneira determinante na densidade final de
plantas e, consequentemente, na produtividade, em decorrência do milho ter uma baixa
capacidade de compensação efetiva entre plantas (GALVÃO et al., 2017).

As sementes de milho são suscetíveis a vários fungos fitopatogênicos que podem


causar prejuízos para o estabelecimento da cultura, diminuição do estande e má
formação das plântulas (PINTO, 1998). No Brasil, os principais fungos que infestam ou
infectam as sementes de milho são Fusarium verticillioides e Acremonium spp. (sin.
Cephalosporium spp.), em campo de produção de sementes; e Aspergillus spp. e
Penicillium spp., em condições de armazenamento (GOULART, 1994). Esses fungos
podem sobreviver no solo por meio de estruturas de resistência e, ainda, em estruturas
internas das sementes, como o embrião.

Algumas espécies do gênero Fusarium têm sido associadas a doenças do milho,


como Fusarium graminearum Schwabe (teleomorfo, Gibberella zeae (Scw.) Petch) e
Fusarium verticillioides (Sacc.) Nirenberg (sinônimo, Fusarium moniliforme Sheldon;
teleomorfo, Gibberella moniliformis, sinônimo, Gibberella fujikuroi), em todos os
estádios de desenvolvimento (SARTORI et al. 2004). As espéciesde Fusarium podem
causar diversos tipos de podridões, sendo a podridão-rosada-da-espiga causada pelo
Fusarium verticillioides (PINTO et al., 2007). Estas espécies, embora sejam capazes de
provocar danos em várias partes das plantas e em muitos casos não estão diretamente
ligados à perda de produção, mas estão estreitamente relacionados com problema de
baixa qualidade de grãos e sementes pela produção de micotoxinas, como as fumosinas
(FIGUEIRA et al., 2003; SWEENEY e DOBSON, 1998; MUNKVOLD e
DESJARDINS, 1997).

Essas toxinas, além de prejudiciais à planta, podem causar doenças nos seres
humanos e animais que consumirem o milho contaminado. Devido aos problemas
acarretados por esta classe de toxina, órgãos internacionais como o FDA (Food and
Drug Administration - EUA) e União Européia estabeleceram limites máximos de
concentração de fumonisinas no milho destinado a produção de alimentos e rações
(BUTRÓN et al., 2006). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
25
(ANVISA) estabeleceu limites máximos permitidos de concentração de fumonisinas em
milho de pipoca e para alimentos, a base de milho, destinados à alimentação infantil
(BRASIL, 2011). Nos últimos anos as agroindústrias tem adotado, como padrão de
qualidade, o limite máximo de tolerância de 6% de grãos ardidos em lotes comerciais de
milho (MENEGAZZO et al., 2001).

O tratamento realizado diretamente sobre a superfície da semente pode ser uma


opção rápida, eficiente e não onerosa para o controle de patógenos. A utilização de
produtos químicos, como fungicidas e inseticidas, apesar de apresentar elevados custos
e riscos socioambientais, tem sido o método mais frequente no controle fitossanitário de
sementes. O uso intensivo de insumos químicos tem um alto potencial de impacto
negativo nos agroecossistemas (CAMPANHOLA e BETTIOL, 2003). Ademais, em
conformidade com a lei nº 10.831/03, a Instrução Normativa 38, de 2 de agosto de
2011, estabelece normas técnicas para a produção de sementes e mudas de acordo com
o sistema orgânico de produção (LIMA et al., 2014), em que são vetados o uso dos
agroquímicos.

O investimento em pesquisas no setor de produção de sementes orgânicas é


imprescindível, garantindo qualidade, diversificação e disponibilidade ao consumidor;
ou a produção própria de sementes, pelo produtor orgânico, tornando-se
autossustentável com o tempo (LIMA et al., 2014). Insumos que possam substituir os
agrotóxicos e que venham a ser utilizados na produção, tratamento e melhoria da
qualidade de sementes - e que não sejam poluentes e apresentem resultados consistentes
em campo - são a base de uma agricultura sustentável.

Os Microrganismos Eficientes ou effective microrganisms (EM) tem potencial


para atender esta demanda (SHAH et al., 2001; MARAMBE e SANGAKKARA, 1997;
HIGA e PARR, 1994). As formulações de EM são um composto probiótico e natural,
desenvolvido há quase 40 anos no Japão, pelo professor Teruo Higa. A base da
tecnologia EM são culturas mistas de microrganismos, considerados benéficos, que
possuem propriedades de fermentação, produção de substâncias bioativas, competição e
antagonismo com patógenos que propiciam a manutenção do equilíbrio natural dos
ecossistemas (CÓNDOR-GOLEC et al., 2007). A tecnologia EM é reconhecida como
tecnologia social, baseada no processo de produção das formulações pela captura de
microrganismos que ocorrem naturalmente em solos e matas, podendo ser produzidos
por agricultores familiares, favorecendo as condições para o desenvolvimento das
plantas (BONFIM et al., 2011).
26
Fica evidente a necessidade do resgate de técnicas alternativas de controle
fitossanitário em sistemas familiares e mesmo não convencionais de produção. Apesar
da grande difusão de sistemas alternativos junto aos agricultores - e entre eles - a
disponibilidade de informações comparativas em relação ao sistema convencional é
praticamente inexistente. Este estudo teve a finalidade de avaliar a qualidade fisiológica
e sanitária de sementes de milho tratadas com EM comparativamente ao tratamento com
o fungicida recomendado para a cultura.

3.2. Material e Métodos

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Associações Micorrízicas


pertencente ao Departamento de Microbiologia, localizado no Instituto de Biotecnologia
Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) e no Laboratório de Micologia e Etiologia de
doenças Fúngicas de Plantas do Departamento de Fitopatologia, Universidade Federal
de Minas Gerais, em Viçosa, Minas Gerais, Brasil.

Para a condução deste experimento, foi utilizado um lote de sementes de milho


da variedade BR105, cedido pelo Programa Milho da Universidade Federal de Viçosa.
Para cada tratamento, 200 sementes de milho foram embebidas em 100 mL de cada EM
e na testemunha (água destilada esterilizada) por 30 minutos (NCUBE, 2008). Foi
adicionado um tratamento ao experimento, com o fungicida recomendado para a cultura
do milho DEROSAL PLUS®-Bayer, seguindo-se as especificações do fabricante quanto
ao uso.

3.2.1. Obtenção dos Microrganismos Eficientes (EM)

Foram utilizados três EM de origens distintas, sendo dois obtidos de agricultores


familiares e um EM comercial (Tecnologia EM•1®), tendo sido o último, doado pela
empresa Ambiem Brasil Ltda. Os EM obtidos de agricultores familiares, denominados
EMCE e EMMA foram produzidos a partir de microrganismos capturados de área de
Cerrado (município de Montes Claros-MG) e Mata Atlântica (município de Viçosa-
MG), respectivamente, utilizando-se como substrato o arroz cozido (700 g) colocado ao
solo e coberto com material vegetal em decomposição. Após a captura, o arroz com
microrganismos de cores claras foi colocado em garrafa juntamente com melaço (200
mL) e água (1800 mL) foi submetido o processo fermentativo que, após cinco dias,
resultou em EM pronto para uso (BONFIM et al., 2011). Quanto ao EM comercial
(Tecnologia EM•1®), denominado EMCOM, foram seguidas as normas do fabricante

27
para a “ativação”, utilizando-se para tal, o melaço enviado pela empresa juntamente
com o produto e, para o tratamento de sementes, preconizadas as instruções de uso.

3.2.2. Sanidade de sementes

Pelo método do teste de papel filtro “blotter test” (BRASIL, 2009), foram
utilizadas 200 sementes de cada tratamento, divididas em oito repetições de 25
sementes, colocadas em caixas "gerbox" previamente sanitizadas, contendo duas folhas
de papel filtro esterilizado e umedecido com água, seguindo-se ao congelamento, e
após, com incubação em câmara a 25±2 °C, com regime de 12 h de luz, durante 24 h e
posterior transferência para a câmara a -16 °C por 24 h, a fim de evitar a germinação
das sementes. Decorrido esse período, as sementes retornaram às condições iniciais de
incubação, permanecendo por cinco dias, sendo, então, avaliada a ocorrência de fungos
(NEERGAARD, 1979). O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado (DIC), totalizando oito tratamentos com 200 sementes cada, em oito
repetições, totalizando 64 parcelas experimentais.

3.2.3. Germinação e primeira contagem

Após a imersão das sementes nos tratamentos por 30 minutos, realizou-se a


semeadura em folhas de papel Germitest, previamente esterilizadas, pelo sistema de
rolos umedecidos com água, em quantidade equivalente a 2,5 vezes o peso do substrato
seco. Os rolos foram mantidos em germinadores à temperatura de 25±2 °C. Aos quatro
dias (primeira contagem) e sete dias (%G), foram realizadas as contagens do número de
plântulas normais, segundo os critérios das Regras para Análise de Sementes-RAS
(BRASIL, 2009). Cada tratamento foi composto de 4 repetições com 50 sementes. A
avaliação foi realizada no sétimo dia após a semeadura e os resultados foram expressos
em porcentagem de plântulas normais. O experimento foi conduzido em delineamento
inteiramente casualizado (DIC), totalizando oito tratamentos com 200 sementes cada,
em quatro repetições, totalizando 32 parcelas experimentais.

3.2.4. Emergência em areia e Índice de Velocidade de Emergência (IVE)

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 4 repetições de 50


sementes. Cada parcela experimental consistiu de uma bandeja de plástico (51 x 30 x 10
cm) contendo areia, de textura média, peneirada e esterilizada em autoclave a 120 °C
por 2 h, por duas vezes com intervalos de 48 horas. O teste foi realizado em uma sala de
crescimento, com temperatura de 25±2 °C. O substrato foi umedecido com a quantidade

28
de água correspondente a 60% da capacidade de retenção, com regulação diária da
umidade.

Para a determinação do Índice de Velocidade de Emergência (%IVE), foram


realizadas contagens diárias do número de plântulas normais a partir da emergência da
primeira, sendo consideradas emergidas as plântulas com plúmulas visíveis e com 1 cm
e o índice calculado pela soma do número de plântulas normais que emergiram
diariamente dividido pelo número de dias decorridos entre a semeadura e a emergência,
conforme MAGUIRE (1962). Os experimentos foram conduzidos em delineamento
inteiramente casualizado (DIC), totalizando oito tratamentos com 200 sementes cada,
em quatro repetições, totalizando 32 parcelas experimentais.

3.2.5. Massa seca e massa fresca de plântulas

Após a finalização do teste de emergência, ao décimo dia após a semeadura,


procedeu-se a determinação da biomassa fresca e seca das plântulas de milho,
coletando-se a parte aérea, ou seja, acima do ponto de crescimento. Nesta avaliação,
foram consideradas todas as plântulas normais originadas nos respectivos tratamentos,
as quais foram pesadas em balança de precisão (0,01 g). A massa total obtida, em cada
amostra, foi dividida pelo número de sementes utilizadas, obtendo-se a biomassa fresca
média de plântula (g plântula-1). Após a pesagem, foram acondicionadas em sacos de
papel e levadas para secar em estufa com circulação forçada de ar, regulada à
temperatura de 70±2 ºC, por um período de 72 h. Em seguida, foi realizada a pesagem
do material, obtendo-se a biomassa seca com precisão de 0,01 g. A massa total obtida,
em cada amostra, foi dividida pelo número de sementes utilizadas, obtendo-se a
biomassa seca média de plântula (g plântula-1). O experimento foi conduzido em
delineamento inteiramente casualizado (DIC), totalizando oito tratamentos com 200
sementes cada, em quatro repetições, totalizando 32 parcelas experimentais.

3.2.6. Análise estatística

As análises de variância foram feitas no programa Sisvar para o teste de Dunnett


(P≤0,05), e também pelo programa SAEG no caso dos teste de Tukey (P≤0,05).

3.3. Resultados e Discussão

As sementes tratadas com os três EM por 30 minutos apresentaram significativo


decréscimo da incidência geral de fitopatógenos, incluindo a diminuição da incidência
de Fusarium spp. A menor incidência de patógenos foi no tratamento com o fungicida,

29
porém, todos os tratamentos diferiram da testemunha pelo teste de Dunnett a 5% de
probabilidade.

Tabela 1. Incidência geral (%) e incidência de Fusarium spp. (%) em sementes de milho
tratadas com três tipos de EM, fungicida (DEROSAL PLUS®) e a testemunha.
Tratamentos Incidência Geral Incidência Fusarium spp.
Água destilada 86a 78a
Fungicida 4d* 3c*
F 15cd* 9c*
EMCE
NF 13cd* 12c*
F 17cd* 6c*
EMMA
NF 18cd* 15c*
F 41b* 38b*
EMCOM
NF 20c* 8c*
CV(%) 34,6 38,3
1
As médias seguidas na coluna pelo * se diferenciam a 5% de probabilidade pelo teste de
Dunnett em comparação com a testemunha água destilada esterilizada.
2
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não se diferem entre si estatisticamente pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade.
3
Considera-se “F” para filtrado e “NF” para não filtrado.

A EMMA, assim como o EMCE, diferiu da testemunha pelo teste de Tukey e


apresentam os menores valores para incidência geral (Tabela 1). O EM com maior
eficiência foi o EMCE não filtrado, seguido pelo EMCE filtrado, promovendo
decréscimo de 73% e 71% na incidência, respectivamente. Para o EMCOM, tanto o
filtrado como o não filtrado, diferiram da testemunha, no entanto, mostraram-se menos
eficientes comparando-se ao tratamento com o fungicida. Ainda assim, o EMCOM não
filtrado foi estatisticamente igual aos outros EM pelo teste de Tukey.

O EMCOM filtrado correspondeu ao menor efeito entre os EM avaliados,


diminuindo a incidência geral em 45%, o que pode ter ocorrido em função do tempo de
ativação que, ainda que seguidas as recomendações do fabricante, pode não ter
metabolizado os açúcares e produzidos os compostos antimicrobianos. CASTRO et al.
(1993a) observaram a ação inibitória in vitro testando o EM com objetivo de controle
nos fitopatógenos Sclerotium rolfsii, Pythium spp., Rhizoctonia solani, Colletotrichum
gloeosporioides, Alternaria spp., Phytophthora spp., Fusarium oxyspporum, F.
verticillioides, Xanthomonas campestris pv. vesicatoria e Pseudomonas solanacearum.

Na análise dos resultados para a incidência de Fusarium spp. houve diferença


significativa entre os EM testados. Pelo teste de Dunnett, todos os EM promovem um
efeito similar ao fungicida (Figura 1). Pelo teste de Tukey, a ocorrência do fungo foi

30
significativamente decrescida e todos os tratamentos, excetuando-se o EMCOM
filtrado, não se diferenciam do fungicida. O efeito mais pronunciado da diminuição da
incidência foi para o EMMA filtrado, que promoveu uma redução de 72% na
incidência. RITT et al. (2018) observaram a diminuição em 38% na incidência de
Fusarium spp. em sementes de milho tratadas com EM na dose de 200 mL/100kg de
sementes, diferindo significativamente da testemunha.

Em análise ao efeito do EMCOM não filtrado e filtrado (Tabela 1), prospecta-se


que o efeito do tratamento teve mais relação com a presença dos microrganismos no
composto do que efetivamente dos seus metabólitos secundários. Dentre os
microrganismos encontrados nos EM estão as bactérias produtoras de ácido lático que
têm a capacidade de suprimir doenças, incluindo microrganismos como Fusarium spp.,
que aparecem em cultivos contínuos e, em circunstâncias normais, enfraquecem as
plantas, expondo-as doenças (FEIJOO e REINALDO, 2016).

A B

C D

Figura 1. Sementes tratadas com EM, com fungicida e com água destilada esterilizada. (A)
Sementes tratadas com fungicida+corante; (B) Sementes tratadas com água destilada
esterilizada; (C) Sementes tratadas com EMMA não filtrado; (D) Sementes tratadas com EMCE
não filtrado.

31
Tabela 2. Fungos fitopatogênicos observados e sua incidência em porcentagem nas
sementes de milho tratadas com EMCOM, sob diferentes concentrações.
Tratamentos Penicillium spp. Trichoderma spp. Aspergillus spp. Acremonium spp.
Água destilada 87 ±12,8 10 ±7,7 2 ±4,3 2 ±3,0
Fungicida 2 ±3,7 0 ±0,0 1 ±1,4 1 ±1,4
F 3 ±4,7 19 ±17,6 0 ±0,0 6 ±7,1
EMCE
NF 8 ±10,0 0 ±0,0 2 ±2,1 1 ±1,9
F 4 ±4,0 9 ±14,0 0 ±0,0 4 ±3,3
EMMA
NF 4 ±4,3 3 ±7,1 2 ±3,0 2 ±4,3
F 33 ±15,4 18 ±13,0 1 ±1,9 0 ±0,0
EMCOM
NF 3 ±4,2 31 ±9,5 2 ±3,0 7 ±5,2
1
Média±desvio padrão.
2
Considera-se “F” para filtrado e “NF” para não filtrado.

O fungo Penicillium spp. foi observado em maior quantidade, chegando a 87%


de incidência na testemunha e, em menores quantidades, os fungos Trichoderma spp.,
Acremonium spp., Aspergillus spp. e Cladosporium spp., representando uma baixa
incidência para estes em relação àquele. Todos os tratamentos promoveram o
decréscimo na incidência de Penicillium spp. (Tabela 2) com resultados aproximados
aos do tratamento com fungicida, exceto para o EMCOM filtrado, ainda que a
incidência neste tratamento tenha sido 54% menor que a testemunha. O gênero
Penicillium spp. deteriora as sementes em condições de armazenamento e podem
prejudicar seu vigor, interferindo na germinação e contribuindo para desenvolvendo
plântulas anormais (MACHADO et al., 2000).

Tabela 3. Valores de primeira contagem (PC), germinação (G), emergência (E), índice
de velocidade de emergência (IVE), massa fresca (MF) e massa seca (MS) de sementes
de milho tratadas com três EM distintos.
PC G E IVE MF MS
Tratamentos
---------------------(%)--------------------- --------(mg)--------
ns ns
Água destilada 63 80 ab 93 20,1 ab 561ab 11,2ab
Fungicida 67 74 b 92 20,4 a 580a 11,60a
F 59 82 a 93 21,3 a 455c 9,11c
EMCE
NF 59 81 ab 90 18,7 abc 447c 8,94c
F 62 84 a 90 20,1 ab 441c 8,83c
EMMA
NF 59 81 ab 88 17,6 bc 468c 9,37c
F 62 82 ab 88 16,8 c 507abc 10,15abc
EMCOM
NF 59 84 a 91 19,5 ab 487bc 9,74bc
CV(%) 9,7 4,1 3,1 5,8 6,6 6,6
1
Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.
2
Considera-se “F” para filtrado e “NF” para não filtrado.
ns
Não significativo para o teste de Tukey a 5%.

32
Na avaliação de primeira contagem (PC; Tabela 3), não houve diferença
significativa entre os tratamentos. Segundo BHERING et al. (2003), a primeira
contagem do teste de germinação pode ser utilizada como um teste de vigor, uma vez
que, à medida que a deterioração da semente avança, a velocidade de germinação é
reduzida. O resultado da primeira contagem, face aos tratamentos testados, mostra que o
EM não promove deterioração da semente. De acordo com LUDWIG et al. (2009), a
emergência rápida e uniforme das plântulas é de extrema importância para a cultura do
milho, justificando o uso de sementes de qualidade e, conforme os resultados para
emergência (E; Tabela 3), não houve diferença entre a testemunha e os tratamentos, o
que pode indicar que o EM não interfere, negativamente ou positivamente, na
emergência das plântulas de milho em substrato estéril.

O maior valor para porcentagem de germinação (G; Tabela 3.3) se deu no


tratamento com o EMCOM não filtrado, e dele não se diferiram estatisticamente os
demais tratamentos, exceto o fungicida. O fungicida não promoveu o incremento da
germinação em substrato esterilizado, o que está de conformidade com os resultados de
PINTO (1997, 1993). SANGAKKARA e ATTANAYAKE (1996) verificaram que
sementes de arroz tratadas com EM (1:500) apresentaram aumento na germinação e no
crescimento. Santos (2016) constatou que houve maior porcentagem de germinação e
índice de velocidade de germinação em sementes de capim-marandu tratadas com
inoculantes EM nas concentrações 1% e 2% em água. A eficiência do EM na
germinação de sementes pode estar relacionada com a capacidade de degradação do
respectivo revestimento pelos microrganismos, por meio de enzimas produzidas,
permitindo a absorção de água, oxigênio e germinação (MOWA e MAASS, 2012).

Houve diferença entre os tratamentos para a análise do IVE de plântulas em


areia (IVE; Tabela 3). Pelo referido teste, pôde-se constatar que as sementes tratadas
com EMCOM filtrado, EMMA não filtrado e o EMCE não filtrado exibiram menor
vigor, o que não foi demonstrado pelo teste de primeira contagem, que também avalia o
vigor em relação aos tratamentos. Pode ser que resultados discordantes dos referidos
testes estejam associados ao princípio dos mesmos, pois são realizados em condições
diferentes.

33
As sementes vigorosas proporcionam maior transferência de massa seca de seus
tecidos de reserva para o eixo embrionário, na fase de germinação, originando plântulas
com maior peso, em função do maior acúmulo de matéria (NAKAGAWA, 1999). Os
tratamentos com maior peso médio de massa fresca foram a testemunha e o fungicida
(Tabela 3), que não diferiram do EMCOM filtrado. Os outros tratamentos (MF; Tabela
3) apresentaram decréscimo no peso das plântulas avaliadas, sem diferenciar do
EMCOM filtrado e essa tendência permaneceu para os resultados de peso de massa seca
(Tabela 3). Na condição de semeadura das sementes de milho, para este teste em areia
estéril, a pressão microbiana pode vir a recair sobre a semente enquanto substrato e
fonte de nutriente. Esse estresse pode propiciar a diminuição da transferência de massa
de seus tecidos de reserva para o eixo embrionário, influenciando na peso de massa
seca, ainda que isso não comprometa a germinação e a emergência (Tabela 3).

3.4. Conclusões

Os Microrganismos Eficientes diminuem a quantidade de fungos causadores de


doenças nas sementes de milho e podem substituir os tratamentos com fungicida em
sementes de milho.

Os EM pode ser utilizado inoculado nas sementes sem interferir em sua


germinação e vigor, porém interferindo no índice de velocidade de emergência, massa
fresca e massa seca.

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39
CAPÍTULO III

Potencial de microrganismos isolados de sementes tratadas com Microrganismos


Eficientes (EM) no biocontrole de Fusarium verticillioides

RESUMO

A agricultura sustentável preconiza o uso do controle alternativo de doenças de plantas


que pode ser viabilizada pelo controle biológico e a utilização de microrganismos com
potencial antagonista pode ser uma maneira de inibir o desenvolvimento de
fitopatógenos. Uma estratégia direta envolve a introdução de antagonistas nas sementes,
nos órgãos de propagação vegetativa ou na parte aérea das plantas. Os “Microrganismos
Eficientes” (Effective Microrganismes), conhecido pelo acrônimo EM, que contém
espécies de microrganismos, onde predominam bactérias que produzem ácido láctico e
levedura, e um número mais reduzido de bactérias fotossintéticas, actinomicetos e
outros tipos, todos compatíveis entre si, coexistindo em cultura líquida. Formulações de
EM são conhecidas por suprimir fitopatógenos nos solos, inclusive espécies de
Fusarium, frequentemente associadas às sementes de milho e que podem promover
perda da qualidade das sementes e prejudicar o desenvolvimento das plantas. Pôde-se
comprovar, por meio de experimentos, que sementes tratadas com EM apresentavam
diminuição da incidência de Fusarium spp. concomitantemente à sua colonização com
microrganismos de características morfológicas diversas e não fúngicas. Assim, o
objetivo deste experimento foi investigar a capacidade de inibição do crescimento
micelial do Fusarium verticillioides por isolados obtidos de sementes de milho tratadas
com EM de origens diferentes. Microrganismos obtidos de sementes de milho tratadas
com EM foram avaliados em teste de cultura pareada com Fusarium verticillioides. O
teste in vitro foi realizado obtendo-se 42 isolados da superfície das sementes e
incubados em câmara a 25 ºC, 24 horas , e após, na extremidade oposta da placa de
petri, foi depositado um disco contendo micélios do fungo fitopatogênico. O
experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado em três
repetições, totalizando 126 unidades experimentais, com a testemunha, que consistiu em
apenas o patógeno na placa. Ao final do teste, foi medido o crescimento micelial do
fungo. Dos 42 isolados obtidos das sementes de milho, 21 mostraram capacidade de
inibir do crescimento micelial do F. verticillioides com porcentagens de inibição entre
46% e 4%. Foram observados diferentes mecanismos de antagonismo, mas
principalmente por competição e antibiose.

40
4.1. Introdução

A agroecologia preconiza o uso do controle alternativo de doenças de plantas


que pode ser viabilizada pelo controle biológico e a utilização de microrganismos com
potencial antagonista pode ser uma maneira de inibir o desenvolvimento de
fitopatógenos. O controle biológico tem sido alcançado através de diversas estratégias,
de forma direta ou indireta (MARIANO e ROMEIRO, 2000), e uma delas é a utilização
de microrganismos que possuam potencial de diminuir a ação dos patógenos em plantas.
Uma estratégia direta envolve a introdução de antagonistas nas sementes, nos órgãos de
propagação vegetativa ou na parte aérea das plantas.

O fungo Fusarium verticillioides (sinônimo, F. moniliforme.) é um dos


principais patógenos associados a sementes de milho no Brasil. O fungo pode ser
introduzido pelas sementes em áreas isentas, causando deterioração de sementes, morte
de plântulas, podridão radicular, do colmo e da espiga (SARTORI et al., 2004). O uso
de microrganismos que antagonizam patógenos de plantas é uma saída sustentável para
a problemática do controle de doenças na agricultura, a qual se perpetua por anos de
cultivo agrícola, apesar do uso intensificado de agrotóxicos (ABRASCO, 2015).

Grande parte das pesquisas relatando o uso de antagonistas para o biocontrole de


doenças induzidas por fungos fitopatogênicos relatam o Trichoderma spp. como agente
de biocontrole (SARAVANAKUMAR et al., 2016; TAGHDI et al., 2015; MILANESI
et al., 2013), ou seja, a maioria das abordagens aplicadas ao controle biológico de
doenças de plantas tem sido baseada no uso de um único antagonista contra o patógeno
alvo. Esses mecanismos podem atuar de forma sinérgica e a sua importância nos
processos de biocontrole depende, não só da espécie, mas do isolado, do fungo a que
antagoniza, do tipo de cultivo e das condições ambientais tais como disponibilidade de
nutrientes, pH, temperatura e umidade (BENITÉZ et al., 2004).

O conceito de Microorganismos Eficientes (Effective Microrganisms - EM), é


baseado em uma tecnologia desenvolvida no final dos anos 1970 pelo professor Teruo
Higa, na Universidade de Ryukyus em Okinawa, Japão. Essas formulações são culturas
mistas de microrganismos, sem manipulação genética, presentes em ecossistemas
naturais, fisiologicamente compatíveis entre si (ECOLOGIC MAINTENANCES,
2012). O produto é comercializado no Brasil e em várias partes do mundo, entretanto,
formulações produzidas por agricultores familiares são empregadas em sistemas de

41
cultivo que trabalham com manejo agroecológicos e objetivam redesenhar
agroescossistemas mais sustentáveis (ALTIERI, 1999).

O EM pode conter, em sua composição, uma quantidade variável de


Lactobacillus spp., Rhodopseudomonas spp. e Streptomyces griseus (DALY e
STEWART 1999, HIGA, 1998). Pode influenciar as condições de desenvolvimento de
microrganismos que vivem em um determinado solo, afetando o crescimento e
desenvolvimento das plantas (WIELGOSZ et al. 2010; CÓNDOR-GOLEC et al. 2007).
A ação inibitória dos microrganismos eficientes frente a espécies de Fusarium spp. é
relatada na literatura (PUGLIESE et al., 2010; OKORSKI et al., 2010; DUARTE et al.,
2006), sendo a grande maioria das informações relacionadas ao tratamento de solo e
escassos os trabalhos abordando tratamento de sementes.

Sementes de milho tratadas com EM e submetidas a teste de sanidade


apresentaram colônias microbianas em sua superfície. A ocorrência desses
microrganismos coincidiu com a diminuição da incidência Fusarium spp. na avaliação
do teste, o que pôde ser tomado como indicativo de método controle. Portanto, o
objetivo dos ensaios subsequentes foi investigar a capacidade de inibição do
crescimento micelial do Fusarium verticillioides por isolados obtidos de sementes de
milho tratadas com EM.

4.2. Material e Métodos

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Associações Micorrízicas,


pertencente ao Departamento de Microbiologia, localizado no Instituto de Biotecnologia
Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) e no Laboratório de Micologia e Etiologia de
Doenças Fúngicas de Plantas do Departamento de Fitopatologia, Universidade Federal
de Viçosa, em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Os isolados foram nominados de acordo
com sua origem, sendo que “CE” corresponde a um isolado retirado de semente de
milho tratadas com EM produzido em região de Cerrado, “MA” é referente a um
isolado retirado de semente de milho tratadas com EM produzido em região da Zona da
Mata mineira, seguidos de “F” para EM filtrado e “NF” para não filtrado.

4.2.1. Obtenção das culturas puras dos isolados

Os microrganismos foram coletados da superfície das sementes de milho,


plaqueados em placas de Petri (9 cm de diâmetro) contendo 25 mL de meio BDA
(batata-dextrose-ágar) e, posterirormente, mantidos em câmara de incubação tipo BOD
a 25±2 °C por cinco dias. Foram obtidos 42 isolados que, após seu crescimento à
42
temperatura ambiente, foram repicados para novas placas de Petri contendo 25 mL de
meio BDA enriquecido com 1% de Extrato de Levedura. As colônias foram purificadas
repetindo-se o processo de repicagem por três vezes, utilizando-se o método de estrias
simples, cultivando-se os microrganismos no mesmo meio (BDA enriquecido com 1%
de extrato de levedura) e mantendo as condições de cultivo do isolamento (MELO et al.,
2006).

4.2.2. Obtenção do Fusarim verticillioides

O fitopatógeno Fusarium verticillioides foi obtido através de acesso a Micoteca


pertencente ao Departamento de Fitopatologia da UFV. Fez-se o plaqueamento do
material recuperado em placas de Petri contendo 25 mL de meio BDA e,
posterirormente, foi mantido em câmara de incubação tipo BOD a 25±2 °C por cinco
dias para crescimento. No quinto dia, fez-se a repicagem para dez placas de Petri
contendo meio de cultura BDA e o material foi mantido em câmara de incubação tipo
BOD a 25±2 °C por quatro dias para crescimento.

4.2.3. Ensaio de cultura pareada

Para avaliar o antagonismo dos isolados contra o patógeno F. verticillioides,


utilizou-se o método de cultura pareada descrito por DENNIS e WEBSTER (1971),
com adaptações. Foram utilizadas placas de Petri (9 cm de diâmetro) contendo 20 mL
de meio de cultura BDA enriquecido com Extrato de Levedura, calibrado a este volume
com auxílio de pipeta tipo bico de papagaio. Com uma alça de semeadura contendo
colônias do microrganismo antagonista, foi realizada uma repicagem para um ponto da
placa distante 1,5 cm da borda. Após 24 h, disco de seis mm de diâmetro contendo
micélio do patógeno com quatro dias de incubação foi transferido para a extremidade
oposta na placa de Petri com localização distante, também, a 1,5 cm da borda. O
controle consistiu em placa contendo somente o patógeno, sem a presença do isolado.
As placas foram mantidas em câmara de incubação tipo BOD a 25±2 °C por sete dias.

As avaliações consistiram na medição do crescimento micelial do Fusarium


verticillioides ao sétimo dia de incubação das colônias do patógeno, com auxílio de um
paquímetro digital. A porcentagem da inibição do crescimento foi calculada usando a
fórmula descrita por MENTEN et al.(1976), onde Porcentagem de Inibição = [(C –
T)/C] x 100, onde; C= crescimento radial do controle; T= crescimento radial do
tratamento. Neste teste empregou-se um delineamento inteiramente casualizado (DIC),
com 42 isolados, além da testemunha, e três repetições totalizando 129 unidades
43
experimentais. A análise estatística foi realizada apenas com os 21 isolados que
apresentaram inibição do crescimento de F. verticillioides.

4.3. Resultados e discussão

Dentre os 42 isolados avaliados no ensaio de cultura pareada, 21 demonstraram


potencial antagônico ao F. verticillioides, ou seja, houve efeito de inibição no
crescimento micelial do patógeno quando comparado à testemunha (Tabela 1). De
acordo com o agrupamento realizado pelo teste Scott-knott, houve diferença
significativa entre os isolados testados com inibições ocorrendo entre 46 e quatro por
cento.

Por meio do teste in vitro foi observada uma diversidade de interações


antagonistas entre os isolados e o patógeno. Em alguns casos, foi associada à
competição, em vista do crescimento do isolado impedir o crescimento do fungo
comparado à testemunha, concorrendo por espaço e nutrientes (Figura 1). Segundo
MENTEN (1996), microrganismos podem ser usados como biocontrole, que, aplicados
em sementes, podem eliminar ou impedir o desenvolvimento de patógenos
transportados pelas sementes ou presentes no solo, tendo ação de antagonismo,
hiperparasitismo e/ou competição contra ele.

44
Tabela 1. Porcentagem de inibição crescimento micelial de Fusarium verticillioides em
função do isolado testado no ensaio de cultura pareada.

Isolado Inibição (%)


CENF10 4 b
MAF5 6 b
MAF7 8 b
CEF1 10 b
MANF7 12 b
MAF1 12 b
CENF8 12 b
CENF5 14 b
MAF6 14 b
CENF4 14 b
CENF2 18 b
MANF9 18 b
CENF1 24 a
CEF3 26 a
CEF6 28 a
CEF5 30 a
CEF2 30 a
MANF6 30 a
MANF8 34 a
MANF12 34 a
MANF11 46 a
CV(%) 40,98
Valores seguidos pela mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente, segundo o teste
de Scott-Knott a 5%.

A B C

Figura 1. Competição in vitro por substrato entre alguns isolados (à direita na placa) e o
fitopatógenos (à esquerda na placa/seta). (A) MANF11 x F. verticillioides; (B) MANF8 x F.
verticillioides; (C) MANF9 x F. verticillioides.

45
Em alguns casos, foi verificada a capacidade dos isolados exercerem antibiose
(Figura 2). A especificidade de um isolado para exercer antibiose ocorre mediante à
produção de metabólitos pertencentes a uma variedade de classes de compostos
químicos, que podem sugerir diferentes mecanismos de ação, e esta capacidade de
produzir metabólitos tóxicos com efeito fungicida ou fungistático pode variar entre
espécies e entre isolados da mesma espécie (VINALE et al., 2008). A antibiose pode ser
associada à inibição do desenvolvimento e crescimento do fitopatógeno pelo isolado.

A B C

Figura 2. Antibiose in vitro de alguns isolados interferindo no crescimento e desenvolvimento


do fitopatógenos. (A) CEF6 x F. verticillioides; (B) CEF2 x F. verticillioides; (C)
MANF12 x F. verticillioides.
A capacidade de produção de antibióticos por antagonistas pode interferir no
desenvolvimento do fitopatógeno, bem como a competição destes por espaço e
nutrientes (BELL et al., 1982). Os microrganismos eficientes coexistem em meio
líquido com a presença desses metabólitos, e toda essa atividade microbiana pode
potencialmente ser utilizada para fins de controle biológico de doenças, pois atende os
princípios necessários (DEBACH, 1992).

SANTOS (2016) estudou a diversidade microbiana de microrganismos


provindos de EM de três origens distintas e concluiu que eles compartilham unidades
taxonômicas operacionais (OTU’s), ou seja, possuem filos comuns aos três EM,
incluindo Actinobacteria, Firmicutes, Proteobacteria e Synergistetes. O gênero Bacillus,
presente no filo Firmicutes, é muito estudado pelo efeito benéfico no crescimento de
plantas e antagonismo a fitopatogênicos em geral (KUMAR et al. 2012). Dentro do filo
Actinobactéria, os membros da ordem Actinomycetales são importantes produtores de
antibióticos (BARKA et al. 2015).

4.4. Conclusão

Microrganismos isolados de sementes tratadas com EM podem inibir o


crescimento micelial de F. verticillioides.
46
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5. Conclusão Geral

Os Microrganismos Eficientes (EM), mesmo que de diferentes origens, podem


ser utilizados no tratamento de sementes de milho através da inoculação das sementes.

Os metabólitos secundários produzidos durante o processo fermentativo do EM


inibem o crescimento de fungos fitopatogênicos em sementes de milho.

A inoculação de sementes com o EM não interfere em sua qualidade fisiológica.

Sementes tratadas com EM podem ser colonizadas com microrganismos


antagonistas ao Fusarium verticillioides.

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