Você está na página 1de 46

Projeto de implantação de 14 ha de lavoura e agroindústria de

beneficiamento primário (amêndoas e polpa) de cacau

Manaus – Amazonas
2016
Projeto de implantação de 14 ha de lavoura e agroindústria de
beneficiamento primário (amêndoa e polpa) de cacau

Técnicos Responsáveis:

Eng.º Agrônoma Fernanda Barbosa Francisco De Paula – CREA: 20901550

Eng.º Agrônoma Delrivete Cruz Stone – CREA: 20650077

Eng.º Agrônoma Sara Seixa – CREA:

Manaus – Amazonas
2016

2
APRESENTAÇÃO

O cenário agropecuário brasileiro é um dos setores da economia que ao longo dos anos
mais sofreu grandes transformações. Essas mudanças pressupõem que para ser um produtor
rural não basta simplesmente ter determinação, força e terra disponível para plantar. O uso de
tecnologia e planejamento associado ao conhecimento técnico é indispensável para a
viabilidade das atividades agrícolas e a produção de riquezas.
O uso desses recursos é indispensável para que o agricultor não só possa produzir com
segurança e competividade, mas principalmente, lhe possibilite manter a viabilidade e
sustentabilidade econômica de sua atividade agropecuária.

3
Sumário

1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 6
2 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7
3 ESTUDO DE MERCADO .................................................................................................... 8
3.1 Mercado internacional.................................................................................................. 8
3.2 Mercado nacional .......................................................................................................11
3.3 Mercado local .............................................................................................................12
3.4 Oportunidades de Negócio .........................................................................................12
4 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO ...............................................................................................14
4.1 Aspectos geográficos..................................................................................................14
4.2 Características edafoclimáticas...................................................................................16
5 CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS AO CULTIVO DE CACAU .........................................18
5.1 Clima ..........................................................................................................................18
5.2 Solo ............................................................................................................................19
5.3 Sombreamento ...........................................................................................................19
6 IMPLANTAÇÃO DA LAVOURA .........................................................................................20
6.1 Espécies consorciadas com o cacau ..........................................................................20
6.2 Preparo da área ..........................................................................................................21
6.3 Balizamento ................................................................................................................22
6.4 Cultivar de cacau ........................................................................................................23
6.5 Plantio.........................................................................................................................23
6.6 Uso de fertilizantes .....................................................................................................24
6.7 Manejo da lavoura ......................................................................................................24
6.8 Tratos fitossanitários ...................................................................................................26
7 COLHEITA .........................................................................................................................27
7.1 Cacau .........................................................................................................................27
7.2 Banana .......................................................................................................................28
8 BENEFICIAMENTO DO CACAU – AMÊNDOAS ...............................................................28
8.1 Etapas do beneficiamento...........................................................................................29
9 BENEFICIAMENTO DO CACAU – POLPA ........................................................................32
9.1 Condicionamento local................................................................................................32
9.2 Processo produtivo .....................................................................................................33

4
9.3 Descrição do processo ...............................................................................................33
9.4 Planta baixa da unidade de beneficiamento ................................................................36
10 PADRONIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO ....................................................................36
11 PLANEJAMENTO ..........................................................................................................37
11.1 Lavoura.......................................................................................................................37
11.2 Beneficiamento ...........................................................................................................39
12 ANÁLISE ECONÔMICA FINANCEIRA ...........................................................................41
13 FONTE DE FINANCIAMENTO .......................................................................................43
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................44
15 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................45

5
1 JUSTIFICATIVA

A atividade cacaueira possibilita diversos aspectos positivos para os produtores


rurais e para o desenvolvimento local.

Quanto à implantação da cultura e da agroindústria:

 Pode ser cultivada em sistemas agroflorestais, agregando valor não só ao


cacau, mas também a outras espécies vegetais cultivadas;

 Contribui para a conservação ambiental e equilíbrio do meio ambiente;

 É uma alternativa para recuperação de áreas degradadas pela implantação de


SAFs;

 Baixa dificuldade de manejo;

 Gera emprego e renda aos pequenos e médios produtores e eleva a oferta


interna do produto;

 Assegura a permanência do produtor no meio rural;

 Aproveitamento dos resíduos (casca) para a alimentação animal, produção de


biogás e biofertilizantes que podem ser usados na própria propriedade.

Quanto à área (localização) a ser implantada a lavoura e a agroindústria:

 Possibilidade de escoamento;

 Existe mercado consumidor;

 Espaço não competitivo (não há indústrias beneficiadoras na região);

Possibilita o desenvolvimento e renda local.

6
2 INTRODUÇÃO

Pertencente à ordem Malvales da família Sterculiaceae o cacau, cuja


denominação no meio cientifico é Theobroma cacao L., é um dos representantes do
gênero Theobroma de maior importância econômica.
Originário do continente Sul Americano, o cacaueiro em condições naturais pode
atingir de 5 a 8 m de altura e 4 a 6 m de diâmetro da copa, chegando a ultrapassar em
condições ambientais satisfatórias.
Sendo uma planta típica dos trópicos úmidos o cacaueiro encontra na Amazônia,
de um modo geral, um clima abundante em chuvas e constância em temperaturas
elevadas, condições que adequam se aos padrões da cultura que não tolera grandes
variações durante o ano, especialmente em termos de temperatura, radiação solar e
comprimento do dia (ALVARENGA et al., 1994).
Em termos de solo a Amazônia brasileira possui uma grande extensão territorial
da ordem de 488 milhões de hectares, deste aproximadamente 32 milhões de hectares
são solos com excelentes características químicas e físicas, profundos bem como
isento de camadas pedregosas e compactas. Solos com impedimentos físicos dessa
natureza dificultam o desenvolvimento normal do sistema radicular do cacaueiro,
provocando principalmente o atrofiamento da raiz principal.
Para um bom desenvolvimento da cultura é imprescindível solos com uma boa
capacidade de retenção de água e que apresentem níveis de média a alta fertilidade
natural, com pH na faixa de 6,0 – 6,5, onde ocorre disponibilidade máxima de muitos
nutrientes (CAMPOS et al., 1982).
Neste contexto, o cultivo racional de cacau surge como uma excelente opção
economicamente viável de negócio na nossa região.

7
3 ESTUDO DE MERCADO

3.1 Mercado internacional

O cacau é considerado uma commodity agrícola de grande dificuldade nas


negociações de mercado, onde a especulação predomina. Sem falar na assimetria de
informações advinda dos principais produtores.
Como podemos verificar na tabela 1, a Costa do Marfim tem a maior produção
(1,35 milhão de toneladas), a maior área colhida (2,5 milhões de hectare), a segunda
maior produtividade (541 kg/ha) e o pior preço médio pago à produção (US$ 558/t).
Para esse mesmo indicador o Brasil (US$ 1,774/t), a Nigéria (US$ 1,678/t) e a
República dos Camarões (US$ 1,618/t), lideram os maiores preços médios. Apesar de
no período 1980/2006, a área colhida de cacau ter crescido pouco mais de 2,25
milhões de hectares (MENDES et al., 2007). A Organização Internacional do Cacau
(ICCO) informa que a produção (oferta) continuará caindo, tal como aconteceu na
última safra (queda de 5,5%), numa previsão de diminuição em relação à safra anterior
na ordem de 1,5% (a previsão é de 4,003 milhões de toneladas).
Tabela 1. Principais países produtores de sementes secas de cacau (CEPLAC, 2012).

País VBP (US$106) Produção (t) US$/t Área colhida (ha)

Brasil 441 248.524 1,774 680.484

R. camarões 440 272.000 1,618 697.000

C. Marfim 753 1.350.320 558 2.495.110

Gana 698 700.000 997 1.650.000

Indonésia 710 712.200 997 1.677.300

Malásia 20 15.975 1,252 21.722

Nigéria 671 400.000 1,658 1.270.000

VBP = valores (US$) constantes nos anos de 2004-2006.

No que se refere às moagens (demanda), segundo analista de mercado espera


se que continue a crescer (em 2011/12 foi de 0,3%), podendo atingir o percentual de

8
1,5% (estima-se uma moagem de 4,008 milhões de toneladas). Esse crescimento da
demanda será impulsionado por duas condições: i) um crescente gosto asiático
(aumento do consumo) para produtos de chocolate, tais como bebidas e sorvetes com
base no cacau em pó; e ii) uma reversão, em fase de execução, para baixo, dos
estoques de manteiga de cacau. “Estoques de manteiga de cacau, que foram
esgotados nos últimos dois anos, precisam ser repostos, enquanto a busca para o
cacau em pó na Ásia continua a crescer” (ICCO, 2011).
Desde que iniciou o Ano Agrícola Internacional (AAI) do cacau em outubro de
2012 até o último dia útil de fevereiro de 2013, a taxa de crescimento do preço do
cacau na bolsa de Nova Iorque é negativa e na ordem de 0,15%; já a taxa de câmbio
US$/R$ tem variado pouco, mostrando, também, uma taxa de crescimento negativa de
0,03%. No que se refere ao preço na bolsa a informação mais relevante, converge
entre a maioria dos analistas deste mercado, dizem que não existem motivos plausíveis
nesse ambiente para que os preços assumam essa tendência.
Deste modo, para a safra mundial 2013/14, de outubro, é estimado um déficit de
119 mil toneladas, de acordo com a Macquarie Group Ltda. Na Costa do Marfim,
principal produtor mundial de cacau, as chuvas nas áreas de cultivo estão 25% abaixo
do normal, o que deve provocar queda na safra deste país para pouco mais de 1,4
milhão de toneladas. Diante de fatores climáticos como este, estima-se queda na
produção mundial de 1,2%, a maior queda dos últimos 4 anos, alcançando cerca de
3,94 milhões de toneladas. Assim, os cenários para a safra mundial 2013/14 apontam
para preços melhores que os alcançados em 2012, ou seja, acima dos US$ 2.500,00 a
tonelada da amêndoa na Bolsa de Nova Iorque.
As mais importantes processadoras mundiais de cacau têm destacado seus
líderes para vir ao Brasil, informado das suas preocupações quanto à necessidade de
matéria prima para os próximos anos. Mais de uma delas já mencionaram o mesmo
volume de um milhão de toneladas de amêndoas, as quais eles não sabem de onde
virão, pois os atuais plantios não permitem vislumbrar que esse montante esteja
presente no futuro mais imediato. Apresentam-se, inclusive, como doadoras de
recursos financeiros para incentivar novos plantios.

9
Segundo CEPLAC (2012), no Brasil o consumo aparente de chocolate sob todas
as formas tem aumentado significativamente, de 404 mil toneladas em 2006, fechou o
ano de 2011 com 691 mil toneladas e, nosso saldo da balança comercial para essa
atividade tem gerado resultados positivos, na ordem de US$ 41 milhões.
Nos últimos 10 anos o consumo de chocolate no Brasil cresceu, em média, 10%
ao ano. Além disso, o país tem uma das maiores taxas de acréscimo de consumo de
chocolate per capita no mundo. Pesquisas recentes apontam que o consumo interno
passou de 0,2 kg por ano em 2002 para 1,3 kg por ano em 2010. Porém, este valor
ainda está bem distante de países como Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suíça, Reino
Unido e Romênia, onde o consumo per capita chega a ser superior a 9 kg por ano.
Deste modo, o que se vê é um mercado ainda em tendência de expansão no Brasil e
em muitos outros países, onde há uma inclusão das classes mais baixas no mercado
consumidor destes produtos. Diante de todo este cenário, mesmo com a queda nas
moagens brasileiras no primeiro semestre de 2013, o que se espera para a safra
brasileira 2013/14, que se iniciou em maio e vai até abril de 2014, é uma melhora nos
preços do cacau. Esta pressão altista tem como dois fatores fundamentais a alta do
dólar e a previsão de queda na produção nacional, que deve ficar em torno de 200 mil
toneladas, ou seja, número abaixo da capacidade de moagem do país.
Nesse contexto, o mercado é complexo, onde ainda será informado oficialmente
o preço de aquisição do cacau. É corrente entre os interessados do setor produtivo que
o referido preço que está sendo pago é de R$ 153,00 por arroba, enquanto que o preço
médio na região cacaueira da Bahia é de R$ 150,00 por arroba.
O que não se pode perder de vista é que esse mercado quer: quantidade,
qualidade e regularidade. Para esses três quesitos os produtores, comprovadamente,
reúnem competência. As dificuldades que, por ventura surgem em suas trajetórias de
trabalho são, solucionadas. O que não se tem hoje (em termos gerais) é o requisito da
organização, quer seja da produção, quer seja dos produtores, sendo essa última muito
mais grave.

10
3.2 Mercado nacional

Segundo analistas de marcado a produção brasileira em 2012/2013 sofreu


queda acentuada para 185 mil t em comparação com as 220 mil t de 2011/2012.
Devido à concentração da maior parte da safra brasileira no período de maio a
setembro.

Tabela 2. Maiores produtores de cacau do mundo (ICCO, 2011).

Países Produtores Produção safra 2009/2010 (ton.)

Costa do Marfim 1.242.000

Gana 632.000

Indonésia 550.000

Nigéria 240.000

Camarões 205.000

Brasil 161.000

Equador 160.000

Papua Nova Guiné 50.000

Tabela 3. Maiores estados produtores de sementes secas no Brasil, segundo IBGE (2012).

Estados Produtores Produção safra 2010/2011 (ton.)

Bahia 156.000

Pará 63.000

11
Rondônia 15.000

Espirito Santo 8.000

A Conab (2014) comunicou que o preço mínimo na região norte é de R$ 4,74 o


quilo da amêndoa de cacau cultivado com vigência desde 01 de julho de 2014 até 30
de junho de 2015.

3.3 Mercado local

Os municípios de Borba, Coari, Nova Olinda do Norte, Manicoré, Urucurituba e


Itacoatiara concentram a maior produção de cacau do Amazonas, com produção
atingindo 2.871 toneladas em 2012. Estes seis municípios concentram 62% do total da
produção de 4.606 toneladas do estado. Detêm 61% da área em produção de um total
de 12.920 hectares (SEPLAN, 2013).
As áreas manejadas de cacauais silvestres localizadas em várzeas dos rios
Amazonas e Madeira são aproximadamente 7.000 ha, envolvendo cerca de 3.500
produtores com produtividade média estimada de 450 kg de cacau seco/ha/ano.
As caractrerísticas orgânicas do cacau silvestre, associadas a seu caráter
preservacionista, têm sido levadas em consideração por nichos de consumidores que
apóiam a questão ambiental e que lutam pela preservação da Amazônia e, por isso
mesmo, é que várias empresas estrangeiras começam a se interessar pelo cacau
nativo que se desenvolve nas margens dos rios do estado do Amazonas. O cacau
produzido nas margens do Purus na região de Boca do Acre, por exemplo, já vem
sendo comercializado para a Alemanha.
A amêndoa do cacau é a principal matéria-prima no processo industrial para a
produção do chocolate. Outros subprodutos do cacau incluem sua polpa, suco, geleia,
destilados finos e sorvete (SEPLAN, 2013).

3.4 Oportunidades de Negócio

São inúmeras as possibilidades de produtos que pode se obter do cacau. O


processamento primário e a própria industrialização do cacau geram quantidades

12
apreciáveis de diversos subprodutos e resíduos potencialmente exploráveis que podem
representar fontes de renda consideráveis para o agricultor.
Cacau em amêndoas – É a própria semente da fruta, que depois de
fermentada, seca e torrada é chamada de amêndoa do cacau ou seja é a semente
seca.
Cacau líquor – Produto a partir da torragem das amêndoas, depois de retiradas
às cascas e impurezas, seguindo-se sua moagem e prensagem do produto moído sob
a torta ou pó.
Manteiga e torta de cacau – Produzido na indústria a partir da prensagem do
líquor, extraindo-se a manteiga, ficando a torta ou pó.
Chocolate – Fabricado a partir da mistura do líquor, ou da torta, com manteiga,
adicionando-se açúcar, leite e outros ingredientes, de acordo com a fórmula e padrão
do fabricante, apresentando-se sob a forma de chocolate em pó ou tabletes.
Mais de 90% do fruto maduro são constituídos de casca e polpa que ficam
disponíveis para uso na produção de energia (biogás), alimentos (geléias, sucos, etc.)
ou reciclagem de matéria orgânica no solo.
Aproveitamento do mel – material mucilaginoso que reveste as sementes do
cacau, e chega a representar de 35 a 37% do peso da semente fresca, perde-se em
grande parte sob a forma de líquido drenado da massa de cacau durante o processo
fermentativo. Esse líquido, denominado mel de cacau, é transparente, rico em açúcares
fermentáveis, e pode ser usado no fabrico de geléias, vinagre e na produção de
destilados.
Aproveitamento da polpa – obtida através do despolpamento parcial com 20 a
25% em relação ao peso das sementes frescas do cacau, possui maior teor de
materiais insolúveis em suspensão, o que lhe confere alta viscosidade, aspecto
pastoso e coloração branco-leitoso. É utilizada para preparo de sucos, sorvetes, doces,
etc.
Geleia de cacau – É o produto obtido por cocção até apresentar consistência
gelatinosa e certa elasticidade ao toque.

13
Destilado de mel de cacau – Por se tratar de um produto rico em açúcares
fermentescíveis – 12 a 16% - o mel de cacau pode ser empregado para a produção de
destilados (bebidas de finíssima qualidade).
Vinagre de mel de cacau- É o produto resultante da fermentação acética do
vinho ou outros líquidos contendo álcool etílico. Deve conter no mínimo de 4% de ácido
acético e no máximo 1,2% de álcool não transformado: não deve conter ácidos
estranhos, aromas, nem essências artificiais, substâncias tóxicas, conservantes ou
corantes.
Aproveitamento da casca do fruto – resíduo do cacau que normalmente não é
usado na propriedade, sendo deixado em montes a se deteriorar nas plantações,
podendo constituir em fontes de inócuos para a disseminação de doenças como a
podridão parda. É aproveitado para uso na alimentação animal e no preparo de
composto.

4 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO

4.1 Aspectos geográficos

O município de Rio Preto da Eva localiza-se na Mesorregião Centro


Amazonense e na 7ª. Sub-Região do Amazonas, tendo como limites os Municípios de
Itapiranga, Itacoatiara, Manaus e Presidente Figueiredo. A distância em linha reta,
entre Rio Preto da Eva e a capital do Estado é de 60 km. Por via terrestre, através da
rodovia AM-010 é de 80 km. O Município possui 5.813,20 km 2 de extensão territorial,
correspondente a (0,37%) da área total do Estado do Amazonas com precipitação
pluviométrica bem distribuída durante o ano todo (SEPLAN, 2012).

A área para implantação do projeto está localizada mais precisamente 2,5 km


adentro do ramal Manápolis, no assentamento do Iporá, localizado no km 128 da
rodovia AM-010, em terras dos municípios de Rio Preto da Eva e Itacoatiara (figura 1).
A figura 2 mostra uma representação e disposição dos seguimentos do
empreendimento.

14
A área total da propriedade é 100 ha onde 80% estão destinadas a reserva legal
(RL) e 20% constituída como área de uso (consolidada).

Figura 2. Imagem da propriedade.

15
Figura 2. Croqui do empreendimento.

4.2 Características edafoclimáticas

O cultivo será implantado em terreno plano, com declividade de 2,5% em toda a


extensão do terreno. Identificou-se a predominância de latossolo amarelo argiloso, no
qual a acidez e deficiência em nutrientes minerais podem ser corrigidas por meio de
calagem e adubação. O solo apresentou textura média, permeabilidade moderada, não
possui problemas com compactação, encharcamento e o terreno como um todo não é
pedregoso. A sua profundidade é de 1,3 m encontrando-se com características
favoráveis para o desenvolvimento do sistema radicular do cacaueiro. Desta forma, a
área apresenta potencial agricultável para cultivo de cacau.

O Amazonas apresenta clima quente e úmido, porém, com variação térmica e


hídrica, a qual está associada ao período chuvoso. Neste período, ocorre redução na
temperatura do ar, radiação solar, brilho solar e aumento na umidade do ar, ocorrendo

16
o oposto no período de menor pluviosidade. Apresenta temperaturas médias máximas
e mínimas anuais oscilando respectivamente entre 24°C e 27°C, 30°C e 32°C, e 18°C e
23°C, dependendo da localização nesta região, e os totais anuais de brilho solar variam
entre valores aproximados de 1.500 h e 2.600 h. A umidade relativa do ar oscila entre
67% e 90% e os totais pluviométricos anuais estão contidos entre 1.300mm e
3.000mm. A distribuição da chuva relacionada com a evapotranspiração de referência e
resultados de balanços hídricos definem para a região a ocorrência de quatro períodos
de chuva: 1 - chuvoso, variando de cinco a dez meses. 2 - estiagem, variando de um a
dois meses, 3 - seco, variando de zero a cinco meses 4 - transição, variando entre
zero e um mês (Embrapa, 2005). Período de chuva é compreendido entre novembro a
março e o de estiagem entre os meses de maio a setembro.

Os dados abaixo (Figura 3) mostram as temperaturas e precipitação da região


do Rio Preto da Eva.

Figura 3. Dados climatológicos representando média do período de 2000 e 2011. Fonte:


SOMAR Meteorologia.

17
5 CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS AO CULTIVO DE CACAU

5.1 Clima

De forma a se obter a melhor expressão genética da cultura, deve-se cultivar


esta espécie sob condições ótimas de solo e de clima, principalmente aos fatores
relacionados com o crescimento e desenvolvimento vegetal.
Por ser uma planta típica dos trópicos úmidos o cacaueiro deve ser cultivado em
regiões onde o clima apresenta variações relativamente pequenas durante o ano,
especialmente em termos de temperatura, radiação solar e comprimento do dia.
Pelo fato da precipitação pluvial, junto com a radiação global, ser o componente
mais importante do clima e de esta apresentar muita variabilidade é que a chuva se
constitui um dos principais fatores de risco para a cacauicultura regional. Por esse
motivo é que, para o estabelecimento de plantios de cacauais economicamente viáveis,
deve ser rigorosamente observado o regime das chuvas, principalmente em relação à
sua distribuição ao longo dos meses, nas áreas onde deverão ser instalados os
empreendimentos cacaueiros.
A precipitação ideal para o cacau deve apresentar um total anual acima de
1.250mm, bem distribuídos em todos os meses, com mínimas mensais de 100mm e
ausência de estação seca bem definida e intensa que apresente meses com menos de
60 mm de chuva. Por regra geral a quantidade ótima de chuva está entre 1.800 a
2.500mm ao ano. Os períodos secos com mais de três meses são prejudiciais.
A temperatura média anual é de 20 a 30 C. A alta temperatura aumenta o
número de emissões foliares, porém, a superfície média das folhas e sua longevidade
diminui. A floração é reduzida quando a temperatura média é inferior a 21 C e é
abundante quando a temperatura aumenta. Em períodos mais quentes a maturação
completa-se em 140 a 175 dias após a fecundação das flores, enquanto que durante os
meses com temperaturas mais amenas a maturação completa-se depois de 165 a 210
dias.
A temperatura pode influir sobre o crescimento do tronco, abertura das gemas e
dos botões florais, na qualidade da manteiga, na decomposição da matéria orgânica e,
mesmo no desenvolvimento de algumas enfermidades.

18
Outro componente climático que deve ser considerado é a velocidade do vento,
pois em localidades com ventos que apresentam velocidade superior a 2,5 m/s, é
recomendável a instalação de quebra ventos, para que seja reduzida a
evapotranspiração dos cacaueiros, a queima e queda das folhas, principalmente as
mais novas, que são sensíveis ao movimento do ar. Cacaueiros expostos a ventos
fortes crescem com as copas envassouradas e dificilmente atingem desenvolvimento
normal.

5.2 Solo

O solo deve apresentar uma profundidade mínima de 1 metro e 20 centímetros


sendo ideal em torno de 1 metro e 50 centímetros. Para o desenvolvimento normal do
sistema radicular do cacaueiro, o solo não deve conter concreções lateríticas em sua
parte superior, bem como não deve possuir camadas pedregosas e compactas no seu
perfil. Solos com impedimentos físicos dessa natureza dificultam o desenvolvimento
normal do sistema radicular do cacaueiro, provocando principalmente o atrofiamento da
raiz principal.
A fertilidade ideal é de média a alta. O cacaueiro desenvolve-se tanto em solos
muito ácidos (pH inferior a 5,0), quanto em solos muito alcalinos (pH superior a 8,0).
Sendo o pH ótimo o próximo a 6,5 ou 7,0.
Deve ser bem drenado e quando apresentar sinais de gleização, mosqueamento
ou possuir lençol freático próximo a superfície, deve ser recuperado através da
abertura de canais de drenagem. Sua textura deve permitir boa capacidade de
retenção de água (CEPLAC, 2012).

5.3 Sombreamento

O sombreamento não tem unicamente o papel de reter parte da luz solar.


Desempenha um papel mais importante ao modificar as condições de temperatura e
limitar a evapotranspiração. A princípio, o cacaueiro jovem requer um sombreamento
que permita a passagem de somente 25 - 50% de luz; porém quando as árvores
crescem e intervém o auto-sombreamento, diminuindo a intensidade luminosa média

19
recebida por unidade de superfície foliar sobre o conjunto da árvore, deve-se reduzir
progressivamente o sombreamento, até a passagem de 70% de luz.

A sombra constitui um seguro de vida para o capital investido na plantação. Ao


limitar as necessidades do cacaueiro, reduz os riscos e assegura regularidade na
produção que permite obter uma boa rentabilidade na exploração. Além de reduzir e
amenizar a insolação direta, o sombreamento também, reduz o movimento de ar, muito
prejudicial às folhas jovens e almofadas florais.

No Brasil adotam-se dois tipos de sombreamento bem definidos: o provisório e o


definitivo. O provisório é eliminado (desbastado) progressivamente, à medida que o
cacaueiro se desenvolve e se auto sombreia, permanecendo então apenas o definitivo.
Para o sombreamento provisório utilizam-se tradicionalmente variedades de bananeiras
(Musa sp.) altas. O sombreamento definitivo é feito em maior escala com espécies de
Erythrina (E. glauca, E. poeppigiana e E. velutina), Gliricidia spp., Freijó (Cordia
goeldiana), paricá (Schizolobium amazonicum) em terra firme.

6 IMPLANTAÇÃO DA LAVOURA
A implantação será feita na parte frontal da propriedade, apresentando 14 ha
(140.000 m2) de área total da lavoura, sendo dividido em três talhões de 4,67 ha
(46.700 m2) cada para melhor manejo do cultivo, colheita e possibilitando a passagem
de trator entre os talhões de 4 metros.

6.1 Espécies consorciadas com o cacau

As espécies em consórcio possibilitam o sombreamento na lavoura resultando no


melhor desenvolvimento das plantas de cacau e contribuindo para o aumento do lucro
pelos seus produtos comerciáveis.

Sombreamento provisório – para este tipo será utilizado a bananeira (Musa sp.),
tipo prata, possui porte alto (4 a 6 m). Os cachos pesam de 9 a 12 Kg e possuem, em
média, 7,5 pencas. Os frutos pesam em torno de 100 gramas e apresentam sabor
agridoce agradável. O Kg está em torno R$ 6,00 no mercado.

20
Sombreamento definitivo – para este, será utilizado o paricá.(Schizolobium
amazonicum). Pode chegar até 40 m de altura e 100 cm de DAP (diâmetro à altura do
peito) na idade adulta, com tronco reto. Tem 25 metros de comprimento de fuste. A
copa é galhosa com folhas grandes (60 a 150 cm de comprimento). A temperatura
média anual é 24,8º a 26,6º C. Os valores médios são de DAP de 11,6 cm, altura de
15,1 m e IMA (incremento médio anual) em volume de 32,5 m por ha/ano. Em cerca de
oito anos o paricá já atinge um diâmetro de 50 cm, a partir do qual o corte é legal. Sua
madeira é leve a moderadamente densa (0,30 g.cm -3 a 0,62 g.cm-3). Essa espécie é
bastante utilizada na produção de lâminas médias ou miolo de compensados,
brinquedos, caixotaria leve, portas e parquete, podendo até ser exportado. Tem
também potencial para lenha, celulose e papel, e medicinal. O metro cúbico do paricá
em pé estava sendo vendido em torno R$ 140 em 2012.

6.2 Preparo da área

Será realizada a supressão de 100% da vegetação, para facilitar a etapa de


balizamento e abertura das covas via mecânica (trator). Este procedimento consistirá
basicamente na eliminação da vegetação herbácea, arbustiva e, em seguida, da
derrubada das árvores. Optou-se por essa forma de preparo da área objetivando
vantagem e retorno econômico com outra cultura antes do cacaueiro entrar em
produção com a espécie de sombreamento provisório e posteriormente com a
definitiva.
Os procedimentos operacionais adotados para a etapa de limpeza da área são
os tradicionalmente usados:
Broca e derruba – esta operação visa eliminar plantas de menor porte, o que
facilita a derrubada e a formação de uma camada de galhos finos e secos, importante
para uma queimada uniforme. Estas atividades serão executadas na estação seca a
fim de se obter uma boa queimada.
Queima e encoivaramento – dois meses após a derrubada se faz se a queima.
Em seguida, processa-se o encoivaramento que consiste na retirada de galhos e
troncos finos que não foram eliminados pelo fogo. Esse material é empilhado e ateado
fogo novamente.

21
Destocamento e gradagem– após a queima será feito o destocamento com uso
de trator de rodas dotado de lâmina e a gradagem com trator de rodas, acoplado com
grade de disco dentado.

6.3 Balizamento

O balizamento será realizado decorridos 30 a 90 dias após o preparo da aérea,


no espaçamento 3 x 3m para o cacau e banana e 15 x 15 para o paricá, devendo
encontrar-se dentro de uma simetria aceitável.

Figura 4. Croqui da área de plantio.

22
Tabela 4. Plano do número de plantas na lavoura.

Cacaueiro Bananeira Paricá


Espaçamento 3x3 3 x3 15 x 15
N° de plantas/hectare 1.111,11 1.111,11 44,44
N° de plantas por talhão (4,67
5.188,88 5.188,88 207,55
ha)
N° de plantas em 14 hectares 15.555,55 15.555,55 622,22
A lavoura terá o total de 31.733,32 plantas em 14 hectares.

6.4 Cultivar de cacau

Na lavoura de cacau será utilizado o clone CEPEC 2008 recomendado pela


CEPLAC.

Tabela 5. Caracteres de interesse no clone de cacau.

Características CEPEC 2008


Resistência à prodridão parda (P. palmivora) MR
Resistência à podridrão parda (P. citrophtora) MR
Resistência à podridrão parda (P. capsici) MR
MR – Moderadamente resistente.

6.5 Plantio

O plantio dos cacaueiros será feito logo em seguida ao balizamento e quatro


meses após o plantio do sombreamento provisório e definitivo que deverá coincidir com
o período chuvoso.
O plantio de cacau será feito com mudas que tenham idade de quatro a seis
meses, e as outras espécies que farão parte da lavoura também serão adquiridas de
fornecedores idôneos.
Observando cuidados no momento do plantio para não desfazer o torrão,
colocando-as na cova de modo que o nível superior do torrão fique no mesmo plano da
superfície do solo. Para isso, coloca-se a terra no fundo da cova até que se consiga a
altura ideal e depois se completa com o enchimento dos lados, sempre fazendo ligeira

23
pressão no solo. Recomenda-se deixar um montículo ao redor do caule e nunca uma
depressão.

A dimensão das covas deverá ter o dimensionamento de 40x40x40 cm, tanto


para o cacau como para as espécies de sombreamento provisório e permanente e será
feito por meio de trator. Em cada cova do cacaueiro aplicar 4 kg de adubo orgânico e
160 g de micronutrientes (60 g de P2O5 + 100 g de FTE-BR8). Em cada cova da
bananeira aplicar 30g de Terracur como tratamento preventivo contra o moleque da
bananeira (Cosmopolites sordidus Germar) e adubar com 500 g de superfosfato
simples com 10 a 20 litros de esterco de gado curtido e 10 g de ácido bórico. Em cada
cova do paricá, aplicar 50 g de NPK na formulação de 15-25-12.

6.6 Uso de fertilizantes

As recomendações serão realizadas com base na análise de solo que será


realizada a partir de uma amostragem da área de plantio.
Deve-se seguir as recomendações de adubação mais recentes e atualizadas
existente na literatura para região amazônica (CEPLAC, 1989).

Tabela 6. Recomendações de adubação para o cacaueiro na Amazônia.


Época Quantidade Kg/ha N P K Ca Mg
1 ano 200 30 90 60 102 -
2 ano 300 30 90 60 160 -
3 ano 530 30 90 30 127 42
Fonte: CEPLAC (1989)
Para a bananeira aplicar 125 g de superfosfato triplo, 750 g de cloreto de
potássio, 5 g de ácido bórico em 3 vezes, e 400 g de uréia, em 4 vezes por planta/ano.
E no paricá, aplicar 130 g/planta de NPK na formulação de 15-25-12, 60 dias após o
plantio. Os fertilizantes serão aplicados em uma faixa de 20 a 30 cm em torno do caule.
6.7 Manejo da lavoura

A roçagem na lavoura deve ser feita quatro vezes por ano, diminuindo-se à
medida que a lavoura se desenvolve. Com o tempo, o "mulch" que se forma com a
queda das folhas e a sombra das copas impedem o desenvolvimento de espécies
daninhas.

24
Cacaueiro - Não é recomendada a poda do cacaueiro até o 4 ano de idade,
somente se houver galhos secos ou infectados, para promover o rejuvenescimento das
plantas através de lançamentos novos. Daí por diante, mantê-las equilibradas com
ramos produtivos apenas através de desbrotas (ramos ladrões). Estas devem ser feitas
durante o ano todo.
Bananeira – Deve-se realizar a desfolha que consiste em eliminar as folhas
secas ou dobradas, ou mesmo aquelas que estejam encostadas nos frutos. O corte é
feito de baixo para cima, rente ao pseudocaule. Dependendo da altura da planta, são
usados: faca, facão ou foice com cabo longo. Após a abertura de todas as flores, deve-
se eliminar o “coração”, quebrando ou cortando-o 15 cm abaixo da última penca, sendo
realizada a cada 15 dias. Enquanto a altura da planta permitir, usar as próprias mãos
para eliminar o coração, caso contrário usar podão desinfetando sempre a ferramenta
com uma solução de hipoclorito de sódio a 2%. No momento desta operação também
se realiza o ensacamento do cacho; procedimento que promove aumenta na
velocidade de crescimento dos frutos, evita o ataque de pragas, melhora a aparência e
qualidade da fruta. Deve-se realizar o escoramento (escora de madeira na altura da
roseta foliar da planta) objetivando evitar a perda de cachos por quebra ou tombamento
da planta.
Paricá – Após dois anos do plantio deve-se realizar desbaste para permitir o
crescimento em diâmetro das árvores. A partir do terceiro ano, recomenda-se o
desbaste de plantas com má formação, bifurcação ou atacadas por pragas e doenças.
Em relação ao sombreamento recomenda-se que durante o primeiro ano de
plantio manter as bananeiras livres de entouceiramento (no máximo de três plantas) e
folhas secas. No inicio do período chuvoso (10 a 12 meses após o plantio) eliminar
fileiras alternadas de bananeira, deixando se um espaçamento de 3x6 metros. No final
do segundo ano, inicio do período chuvoso, eliminar uma fileira de bananeiras
cruzadas, ficando o espaçamento de 6x6 metros. No final do terceiro ano ampliar o
espaçamento para 12x12 metros. Durante o quarto ano, retirar todo o sombreamento
provisório.

25
6.8 Tratos fitossanitários

Cacaueiro - Fungo (Crinipellis perniciosa), causador da doença conhecida por


“vassoura-de-bruxa”; ataca ramos, brotos, almofadas florais, frutos; controla-se com
remoção de todos os tecidos infectados pela doença devendo cortar 12-20 cm abaixo
do local de infecção e colocar em sacos plásticos grandes, transportando para longe do
plantio e queimar. A antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) que ataca folhas
novas podendo ocorrer a queda das folhas e morte regressiva dos ramos, controla-se
com pulverizações quinzenais de dithane M 45 ou fungineb PS + adesivo. E a podridão
parda (Phytophthora spp.) que ataca os frutos, ainda podendo utilizar as amêndoas; os
frutos secos e infectados devem ser removidos, amontoados e tratados com fungicidas
cúpricos + espalhante adesivo.
Bananeira – para os nematoides, aplicar ICB NUTRISOLO Paecilomyces, 300
ml/ha uma vez por ano ou de acordo com a necessidade. Para a broca do rizoma, fazer
iscas do tipo telha, aplicar Beauveria bassiana nas iscas. Para lagartas, pulverizar com
inseticida biológico. Para tripes, aplicar provado 5 ml/20 L direcionado ao cacho. Para a
sigatoka, pulverizar oléo mineral (aminoagro, 4 litros/100 L de água mais fungicida) no
ínicio da maanhã ou final da tarde com intervalo de 30 dias no período chuvoso. Para
o mal-do-panamá, aplicar ICB NUTRISOLO Trichoderma, 50 ml/ha a cada 60 dias.
Paricá - A principal praga do paricá é a broca-dos-troncos ou mosca-da-madeira
(Rhaphiorhynchus sp.) e a broca dos ponteiros (Acanthoderes sp.), inviabilizam a
industrialização da madeira por causar galerias no tronco; controla-se derrubando a
árvore e queimando; para matar as larvas pode-se aplicar uma pasta de fosfina nos
orifícios de ataque. O fungo Phyllachora schizolobiicola ssp. schizolobiicola, causa
lesões nos folíolos produzidas por um tipo de crosta de cor escura, a qual quando toma
100% da área foliar causa o amarelecimento e a queda dos folíolos, provocando
desequilíbrio fisiológico na planta, pode-se aplicar preventivamente fungicidas a base
de benomil, na dosagem de 1 g do produto comercial/litro de água, alternado com
produtos a base de cobre, na dosagem de 3 g do produto comercial/litro de água.

26
7 COLHEITA

7.1 Cacau

Inicia-se a partir do 2º ano. Do 2º ao 4º ano, os frutos podem ser colhidos


praticamente durante o ano todo. A partir do 5º ano, as colheitas são feitas em dois
períodos: safra (novembro a fevereiro) e temporão (abril a agosto).

Os frutos são colhidos entre o quinto e o sexto mês após a fecundação. Não se
deve colher frutos verdes e verdoengos, pois eles ainda não atingiram o estágio ideal
de maturação, suas sementes têm menor peso, menor teor de açúcar, o que
compromete o processo de fermentação e prejudica a qualidade do produto final com
resultado negativo na sua classificação. A colheita é feita com podão, facão ou tesoura
de poda, o qual corta o pedúnculo sem ferir a almofada floral. Devendo fazer no
período máximo de três semanas. Terminada a colheita, deve-se fazer a contagem dos
frutos, reunindo-os em pequenos montes.

Os frutos colhidos podem ser recolhidos do chão com auxílio de uma haste que
tem na ponta uma pinça de metal, ou com qualquer outro tipo de apanhador que seja
eficiente e possa contribuir para proteção do trabalhador. Estes devem ser conduzidos
até o local escolhido para a realização da quebra e colocados em rumas também
conhecidas como bandeiras. Formar rumas separadas com cacau exclusivamente
maduros, sadios e livres de qualquer defeito aparente (CEPLAC, 2012).

Se, durante o embandeiramento, for encontrado fruto sobre maduro, verdoengo


ou danificado pela ação de qualquer agente externo, deverá ser colocado em rumas
separadas e proceder todos os demais atos de quebra e fermentação, de forma
separada. O cacau colhido deve permanecer em descanso em torno de 3 dias, em
local adequado, para não ocorrer nenhum dano ao fruto. Este descanso é necessário
para que haja a concentração dos açúcares e outros compostos que são importantes
para a fermentação.

A produtividade do 1° ao 2° ano é em cerca de 900 kg de amêndoas/ha, do 3°


ao 6° é de 1.000, e a partir do 7º ano, 1.200 a 1.500 Kg/ha.

27
7.2 Banana

A colheita ocorre do 11° ao 14° mês após o plantio. É feita por 2 operários,
sendo que o primeiro segura o cacho pela sua extremidade (lado do coração),
enquanto o outro corta o pedúnculo ou engaço. Nas plantas mais altas, faz-se um corte
transversal no pseudocaule, pouco acima da sua metade e do mesmo lado do cacho,
de modo a promover uma queda suave, possibilitando ao segundo operador aparar o
cacho sobre um colchonete de espuma, evitando lesões nas bananas. O cacho é
transportado até o galpão de embalagem por carreta de trator (forradas com espuma
em toda área do assoalho e nas laterais, evitando injúrias aos frutos) ou aos veículos
de transporte.
Para o embalamento, os cachos são dispostos lado a lado para em seguida
serem despencados. Uma pessoa apoia o cacho enquanto outra realiza o
despencamento (utilizando-se facas curvas apropriadas); as pencas fora de padrão são
descartadas e as outras são lavadas em um tanque contendo 50 g de sulfato de
alumínio/100 l de água, produto este que remove e precipita a sika (leite). Durante o
processo de lavagem, as pencas podem ser divididas em buquês em função da
demanda pelo mercado consumidor.
Após a lavagem, os buquês ou pencas são colocados em caixas para proteção
contra escoriações. Podem ser utilizadas caixas de papelão, de madeira ou de plástico
fabricadas especificamente para frutos. Em todos os casos, as dimensões são de 52 x
39 x 24,5 cm (comprimento x largura x altura), com capacidade para aproximadamente
18 kg de frutos. E depois comercializadas.
O rendimento (t/ha/ciclo) esperado é de 13-15, com 35 no 2º ano e 30 no 3º.

8 BENEFICIAMENTO DO CACAU – AMÊNDOAS

O beneficiamento do cacau tem como objetivo oferecer ao mercado consumidor,


amêndoas de cacau de excelente qualidade, que apresente teor de umidade de no
máximo 8% (oito por cento), livre de agentes contaminantes físicos, biológicos e
químicos, com boa apresentação externa e aroma natural, classificando como tipo I.

28
8.1 Etapas do beneficiamento
São cinco as etapas do beneficiamento (colheita, quebra, fermentação, secagem
e armazenamento) e estas se apresentam de forma bem definidas e diferenciadas.
Todas as etapas são de igual importância, sendo cada uma responsável pelo bom
resultado da etapa seguinte. Quando realizadas corretamente, resulta na eliminação de
perdas, redução dos custos, excelente qualidade e ganho de peso do cacau seco com
consequente aumento da lucratividade.

Quebra

Depois do período de descanso, inicia-se a quebra do cacau, que é feita partindo


o fruto em sentido transversal, utilizando-se de uma lâmina de metal conhecida como
bodôco ou cutelo, que é um instrumento sem corte (cego), com aproximadamente trinta
centímetros de comprimento. Ao promover o corte da casca, redobrar os cuidados para
evitar acidentes. As sementes são separadas da casca e puxadas para dentro de um
vasilhame de madeira denominado caixa, utilizado para acondicionar o cacau mole.
Após a quebra, as sementes devem ser transportadas para o cocho de fermentação no
mesmo dia. Não misturar sementes no cocho de quebra de dias diferentes.

Fermentação
É uma das fases mais importantes do beneficiamento do cacau, é feita no cocho
de fermentação. Ela é fundamental na formação dos precursores do sabor e aroma do
chocolate. Para se fermentar bem é preciso que as etapas anteriores, ou seja, a
colheita e a quebra tenham sido executadas com eficiência.
As sementes do cacau mole devem ser conduzidas para cochos instalados em
locais cobertos, protegidos dos ventos, afastados das paredes e do piso, no mínimo,
quinze centímetros, proporcionando assim uma temperatura constante durante a
fermentação, evitando o resfriamento das paredes e o excesso de corrente de ar. Os
cochos devem ser construídos preferencialmente com madeira, em dimensões que
variam de acordo com a produção, e com, no mínimo, duas divisórias para facilitar o
revolvimento da massa de cacau.
A fermentação se processa em cochos de madeira com as seguintes
especificações: Largura - 1,20 m; altura - 1,00 m; comprimento - variável; divisões

29
móveis de metro em metro; drenos - furos no fundo de 10 mm de diâmetro e
espaçados de 15 em 15 cm. Em geral 1 m 3 de cocho suporta 1 tonelada de cacau
mole. A massa deve ser colocada nas divisões até a altura de 75 - 90 cm, tendo o
cuidado de cobri-la com folhas de bananeira, sacos de juta ou lonas. Evitar cobrir com
sacos plásticos. A finalidade da cobertura da massa é evitar a perda de calor e o
ressecamento das amêndoas da superfície.
Para o cocho, usar madeira que não fermente, não desprenda odores, resista à
umidade e que não tenha nenhuma restrição legal. Para o escoamento do mel de
cacau durante o processo de fermentação, o cocho deve ter no seu lastro orifícios
medindo de seis a dez milímetros de diâmetros no máximo, com espaçamento de
quinze em quinze centímetros, visando facilitar a drenagem do mel de cacau e
promover uma boa aeração da massa de cacau. O fundo do cocho pode ser também
construído com ripas de cinco centímetros de largura e espaçamento entre ripas de
cinco milímetros. Este espaço é suficiente para passagem da lâmina do facão no
processo de limpeza do cocho.
Nos cochos deve ficar sempre uma das divisões vazia para fazer o revolvimento
da massa que se processa no seguinte esquema:

1 revolvimento - 24 horas após a entrada da massa no cocho;

2 revolvimento - 24 horas após o 1 revolvimento;

3 revolvimento - 48 horas após o 2 revolvimento.

Para o revolvimento das amêndoas no cocho de fermentação precisa-se de uma


pá de madeira esse revolvimento faz com que as amêndoas que estavam na parte de
cima passem para o fundo do cocho isso mantém a massa sempre nivelada.

O tempo conveniente para a permanência da massa no cocho é de 3 - 6 dias e


qualquer alteração neste período pode acarretar na obtenção de produto parcial ou
excessivamente fermentado, caracterizado pelo aparecimento de gostos estranhos,
como o de presunto.

Secagem

30
Após a fermentação, as amêndoas devem ser levadas para a barcaça, balcões,
estufas ou qualquer outra instalação adequada, para passarem pelo processo de
secagem.

A massa de cacau, após o processo de fermentação, apresenta ainda uma


elevada retenção de água, em torno de 60% de teor de umidade, que no processo de
secagem deve ser reduzido para 7% a 8% de umidade. Além da redução do teor de
umidade das amêndoas, a secagem também é importante por proporcionar a
continuidade das mudanças químicas das amêndoas iniciadas na fermentação, como:
redução da acidez, menos adstringência e potencialização da liberação dos
componentes responsáveis pelo sabor e aroma característico do chocolate. A secagem
deve ser iniciada imediatamente após a fermentação.

Esta etapa do beneficiamento do cacau é responsável pela eliminação do


excesso de água das amêndoas já fermentadas, reduzindo esta umidade para 7 a 8 %,
como também proporciona a continuidade das mudanças químicas das amêndoas
contribuindo para aumentar o sabor e aroma característico do chocolate. O meio mais
adequado para se reduzir a umidade das amêndoas ao patamar ideal de 7% a 8%, é
utilizando o sistema de secagem natural (lona). Neste sistema, o sol e outros
fenômenos naturais como os ventos é quem promove a secagem. A massa de cacau é
espalhada na lona em camada não superior a 5 cm, fazendo-se revolvimentos de 30
em 30 minutos nos primeiros dias. Durante a noite dos primeiros dias deve- se juntar as
amêndoas em montículos, a fim de reduzir a superfície de exposição das amêndoas
em contato com o ar, evitando-se assim a proliferação do mofo branco externo. A
secagem se completará entre 6 - 10 dias, a depender das condições de insolação.

Armazenamento

Um armazém para cacau deve obedecer os seguintes requisitos: Ser construído


em local seco; ter eixo maior orientado no sentido nascente-poente; as janelas de
arejamento devem estar voltadas para a direção dos ventos dominantes e serem
protegidos com telas de malha fina, evitando a entrada de insetos; ficar afastado o
quanto possível das outras construções; as fundações devem ser sólidas e com
camada impermeabilizante na parte superior para evitar infiltrações nas paredes na

31
época chuvosa; deve ser construído de modo a não deixar frestas ou outros pontos de
acesso a roedores. O armazém será alocado distante de qualquer galpão.

Para a manipulação do produto a granel com vistas ao posterior ensacamento, o


armazém deve ter um ou dois cantos revestidos de madeira, ocupando 15 a 20% do
piso e as paredes adjacentes até 1,5 a 2,0 metros de altura, também forradas de
madeira. Se o piso for de cimento, haverá necessidade de empilhar sacos sobre
estrados de madeira. As janelas de arejamento deverão estar sempre abertas em dias
ensolarados, no período de 9 às 16 horas. Durante a noite deverão ser fechadas.

Para conservar o cacau seco por mais tempo é recomendável usar uma
cobertura plástica sobre os sacos, para evitar a reabsorção da umidade ambiental e/ou
embalar o cacau beneficiado em sacos plásticos e posteriormente ensacar em sacos
de juta ou similar.

O cacau destinado a exportação deverá ser acondicionado exclusivamente em


sacos novos, limpos, resistentes, bem costurados e contendo um peso líquido de 60 kg
de amêndoas.

9 BENEFICIAMENTO DO CACAU – POLPA


O objetivo do presente perfil é sistematizar e trabalhar um conjunto de
informações que permita ao investidor potencial analisar a oportunidade de
implantação de uma unidade industrial produtora de polpas de cacau, cuja composição
deverá variar de acordo com a disponibilidade física, preços das matérias-primas e
características da demanda.

9.1 Condicionamento local


Uma unidade industrial para produção de polpa de cacau depende do
fornecimento de frutas frescas, devendo assim, ser localizada próxima dos centros
fornecedores, evitando a deterioração das frutas ocasionadas pelo transporte. Outro
aspecto importante quanto à localização se refere ao transporte do produto acabado.
Deve ser um local de fácil acesso. A disponibilidade de energia elétrica, com

32
fornecimento estável também é importante, assim como o acesso á água e mão-de-
obra qualificada.

9.2 Processo produtivo


A polpa de fruta (também conhecido como purê de frutas) é obtida pelo
esmagamento das partes comestíveis. Segundo as normas técnicas para produção de
polpas, néctares e sucos de frutas, aprovadas pela Câmara Técnica de Alimentos do
Ministério da Saúde, (Resolução 12/78), o produto deverá ser preparado com frutas
sadias, limpas, isentas de matéria ferrosa, de parasitas e de outros detritos animais e
vegetais. Não deverá conter fragmentos das partes não comestíveis da fruta, nem
substâncias estranhas à sua composição normal. É tolerada a adição de sacarose na
proporção declarada no rótulo, de acordo com as Normas Técnicas.

9.3 Descrição do processo

33
Figura 5. Fluxograma de beneficiamento de polpa de cacau.

Recebimento da matéria-prima/pesagem: Esta operação determina o rendimento


industrial bem como facilita o controle da produção, custos e faturamento. As balanças
utilizadas devem ser constantemente auferidas para garantir a sua precisão.
Lavagem: O processo de lavagem das frutas usualmente consiste na lavagem
por imersão, consistindo na imersão das frutas em tanque de água limpa e clorada por
30 minutos. O nível de cloração da água deve ser determinado pelo tipo de
equipamento utilizado, definindo o tempo de contato entre as frutas e a água de

34
lavagem. Os tanques devem ser de aço inoxidável, cimento liso ou de material não
absorvente, é importante consultar a secretaria de saúde de seu município para
verificar se existe legislação pertinente que indique o tipo de tanque a ser utilizado.
Seleção: O processo de seleção visa escolher a matéria prima ideal, que não
são muito verdes ou estragadas (muito maduras, machucadas pelo transporte, etc.),
garantindo que a matéria prima utilizada seja relativamente padronizada. Normalmente
o processo de seleção é feito em mesas ou correias transportadoras, em locais bem
iluminados.
Descascamento: Alguns tipos de frutas precisam ter sua casca retirada antes da
etapa de desintegração. O descascamento pode ser feito por diversos métodos:
Manual - Através do uso de facas ou cortadores de aço inoxidável.
Mecânico - Pode ser feito pelo corte da pele feito por cortadores que se adaptam
à forma da fruta; ou raspagem através de contato com disco abrasivo que, ao girar, faz
a raspagem da pele da fruta.
Desintegração/Corte: Alguns tipos de frutas requerem a desintegração ou corte
para facilitar a extração da polpa. A despolpadeira prevista neste projeto processa
qualquer tipo de fruta.
Despolpamento: Nesta etapa, separa-se a polpa do material fibroso, além de se
reduzir o tamanho das partículas. A mesma despolpadeira serve para o despolpamento
das sementes.
Embalagem: Consiste no acondicionamento do suco em saquinhos de
polietileno (normalmente de 100 gramas de capacidade) que são posteriormente
selados.
Congelamento: Para a quantidade a ser produzida prevista neste projeto,
aconselha-se que o congelamento da polpa de fruta seja feito diretamente na Câmara
Frigorífica, utilizando as bandejas que serão acondicionadas em prateleira dentro da
própria câmara.
Armazenamento e Transporte: O material congelado deve ser armazenado em
câmaras frigoríficas modulada com capacidade para 30m 3. Deve-s levar em
consideração que o tempo de armazenamento pode comprometer a qualidade do
produto, especialmente se ocorrerem flutuações na corrente elétrica ou má utilização

35
do equipamento. Deve-se ter em vista que a qualidade da polpa está na manutenção
de seu estado congelado (-20º c), assim a questão do transporte até o cliente é crítico,
devendo a mercadoria ser transportada em veículo com acondicionamento térmico.

9.4 Planta baixa da unidade de beneficiamento

Figura 6. Planta baixa da unidade de beneficiamento.

10 PADRONIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
As normas que especificam os padrões para amêndoas de cacau são
regulamentadas pelo Conselho Nacional de Comercio Exterior (CONCEX), de acordo
com as exigências do mercado internacional.

36
A Resolução de nº 161 de 20 de Setembro de 1988 aprova as especificações da
padronização do cacau em amêndoas, visando a sua classificação e fiscalização na
exportação. Todo cacau em amêndoa destinado à exportação deverá estar amparado
por Certificado de Classificação, obrigatório por ocasião do desembaraço aduaneiro. À
comercialização destes produtores visam tanto o mercado interno quanto o externo.

11 PLANEJAMENTO

11.1 Lavoura

As incursões realizadas na lavoura serão repetidas quando houver necessidade.


Será sempre adotado medidas de controle para as pragas permanentes e realizado
análise de nutrientes disponíveis na área.

Tabela 7. Cronograma de execução e custos.

PREÇO TÉRM
FASE UNID. QUANTIDADE TOTAL INÍC.
R$ .
Preparo da área
Broca e derruba 15,00 d/p 120 1.800,00 Abri Abri
Queima e
15,00 d/p 120 1.800,00 Jun Jun
encoivaramento
Destoca e gradagem 90,00 h/t 72 6.400,00 Jun Jun
Balizamento 15,00 d/p 120 1.800,00 Ago Ago
Plantio
Abertura de covas 90,00 h/t 72 6.400,00 Ago Ago
Coroamento e
15,00 d/p 120 1.800,00 Ago Ago
Adubação
1° ANO

Plantio de
15,00 d/p 120 1.800,00 Set Set
bananeiras e paricás
Plantio de cacaueiros 15,00 d/p 120 1.800,00 Dez Dez
Aplicação de
15,00 d/p 120 1.800,00 Fev Ago
fertilizante (4 x)
Manejo
Roçagem (4x) 15,00 d/p 120 1.800,00 Fev Ago
Replantio (se
necessário) e retirada
15,00 d/p 60 900,00 Dez Dez
de touceiras na
bananeira.
Desbrota e desfolha 15,00 d/p 90 1.350,00 Maio Dez

37
Eliminação de sombra
15,00 d/p 90 1.350,00 Fev Mar
provisória
Tratamento
15,00 d/p 90 1.350,00 Fev Dez
fitossanitário
Custo total: 32.150,00
Roçagem (3x) 15,00 d/p 120 1.800,00 Fev Ago
Tratamento
15,00 d/p 90 1.350,00 Jan Dez
fitossanitário
2° ANO

Desbaste, poda e
desfolha e eliminação 15,00 d/p 120 1.800,00 Set Dez
de sombra
Aplicação de
15,00 d/p 120 1.800,00 Jun Jun
fertilizante (4 x)
Custo total: 6.750,00
Roçagem (2x) 15,00 d/p 120 1.800,00 Fev Ago
Tratamento
15,00 d/p 90 1.350,00 Jan Dez
fitossanitário
Desbaste, poda e
desfolha e eliminação 15,00 d/p 90 1.350,00 Set Dez
3° ANO

de sombra
Eliminação do
coração, ensacamento 15,00 d/p 90 1.350,00 Agos Set
e escoramento
Aplicação de
15,00 d/p 90 1.350,00 Jun Jun
fertilizante (4 x)
Colheita do cacau 15,00 d/p 120 1.800,00 Jan Dez
Colheita da banana 15,00 d/p 120 1.800,00 Set Out
Custo total: 10.800,00
Tratamento
15,00 d/p 60 900,00 Jan Dez
fitossanitário
4° ANO

Eliminação total de
15,00 d/p 60 900,00 Dez Dez
sombra provisória
Aplicação de
15,00 d/p 60 900,00 Jun Jun
fertilizante (4 x)
Colheita do cacau 15,00 d/p 120 1.800,00 Jan Dez
Custo total: 4.500,00
Tratamento
15,00 d/p 60 900,00 Jan Dez
fitossanitário
5° ANO

Desbaste 15,00 d/p 60 900,00 Set Dez


Colheita do cacau 15,00 d/p 120 1.800,00 Jan Dez
Aplicação de
15,00 d/p 60 900,00 Jun Jun
fertilizante (4 x)
Custo total: 4.500,00

38
A previsão é que a partir do 5° ano o custo anual de manutenção da lavoura se
mantenha na faixa de 4.500,00 reais. E no 8° ano, será incluso o custo de retirada
mecânica das plantas de paricá para comercialização.

Tabela 8. Equipamentos e custo.

PREÇO R$ CUSTO TIPO DE


EQUIPAMENTO QUANTIDADE
(UN) TOTAL CUSTO
Muda de cacau 0,75 15.555,55 11.666,66 Fixo*
Muda de banana 1,00 15,555,55 15.555,55 Fixo*
Muda de paricá 1,50 622,22 933,33 Fixo*
Podão 18,00 50 900,00 Fixo*
Tesoura de poda 14,00 30 420,00 Fixo*
Trena 14,00 15 210,00 Fixo*
Pulverizador
140,00 20 2.800,00 Fixo*
costal elétrico
Hipoclorito de
1,50 100,00 150,00 Variável**
sódio
Saco para
floração da 2,00 140.000,00 280.000,00 Variável**
banana
CUSTO FINAL: 312.635,54
*Fixo: custo somente no momento da aquisição dos materiais, bens duráveis.
**Variável: custo anual, o valor do bem no mercado pode mudar, e a quantidade de
utilização necessária na lavoura pode mudar.

11.2 Beneficiamento
Tabela 9. Equipamentos, instalações e custos no beneficiamento das amêndoas de cacau.

PREÇO R$ CUSTO TIPO DE


EQUIPAMENTO QUANTIDADE
(UN) TOTAL CUSTO
Faca cutelo 11,00 20 220,00 Fixo*
Saco de juta 20,00 100 2.000,00 Variável**
Galpão de descanso e
- 1 8.000,00 Fixo*
quebra
Galpão de fermentação - 1 15.000,00 Fixo*
Galpão de secagem - 1 15.000,00 Fixo*

39
Galpão de
- 1 15.000,00 Fixo*
armazenamento
CUSTO FINAL: 55.220,00
*Fixo: custo somente no momento da aquisição dos materiais, bens duráveis.
**Variável: custo anual, o valor do bem no mercado pode mudar, e a quantidade de
utilização necessária na lavoura pode mudar.

Tabela 10. Equipamentos, instalações e custos no beneficiamento da polpa de cacau.

PREÇO R$ CUSTO TIPO DE


EQUIPAMENTO QUANTIDADE
(UN) TOTAL CUSTO
Tanque de alvenaria
azulejado ou de aço 3.900,00 1 3.900,00 Fixo*
inoxidável (500 L)
Mesas para seleção (em
aço inoxidável) (1,90 x 580,00 1 580,00 Fixo*
0,70 m)
Mesas para preparo (em
aço inoxidável) (1,90 x 580,00 1 580,00 Fixo*
0,70 m)
Mesa para a polpa
580,00 1 580,00 Fixo*
embalada (1,90 x 0,70 m)
Balança (50 Kg) 800,00 1 800,00 Fixo*
Desintegrador ou
liqüidificador industrial
1.200,00 1 1.200,00 Fixo*
(em aço inoxidável) (15
L)
Despolpadeira (em aço Fixo*
4.000,00 1 4.000,00
inoxidável)
Dosadora ou envasadora Fixo*
11.000,00 1 11.000,00
(em aço inoxidável)
Termosseladora ou
máquina para fechar Fixo*
2.300,00 1 2.300,00
sacos de plástico (a
quente)
Câmara para Fixo*
congelamento ou freezer 15.000,00 1 15.000,00
(3 x 2,20 m)
Lixeira 100,00 4 400,00 Fixo*
Agroindústria - 1 80.000,00 Fixo*
CUSTO FINAL: 120.340,00

40
*Fixo: custo somente no momento da aquisição dos materiais, bens duráveis.
**Variável: custo anual, o valor do bem no mercado pode mudar, e a quantidade de
utilização necessária na lavoura pode mudar.

12 ANÁLISE ECONÔMICA FINANCEIRA


Estimativa da produtividade da lavoura

Para a estimativa da produtividade do cacau, será utilizado como base para os


cálculos os seguintes valores: 80 frutos/planta/ano; peso do fruto 1.300 gramas (1,3
kg); a polpa é 25% do fruto (325 gramas ou 0,325 kg); 900 kg de amêndoas/ha no 1° e
2° ano; 1.000 kg de amêndoas/ha no 3° ao 6° ano; e 1.500 kg de amêndoas/ha a partir
do 7° ano. Para a banana o rendimento (t/ha) esperado é de 15 no 1° ano, com 35 no
2º e 30 no 3º. No 5° ano se tem 1m3, em cerca de oito anos o paricá já atinge um
diâmetro de 50 cm, cujo corte é legal, e tem 1,6m3.

Tabela 11. Estimativa da produtividade da lavoura (14 ha) por ano.

PRODUTIVIDADE CACAU (kg)


ANO
Polpa Amêndoa
1° e 2° ano 520.000 16.200
3°, 4°, 5° e 6° ano 520.000 18.000
A partir do 7° ano 520.000 27.000
ANO PRODUTIVIDADE BANANA (kg)
1° ano 270.000
2° ano 630.000
3° ano 540.000
ANO PRODUTIVIDADE PARICÁ (m3)
8° ano 1.280

Custo fixo, variável e total de produção

Tabela 12. Custo do empreendimento.

Tipo de custo Lavoura Beneficiamento Total


Fixo 44.860,00 173.560,00 218.420,00
Variável 280.150,00 2.000,00 282.150,00
Total 325.010,00 175.560,00 500.570,00
A estimativa do custo total do empreendimento será de 500.570,00 reais.

41
Renda bruta

Tabela 13. Renda bruta do empreendimento.

PREÇO CACAU (R$)


ANO PERÍODO
Polpa (6,00/kg) Amêndoa (4,74/kg)
1° e 2° ano 3.120.000,00 76.788,00 3.196.788,00
3°, 4°, 5° e 6° ano 3.120.000,00 85.320,00 3.205.320,00
A partir do 7° ano 3.120.000,00 127.980 3.247.980,00
ANO PREÇO BANANA (3,00/kg)
1° ano 810.000,00 810.000,00
2° ano 1.890.000,00 1.890.000,00
3° ano 1.620.000,00 1.620.000,00
ANO PREÇO PARICÁ (140,00/m3)
8° ano 179.200,00 179.200,00

A renda bruta total do empreendimento no 1° ano será de 4.006.788,00 reais, no


2° será 5.086.788,00, no 3° será 4.825.320,00, no 4° ao 6° será de 3.205.320,00, no 7°
será de 3.247.980,00 e no 8° será 3.427.180,00. A renda bruta total do
empreendimento em 8 anos será de 30.210.016,00 reais.

Margem bruta (MB = RB – CV)

Tabela 14. Margem bruta do empreendimento por ano.

ANO MARGEM BRUTA


1° 3.724.638,00
2° 4.804.638,00
3° 4.543.170,00
4° 2.923.170,00
5° 2.923.170,00
6° 2.923.170,00
7° 2.965.830,00
8° 3.145.030,00
Em 8 anos 29.927.866,00

Lucro ou margem líquida (L = RB – CT)


Tabela 15. Lucro do empreendimento por ano.

ANO LUCRO
1° 3.788.368,00
2° 4.868.368,00
3° 4.606.900,00
4° 2.986.900,00
5° 2.986.900,00

42
6° 2.986.900,00
7° 3.029.560,00
8° 3.208.760,00
Em 8 anos 29.991.596,00

13 FONTE DE FINANCIAMENTO
A instituição financiadora será o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDS) que apresenta os seguintes critérios para financiamento:
O financiamento do BNDES pode ser utilizado para:
– construir, ampliar ou reformar/modernizar uma loja, galpão, armazém, fábrica,
depósito, escritório, etc;
– adquirir máquinas ou equipamentos, inclusive implementos agrícolas novos,
desde que fabricados no Brasil;
– produzir bens e serviços para exportação;
– realizar benfeitorias em sua propriedade rural;
– adquirir caminhão; e
– adquirir bens de produção.
PRODEFRUTA – Programa de Desenvolvimento da Fruticultura
O que financia: investimentos fixos e semifixos relacionados com: - implantação ou
melhoramento de espécies de frutas; - atividades de substituição de copas de
cajueiros, de novos plantios (em sequeiro e irrigado) e de produção de mudas, desde
que sejam utilizadas variedades de cajueiro-anão precoce, e de implantação de
unidades de processamento de castanha e de pedúnculo;
- projeto técnico específico da lavoura cacaueira, elaborado pela Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), como necessários à recuperação
de áreas degradadas e à enxertia, recomposição do stand e melhorias em infra-
estrutura, assim entendidas como construção e recuperação de barcaças, secadores,
casa-de-fermentação, resfriadores, armazéns e depósitos;
- instalação de unidade agroindustrial para beneficiamento e transformação de
frutas em chocolates, sucos, vinhos, geléias, licores, vinagres, doces e outros;

43
- instalação, ampliação e modernização de unidades armazenadoras e de
sistemas de preparo, limpeza, padronização e acondicionamento de frutas e seus
derivados.
Vigência: 30.06.2017
Taxa de juros: 8,75% a.a.
Quanto o BNDES pode financiar: até 100%, sendo por cliente até R$
200.000,00, e até R$ 600.000,00 para empreendimentos coletivos.
Prazo total: até 96 meses, incluída a carência de até 36 meses.
Garantias: negociadas entre a instituição financeira credenciada e o cliente.

14 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto segue os requisitos técnicos e econômicos para uma implantação de


lavoura de cacau, tais como as normas adequadas para instalação da agroindústria do
mesmo seguimento, a fim de beneficiar a matéria prima com promoção de uma cadeia
produtiva adequada as condições do cacau, juntamente com os estudos de mercado e
a potencialidade que o cultivo tem para o município de Rio Preto da Eva que fica a uma
distancia de 80 km por meio da AM – 010. O local de implantação está bem localizado
facilitando a logística de produção e o escoamento dos produtos para o mercado
consumidor que está cada vez mais demandando o produto em questão.

44
15 REFERÊNCIAS

MENDES, F. A. T.; LIMA, E. L. Perfil Agroindustrial do Processamento de Amêndoas


de Cacau em Pequena Escala no Estado do Pará. Belém: SEBRAE/PA, 2007.
ALVARENGA, P; AMAROLI, P.; CÁCERES, J.; EGUIZÁBAL, C.; FERNÁNDEZ, J. A.;
FOWLER, W.; LAURIA, A.; FUENTES, H. L.; MELHADO, O. E.; PANAMENO e
WALTER, K. História de El Salvador. El Salvador: Ministério de Educación; Centro
América. 249 p. p. 49-52, 1994.
CAMPOS, A. X; MORAIS, F. I; PEREIRA, G. C. Efeito de fertilizantes no crescimento e
produção do cacaueiro. Informe Técnico, CEPLAC/CEPEC. p.336, 1982.
COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA – CEPLAC.
Melhoria da Qualidade de Cacau. Ilhéus. CEPLAC/CENEX. 45p. 2012.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. COMUNICADO
CONAB/MOC N.º 017. 2014.
SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO – SEPLAN. Condensado de Informações Sobre os Municípios do Estado
do Amazonas - 6 ed. Atual. Manaus: SEPLAN, 2012.
SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO – SEPLAN. Atlas do setor primário no Amazonas. Manaus: SEPLAN,
2013.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa. Sistema de Produção da
Pimenteira-do-reino. Sistemas de produção 01. Embrapa Amazônia Oriental. 2005.
Endereço:
<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pimenta/PimenteiradoRein
o/paginas/clima.htm>. Acesso: 8 de maio de 2016.
<http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/13_09_13_14_55_32_perspectiv
as_da_agropecuaria_2013.pdf>. Acesso: 8 de maio de 2016.

45
46

Você também pode gostar