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Técnico em

cuária
Agrope
Solos
g r o p e c uá ria
àA
Introdução
CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA A DISTÂNCIA – EAD
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
SUDESTE DE MINAS GERAIS - CAMPUS BARBACENA

INTRODUÇÃO À AGROPECUÁRIA

Elaboração:
RenataVitarele Gimenes Pereira
Tatiana Lima do Amaral
Sumário
1 – Competências do Técnico em Agropecuária .................................................... 03
2 – A História da Agropecuária no Brasil por ciclo econômico ............................ 04
Cana-de-açúcar ............................................................................................. 04
Couro ............................................................................................................ 05
Algodão ........................................................................................................ 07
Fumo ............................................................................................................. 08
Café .............................................................................................................. 09
Borracha ....................................................................................................... 10
3 –O Agronegócio no Brasil e em Minas Gerais .................................................... 11
Conceito ........................................................................................................ 11
O Agronegócio no Brasil .............................................................................. 13
O Agronegócio em Minas Gerais ................................................................. 14
Glossário ....................................................................................................... 15
4 – Agropecuária no Brasil ..................................................................................... 17
Sistemas de produção na agricultura ............................................................ 18
Sistemas de produção na pecuária ................................................................ 19
Formas de exploração da terra ...................................................................... 20
Problemas enfrentados pela agropecuária no Brasil ..................................... 21
5 - Pecuária no Brasil ......................................................................................... 22
Dados do efetivo de animais de grande porte no Brasil ........................... 23
Outros efetivos de grande porte ............................................................. 26
Efetivo de médio porte........................................................................... 26
Outros efetivos de médio porte............................................................... 28
Efetivo de pequeno porte........................................................................ 30
Outros efetivos de pequeno porte............................................................ 31
Principais produtos de origem animal...................................................... 33
Estatística do abate de animais no terceiro trimestre de 2010................... 35
6- O papel da pecuária na poluição e redução da água .......................................... 43
7- Agricultura e impacto ambiental ........................................................................ 54
8 – O objetivo da nutrição animal .................................................................... 60
9 – Criação de bovinos.................................................................................... 64
10 – A cadeia produtiva do frango de corte...................................................... 68
11 – Produção de peixes.................................................................................. 74
12 – Cunicultura............................................................................................. 75
1 - COMPETÊNCIAS DO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

O profissional Técnico em Agropecuária pode ter como campo para a sua atuação as
atividades agrícolas e zootécnicas. Este deve ser um profissional eclético com perfil e
competências técnicas para desenvolver atividades como autônomo e /ou como colaborador de
instituições públicas e privadas. Além disso, deve ser um profissional cooperativo, comunicativo
e confiante que atue de forma responsável, participativa e empreendedora no desenvolvimento de
atividades agropecuárias. Ser criativo, capaz de administrar os meios de produção, otimizando
soluções e promovendo o desenvolvimento sustentável, baseando-se na ética e no conhecimento
científico. Deve também apresentar facilidade de adaptação e estar sempre aberto a mudanças,
visando alavancar projetos e ações inovadoras para a solução de problemas apresentados nos
diversos segmentos da área agropecuária.

O Técnico em Agropecuária está habilitado para atuar em qualquer etapa da cadeia


produtiva agropecuária, seja no fornecimento de recursos produtivos – venda de insumos,
venda de máquinas e equipamentos, prestação de serviços, crédito rural – ou na produção
agrícola e/ou zootécnica propriamente dita e na comercialização dos respectivos produtos. É
um agente de mudanças no setor agropecuário e necessita apresentar uma postura pessoal e
profissional que harmonize produção, qualidade dos produtos e sustentabilidade. Suas ações
devem se respaldar em valores morais e éticos, de respeito ao meio ambiente e socialmente
responsáveis.
O Técnico em Agropecuária deve ser capaz de:
 Coordenar e executar as atividades relacionadas à produção agrícola e/ou zootécnica
buscando a produtividade aliada à sustentabilidade e ao bem estar animal;
 Identificar as necessidades de mudanças tecnológicas para alavancar a produção e a
produtividade agropecuária de empresas e ou instituições específicas;
 Monitorar a implementação de técnicas de planejamento, organização, execução e controle
que propiciem aumento da produção e da produtividade;
 Tomar decisões técnicas e operacionais no sentido de melhorar os resultados econômicos
que propiciem melhores condições de vida dos empresários rurais e seus colaboradores bem
como, manter a sustentabilidade ambiental;
 Conhecer e fazer uso de tecnologias desenvolvidas pela pesquisa e preconizadas por
especialistas, de acordo com as normas e legislação vigentes;
 Efetuar diagnósticos de situações para fins de planejamento rural específico;
 Propor alternativas para solução de problemas técnicos;
 Desenvolver trabalho em equipe, com relacionamento interpessoal adequado, utilizando-se
de princípios éticos e de cidadania;
 Solucionar conflito entre colaboradores e harmonizar ações para se alcançar as metas;
 Buscar a eficiência nos processos seja antes, dentro e /ou após a porteira;
 Quando necessário, identificar empresas e/ou profissionais com competência para planejar
mudanças tecnológicas que atendam à necessidade da empresa e à expectativa dos empresários
rurais.

2- A HISTÓRIA DA AGROPECUÁRIA NO BRASIL POR CICLO ECONÔMICO

No Brasil, antes da chegada dos portugueses, as populações indígenas que viviam no


litoral alimentavam-se, basicamente, de peixes e crustáceos, abundantes na costa brasileira. Além
disso, consumiam raízes (mandioca, cará) e praticavam a caça de pequenos animais nas áreas
próximas à Mata Atlântica.
A agricultura brasileira se iniciou na região nordeste do Brasil, no século XVI, com a
criação das chamadas Capitanias Hereditárias e o início do cultivo da cana-de-açúcar. Baseada na
monocultura, na mão de obra escrava e em grandes latifúndios, a agricultura permaneceria
basicamente restrita à cana com alguns cultivos diferentes para subsistência da população da
região, por um longo período e assim deu-se início a história da agropecuária brasileira.

Cana-de-Açúcar
Saccharum officinarum ou cana sacarina. Originária da Ásia meridional, a cana-de-açúcar
é cultivada para obtenção de açúcar, álcool e aguardente. Foi introduzida na China e seu uso,
provavelmente em forma de xarope, é muito antigo. Os árabes a introduziram na Europa,
iniciando seu cultivo na Andaluzia. Para suprir as necessidades da Europa e, diante da guerra
entre Veneza, que monopolizava o comércio de açúcar, e os turcos, os portugueses começaram no
século 14 a cultivá-la na Ilha da Madeira, enquanto os espanhóis a cultivavam nas Canárias. A
América representou possibilidade de grande expansão. As primeiras mudas foram trazidas da
Ilha da Madeira em 1502. Já em 1550, muitos engenhos distribuídos pelo litoral produziam
açúcar de alta qualidade, equivalente ao produzido na India. Em meados do século 17, contando
com incentivos para o cultivo e isenção de impostos de exportação, o Brasil tornou-se o maior
produtor de açúcar de cana do mundo, com 230 engenhos produzindo dois milhões de arrobas do
produto. É o auge da sociedade do açúcar, que tem no topo o senhor de engenho, o qual, mesmo
sendo plebeu recebe privilégios de nobreza ou impenhorabilidade.
Outros pólos de fabrico de açúcar cresceram nas Antilhas ou Caribe, como também em
Angola, provocando produção excedente para os mercados internacionais. O ouro branco, como
chegou a ser chamado o açúcar, embora fosse o grande motivo dos descobrimentos e chegadas
coloniais, passou então a ser visto com interesse secundário. Em primeiro lugar estava agora a
descoberta de ouro e de diamantes que passaram a ser prioritários para a política e a economia
colonial.
O Brasil volta a ter importância econômica com a produção da cana-de-açúcar na década
de 1970 com a produção de álcool combustível, ocupando novamente o lugar de maior produtor
mundial. Em 1985 a produção mundial foi de 940 milhões de toneladas, um quarto desse total
sendo produto brasileiro. Em fevereiro de 2011 a produção nacional de cana-de-açúcar é de cerca
de 661.440.091 toneladas.

Couro
Do engenho parte a expansão pecuária. O trabalho do engenho necessita tantos de carro
quantos tem de escravos. Em 1701 é assinada carta-régia que proíbe a criação de bois a menos de
10 léguas (1 légua = 6,6 km) da costa e, com isso, o gado ganha o sertão margeando os rios.
Avança da Bahia, por onde chega, para Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Piauí.
Muitas fazendas são fundadas ao longo do São Francisco, o Rio dos Currais. Bandeirantes
paulistas tomam sesmarias no nordeste e fundam novas fazendas. Os índios caçam as reses e por
isso são expulsos ou extintos. A fazenda de gado custa muito menos do que o engenho, pode
começar com poucas cabeças e chegar a muitas sem grande despesa. Suas células são os currais,
cada um com 200 a 1.000 cabeças. É a pecuária extensiva, seminômade, de baixa densidade
econômica, mas capaz de rápida expansão. O clima semi-árido reduz a estatura dos bois e dos
homens.
O principal produto é o couro, que na sua maior parte é consumido na própria fazenda. O
excedente é vendido nas feiras, em forma de sola. Boiadas de 100 a 300 cabeças são tocadas até
Salvador, BA e Olinda, PE, em viagens de até 3 meses com tempo seco, quando metade das reses
se perdem.
A cultura do couro é mais pobre e rústica, menos européia do que a da cana. O dono em
geral não mora na fazenda, mas longe, talvez no engenho no litoral. O vaqueiro em geral não é
escravo, é sertanejo mestiço. Começa como aprendiz e trabalha onde é preciso: amansa, ferra,
cura bicheiras, queima o pasto, mata cobras, onças, morcegos, abre poços (cacimbas). Recebe
pelo trabalho 1 cria a cada 4.
Paralelamente, no Rio Grande do Sul, existem grandes rebanhos selvagens,
provavelmente originários das missões jesuíticas. A descoberta do caminho para Curitiba em
1730, proporciona também a chegada do gado e a criação das estâncias, que no final do século 18
já eram quinhentas. O método de criação do gado era semelhante ao do nordeste, tendo como
principal objetivo a extração do couro.
No Brasil, a indústria do couro acompanhou a penetração dos rebanhos bovinos,
interiorizando-se pelos estados nordestinos até o Piauí ainda no século XVIII e pouco depois
estabelecendo-se no Rio Grande do Sul. A falta de comércio com outras regiões levou a zona da
pecuária a buscar o máximo aproveitamento dos seus produtos. O couro passou a ser empregado
praticamente em todo o vestuário, como material doméstico e até na construção de casas (faziam
portas e pisos de couro). Sendo atividade semi-artesanal e trabalhando por processos antigos, os
curtumes do norte e do nordeste perderam a importância no Brasil contemporâneo, superados
pelas indústrias mais modernas, de produção aperfeiçoada. Em 1967 existiam 545 curtumes
industriais no Brasil, apenas 56 deles nas regiões norte e nordeste. 334 localizavam-se nos
Estados do sudeste e sul, principalmente São Paulo, liderando a produção de couros bovinos e
Rio Grande do Sul, o primeiro no curtimento de couros suínos.
A utilização da carne como produto comercial começa no Rio Grande do Sul, quando, em
1780, o cearense José Pinto Martins instalou sua charqueada às margens do Arroio Pelotas. A
carne assim conservada podia ser transportada a longas distâncias e passou a fazer parte do
comércio de reses e montaria para Minas Gerais, que se encontrava em plena atividade do ciclo
do ouro.

Algodão
No vale do Indo (Sind), na Índia, quinze séculos antes da era cristã, o algodão era
conhecido e cultivado, competindo com o cânhamo e o linho na fabricação de tecidos. Da Índia, a
cultura do algodão passou à China, onde era chamado de "filho do sol", porque a planta necessita
de bastante sol para assegurar resistência às fibras. No Egito, era usado como planta ornamental,
em jardins.
O algodão foi introduzido na Europa por Alexandre da Macedônia, no século IV a.C. A
Sicília e países do mediterrâneo, porém, já o conheciam, pois os árabes já o haviam plantado no
século IX a.C. Os espanhóis encontraram grandes plantações nas Antilhas, no México e no Peru,
feitas por astecas e incas. Os exploradores descobriram na África, no século 16, cultivo e
tecelagem de algodão. Colonos ingleses nos Estados Unidos estenderam, com o trabalho escravo,
enormes plantações de algodão por toda a região sul. Desde o século XVI o país tem tradição de
plantadores de algodão e o cultivo da fibra que, pela sua importância econômica, determinou
importantes acontecimentos na história norte-americana.
Os portugueses tomaram conhecimento do algodão nativo no Maranhão, utilizado pelos
índios para a feitura de redes. Como nos Estados Unidos, também no Brasil a importância
econômica do algodão chegou a transformar novelos, fios e rolos de panos em moeda corrente no
norte e no nordeste do país até o século XIX. O pano de algodão foi em 1653 o dinheiro do
Maranhão e do norte do Brasil, servindo de pagamento pelos serviços dos índios e só sendo
substituído pela moeda metálica em 1712.
Tão rendosa era a produção do algodão no Maranhão, que as autoridades portuguesas
incentivaram seu desenvolvimento para outros pontos da colônia com o estabelecimento de
manufaturas. Mas em 1785, alvará assinado por Dona Maria I extinguiu todas as indústrias
manufatureiras do Brasil, que competiam, com vantagem, com as de Portugal.
Em decorrência da Guerra da Secessão nos Estados Unidos (1861-1865), as alterações
verificadas na cultura algodoeira acabaram por favorecer a produção brasileira, que cresceu
rapidamente, principalmente nos estados do Ceará, Pará, Pernambuco e Bahia, que tiveram seu
desenvolvimento acelerado na medida em que aumentavam a produção da fibra, que, em 1865,
representava 30,7% das exportações.
Atualmente, produzem algodão os Estados do Maranhão, Paraíba, Ceará, Pernambuco,
Rio Grande do Norte, São Paulo, e, mais recentemente, Mato Grosso do Sul, sendo que a
produção nacional em fevereiro de 2011 foi de cerca de 4.614.749 toneladas.

Fumo
Os indígenas sul-americanos já conheciam e usavam folhas de fumo – denominação
comum a plantas do gênero Nicotiana, da família das solanáceas – muito antes do descobrimento,
no século XVI. As folhas, supostamente medicinais, eram queimadas durante os rituais e sua
fumaça aspirada pelas narinas por meio de uma pipa dupla denominada "tabaco". Esse hábito
despertou o interesse dos europeus, a ponto de o embaixador francês em Lisboa, Jean Nicot, ter
enviado as primeiras sementes da planta à Europa, como presente à Rainha Catarina de Medicis.
O fumo passou então a ser cultivado e consumido em vários países, provocando a
expansão da cultura para grande parte do mundo. Sendo, porém, uma planta tropical, a maior
parte das suas variedades se adapta melhor às regiões quentes e úmidas, de maneira que
prosperou especialmente no continente americano, em São Domingos (1531), Cuba (1580),
Brasil e sul dos Estados Unidos (1612 e 1631).
No início, o cultivo do fumo era feito junto aos canaviais, chegando a transformar-se em
valioso produto de exportação do Brasil colonial e, além disso, como elemento de escambo, pois
era transportado para a costa africana e trocado por negros pelos traficantes ingleses e holandeses.
A produção de fumo chegou a ser, para os grandes senhores escravistas, usada como
cultura única, embora na Bahia – importante centro produtor – o plantio fosse feito por
trabalhadores livres. Exigia muitos cuidados, como adubação, transplante, insolação e prevenção
de pragas. Trabalhos complementares ao cultivo compreendiam de secagem, torção e
armazenamento do fumo. Em 1969 a produção brasileira de fumo chegou a 250.000 toneladas,
20% delas exportadas. Em 1986 essa produção chegou a 387.257 toneladas de folhas secas.
A produção de fumo continua sendo uma atividade agrícola relevante no Brasil. A
produção anual de todos os tipos de folhas de fumo foi de aproximadamente 744 mil toneladas na
safra 2008/09. A maior parte da produção de fumo se dá nos estados do Sul - Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná - cerca de 95%. Os 5% restantes são produzidos nos estados da Bahia e
Alagoas, na região Nordeste. Estima-se que a produção de fumo seja a fonte de renda de cerca de
223 mil famílias nesses estados. O Brasil é o segundo maior país produtor e o maior exportador
de fumo do mundo.

Café
De origem etíope, o café foi introduzido no Brasil por meio de mudas trazidas de Caiena,
na Guiana Francesa, em 1727, pelo paraense Sargento Mor Francisco de Melo Palheta. Do Pará,
o cultivo do café passou para o Maranhão. Por volta de 1760 novas mudas foram trazidas por
João Alberto Castelo Branco para o Rio de Janeiro, tendo se espalhado pela Baixada Fluminense
e pelo Vale do Paraíba até chegar a São Paulo e avançar no Estado em todas as direções.
A cultura do café se revelou lucrativa o bastante para substituir as do açúcar e do algodão,
que haviam sido superadas pela produção das Antilhas e dos Estados Unidos. Por outro lado, foi
favorecida pelo colapso dos cafezais de Java – devido a uma praga, e do Haiti – por causa dos
levantes de escravos e da revolução que tornou o país independente. Além desses fatores, foi
decisiva a estabilização do comércio internacional depois das guerras napoleônicas (Tratado de
Versailles, 1815), e a expansão do interesse na Europa e nos Estados Unidos, por uma bebida
barata.
A cultura do café, que antes atingiu o Estado de São Paulo, Sul de Minas e Espírito Santo,
passou mais tarde para as regiões de terra roxa do norte do Paraná e Mato Grosso. Depois da
grande geada de 1975, as principais zonas de cultivo deslocaram-se do norte do Paraná para o sul
de Minas Gerais e Espírito Santo.
A exportação brasileira de café começou a crescer a partir de 1816, assumindo a liderança
das exportações na década de 1830-1840, com mais de 40% do total. Em 1840 o Brasil era o
maior produtor mundial de café, representando, na década de 1870-1880 até 56% das exportações
e no final do século 19 até 65% das exportações. Esse período áureo dura até 1930, quando, em
função da queda brusca do preço internacional provocada pelo crack da Bolsa de Nova York em
1929, as exportações perdem e continuam em baixa até 1947.
Atualmente o Brasil ainda é o maior produtor mundial de café, com exportações
equivalentes a 1/3 de todo o café produzido no mundo. A produção nacional em fevereiro de
2011 gira em torno de 2.595.304 toneladas de grãos.

Borracha
Foi em 1742 que os europeus tomaram conhecimento, por intermédio do francês Charles
Marie de La Condamine que esteve na Amazônia peruana e descreveu, depois de oito anos em
contato com os indígenas, as possibilidades de uso do latex retirado da seringueira Hevea
brasiliensis. O nome seringueira, de seringa, foi dado pelos portugueses a partir do balão oco em
forma de pera que os indígenas faziam, com um canudo adaptado ao gargalo, pelo qual era
extraído o líquido que nele se punha.
Muitos desenvolvimentos se deram na Europa a partir do novo produto, principalmente a
criação do pneumático para automóveis, por Goodyear. Mudas da planta brasileira foram levadas
para outras partes do mundo, principalmente no oriente, onde ingleses e hodandeses conseguiram
melhorar as espécies e obter latex de melhor qualidade.
Há notícias de que no Brasil se produziu borracha desde 1840, o que provocou sensível
movimento migratório do nordeste para a Amazônia, principalmente do Ceará, que em 1877
viveu um grande período de seca que durou até 1879 e que forçou as pessoas a procurarem novas
oportunidades. No seu período áureo, até 1911, a borracha chegou a representar 40% das
exportações brasileiras.
A cultura da borracha em larga escala, nos moldes das fazendas do oriente, foi tentada na
Amazônia pela Ford, em 1927, em terras cedidas pelo governo brasileiro às margens do Rio
Tapajós, onde foi instalada a Fordlândia. Outra tentativa foi feita pela Ford em Belterra, próximo
a Santarém, PA, com produção que teve início em 1943, mas também não evoluiu.
Em 1945 as concessões foram vendidas ao governo brasileiro, com as poucas árvores que
restaram e que representam até hoje produção sofrível.
No Brasil, a estimativa de produção anual de borracha natural está em torno de 95,5 mil
toneladas para atender um consumo de 320 mil toneladas demandadas até julho de 2005. O País
conta atualmente, com o plantio de apenas 220.000 hectares de seringueiras, dos quais somente
100.000 encontram-se em fase produtiva. Atualmente o Brasil responde por apenas 1,36% da
produção mundial, ocupando a 9ª posição entre os produtores mundiais.

Referências:

ABIFUMO. Produção de fumo no Brasil. Disponível em: http://www.abifumo.org.br/produ.htm.


Acesso em 15 de março de 2011.

GRAÇA, E.S. Rio de Janeiro tem potencial para arrecadar 1 bilhão


de dólares com borracha natural. Disponível em:
http://www.cnps.embrapa.br/noticias/banco_noticias/131205.html. Acesso em 15 de março de
2011.

Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias - GCEA/IBGE, DPE, COAGRO -


Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, Fevereiro 2011. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/lspa_201102_2.shtm

História da agropecuária no Brasil por ciclo econômico. Diponível em:


http://www.fazendeiro.com.br/museu/historia/historia.asp. Acesso em 22 de fevereiro de 2011.

3 - O AGRONEGÓCIO NO BRASIL E EM MINAS GERAIS

Conceito
O conceito de agronegócio também chamado de "agribusiness" foi proposto pela primeira
vez em 1957, por Davis e Goldberg, como a soma das operações de produção e distribuição de
suprimentos agrícolas, processamentos e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a
partir deles. Agronegócio é o conjunto de negócios relacionados à agricultura e pecuária dentro
do ponto de vista econômico.
Assim, de acordo com o conceito de agronegócio, a agricultura passa a ser abordada de
maneira associada aos outros agentes responsáveis por todas as atividades, que garantem a
produção, transformação, distribuição e consumo de alimentos, considerando assim, a agricultura
como parte de uma extensa rede de agentes econômicos. Com o conceito formalizado, a visão
sistêmica passa a ganhar importância, abrangendo todos os envolvidos, desde a pesquisa até o
consumidor final, desde o que comumente é chamado de "antes da porteira" (que representam os
produtores rurais, sejam eles pequenos, médios ou grandes, constituídos na forma de pessoas
físicas (fazendeiros ou camponeses) ou de pessoas jurídicas (empresas)) até o "pós-porteira", ou
seja, a compra, o transporte, o beneficiamento e a venda dos produtos agropecuários até o
consumidor final. Enquadram-se nesta definição os frigoríficos, as indústrias têxteis e calçadistas,
empacotadores, supermercados, distribuidores de alimentos.
O agronegócio é fundamental para a economia do país, pois representa cerca de um terço
do nosso PIB (produto interno bruto) e tem dado grande contribuição às exportações de
commodities e produtos agro-industriais. O Brasil caminha para se tornar uma liderança mundial
no agronegócio e para se consolidar nessa atividade é preciso ampliar sua competência para atuar
de modo eficiente no controle das cadeias de produção agropecuária de modo a garantir
qualidade e segurança dos produtos e das cadeias de produção. Já exportamos hoje para 180
países. Podemos conquistar novos mercados, mas para isto precisamos alcançar padrões elevados
de certificação e qualidade sanitária e fitossanitária, mantendo assim elevada competitividade no
mercado internacional com melhor enfrentamento das exigências e barreiras sanitárias,
protegendo o patrimônio nacional.
O Brasil ainda enfrenta situações oriundas da imposição de barreiras sanitárias e
fitossanitárias que precisam ser superadas. Além disso, está sob ameaça constante do avanço e
severidade de pragas e doenças de plantas e animais já existentes no país e daquelas
quarentenárias que podem ser introduzidas a qualquer momento se medidas preventivas
competentes e eficazes não forem delineadas e implementadas pelo poder público e pelo setor
produtivo.
A missão institucional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é
promover o desenvolvimento sustentável e a competitividade do agronegócio em benefício da
sociedade brasileira. No cumprimento de sua missão, o MAPA formula e executa políticas para o
desenvolvimento do agronegócio, integrando aspectos mercadológicos, tecnológicos, científicos,
organizacionais e ambientais, na busca do atendimento às exigências dos consumidores
brasileiros e do mercado internacional. As medidas adotadas pela Secretaria de Defesa
Agropecuária- SDA do MAPA fundamentam-se na técnica, na ciência e na legislação em vigor,
conforme preconizam os Acordos de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias e de Obstáculos
Técnicos ao Comércio da OMC (Organização Mundial do Comércio).

O Agronegócio no Brasil
Atualmente o agronegócio é o mais importante setor da economia do país, representando
27% do nosso Produto Interno Bruto - PIB, gerando 37% dos empregos e respondendo por
aproximadamente 38% das nossas exportações. Hoje, o agronegócio é um setor da nossa
economia com superávit na balança comercial. Temos 56 milhões de hectares cultivados e 220
milhões de hectares de pastagens, entre naturais e cultivadas. Existem aproximadamente 4,9
milhões de estabelecimentos rurais, cerca de 60% pertencente à agricultura tradicional, com
pouca utilização da tecnologia, enquadrando-se nesse modelo as empresas familiares. Tudo isso
implica em uma real possibilidade do crescimento do agronegócio no Brasil, tendo em vista ser
esse setor eficiente e competitivo, se constituindo numa atividade próspera, segura e rentável,
respondendo nos dias atuais por um, em cada três reais gerados no país.
O Brasil registrou, em 2010, exportações recordes no setor agropecuário com US$ 76,4
bilhões. Na comparação com 2009 (US$ 64,7 bilhões), o valor é 18% maior e supera em US$ 4,6
bilhões os US$ 71,8 bilhões registrados, em 2008, até então o melhor ano para as vendas externas
do agronegócio. O resultado da balança comercial, divulgado pelo ministro da Agricultura,
Wagner Rossi, em janeiro de 2011, mostra também que houve crescimento de 35,2% nas
importações. Com isso, o superávit da balança comercial do agronegócio alcançou US$ 63
bilhões ou US$ 8,1 bilhões superior ao registrado em 2009. Esse saldo foi três vezes maior que os
US$ 20 bilhões observados no superávit do comércio global do Brasil no mesmo período. A
participação do agronegócio nas exportações totais brasileiras caiu de 42,5%, em 2009, para
37,9%, em 2010. A explicação para essa diminuição é a crise financeira internacional, que teve
seu auge justamente há dois anos.
Com relação aos principais produtos exportados, a soja mantém a liderança nos itens mais
exportados pelo país, apesar da queda na participação das vendas internacionais (de 26,6% para
22%). O açúcar foi o grande destaque de 2010. A forte expansão das receitas de exportação do
produto, de 52%, tornou o complexo sucroalcooleiro (com predominância de açúcar e etanol)
responsável por 18% das exportações do agronegócio. Com isso, esse setor tornou-se o segundo
no ranking exportador, ocupando o lugar das carnes, que atualmente respondem por 17,8% das
vendas externas.
No que se refere aos mercados compradores, a Ásia se consolidou como principal destino
em 2010 sendo responsável por 30,1% de todas as exportações de produtos brasileiros. Embora a
taxa de participação da União Européia tenha caído de 29,3% para 26,7%, o bloco ainda é o
segundo mercado de destino, com crescimento de 7,5% no último ano.

O Agronegócio em Minas Gerais


O agronegócio mineiro cresceu 11,86% de janeiro a outubro de 2010, em relação ao
mesmo período de 2009, o que corresponde a 12,6% do PIB do agronegócio brasileiro e a um
terço do PIB do estado de Minas Gerais, elevando a renda anual estimada para R$ 98,7 bilhões (a
preços de 2010). Desse valor, R$ 56,7 bilhões ou 57,5% deverão ser gerados pelo agronegócio
agrícola e R$ 42,0 bilhões ou 42,5% pelo agronegócio da pecuária. Dentre os produtos que
lideram o ranking estão: o café, liderança mineira com 25 milhões de sacas que representam
50,8% da produção nacional; o leite com 7,9 bilhões de litros em 2010, equivalentes a 30% da
produção brasileira; o queijo industrial, primeiro lugar nacional com produção de cerca de 320
mil toneladas/ano; a batata inglesa, primeiro lugar na produção nacional com 1.144 mil toneladas;
bovinocultura, com o segundo maior rebanho do Brasil; avicultuta, Minas Gerais é o segundo
maior produtor de ovos do país; equideocultura, 800 mil cabeças, equivalentes a 14,6% do
plantel brasileiro; produção florestal, Minas Gerais possui a maior área de florestas plantadas no
território brasileiro, com 1,44 milhões de hectares e a produção de cachaça artesanal que
corresponde a 65% da produção nacional. Minas Gerais ainda ocupa o segundo lugar nacional em
produção de cana de açúcar, terceiro maior produtor nacional de milho, quarto de suínos, quinto
lugar na produção de algodão.
Para a agroindústria do agronegócio mineiro, o crescimento apresentado em 2010 é de
20,71%, o melhor desempenho entre os segmentos. Destaque para as indústrias de papel e
celulose e de açúcar e etanol, com patamares de preços recebidos bem acima dos níveis de 2009.
Outro destaque é o crescimento de volume de produção do setor têxtil, 17,88%, o maior dos
últimos oito anos. Portanto, para o conjunto do agronegócio estadual, o ano de 2010 foi de
comemoração.
As exportações mineiras do agronegócio iniciaram o ano de 2011 em alta. O valor
exportado em janeiro foi de US$ 624,2 milhões, um crescimento de 32,2% em relação ao mesmo
período ano passado. O crescimento mineiro é maior que o registrado na média das exportações
do agronegócio nacional. O aumento registrado no volume das exportações brasileiras foi de
26,3% em comparação com janeiro de 2010, totalizando US$ 5,1 bilhões. Os principais destinos
dos produtos do agronegócio mineiro foram Alemanha, Estados Unidos e Itália e os principais
produtos exportados foram: milho, complexo soja (farelo,óleo e grão), carne bovina, aves e
madeira (celulose).

Glossário:
Agropecuária – Teoria e prática da agricultura e da pecuária, nas suas relações mútuas.
Balança Comercial – Relação entre as exportações e importações de um país. Quando o valor
das exportações excede as das importações, o país apresenta um superávit e o país é credor do
estrangeiro. Quando ao contrário as importações superam as exportações, o país está em divida
com o estrangeiro e apresenta um déficit em sua balança comercial.
Cooperativismo – Doutrina que tem por objetivo a solução de problemas sociais por meio da
criação de comunidades de cooperação. Tais comunidades seriam formadas por indivíduos livres,
que se encarregariam da gestão da produção e participariam igualitariamente dos bens produzidos
em comum.
Cadeia Produtiva – Pode ser definido como sendo uma seqüência de setores econômicos, unidos
entre si por relações de compra e venda, existindo uma divisão de trabalho entre esses setores,
cada um realizando uma etapa do processo de transformação. No caso especifico do setor
industrial, a cadeia produtiva tem significado de uma seqüência de etapas sucessivas pela qual
passam e vão sendo transformados os diversos materiais.
Cliente final - É o consumidor dos produtos agropecuários, que os recebe in natura ou
processados.
Commodities - (significa mercadoria em inglês) pode ser definido como mercadorias,
principalmente minérios e gêneros agrícolas, que são produzidos em larga escala e
comercializados em nível mundial. As commodities são negociadas em bolsas mercadorias,
portanto seus preços são definidos em nível global, pelo mercado internacional. As commodities
são produzidas por diferentes produtores e possuem características uniformes. Geralmente, são
produtos que podem ser estocados por um determinado período de tempo sem que haja perda de
qualidade. As commodities também se caracterizam por não ter passado por processo industrial,
ou seja, são geralmente matérias-primas. Existem quatro tipos de commodities:
Commodities agrícolas: soja, suco de laranja congelado, trigo, algodão, borracha, café, etc.
Commodities minerais: minério de ferro, alumínio, petróleo, ouro, níquel, prata, etc.
Commodities financeiras: moedas negociadas em vários mercados, títulos públicos de governos
federais, etc.
Commodities ambientais: créditos de carbono
Demanda – a demanda ou procura é a quantidade de um bem ou serviço que um consumidor
deseja e está disposto a adquirir por um determinado preço e determinado momento.
Distribuição - Caracteriza-se pelo transporte, processamento e distribuição dos bens
agropecuários,e com a área de logística para diminuir os custos e sempre bem visada.
Insumos - é a combinação de fatores de produção diretos (matérias-primas) e indiretos (mão-de-
obra, energia, tributos), e que entram na elaboração de certa quantidade de bens ou serviços. No
agronegócio os principais insumos são sementes, adubo, defensivos, maquinário, combustível,
ração, mão de obra especializada, entre outros.
PIB – Produto Interno Bruto é a soma de toda riqueza produzida por um país.
Produção - A produção é o trabalho do agropecuarista por meio do cultivo do solo e/ou criação
de animais, independentemente do tamanho da área ou método utilizado.
Processamento - É a transformação do produto agropecuário em subprodutos, que podem ser
bens de consumo ou insumos para outros processos, como o leite, queijos, carnes, embutidos,
ração, fios, corantes.
Superávit - é o resultado positivo das contas públicas. Impostos, tributos e lucros de estatais são
algumas das principais receitas públicas. O pagamento de salários, manutenção de prédios
públicos, investimentos em infra-estrutura, juros e gastos de custeio são as principais despesas
públicas. O resultado entre essas receitas e despesas nem sempre é positivo, levando o governo a
cobrir a diferença via emissão de divisas ou de moeda.
Referências:

Instituto brasileiro de Geografia e Estatisticas (IBGE). Disponível em: http://www.ibge.gov.br.


Acesso em 5 de março de 2011.

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Disponível em:


http://www.agricultura.gov.br/ Acesso em 10 de março de 2011.

O Agronegócio no Brasil. Disponíel em : www.portaldoagronegocio.com.br. Acesso em 5 de


março de 2011.

Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais. Disponível em:


www.agricultura.mg.gov.br. Acesso em 15 de março de 2011.

4- A AGROPECUÁRIA NO BRASIL

A atividade da agropecuária pertence ao setor primário da economia e é a atividade de


maior importância na economia brasileira, se destacando por sua significativa participação em
nosso comércio exterior, geração de empregos, produção de alimentos e pela produção de
matérias-primas para vários setores industriais e energéticos.
O Brasil possui um extenso território com relativa variedade de climas,
predominantemente quentes, que nos permite o cultivo de quase todos os produtos em larga
escala. Há dificuldades em se obter uma grande produção de gêneros de climas de temperaturas
moderadas com custos aceitáveis. Enfrentamos problemas de geadas no Sul e Sudeste durante o
inverno, inundações de verão em algumas porções do território nacional e secas prolongadas
especialmente no Sertão. Mas, de uma maneira geral, não temos grandes problemas climáticos
que nos impeça a prática agrícola.
Encontramos vários tipos de solos no país, alguns de grande fertilidade e outros com
baixa fertilidade ou problemas como acidez elevada. Muitos solos do país, para produzirem
satisfatoriamente, necessitam da aplicação de adubos, corretivos químicos e fertilizantes. Alguns
problemas específicos também afetam os solos do Brasil:
 Lixiviação – constitui no empobrecimento dos solos em regiões de climas muito úmidos com
chuvas freqüentes que através do escoamento superficial retiram o material fértil do solo;
 Laterização – constitui na formação de uma crosta ferruginosa endurecida próxima à
superfície do solo pela concentração de óxidos de ferro e alumínio. Ocorre em áreas de clima
tropical em que se alternam uma estação chuvosa (dissolução desses óxidos) e seca (quando esse
material se acumula próximo à superfície e forma a crosta).
 Erosão e esgotamento do solo – provoca a destruição física do solo e a perda de sua qualidade.
Quando desprotegido, pela retirada da vegetação, acentua-se esse processo, retirando-se as
partículas que formam o solo, seus constituintes minerais e orgânicos. Quando em estágio
avançado provoca a formação de sulcos profundos denominados voçorocas. É causado pela ação
do clima, em áreas com chuvas intensas. Mas é agravado pelo uso de técnicas agropecuárias
incorretas, predatórias e prejudiciais ao solo: desmatamento (especialmente junto às margens dos
rios), monocultura sem os cuidados necessários (reposição do material fértil ao solo), cultivo
seguindo a mesma linha do declive do terreno (sem a aplicação das curvas de nível e/ou
terraceamento), excesso de animais sobre o solo e excesso de peso sobre o mesmo.
Os solos constituem um importante recurso natural que deve ser preservado através de
técnicas conservacionistas. A recuperação de um solo pode ser demorada e muito cara.
Infelizmente, grandes parcelas de solo são sistematicamente destruídas em todo o mundo. Em
algumas áreas o processo de desertificação avança sobre áreas que antes produziam alimentos
(ex: sahel, na África).

Sistemas de produção na agricultura


A agricultura pode ser praticada de diversas formas com um conjunto de características
que passamos a apresentar a seguir:
Sistema extensivo: técnicas simples; mão-de-obra desqualificada; abundância de terras;
baixa produtividade; rápido esgotamento dos solos.
Esse sistema é característico de regiões com grandes extensões de terras vazias e de menor grau
de desenvolvimento. Nele podemos incluir uma simples roça (como na Amazônia, entre caboclos
e indígenas), com procedimentos muito simples e de caráter itinerante: retira-se uma porção da
mata, realiza-se uma queimada para limpeza do terreno, misturam-se as cinzas ao solo e se realiza
uma monocultura sem maiores cuidados por um breve período de dois a três anos, quando então
o solo se esgota e parte-se para outra área, realizando-se o mesmo procedimento.
Sistema intensivo: técnicas modernas; mão-de-obra qualificada; terras exíguas; alta
produtividade; conservação dos solos.
É um sistema característico de regiões de maior desenvolvimento, geralmente com maior
ocupação humana e com o uso de pequenas e médias propriedades, especialmente produzindo
para abastecimento do mercado interno. São comuns a prática da policultura e pecuária leiteira
através desse sistema.
Plantation: grandes áreas; técnicas modernas; muita mão-de-obra; elevada produtividade;
monocultura; agroindústria/exportação. Esse sistema passou a ocupar grandes áreas em países
subdesenvolvidos ocupando seus melhores solos. Está principalmente voltada para o mercado
externo. Aplica a mecanização quando possível (lembre-se que não é todo cultivo que permite
mecanização). Mesmo assim utiliza muita mão-de-obra (trabalha com propriedades, por vezes,
com milhares de hectares de extensão), principalmente temporária (o bóia-fria ou trabalhador
volante), bem como o serviço de técnicos agrícolas e agrônomos.

Sistemas de produção na pecuária


Podemos também pensar nas características dos sistemas de criação de animais que
lembram muito as características acima citadas.
Sistema Extensivo: grandes propriedades; gado criado a solta; sem cuidados veterinários;
raças simples; uso de pastagens naturais; baixa qualidade e produtividade; destinado ao corte ou
ao leite e muito frequentemente ao corte e leite no mesmo sistema com baixa produtividade de
ambos.
Sistema Intensivo: pequenas e médias propriedades; criação confinada em estábulos ou
currais; cuidados veterinários; raças selecionadas e aprimoradas; uso de pastagens cultivadas;
rações balanceadas; alta qualidade e produtividade; destinado à produção de leite ou ao corte.
Evidentemente essa classificação e características são de natureza bem didática, mas na prática é
muito comum que se combinem características dos dois sistemas e, com a modernização
progressiva e exigências cada vez maiores do mercado, observa-se uma rápida evolução
qualitativa nas técnicas de criação. Os pecuaristas têm se preocupado em acompanhar as
tendências desse mercado muito competitivo.

Formas de exploração da terra


As propriedades agropecuárias podem ser exploradas diretamente pelo proprietário ou
indiretamente pelo:
 Parceiro ou meeiro – aquele que utiliza as terras do proprietário e divide com este a produção
obtida;
 Arrendatário – aquele que paga um aluguel ao proprietário pelo uso da terra;
 Posseiro – aquele que utiliza terras que encontra vazias para uma produção de subsistência.
Ocupa terras que não são suas.
 Grileiro – falsifica títulos de propriedades e vende terras que também não são suas.
Problemas enfrentados pela agropecuária no Brasil
 Baixo nível de instrução e cultura do agricultor- grande parte dos que trabalham na terra tem um
nível de instrução muito baixo, ou são mesmo analfabetos. Parte do crescimento de nossas safras
agrícolas tem dependido da incorporação de novos espaços a esse setor produtivo, mas ainda
podemos ampliar e muito o espaço agrícola do Brasil.
 Nível de mecanização – o avanço da mecanização na agricultura vem ocorrendo especialmente
no Centro-Sul do país. A mecanização e o uso de técnicas modernas permite um aumento da
produtividade. A sua aplicação indiscriminada, irracional, traz problemas como um desemprego
acelerado no campo e até mesmo intensificação da erosão do solo. Deve ser introduzida de
maneira planejada e deve ser estimulada como uma forma de permitir ao produtor a
competitividade para sobreviver no mercado;
 Crédito rural e preços mínimos – para que o agricultor possa produzir ele precisa de uma linha
de financiamentos, com juros reduzidos, para fazer frente aos gastos tanto no plantio (sementes,
adubos, fertilizantes, equipamentos de irrigação, ferramentas, mão-de-obra) como na colheita
(máquinas, combustível, mão-de-obra, embalagens, estocagem e transporte).
Historicamente, no Brasil, o volume de recursos à disposição para o agricultor não tem
conseguido atender a todos e, muitas vezes, foi mal distribuído e desviado de suas reais
finalidades (construção de hotéis-fazenda, piscinas em mansões rurais...). Na última década o
Brasil conseguiu evoluir nessa questão e, além disso, tem aumentado o percentual de agricultores
capitalizados o suficiente para bancar seu próprio empreendimento. A adoção de uma política de
preços mínimos, justa, traz segurança e tranquilidade ao produtor, desde que não se concentre
apenas em uma prática de subsídios que onerem o Estado e dificulte a capacidade de evolução da
competitividade da agropecuária brasileira (como ocorre em países europeus).
 Armazenamento e transporte - a safra agrícola tem conseguido recordes de produção, mas ainda
permanecem problemas na armazenagem (deficiente e/ou insuficiente, com falta de silos e
armazéns, muitas vezes inapropriados para guardar a safra) e no transporte inadequado, o que
leva a perdas significativas da colheita e a prejuízos ao agricultor. Caso ele tivesse acesso a uma
capacidade maior de armazenagem, não precisaria escoar toda a sua produção imediatamente
para o mercado e poderia conseguir um melhor preço posteriormente.
 Distribuição de terras – historicamente o modelo econômico adotado pelo Brasil e as
legislações criadas favoreceram a formação de grandes propriedades através de um processo de
concentração de terras. Nas últimas décadas a continuidade desse processo associado à
modernização agrícola (expansão da mecanização) e à pressão por uma agricultura cada vez mais
capitalizada expulsou muitos trabalhadores do campo que se dirigiram para as cidades no
movimento migratório do êxodo rural. Os que permaneceram no campo engrossaram
movimentos sociais, organizados ou não, multiplicando-se casos de invasões de propriedades,
conflitos e mortes nas áreas rurais. A grilagem de terras contribuiu para agravar a revolta social
no campo brasileiro, assim como a presença de posseiros preocupados com sua sobrevivência e
de sua família. A formação de grupos armados por fazendeiros para proteção de suas terras
(legais ou griladas) e a expansão das fronteiras agrícolas brasileiras contribuíram para definir um
quadro de violência e ilegalidade nas áreas rurais, incluindo-se aí a invasão de terras indígenas,
muitas vezes massacrados na luta com os brancos. Juntam-se a todos esses atores alguns setores
progressistas da Igreja e grupos políticos ideologicamente de uma esquerda mais radical
(revolucionários) que também defendem seus pontos de vista e interferem na questão.

Referências:
Agropecuária no Brasil. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/7146419/Geografia-Aula-14-
Agropecuaria-No-Brasil. Acesso em 30 de janeiro de 2011.

5 - PECUÁRIA NO BRASIL

Pecuária é a arte ou o conjunto de processos técnicos usados na domesticação e criação de


animais com objetivos econômicos, feita no campo. Assim, a pecuária é uma parte específica da
agropecuária.
Pecus quer dizer "cabeça de gado". A palavra tem a mesma raiz latina de "pecúnia"
(moeda, dinheiro). Na antiga Roma, os animais criados para abate também eram usados como
reserva de valor.
A criação de gado é uma das mais velhas profissões conhecidas. A pecuária é mencionada
na Bíblia como a primeira tarefa dada por Deus a Adão: nomear e cuidar do Jardim do Éden e dos
animais (Gênesis). Muito anterior à agricultura, deriva de aperfeiçoamentos da atividade dos
caçadores-coletores, que já existiam há cerca de 100.000 anos e que primeiro aprenderam a
aprisionar os animais vivos para posterior abate; depois perceberam a possibilidade de
administrar a sua reprodução. Nos primeiros estágios da pecuária, o homem continuava nômade,
e na maioria das vezes conduzia seus rebanhos domesticados em suas perambulações, já não
procurando a caça, mas sim novas pastagens para alimentar o rebanho. Há evidência da prática da
agricultura somente a partir de 8000 a.C., mas seus efeitos foram drásticos sobre a pecuária, já
que a agricultura fixou o homem no lugar do plantio, e portanto novas soluções para a pecuária
tiveram de ser implementadas

Dados do efetivo de animais de grande porte no Brasil


Bovinos
O Brasil possui o 2º maior rebanho de bovinos do mundo, ficando atrás apenas da Índia,
segundo os dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and
Agriculture Organization of the United Nations - FAO, 2010). Com um consumo per capita em
torno de 34,7 quilos por habitante/ ano o Brasil é o 2º maior produtor de carne bovina, atrás dos
Estados Unidos, e, simultaneamente, o maior exportador mundial deste produto.
O efetivo de bovinos registrado pela Pesquisa da Pecuária Municipal – PPM para o ano de
2009 foi de 205,292 milhões de cabeças, considerando nesta contagem os animais existentes em
31.12, tanto destinados à produção de carne quanto à de leite. Comparando este número com o
obtido em 2008, observou-se crescimento do efetivo de 1,5% no ano de 2009. O Gráfico 1
apresenta a variação do efetivo de bovinos desde o ano de 1997 até 2009. Dentre os efetivos de
grandes animais, o de bovinos foi o único que apresentou crescimento. Os demais tiveram queda,
sendo a maior redução de efetivos ocorrida em asininos, decrescendo 8,9%.
Gráfico 1 - Variação do efetivo de bovinos - Brasil - 1997-2009

Em termos regionais, o Centro-Oeste brasileiro é a principal região detentora de rebanho


bovino, 34,4% do efetivo nacional. A seguir destaca-se a Região Norte, com 19,7% (Gráfico 2).
Mato Grosso apresenta o maior número de animais, mantendo 13,3% do efetivo, seguido por
Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, ambos com participações individuais de 10,9%. Os dez
primeiros estados em efetivo de bovinos concentram 81,3% do total. Corumbá (MS) é o maior
produtor nacional de bovinos, com cerca de 1,973 milhões de cabeças, representando 1,0% do
efetivo nacional. É seguido proximamente por São Félix do Xingu (PA), com 0,9%, e Ribas do
Rio Pardo (MS), com 0,6% de participação em termos nacionais. Merece destaque o ganho de
importância de Porto Murtinho (MS), que em 2008 ocupava a 12ª posição no ranking dos
principais municípios, e em 2009 passou a ocupar a 5ª posição, registrando aumento de 25,3% no
efetivo. O Município de Novo Progresso (PA) não aparecia entre os 20 principais em 2008 e em
2009 assume a 10ª posição.
Gráfico 2 - Distribuição percentual do efetivo de bovinos, por Grandes Regiões - 2009

Observa-se que o efetivo de bovinos encontra-se bem distribuído pelo Território Nacional.
Uma medida disto, é o fato de os 20 principais municípios concentrarem cerca de 8,4% do total
de animais.
Quanto ao abate e produção de carne bovina para o ano de 2009, verificou-se, pela
Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, também do IBGE, o abate de 28,063 milhões de
cabeças e a produção de 6,661 milhões de toneladas do produto.
Salienta-se que tal pesquisa investiga somente os estabelecimentos que realizam o abate e
que o fazem sob algum tipo de inspeção sanitária. Deste total de carne produzida, 13,9% foram
exportados para outros países. No ano de 2009 houve a redução do volume comercializado
externamente de carne bovina em cerca de 9,9% sobre o ano de 2008, segundo os dados da
Secretaria de Comércio Exterior - SECEX, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (BRASIL, 2010). Os principais destinos da carne bovina brasileira foram
Rússia, Hong Kong e Irã. O maior consumidor mundial de carne bovina foram os Estados
Unidos, seguido pela União Europeia e Brasil.
Outros efetivos de grande porte
Entre os outros efetivos de grande porte, os bubalinos apresentaram queda no número de
animais de 0,9%, equinos com queda de 0,8%, os asininos com queda de 8,9% e os muares com
decréscimo de 2,9% no ano de 2009 em relação ao ano de 2008.
Os maiores efetivos de bubalinos encontram-se nos Estados do Pará, Amapá e Maranhão.
Juntos, estes estados detêm 63,5% do efetivo nacional. Os principais municípios produtores são
Chaves (PA), Cutias (AP) e Almeirim (PA). A criação de bubalinos mostra-se bastante
concentrada em alguns poucos municípios: Chaves (PA), por exemplo, mantém 7,1% de todo o
efetivo nacional. No mesmo sentido, os 20 principais municípios respondem por 50,0% do total
de animais do Brasil.
O efetivo de equinos foi de 5,496 milhões de cabeças no ano de 2009. Minas Gerais
apresentou o maior número de animais desta espécie (14,6%), seguido por Bahia (10,9%) e Rio
Grande do Sul (8,2%). Os municípios que tiveram os maiores efetivos foram Corumbá (MS),
Feira de Santana (BA) e Santana do Livramento (RS).
Quanto ao efetivo de asininos no ano de 2009, houve o registro de 1,030 milhão de
cabeças. O estado com o maior efetivo é a Bahia (27,1%), seguido do Ceará com 18,9%. Os
Municípios de Feira de Santana (BA), Petrolina (PE) e Boa Viagem (CE) têm os maiores
efetivos.
O último efetivo de grande porte investigado pelo IBGE é o de muares com 1,276 milhão
de cabeças. A Bahia tem 22,8% do efetivo destes animais, a maior participação nacional. Em
termos municipais São Félix de Xingu, Santa Maria das Barreiras e Novo Repartimento, todos no
Estado do Pará, são os municípios com os maiores rebanhos.
Efetivo de médio porte
Suínos
O efetivo de suínos foi, para o ano de 2009, de 38,045 milhões de cabeças. O Brasil foi o
5º maior produtor de carne suína do mundo atrás da China, Estados Unidos, Alemanha e
Espanha, segundo a FAO (2010). Comparativamente ao ano de 2008, houve aumento de reses em
3,3%. O efetivo brasileiro de suínos tem se mantido continuamente crescente desde 2003
(Gráfico 3).
Gráfico 3 - Variação do efetivo de suínos - Brasil - 1997-2009

Juntos, os estados do Sul do País mantêm 48,5% do efetivo nacional de suínos. Santa
Catarina, isoladamente, possui 21,0% dos animais deste plantel. Minas Gerais possui o 4º maior
volume de animais. É neste estado que se encontra o principal município, Uberlândia, que
apresentou 1,8% do total nacional. Rio Verde, em Goiás, teve o 2º maior plantel, seguido de
Toledo no Paraná.
A produção de carne suína, investigada pela Pesquisa Trimestral do Abate de Animais
para o ano de 2009, do IBGE, foi de 2,930 milhões de toneladas, com o abate de 30,933 milhões
de cabeças. Isto fez com que o consumo per capita do brasileiro fosse de 15,3 quilos por
habitante/ ano, ainda considerado baixo frente a vários países e, em função disto, tido como tendo
capacidade de expansão. O abate de suínos encontra-se concentrado na Região Sul do País, com
67,2%. Santa Catarina e Rio Grande do Sul participam, em conjunto, com 50,2% da produção de
carne suína nacional.
Ainda no ano de 2009, as vendas externas de carne suína do Brasil cresceram,
apresentando variação de 13,2% sobre a registrada em 2008. Os principais destinos da carne
suína foram Rússia, Hong Kong, Ucrânia, Cingapura e Angola. Este último país tem aumentado
as compras do produto brasileiro, sobretudo no último ano.

Outros efetivos de médio porte


Caprinos
O efetivo de caprinos registrado em 2009 apresentou queda de 2,0% sobre aquele obtido
em 2008. Ao todo foram contados 9,164 milhões de cabeças deste rebanho. O Estado da Bahia
tem 30,2% do efetivo nacional, enquanto o 2o colocado que é Pernambuco tem 17,9%. Os três
principais municípios produtores de caprinos foram Casa Nova e Juazeiro, ambos na Bahia, e
Floresta em Pernambuco. Os 20 principais municípios tinham 22,0% do total destes animais.

Ovinos
O efetivo de ovinos, por sua vez, foi de 16,812 milhões de cabeças no ano de 2009,
variação positiva de 1,1% sobre o registro feito em 2008. A Região Sul tem participação
significativa na formação deste rebanho, sendo o maior estado produtor localizado nela. O Rio
Grande do Sul tem 23,5% do efetivo. O 2º maior produtor de ovinos é a Bahia, com 18,0%. Em
termos municipais, Santana do Livramento e Alegrete, ambos no Rio Grande do Sul, tinham
conjuntamente 3,8% do efetivo nacional. Casa Nova (BA) ocupou a 3º posição.
Efetivo de pequeno porte
Galináceos
A Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE investiga os efetivos de galos, frangas,
frangos e pintos e isoladamente o número de galinhas. Deste somatório, tem-se o efetivo de
galináceos que, no ano de 2009, foi de 1,234 bilhão de unidades, representando uma variação
positiva no efetivo de 2,7%. Os Estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina foram os
principais produtores de galináceos, participando, respectivamente, com 20,5%, 18,5% e 14,4%.
Em termos municipais, mereceram destaque as produções de Rio Verde (GO), Nova Mutum
(MT) e Piraí do Sul (PR).
Para o primeiro grupo houve o registro de um efetivo de 1,024 bilhão de cabeças ou, por
outro lado, aumento do alojamento de 3,1% em 2009 sobre o registrado em 2008. Os maiores
efetivos estaduais estavam no Paraná (22,4%), São Paulo (18,0%) e Santa Catarina (15,7%),
embora o município com maior número de animais fosse Rio Verde, em Goiás. Nova Mutum
(MT) e Piraí do Sul (PR) vieram na sequência.
Para a espécie das galinhas obteve-se um efetivo de 209,226 milhões de unidades,
representando quase estabilidade quando se considera o ano de 2008. Os maiores efetivos
estavam localizados em São Paulo (21,0%), no Paraná e em Minas Gerais, ambos com
participação igual a 11,1%. Em São Paulo, está o Município de Bastos, que detém o maior efetivo
nacional, com cerca de 4,3% do total. A seguir destacaram-se as produções de Santa Maria de
Jetibá (ES) e de Itanhandu (MG). Estes três municípios, isoladamente, representam
aproximadamente 10,0% do total de efetivo brasileiro.
O Brasil é o 3º maior produtor mundial de carne de frango, atrás dos Estados Unidos e da China,
de acordo com a FAO (2010). No acumulado do ano de 2009, foram abatidas 4,773 bilhões de
unidades de frango ou foram produzidas 9,940 milhões de toneladas de carne, segundo a Pesquisa
Trimestral do Abate de Animais. A principal região em abate de frangos é a Sul, respondendo por
60,2% de toda a produção nacional.
As vendas externas de carne de frango, em termos de volume, se reduziram em cerca de 2
milhões de unidades no ano de 2009 na comparação ao ano de 2008.

Outros efetivos de pequeno porte


Outro efetivo que é investigado pela Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE é o de
codornas. Com um alojamento de 11,486 milhões de cabeças, foi aquele que apresentou a maior
variação no ano de 2009, aumento de 27,9%. Na comparação entre os anos de 2008 e 2007
também houve variação significativa, com 18,3% (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Variação do efetivo de codornas - Brasil - 1997-2009

Os estados com os maiores efetivos de codorna foram São Paulo (44,7%), Espírito Santo
(12,1%) e Santa Catarina (9,9%). Em termos municipais destacaram-se Iacri (SP), Bastos (SP) e
Santa Maria de Jetibá (ES). Os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal permitem dizer que a
produção de codorna apresentou-se bem-concentrada: os 20 principais municípios representaram
71,3% de todo o efetivo nacional.
Outro efetivo de pequenos animais investigado pela Pesquisa da Pecuária Municipal é o
de coelhos. Com 236,186 mil animais e apresentando uma variação negativa de 10,0% em 2009
comparativamente a 2008, este efetivo tem no Estado do Rio Grande do Sul a sua maior
participação nacional. No Rio Grande do Sul, existiam em 31.12.2009, dia do inventário, 38,9%
de todo o total nacional, seguido por Santa Catarina (16,1%) e Paraná (16,0%). A Região Sul do
País concentra, isoladamente, 71,0% do total de efetivo de coelhos. Os Municípios de Mogi das
Cruzes (SP), Feira de Santana (BA) e Dois Irmãos (RS) tinham os maiores efetivos.
Principais produtos de origem animal
Leite
Com uma produção de 29,112 bilhões de litros, o leite é um dos principais produtos de
origem animal no Brasil. Comparando- se a produção obtida no ano de 2009 com a de 2008,
verificou-se aumento de 5,6% em volume. Em valor de produção, a variação foi ainda maior,
sendo de 9,2%.
O preço médio do produto foi no ano de 2009 igual a R$0,64, contra R$0,62 em 2008. O
consumo per capita brasileiro para o ano de 2009, segundo os dados da Pesquisa da Pecuária
Municipal, ficou em torno de 152 litros por habitante.
Os principais produtores de leite foram Minas Gerais (27,2%), Rio Grande do Sul (11,7%) e
Paraná (11,5%). O município com maior produção é Castro (PR), seguido por Patos de Minas
(MG) e Piracanjuba (GO). A produção mostra-se bem distribuída, com os 20 principais
municípios representando apenas 7,0% do total nacional.
Segundo a Pesquisa Trimestral do Leite, também do IBGE, no acumulado do ano de
2009, foram adquiridos 19,597 bilhões de litros do produto. Comparando-se tal volume ao obtido
em 2008, verificou-se incremento de produção de 1,6% em 2009. Ao se observar a produção
distribuída no ano de 2009 e comparando-a com a registrada em 2008, verificou-se que durante
todo o 1º semestre a aquisição de leite esteve menor. A recuperação só ocorreu a partir de agosto,
mantendo-se crescente até o final de 2009 e sendo capaz de superar as perdas acumuladas. Os
números desta pesquisa indicam o consumo interno per capita de 102 litros de leite por habitante/
ano, menor do que o dado pela Pesquisa da Pecuária Municipal, uma vez que faz a investigação
somente em estabelecimentos industriais, cuja produção se dá sob algum tipo de fiscalização
sanitária. Os principais estados em aquisição de leite no ano de 2009 foram: Minas Gerais, com
participação de 26,8%; Rio Grande do Sul (14,1%); e Goiás (12,3%).

Alguns outros produtos de origem animal


Ovos de galinha
A produção de ovos de galinha teve aumento de 4,2% no ano 2009, comparativamente
àquela registrada em 2008. Foram produzidas 3,203 bilhões de dúzias do produto, a um preço
médio de R$1,67 a dúzia. São Paulo foi o principal produtor, participando com 26,9% na
produção nacional. A seguir vieram Minas Gerais, com 12,0%; e Paraná, com 10,5%. Em termos
municipais, Bastos (SP) é o maior produtor, mantendo 6,3% da produção nacional, seguido por
Santa Maria de Jetibá (ES) e Itanhandu (MG) com, respectivamente, 4,7% e 2,6% de
participação.
Ovos de codorna
A produção de ovos de codorna foi de 192,195 milhões de dúzias no ano de 2009. Sobre o
ano de 2008, houve aumento de 21,8% da produção. Em termos de faturamento, a variação foi de
19,0%.

Estatística do abate de animais no terceiro trimestre de 2010


Bovinos
No terceiro trimestre de 2010 foram abatidas 7,394 milhões de cabeças de bovinos. Este
número representa queda de 2,5% com relação ao trimestre imediatamente anterior e aumento de
2,6% com relação ao mesmo período de 2009. A queda observada resultou, sobretudo, da
redução do abate de vacas, tendo em vista que o abate de bois cresceu no mesmo período. Esses
dados refletem a retenção de matrizes por parte dos pecuaristas, após aumento contínuo no abate
de fêmeas observado de 2003 a 2006. Desde 2007, a participação do abate de bois em relação ao
abate total de bovinos (adultos e jovens) tem sido crescente e acima de 50%. Com a redução da
oferta de animais para abate, os preços subiram e os frigoríficos reduziram suas atividades.
Atribui-se à crise financeira internacional o ciclo de três trimestres consecutivos (4º trimestre de
2008, 1º e 2º de 2009) de queda do volume abatido. Posteriormente, houve recuperação da
atividade, retornando ao panorama pré-crise.
O volume de abate de bovinos acumulado até o terceiro trimestre de 2010 registra
desempenho 7,1% superior ao de 2009, inclusive nas parciais trimestrais, sobretudo na
comparação entre os dois primeiros trimestres.
Segundo a análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), os
preços do boi gordo no mercado interno continuaram crescendo. O Indicador ESALQ/BM&F
Bovespa, que já havia subido trimestre anterior, prosseguiu subindo ininterruptamente ao longo
do terceiro trimestre, partindo de R$ 84,02 a arroba, em 1º de julho de 2010, e fechando em R$
94,09, em 30 de setembro de 2010, representando aumento de 12% no período. A demanda
continuou superando a oferta. O período de entressafra, com a ocorrência de uma severa estiagem
em áreas produtoras, reduziu a quantidade e a qualidade das pastagens.
O Indicador oficial que mede a inflação brasileira, o IPCA, registrou no acumulado do
terceiro trimestre a variação de 7,53% para o grupo carnes. Somente no mês de setembro a
variação deste item foi de 5,09%, a maior contribuição individual do mês (0,11pontos
percentuais) para o IPCA de 0,45%. As informações fornecidas pela Pesquisa Trimestral de
Abate de Animais, tem como base um cadastro de estabelecimentos que são regularmente
submetidos a inspeção sanitária oficial, seja da esfera federal, estadual e/ou municipal.
A região Centro-Oeste, que representou 35% do abate nacional no período, apresentou
redução de 2,3% no total abatido em relação ao mesmo período de 2009, devido à queda de 5,6%
no abate em Mato Grosso. Esta queda foi compensada pelas regiões Sul e Sudeste. Rio Grande do
Sul e Paraná apresentaram aumentos de 29,0 e 25,1%, e São Paulo, 3,6%.
Em termos de número de animais abatidos, Mato Grosso mantém a liderança e
praticamente não apresenta variação, tendo abatido 14,1% de toda a produção nacional feita pelos
estabelecimentos fiscalizados. Os Estados de São Paulo e de Mato Grosso do Sul, com 12,2% e
10,7% do quantitativo total respectivamente, vêm em seqüência. Mato Grosso do Sul teve uma
redução de 1,1% na participação nacional.
O volume de bois abatidos cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior. A variação da
quantidade de vacas abatidas foi mais expressiva, registrando queda de 10,9% para o mesmo
período comparativo. Comparando-se os números registrados neste trimestre com o desempenho
do abate apurado no mesmo trimestre de 2009, o número de bois abatidos foi superior em 6,1%,
enquanto que o de vacas contraiu 0,2%.
Em termos de peso de carcaças, registrou-se 1,770 milhão de tonelada, queda de 3,0% em
relação ao 2° trimestre de 2010 e aumento de 2,5% em relação ao 3º trimestre do ano anterior. O
peso médio de carcaças de bois e vacas apurado no trimestre ficou abaixo do registrado no
trimestre anterior. Para ambas as categorias, o animal abatido apresentou redução média de 3,4
kg. O volume de animais abatidos sob inspeção sanitária federal representou 75,0% do abate
total. Sob inspeções estadual e municipal esse volume foi de 18,1% e 6,9%, respectivamente.

Frangos
No 3° trimestre de 2010, a pesquisa Trimestral do Abate de Animais registrou 1,283
bilhões de unidades de frangos abatidos, aumento de 3,8% no volume de produção em relação ao
trimestre imediatamente anterior. Em relação ao mesmo período de 2009 , o abate registrado
significou aumento de 1,3 %. Este desempenho coloca a produção de frangos mais uma vez em
novo patamar histórico, superando justamente o resultado obtido há doze meses atrás. O volume
de abate de frangos no acumulado até o terceiro trimestre de 2010 registra um desempenho 4,7%
superior ao de 2009.
Não houve mudanças a se destacar quanto à participação por região brasileira em relação
a produção nacional neste trimestre em relação ao anterior, porém nos estados de Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul o volume abatido variou positivamente em torno de 6%, acima da variação
nacional, mantendo praticamente a mesma participação de 14,2% do agregado nacional.
O peso total de carcaças foi de 2,785 milhões de toneladas, crescimento de 4,3% em
relação ao trimestre imediatamente anterior. Comparando-se com o mesmo trimestre de 2009, a
variação foi de 6,5%. O peso médio por unidade de frango abatido cresceu 5,08%, passando de
2,06 kg para 2,17 kg. O volume de animais abatidos sob inspeção sanitária federal representou
95,1% do abate total; sob inspeção estadual, 4,8%; e sob municipal, 0,1%.

Animais abatidos e peso total das carcaças, segundo os meses - Brasil 3º Trimestre de 2010
Bovinos Suínos Frangos
Número de Número de Número de
Meses Peso total Peso total Peso total
cabeças cabeças cabeças
das carcaças das carcaças das carcaças
abatidas (mil abatidas (mil abatidas (mil
(t) (t) (t)
cabeças) cabeças) cabeças)
Total 22 055 5 287 120 24 188 2 283 943 3 725 794 7 985 437
Janeiro 2 338 562 267 2 473 228 316 386 794 810 684
Fevereiro 2 196 522 465 2 478 229 684 376 001 785 959
Março 2 541 606 115 2 858 266 995 443 825 932 868
Abril 2 458 588 750 2 585 245 252 403 501 870 401
Maio 2 584 623 256 2 730 260 680 418 731 897 947
Junho 2 544 613 723 2 755 261 786 413 787 902 171
Julho 2 564 616 004 2 826 268 126 434 940 958 760
Agosto 2 405 576 078 2 769 263 692 430 140 931 496
Setembro 2 425 578 461 2 713 259 411 418 074 895 151
Fonte - IBGE/DPE/COAGRO - Pesquisa Trimestral do Abate de Animais
Nota - 1) Os dados divulgados são oriundos de estabelecimentos que estão sob inspeção federal, estadual
ou municipal.
2) Resultados preliminares
Suínos
O abate de suínos, que nos últimos anos vem apresentando trajetória de alta nos seus
indicadores, alcançou novo patamar recorde no volume de abate. Foram abatidas 8,308 milhões
de cabeças, aumento de 2,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior, e de 2,5%
comparando-se com o mesmo período de 2009.
O volume de abate de suínos acumulado no ano registra desempenho 5,1% superior ao de 2009.
Nestes três trimestres de 2010, a Região Sul representou 65,4% da produção nacional, a Sudeste
17,6% e a Centro-Oeste 15,5%, totalizando 98,5% do abate do país.
Este aumento no abate de suínos reflete um aumento do consumo interno deste tipo de
carne, já que as exportações não acompanharam estas taxas de abate. A carne suína e a de frango
são alternativas à carne bovina, especialmente quando os preços ao consumidor desta última
estão em alta, como vem sendo observado este ano.
Dentre os principais estados brasileiros de abate de suínos, Mato Grosso teve a maior
variação percentual quando comparado ao trimestre anterior (+5,5%), e de +29,1% com relação
ao 3° trimestre de 2009.
Em termos de peso das carcaças de suínos a produção ficou em 791,229 mil toneladas,
incremento de 3,1% com relação ao trimestre imediatamente anterior. Se comparado ao 3°
trimestre de 2009, a variação positiva foi de 2,7%.
A produção de abate de suínos possui características bem distintas entre as regiões
brasileiras ao se observar o peso médio do animal. Nas Regiões Sul e Centro-Oeste o peso médio
foi de 97,9 kg; na Região Sudeste, 80,4 kg; Nordeste, 56,3kg; e Norte, 44,0 kg. O peso médio
nacional foi de 95,2kg/animal, e o maior peso (116,9 kg/animal) foi registrado em Goiás.

Aquisição de Couro no 3º trimestre de 2010


A aquisição de peças inteiras de couro cru de bovino foi de 6,417 milhões no 3º trimestre
de 2010, redução de 6,1% sobre o 3º trimestre de 2009 e de 2,4% sobre o 2º trimestre de 2010. A
principal origem do couro adquirido pelos estabelecimentos investigados pela pesquisa foram os
matadouros frigoríficos (63,0%), seguida pela prestação de serviços de curtimento a terceiros.
Mato Grosso apresentou a maior queda na aquisição de couro em termos estaduais,
motivada pela redução do abate bovino que reduziu a oferta da matéria-prima. A prestação de
serviços de curtimento a terceiros, porém, superou a aquisição e resultou em um aumento no total
de peças de couro pelos curtumes mato-grossenses. É o único estado onde a prestação de serviços
de curtimento de couro bovino supera a aquisição direta de unidades de couro pelos curtumes (55
e 45% do total, respectivamente). Depois de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do
Sul são os maiores prestadores de serviços de curtimento de couro bovino.
Quanto ao couro efetivamente curtido pelos estabelecimentos pesquisados, houve o
registro de 8,935 milhões de unidades, uma queda tanto em relação ao 3º trimestre de 2009 como
em relação ao trimestre anterior. O principal produto usado no curtimento do couro é o cromo,
sendo que 95,9% do produto é processado sob este método. Apenas 4,0% de todo o couro é
curtido usando-se o tanino. O total de peças de couro é 21% superior ao volume de bovinos
abatidos no período, igual ao do ano anterior, e abaixo da média dos últimos dez anos (35%).

Quantidade de couros crus inteiros de bovinos de origem nacional adquiridos pelos curtumes,
segundo os meses – Brasil - 3º Trimestre de 2010
Meses (unidade)
Total 26 596 041
Janeiro 2 794 137
Fevereiro 2 615 194
Março 3 093 832
Abril 2 984 039
Maio 3 059 240
Junho 3 114 185
Jujho 3 108 524
Agosto 2 906 561
Setembro 2 920 329
Fonte - IBGE/DPE/COAGRO - Pesquisa Trimestral do Couro.
Nota: 1) - Resultados preliminares
2) - As informações não correspondem aos totais das UF's, uma vez que, são pesquisados apenas
estabelecimentos que adquirem 5000 ou mais unidades de couro cru de bovino no ano

Aquisição de Leite no 3º trimestre de 2010


A aquisição de leite pela indústria foi de 5,191 bilhões de litros no 3° trimestre de 2010,
aumento de 6,0% sobre o 3º trimestre de 2009 e de 5,7% sobre o 2º trimestre de 2010. O total
acumulado no ano foi de 15,373 bilhões de litros, uma alta de 8,8% comparado ao mesmo
período do ano anterior.
Ao contrário do ocorrido no mesmo trimestre do ano passado, a aquisição de leite caiu ao
longo dos meses do 3º trimestre, sendo que em setembro o total adquirido foi inferior ao de
setembro de 2009 (-1,4%, Gráfico 3). Este foi o único mês do ano de 2010 cuja aquisição de leite
foi inferior à observada no mesmo mês de 2009.
Nas regiões Norte e Centro-Oeste houve recuo na captação de leite na comparação entre o
3º trimestre de 2010 e o 3º trimestre de 2009, devido à falta de chuvas principalmente em
Rondônia e Goiás, principais estados produtores destas regiões. Por outro lado, houve aumento
na captação em todos os estados das regiões Sul e Sudeste, que incluem os três maiores
produtores nacionais de leite (Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná), segundo a Pesquisa da
Pecuária Municipal 2009.
Na região Nordeste, Bahia e Pernambuco, maiores produtores de leite da região,
apresentaram quedas na aquisição de leite pela indústria (-8,1 e –7,3%, respectivamente) em
relação ao trimestre anterior. Os demais estados da região, com exceção do Maranhão, tiveram
aumentos na aquisição de leite na mesma comparação. O aumento de 30,1% em relação ao
trimestre anterior, observado no Rio Grande do Sul, foi devido ao aumento da demanda da
indústria aliada à boa qualidade das pastagens no período. A maioria (93,8%) do leite avaliado
pela pesquisa sofreu inspeção sanitária federal, 5,5% estadual e apenas 0,8% municipal.
Minas Gerais adquiriu 25,9% do total nacional, seguido pelo Rio Grande do Sul com
15,8%. O volume de leite adquirido no 3º trimestre de 2010 por estado, em ordem decrescente,
está no gráfico abaixo.
Quanto ao leite cru que foi industrializado, observou-se um volume de 5,167 bilhões de
litros no 3º trimestre de 2010, indicando um aumento de 5,6% com relação ao 2º trimestre de
2010 e de 6,0% com relação ao 3º trimestre de 2009.
Segundo o Cepea, o maior preço médio do leite em setembro foi de R$0,75/litro em SP
em junho, alta de 1,5% com relação ao mês anterior. No Sul, o preço do leite caiu em função do
aumento da oferta, e o menor preço foi de R$ 0,61/litro no Rio Grande do Sul.
Quantidade de leite cru ou resfriado adquirido e industrializado pelo estabelecimento, segundo os
meses – Brasil - 3º Trimestre de 2010
Leite cru ou resfriado adquirido Leite cru ou resfriado industrializado pelo
Meses
(mil litros) estabelecimento (mil litros)
Total 15 372 753 15 306 950
Janeiro 1 881 029 1 872 616
Fevereiro 1 634 973 1 625 499
Março 1 756 365 1 749 020
Abril 1 656 012 1 649 981
Maio 1 633 843 1 628 125
Junho 1 619 807 1 614 467
Julho 1 757 462 1 746 599
Agosto 1 755 790 1 748 882
Setembro 1 677 472 1 671 761
Fonte - IBGE/DPE/COAGRO - Pesquisa Trimestral do Leite
Nota - 1) Resultado preliminares
2) Os dados divulgados são oriundos de estabelecimentos que estão sob inspeção federal, estadual ou
municipal.
3) Na quantidade de leite cru ou resfriado industrializado pelo estabelecimento estão computados os
estoques de leite relativos ao último trimestre anterior.

Produção de Ovos de Galinha


A produção de ovos de galinha foi crescente em todos os meses de 2010 e alcançou
622,499 milhões de dúzias no 3º trimestre de 2010, um aumento de 1,8% em relação ao trimestre
anterior e de 4,0% comparando-se com o mesmo trimestre de 2009.
No acumulado do ano de 2010 (janeiro a setembro) a produção atingiu o patamar de 1,839 bilhão
de dúzias, 4,5% superior ao mesmo período de 2009. A região sudeste concentrou mais da
metade da produção nacional de ovos, sendo São Paulo, Minas Gerais e Paraná os maiores
produtores nacionais.
Deve-se destacar o crescimento da avicultura no estado de Mato Grosso, que teve nove
informantes adicionados ao cadastro da pesquisa desde meados de 2009 e praticamente dobrou a
sua produção de ovos, crescendo continuamente em todos os trimestres. Neste trimestre, o
crescimento no MT foi de 49,5% em relação ao mesmo trimestre de 2009. Por outro lado,
Amazonas apresentou a maior queda de produção de ovos entre as Unidades da Federação (-
38,2%). Na região Nordeste, Pernambuco, maior produtor da região, aumentou a
produção em 2% em relação ao mesmo período de 2009.

Produção de ovos de galinha, segundo os meses – Brasil 3º Trimestre de 2010

Meses (mil dúzias)


Total 1 839 157
Janeiro 204 672
Fevereiro 192 085
Março 208 242
Abril 202 823
Maio 204 662
Junho 204 174
Julho 209 145
Agosto 208 034
Setembro 205 320
Fonte - IBGE/DPE/COAGRO - Pesquisa da Produção de Ovos de Galinha
Nota:1) Resultados preliminares.
2) As informações não correspondem as produções totais das UF's uma vez que, são pesquisados apenas
os estabelecimentos com 10.000 ou mais galinhas poedeiras.

Referências:
Estatística do abate de animais no terceiro trimestre de 2010. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/producaoagropecuaria/abate-
leite-couro-ovos_201003comentarios.pdf. Acesso em 02 de janeiro de 2011.

IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária. Pesquisa da pecuária municipal


1997-2009. Produção da Pecuária Municipal, v.37, 2009. Disponível em: Acesso em 5 de março
de 2011.

Pecuária. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pecu%C3%A1ria. Acesso em 20 de


fevereiro de 2011.
6 - O PAPEL DA PECUÁRIA NA POLUIÇÃO E REDUÇÃO DA ÁGUA

Introdução
A água é o elemento fundamental para a manutenção da vida e da qualidade de vida,
atuando de forma direta em todos os ecossistemas. Somente 2,5% de todas as reservas hídricas
são consideradas puras, sendo que a maior parte está localizada nas regiões glaciais, na forma de
gelo ou neve permanente.
As reservas de água são irregularmente distribuídas no globo terrestre, de modo que, mais
de 2,3 bilhões de pessoas em 21 países vivem em condições de estresse hídrico (consumindo
entre 1000 a 1700m3/pessoa/ano). Enquanto que, 1,7 bilhões de pessoas vivem em condições
severas de falta de água, com menos de 1000m3/pessoa/ano. A disponibilidade de água é sempre
um fator limitante para as atividades humanas, principalmente para a agricultura. E segundo
Hoekstra (2003) um tratado será utilizado para quantificar a água necessária para a produção de
alimentos de origem animal e que, futuramente, a sua aplicação no custo das comodites, auxiliará
no custo real do produto final. Assim, o excesso de áreas de irrigação, manejo errado da água e
etc, que tiveram como resultado solos danificados, redução e contaminação de águas
subterrâneas, causando a redução da qualidade da água de um modo geral poderão ser
contabilizadas e embutidos no custo final da comodite. De modo que, o mercado poderá optar
não somente pelo custo, mas também pela forma como o produto foi produzido. Neste caso, os
países exportadores receberão pela água consumida.
Atualmente cada pessoa consome de 30-300l / dia para propósitos domésticos, enquanto
que 3000 litros / dia são consumidos para o crescimento do alimento para uma pessoa. Assim,
atualmente um dos maiores desafios da produção de alimentos seria, manter a segurança
alimentar e reduzir a fome sem reduzir as reservas hídricas e danificar os ecossistemas.

A ameaça da falta d’água


As projeções de aumento do consumo de água em 22% para 2025 sugerem a ocorrência
de conflitos quanto à forma de uso da água. Sendo que os principais responsáveis pelo aumento
serão os consumidores domésticos, indústrias e a produção animal.
Existe o consenso mundial de uma futura crise de água e a reutilização destas é uma das
opções onde ela é escassa. Entretanto, o custo do tratamento das águas que apresentam níveis
elevados de contaminações biológicas, pode ser proibitivo em muitos países, além disso, a
padronização da qualidade microbiológica da água ainda não está bem definida em muitos países.
A Califórnia possui os padrões mais rigorosos, enquanto que o México alterou seus padrões de
qualidade de acordo com seus históricos epidemiológicos e econômicos (Blumentha et al., 2000).
Como conseqüência direta do aumento da demanda por água, estima-se que 64% da
população mundial passe a viver em 2025, em condições de estresse hídrico, contra os 38%
atuais. Neste aspecto, países que apresentarão falta de água, também terão que importar seus
alimentos, principalmente os cereais, enquanto que os países que não possuírem condições de
importar manterão a sua população faminta e subnutrida.
Em muitos casos os recursos hídricos se exaurem pelo mau uso da terra, isto porque, a
remoção de matas ciliares, da cobertura vegetal e etc, impedem a infiltração da água que recupera
a capacidade de campo do solo e as reservas de águas subterrâneas. O uso inapropriado da terra
pode ameaçar o funcionamento dos ecossistemas. A água atua como peça chave nos processos
bioquímicos. A seca afetará os sistemas biológicos através da diminuição da água disponível para
o desenvolvimento das plantas e animais, induzindo a mudanças para um sistema biológico mais
seco. A poluição se torna mais um agravante, de modo que a água é o principal veículo de
dispersão dos agentes poluentes. Os poluentes são impactantes não somente no local de sua
dispersão, mas sim, em todo o ciclo da água, que muitas vezes ocorre distante do ponto inicial de
emissão.
Todos os sistemas são afetados, mas principalmente os sistemas úmidos serão
severamente atingidos, isto por que, estes ambientes mantêm uma população muito diversificada
de organismos vivos. Os ecossistemas proporcionam grande variedade de serviços ambientais e
mercadorias, avaliadas mundialmente em US$ 33 trilhões. Estão incluídos os controles de
enchentes, reabastecimento das águas subterrâneas, estabilização da costa e proteção contra
tempestades, sedimentação e regulação nutricional, mudanças climáticas, purificação da água,
conservação da biodiversidade, recreação, turismo e oportunidades culturais.
O impacto da produção animal sobre as reservas hídricas ainda não é bem compreendida.
O foco primário de todo o segmento da cadeia produtiva da produção animal seria: a produção na
fazenda. Mas a contabilização de toda a água1 utilizada direta ou indiretamente pelo setor é
ignorada. A contribuição da produção animal no consumo de água baseia-se principalmente na
contaminação do recurso hídrico por fezes e lixo.

Uso da água para beber e de serviço


Os animais naturalmente suprem as suas necessidades hídricas ingerindo água e / ou
através dos alimentos e da água metabólica produzida pela oxidação de alguns nutrientes. Em
sistema a pasto, por exemplo, a água contida nas forrageiras contribui significativamente para
suprir a demanda diária. Entretanto, nos sistemas confinados onde o alimento oferecido em maior
proporção são os grãos desidratados, a água necessária para o metabolismo deverá vir do
consumo de água de beber. Conseqüentemente, a demanda é muito influênciada pelo sistema de
criação adotado, o que pode variar muito de uma espécie para outra, bem como o estado
fisiológico ao qual o animal encontra-se. Além disso, estão envolvidos os fatores climáticos
como a temperatura e a umidade relativa do ar. Mas é consenso que o consumo pode ser mais
elevado caso os animais sejam de alta produção.
Em sistemas mais intensificados existe a necessidade da utilização da água para a
higienização das unidades de produção, lavagem dos animais, resfriamento de animais e / de seus
produtos, além da remoção das fezes. Geralmente, dependendo do sistema de criação de suínos, o
consumo de água necessário para a remoção das fezes pode ser até sete vezes maior do que a
utilizada para beber.
Os sistemas de produção normalmente diferem na utilização da água por unidade animal e
como as necessidades dos animais são supridas. Em sistemas extensivos a busca pelo alimento
efetuada pelos animais eleva a necessidade de água, quando comparado ao sistema confinado
onde os animais ficam parados. Entretanto, em confinamento utiliza-se muita água de serviço e
destinada à hidratação dos animais.
A maior parte da água utilizada pela produção animal retorna ao ambiente, parte será
reutilizada no local, entretanto parte pode estar poluída. A água utilizada para o serviço ou a de
bebida retorna ao ambiente na forma de fezes, urina ou água poluída. As fezes animais contêm

1
Refere-se a água removida de uma fonte e utilizada para as necessidades humanas, sendo que parte pode voltar para a origem e reutilizada, mas
com perda de qualidade e na quantidade.
muitos nutrientes, resíduos de drogas, metais pesados e patógenos. Caso estes elementos se
acumulem na água podem gerar sérios problemas para o ambiente. Sendo assim, a poluição
gerada pelos sistemas de produção animal contribuem na redução das reservas de água.
O mecanismo de poluição pode ser separado em dois tipos: específico ou não específico.
O ponto de poluição específico é caracterizado como o local definido em uma área de descarga
no curso da água. Já o ponto não específico é caracterizado pela eliminação difusa dos poluentes,
como as pastagens.
Altas concentrações de nutrientes na água estimulam o desenvolvimento de algas
causando a eutrofização do ambiente. O aumento do número de algas leva ao maior consumo de
oxigênio dissolvido na água, o que causa redução dos níveis para as outras espécies. Ocorre
também, contaminação da água com bactérias, o que leva à mau cheiro e gosto ruim desta. A
demanda biológica de oxigênio é um indicador utilizado para determinar o nível de contaminação
da água por material orgânico.
Este evento é um processo natural, mas a produção animal e algumas áreas de culturas
aceleram este processo devido ao aumento da entrada das substâncias orgânicas no sistema
aquático. A eutrofização e o crescimento bacteriano excessivo consomem o oxigênio dissolvido
afetando o funcionamento do ecossistema, além disso, pode causar: mudanças nas características
do habitat, mudança no tipo de população de peixes por espécies menos rentáveis, produção de
toxinas, entupimento de canais por algas, perda de oportunidades recreacionais. O elemento P é
considerado como a peça chave na superfície dos ambientes aquáticos, enquanto que o N, devido
a sua maior mobilidade, pode contaminar as águas subterrâneas.
De forma global a água de beber e de serviço consumida na produção animal representa
apenas 0,6% do total consumido de água pura. De modo que, este setor não é considerado o
principal fator causador da escassez de água. Entretanto, ainda existe pontos diretos ou
indiretamente ligados que não foram contabilizados.

Fontes de poluição vindas dos sistemas de produção intensivo


As maiores mudanças estruturais que estão ocorrendo na produção animal hoje estão
associadas com o desenvolvimento de sistemas de produção animal de maneira industrial e
intensiva. Estes sistemas sempre envolvem um grande número de animais concentrados em uma
pequena área e relativamente poucas operações. Assim, enormes quantidades de resíduos têm que
ser manejados para evitar a contaminação da água. O modo como estes resíduos são manejados
varia muito e está associado com o impacto nos recursos hídricos.
No desenvolvimento de cidades existem estruturas regulatórias, mas estas regras sempre
são violadas. Na Escócia o número de incidentes de poluição com resíduos de fazendas aumentou
de 310 em 1984 para 539 em 1993 e na Irlanda do Norte de 2367 em 1981 para 4141 em 1988.
No desenvolvimento de cidades, e em particular na Ásia, mudanças estruturais no setor, e
subseqüentemente, mudanças nas práticas de manejo de esterco, têm causado um impacto
negativo no ambiente. O crescimento em escala e concentrações geográficas na vizinhança de
áreas urbanas são causas de desequilíbrios na pecuária que dificultam a reciclagem do esterco
como a sua utilização como adubo nas lavouras. Nestas condições o custo do transporte de
esterco para locais mais distantes são sempre uma dificuldade. Em adição terras peri-urbanas são
muito caras para sistemas de tratamento em lagoas. Como resultado, a maior parte do chorume é
jogado diretamente nos cursos d’água. Esta poluição em meio a uma elevada população humana
aumenta o impacto na qualidade de vida (Gerber & Menzi, 2005).
O tratamento da água é praticado na minoria das fazendas e é insuficiente para alcançar as
normas aceitáveis. Entretanto, regulamentações são relatadas em países em desenvolvimento,
mas elas são raramente executadas. Mesmo quando o esterco é coletado, como em lagoas, uma
parte considerável é sempre perdida pela lixiviação nas estações chuvosas, contaminando assim,
as nascentes e as águas subterrâneas.
Olhando a distribuição global de sistemas de produção intensivo e baseado em estudos locais de
contaminação direta da água pela pecuária é claro que a maior parte da poluição está nos locais
com alta densidade de atividades pecuárias intensivas. Estas áreas são: Estados Unidos (costa
leste e oeste), Europa (Oeste da França, oeste da Espanha, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Olanda,
norte da Itália e Irlanda), Japão, China e sudeste da Ásia (Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan,
Tailândia e Vietnã), Brasil, Equador, México, Venezuela e Arábia Saudita.
O setor de pecuária está ligado a três principais mecanismos de poluição: 1. Parte dos
resíduos da pecuária e, em particular, o esterco são aplicados em terras como fertilizantes para a
produção de alimentação animal e humana. 2. Em sistemas de produção intensivo as águas
superficiais são contaminadas por resíduos vindos diretos da deposição de material fecal dentro
dos córregos e rios, ou através da enxurrada que os depositam no solo. 3. A pecuária intensiva
tem uma alta demanda por grãos e forragem que demandam recursos adicionais como pesticidas
e fertilizantes minerais que podem contaminar as nascentes após terem sido aplicados no solo.
Agentes poluidores depositados em pastagens naturais e em terras agricultáveis podem
contaminar o subsolo e as águas superficiais. Os nutrientes, resíduos químicos, metais pesados ou
contaminantes biológicos aplicados na terra podem ser infiltrados no solo ou levados pela
enxurrada. As extensões de tudo isto depende do solo e do clima, da intensidade, freqüência,
período de pastejo e a taxa com que o esterco é aplicado. Em condições de seca, a maior
contaminação fecal ocorre com os animais defecando diretamente nos cursos d’água.
A diminuição da degradação das terras tem um efeito nos mecanismos e quantidades de
poluição. Como a cobertura vegetal é reduzida, e como o solo é desprotegido e subseqüentemente
a erosão é aumentada, a enxurrada também aumenta, e então ocorre o transporte de nutrientes,
contaminantes biológicos, sedimentos e outros contaminantes para os cursos d’água. O setor da
pecuária tem um impacto complexo, como fonte direta e indireta de poluição, e também
influencia diretamente (através da degradação) mecanismos naturais de controle e minimização
de cargas de poluição.
A aplicação do esterco na agricultura é motivado por dois objetivos. O primeiro (vindo de
ponto de vista ambiental e / ou econômico) ele é um efetivo fertilizante orgânico e reduz as
necessidades de adquirir fertilizantes químicos. Segundo, ele é usualmente a opção mais barata
para cumprir as normas do que o tratamento do esterco.
Nutrientes recuperados do esterco e aplicados na agricultura são estimados globalmente como 34
milhões de toneladas de nitrogênio (N) e 8.8 milhões de toneladas de fósforo (P) em 1996
(Sheldrick, Syers and Lingard, 2003). A contribuição do esterco do total de fertilizantes tem
diminuído. Entre 1961 e 1995, o relativo percentual diminuiu para o N de 60 para 30%, e para o
P de 50 para 38% (Sheldrick, Syers and Lingard, 2003). Entretanto, o esterco é o principal
fertilizante utilizado em países em desenvolvimento. As maiores contribuições do esterco são
observadas na Europa oriental (56%) e no Sub-Saara da África (46%). Estas altas taxas,
principalmente no Sub-Saara da África, reflete a abundância de terras e grande valor econômico
do esterco como fertilizante, comparado aos fertilizantes minerais, os quais talvez sejam
inacessíveis para todos em alguns lugares.
O uso do esterco como fertilizante não tem sido considerado como uma maneira de
tratamento da água, mas como uma maneira de diminuir a contaminação desta. Quando usado
apropriadamente, a reciclagem dos resíduos da pecuária podem diminuir as necessidades de
fertilizantes minerais.
Usando o esterco como uma fonte de fertilizante orgânico existem vantagens também em
relação à poluição da água por nutrientes. Uma vez que uma elevada quantidade de N contida no
esterco está na forma orgânica, ele se torna disponível para a cultura gradualmente. Ademais, a
matéria orgânica contida no esterco aumenta a estrutura do solo, e aumenta a sua capacidade de
reter água e sua capacidade de troca. Todavia, o N orgânico é também mineralizado com o tempo
tendo então, baixa captação pelas culturas. Em tal momento o N liberado é mais vulnerável à
lixiviação. Na Europa a maior parte da contaminação por nitrato ocorre como resultado da
mineralização do N orgânico no outono e primavera.
O principal fator externo de entrada de nitrogênio no sistema de produção de bovinos são
os concentrados e os fertilizantes (Tamminga, 1996). Este elemento está presente no ambiente em
diversas formas químicas, sendo que algumas são perigosas outras não. O N excretado pelos
animais pode estar na forma orgânica presente nas fezes e inorgânica, presente na urina. As
perdas de nitrogênio podem o correr por quatro formas: volatilização da amônia (NH3),
dinitrogênio (N2), oxido nitroso (N2O) e nitrato (NO3-). A forma de aplicação e de estoque das
fezes afetam a transformação do N, e os produtos resultantes atuam de diferentes formas no
ambiente. Em condições anaeróbicas o nitrato é transformado em N2 através da denitrificação.
Entretanto, se houver deficiência de carbono orgânico, a rota muda para a produção de oxido
nitroso que é mais tóxico. Este evento ocorre quando a amônia é lixiviada para as reservas de
água no solo. O nitrato é a forma mais móvel de N existente, e pode ser lixiviada para as camadas
mais profundas do solo, contaminando as reservas de água subterrâneas. Em humanos a
contaminação por nitrato pode causar intoxicações, abortos e câncer. Um estudo realizado nos
EUA avaliou a contaminação dos leitos dos rios e lagos por nitrato, e observaram valores de 21,9
mg/ L próximos a áreas de aviculturas. Da mesma forma, a contaminação ambiental é observada
na China aonde a produção de suínos vem crescendo.
A presença do P na água de beber não apresenta toxidez evidenciada para os humanos e
animais. Entretanto a contaminação com P ocorre quando quantidades excessivas de P são
aplicadas no solo e atingem os leitos dos rios.
A eliminação de N e P para o ambiente é significativa e difere entre as espécies de criação. A
eliminação do N é maior nos suínos, enquanto que a de P é maior nas aves. Em áreas de produção
intensiva esta eliminação supera a capacidade do ambiente em processar estes nutrientes e,
conseqüentemente, degradam o solo e as águas subterrâneas. De acordo com os dados da FAO a
produção de fezes em 2004 continham 135 milhões de toneladas de N e 58 milhões de toneladas
de P. Sendo que a produção de bovinos contribuiu em 58% do N, suínos 12% e as aves em 7%. A
Ásia é o maior contribuidor para a poluição mundial de N e P, cerca de 35,5%.
Parte das drogas utilizadas nos sistemas de produção não é degradada no organismo
animal, logo, são excretados para o ambiente. Mesmo pequenas quantidades de antibióticos
dissolvidos na água, atuam de forma seletiva e, tornam os organismos patogênicos mais
resistentes. Quanto aos hormônios, a preocupação está condicionada aos seus efeitos sobre as
disfunções nos humanos e na vida selvagem, fato evidenciado pelo aumento de casos de
feminilização de peixes.
Antibióticos e hormônios são muito utilizados na indústria animal e, pode ser em muitos
casos excessiva. Sub-doses de antibióticos são utilizados como promotores de crescimento,
permitindo maior ganho de peso em menor tempo. Nos EUA (quando) a quantidade utilizada
destas substâncias de forma não terapêutica chegou a 80% do total de antibióticos produzidos.
Em 1997, na Europa foi proibido o uso de antibióticos como promotores de crescimento. Dentre
eles estão a monensina, avilamicina, flavomicina e salinomicina. Não existem dados seguros
quanto a utilização de hormônios, mas aproximadamente 34 países utilizam hormônios
rotineiramente como promotor de crescimento. Porém, existe pressão do consumidor para
impedir a utilização destes.

Processamento de produtos
Abatedouros e agroindústria alimentícia
Os produtos de origem animal são geralmente processados de diferentes formas até chegar
ao consumidor final. Assim, o processamento da carne, por exemplo, inclui inúmeras etapas,
desde o abate até a embalagem de carne a ser comprada. De modo geral, estas etapas agregam
valor ao produto final. A água é fator fundamental nestes processos, pois garante a cadeia
produtiva a higiene e a segurança alimentar. Este fato eleva a necessidade do consumo da água e,
gera grandes quantidades de água de serviço. A entrada de água neste sistema é considerada a
principal “pegada ecológica do sistema”.
Nos abatedouros de carne vermelha, a lavagem da carcaça e a limpeza da área de abate são
responsáveis pelo maior consumo de água, estima-se que para cada Kg de carne gaste-se de 6 –
15 litros de água. A avicultura também consome cerca de 0,05% do consumo mundial de água.
Enquanto que para se produzir um quilo de leite se gasta de 0,8 a 1 litro de água.

Curtume
Aproximadamente 5,5 milhões de toneladas de couro cru/ano foram processados entre
1994 e 1996 (no mundo inteiro). Dependendo do tipo de tecnologia adotada no curtume, a
demanda por água pode variar enormemente de 37-59 m3 com técnicas convencionais (por
quantos quilos de couro); a 14m3 com tecnologias mais avançadas. Além disso, o volume de
agentes poluentes emitidos na etapa final pode gerar grandes impactos.

Produção de alimentos
Um dos grandes problemas da atividade agropecuária, notadamente a agricultura, é que
algumas áreas estão sendo completamente substituídas pela lavoura mecanizada, com predomínio
de monocultura. A demanda constante pelo aumento na produtividade leva à utilização de áreas
antes pouco exploradas. De fato, são produzidas grandes quantidades de alimento, mas com
impactos como a perda de biodiversidade e a exaustão de vários cursos d’água por assoreamento,
além de contaminação dos cursos d`água.
O uso intensivo do solo, e em sua maioria solos pobres, aliado a um manejo inadequado,
potencializa um processo natural de erosão e assoreamento dos cursos de água, afetando os rios.
Associado ao problema da erosão, está o uso imprudente de agrotóxicos, especialmente nos locais
onde a agricultura é mais intensa devido à maior demanda por grãos para a alimentação humana e
animal. Quantidades significativas da produção de grãos são obtidas em áreas irrigadas e com
grande utilização de agrotóxicos.
Os agrotóxicos são aplicados diretamente nas plantas ou no solo. Os agrotóxicos, mesmo
quando aplicados diretamente nas plantas têm como destino final o solo, sendo lavados das folhas
através da ação da chuva ou da água de irrigação. Após chegarem ao solo, produtos infiltram até
as camadas mais profundas podendo atingir o lençol freático. Este tipo de transporte dos
agrotóxicos denomina-se de lixiviação. Outro tipo importante de transporte é quando este ocorre
na superfície do solo juntamente com a água das enxurradas, sendo denominado de escoamento
superficial (Scorza, 2007).
Esses dois tipos de transporte podem levar à contaminação dos recursos hídricos por
resíduos de agrotóxicos. A lixiviação é a principal forma de contaminação das águas subterrâneas
enquanto o escoamento superficial tem papel fundamental na contaminação das águas
superficiais (rios, lagos, córregos, açudes, etc.) (Scorza, 2007).
Existem produtos menos agressivos ao meio ambiente no mercado, mas são produtos mais caros,
conseqüentemente, menos consumidos. A fiscalização e o monitoramento da forma de uso dos
agrotóxicos ainda são precários; apesar da evolução das técnicas de produtividade, o uso de
produtos químicos é um dos mais sérios fatores de deteriorização da qualidade dos recursos
hídricos. Dessa forma, o uso de agrotóxicos sem afetar a qualidade dos recursos hídricos é um
grande desafio, ainda mais quando se tem escassez de água potável.

Conclusões
A relação entre a pecuária e insustentabilidade ambiental se dá na medida em que a
prática da pecuária demanda um consumo de recursos hídricos cerca de 5 vezes maior do que o
necessário para se produzir a mesma quantidade cereais, de acordo com estudo realziado pela
FAO. Além disso, Dados do Banco Mundial também demonstram que o Índice de
Desenvolvimento Humano das cidades com grandes rebanhos são similares aos dos países mais
pobres do mundo.
Como alternativa para continuar produzindo alimento, porém com menor prejuízo das
águas, do solo e dos demais ecossistemas, existem os sistemas agroflorestais que são sistemas e
tecnologias de uso do solo nos quais as espécies lenhosas perenes (árvores, arbustos, palmeiras,
etc) são utilizadas no mesmo sistema de manejo de culturas agrícolas e/ou produção animal, em
alguma forma de arranjo temporal ou espacial. Combinam produção com conservação dos
recursos naturais. Além de buscar atender várias necessidades dos produtores rurais (alimento,
madeira, lenha, forragem, plantas medicinais e fibras), podem auxiliar na conservação dos solos,
microbacias, áreas florestais, biodiversidade, entre outros. São praticados da maneira mais
integrada possível com o ambiente natural, onde tentam proporcionar um rendimento sustentável
ao longo do tempo.
Trata-se, pois, de um sistema "Agrosilvipastoril", ou seja, que busca integrar lavouras,
com espécies florestais e pastagens e outros espaços para os animais, considerando os aspectos
paisagísticos e energéticos, na elaboração e manutenção destes policultivos (diversas culturas
convivendo no mesmo espaço). O uso da tecnologia de sistemas agroflorestais agrega várias
áreas do conhecimento como agricultura, fruticultura e a silvicultura, as pequenas diferenças no
modo de conduzir suas atividades privilegiam não só ganhos financeiros, mas buscam também
conciliar o aspecto socioeconômico com o ambiental, para que seus ganhos tenham
sustentabilidade ao longo dos anos.
Um aspecto que determina a sustentabilidade desses sistemas é a presença das árvores,
que têm a capacidade de capturar nutrientes de camadas mais profundas do solo, reciclando-os
eficientemente e proporcionando maior cobertura e conservação dos recursos
edáficos.
O Sistema Agroflorestal objetiva otimizar a produção por unidade de área, com o uso
mais eficiente dos recursos (solo, água, luz, etc.), da diversificação de produção e da interação
positiva entre os componentes. Isto é possível porque um solo vivo, com ar, água, organismos
habitando-o e dinamizando-o, mantém sua estrutura e fertilidade em longo prazo, possibilitando
seu cultivo e a produção de alimentos por várias gerações. Assim, a prática de atividades
agropastoris de maneira sustentável leva a uma maior produção sem que, no entanto, degrade o
meio ambiente.

Referências:

BLUMENTHA, U.J.; DUNCAN MARA, D.; PEASEY, A.; et al. Guidelines for the
microbiological quality of treated wastewater used in agriculture: recommendations for revising
WHO guidelines. Bulletin of the World Health Organization, v. 78, n. 9, p.1104-1116, 2000
BUENO, C. F. H. Produção e manejo de esterco. Informativo Agropecuário, v. 12, n. 135-136, p.
81-85, 1986.

GERBER, P.; & MENZI, H. 2005. Nitrogen losses from intensive livestock farming systems in
Southeast Asia: A review of current trends and mitigation options.

HOEKSTRA, A.Y. Virtual water trade. 1. ed. Neatherland: IEH DELF, 2003, 244p. (Value of
Water Research Report Series, 12)

ORAGUI, J.I. ; et al. The removal of excreted bacteria and viruses in deep waste stabilization
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PERDOMO, C.C.; LIMA, G.J.M.M. In: Consideração sobre a questão dos dejetos e o meio
ambiente, cap. 11. SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I., SILVEIRA, P.R.S.; et al. Suinocultura
Intensiva: produção, manejo e saúde do rebanho. EMBRAPA: Ministério da Agricultura, 1998.
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SCORZA, R.P.J. Agrotóxicos e a qualidade dos recursos hídricos: uma preocupação da


EMBRAPA Agropecuária Oeste. 2007 Disponível em:
http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=412. Acesso em 21 de maio de 2009.

SHELDRICK, W.; SYERS, J.K., LINGARD, J. 2003. Contribution of livestock to nutrient


balances.

TAMMINGA, S. A review on environmental impacts of nutritional strategies in ruminants.


Journal of Animal Science, v. 74, n. 3, p. 3112- 3124, 1996.

Livestock`s long shadow: Environmental issues and options. 2006. 390 p.

7- AGRICULTURA E IMPACTO AMBIENTAL

Impacto ambiental deve ser entendido como um desequilíbrio provocado por um choque,
resultante da ação do homem sobre o meio ambiente. No entanto, pode ser resultados de
acidentes naturais: a explosão de vulcão pode provocar poluição atmosférica. Mas devemos dar
cada vez mais atenção aos impactos causados pela ação do homem. Quando dizemos que o
homem causa desequilíbrios, obviamente estamos falando do sistema produtivo construído pela
humanidade ao longo de sua historia. Estamos falando do particularmente do capitalismo, mas
também do quase finado socialismo.
Um impacto ocorrido em escala local, posa ter também conseqüências em escala global.
Por exemplo, a devastação de florestas tropicais por queimadas para a introdução de pastagens
pode provocar desequilíbrios nesse ecossistemas natural. Mas a emissão de gás carbônico como
resultado da combustão das árvores vai colaborar para o aumento da concentração desse gás na
atmosfera, agravando o “efeito estufa”. Assim, os impactos localizados, ao se somarem, acabam
tendo um efeito também em escala global.

Agrotóxicos e a qualidade dos recursos hídricos


A agricultura praticada em nosso país ainda tem uma forte dependência da utilização de
agrotóxicos, os quais têm a finalidade de controlar pragas, doenças e plantas daninhas, garantindo
patamares mais elevados de produtividade e, conseqüentemente, maior retorno econômico da
atividade agrícola. No entanto, os agrotóxicos podem ser altamente tóxicos aos diversos
organismos não-alvo, incluindo os seres humanos. Os agrotóxicos são como inseticidas,
fungicidas, herbicidas, vermífugos, e ainda solventes e produtos para higienização de instalações
rurais, dentre outros. Seu uso indiscriminado provoca o acúmulo dessas substâncias no solo, água
(mananciais, lençol freático, reservatórios) e no ar - e são largamente utilizados para manter as
lavouras livres de pragas, doenças, espécies invasoras, tornando assim a produção mais rentável.
Os agrotóxicos são aplicados diretamente nas plantas ou no solo. Estudos têm mostrado
que mesmo aqueles aplicados diretamente nas plantas têm como destino final o solo, sendo
lavados das folhas através da ação da chuva ou da água de irrigação. Após chegarem ao solo,
produtos infiltram até as camadas mais profundas podendo atingir o lençol freático (reserva de
água subterrânea). Este tipo de transporte dos agrotóxicos denomina-se de lixiviação. Outro tipo
importante de transporte ocorre quando este ocorre na superfície do solo juntamente com a água
das enxurradas, sendo denominado de escoamento superficial.
Esses dois tipos de transporte podem levar à contaminação dos recursos hídricos por
resíduos de agrotóxicos. A lixiviação é a principal forma de contaminação das águas subterrâneas
enquanto o escoamento superficial tem papel fundamental na contaminação das águas
superficiais (rios, lagos, córregos, açudes, etc.). O uso de agrotóxicos sem afetar a qualidade dos
recursos hídricos é um grande desafio, ainda mais quando se tem escassez de água potável.
Importante mencionar que 97% da água de nosso planeta está nos oceanos, ou seja, é água
salgada. Portanto, restam apenas 3% com potencial de uso pelos seres humanos. Desses 3%,
aproximadamente, 2% está armazenada sob a forma de gelo nas geleiras. Enfim, apenas 1% da
água em nosso planeta está disponível para consumo humano através de reservas subterrâneas ou
superficiais. O Brasil possui 12% de toda água doce superficial disponível no mundo, conferindo-
lhe uma posição de destaque quando à disponibilidade de recursos hídricos.
Embora esta disponibilidade seja uma das maiores do mundo, há necessidade de garantir
sua qualidade para as gerações atuais e futuras. Infelizmente, a agricultura pode ter influência
negativa na qualidade dos recursos hídricos, conforme os processos descritos acima. Essa
influência negativa ocorre, principalmente, devido à utilização excessiva e sem os cuidados
adequados. Desta forma, é preciso que haja conhecimento da qualidade dos mananciais
especialmente em regiões sob influência da agricultura. Diante disso, uma das maneiras de
avaliar o impacto do uso de agrotóxicos nos recursos hídricos consiste no monitoramento de seus
resíduos de forma contínua. Esse monitoramento consiste em coletas de amostras de água em
locais e épocas estratégicas (por exemplo, em poços ou córregos nos dias subseqüentes às
aplicações dos agrotóxicos e após chuvas intensas). Com possíveis detecções do aparecimento
dos resíduos de agrotóxicos nas reservas de água subterrânea e superficiais, medidas devem ser
tomadas para evitar um agravamento do problema. Infelizmente, medidas remediadoras (por
exemplo, remoção dos resíduos de agrotóxicos em reservas de água subterrâneas) são muito caras
e, em alguns casos, pouco eficientes.
O Brasil apresenta uma taxa de 3,2 kg de agrotóxicos por hectare - ocupando a décima
posição mundial, para alguns estudos, e a quinta, em outros. O estado de São Paulo é o maior
consumidor, no país, sendo também o maior produtor (com cerca de 80% da produção nacional).
Para o controle dos efeitos danosos ao meio ambiente do uso dessas substâncias é preciso a
educação do agricultor, a prática do plantio direto, e ainda o esforço de órgãos tecnológicos como
a EMBRAPA, com o desenvolvimento de espécies mais resistentes, de técnicas que minimizem a
dependência aos produtos, do controle biológico de pragas, entre outros.

Erosão do solo
Um dos problemas enfrentados pela agricultura brasileira é a falta de cuidados referentes
ao uso do solo e controle da erosão. Uma grande parte das regiões Sudeste e Nordeste do país é
de formações rochosas graníticas e de gnaisse, sobre as quais assenta-se uma camada de regolito,
bastante suscetível à erosão e formação de voçorocas. Alguns pesquisadores apontam essa
condição como um dos maiores riscos ambientais do país, e grande parte delas são decorrentes da
ação humana. A erosão impõe a reposição de nutrientes ao solo, em consequência da perda dos
mesmos, e ainda provoca perda da estrutura, textura, e diminuição das taxas de infiltração e
retenção de água.
Os procedimentos usados comumente no preparo do plantio, como a aração e uso de
herbicidas para o controle das ervas daninhas acabam por deixar o solo exposto e suscetível à
erosão - quer pelo carregamento da camada superficial (e mais rica em nutrientes), quer pela
formação das voçorocas. A terra levada pela água, assim, provoca o assoreamento de rios e
reservatórios, ampliando deste modo o impacto negativo no ambiente.
Algumas práticas conservacionistas de combate a erosão:
Terraceamento: consiste em fazer cortes formando degraus nas encostas das montanhas, o que
dificulta ao quebrar a velocidade de escoamento da água, o processo erosivo. Essa técnica é
muito comum em países asiáticos, como a China, o Japão, a Tailândia.
Curvas de nível: esta técnica consiste em arar o solo e depois e fazer semeadura seguindo as cotas
altimétricas do terreno. Pra reduzi-la ainda mais, é comum a construção de obstáculos no terreno,
espécies de canaletas, com terra retirada dos próprios sulcos resultantes da aração. O cultivo
seguindo as curvas de nível é feito em terrenos com baixo declive, propício a mecanização.
Associação de culturas: em que deixam boa parte do solo exposto a erosão é comum
plantar entre uma fileira e outra, espécies leguminosas que recobrem bem o terreno. Essa técnica,
além de evitar a erosão, garante o equilíbrio orgânico do solo.
Desmatamento
Um dos principais impactos ambientais que ocorrem em um ecossistema natural é a
devastação das florestas, notadamente das florestas tropicais, as mais ricas em biodiversidades.
Essa devastação ocorre basicamente por fatores econômicos, tanto na Amazônia quanto nas
florestas africanas e nas do Sul e Sudeste Asiático. O desmatamento ocorre principalmente como
conseqüência da: Extração da madeira para fins comerciais; Instalação de projetos agropecuários;
Implantação de projetos de mineração; Construção de usinas hidrelétricas; Propagação do fogo
resultante de incêndios.
A exploração madeireira é feita clandestinamente ou, muitas vezes, com a conivência de
governantes inescrupulosos e insensíveis aos graves problemas ecológicos decorrentes dela. Não
levam em conta os interesses das comunidades que habitam os lugares onde são instalados, nem
os interesses da nação que os abriga porque, com raras exceções, esses projetos são comandados
por grandes grupos transnacionais, interessados apenas em auferir altos lucros.
Os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de
biomassa todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias.
Podem também ser resultado de uma prática criminosa difícil de cobrir ou ainda de acidentes,
inclusive naturais.
A primeira conseqüência do desmatamento é a destruição da biodiversidade, como
resultado da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais. Muitas
espécies que podem ser a chave para a cura de doenças, usadas na alimentação ou como novas
matérias-primas, são totalmente desconhecidas do homem urbano-industrial e correm o risco de
serem destruído antes mesmo de conhecidas e estudado. Esse patrimônio genético é bastante
conhecido pelas várias nações indígenas que habitam as florestas tropicais, notadamente a
Amazônia.
Um efeito muito sério, do desmatamento é o agravamento dos processos erosivos. Em uma
floresta, as árvores servem de anteparo para as gotas de chuva, que escorrem pelos seus troncos,
infiltrando-se no subsolo. Além de diminuir a velocidade de escoamento superficial, as árvores
evitam o impacto direto da chuva com o solo e suas raízes ajudam a retê-lo, evitando a sua
desagregação. A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas. As
conseqüências dessa interferência humana são várias:
- Aumento do processo erosivo, o que leva a um empobrecimento dos solos, como
resultado da retirada de sua camada superficial, e, muitas vezes, acaba inviabilizando a
agricultura;
- Assoreamento de rios e lagos, como resultado da elevação da sedimentação, que provoca
desequilíbrios nesses ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e, muitas vezes, trazer
dificuldades para a navegação;
- A elevação das temperaturas locais e regionais, como conseqüência da maior irradiação e
calor para atmosfera a partir do solo exposto. Boa parte da energia solar é absorvida pela floresta
para o processo de fotossíntese e evapotranspiração, Sem a floresta, quase toda essa energia é
devolvida para a atmosfera em forma de calor, elevando as temperaturas médias.
- Agravamento dos processos de desertificação
- Proliferação de pragas e doenças, como resultado de desequilíbrio nas cadeias
alimentares. Algumas espécies, geralmente insetos, antes sem nenhuma nocividade, passam a
proliferar exponencialmente com a eliminação de seus predadores, causando graves prejuízos,
principalmente para agricultura.
Além desses impactos locais e regionais da devastação das florestas, há também a queima
das florestas que tem colaborado para aumentar a concentração de gás carbônico

Transgênicos no Brasil
O país ocupa a terceira posição mundial no uso de sementes transgênicas. As principais
culturas que usam dessa biotecnologia são a soja, o algodão e, desde 2008, o milho. Diversas
ONGs nacionais ou internacionais brasileiras, como o Greenpeace, MST ou Contag,
manifestaram-se contrários ao cultivo de plantas geneticamente modificadas no país, expondo
argumentos como a desvalorização destes no mercado, a possibilidade de impacto ambiental
negativo, a dominação econômica pelos grandes empresários, dentre outros. Entidades ligadas ao
agronegócio, entretanto, apresentam resultados de estudos efetuados pela Associação Brasileira
de Sementes e Mudas (Abrasem), nos anos de 2007 e 2008, tendo como resultado "vantagens
socioambientais observadas nos demais países que adotaram a biotecnologia agrícola há mais
tempo". No país a Justiça Federal decidiu que alimentos que contenham mais de 1% de
transgênicos em sua composição devem, nos seus rótulos, expor a informação em destaque, a fim
de informar o consumidor.

Referências:

SCORZA, R.P.J. Agrotóxicos e a qualidade dos recursos hídricos: uma preocupação da


EMBRAPA Agropecuária Oeste. 2007 Disponível em:
http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=412. Acesso em 21 de maio de 2009.

Agrotóxicos no Brasil. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura_no_Brasil.


Acesso em 12 de março de 2011.

LIMA,M.R., Diagnóstico e Recomendação de Manejo do Solo: aspectos teóricos e


metodológicos.UFPR – Curitiba – Setor de Ciências Agrárias – 2006.

8 - O OBJETIVO DA NUTRIÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

A exploração dos animais domésticos é feita na sua quase totalidade visando um interesse
econômico. Evidentemente, a utilização favorável do mercado, em ambos os sentidos — venda da
produção e a aquisição do necessário para a mesma — situa o ambiente para a indústria pecuária.
Dentro da ampla variação possibilitada pelo mercado, somente a técnica poderá produzir
economicamente, em qualidade e quantidade; esta, para a produção, econômica, situa-se
basicamente, em três aspectos:

— GENÉTICA;
— HIGIENE — MANEJO;
— ALIMENTAÇÃO.

A GENÉTICA confere ao indivíduo potencial intrínseco que é o ponto de partida para o


desempenho de toda e qualquer função, ressaltando-se aquela da produção. Assim, existem raças e
variedades altamente especializadas obtidas mediante seleção e cruzamentos adequados,
permitindo assim, um usufruto mais rápido da produção animal. À medida que cresce a
especialização genética, cresce também a necessidade de mais perfeita nutrição e alimentação para
aproveitar este potencial genético. O potencial genético é, portanto, exteriorizado,
complementado pela alimentação. De nada adiantaria, não fosse a alimentação racional.

A HIGIENE E O MANEJO fornecem, ao lado da Genética, o ponto de partida às condições


básicas, prevenindo as enfermidades e dando condições de higidez necessárias à criação animal.

Apesar do cuidado que se dispense à criação, à forma de exploração e controle das


enfermidades, a menos que se alimentem convenientemente, os animais não poderão obter
benefícios que atinjam o objetivo econômico. Basta lembrar que a alimentação constitui de 60% a
80% do custo da criação.

A ALIMENTAÇÃO RACIONAL dos animais domésticos tem por objetivo fornecer a um


indivíduo ou a um grupo de indivíduos de uma determinada raça ou espécie, os alimentos capazes
de manter a vida e assegurar, nas melhores condições de rendimento, a elaboração das produções
que o homem pretende de um animal ou de um grupo de animais.
O problema da alimentação dos animais domésticos foi resolvido no momento em que o
homem começou a mantê-los como produtores de trabalho mecânico, de carne, de leite, de ovos,
de lã, etc., mas o problema da alimentação racional, graças à qual o rendimento ótimo pode ser
obtido, não é de fácil solução: esta não pode ser encontrada, a não ser pêlos esforços conjugados
de observadores e de experimentadores, na medida em que as aquisições das ciências biológicas,
químicas e físicas o permitirem.
O problema da alimentação é de importância capital na prática da criação de animais
domésticos, em razão das repercussões econômicas das soluções que lhes são dadas. Dentre os
fatores que condicionam o rendimento das produções animais, a alimentação, que fornece ao
organismo as matérias necessárias à elaboração das produções, representa o meio mais eficaz de
que dispomos atualmente.

Podemos selecionar os indivíduos mais aptos, mas não sabemos modificar a nosso gosto a
capacidade intrínseca de produção de um determinado animal. Temos que aceitar as condições
naturais impostas pelo clima, se bem que nos esforcemos em constituir ao redor do animal um
microclima que o proteja mais ou menos eficazmente dos efeitos ambientais e que lhe seja
favorável. Pelo contrário, as possibilidades de ação que nos são oferecidas pela alimentação são
muito amplas e não são limitadas a não ser pela capacidade própria de utilização do organismo
considerado. A cobertura das necessidades nutritivas representa, antes de tudo, PRODUÇÃO.

O problema da alimentação ou arraçoamento tem por base o conhecimento das


necessidades nutritivas do organismo, em função de sua espécie, de sua idade, de seu sexo, de
suas produções: é um problema de ordem teórica — A NUTRIÇÃO.

Ao equilibrar regimes alimentares os técnicos têm de pensar em termos de nutrientes antes


de pensar nos alimentos que os integram. Atualmente os nutrientes conhecidos consistem em
pelo menos 12 aminoácidos essenciais e suas inter-relações com os demais, 17 vitaminas, 15 ou
mais minerais, ácidos graxos, glicídios e fatores ainda não identificados.

Estes nutrientes têm de ser administrados em tal proporção, dosificação e forma, que
nutram adequadamente o animal em questão, tendo em conta os vários fatores já citados. Não só
é importante a quantidade do nutriente, mas também o é dá-lo em proporção correta em relação
aos outros nutrientes, para que tenha utilidade máxima. Tal quantidade e proporção variam com a
idade do animal, a fase e o sistema de produção.

O problema da alimentação ou do arraçoamento tem por objetivo traduzir as necessidades


nutritivas teóricas em necessidades alimentares reais, quer dizer, de formular rações, regimes
alimentares. Este aspecto é mais complexo do que aquele da nutrição. Com efeito, analisado um
caso considerado, o problema da nutrição comporta uma solução ótima, expressa por um número
limitado de termos. Ao contrário, as soluções possíveis do problema do arraçoamento
correspondente são numerosas, em virtude da quantidade de alimentos que podem ser utilizados
para cobrir as necessidades nutritivas dentro do programa mais econômico.
Por outro lado a alimentação implica também outros aspectos que lhes são próprios:
— os alimentos não devem conter substâncias nocivas;
— devem ser adaptados às particularidades anatômicas e funcionais dos animais aos quais
são destinados, particularmente muito diferentes de uma espécie para outra;
— em cada espécie a alimentação deve estar em acordo com a capacidade de utilização de
cada indivíduo;
— a escolha dos alimentos é igualmente orientada pelas considerações de ordem
econômica; possibilidade de reabastecimento, custo dos alimentos, que colocam em questão um
terceiro aspecto, produção e a distribuição dos alimentos. O animal doméstico é um
transformador de produtos não utilizáveis ou dificilmente utilizáveis pelo homem.
O problema da alimentação está em grande parte condicionado pela produção agrícola. Por
outro lado, os animais domésticos utilizam subprodutos provenientes da preparação dos alimentos
destinados ao homem e por vezes resíduos da alimentação humana. Assim o abastecimento dos
animais compreende questões múltiplas, produção propriamente dita, colheita, conservação,
transporte, complementação e distribuição. A natureza e a importância relativa destes aspectos
são sensivelmente diferentes no caso dos animais domésticos e do homem.
Os dados fornecidos pêlos conhecimentos da nutrição devem dominar o problema do
arraçoamento e, portanto, do abastecimento. Essa subordinação é indiscutível no caso da
alimentação humana, sendo origem de uma das regras que deveriam inspirar uma organização
racional da produção agrícola. No caso da alimentação animal não só os dados da nutrição devem
guiar o estabelecimento do arraçoamento, mas também este é amplamente dominado pelo aspecto
econômico. Por outro lado, o arraçoamento do animal está estreitamente associado e muitas vezes
subordinado à alimentação humana, da qual é auxiliar.
A relação de dependência entre os três problemas: nutrição, alimentação e abastecimento, é
sensivelmente diferente para os animais e para o homem, e os problemas que se devem considerar
em cada caso são diferentes, embora com estreita correlação. Cabe ao técnico conhecer
profundamente os problemas da nutrição animal, sendo esta uma das finalidades da sua profissão:
a produção de alimentos para as populações.

Referências
ANDRIGUETO, J.M.; PERLY, L.; MINARDI, I.; et al. Nutrição animal. São Paulo:
Nobel, 2002. 395p.
9 - CRIAÇÃO DE BOVINOS

A criação de bovinos é explorada pelo homem com duas finalidades principais; carne e
leite. Os bovinos Simental, Charolês, Mocho Tabapuã e Nelore são alguns exemplos do tipo
zootécnico adequado para produção de carne. Já o holandês, o Jersey e o Guernsey pertencem ao
tipo produtor de leite. Com o gado europeu, além da seleção das características raciais, foi feita,
também, uma seleção do tipo econômico, ou seja, alta produção de carne e/ou de leite. No Brasil,
durante algum tempo, a seleção do rebanho não teve o mesmo sentido econômico, valorizando-se
muito o fator racial, sem dúvida, o menos importante. Atualmente, utilizando-se da seleção e
cruzamentos, tecnicamente orientados, estão sendo produzidos animais de grande aptidão para
carne e leite.

Nomenclatura do exterior da fêmea

1. Inserção da cauda 19. Braço 28. Teta


10. Orelha
2. Garupa 20. Antebraço 29. Casco
11. Chifre
3. Coxa 21. Joelho 30. Sobreunha
12. Fronte
4. Anca 22. Canela 31. Jarrete
13. Chanfro
5. Flanco 23. Boleto 32. Perna
14. Narina
6. Lombo 24. Veias mamárias 33. Vassoura
15. Ganacha
7. Dorso 25. Cilhadouro 34. Nádega
16. Barbela
8. Cernelha 26. Costado 35. Cauda
17. Espádua
9. Pescoço 27. Úbere 36. Ponta do
18. Peito
ísquio
Nomenclatura do exterior do macho

1. Inserção da cauda 11. Marrafa 20. Antebraço 30. Perna


2. Garupa 12. Fronte 21. Joelho 31. Jarrete
3. Coxa 13. Orelha 22. Canela 32. Culote
4. Anca 14. Chanfro 23. Boleto 33. Cauda
5. Flanco 15. Ganacha 24. Quartela 34. Vassoura
6. Lombo 16. Barbela 25. Cilhadouro 35. Sobre-unha
7
. Dorso 11. Espádua ou paleta 26. Costado 36. Casco
8. Giba ou cupim 18. Peito 27. Prepúcio
9. Pescoço 19. Braço 28. Bainha
10. Chifre 29. Escroto
Tipos zootécnicos
Tipo zootécnico é a conformação que torna o animal altamente utilizável em determinado
género de exploração.

Tipo zootécnico do gado de corte


No gado de corte as características exteriores indicam com bastante precisão, a aptidão do
animal para produzir carne.
Conformação: o gado de corte apresenta forma cilíndrica, estrutura relativamente grande, corpo
alongado.
Aspecto geral: o corpo é musculoso e sem saliências ósseas. Linha dorso-lombo-garupa reta,
alongada, larga e amplamente coberta de músculos. Pele macia, solta e elástica.
Cabeça: pequena, com o focinho largo e as narinas abertas, o que facilita a respiração. Orelhas
médias e não caídas. Olhos bem separados. Pêlos finos e sedosos.
Pescoço: curto e musculoso, bem unido à cabeça e harmoniosamente inserido às espáduas.
Tronco: cilíndrico com o peito desenvolvido e não saliente, tórax amplo, costelas bem
arqueadas e
afastadas entre si. Garupa comprida e larga em toda a sua extensão, tendendo para a horizontal.
Cauda inserida paralelamente à garupa, e sem depressão. Todo o tronco deve ser liso, sem saliências
ósseas e ricamente coberto de músculos.
Membros: bem aprumados, com ossatura desenvolvida, mas não grosseira e com boa cobertura
muscular.

Tipo zootécnico de gado leiteiro


O gado leiteiro ocupa lugar de destaque, pela importância de sua produção. Uma exploração
leiteira tem como base de sucesso o conhecimento de cada animal, especialmente da sua produção,
sendo isso uma base segura na formação de um rebanho de elevada produtividade. Há casos em que o
animal apresenta toda a aparência de aptidão para leite, mas sua produção não corresponde. O
contrário também ocorre, animais cuja conformação não corresponde a do gado de leite, mas sua
produção é excelente.
Entretanto, algumas características exteriores são indispensáveis, pois, embora o leite seja
produzido pelas glândulas mamárias, essa função está intimamente relacionada a outros sistemas do

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organismo, como por exemplo, à capacidade digestiva, pois se não houver grande transformação de
alimentos, não há grande produção de leite.
Conformação: a conformação de uma boa vaca leiteira lembra a forma de um triângulo, que
tem como base o trem posterior, como lados todas as costelas e espáduas, e como vértice, a cabeça.
Aparência geral: animal atraente, demonstrando feminilidade.
Cabeça: fina e de tamanho médio, com fronte e focinho largos, narinas grandes, revelando boa
capacidade respiratória, orelhas de tamanho médio, mais finas que no gado de corte e cobertura de
pêlos finos e lustrosos. Olhos grandes e brilhantes. Chifres finos.
Pescoço: longo e descarnado, unindo-se à cabeça e ao tronco de maneira harmoniosa. No
ponto de união com a cabeça é bastante fino, alargando-se à medida que se aproxima do tronco.
Peito: relativamente estreito.
Tórax: amplo, indicando boa capacidade respiratória e circulatória. Costelas arqueadas e bem
espaçadas.
Dorso e lombo: linha dorso-lombar, longa e horizontal, formando uma ligeira crista. O dorso e o
lombo devem ser largos e musculosos, para sustentar o peso dos órgãos torácicos e abdominais.
Abdómen: volumoso e bem colocado, indicando grande capacidade digestiva, ou seja,
maior capacidade de transformar os alimentos. Nas vacas já velhas, o abdómen pode estar caído,
consequência natural do relaxamento dos músculos abdominais.
Garupa: ampla e comprida, não muito cheia. O trem posterior é mais desenvolvido que o
anterior. Cauda com inserção harmoniosa, saindo em ângulo reto com a coluna vertebral. A garupa
facilita a parição, principalmente nas vacas cujos bezerros nascem muito grandes.
Úbere: de grande tamanho, largo, bem distendido para diante e de inserção alta na parte
posterior.
Quartos volumosos e simétricos.
Nas grandes produtoras, a glândula mamária apresenta-se repleta antes da ordenha e
completamente vazia após.
Os reprodutores de alta linhagem leiteira possuem os mesmos caracteres que as vacas, com
poucas variações: cabeça mais larga e mais pesada que nas vacas e pescoço longo. O tronco é
grande, vigoroso e masculino. O trem posterior é amplo, a garupa com pouca massa muscular e
nádegas nitidamente separadas. Os membros são aprumados e com ossatura lisa, forte, mas não
pesada. Tamanho de acordo com a raça.

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Referências
MARQUES, D.C. Criação de bovinos. 7. ed. Belo Horizonte: CVP, 2003. 586.

10 - A CADEIA PRODUTIVA DO FRANGO DE CORTE

A avicultura no Brasil iniciou o desenvolvimento industrial na década de 60, com base


no modelo norte-americano. Até então, a produção brasileira era de caráter praticamente
doméstico, destinada tanto à produção de carne, quanto de ovos (dupla aptidão), e o frango
era uma iguaria consumida esporadicamente, em ocasiões festivas.
Algumas características especiais das aves foram diretamente responsáveis pelo rápido
desenvolvimento da atividade, bem como de sua tecnologia. Elas têm um ciclo de vida
relativamente curto quando comparadas às outras espécies também produtoras de carne, como
suínos e bovinos. E cada indivíduo é capaz de produzir um grande número de descendentes,
num curto espaço de tempo.
A combinação dessas duas características tão especiais tornou possível a rápida seleção
e cruzamento dos indivíduos mais produtivos. Assim, foram desenvolvidas aves com
especificidade de aptidão: produção de carne ou produção de ovos.
Com o crescimento da atividade avícola, cresceu também a busca por novas tecnologias
que proporcionassem às aves melhor desenvolvimento. As áreas de nutrição e sanidade
proporcionaram importantes incrementos na produtividade, com rações balanceadas e
desenvolvimento de vacinas, respectivamente. Assim, as aves começaram a produzir cada vez
mais em um menor espaço de tempo.

Evolução da Eficiência Produtiva do Frango de Corte


1930 1950 1970 1990 2000
Dias 105 70 56 45 40
Peso (g) 1.500 1.500 1.680 2.050 2.300
*
C. A. (g/g) 3,5 3,0 2,2 1,9 1,8
*
Conversão alimentar: quantidade de ração utilizada para se produzir 1 Kg de carne

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A espetacular evolução da produtividade do frango de corte acabou por criar
especulações sobre o tipo de tecnologia utilizada para se obter essa façanha. A mais conhecida
é a de que hormônios seriam utilizados para fazer com que as aves crescessem tão depressa.
Hormônios não são utilizados para acelerar o crescimento das aves. No mínimo, isso
seria economicamente impossível, já que hormônios são substâncias muito caras. Mas
existem também questões fisiológicas (referentes ao funcionamento e desenvolvimento do
organismo) que também impedem o uso dos hormônios na atividade avícola.
A produção de carne de frango está vinculada a uma estrutura de alta tecnologia,
especificidade e responsabilidade. Linhagens altamente produtivas, dietas balanceadas
fabricadas com matéria-prima de boa qualidade, cuidados com a saúde dos lotes, infra-
estrutura e manejo adequados garantem o êxito na produtividade.
A estrutura da cadeia produtiva foi inspirada no modelo norte-americano: granjas de
elite, granjas de avós, granjas de matrizes e granjas de frango de corte.

Granjas de galinhas “elite”, “avós’ e “matrizes”:


Nas granjas de elite, ocorre a seleção dos indivíduos mais produtivos. São observados
aspectos desejáveis como fertilidade, resistência e densidade óssea, maior capacidade de
produção de carne, menor acúmulo de gordura, uniformidade, melhor conversão alimentar ,
melhor ganho de peso, menor mortalidade, etc. Desse modo são criadas as linhas paternas e
linhas maternas: seus cruzamentos darão origem às aves que serão enviadas às granjas
avozeiras, que produzirão os galos e galinhas que serão enviadas para cruzamento e produção
nas granjas matrizeiras. O produto desse cruzamento é o frango de corte.
Para se ter uma melhor idéia do potencial multiplicador das aves de corte: uma “avó”
produz 50 “matrizes”; uma “matriz” produz em torno de 155 pintos de corte. Portanto, o
potencial produtivo de uma “avó” é de aproximadamente 7.750 pintos de corte. Considerando
que cada pinto de corte atinja peso médio de 2,5 Kg, o potencial de produção de carne de cada
“avó” é de 19.375 Kg.
Tanto as avós como as matrizes, têm uma vida útil entre 65-68 semanas. Chegam às
granjas com um dia de idade e recebem manejo e cuidados semelhantes ao que é dado aos
pintinhos de corte. A fase inicial estende-se da primeira à quarta semana de vida. Da quinta
até a 23ª semana, temos a fase de recria. Da 24ª semana até o descarte do lote, é chamada
fase de produção. Cada uma dessas fases tem manejo e dieta específicos.

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A produção de ovos das granjas de matriz é recolhida diariamente em diversas coletas
ao longo do dia e enviada para o incubatório.
O diagrama abaixo mostra, de forma resumida, o processo de melhoramento genético.

País de Origem

Linhas A, B, C, D

Linha Paterna Linha Materna

Linha A Linha B Linha C Linha D

A♂ A♀ X B♂ B♀ C♂ C♀ X D♂ D♀

AB♂ AB♀ CD♂ CD♀


Bisavós Bisavós

Avós Avós

Matrizeiro
AB♂ X CD♀

ABCD
Frango de Corte

Incubatório:
No incubatório, os ovos passam por um processo de desinfecção e são classificados por
peso ou tamanho. Durante a classificação os ovos quebrados, trincados, sujos ou com
qualquer “defeito” são retirados. Ovos ou muito pequenos ou muito grandes não são
incubáveis.
Após a classificação, os ovos são colocados em bandejas próprias e levados para as
incubadoras, onde ficarão durante 18 dias sob temperatura, umidade e ventilação adequadas, e

70
sendo movimentados (“viragens”) de hora em hora. No 18º dia, são transferidos para as
bandejas dos nascedouros, onde permanecerão até eclodirem (21º dia).
Após o nascimento, as aves são retiradas dos nascedouros, separadas das cascas dos
ovos e enviadas para a classificação. Aves com mal-formações são retiradas e descartadas.
Nesse momento também pode ser feita a separação dos machos e das fêmeas, caso seja de
interesse.
Os pintos precisam receber doses de vacinas como a vacina de Marek, que é obrigatória
e regulamentada pelo Ministério da Agricultura. Essas vacinas podem ser feitas durante a
classificação dos pintinhos ou mesmo, através de um equipamento especial que vacina as aves
ainda nos ovos, durante a transferência da incubadora para o nascedouro, aos 18 dias.
Depois de classificadas, vacinadas e contadas, as aves estão prontas para serem
enviadas para as granjas de criação de frango de corte.

Granjas de frango de corte:


As granjas de criação de frango de corte precisam estar preparadas para receber os
pintinhos. A infra-estrutura, juntamente com o manejo, precisa proporcionar um bom
ambiente para as aves. Qualquer situação que leve às aves ao desconforto ou “stress” (frio,
abafamento, cama úmida, dificuldades no consumo de água e ração, doença) promovem a
diminuição do ritmo de crescimento, perda de eficiência produtiva (aumento da conversão
alimentar) e desuniformidade.
As aves recebem rações balanceadas para cada fase de seu desenvolvimento, vacinas e
podem ser medicadas quando necessário.
O frango de corte tem um ciclo de vida bastante curto, que depende diretamente do peso
de abate determinado pelo frigorífico. A eficiência em atingir o peso desejado para abate
influencia na determinação da idade de retirada das aves.
Ainda na granja, quando atingem o peso ideal, as aves precisam ser preparadas para o
abate, através do jejum alimentar. A alimentação deve ser retirada horas antes do início do
carregamento, para que não ocorra o rompimento das vísceras durante o abate, provocando a
contaminação da carne. O fornecimento de água deve ser mantido até o último momento antes
do carregamento.

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Frigorífico
As aves são transportadas para o abate em caminhões especiais, dentro de gaiolas. Os
frigoríficos possuem galpões de espera, onde os caminhões aguardam para descarregar as
aves. Esses galpões contam com infra-estrutura como ventiladores e nebulizadores que
mantêm o ambiente adequado às aves (temperatura e ventilação).
Todo processo de abate tem acompanhamento rigoroso para manter a qualidade do
produto. Arranhaduras na pele, ferimentos, hematomas, calos de pé, presença de ração no
papo e vísceras são problemas que levam à condenação de carnes. Através da Inspeção
Federal (SIF) médicos veterinários trabalham juntamente com os profissionais do abatedouro
a fim de garantir a qualidade do produto.
O frango abatido pode ser comercializado em diversas apresentações, desde o frango
inteiro congelado ou resfriado, até cortes e produtos semi-prontos. Cada empresa determina
com qual “mix” de produtos vai trabalhar.
Para exportação é necessário ser devidamente aprovado e credenciado, tanto pelo
Ministério da Agricultura, quanto pelos países com os quais se quer comercializar. Existe uma
série de exigências a serem atendidas, dependendo do mercado externo no qual se queira
atuar.

Biosseguridade
Em toda a cadeia produtiva do frango de corte, a biosseguridade é fundamental.
Biosseguridade é o conjunto de medidas integradas que tem como objetivo evitar a entrada de
microrganismos causadores de doenças, evitando a disseminação para outros lotes, ou mesmo
a contaminação de ovos e pintos.
As granjas elite, avós e matrizes precisam de programas de alta biosseguridade.
Algumas das medidas que fazem parte dos programas:
 Funcionários: banhos e trocas de roupa a cada entrada e saída das unidades e blocos.
Não podem possuir qualquer tipo de aves domésticas em suas residências (são fiscalizados
esporadicamente), bem como devem evitar o contato com as mesmas;
 Veículos: Não é permitida a entrada de veículos nas unidades criadoras. Cada unidade
possui os veículos necessários que circulam somente dentro da unidade. São lavados e
desinfetados diariamente;
 Equipamentos e ferramentas: lavadas e desinfetadas rotineiramente

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 Água: toda água fornecida às aves deve ser clorada e rigorosamente monitorada
quanto à sua qualidade microbiológica;
 Monitorias sanitárias (exames laboratoriais de rotina e necrópsias)
 Programas vacinais
 Destino adequado das aves mortas
 Controle de roedores e insetos
 Telas à prova de pássaros
 Vazio sanitário (período de tempo em que a unidade fica vazia, após lavagem e
desinfecção)
Nas granjas de frango de corte, o controle é menos rigoroso, mas ainda assim,
importante. Deve ser evitada a visitação dos galpões (vazios ou não), por pessoas que não
trabalhem no local, bem como o trânsito entre trabalhadores de granjas diferentes. Os galpões,
bem como os equipamentos devem ser lavados e desinfetados de acordo com a orientação
técnica. Toda a água fornecida às aves é clorada.
As doenças acarretam grandes prejuízos econômicos, devido à drástica redução que
causam à produtividade das aves. Daí toda a preocupação e investimento em biosseguridade.
Quanto às zoonoses (doenças que podem ser transmitidas entre homens e animais), as
salmoneloses (causadas pelas bactrérias Salmonella sp) são de grande importância na
avicultura. Além de provocar a perda de produtividade nas aves, podem provocar toxinfecção
alimentar pela ingestão de produtos contaminados. O controle e monitoria das salmoneloses
são acompanhados pelo Ministério da Agricultura, em todos os níveis da cadeia produtiva do
frango de corte.
A influenza aviária, que tem sido amplamente comentada na mídia, ainda não existe no
Brasil. As normas de biosseguridade da cadeia produtiva do frango de corte têm como
objetivo manter esta e outras doenças ausentes de nossos plantéis.

Conclusão
A popularização do consumo da carne de frango ocorreu em função do baixo custo de
produção proporcionado pela industrialização da cadeia produtiva.
A exigência do consumidor por uma carne mais saudável foi transferida para toda a
cadeia de produção avícola: animais com menor teor de gordura e maior quantidade de carne
fizeram com que as empresas e os criadores buscassem maior cuidado e rigor na seleção dos

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reprodutores e na criação do frango de corte, através dos programas de melhoramento
genético. Esses programas também buscam a máxima velocidade de ganho de peso, alta
eficiência alimentar, alta viabilidade e maior rendimento de carcaça, otimizando ainda mais o
custo de produção.
Todo este aporte tecnológico foi incorporado pelos empresários avícolas, transformando
a “criação de galinhas” no agronegócio avícola dos dias atuais. A avicultura demonstra
competência e está sempre aberta às inovações, razões que a levaram à posição importante
que ocupa hoje no cenário mundial de produção de alimentos.

Referências
MORENG, R.E.; AVENS, J.S. Ciência e produção de aves. São Paulo: Roca, 1990. 380p.

11 - PRODUÇÃO DE PEIXES

O objetivo da cultura de peixes é a criação racional, incluindo o controle de crescimento


e de reprodução. A criação de peixes não diz respeito apenas à quantidade mas também à qua-
lidade do produto obtido.
Culturas de peixes são principalmente praticadas em tanques, o que permite a
supervisão e regulação da reprodução, alimentação, crescimento, bem como o controle do
tamanho do peixe tanto quanto do estoque e manutençïo dos tanques, ao invés de deixá-los
livres na natureza.
Entre outras vantagens, a exploração de tanques ou açudes resultam no desen-
volvimento de terras que muitas vezes permaneceram improdutivas devido à grande
quantidade de água presente ou porque eram zonas de brejos, isto é, terras baratas sem muita
possibilidade de uso, além da produção de proteínas extras que podem ser uma boa adição à
alimentação, particularmente em zonas tropicais ou temperadas. Para a última, a cultura do
peixe é necessária também para reestoque artificial devido à grande perda por poluição,
métodos erróneos de pesca e outros usos levados a efeito nessas águas ou ao redor delas.
Geralmente, os tanques representam apenas uma pequena porção da água doce total
disponível, mas têm uma alta produtividade.

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Há uma diferença marcante entre cultura de peixes para repovoamento, que tem como
objetivo a produção de alevinos e jovens, e a cultura de peixes para alimentação, onde são
produzidos peixes para consumo em fazendas.
A cultura de peixes para repovoamento pode ter objetivos econômicos ou recreativos. É
econômica quando praticada com o propósito de prever o retorno de peixes comerciais, como,
por exemplo, repovoamento com jovens salmões. É recreativa quando seu objetivo é, antes de
tudo, alimentar a população de peixes para divertimento. Esta é a razão para o repovoamento
dos rios com truta marrom, levado a efeito com ovos, alevinos ou peixes jovens.
Há também uma distinção entre fazenda completa ou restrita, de acordo com seu
objetivo: se dedica-se à produção desde ovos até o peixe para alimentação, ou para reestoque,
ou se apenas um estágio é praticado.
De acordo com o tipo de fazenda, esta pode ser classificada como extensiva, semi-
intensiva ou intensiva, caso use alimento natural ou uma dose mais ou menos completa de
alimentos artificiais. Fazenda extensiva é aquela que obtém uma quantidade de peixe
correspondente a uma produtividade natural; fazenda intensiva é aquela que produz a máxima
quantidade de peixes no mínimo de água.

Referências
SOUSA, E.C.P.M.; TEIXEIRA FILHO, A.R. Piscicultura fundamental. 4. Ed. São Paulo:
Nobel, 2007. 88p.

12 - CUNICULTURA

Zootecnia é a arte ou ciência de criar o melhor, no menor, pelo menor custo, para a
obtenção de maior lucro. Cunicultura é a parte da zootecnia que trata da criação de coelhos.
Naturalmente, o melhor animal é aquele que proporciona melhor rendimentos ou que
melhor satisfaça às condições ou produções exigidas, dando maiores lucros ao criador.
Portanto, possuir alguns coelhos machos e fêmeas e soltá-los em um cercado ou coelheira
coletiva deixando que se reproduzam livremente, sem os mínimos cuidados de higiene ou
alimentação, não é cunicultura.

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Para que haja cunicultura, é necessário que a criação seja bem •remada dentro de
normas técnicas, com seleção de reprodutores, instalações e alimentação adequadas e um bom
manejo.
A cunicultura atual já é uma atividade bastante difundida em diversos países como
França, Alemanha, Espanha, Estados Unidos e outros, mas que vem tomando um grande e
rápido impulso em todo o mundo, pois é uma das maiores armas com que pode contar o
homem na sua luta contra a fome que já vem assolando algumas regiões da terra, como uma
das maiores ameaças que terá que enfrentar a humanidade.
Os coelhos são mesmo os animais que, em menor tempo, podem produzir grandes
quantidades de uma carne rica em proteína, o elemento mais importante no combate à fome,
não só à falta de alimentos, mas também à fome crônica, a sub-nutrição, causada prin-
cipalmente pela falta desse elemento.
No Brasil a cultura vem se expandindo de maneira rápida e segura e a motivação
principal desse fenômeno são os elevados lucros e os mercados interno e externo com
capacidade para absorverem muitas vezes maior volume do que a atual produção cunícula de
nosso país.

Referências

VIEIRA, M.I. Produção de coelhos: caseira, comercial e industrial. 9. ed. São Paulo: Prata,
1995. 367p.

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