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Manaus – Amazonas
2016
Projeto de implantação de 14 ha de lavoura e agroindústria de
beneficiamento primário (amêndoa e polpa) de cacau
Técnicos Responsáveis:
Manaus – Amazonas
2016
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APRESENTAÇÃO
O cenário agropecuário brasileiro é um dos setores da economia que ao longo dos anos
mais sofreu grandes transformações. Essas mudanças pressupõem que para ser um produtor
rural não basta simplesmente ter determinação, força e terra disponível para plantar. O uso de
tecnologia e planejamento associado ao conhecimento técnico é indispensável para a
viabilidade das atividades agrícolas e a produção de riquezas.
O uso desses recursos é indispensável para que o agricultor não só possa produzir com
segurança e competividade, mas principalmente, lhe possibilite manter a viabilidade e
sustentabilidade econômica de sua atividade agropecuária.
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Sumário
1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 6
2 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7
3 ESTUDO DE MERCADO .................................................................................................... 8
3.1 Mercado internacional.................................................................................................. 8
3.2 Mercado nacional .......................................................................................................11
3.3 Mercado local .............................................................................................................12
3.4 Oportunidades de Negócio .........................................................................................12
4 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO ...............................................................................................14
4.1 Aspectos geográficos..................................................................................................14
4.2 Características edafoclimáticas...................................................................................16
5 CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS AO CULTIVO DE CACAU .........................................18
5.1 Clima ..........................................................................................................................18
5.2 Solo ............................................................................................................................19
5.3 Sombreamento ...........................................................................................................19
6 IMPLANTAÇÃO DA LAVOURA .........................................................................................20
6.1 Espécies consorciadas com o cacau ..........................................................................20
6.2 Preparo da área ..........................................................................................................21
6.3 Balizamento ................................................................................................................22
6.4 Cultivar de cacau ........................................................................................................23
6.5 Plantio.........................................................................................................................23
6.6 Uso de fertilizantes .....................................................................................................24
6.7 Manejo da lavoura ......................................................................................................24
6.8 Tratos fitossanitários ...................................................................................................26
7 COLHEITA .........................................................................................................................27
7.1 Cacau .........................................................................................................................27
7.2 Banana .......................................................................................................................28
8 BENEFICIAMENTO DO CACAU – AMÊNDOAS ...............................................................28
8.1 Etapas do beneficiamento...........................................................................................29
9 BENEFICIAMENTO DO CACAU – POLPA ........................................................................32
9.1 Condicionamento local................................................................................................32
9.2 Processo produtivo .....................................................................................................33
4
9.3 Descrição do processo ...............................................................................................33
9.4 Planta baixa da unidade de beneficiamento ................................................................36
10 PADRONIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO ....................................................................36
11 PLANEJAMENTO ..........................................................................................................37
11.1 Lavoura.......................................................................................................................37
11.2 Beneficiamento ...........................................................................................................39
12 ANÁLISE ECONÔMICA FINANCEIRA ...........................................................................41
13 FONTE DE FINANCIAMENTO .......................................................................................43
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................44
15 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................45
5
1 JUSTIFICATIVA
Possibilidade de escoamento;
6
2 INTRODUÇÃO
7
3 ESTUDO DE MERCADO
8
1,5% (estima-se uma moagem de 4,008 milhões de toneladas). Esse crescimento da
demanda será impulsionado por duas condições: i) um crescente gosto asiático
(aumento do consumo) para produtos de chocolate, tais como bebidas e sorvetes com
base no cacau em pó; e ii) uma reversão, em fase de execução, para baixo, dos
estoques de manteiga de cacau. “Estoques de manteiga de cacau, que foram
esgotados nos últimos dois anos, precisam ser repostos, enquanto a busca para o
cacau em pó na Ásia continua a crescer” (ICCO, 2011).
Desde que iniciou o Ano Agrícola Internacional (AAI) do cacau em outubro de
2012 até o último dia útil de fevereiro de 2013, a taxa de crescimento do preço do
cacau na bolsa de Nova Iorque é negativa e na ordem de 0,15%; já a taxa de câmbio
US$/R$ tem variado pouco, mostrando, também, uma taxa de crescimento negativa de
0,03%. No que se refere ao preço na bolsa a informação mais relevante, converge
entre a maioria dos analistas deste mercado, dizem que não existem motivos plausíveis
nesse ambiente para que os preços assumam essa tendência.
Deste modo, para a safra mundial 2013/14, de outubro, é estimado um déficit de
119 mil toneladas, de acordo com a Macquarie Group Ltda. Na Costa do Marfim,
principal produtor mundial de cacau, as chuvas nas áreas de cultivo estão 25% abaixo
do normal, o que deve provocar queda na safra deste país para pouco mais de 1,4
milhão de toneladas. Diante de fatores climáticos como este, estima-se queda na
produção mundial de 1,2%, a maior queda dos últimos 4 anos, alcançando cerca de
3,94 milhões de toneladas. Assim, os cenários para a safra mundial 2013/14 apontam
para preços melhores que os alcançados em 2012, ou seja, acima dos US$ 2.500,00 a
tonelada da amêndoa na Bolsa de Nova Iorque.
As mais importantes processadoras mundiais de cacau têm destacado seus
líderes para vir ao Brasil, informado das suas preocupações quanto à necessidade de
matéria prima para os próximos anos. Mais de uma delas já mencionaram o mesmo
volume de um milhão de toneladas de amêndoas, as quais eles não sabem de onde
virão, pois os atuais plantios não permitem vislumbrar que esse montante esteja
presente no futuro mais imediato. Apresentam-se, inclusive, como doadoras de
recursos financeiros para incentivar novos plantios.
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Segundo CEPLAC (2012), no Brasil o consumo aparente de chocolate sob todas
as formas tem aumentado significativamente, de 404 mil toneladas em 2006, fechou o
ano de 2011 com 691 mil toneladas e, nosso saldo da balança comercial para essa
atividade tem gerado resultados positivos, na ordem de US$ 41 milhões.
Nos últimos 10 anos o consumo de chocolate no Brasil cresceu, em média, 10%
ao ano. Além disso, o país tem uma das maiores taxas de acréscimo de consumo de
chocolate per capita no mundo. Pesquisas recentes apontam que o consumo interno
passou de 0,2 kg por ano em 2002 para 1,3 kg por ano em 2010. Porém, este valor
ainda está bem distante de países como Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suíça, Reino
Unido e Romênia, onde o consumo per capita chega a ser superior a 9 kg por ano.
Deste modo, o que se vê é um mercado ainda em tendência de expansão no Brasil e
em muitos outros países, onde há uma inclusão das classes mais baixas no mercado
consumidor destes produtos. Diante de todo este cenário, mesmo com a queda nas
moagens brasileiras no primeiro semestre de 2013, o que se espera para a safra
brasileira 2013/14, que se iniciou em maio e vai até abril de 2014, é uma melhora nos
preços do cacau. Esta pressão altista tem como dois fatores fundamentais a alta do
dólar e a previsão de queda na produção nacional, que deve ficar em torno de 200 mil
toneladas, ou seja, número abaixo da capacidade de moagem do país.
Nesse contexto, o mercado é complexo, onde ainda será informado oficialmente
o preço de aquisição do cacau. É corrente entre os interessados do setor produtivo que
o referido preço que está sendo pago é de R$ 153,00 por arroba, enquanto que o preço
médio na região cacaueira da Bahia é de R$ 150,00 por arroba.
O que não se pode perder de vista é que esse mercado quer: quantidade,
qualidade e regularidade. Para esses três quesitos os produtores, comprovadamente,
reúnem competência. As dificuldades que, por ventura surgem em suas trajetórias de
trabalho são, solucionadas. O que não se tem hoje (em termos gerais) é o requisito da
organização, quer seja da produção, quer seja dos produtores, sendo essa última muito
mais grave.
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3.2 Mercado nacional
Gana 632.000
Indonésia 550.000
Nigéria 240.000
Camarões 205.000
Brasil 161.000
Equador 160.000
Tabela 3. Maiores estados produtores de sementes secas no Brasil, segundo IBGE (2012).
Bahia 156.000
Pará 63.000
11
Rondônia 15.000
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apreciáveis de diversos subprodutos e resíduos potencialmente exploráveis que podem
representar fontes de renda consideráveis para o agricultor.
Cacau em amêndoas – É a própria semente da fruta, que depois de
fermentada, seca e torrada é chamada de amêndoa do cacau ou seja é a semente
seca.
Cacau líquor – Produto a partir da torragem das amêndoas, depois de retiradas
às cascas e impurezas, seguindo-se sua moagem e prensagem do produto moído sob
a torta ou pó.
Manteiga e torta de cacau – Produzido na indústria a partir da prensagem do
líquor, extraindo-se a manteiga, ficando a torta ou pó.
Chocolate – Fabricado a partir da mistura do líquor, ou da torta, com manteiga,
adicionando-se açúcar, leite e outros ingredientes, de acordo com a fórmula e padrão
do fabricante, apresentando-se sob a forma de chocolate em pó ou tabletes.
Mais de 90% do fruto maduro são constituídos de casca e polpa que ficam
disponíveis para uso na produção de energia (biogás), alimentos (geléias, sucos, etc.)
ou reciclagem de matéria orgânica no solo.
Aproveitamento do mel – material mucilaginoso que reveste as sementes do
cacau, e chega a representar de 35 a 37% do peso da semente fresca, perde-se em
grande parte sob a forma de líquido drenado da massa de cacau durante o processo
fermentativo. Esse líquido, denominado mel de cacau, é transparente, rico em açúcares
fermentáveis, e pode ser usado no fabrico de geléias, vinagre e na produção de
destilados.
Aproveitamento da polpa – obtida através do despolpamento parcial com 20 a
25% em relação ao peso das sementes frescas do cacau, possui maior teor de
materiais insolúveis em suspensão, o que lhe confere alta viscosidade, aspecto
pastoso e coloração branco-leitoso. É utilizada para preparo de sucos, sorvetes, doces,
etc.
Geleia de cacau – É o produto obtido por cocção até apresentar consistência
gelatinosa e certa elasticidade ao toque.
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Destilado de mel de cacau – Por se tratar de um produto rico em açúcares
fermentescíveis – 12 a 16% - o mel de cacau pode ser empregado para a produção de
destilados (bebidas de finíssima qualidade).
Vinagre de mel de cacau- É o produto resultante da fermentação acética do
vinho ou outros líquidos contendo álcool etílico. Deve conter no mínimo de 4% de ácido
acético e no máximo 1,2% de álcool não transformado: não deve conter ácidos
estranhos, aromas, nem essências artificiais, substâncias tóxicas, conservantes ou
corantes.
Aproveitamento da casca do fruto – resíduo do cacau que normalmente não é
usado na propriedade, sendo deixado em montes a se deteriorar nas plantações,
podendo constituir em fontes de inócuos para a disseminação de doenças como a
podridão parda. É aproveitado para uso na alimentação animal e no preparo de
composto.
4 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO
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A área total da propriedade é 100 ha onde 80% estão destinadas a reserva legal
(RL) e 20% constituída como área de uso (consolidada).
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Figura 2. Croqui do empreendimento.
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o oposto no período de menor pluviosidade. Apresenta temperaturas médias máximas
e mínimas anuais oscilando respectivamente entre 24°C e 27°C, 30°C e 32°C, e 18°C e
23°C, dependendo da localização nesta região, e os totais anuais de brilho solar variam
entre valores aproximados de 1.500 h e 2.600 h. A umidade relativa do ar oscila entre
67% e 90% e os totais pluviométricos anuais estão contidos entre 1.300mm e
3.000mm. A distribuição da chuva relacionada com a evapotranspiração de referência e
resultados de balanços hídricos definem para a região a ocorrência de quatro períodos
de chuva: 1 - chuvoso, variando de cinco a dez meses. 2 - estiagem, variando de um a
dois meses, 3 - seco, variando de zero a cinco meses 4 - transição, variando entre
zero e um mês (Embrapa, 2005). Período de chuva é compreendido entre novembro a
março e o de estiagem entre os meses de maio a setembro.
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5 CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS AO CULTIVO DE CACAU
5.1 Clima
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Outro componente climático que deve ser considerado é a velocidade do vento,
pois em localidades com ventos que apresentam velocidade superior a 2,5 m/s, é
recomendável a instalação de quebra ventos, para que seja reduzida a
evapotranspiração dos cacaueiros, a queima e queda das folhas, principalmente as
mais novas, que são sensíveis ao movimento do ar. Cacaueiros expostos a ventos
fortes crescem com as copas envassouradas e dificilmente atingem desenvolvimento
normal.
5.2 Solo
5.3 Sombreamento
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recebida por unidade de superfície foliar sobre o conjunto da árvore, deve-se reduzir
progressivamente o sombreamento, até a passagem de 70% de luz.
6 IMPLANTAÇÃO DA LAVOURA
A implantação será feita na parte frontal da propriedade, apresentando 14 ha
(140.000 m2) de área total da lavoura, sendo dividido em três talhões de 4,67 ha
(46.700 m2) cada para melhor manejo do cultivo, colheita e possibilitando a passagem
de trator entre os talhões de 4 metros.
Sombreamento provisório – para este tipo será utilizado a bananeira (Musa sp.),
tipo prata, possui porte alto (4 a 6 m). Os cachos pesam de 9 a 12 Kg e possuem, em
média, 7,5 pencas. Os frutos pesam em torno de 100 gramas e apresentam sabor
agridoce agradável. O Kg está em torno R$ 6,00 no mercado.
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Sombreamento definitivo – para este, será utilizado o paricá.(Schizolobium
amazonicum). Pode chegar até 40 m de altura e 100 cm de DAP (diâmetro à altura do
peito) na idade adulta, com tronco reto. Tem 25 metros de comprimento de fuste. A
copa é galhosa com folhas grandes (60 a 150 cm de comprimento). A temperatura
média anual é 24,8º a 26,6º C. Os valores médios são de DAP de 11,6 cm, altura de
15,1 m e IMA (incremento médio anual) em volume de 32,5 m por ha/ano. Em cerca de
oito anos o paricá já atinge um diâmetro de 50 cm, a partir do qual o corte é legal. Sua
madeira é leve a moderadamente densa (0,30 g.cm -3 a 0,62 g.cm-3). Essa espécie é
bastante utilizada na produção de lâminas médias ou miolo de compensados,
brinquedos, caixotaria leve, portas e parquete, podendo até ser exportado. Tem
também potencial para lenha, celulose e papel, e medicinal. O metro cúbico do paricá
em pé estava sendo vendido em torno R$ 140 em 2012.
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Destocamento e gradagem– após a queima será feito o destocamento com uso
de trator de rodas dotado de lâmina e a gradagem com trator de rodas, acoplado com
grade de disco dentado.
6.3 Balizamento
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Tabela 4. Plano do número de plantas na lavoura.
6.5 Plantio
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pressão no solo. Recomenda-se deixar um montículo ao redor do caule e nunca uma
depressão.
A roçagem na lavoura deve ser feita quatro vezes por ano, diminuindo-se à
medida que a lavoura se desenvolve. Com o tempo, o "mulch" que se forma com a
queda das folhas e a sombra das copas impedem o desenvolvimento de espécies
daninhas.
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Cacaueiro - Não é recomendada a poda do cacaueiro até o 4 ano de idade,
somente se houver galhos secos ou infectados, para promover o rejuvenescimento das
plantas através de lançamentos novos. Daí por diante, mantê-las equilibradas com
ramos produtivos apenas através de desbrotas (ramos ladrões). Estas devem ser feitas
durante o ano todo.
Bananeira – Deve-se realizar a desfolha que consiste em eliminar as folhas
secas ou dobradas, ou mesmo aquelas que estejam encostadas nos frutos. O corte é
feito de baixo para cima, rente ao pseudocaule. Dependendo da altura da planta, são
usados: faca, facão ou foice com cabo longo. Após a abertura de todas as flores, deve-
se eliminar o “coração”, quebrando ou cortando-o 15 cm abaixo da última penca, sendo
realizada a cada 15 dias. Enquanto a altura da planta permitir, usar as próprias mãos
para eliminar o coração, caso contrário usar podão desinfetando sempre a ferramenta
com uma solução de hipoclorito de sódio a 2%. No momento desta operação também
se realiza o ensacamento do cacho; procedimento que promove aumenta na
velocidade de crescimento dos frutos, evita o ataque de pragas, melhora a aparência e
qualidade da fruta. Deve-se realizar o escoramento (escora de madeira na altura da
roseta foliar da planta) objetivando evitar a perda de cachos por quebra ou tombamento
da planta.
Paricá – Após dois anos do plantio deve-se realizar desbaste para permitir o
crescimento em diâmetro das árvores. A partir do terceiro ano, recomenda-se o
desbaste de plantas com má formação, bifurcação ou atacadas por pragas e doenças.
Em relação ao sombreamento recomenda-se que durante o primeiro ano de
plantio manter as bananeiras livres de entouceiramento (no máximo de três plantas) e
folhas secas. No inicio do período chuvoso (10 a 12 meses após o plantio) eliminar
fileiras alternadas de bananeira, deixando se um espaçamento de 3x6 metros. No final
do segundo ano, inicio do período chuvoso, eliminar uma fileira de bananeiras
cruzadas, ficando o espaçamento de 6x6 metros. No final do terceiro ano ampliar o
espaçamento para 12x12 metros. Durante o quarto ano, retirar todo o sombreamento
provisório.
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6.8 Tratos fitossanitários
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7 COLHEITA
7.1 Cacau
Os frutos são colhidos entre o quinto e o sexto mês após a fecundação. Não se
deve colher frutos verdes e verdoengos, pois eles ainda não atingiram o estágio ideal
de maturação, suas sementes têm menor peso, menor teor de açúcar, o que
compromete o processo de fermentação e prejudica a qualidade do produto final com
resultado negativo na sua classificação. A colheita é feita com podão, facão ou tesoura
de poda, o qual corta o pedúnculo sem ferir a almofada floral. Devendo fazer no
período máximo de três semanas. Terminada a colheita, deve-se fazer a contagem dos
frutos, reunindo-os em pequenos montes.
Os frutos colhidos podem ser recolhidos do chão com auxílio de uma haste que
tem na ponta uma pinça de metal, ou com qualquer outro tipo de apanhador que seja
eficiente e possa contribuir para proteção do trabalhador. Estes devem ser conduzidos
até o local escolhido para a realização da quebra e colocados em rumas também
conhecidas como bandeiras. Formar rumas separadas com cacau exclusivamente
maduros, sadios e livres de qualquer defeito aparente (CEPLAC, 2012).
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7.2 Banana
A colheita ocorre do 11° ao 14° mês após o plantio. É feita por 2 operários,
sendo que o primeiro segura o cacho pela sua extremidade (lado do coração),
enquanto o outro corta o pedúnculo ou engaço. Nas plantas mais altas, faz-se um corte
transversal no pseudocaule, pouco acima da sua metade e do mesmo lado do cacho,
de modo a promover uma queda suave, possibilitando ao segundo operador aparar o
cacho sobre um colchonete de espuma, evitando lesões nas bananas. O cacho é
transportado até o galpão de embalagem por carreta de trator (forradas com espuma
em toda área do assoalho e nas laterais, evitando injúrias aos frutos) ou aos veículos
de transporte.
Para o embalamento, os cachos são dispostos lado a lado para em seguida
serem despencados. Uma pessoa apoia o cacho enquanto outra realiza o
despencamento (utilizando-se facas curvas apropriadas); as pencas fora de padrão são
descartadas e as outras são lavadas em um tanque contendo 50 g de sulfato de
alumínio/100 l de água, produto este que remove e precipita a sika (leite). Durante o
processo de lavagem, as pencas podem ser divididas em buquês em função da
demanda pelo mercado consumidor.
Após a lavagem, os buquês ou pencas são colocados em caixas para proteção
contra escoriações. Podem ser utilizadas caixas de papelão, de madeira ou de plástico
fabricadas especificamente para frutos. Em todos os casos, as dimensões são de 52 x
39 x 24,5 cm (comprimento x largura x altura), com capacidade para aproximadamente
18 kg de frutos. E depois comercializadas.
O rendimento (t/ha/ciclo) esperado é de 13-15, com 35 no 2º ano e 30 no 3º.
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8.1 Etapas do beneficiamento
São cinco as etapas do beneficiamento (colheita, quebra, fermentação, secagem
e armazenamento) e estas se apresentam de forma bem definidas e diferenciadas.
Todas as etapas são de igual importância, sendo cada uma responsável pelo bom
resultado da etapa seguinte. Quando realizadas corretamente, resulta na eliminação de
perdas, redução dos custos, excelente qualidade e ganho de peso do cacau seco com
consequente aumento da lucratividade.
Quebra
Fermentação
É uma das fases mais importantes do beneficiamento do cacau, é feita no cocho
de fermentação. Ela é fundamental na formação dos precursores do sabor e aroma do
chocolate. Para se fermentar bem é preciso que as etapas anteriores, ou seja, a
colheita e a quebra tenham sido executadas com eficiência.
As sementes do cacau mole devem ser conduzidas para cochos instalados em
locais cobertos, protegidos dos ventos, afastados das paredes e do piso, no mínimo,
quinze centímetros, proporcionando assim uma temperatura constante durante a
fermentação, evitando o resfriamento das paredes e o excesso de corrente de ar. Os
cochos devem ser construídos preferencialmente com madeira, em dimensões que
variam de acordo com a produção, e com, no mínimo, duas divisórias para facilitar o
revolvimento da massa de cacau.
A fermentação se processa em cochos de madeira com as seguintes
especificações: Largura - 1,20 m; altura - 1,00 m; comprimento - variável; divisões
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móveis de metro em metro; drenos - furos no fundo de 10 mm de diâmetro e
espaçados de 15 em 15 cm. Em geral 1 m 3 de cocho suporta 1 tonelada de cacau
mole. A massa deve ser colocada nas divisões até a altura de 75 - 90 cm, tendo o
cuidado de cobri-la com folhas de bananeira, sacos de juta ou lonas. Evitar cobrir com
sacos plásticos. A finalidade da cobertura da massa é evitar a perda de calor e o
ressecamento das amêndoas da superfície.
Para o cocho, usar madeira que não fermente, não desprenda odores, resista à
umidade e que não tenha nenhuma restrição legal. Para o escoamento do mel de
cacau durante o processo de fermentação, o cocho deve ter no seu lastro orifícios
medindo de seis a dez milímetros de diâmetros no máximo, com espaçamento de
quinze em quinze centímetros, visando facilitar a drenagem do mel de cacau e
promover uma boa aeração da massa de cacau. O fundo do cocho pode ser também
construído com ripas de cinco centímetros de largura e espaçamento entre ripas de
cinco milímetros. Este espaço é suficiente para passagem da lâmina do facão no
processo de limpeza do cocho.
Nos cochos deve ficar sempre uma das divisões vazia para fazer o revolvimento
da massa que se processa no seguinte esquema:
Secagem
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Após a fermentação, as amêndoas devem ser levadas para a barcaça, balcões,
estufas ou qualquer outra instalação adequada, para passarem pelo processo de
secagem.
Armazenamento
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época chuvosa; deve ser construído de modo a não deixar frestas ou outros pontos de
acesso a roedores. O armazém será alocado distante de qualquer galpão.
Para conservar o cacau seco por mais tempo é recomendável usar uma
cobertura plástica sobre os sacos, para evitar a reabsorção da umidade ambiental e/ou
embalar o cacau beneficiado em sacos plásticos e posteriormente ensacar em sacos
de juta ou similar.
32
fornecimento estável também é importante, assim como o acesso á água e mão-de-
obra qualificada.
33
Figura 5. Fluxograma de beneficiamento de polpa de cacau.
34
lavagem. Os tanques devem ser de aço inoxidável, cimento liso ou de material não
absorvente, é importante consultar a secretaria de saúde de seu município para
verificar se existe legislação pertinente que indique o tipo de tanque a ser utilizado.
Seleção: O processo de seleção visa escolher a matéria prima ideal, que não
são muito verdes ou estragadas (muito maduras, machucadas pelo transporte, etc.),
garantindo que a matéria prima utilizada seja relativamente padronizada. Normalmente
o processo de seleção é feito em mesas ou correias transportadoras, em locais bem
iluminados.
Descascamento: Alguns tipos de frutas precisam ter sua casca retirada antes da
etapa de desintegração. O descascamento pode ser feito por diversos métodos:
Manual - Através do uso de facas ou cortadores de aço inoxidável.
Mecânico - Pode ser feito pelo corte da pele feito por cortadores que se adaptam
à forma da fruta; ou raspagem através de contato com disco abrasivo que, ao girar, faz
a raspagem da pele da fruta.
Desintegração/Corte: Alguns tipos de frutas requerem a desintegração ou corte
para facilitar a extração da polpa. A despolpadeira prevista neste projeto processa
qualquer tipo de fruta.
Despolpamento: Nesta etapa, separa-se a polpa do material fibroso, além de se
reduzir o tamanho das partículas. A mesma despolpadeira serve para o despolpamento
das sementes.
Embalagem: Consiste no acondicionamento do suco em saquinhos de
polietileno (normalmente de 100 gramas de capacidade) que são posteriormente
selados.
Congelamento: Para a quantidade a ser produzida prevista neste projeto,
aconselha-se que o congelamento da polpa de fruta seja feito diretamente na Câmara
Frigorífica, utilizando as bandejas que serão acondicionadas em prateleira dentro da
própria câmara.
Armazenamento e Transporte: O material congelado deve ser armazenado em
câmaras frigoríficas modulada com capacidade para 30m 3. Deve-s levar em
consideração que o tempo de armazenamento pode comprometer a qualidade do
produto, especialmente se ocorrerem flutuações na corrente elétrica ou má utilização
35
do equipamento. Deve-se ter em vista que a qualidade da polpa está na manutenção
de seu estado congelado (-20º c), assim a questão do transporte até o cliente é crítico,
devendo a mercadoria ser transportada em veículo com acondicionamento térmico.
10 PADRONIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
As normas que especificam os padrões para amêndoas de cacau são
regulamentadas pelo Conselho Nacional de Comercio Exterior (CONCEX), de acordo
com as exigências do mercado internacional.
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A Resolução de nº 161 de 20 de Setembro de 1988 aprova as especificações da
padronização do cacau em amêndoas, visando a sua classificação e fiscalização na
exportação. Todo cacau em amêndoa destinado à exportação deverá estar amparado
por Certificado de Classificação, obrigatório por ocasião do desembaraço aduaneiro. À
comercialização destes produtores visam tanto o mercado interno quanto o externo.
11 PLANEJAMENTO
11.1 Lavoura
PREÇO TÉRM
FASE UNID. QUANTIDADE TOTAL INÍC.
R$ .
Preparo da área
Broca e derruba 15,00 d/p 120 1.800,00 Abri Abri
Queima e
15,00 d/p 120 1.800,00 Jun Jun
encoivaramento
Destoca e gradagem 90,00 h/t 72 6.400,00 Jun Jun
Balizamento 15,00 d/p 120 1.800,00 Ago Ago
Plantio
Abertura de covas 90,00 h/t 72 6.400,00 Ago Ago
Coroamento e
15,00 d/p 120 1.800,00 Ago Ago
Adubação
1° ANO
Plantio de
15,00 d/p 120 1.800,00 Set Set
bananeiras e paricás
Plantio de cacaueiros 15,00 d/p 120 1.800,00 Dez Dez
Aplicação de
15,00 d/p 120 1.800,00 Fev Ago
fertilizante (4 x)
Manejo
Roçagem (4x) 15,00 d/p 120 1.800,00 Fev Ago
Replantio (se
necessário) e retirada
15,00 d/p 60 900,00 Dez Dez
de touceiras na
bananeira.
Desbrota e desfolha 15,00 d/p 90 1.350,00 Maio Dez
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Eliminação de sombra
15,00 d/p 90 1.350,00 Fev Mar
provisória
Tratamento
15,00 d/p 90 1.350,00 Fev Dez
fitossanitário
Custo total: 32.150,00
Roçagem (3x) 15,00 d/p 120 1.800,00 Fev Ago
Tratamento
15,00 d/p 90 1.350,00 Jan Dez
fitossanitário
2° ANO
Desbaste, poda e
desfolha e eliminação 15,00 d/p 120 1.800,00 Set Dez
de sombra
Aplicação de
15,00 d/p 120 1.800,00 Jun Jun
fertilizante (4 x)
Custo total: 6.750,00
Roçagem (2x) 15,00 d/p 120 1.800,00 Fev Ago
Tratamento
15,00 d/p 90 1.350,00 Jan Dez
fitossanitário
Desbaste, poda e
desfolha e eliminação 15,00 d/p 90 1.350,00 Set Dez
3° ANO
de sombra
Eliminação do
coração, ensacamento 15,00 d/p 90 1.350,00 Agos Set
e escoramento
Aplicação de
15,00 d/p 90 1.350,00 Jun Jun
fertilizante (4 x)
Colheita do cacau 15,00 d/p 120 1.800,00 Jan Dez
Colheita da banana 15,00 d/p 120 1.800,00 Set Out
Custo total: 10.800,00
Tratamento
15,00 d/p 60 900,00 Jan Dez
fitossanitário
4° ANO
Eliminação total de
15,00 d/p 60 900,00 Dez Dez
sombra provisória
Aplicação de
15,00 d/p 60 900,00 Jun Jun
fertilizante (4 x)
Colheita do cacau 15,00 d/p 120 1.800,00 Jan Dez
Custo total: 4.500,00
Tratamento
15,00 d/p 60 900,00 Jan Dez
fitossanitário
5° ANO
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A previsão é que a partir do 5° ano o custo anual de manutenção da lavoura se
mantenha na faixa de 4.500,00 reais. E no 8° ano, será incluso o custo de retirada
mecânica das plantas de paricá para comercialização.
11.2 Beneficiamento
Tabela 9. Equipamentos, instalações e custos no beneficiamento das amêndoas de cacau.
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Galpão de
- 1 15.000,00 Fixo*
armazenamento
CUSTO FINAL: 55.220,00
*Fixo: custo somente no momento da aquisição dos materiais, bens duráveis.
**Variável: custo anual, o valor do bem no mercado pode mudar, e a quantidade de
utilização necessária na lavoura pode mudar.
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*Fixo: custo somente no momento da aquisição dos materiais, bens duráveis.
**Variável: custo anual, o valor do bem no mercado pode mudar, e a quantidade de
utilização necessária na lavoura pode mudar.
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Renda bruta
ANO LUCRO
1° 3.788.368,00
2° 4.868.368,00
3° 4.606.900,00
4° 2.986.900,00
5° 2.986.900,00
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6° 2.986.900,00
7° 3.029.560,00
8° 3.208.760,00
Em 8 anos 29.991.596,00
13 FONTE DE FINANCIAMENTO
A instituição financiadora será o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDS) que apresenta os seguintes critérios para financiamento:
O financiamento do BNDES pode ser utilizado para:
– construir, ampliar ou reformar/modernizar uma loja, galpão, armazém, fábrica,
depósito, escritório, etc;
– adquirir máquinas ou equipamentos, inclusive implementos agrícolas novos,
desde que fabricados no Brasil;
– produzir bens e serviços para exportação;
– realizar benfeitorias em sua propriedade rural;
– adquirir caminhão; e
– adquirir bens de produção.
PRODEFRUTA – Programa de Desenvolvimento da Fruticultura
O que financia: investimentos fixos e semifixos relacionados com: - implantação ou
melhoramento de espécies de frutas; - atividades de substituição de copas de
cajueiros, de novos plantios (em sequeiro e irrigado) e de produção de mudas, desde
que sejam utilizadas variedades de cajueiro-anão precoce, e de implantação de
unidades de processamento de castanha e de pedúnculo;
- projeto técnico específico da lavoura cacaueira, elaborado pela Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), como necessários à recuperação
de áreas degradadas e à enxertia, recomposição do stand e melhorias em infra-
estrutura, assim entendidas como construção e recuperação de barcaças, secadores,
casa-de-fermentação, resfriadores, armazéns e depósitos;
- instalação de unidade agroindustrial para beneficiamento e transformação de
frutas em chocolates, sucos, vinhos, geléias, licores, vinagres, doces e outros;
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- instalação, ampliação e modernização de unidades armazenadoras e de
sistemas de preparo, limpeza, padronização e acondicionamento de frutas e seus
derivados.
Vigência: 30.06.2017
Taxa de juros: 8,75% a.a.
Quanto o BNDES pode financiar: até 100%, sendo por cliente até R$
200.000,00, e até R$ 600.000,00 para empreendimentos coletivos.
Prazo total: até 96 meses, incluída a carência de até 36 meses.
Garantias: negociadas entre a instituição financeira credenciada e o cliente.
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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15 REFERÊNCIAS
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