Você está na página 1de 181

SILVIO ROBERTO PENTEADO

,.,,,,,,

ADUBACAO
'
NA AGRICULTURA ECOLÓGICA
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

SUMÁRIO

Prefácio ....................................................................... 6
1. A Adubação na Agricultura Ecológica ....................... .. 7
2. A Importância do Manejo dos Solos ............................. 13
3. A Importância dos Nutrientes para as Plantas ............. 17
4. A Importância da Matéria Orgânica .............................. 23
5. Conheça a Adubação Orgânica ................................... 27
6. Produção de Adubos Orgânicos .. .. .. .. .. ... .. .... .. ... ... .. .. ... 33
7. A Compostagem........................................................... 41
8. Receitas de Compostos Orgânicos .............................. 49
9. Uso de Adubos Minerais na Agroecologia.. .................. 57
1O. Adubação nos Sistema Ecológico/Orgânico ............ .... 67
11. Análise do Solo e Análise Foliar ................................... 73
12. Avaliação e Interpretação da Análise de Solo .............. 83
13. Recomendação e Emprego da Matéria Orgânica ........ 95
14. Correção do Solo ......................................................... 101
15.Recomendação do Nitrogênio ....................................... 111
16. Recomendação do Fósforo .. .. .. .... ... .. .. ... .... .. .. .. .. .... .. ... . 125
17. Recomendação do Potássio .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... ... .. .. ... .. .. ... .. 131
18. Recomendação do Enxofre........................................... 137
19. Recomendação do Zinco.............................................. 141
20. Recomendação do Boro ............................................... 145
21. Recomendações do.Cobre, Manganês e Molibdênio... 149
22. Adubação pelo Equilíbrio de Bases .. .. .... .. .. .. ... .. ...... .. . 153
23. Fórmulas para Cálculo de Adubação......... ................... 165
24. Bibliografia Consultada................................................. 173
Anexol -Substâncias e Produtos Autorizados Para Uso
Em Fertilização E Correção Do Solo Em Sistemas Orgâ-
nicos De Produção - IN nº17 de 2014.......... ..................... 180

5
Silvio Roberto Penteado

PREFÁCIO

A adubação é uma atividade importante dentro do pro-


cesso de produção agrícola. A sua influência não se refere ape-
nas quanto ao estado nutricional das plantas, mas também
quanto ao seu estado sanitário , pois hoje está comprovada a
importância dos nutrientes nos processos e mecanismos de de-
fesa da planta e numa maior resistência ao ataque de pragas e
doenças.

O objetivo dessa publicação é apresentar as principais


formas de adubação e nutrição numa propriedade ecológica e
orgânica, além de apresentar os processos de produção de a-
dubos orgânicos e cálculos de adubação. A abordagem dos as-
suntos é bastante simples, de forma que qualquer pessoa inte-
ressada possa conhecer o assunto e fazer uma adubação mais
equilibrada.

Esta publicação é indispensável para o agricultor ecoló-


gico, pois demonstra passo a passo, de maneira simples e práti-
ca, como é feita o aproveitamento de todos os resíduos orgâni-
cos, produzindo adubos de elevada qualidade, como compostos
orgânicos, bokashi, boyodo, biofertilizantes e outros, na proprie-
dade, com baixo custo.

Engenheiro Agrônomo Sílvio Roberto Penteado

6
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 1

A ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA
ECOLÓGICA E ORGÂNICA

A procura por um alimento com maior valor biológico e


com propriedades organolépticas melhores, fez com que surgis-
sem outras formas mais equilibradas de fertilização dos solos
que levam em conta as proporções entre os nutrientes, maior
diversidade e menores perdas dos elementos nutricionais.

A adubação numa unidade ecológica deve ter a finalida-


de de devolver os elementos fertilizantes retirados pelas plantas,
pois suas reservas não são inesgotáveis, assim como aumentar
lentamente a fertilidade do solo, para que as colheitas também
aumentem progressivamente. É também característica da agri-
cultura ecológica e orgânica a reposição dos nutrientes deficien-
tes no solo na forma de adubos orgânicos, pela sua diversidade
em nutrientes, o que diverge do fornecimento de fertilizantes
químicos com apenas dois ou três elementos, como é comum na
agricultura convencional.

Num cultivo ecológico ou orgânico, a nutrição de plantas


deverá estar fundamentada nos recursos do solo, sendo que a
base para o programa de adubação deverá ser o material biode-
gradável produzido na própria unidade de produção orgânica ou
na região, sempre o material deverá ter origem conhecida. Do
outro lado, o manejo da adubação deverá minimizar as perdas
de nutrientes, assim como o acúmulo de metais pesados e ou-
tros poluentes.

7
Silvio Roberto Penteado

Numa fase de conversão ou implantação para um siste-


ma ecológico e orgânico, não há necessidade rígida de colocar
todos os nutrientes nas proporções ideais logo no primeiro ano,
pois ao se acrescentarem adubos orgânicos e verdes, os mi-
crorganismos passam pôr um período de ajuste, até atingir o
equilíbrio do solo.

No sistema de agricultura ecológica e orgânica é reco-


mendado fazer constantemente a análise do solo e foliar, quan-
tas vezes forem necessárias, para que os teores dos nutrientes
estejam enquadrados em níveis adequados, mantendo assim o
equilíbrio e saúde da planta. Por exemplo, sabe-se que o cálcio
e o magnésio têm uma estreita relação com a absorção do po-
tássio e, consequentemente, com o ataque de pragas e doen-
ças. Da mesma forma, o enxofre com o nitrogênio, o boro com o
cálcio e o potássio, o zinco com o fósforo, entre outras relações
que, direta ou indiretamente, afetam a produção e a sanidade
das culturas e criações. Nesse novo enfoque se diz equilíbrio de
bases do solo e não calagem, onde os diferentes tipos de calcá-
rio serão utilizados com mais critério e não apenas o econômico.

Também antes de pensar em adubos e adubações, deve


se considerar que os fertilizantes não podem fazer tudo. O adu-
bo é importante, porém não é o único fator de êxito na produção.
Antes é necessário preparar o solo, para torná-lo apto a tirar o
maior proveito dos adubos, assim como manter a em boas con-
dições de umidade. Por esta razão, é indispensável que seja
dada maior importância à fertilidade física e biológica dos solos.

Além da chamada fertilidade química, que indica o tipo


da reação do solo, o conteúdo de nutrientes essenciais às plan-
tas e a presença ou ausência de elementos tóxicos às plantas,
há outros fatores muito importantes, que devem ser considera-
dos na determinação da adubação, como a fertilidade biológica,
o equilíbrio de bases, a Teoria da Trofobiose e os riscos de con-
taminação do ambiente.

A fertilidade Física se diz respeito principalmente à a-


cessibilidade das plantas aos nutrientes existentes. São elemen-
tos importantes a profundidade efetiva do solo, existência de im-

8
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

pedimentos à penetração radicular, porosidade, disponibilidade


de água e de oxigênio (02 ) , estrutura e grau de agregação do
solo, etc. De acordo com Quaggio et ai. (1991 ), a disponibilidade
de micronutrientes é afetada por fatores como o pH do solo,
quantidade e natureza das argilas, textura e teor de matéria or-
gânica do solo. (Feiden, 2001 ).

A correção da acidez proporcionada pela prática da cala-


gem, por exemplo, insolubiliza grande parte dos referidos nutri-
entes, enquanto os solos arenosos, pobres em matéria orgânica,
tendem a apresentar baixa disponibilidade geral.

Assim, nos solos ácidos e pobres em matéria orgânica ,


problemas com deficiência de micronutrientes são sentidos com
maior frequência e, portanto, sendo necessária a sua comple-
mentação. Várias tentativas de melhorar a relação da planta com o
solo através do aumento da matéria orgânica têm sido feitas com
sucesso, com a introdução do sistema de plantio direto de diversas
culturas comerciais e da adubação verde.

É a fertilidade Biológica, que nos dá indicação sobre a


efetividade dos fluxos dos nutrientes nos diversos compartimen-
tos do sistema. Esses processos dependem dos organismos vi-
vos, constituídos pelas plantas (cultivadas e espontâneas), fau-
na do solo e micro-organismos. Sua ação depende da quantida-
de, diversidade, atividade e das funções ecológicas que exer-
cem.
Um dos principais fundamentos da agricultura ecológica
é o princípio da intensificação biológica da agricultura, através
do ciclo de substâncias entre solo, planta e animal, assim a dife-
rença básica da agricultura ecológica para a convencional não é
apenas a eliminação de pesticidas e de adubos altamente solú-
veis , mas sim com o entendimento das relações entre esses or-
ganismos para incrementar a produtividade do sistema (Scheller,
1999).

O fornecimento de nutrientes às plantas deve ocorrer a


partir da interação das plantas com os microrganismos do solo,
sendo que a própria planta ou os microrganismos do solo devem
tornar disponíveis os nutrientes dificilmente solúveis (Scheller,

9
Silvio Roberto Penteado

1999), partindo do pressuposto que os minerais do próprio solo


são as principais fontes de nutrientes.

Para solos altamente intemperizados, exauridos e degra-


dados, assim como os solos tropicais de cerrado, essa reserva
natural praticamente não existe, sendo necessária a reposição
de nutrientes e reposição da matéria orgânica, caso contrário
não poderá haver boas produtividades.

Embora os principais fenômenos relacionados aos pro-


cessos que resultam no fornecimento de nutrientes para as pl~n-
tas ocorram no solo, no presente caso será utilizado um conceito
mais amplo de fertilidade do agroecossistema. Serão incluídos
além dos nutrientes do solo, também os da biomassa microbia-
na, da fauna do solo e da fitomassa, constituída tanto pelas
plantas vivas (culturas, adubos verdes e plantas espontâneas)
como pelos restos das culturas anteriores.

PRINCÍPIOS AGROECOLÓGICOS

Por questão de princípios, numa agricultura ecológica e


orgânica os adubos químicos altamente solúveis não são indica-
dos, pelos efeitos negativos, de desequilíbrio nutricional que
causam para as plantas e pelos riscos de contaminação do am-
biente.
Essas recomendações estão baseadas nos seguintes
fundamentos: acidificação do solo, erradicação de micro e ma-
croorganismos que fazem a vida do solo, a contaminação do
ambiente e o desequilíbrio nutricional, apregoado pela Teoria da
Trofobiose.

TEORIA DA TROFOBIOSE

Essa teoria é um dos fundamentos da agroecologia. Se-


gundo essa teoria, as plantas mal nutridas ou nutridas com ele-
mentos de alta solubilidade no solo, como o caso dos adubos sinté-
ticos, ficam mais propícias ao ataque de pragas e doenças devido
a maior proteólise no interior dos tecidos vegetais.

10
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Por sua vez, a adubação orgânica, através de uma maior


proteossíntese contribuiria para uma menor suscetibilidade das
plantas (Chaboussou, 1999). A figura abaixo ilustra muito bem as
consequências de uma adubação e manejo inadequado no cultivo
convencional.

TEORIA DA TROFOBIOSE (Trofo= alimento Biose= vida)

A seiva transporta proteínas e aminoácidos, açucares e nitratos para os pontos


de crescimento da planta.
Nitratos e
Proteínas açucares

SEIVA

Porém, o uso de agrotóxicos, a adubação desequilibrada e a falta de boas


condições ( estiagens, ventos, etc) para a planta atrapalham este mecanismo.

SEIVA

Quando isto acontece, a seiva fica carregada de aminoácidos livres, açucares e


nitratos. Estes são os alimentos preferenciais de fungos, bactérias, ácaros,
nematóldes e Insetos.

SEIVA
Fonte: "Teoria da Trolobiose.francls Chaboussou,rundação Gaia-2'Ed.M11eol1995

11
Sílvio Roberto Penteado

CONTAMINAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Não são indicados os fertilizantes químicos numa a-


gricultura ecológica, pois são minerais hidrossolúveis, isto
é, que se dissolvem na água da chuva e das regas , fato que
pode acarretar pelo menos três consequências desfavorá-
veis para o solo e ambiente:

Uma parte é rapidamente absorvida pelas raízes das


plantas causando expansão celular (as membranas celulares
ficam mais finas) e fazendo com que aumente muito seu teor de
água. Isso as torna um prato para as pragas e doenças, além de
serem menos saborosas e com seu teor nutritivo empobrecido.

Outra parte é lixiviada, ou seja, é lavado pelas águas


das chuvas e regas, indo poluir rios, lagos e lençóis freáticos,
acabando por causar, juntamente com os despejos de esgotos,
a eutrofização, que é a morte de um rio ou lago por asfixia, pois
excessivos nutrientes além de estimularem um crescimento ex-
cessivo das algas, roubam para se degradarem, o oxigênio da
água.

Há ainda uma terceira parte que se evapora , como no


caso dos adubos nitrogenados (sulfato de amônia), que sob for-
ma de oxido nitroso vai assim como ocorre com os fluocarbone-
tos do aerossol em destruir a camada de ozônio da atmosfera.
Dessa forma, verifica-se que a aplicação de adubos na agricultu-
ra ecológica e orgânica é feita com bastante cuidado e critério,
pois do seu equilíbrio nutricional depende a maior parte da resis-
tência da planta ás pragas, doenças e sinistros naturais.

Nem sempre a presença de insetos e patógenos é a verda-


deira razão do ataque às plantas. Quando mal nutridas ou nutridas
com elementos de alta solubilidade, caso dos adubos sintéticos
podem causar desequilíbrios nutricionais nas plantas, tornando-as
mais propícias ao ataque de pragas e doenças. Neste caso, ocorre
uma maior proteólise no interior dos tecidos vegetais. Os fatores
climáticos também podem influenciar estes fatores.

12
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPÍTULO 2

IMPORTÂNCIA DO MANEJO
DOS SOLOS PARA A NUTRIÇÃO DAS
PLANTAS

Há vários fatores que influenciam a produção agrícola,


como a escolha de variedades , espaçamento adotado, forma e
época de plantio, condução da planta, tipo e níveis de aduba-
ção, métodos de combate às pragas e controle ás ervas invaso-
ras. São todos fatores importantes, porém nenhuns deles supe-
ram o manejo do solo.
Um plantio pode ser feito com a melhor semente ou vari-
edade, utilizado adubo de qualidade, feito o plantio na época
correta, empregado um trato cultural adequado, porém se o solo
não for adequadamente trabalhado , não teremos uma planta
sadia, produtiva, que remunere o investimento feito.
Para compensar a falha inicial de não ter sido feito um
adequado trabalho com o solo, se gasta muito com insumos,
principalmente adubos e defensivos, o resultado financeiro será
cada vez menor e o ambiente em processo contínuo de degra-
dação.

O manejo adequado de um solo representa dar as


condições ideais para a germinação, crescimento e produti-
vidade para uma planta.
O solo é o ambiente onde as plantas nascem e se de-
senvolvem, por isso vão refletir em crescimento vegetativo, sa-
nidade e produtividade as condições que encontram no ambien-
te do solo. Podemos até afirmar que mais de 80% daquilo que
as plantas são, é reflexo direto ou indireto das condições do so-
lo. Desta forma, um solo adequadamente manejado vai permitir
a formação de uma planta rústica e sadia, com elevada produ-
ção, sem os empregos excessivos de adubos e defensivos, co-
mo é a prática da agricultura convencional.

13
Sílvio Roberto Penteado

Uma vez que o solo e seu manejo são tão importantes,


convém conhecer as suas principais características, para que
possamos manejá-lo adequadamente.
Na agricultura o solo pode ser caracterizado como o am-
biente, região ou camada de terra que a planta explora ou utiliza
para germinar, crescer, produzir e multiplicar-se. Solo pode ser
definido também como o meio onde as plantas desenvolvem as
suas raízes para fixarem-se e retirar os materiais necessários à
sua nutrição. Antes de trabalhar com o solo devem-se conhecer
previamente suas propriedades e características.
O solo possui importância vital para os seres vivos, pois
lhes serve de suporte dando abrigo às plantas e aos animais e
contribui para a sua alimentação, e conjuntamente com os seres
vivos, constitui a biosfera.
O solo é uma camada superficial da crosta terrestre,
constituída por matéria mineral não consolidada e pelos orga-
nismos vivos bem como os produtos da sua decomposição.
No solo ocorrem constante e simultaneamente com-
plexas reações em que a matéria mineral se transforma em
matéria orgânica e vice-versa.
É importante entendermos o solo, como um organismo
vivo, constituído de três aspectos: físico, químico e biológico,
para que possamos manejá-lo de forma que ele possa oferecer
tudo que as plantas necessitam para um bom desenvolvimento
- ar, água, nutrientes, nas quantidades e nas épocas certas
(Freitas, Escolástica, 1999).

TIPOS DE SOLOS
Os solos formados são diferentes. Os solos se formaram
a partir de diferentes tipos de rochas que sofreram a ação da
temperatura, da chuva, dos ventos , e se dividiram em partes
menores, sendo por esta razão, diferentes em sua composição e
teores de nutrientes, estrutura, etc. , nas diferentes regiões.

Há vários tipos de solos, que se diferem entre si devido à


rocha mãe a part_ir da qual ~e formaram . As plantas superiores
começaram a se instalar assim que se formou uma fina camada
de solo, inicialmente as ervas, depois os arbustos, as arvoretas
até as árvores de grande porte. Esse processo levou milhare~
de anos e as transformações continuam acontecendo.

14
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Nas condições tropicais e subtropicais, dependendo tam-


bém do relevo, as transformações da rocha mãe ocorreram até
profundidades superiores a um metro, resultando em solos pro-
fundos. Á medida que a rocha original foi sofrendo processo de
desintegração foi constituindo camadas diferenciadas, sendo
esta disposição de camadas denominada de perfil. As camadas
recebem nomes, que são os horizontes A , B, C, D.
O desenvolvimento de micro-organismos e plantas inferio-
res - bactérias, fungos, algas, líquens, musgos e samambaias,
promoveram outros desdobramentos, tanto em relação ao ta-
manho como em relação à composição química. Em uma região
pode haver um ou mais tipos de solos.

Os solos são identificados pela sua coloração, textura (ta-


manho das partículas), profundidade, teor de matéria orgânica,
pH, relevo , grau de erosão, etc. Isto significa que os solos pos-
suem características físicas, químicas e biológicas diferentes.
Para conhecer e identificar um solo, Inicialmente, devemos
saber que as características de um solo é o reflexo direto do tipo
de rocha que lhe deu origem, das condições climáticas locais
(calor, umidade, vento) e do nível de conservação das suas ca-
racterísticas originais (nível de degradação ambiental).
Os solos são resultados da desintegração de diferentes
tipos de rochas (granitos, gnaisses, basaltos, diabásios, etc.),
pela ação do calor, do frio, da água, do vento e de outros agen-
tes, que foram lentamente dando origem aos diferentes tipos de
solos que temos hoje.
Um solo pode ter uma constituição completamente dife-
rente do outro, em função da sua rocha original. Um solo cuja
rocha original é basalto resulta um solo diferente daquele que
tem como rocha original um arenito.
O primeiro solo é mais rico em nutrientes e oferece maior
retenção de água, porém oferece maior dificuldade para a pene-
tração das raízes, enquanto o segundo é mais pobre em nutrien-
tes e umidade, porém as raízes encontram maior facilidade para
penetrarem em profundidade no solo.
Assim, o primeiro solo poderá ter menores condições pa-
ra a agricultura se suas características originais não forem pre-
servadas, pela ação da erosão das águas e do manejo inade-
quado no cultivo agrícola.

15
Sílvio Roberto Penteado

Há vários tipos de solo: arenoso, argiloso, areno-argiloso,


barrento, turfoso etc., com diferentes quantidades de nutrientes,
tamanhos de partículas, teores de matéria orgânica, cobertura
vegetal etc.

PERFÍL DO SOLO

Predominam organismos
que precisam
de oxigênio do ar
9 a 18 cm
~nos Predominam organismos
estruturado quo vivem com
oxigênio da água

Subsolo • Terra ainda


mais jovem

ROCHA

Regionalmente os solos são identificados de acordo com


a classificação oficial: Latossóis, Poldzolizados, Terra Roxa etc.
Para a produção agrícola é importante o tipo de solo,
pois podem favorecer as plantas, como exemplo pelo maior teor
de nutrientes e matéria orgânica, no entanto qualquer outro solo
poderá ser utilizado com mesmo sucesso, desde que corrigido
suas características físicas, químicas e biológicas.
Aquilo que chamamos por solo, consiste principalmente
naquela camada superficial de 8 a 20 cm, rica em matéria orgâ-
nica, que é o ambiente onde vivem as raízes das plantas. Se as
condições do solo forem adequadas, podemos ter uma planta
saudável, resistente e produtiva, caso contrário será sempre
uma planta frágil e dependente de insumos e tratamentos espe-
ciais.
Cada tipo de solo deve ser identificado nas suas caracte-
rísticas físicas, químicas e biológicas, conforme apresentamos
abaixo e depois trabalhados e regenerados para que venham a
ser produtivo, com ~a!xo empreg.? de recursos materiais e pre-
servados para as prox1mas geraçoes.

16
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 3

A IMPORTÂNCIA DOS NUTRIENTES


PARA AS PLANTAS

A aplicação de fertilizantes na agricultura ecológica e or-


gânica é feita com bastante critério, pois do equilíbrio nutricional
dependem não somente seu crescimento e produção, como a
maior parte da resistência da planta ás pragas, doenças e sinis-
tros naturais. A nutrição de plantas deverá estar fundamentada
nos recursos do solo, sendo que a base para o programa de a-
dubação deve ser preferencialmente o material biodegradável
produzido nas unidades de produção ecológicas.
O manejo da adubação deve minimizar as perdas de nu-
trientes, assim como o acúmulo de metais pesados e outros po-
luentes.
A utilização de insumos em seu processo de obtenção,
utilização e armazenamento, não devem comprometer a estabi-
lidade do habitat natural, a manutenção de quaisquer espécies
presentes na área de cultivo e não devem representar ameaça
ao meio ambiente ou à saúde.

NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

Um elemento é considerado essencial para as plantas,


quando satisfaz dois critérios de essencialidade:

Direto - O elemento participa de algum composto ou de


alguma reação , sem os quais a planta não vive.
Indiretos - Muitos elementos químicos são indispensá-
veis à vida vegetal, os elementos não podem ser substituídos
por nenhum outro, sem eles, as plantas não conseguem comple-
tar o seu ciclo de vida.

17
Sílvio Roberto Penteado

Os elementos essenciais para as plantas são consid~r~-


dos em número de 16. Os elementos essenciais carbono , ox1ge-
nio e hidrogênio constituem em torno de 95% do peso das plan-
tas e têm origem na água e no ar, sendo denominados _d~ ma-
cronutrientes orgânicos. Os demais elementos essencIaIs, no
total de treze, por terem em geral origem no solo, são denomi-
nados nutrientes minerais e são classificados em:

Q) Macronutrientes primários: N, P, K
Q) Macronutrientes secundários: S, Ca, Mg
Q) Micronutrientes: 8, CI, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn

FUNÇÕES DOS NUTRIENTES NAS PLANTAS

NUTRIENTES FUNÇÃO

Nitrogênio Componente do citoplasma, enzimas e co-


(N) enzimas. Maior vegetação e perfilhamento.
Aumenta o teor de proteína. Favorece o vi-
gor e o desenvolvimento das plantas e dos
frutos. Diminui a resistência às secas, gea-
das, pragas e moléstias.

Fósforo Armazenamento e fornecimento de energia.


(PJ Favorece e acelera o desenvolvimento do
sistema radicular. Aumenta o florescimento
e a frutificação. Ajuda a fixação simbiótica
do nitrogênio.

Potássio Efeito coloidal (promove a hidratação), ar-


(K) mazenamento de energia (fosforilação) açú-
car e amido, fotossíntese e respiração, sín-
tese de aminoácidos e proteínas, abertura
de estômatos, translocação de carboidratos.
Favorece a formação dos frutos e sua resis-
tência.

18
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

FUNÇÃO DOS NUTRIENTES NAS PLANTAS

NUTRIENTES FUNÇÃO

Cálcio Regulação da hidratação, ativação de enzi-


(Ca) mas, desenvolvimento e funcionamento das
raízes.
Aumenta a resistência a pragas e moléstias.
Auxilia na fixação simbiótica do nitrogênio;
Favorece maior pegamento das floradas

Magnésio Regulação da hidratação, ativação de enzimas


(Mg) (respiração e síntese de proteínas), armaze-
namento e transferência de energia.
Colabora com o fósforo.

Enxofre Componente do citoplasma e proteínas (in-


(S) clusive enzimas).
Aumenta a vegetação e a frutificação; aumen-
ta o teor de óleos, gorduras e proteínas.
Ajuda na fixação simbiótica do Nitrogênio.
Organização e funcionamento de membranas
(atividade de ATPase e absorção iônica

Boro Germinação do grão de pólen e crescimento


(B) do tubo polínico.
Favorece o florescimento e expressão sexual.
Elongação celular, divisão e metabolismo de
ácidos nucleicos
Aumenta a granação.
Metabolismo de auxinas (AIA), fenóis e lignifi-
cação (parede).
Transporte de carboidratos e auxina.
Ativação do zinco. Colabora com o cálcio.

19
Silvio Roberto Penteado

NUTRIENTES FUNÇÃO

Cobalto Fixação do nitrogênio.


(Co) Controle hormonal (ácido abcísico etileno).
Maior crescimento de raízes.

Cloro Absorção iônica (atividade de ATPase)


(CI) Ajustamento osmótico.
Atividade osmótica.
Movimentos foliares.

Cobre Aumenta a resistência às doenças. Menor es-


(Cu) terilidade masculina (cereais).
Favorece o metabolismo de fenóis e a lignifi-
cação.
Formação do grão de pólen e fertilização.
Nodulação e fixação de nitrogênio.

Ferro Fixação de nitrogênio. Síntese de clorofila.


(Fe) Desenvolvimento dos cloroplastos.
Desenvolvimento dos ribossomos e síntese
proteica

Manganês Aumenta a resistência a algumas doenças.


(Mn) Biossíntese de clorofila , de glicolipídeos e á-
cidos graxos na membrana dos cloroplastos.
Manutenção da integridade funcional da
membrana cloroplasmática.
Controle hormonal (AIA).
Síntese de proteínas e RNA.

Molibdênio Fixação simbiótica do nitrogênio. Formação


(Mo) dos grãos de pólen.
Metabolismo de proteínas e de ácidos nuclei-
cos
Absorção e transporte de ferro.

20
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

NUTRIENTES FUNÇÃO

Silício Redução na toxidez de manganês, ferro e ou-


(Si) tros elementos.
Esterificação do fósforo.
Metabolismo de fenóis.
Composição da parede celular.
Aumenta a proteção contra pragas e molés-
tias.
Reduz a taxa de transpiração.
Composição da parede do grão de pólen e
fertilização.

Sódio Acumulação de oxalato.


(Na) Substituição parcial do potássio.
Abertura estomatal.
Regulação atividade de redutase de nitrato.
Exigência pelas plantas com via C4 na fotos-
síntese.
Indução do metabolismo das crassuláceas.
Manutenção do balanço da água.

Zinco Estimula o crescimento e a frutificação. Pro-


(Zn) moção da síntese do citocromo C.
Formação de amido.
Metabolismo de fenóis e parede do xilema.
Estabilização dos ribossomos.
Metabolismo de proteínas e de ácidos nuclei-
cos
Inibição da RNAase.
Aumento no tamanho e multiplicação celular.
Fertilidade do grão de pólen.

Fonte: E. Malavolta, 1985.

21
Silvio Roberto Penteado

TIRE SUAS DÚVIDAS

Os nossos solos são ricos em matéria orgânica?

Não. Por exemplo, no Estado de São Paulo, cerca de 60% da


área do Estado possui terras com baixos teores de matéria or-
gânica. Cerca de 33% da área é de terras com teor médio de
matéria orgânica, geralmente quando são cultivadas hortaliças e
apenas 7% das terras do Estado de São Paulo apresentam teo-
res altos de matéria orgânica. Convêm lembrar que estes 7°/o de
terras com altos conteúdos de matéria orgânica estão situados
em locais de altitude elevada e topografia acidentada, onde a
agricultura se torna mais difícil.

As cultivadas estão perdendo sua fertilidade natural?

Sim. A produtividade das terras dos países ricos e desenvolvi-


dos está aumentando graças ao uso crescente dos fertilizantes
minerais. A fertilidade natural dessas terras, no entanto,, está
decrescendo, devido a vários fatores, entre eles a perda cons-
tante de matéria orgânica, cultivo excessivo, sem a reposição da
matéria orgânica. A importância dessa afirmação está no fato
de que o teor de matéria orgânica do solo estar vinculado dire-
tamente com o índice de produtividade.

O uso do composto orgânico nas terras de cultivo tem


alguma contra-indicação ou intolerância para as plan-
tas?

Não há nenhuma contra-indicação ou intolerância. Somen-


te devemos ter cuidado quanto sua origem, para evitar a-
queles que podem ter contaminação química, como metais
pesados. O composto é recomendado para culturas inten-
sivas, como a das hortaliças, dos viveiros de flores ou de
mudas, para jardins e vasos de ornamentação: para cultu-
ras extensivas, como as de café, cama, algodão, milho, os
pomares e as pastagens.

22
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 4

A IMPORTÂNCIA DA MATÉRIA
ORGÂNICA
Conforme sua própria denominação e princípios a agricul-
tura orgânica, emprega de preferência os nutrientes na forma
orgânica. O objetivo é que o produtor regenere o solo com maté-
ria orgânica , de forma que o mesmo tornado agora um solo vivo,
forneça os nutrientes necessários para as plantas, sem necessi-
dade de contínuas incorporações, como ocorre na agricultura
convencional.
A matéria orgânica presente nos solos é formada por
restos animais e vegetais em diferentes fases de decomposição,
decomposição esta realizada pelos organismos decompositores
- a micro e mesovida do solo - fungos, bactérias, minhocas,
cupins, etc. Portanto, a matéria orgânica é o alimento da vida do
solo e como ela está em constante decomposição, nós
precisamos também repô-la com frequência.

Durante a decomposição são liberados nutrientes, água e


gás carbônico, e são formadas outras substâncias orgânicas
entre as quais o húmus, que além de funcionar como cimento na
formação dos agregados de areia-silte-argila, tem também a
mesma capacidade da argila de atrair e reter nutrientes, só que
em grau muito mais elevado.
A matéria orgânica tem a capacidade de reter duas a
três vezes maior o seu volume a água, que será fornecido
para as plantas e para a vida de toda flora e fauna presente
no solo, assim como manter a sua temperatura em
condições adequadas à vida.
Além dos nutrientes encontrados nos adubos orgânicos, as
plantas podem absorver grandes quantidades de moléculas
orgânicas como: aminoácidos, proteínas, enzimas, vitaminas,
antibióticos naturais, alcalóides, etc. Estes produtos promovem
uma maior vitalidade e resistência das planta, sendo resultados
da atividade biológica do solo e da decomposição da matéria
orgânica.

23
Silvio Roberto Penteado

As plantas cultivadas em solos adubados com matéria


orgânica são mais resistentes às pragas e às doenças por
dois motivos principais: estão nutricionalmente equilibra-
das porque recebem todos os nutrientes que necessitam,
tanto macro como micronutrientes, sem falta nem excesso;
a atividade biológica produz diversas substâncias, inclusive
antibióticos, que protegem as plantas dos micro-
organismos que causam doenças.

QUALIDADE DA MATÉRIA ORGÂNICA

A adubação orgânica é importante para o solo quando é


feita com qualidade, fornecendo níveis adequados de nitrogênio
e de carbono, como biomassa.· A matéria orgânica além de for-
necer nutrientes para as plantas apresenta outras vantagens
como: aumentam o volume de espaços vazios no solo e sua a-
gregação.

Desta maneira, o solo estará dotado de permeabilidade e


retenção de água, pelo qual se incrementará a drenagem e pro-
teção contra temperaturas excessivas. Para uma boa disponibi-
lidade de matéria orgânica para as plantas, a análise do solo de-
ve apresentar um teor acima de 3% de Matéria Orgânica.

O material orgânico a ser empregado como adubo deve


estar totalmente decomposto, para que não ocorra fermentação
no solo. A má decomposição provoca acidificação do terreno,
pela retirada de oxigênio, e isto causa danos á germinação das
sementes e desenvolvimento das raízes (enfraquecimento) das
plantas crescidas.

O gás metano e amônia, formados no processo de fermen-


tação, enfraquecerão as raízes e causarão a má formação dos
brotos. Assim como ocorre com os nitrogenados solúveis, a in-
corporação de matéria orgânica não decomposta (muito ricas
em nitrogênio e com carência de potássio), como esterco de ga-
linha e outros, favorecem a sensibilidade das plantas ao ataque
de moléstias e insetos sugadores (ácaros e pulgões).

24
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Os compostos orgânicos e biofertilizantes são fornecedo-


res de estirpes de microrganismos, sendo favoráveis á acelera-
ção e a condução adequada da decomposição da biomassa ve-
getal (ricas em carbono) presente no solo, fazendo assim uma
compostagem diretamente no terreno, chamado de Composta-
gem Laminar.

Os produtos orgânicos a serem utilizados para a fertili-


zação não podem ser provenientes de resíduos contamina-
dos por metais pesados e componentes químicos tóxicos e
agrotóxicos. Quando de origem externa da propriedade,
precisam ser homologados pela legislação e regulamenta-
ções das entidades certificadoras de agricultura orgânica,
tanto a nível nacional, quanto internacional.

O VALOR DO HÚMUS

O húmus melhora não apenas as propriedades físicas do


solo, através da sua estruturação, mas também melhora as suas
propriedades químicas, isto tanto nos solos arenosos como nos
solos argilosos. Mas, nas condições de clima tropical e sub-
tropical, o húmus não é estável, ele não se acumula como nos
solos de clima temperado; pelo contrário, ele continua sendo
decomposto em nutrientes, água e gás carbônico, através da
atividade das bactérias do solo, o que resulta na perda da
estrutura dos agregados e no comprometimento da fertilidade,
diretamente ligada à essa estrutura.

Numa agricultura ecológica, como no sistema


orgânico, é recomendado o emprego do húmus sempre em
complementação com a aplicação de elevadas quantidades
de matéria orgânica, como compostos orgânicos, que
permitem a sobrevida da fauna do solo, como macro e
microrganismos.

A agricultura orgânica preconiza a reposição constante de


matéria orgânica morta para alimentar a atividade biológica que
produz húmus, o que pode ser feito de várias formas, entre as
quais a adubação verde e a adição de composto.

25
Silvio Roberto Penteado

MANEJO DA MATÉRIA ORGÂNICA

Deve ser considerada numa agricultura ecológica que a


fertilidade do solo e sua atividade microbiana deverão ser apri-
moradas ou conservadas mediante o aporte de quantidade sufi-
ciente de material biodegradável de origem vegetal ou animal.
Dessa forma, o material orgânico utilizado na adubação deverá
preferencialmente ter origem conhecida, sem a possibilidade de
contaminações químicas ou biológicas, sendo melhor se produ-
zido na própria unidade agropecuária.

A recomendação é que a matéria orgânica seja aplicada,


preferencialmente, na superfície do solo ou incorporada superfi-
cialmente para melhorar ou manter sua estrutura e fertilidade.
Quanto aos cultivas orgânicos, deverão ser suplementadas com
materiais naturais, de acordo suas especificidades, sendo que
as fontes de nutrientes deverão ser usadas de maneira eficiente
e sustentável, considerando períodos e locais apropriados para
otimizar seus efeitos.

As práticas de manejo do esterco nas áreas de alojamento,


estabulação ou pastoreio do gado, deverão ser implementadas
de maneira que as instalações de armazenagem e manipulação
do esterco, incluindo as instalações de composto, deverão ser
projetadas, construídas e operadas de maneira que previnam a
contaminação das águas subterrâneas ou superficiais e minimi-
zem a degradação do solo e da água.

As taxas de aplicação de esterco devem ser em níveis que


não contribuam para a contaminação das águas subterrâneas
ou superficiais, por nitratos e bactérias patogênicas e otimizem a
reciclagem de nutrientes. Não devem ser realizadas queimadas
ou qualquer prática em desacordo com os regulamentos técni-
cos da produção orgânica.

É necessário cuidado, no momento e os métodos de apli-


cação do esterco não devem aumentar o potencial de escorri-
mento em direção aos reservatórios, rios e riachos, pelo elevado
risco de contaminação.

26
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 5

CONHEÇA OS ADUBOS ORGÂNICOS

Os fertilizantes orgânicos sólidos e líquidos, são todos a-


queles materiais de procedência vegetal ou animal que podem
ser utilizados para fertilizar os solos como um todo e assim nutrir
as culturas. Eles devem ter alto valor agregado e baixo custo de
aquisição e produção. Eles podem ser produzidos a partir de
matérias-primas próprios ou adquiridos de terceiros e se diferen-
ciam dos adubos convencionais pela sua atividade e atuação
sobre o solo, as plantas e o ambiente, onde normalmente tem
efeitos positivos como um todo, produzindo menores impactos
que os convencionais.

Podem ser empregados os adubos verdes, resíduos agro


industriais, restos de colheita, assim como estercos de aves e
animais (compostados e curados), desde que isentos de agen-
tes químicos ou biológicos com potencial contaminante, cinzas
de madeira, carvões vegetais, etc.

Os produtos orgânicos a serem utilizados para a fertili-


zação não podem ser provenientes de resíduos contamina-
dos por metais pesados e componentes químicos tóxicos e
precisam ser homologados pela legislação e regulamenta-
ções das entidades certificadoras de agricultura orgânica,
tanto a nível nacional, quanto internacional.

FORMA DOS NUTRIENTES. Os nutrientes dos adubos


orgânicos, com exceção do potássio, encontram-se na forma
orgânica. Assim sendo, para serem absorvidos pelas plantas há
necessidade da transformação para a forma mineral através do
processo de decomposição da matéria orgânica, ou seja, na mi-
neralização. Com isto, ocorre uma lenta liberação dos nutrientes
para a solução do solo.

27
Silvio Roberto Penteado

Esta lenta liberação dos nutrientes para a solução do solo,


que é um dos princípios da adubação orgânica, resulta e~- van-
tagens adicionais em relação à adubação mineral trad1c1onal ,
que são:

0 Possuem baixo potencial de salinidade às sementes,


plântulas e micro-organismos;
Q)Menor potencial de perdas dos nutrientes por lixiviação,
principalmente nos solos arenosos;
Q)Maior possibilidade de fazer uma única adubação, ao in-
vés de ter que fazer parcelamentos
(!) Enriquecimento do solo com húmus, que melhora a ab-
sorção e retenção de nutrientes e água.
Q)0 efeito da adubação orgânica é acumulativo, aprovei-
tando os nutrientes por vários ciclos de produção.

Em relação à necessidade de transformação da forma or-


gânica para a forma mineral, nos cálculos em adubação orgâni-
ca tem-se que considerar os Índices de Conversão de cada nu-
triente. Esta prática é recomendável para o cálculo de adubos
para o sistema orgânico, para evitar excessos de nutrientes, que
causam desequilíbrio nutricional, com prejuízo na resistência da
planta e qualidade dos frutos.
Os índices de conversão representam o percentual médio
de transformação da quantidade total do nutriente da forma or-
gânica para a forma mineral (forma disponível para as plantas).
Outra vantagem da matéria orgânica, como fertilizante, é que
diferentemente do adubo químico apresenta todos os dezesseis
nutrientes de plantas. Desta forma, o consumidor pode ter uma
nutrição completa, sem necessidade de buscar complementos
nutricionais na farmácia.

Considerando o relevante papel do solo no suprimento de


nutrientes às plantas, a aplicação de fertilizantes orgânicos, re-
sulta no aumento da disponibilidade de todos os 13 nutrientes
fornecidos pelo solo. Outros nutrientes, como carbono, hidrogê-
nio e oxigênio, são fornecidos pela água e ar. Uma vez que 0
adubo orgânico é um fertilizante completo resulta em mais uma
importante vantagem da adubação orgânica, em relação à adu-
bação mineral, que é a seguinte: A possibilidade de desrespeito

28
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

á "Lei do Mínimo", ou seja, deixar de oferecer qualquer dos nu-


trientes essenciais requeridos para a plena execução dos pro-
cessos metabólicos , é muito menor.

TEOR DE NUTRIENTES. Os adubos orgânicos devem no


possível, serem analisados e observados antes da aplicação ao
solo. As informações necessárias são quanto ao teor de umida-
de, teor de nutrientes e quanto à presença de contaminantes
químicos (metais pesados), físicos (principalmente sementes de
ervas invasoras) e biológicos (agentes patogênicos). Por esta
razão, quando adquirir adubos orgânicos de fora da propriedade,
precisa ser comunicado à certificadora.

Em relação aos adubos orgânicos líquidos podem ocorrer


as mesmas variações de teores de nutrientes e contam inantes.
Para os resíduos vegetais, as variações ocorrem devido à espé-
cie de planta, da idade e da fertilidade do solo. Por sua vez, nos
resíduos animais varia com a espécie animal, com o tipo de cri-
ação, com a alimentação utilizada, com o processo de coleta e
com as condições de armazenagem.

Além do teor de água e teores totais dos nutrientes os a-


dubos orgânicos são também caracterizados pela relação Car-
bono/Nitrogênio (C/N), dada a importância que estes componen-
tes influenciam na velocidade de decomposição e liberação dos
nutrientes no solo.

Considerando que o conteúdo de nutrientes nos fertilizan-


tes orgânicos é baixo, quando comparados com fertilizantes mi-
nerais, deve-se atentar para o fato de que as quantidades de
adubos orgânicos a serem aplicadas são muito elevadas, au-
mentando os custos de produção.

Este ônus é mais elevado quando não há disponibilidade


do material no local, incluindo ainda os custos de transporte e de
aplicação. Por esta razão, recomenda-se cautela no planeja-
mento de implantação orgânica, levando em conta um programa
de adubação orgânica que atenda as necessidades nutricionais
das plantas, com viabilidade econômica (Fonte: florestasite).

29
Silvio Roberto Penteado

COMPOSIÇÃO DOS ADUBOS ORGÂNICOS

Os adubos orgânicos são geralmente compostos ou re-


síduos orgânicos utilizados na agricultura. Eles contêm elevados
teores de componentes orgânicos, como lignina, celulose, lipí-
dios, graxas, carboidratos e óleos, principalmente. O carbono é
o elemento principal existente nestes compostos, mas destaca-
se também a presença de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio,
magnésio e micronutrientes.
A adubação orgânica pode ser definida como a deposi-
ção de resíduos orgânicos de diferentes origens sobre o solo
com o objetivo de melhorar as propriedades físicas, químicas e
biológicas do mesmo.

Em termos gerais os adubos orgânicos podem ser


agrupados em:
a) Origem animal (esterco de bovinos, aves, suínos e outros a-
nimais);
b) Origem vegetal (adubos verdes e coberturas mortas);
c) Resíduo urbano (lixo sólido e lodo de esgoto);
d) Resíduos industriais (cinzas e outras);
e) Compostos orgânicos (vermicomposto);
f) Biofertilizantes (enriquecidos ou não);
g) Adubos orgânicos comerciais.

A adubação orgânica apresenta importantes vanta-


gens:
A adubação orgânica aumenta o teor de matéria orgânica
do solo. Melhora toda a estrutura do solo. Aumenta a capacida-
de de retenção de água para as plantas. Aumenta a infiltração
da água da chuva. Complexa ou solubiliza alguns metais tóxicos
ou essenciais às plantas (Ferro, Zinco, Magnésio, Cobre, Cobal-
to, etc.). Diminui os efeitos tóxicos do alumínio. Aumenta a ativi-
dade microbiana do solo.

A matéria orgânica, como fertilizante, diferentemente do


adubo químico apresenta todos os dezesseis nutrientes neces-
sários às plantas.

30
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

APLICAÇÃO DOS ADUBOS ORGÂNICOS


Na adubação de instalação da cultura , os adubos orgâni-
cos bioestabilizados, na forma de resíduos vegetais composta-
dos ou estercos curtidos devem ser aplicados com boa antece-
dência, antes da semeadura, nas covas , sulcos ou covas de
plantio e a seguir molhados com irrigação. A incorporação dos
adubos orgânicos reduz as perdas de nitrogênio por volatilização
e é de crucial importância na adubação com fósforo, pois esse
nutriente é de baixíssima mobilidade no solo.

Quando utilizamos resíduos vegetais de baixa relação


C/N (menor que 25), notadamente de leguminosas, podem ser
incorporados no dia da semeadura ou o mais próximo dela. Este
material deverá ser cortado na fase de formação de florescimen-
to e deixado sobre o solo. Por outro lado, resíduos vegetais ricos
em carbono (palhadas, capins, gramíneas, etc.), com relação
C/N elevada (acima de 30), devem ser aplicados com pelo me-
nos, um mês de antecedência ao plantio, de forma a vencer a
fase inicial de predomínio da imobilização sobre a mineralização.
Caso contrário, haverá bloqueio de N pelos microrganismos que
decompõem o material, faltando nitrogênio para a cultura.

A manutenção de resíduos vegetais na superfície do solo


(formação da cobertura vegetal "mulch") traz uma série de bene-
fícios ligados à conservação do solo, manutenção da umidade e
redução de ervas invasoras, porém é menos eficiente, a curto
prazo na nutrição das plantas. O reduzido contato com o solo
diminui grandemente a velocidade de decomposição ou minera-
lização.
A decomposição de resíduos vegetais no solo pode e-
xercer um efeito benéfico ou maléfico de significativa importân-
cia, relacionado com o fenômeno da alelopatia, que consiste na
liberação de substâncias alelopáticas através da decomposição
de resíduos vegetais.

Isto pode ocorrer diretamente pela lavagem de substân-


cias já presentes no resíduo ou pela produção de substâncias
pelos micro-organismos responsáveis pelo processo de decom-
posição (Florestasite,2006). Os resíduos animais, devidamente
compostados, devem ser preferencialmente incorporados ao so-

31
Sílvio Roberto Penteado

lo, não apenas para aumentar a eficiência do fósforo , mas, prin-


cipalmente, para reduzir as perdas de nitrogênio por volatiliza-
ção.
Os estercos animais antes de serem usados, necessitam
passar por um processo aeróbico de "cura" ou de fermentação.
Neste processo, que dura de 60 a 90 dias, há produção de
grande quantidade de calor. Assim sendo, uma vez devidamente
processados, os resíduos animais podem ser aplicados no dia
de plantio ou o mais, próximo deste.

A aplicação de estercos animais curtidos ou compostos


(tipo Bokashi ou Húmus de minhoca) na superfície do solo, sem
qualquer incorporação, em culturas já instaladas, visando princi-
palmente o suprimento de nitrogênio e de potássio, apresentam
boa eficiência dada a mobilidade desses nutrientes no solo.

Tabela 1: LOCAL DE APLICAÇÃO DOS ADUBOS ORGÂNI-


COS
SOBRE O SOLO SULCOS/COVAS JUNTO AS RAIZES
Restos vegetais Compostos or- Bokashi
e animais não gânicos bioesta-
com postados bilizados
Gramíneas, pa- Estercos de a- Húmus de minhoca
lhas e capins nimais curtidos
Adubos verdes Tortas e Farinhas ve-
· getais fermentados
Resíduos agro- Biofertilizantes irri-
industriais gados

A matéria orgânica a ser empregada na adubação deve


estar bioestabilizada ou humificada, para que não ocorra fer-
mentação no solo. A má decomposição provoca acidificação do
terreno, pela retirada de oxigênio, e isto causa danos á germina-
ção das sementes e desenvolvimento das raízes (enfraqueci-
mento) das plantas crescidas.

O gás metano e amônia, formados no processo de fer-


mentação, enfraquecerão as raízes e causarão a má formação
dos brotos.

32
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 6

PRODUÇÃO DE ADUBOS ORGÂNICOS

ADUBOS VERDES

A adubação verde é a forma mais econômica para enri-


quecer os solos tropicais com nutrientes, dado ao grande poten-
cial de produção de massa vegetal, seja no verão ou no inverno.
Há plantas recomendadas para cada período, seja gramíneas ou
leguminosas, que fornecem ao solo elevadas quantidades de ni-
trogênio. O procedimento ideal preconiza o consorciamento entre
leguminosas, gramíneas e as ervas pioneiras. É indispensável
sua implantação para a desintoxicação provocada por herbicidas.

As plantas leguminosas são importantes por fornecerem


nitrogênio através do processo de fixação simbiótica das bacté-
rias. As gramíneas devem também ser incluídas como produtoras
de biomassa, por fornecerem carbono (fibras mais duráveis), elas
mantém e aumentam o teor de matéria orgânica no solo e favore-
cem a flora e fauna benéficas do solo (micro-organismos). As er-
vas pioneiras contribuem na reciclagem de nutrientes e na pre-
servação do ecossistema. O adubo verde deve ser implantado na
área que se deseja adubar. Devem ser cortadas, roçadas antes
da semeadura e deixadas para decompor-se sobre o solo ou en-
terradas superficialmente para ocorrer a degradação aeróbica.

BIOFERTILIZANTES

É um fertilizante líquido obtido da degradação da matéria


orgânica (estercos de aves ou animal ou restos vegetais) em
condições aeróbicas e anaeróbicas em biodigestor. Fornece tam-
bém um resíduo sólido que pode ser aplicado no solo. Além do

33
Sílvio Roberto Penteado

seu efeito nutricional, fornecendo proteínas, enzimas, vitaminas,


antibióticos naturais , alcaloides ' macro e micronutrientes, é utili-
zado como defensivo natural, principalmente devido à presença
do Bacillus subtil/is, aumentando o vigor e a resistência das plan-
tas.
Segundo o pesquisador BettioI(1997) , os biofertilizantes
possuem complexa e elevada comunidade microbiana, com pre-
sença de bactérias, fungos leveduriformes e filamentosos e ac-
tonomicetos. Estudos feitos com o biofertilizante líquido de bovi-
no observaram-se a presença de inúmeros micro-organismos
como bactérias leveduras e bacilos, principalmente do Bacillus
subtilis. Estes micro-organismos sintetizam substâncias antibióti-
cas, as quais demonstram ter grande ação e eficiência como
substâncias fungistáticas e bacteriostáticas de fitopatógenos
causadores de danos em lavouras comerciais.

Uma das formas mais conhecidas de biofertilizantes é o


Supermagro, com a mistura de esterco de curral e um complexo
de micronutrientes, porém existem formais mais simples produto
da fermentação do esterco de curral fresco e água. Num tambor
de 200 litros colocam se 50 a 80 kg de esterco de gado fresco,
completando o resto com água. Pode ser feito outras receitas
como: 40 kg de esterco fresco + 20 a 40 kg de capins picados +
água ou então: 50 kg de esterco de gado fresco + farinha de os-
so + cinzas + água. Adicionando açúcar ou melaço favorece a
fermentação.

Para dar condições anaeróbias, é recomendável fechar


hermeticamente a parte superior do tambor com a tampa ou um
plástico. Entre o líquido e a tampa deve ficar um espaço, mínimo
de 20 centímetros, que abrigará os gases formados pela fermen-
tação anaeróbica.

Para evitar a expansão desses gases e o estouro do


tambor, deve se inserir uma mangueira plástica na tampa do
tambor, bem vedada, que é submersa depois num balde ou gar-
rafa com água, para que o ar possa escapar (borbulhar na á-
gua), mas não possa entrar. A fermentação leva de 20 a 40 dias.
Dilui se a calda, sendo que para cada litro de biofertilizante po-

34
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

de se misturar 1, 2 ou 3 litros de água. Quanto mais diluída me-


nor será o efeito defensivo.
O biofertilizante poderá ser feito sob condição aeróbia
em caixas de cimento ou tambores plásticos, cobrindo com uma
tampa (sem vedar a entrada de ar) para evitar a entrada de á-
gua. Pode-se obter um produto de qualidade, uma vez que ape-
nas a camada superior do mosto tem reação aeróbica , enquanto
a parte inferior está em fermentação anaeróbica.
O esterco fresco de aves também é aproveitado para
adubação líquida. O esterco é colocado num barril com água e
deixado fermentar para converter a amônia. Pode se utilizar um
acidulante como vinagre ou limão, adicionando o sempre que se
perceber o cheiro de amoníaco. Após uma semana retira se o
líquido sobrenadante, regando se com ele os canteiros. Como o
líquido é rico em nitrogênio, convém aplica-lo em hortaliças fo-
lhosas prioritariamente.

Tampa Hermética Mangueira


Plástica

Tambor
200 litros Balde
e/ Água
__.,....__

3. ESTERCO DE ANIMAIS
O esterco de animais pode ser empregado na forma
cru, curtido e ou compostado. A composição do esterco das di-
ferentes espécies animais depende do tipo de alimentação.
Quando exclusivamente no pasto, o conteúdo de nitrogênio
desses estercos é menor do que com suplementação com con-
centrados. Quando proveniente de retiros é formado apenas de
fezes, posto que a urina perde-se por infiltração no solo. Quan-
do provém de estábulos, incluem se quantidades variáveis de
palha que retém a urina.

35
Silvio Roberto Penteado

O esterco curtido é o envelhecimento do esterco sob


condições não controladas. Há um aquecimento da massa sob
a ação de bactérias termófilas que vão consumindo os compos-
tos de carbono do material, aumentando assim o teor dos ou-
tros nutrientes nos resíduos. A chuva lixivia os nutrientes, de
modo que convém proteger o monte.
O esterco curtido é uma massa escura com aspecto
gorduroso e cheiro agradável. No caso de suínos, as fezes são
mais ficas em nutrientes e mais pobres em matéria orgânica que
a dos ruminantes. A matéria orgânica presente é de decomposi-
ção rápida , de modo que o esterco suíno é mais um alimento pa-
ra as plantas que para o solo. O suíno é acometido de muitas
doenças que atacam o homem. A maior fonte de Teníase (Tenik
so/ium) são justamente as hortaliças contaminadas. Por esses
riscos é preferível reciclar o esterco de porco em culturas arbó-
reas ou de cereais (lshimura,1999).

Estudos mostram que o esterco decomposto sem prote-


ção perde 56% da amônia que ele contém, num período de qua-
tro meses. As perdas podem ser maiores se a temperatura e a
umidade forem elevadas. O superfosfato simples e o gesso reve-
lam-se muito eficientes para reduzir as perdas de amônia. A re-
comendação é acrescentar 30 kg de superfosfato simples em pó
sobre uma tonelada de esterco animal.

ESTERCO DE AVES
As aves produzem um esterco mais rico em nitrogênio
que os ruminantes ou suínos, podendo variar sua composição de
acordo com a espécie e o tipo de alimentação. As aves poedei-
ras, alimentadas com ração, fornecem um esterco rico em nutri-
entes, especialmente nitrogênio e fósforo, porém pobres em ma-
téria orgânica.
Se deixado curtir, sua decomposição é rápida, liberan-
do se em poucos dias a maior parte dos nutrientes. Por esta ra-
zão o esterco de aves não deve ser guardado puro. Deve ser
misturado aos materiais de relação C/N elevada e materiais co-
loidais; de reação ácida, como a terra, formando o processo de
compostagem. Outra alternativa, é a adição de superfosfato sim-
ples, que por sua reação ácida, fixa a amônia convertendo a em
amônia, porém com menor eficiência.

36
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA.-

No caso de uso direto do esterco fresco , deve se incor-


porá-lo ao solo para reduzir as perdas de nitrogênio. Esta aplica-
ção deve ser feita com recomendação técnica , pois o excesso
afeta a qualidade dos produtos e torna as plantas sensíveis aos
ataques de pragas e doenças Em longo prazo, a aplicação co n-
tínua compromete as qualidades fís icas e microbiológicas do so-
lo.
A cama de frango e o esterco de galinha poedeira são
exemplos de materiais com significativa quantidade de nitrogê-
nio, que podem ter perdas reduzidas com a aplicação do gesso
agrícola ou do superfosfato simples. A escolha de qual deles
aplicar depende de diversos fatores, tais como a disponibilidade
do material, custo de transporte e teor de umidade, utilizando 30
kg por tonelada de esterco.

PALHAS E RESÍDUOS
As palhas constituem resíduos de plantas que entraram
em senecência, já tendo translocado para as sementes a maior
percentagem de nutrientes. São fontes de energia para as bac-
térias que degradam a celulose e alimentam muitos outros orga-
nismos do solo. As palhas são fontes de potássio, mas se ex-
postas à chuva ele é perdido por lixiviação.

Quando incorporadas ao solo melhoram suas pro-


priedades físicas e biológicas, porém devido seu baixo teor
de nitrogênio, os micro-organismos retiram esse elemento
do solo durante sua decomposição, levando as plantas a-
presentar sintomas de deficiência de nitrogênio. Neste caso,
é recomendável a incorporação simultânea de materiais
mais ricos em nitrogênio como compostos ou estercos.

As palhas de gramíneas, tais como de aveia, trigo, mi-


lho, napier etc., são recomendadas para a cobertura morta em
pomares e hortas. No caso de leguminosas, suas palhas se de-
compõem muito rapidamente, sendo boa fonte de nitrogênio, po-
rém pouco contribuindo para a recuperação da matéria orgânica
do solo, como exemplo a leucena e o guandu (lshimura, 1999).

37
Silvio Roberto Penteado

Podem ser aproveitados resíduos agroindustriais como


palha de café, restos de algodão, sementes de mamona e baga-
ço de cana, entre outros.

O bagaço de cana é o produto residual da moagem dos


colmos da cana-de-açúcar, sendo um material rico em celulose.
Apesar do seu baixo custo nas fontes de origem, seu uso está
restrito a propriedades vizinhas dos locais de moagem, devido
ao custo do transporte, devido à extração do caldo da cana,
quase todos os seus nutrientes minerais foram retirados , servi-
do se à incorporação desde que acompanhado de materiais or-
gânicos mais ricos como compostos ou estercos curtidos (gado,
galinha, suínos, etc.). Caso contrário, deve ser empregado como
material para cobertura morta (mulching)

RESÍDUOS DE MADEIRA
Os resíduos de madeira, a serragem (pó grosso) e a
maravalha (finas lâminas), são geralmente materiais muito ricos
em carbono e pobres em nitrogênio. Possuem quantidades ele-
vadas de lignina, diferenciando nisso das palhas.

De acordo com a madeira de origem sua decomposição


é mais ou menos demorada. (lshimura, 1999). Incorporado ao
solo, tanto a serragem quanto a maravalha induzem a deficiência
do nitrogênio, sendo na serragem mais intensamente por sua
maior superfície de reação.

Quando utilizadas para cobertura morta (mulching), am-


bos os materiais apresentam problemas. A serragem tende a
formar blocos quando molhada, impedindo a germinação das
sementes. A maravalha por sua vez é um meio de cultura de
fungos, os quais podem danificar as espécies sensíveis.

O melhor emprego desses materiais constitui na produ-


ção da compostagem em mistura com outros resíduos que se
deco~ponham mais !acilmente. Embora de compostagem lenta,
os res1duos de madeira produzem composto de efeito duradouro
devido do à sua riqueza em compostos derivados de lignina.

38
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 2: Principais espécies de adubos verdes

Espécie Tipo Ciclo de Espa- N.º de Quanti- Epoca de


de flores- çamen- semen- dade de semeadura
planta cimento to entre- tes por sementes
(dias) linhas metro (kg/ha)
(m) de sul-
co
Aveia preta cespi- 120-140 0,20 15-20 60-70 março a
toso maio
Calopgônio trepa- 150 0,50 40 25-30 outubro a
dor março
Crotolária ereto 110-140 0,25 20 40 setembro a
juncea março
-
Crotolária ereto 140 0,25 25 9-15 setembro a
spectabilis março

Feijão-de- ereto 100-120 0,50 7 140-200 setembro a


porco março

Guandu ereto 140-180 0,50 18 50 setembro a


março
Labe-labe trepa- 1330- 0,50 10 50 setembro a
dor 180 março
Leucena ereto 150 (1 a 1,50 18 8 setembro
poda) dezembro
Mucuna-anã ereto 80-100 0,50 6-8 80-100 setembro a
março
Mucuna- trepa- 140-170 0,50 6-8 60-80 setembro a
preta dor março

Chícharo trepa- 100-120 0,20 10-15 120 março a


dor junho
Nabo- ereto 70-120 0,20 15 10-20 março a
forrageiro junho

Siratro trepa- 180 0,50 30 6 setembro a


dor março
Tremoço ereto 20 0,50 15 15 março a
junho
Trevo- rasteiro 25 0,20 20 10 março a
branco junho

39
Silvio Roberto Penteado

Fitomassa verde

Fitomassa seca

40
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 7

A COMPOSTAGEM

A compostagem é o processo que aproveita resíduos


orgânicos , como estercos , palhas, capins , gramas e outros vege-
tais, para a produção de adubo orgânico de alta qualidade, que
são os compostos orgânicos, O emprego de adubos orgânicos
compostados deve ser estimulado, devido os melhores resulta-
dos do que a aplicação de materiais orgânicos comuns.
Pelo processo de compostagem a decomposição do
material é controlada e uniforme, é inviabilizada a germinação de
sementes de ervas daninhas e diminui a ação de alguns patóge-
nos, como fusarium e rizoctonia , muitas vezes presentes no ma-
terial vegetal cru . Além destes efeitos, são eliminados durante o
processo de fermentação, resíduos de herbicidas, antibióticos ,
muitas vezes presentes nesses materiais, assim como vermes e
outros agentes patogênicos, que podem causar doenças nos
consumidores.
O composto é uma forma de adubação muito emprega-
da na agricultura orgânica. Consiste na mistura de restos vege-
tais, estercos e outros materiais orgânicos amontoados, umidifi-
cados e revirados, para promover fermentação aeróbica até que
a matéria orgânica esteja totalmente decomposta. O composto
orgânico deve ser preparado com o emprego de três a cinco par-
tes de materiais de elevada relação C/N (bagaço de cana, pa-
lhas, restos de culturas, casca de arroz, capins , etc.), para uma
parte de material de baixa relação C/N (estercos, plantas legu-
minosas, entre outros).

O composto poderá ser enriquecido com calcário, pó de


rocha, farinha de ossos, cinzas, terra virgem , etc. As dimensões
da pilha de compostagem podem ser: 1,5 m de largura, 1 a 2 m
de altura e até 5 metros de comprimento.

41
Silvio Roberto Penteado

Para a montagem da pilha de decomposição, sempre


se coloca no fundo uma camada de 15 a 20 cm de material rico
em C/N e em seguida 5 a 7 cm de estercos ou material rico em
N. As camadas são molhadas, sem excesso. Em seguida são
alternadas estas camadas, terminando com a camada de capim.
A largura da base da pilha é de 3 a 4 metros, altura de 1,50 m e
comprimento 5 a 20 m. O material é revirado cada 5 a 7 dias,
começando quando a temperatura interna da pilha, medida com
um termômetro atingir 70ºC.

Para manter a temperatura e a umidade adequadas,


deve-se revirar a pilha de compostagem por cinco a seis vezes
durante o processo, cada 12 a 15 dias. O processo de decom-
posição que leva de 60 a 90 dias para ser completado, estará
pronto, quando a temperatura interna elevada cair para a tempe-
ratura ambiente. Durante este período manter a pilha de com-
postagem protegida das chuvas, podendo ser coberta com pa-
lhas secas ou lonas na parte superior.

OUTROS COMPOSTOS ORGÂNICOS

Há outros compostos orgânicos de produção mais rápi-


da (até três semanas) e com maiores teores de nutrientes mine-
rais. Essa opção consiste na produção dos adubos orgânicos
chamados de Bokashi e Boyodo. São compostos mais ricos em
nitrogênio, fósforo e potássio, do que aqueles produzidos por
estercos e capins. Este processo foi formulado para obter adu-
bos orgânicos em substituição aos fertilizantes químicos tradi-
cionais, sem os fatores indesejáveis destes. Seus ingredientes
são geralmente as tortas, farinhas e farelos de arroz, trigo, soja
e mamona e inoculantes.

Os compostos obtidos de resíduos industriais ou lixos


urbanos devem ser empregados com restrição, pois podem con-
ter agentes patogênicos ou metais pesados. O chorume, que
compreende a mistura de esterco e urina, quando fermentado de
forma aeróbica, torna-se um adubo orgânico para emprego via
foliar ou solo.

42
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

PROPORÇÃO DOS MATERIAIS NA COMPOSTAGEM

Material Orgânico
Capim ou qualquer outro , -~,
Ricos em nitroQênio
materlal palhoso (lixo orgânico, estercos de
Ricos em carbono aves e animais, etc.

Pilha ou leira de compostagem balanceada

PEQUENA COMPOSTEIRA
São três paredes fixas e uma móvel para facilitar
a retirada do composto depois de pronto. (adaptado)

43
Silvio Roberto Penteado

A PILHA DE COMPOSTAGEM
O composto é formado por camadas alternada_s
de resíduos e precisa estar sempre fofo e areJado.

~--capim

Palha
Esterco
Capim
cortado
Grama
Folhas
- · Esterco

Fig. 1: Pilha de Compostagem com aeração natural

Fig.2: Compostagem com sistema de ventilação para


facilitar o arejamento. Fonte: Aristeu Peressinoto

Quando terminar de fazer a pilha de materiais vegetais,


recomendam-se cobrir o monte ou a leira com palha, pé de mi-
lho ou folha de banana, contra o sol, vento e umidade. Pode ser
coberto com lona na parte superior da pilha. Deve-se tomar cui-
dado com o excesso de irrigação artificial ou mesmo de chuvas,
que pode tornar o meio anaeróbico.

44
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 3: COMPOSIÇÃO MÉDIA: MATERIAIS RICOS EM


NITROGÊNIO
Materiais MO e N C/N P20s K20
% % % % %
Algodão semente ardida 95,62 54 ,96 4,58 12/ 1 1,42 2 ,37
Amoreira folhas 86,08 45,24 3,77 12/1 1,07 NE
Banana: folhas 88,89 49,02 2,58 19/ 1 O, 19 NE
Borra de café 90,46 50,60 2,30 22/1 0,42 1,26
Cacau: pelf cuia 91 ,01 51 ,84 3,24 3,24 1,45 3,74
Café semente desnaturada 92,83 52 ,32 3,27 16/1 0,39 1,69
Cássia alta: ramos 93,61 52 ,35 3,40 15/1 1,08 2 ,98
Crotalária juncea 91,42 50,70 1,95 26/1 0,40 1,81
Cevada: bagaço 95,07 51 ,30 5, 13 10/ 1 1,30 0,15
Couro em pó 92,03 43,75 8,74 5/1 0,22 0,44
Esterco de suínos 53,10 29 ,50 1,86 16/1 1,06 2,23
Esterco de aves 52,21 29,01 2,76 11/1 2,07 1,67
Esterco de equinos 96,19 25,50 1,67 18/1 1,00 1, 19
Eucalipto: resíduos 77,60 42,45 2,83 15/1 0,35 1,52
Feijão de porco 88,54 48,45 2,55 19/1 0,50 2,42
Feijão quandu: palhas 55,90 52,49 1,81 29/1 0,59 1, 14
Feijão guandu-sementes 96,72 54,60 3,64 15/1 0,82 1,89
Fumo: residuos 70,92 39,06 2,17 18/1 0,51 2,78
lngá: folhas 90,69 50,64 2, 11 24/1 0,19 0,33
Lab-lab 88,46 50,16 4,56 11/1 2,08 NE
Laranja: bagaço 22,58 12,78 0,71 18/1 0,12 0.41
Lúbulo: bagaço 47,58 26,08 1,63 16/1 1,32 0,86
Mandioca: folhas 91,64 52,20 4,35 12/1 0,72 NE
Mucuna preta: ramas 90,68 49,28 2,24 22/1 0,58 2,79
Mucuna preta-sementes 95,34 54,18 3,87 14/1 1,05 1.45
Penas de galinha 88,20 54,20 13,55 4/1 0,50 0,30
Rami: resíduos 60,64 35,26 3,20 11/1 3,68 4 ,02
Resíduos de cerveja 95,80 53,04 4,42 12/1 0,57 0,10
Serrapilheira 30,68 16,32 0,96 17/1 0,08 0,19
Sisai: polpa 67,38 64,35 5,85 11/1 0,49 0,43
Sangue seco 84,96 47,20 11,80 4/1 1,20 0,70
Torta de algodão 92,40 51,12 5,68 9/1 2, 11 1,33
Torta de amendoim 95,24 53,55 7,65 7/1 1,71 1,21
Torta de linhaça 94,85 50,94 5,66 9/1 1,72 1,38
Torta de mandioca 92,20 54,40 5,44 10/1 1,91 1,54
Torta de soja 78,40 45,92 6,56 7/1 0,54 1,54
Torta cana-de-acúcar 78,78 43,40 2,19 20/1 2,32 1.23
Fonte: Paschoal, A.D.(1994) NE: Não encontrado; MO: Matéria
Orgânica; C: Carbono; N: Nitrogênio; N/C: relação nitrogênio/carbono; P2O5%: Teor de
fósforo; K2O%: teor de potássio do material seco, em massa.

45
Silvio Roberto Penteado

Tabela 4: COMPOSIÇÃO MÉDIA DOS MATERIAIS RICOS


EMCARBONO - Fonte: Paschoal, A .D.(1994)

Materiais MO e N C/N PzOs K20


% % % % % -
Abacaxi- fibras 71,41 39,60 0,90 44/ 1 NE 0,46
Arroz- cascas 54,55 30,42 0,78 39/1 0,58 0,49 -
Arroz palhas 54,34 30,42 0,78 39/1 0,58 0,41
Aveia cascas 85,00 47,25 0,75 63/1 0,15 0,53
Aveia palhas 85,00 47,52 0,66 72/1 0,33 0,91
Algodão resíduos sementes 96,14 53,00 1,06 50/1 0,23 0,83
Banana: talho e cachos 85,28 46,97 0,77 61/1 0,15 7,36
Baoaço de cana 96,14 39,59 1,07 37/1 0,25 0,94
Cacau: cascas dos frutos 85,28 48,64 1,28 38/1 0,41 2,54
Café cascas 71,44 30,04 0,86 53/1 0,17 2,07
Café palha 88,68 51 ,73 0,62 83/1 0,26 1,96
Capim oordura 82,20 51 ,03 0,63 81/1 0,17 NE
Capim guiné 93,13 49,17 1,49 33/1 0,34 NE
Capim Jaraouá 92,38 50,56 0,79 64/1 0,29 NE
Capim cidreira 88,55 58,84 0,82 62/1 0,27 NE
Capim milha roxo 90,51 50,40 1,40 36/1 0,32 NE
Capim mimoso 91,52 52,14 0,66 79/1 0,26 NE
Capim pé de galinha 91,60 47,97 1, 17 41/1 0,51 NE
Capim Rhodes 93,60 50,32 1,37 37/1 0,63 NE
Cássia neqra- cascas 86,99 53,20 1,40 38/1 0,10 NE
Castanhas cascas 89,48 54,76 0,74 74/1 0,24 0,64
Centeio cascas 96,24 46,92 0,68 69/1 0,66 0,61
Centeio palhas 98,04 47,00 0,47 100/1 0,29 1,01
Cevada cascas 85,00 47,60 0,56 85/1 0,28 1,09
Cevada palhas 85,00 47,25 0,75 63/1 0,22 1,26
Esterco de ovinhos 82,94 46,08 1,44 32/1 0,74 1,65
Esterco de bovinos 96,19 53,44 1,67 32/1 0,68 2, 11
Feijoeiro: palhas 94,68 52,16 1,63 32/1 0,29 1,94
Grama batatais 90,80 50,04 1,39 36/1 0,36 NE
Grama seda 90,55 50,22 1,62 31/1 0,67 NE
Lenheiro: resíduos 39,92 29,50 0,75 30/1 0,60 0,41
Mamona: cápsulas 94,60 62,54 1, 18 53/1 0,30 1,81
Mandioca: cascas e ralzes 58,94 32,64 0,34 96/1 0,30 0,44
Mandioca: ramas 95,26 52,40 1,31 40/1 0,35 NE
Mandioca: cascas 96,07 53,50 0,50 107/1 0,26 1,27
Milho: palhas 96,75 53,76 0,48 112/1 0,38 1,64
Milho: sabugos 45,20 52,52 0,52 101/1 0,19 0,90
Samambaia 95,90 53,41 0,49 109/1 0,04 0,19
Serraoem de madeira 93,45 51,90 0,06 865/1 0,01 0,01
Trigo: cascas 85,00 47,60 0,85 56/1 0,47 0,99
Trigo: palhas 92,40 51,10 0,73 70/1 0,07 1,28

46
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

MATERIAIS NO COMPOSTO ORGÂNICO


No cálculo dos materiais, levar em consideração a rela-
ção C/N de cada material. Um composto de volumoso pode ser
preparado de 30/1 até 90/1 , considerando que quanto maior a
relação C/N (maior teor de carbono) , mais tempo vai demorar a
ficar pronto o composto.
Desta forma, um esterco bovino tem a relação C/N =
30/1 e uma palha de milho C/N = 112. Numa mistura de 1.000 kg
de cada material, o cálculo deve ser feita da seguinte forma: 30
+ 112 = 142 - que dividido por dois materiais, produz uma massa
com a relação C/N = 71 . Nestas condições, com C/N = 71 , deve-
rá levar em torno de 60 a 70 dias para ocorrer sua bioestabiliza-
ção. Como exemplo, se colocarmos:

a) Maior quantidade de esterco (2.000 kg) , isto é, com


maior teor de nitrogênio vai reduzir o tempo de preparo do com-
posto, ou seja, 30 + 30 + 112 = 172, que dividimos por três nos
dão a relação C/N = 57 Com esta relação menor (C/N = 57), o
tempo de formação do composto será menor, abaixo de 60 dias.

b) Misturando maior quantidade de palha de milho


(2.000 kg), isto é, com maior teor de carbono na compostagem ,
vamos aumentar o período de preparo, ou seja, 30+ 112 + 112 =
254 que dividimos por três nos dão a relação 85. Com uma rela-
ção maior C/N = 85, certamente demorará de 90 a 100 dias.

Melhoria do Composto Orgânico: Nos perío-


dos calculados, obtemos um composto orgânico de volumo-
sos, que é um adubo bioestabilizado (material grosseiro, que
não esquenta mais), porém, se desejarmos um composto de
melhor qualidade e disponibilidade, poderemos obter um húmus,
que é um adubo humificado (textura fina como pó de café).

Para isso decompor por mais 30 a 40 dias, utilizando de


preferência minhocas na decomposição. Para enriquecer o
composto, pode-se distribuir sobre as camadas a lanço, alguns
produtos como calcário bem fino (1 kg/m3) e/ou Concinal (3
kg/m3) e/ou Yoorin Master (2 kg/m3), pó de granito (5 kg/m3)
e/ou MB4 (3 kg/m3), argila (1 O kg/m3), cinzas (15 kg/m3), fosfato
de Araxá (5-6 kg/m3).

47
Sílvio Roberto Penteado

Pequenas composteiras

Pilha de compostagem no campo

48
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 8

RECEITAS DE COMPOSTOS
ORGÂNICOS
Há muitas receitas de compostos orgânicos na lite-
ratura. Eles poderão ser produzidos de acordo com a ne-
cessidade dos solos e culturas, assim como aproveitando
os recursos disponíveis. Apresentamos várias receitas prá-
ticas, que poderão ser produzidos com os ingredientes su-
geridos ou na falta trocados por outros com os mesmos
componentes ou nutrientes.

BOKASHI 1 (Compostagem aeróbica) Receita 1 - Indicação:


Adubo para aplicação no solo; rico em nitrogênio, fósforo e po-
tássio, para a substituição dos fertilizantes químicos tradicio-
nais.
Ingredientes:
PRODUTOS QUANTIDADE
Farelo de arroz ................. 500 kg
Farelo de algodão ............. 200 kg
Farelo de soja ................... 100 kg
Farinha de osso ....... ... ....... 170 kg
Farinha de peixe ................ 30 kg
Termofosfato ....................... 40 kg
Carvão moído .................... 200 kg
Melaço ................... ....... 4 lts
EM4... .................................. 4 lts
Água .................................. 350 lts

Preparo: Para o Bokashi, o primeiro passo para ter uma umida-


de ideal (50%) é ir molhando aos poucos o material. Depois de
tudo uniformemente misturado, coloca-se um pouco na palma da
mão, que deve ser fechada com força e a umidade do composto

49
Sílvio Roberto Penteado

não deve escorrer entre os dedos e nem deve estar seco a pon-
to de não formar um torrão. O ideal do composto é quando for-
mado o torrão, apertando com a mão, é facilmente esfarelado.

A mistura deve ser amontoada e coberta com sacos de estopa


ou lona de algodão, para iniciar a fermentação. A altura do mon-
te não deve estar acima de 1,0 metros, no entanto , a largura po-
de ser maior.

O ideal é utilizar piso cimentado para facilitar o revolvimento do


material e evitar a infiltração dos nutrientes no solo. Para o bo-
kashi, a temperatura não deve ultrapassar 50°C. Esta tempera-
tura ele pode atingir depois de misturado, num prazo de 20 a 24
horas, quando então deve ser revolvido. Toda vez que atingir a
temperatura de S0ºC, o Bokashi deve ser revolvido. Nestas con-
dições, estará pronto de 7 a 1O dias.

BOKASHI 2 (Compostagem aeróbica) - Receita 2


Indicações: Adubação de solo, em substituição aos fertilizantes
químicos NPK
Ingredientes: 45% de farelo de arroz; 35% de farelo de mamo-
na; 15% de farelo de soja e 5% de farinha de peixe. Acrescentar
35% de água, diluindo EM4 1% e melaço 1%.
Preparo: Após a mistura e umedecimento dos vegetais (á-
gua+EM4 + melaço), fazer montes com altura máxima de 1,0 a
1,20 metros. Em 24 A 30 horas após o preparo, a temperatura
poderá atingir 40ºC, revolver então a mistura e cobrir novamen-
te. Se a umidade estiver elevada, acima de 60%, fazer uma ca-
mada fina de 3 a 5 cm de altura. O composto fica pronto em sete
a nove dias, e quando seco pode ser armazenado por seis me-
ses. Obs. Pode ser feita camada de 2 a 3 metros de largura e
altura de 20 cm, sendo compactada por trator e formadas cama-
das superiores. A massa poderá ser revirada por enxada rotativa
ou outro meio.

BOKASHI (Compostagem anaeróbia) - Receita 3


Indicações: Adubação de solo, em substituição aos fertilizantes
químicos NPK. Ingredientes: idem á receita 2, porem com 15%
de água e adicionar EM4 1º/o e Melaço 1%. B) Ingredientes: 500

50
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

kg de farelo de arroz, 500 kg de torta de mamona, 20 kg de fari-


nha de peixe, 4 litros de melaço de cana , 2 litros de EM4 e 100
litros de água.
Preparo: Misturar bem os produtos e peneirar. A mistura é en-
sacada em saco de lixo, revestido por uma sacaria mais forte por
fora, para evitar furos ou rasgos. Deixar fermentando por 15 a 21
dias em condições anaeróbicas. Nestas condições pode ser utili-
zado por 30 dias. Quando seco, pode ser armazenado até seis
meses.

BAYODO - Receita 4
Indicações: Adubo para aplicação no solo, rico em nitrogênio,
fósforo e potássio, em substituição aos fertilizantes químicos.

Ingredientes: Terra virgem ou de subsolo (50 a 60 % do volu-


me), Capim picado ou casca de arroz semi decomposta (30% do
volume), Farelo de arroz (10% do volume) e farelo de mamona
(5% do volume). É indicado o uso de inoculantes de microrga-
nismos, para acelerar o processo de fermentação. Ex. Eokomit,
BYM Food ou EM4 e água suficiente para manter a umidade i-
deal da mistura (60%)

Exemplo da receita para preparo de 2.000 kg de Bayodo.


Ingredientes: Terra virgem (1.000 kg ou 55%) + Restos vegetais
picados (300 kg ou 30%) + Tortas (50 Kg) e farelos (100 a 120
kg ou 15%)+ Inoculantes. EM 4 (4 litros) + água (580 litros)

Preparo: A escolha do local é bastante importante, devendo ser


protegido da chuva, com espaço disponível quatro a cinco vezes
maiores que o ocupado pelas matérias-primas e piso cimentado
para facilitar a revirada e evitar a infiltração de nutrientes. A mis-
tura é submetida ao processo de fermentação ao ar livre.
Fazer a mistura da terra virgem ou de subsolo e dos restos vege-
tais, farelos (de arroz e de mamona) ou tortas vegetais, á medida
que vai fazendo o acréscimo da água enriquecida com o inocu-
lante.
Manter a umidade recomendada acima de 55 a 60% e a tempe-
ratura em torno de 60 º C. O processo geral de produção é se-
melhante ao Bokashi.

51
Silvio Roberto Penteado

FATORES IMPORTANTES NA COMPOSTAGEM

UMIDADE DO COMPOSTO
Para verificar se o teor está adequado, deve ser aperta-
do um pouco de composto na mão. Caso não escorrer água,
mas sentir umidade tem de 50 a 55%. Se soltar um pouco de
água, ela terá 60 e 70%.

A umidade estará em torno de 60% quando apertada a


mistura na mão, começa a escorrer água entre os dedos. Neu-
traliza-se o excesso de umidade, misturando á pilha casca de
arroz ou palha de arroz picada. Para a produção do Bokashi
(compostagem), o primeiro passo é ter uma umidade ideal (50%)
e ir molhando aos poucos o material. Depois de tudo uniforme-
mente misturado, coloca-se um pouco na palma da mão, que 1
1
deve ser fechada com força e a umidade do composto não deve 1
1
1
escorrer entre os dedos e nem deve estar seco a ponto de não 1
11
formar um torrão. O ideal do composto é quando formado o tor- 1

rão, apertando com a mão, é facilmente esfarelado.

TEMPERATURA
Na produção dos compostos, temperatura igual ou aci-
ma de 70ºC, são críticas para os micro-organismos úteis, pas-
sando esta temperatura eles são eliminados. Deve-se evitar que
a temperatura do composto ultrapasse a 70ºC, se isto ocorrer,
esparrama-se a mistura, deixando-a assim até o dia seguinte,
quando deve ser ajuntada novamente. Recomenda-se medir a
temperatura constantemente. O ideal é utilizar um termômetro de
cabo comprido. Caso não tiver, finca-se uma barra de ferro no
monte de composto.

Para saber a temperatura, se segura a ponta que esta-


va fincada no composto, caso esteja tão quente que não possa
ser segurada, a temperatura do composto deve ser reduzida,
esparramando-a. No caso do Bokashi, a temperatura não deve
ultrapassar SOºC. Esta temperatura ele atinge depois de mistu-
rado, num prazo de 20 a 24 horas, quando então deve ser revol-
vido. Toda vez que atingir 50°, o Bokashi deve ser revolvido.
Nestas condições, estará pronto de 7 a 1O dias.

52
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CONDIÇÕES DE PREPARO
Durante o processo de compostagem o material deve
estar abrigado da chuva, pois a umidade deve estar sempre de
50 a 55%. Se for preciso cobri-lo deve deixar expostas as late-
rais do monte para ventilação. Ao fazer um monte, procure dei-
xar os lados verticais, para evitar a retenção de águas das chu-
vas.

No caso do Bokashi, a mistura deve ser amontoada e


coberta com sacos de estopa ou lona de algodão, para iniciar a
fermentação. A altura do monte não deve estar de 0,8 a 1,0 me-
tros, no entanto largura pode ser maior. O ideal é utilizar piso
cimentado para facilitar o revolvimento do material e evitar a infil-
tração dos nutrientes no solo. Após a mistura, o material pode
ser colocado dentro de saco de adubo e amarrado a boca , dei-
xando ocorrer a fermentação dentro da embalagem.

VALIDADE DO COMPOSTO
Em condições adequadas de umidade o composto pode
ser armazenado até seis meses.

APLICAÇÃO DO COMPOSTO ORGÂNICO


No caso da utilização de um composto orgânico, já de-
composto, a biomassa deve ser preferencialmente deixada à
superfície do solo ou então incorporada até 8 cm de profundida-
de, para posterior incorporação por micro-organismos, pois des-
ta forma são favorecidas toda cadeia de decompositores, o que
não ocorre quando se utiliza material decomposto (composto
orgânico, biofertilizantes, etc.).
A adição de fosfatos de reação alcalina a este material
é capaz de incorporar grandes quantidades de nitrogênio no so-
lo. Também o esterco fresco não deve ser enterrado profunda-
mente, porém superficialmente, pois num período duas a três
semanas é incorporado ao solo pela atividade biológica. Quando
incorporados profundamente começam a apodrecer, afetando a
vida do solo e das plantas.
Importante: Qualquer que seja a palha ou a forma de
uso é mais operacional trabalhar com o material picado, o que
exige um triturador ou ceifadeira para aproveitamento de maio-
res quantidades.

53
Sílvio Roberto Penteado

Tabela 5: SUGESTÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS


CULTURA APLICAÇÃO DOSAGEM Manutenção
Abacate Plantio 3 kg/cova 1O kg/planta
Abacaxi Plantio/Soca 500 g/cova
Abóbora Plantio 2 kg/cova
Abobrinha Plantio 1 kg/cova
Acerola Plantio 3 kg/cova 1O kg/planta
Alcachofra Plantio 1 kg/metro
Alface/Chicória Canteiro 3 kg/m2
Alho Plantio 3 kg/m2
Almeirão Canteiro 3 kg/m2
Ameixa/Amora Plantio 3 kg/cova 1O kg/planta
Arbóreas Nativas Plantio 3 kg/planta
Aspargo Plantio 13 kg/m2
Banana Plantio 13 kg/cova 5 kg/família
Batata Doce Plantio 10 t/ha
Berinjela Plantio 1 kg/cova
Brócolis Plantio 1 kg/metro
Café Plantio Adensado 12 kg/metro
Caju Plantio ,3 kg/cova
Camomila Piantio 10 t/ha '

Caqui Plantio 3 kg/cova ·1O kg/planta


Cebola Canteiro 3 kg/m2
Cenoura Canteiro 3 kg/m2
Chuchu Plantio 3 kg/cova 3 kg/planta
Coco Plantio 5 kg/cova
Couve Plantio 1 kg/metro 1
Couve-Flor Plantio 1 kg/metro '

Cravos Canteiro 3 kg/m2


Crisântemos Canteiro 12 kg/m2
Ervilhas Plantio 500 g/metro linear
Eucalípto Plantio 2 kg/cova
Feijão Plantio 10 t/ha
Figo Plantio 3 kg/cova '5 kg/planta

54
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 5- SUGESTÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS


CULTURA APLICAÇÃO DOSAGEM Manutenção
~engibre/Gladíolos Plantio 3 kg/m2
Goiaba Plantio 3 kg/cova 15 kg/planta
Gramados Formação 1 kg/m2
Uiló Plantio 1 kg/cova
Laranja/Limão Plantio 3 kg/cova 1O kg/planta
Lichia Plantio 3 kg/cova 1O kg/planta
Maça Plantio 3 kg/cova 1O kg/planta
Mamão Plantio 3 kg/cova 4 kg/planta
Mandioca/Mandiq. Plantio 10 ton/ha
Manga Plantio 3 kg/cova 1O kg/planta
Maracujá Plantio 3 kg/cova 5 kg/planta
Marmelo Plantio 2 kg/cova 5 kg/planta
Melancia e Melão Plantio .2 kg/cova
Milho e Menta Plantio 10 t/ha
Morango Plantio 3 kg/m2
Nabo Canteiro 3 kg/m2
Palmito Pupunha Plantio 13 kg/cova
Pepino Plantio 1 kg/metro li
Pera Plantio 13 kg/planta 1O kg/planta
Pêssego Plantio 3 kg/planta 15 kg/planta
Pimenta Plantio 1 kg/cova
Pimentão/Quiabo Plantio 1 kg/cova
-

Rabanete Canteiro 13 kg/m2


Repolho Plantio 1 kg/metro
Rosa Plantio 1 kg/cova
Soja Plantio 10 t/ha
Tomate Est. Plantio 1 kg/cova
Uva Itália Plantio 2 kg/cova 1_5 kg/planta
Uva Niagara Plantio 3 kg/cova P kg/planta
Vagem Plantio 1 kg/metro 1 kg/metro
Videiras Plantio 2 kg/cova ~ kg/cova
. . ..
Fonte: Adubos Orgarncos V1safert11(2007)

55
Silvio Roberto Penteado

INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE A COMPOSTAGEM

O composto de resíduos domiciliares próprios ou adquiri-


dos pode ser empregado diretamente na terra?

O agricultor pode utilizar o composto oriundo do lixo para pre-


parar novas quantidades de composto. Sabe-se que para fabri-
car composto na fazenda são necessárias duas diferentes ma-
térias-primas: esterco animal, que é denominado meio de fer-
mentação e palhas, capins, cascas e outras sobras de culturas,
chamados restos vegetais.

Os restos vegetais, ricos em carbono, são de difícil fermenta-


ção se não forem misturados com um material mais rico em ni-
trogênio e contendo microrganismos, como é o caso dos ester-
cos animais, restos vegetais e do próprio composto de lixo.

A porcentagem de cada material na formação da pilha de


compostagem é de 70% de material rico em carbono e 30%
de material rico em nitrogênio.

É mais vantajoso utilizar o esterco animal ou aves na produção


de composto orgânico com a mistura de palhas, não somente
pela maior quantidade de adubo orgânico, mas pela qualidade
do fertilizante e maior período de disponibilidade para as plan-
tas.
Assim sendo, em propriedades agrícolas onde há muita sobra
de resíduos palhosos e poucos animais para produzir esterco
para ser juntado a essa grande massa de restos vegetais, re-
comenda-se usar como meio de fermentação o composto ad-
quirido nas usinas de compostagem de lixo. Para se fabricar o
composto na fazenda, fazem-se pilhas com 3 a 4 metros de
largura por 1,5 a 1,8 metros de altura e por comprimento inde-
terminado.

O composto de lixo das cidades deve ser livre de metais


pesados para ser utilizado como adubo orgânico.

56
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 9

USO DE ADUBOS MINERAIS


NA AGROECOLOGIA
Na agricultura ecológica e orgânica a adubação mineral
é a complementação da orgânica. É considerado que um solo
rico em matéria orgânica é ca_paz de transformar os minerais e-
xistentes em formas assimiláveis pelas plantas. Para determinar
quantidade dos nutrientes a ser aplicado, principalmente o nitro-
gênio deve ser considerando vários fatores: a fertilidade do solo,
o teor de matéria orgânica, a época do cultivo (condições climá-
ticas: temperatura e umidade) e o estado sanitário. Por estas
razões, devem ser feitas a análise do solo, análise foliar e solici-
tada a orientação agronômica.
Os fertilizantes minerais somente deverão ser usados,
desde que comprovada a necessidade de uso, num programa
que atenda a correção da fertilidade em longo prazo, juntamente
com outras técnicas tais como adição de matéria orgânica, ma-
nejo de adubos verdes, rotações de culturas e fixação de nitro-
gênio pelas plantas.
É recomendado no sistema orgânico, que os fertilizan-
tes minerais devam ser aplicados na forma natural, podendo so-
frer tratamento físico, não devendo ser aplicadas fórmulas solú-
veis e nem fertilizantes submetidos a tratamento químico. São
empregados adubos minerais de baixa solubilidade, que tenham
lenta liberação dos nutrientes no solo. Os adubos minerais não
sintéticos e os fertilizantes biológicos produzidos fora da unidade
de produção (de origem conhecida) devem ser considerados su-
plementares e não como fonte de reposição de nutrientes.

MACRONUTRIENTES
No processo orgânico e ecológico, são empregados
somente fertilizantes minerais de lenta liberação de nutrientes.
Além daqueles processados industrialmente, como termofosfato

57
Silvio Roberto Penteado

e sulfato de potássio. Podem ser utilizados os resíduos em for-


ma de pó das mais diversas rochas encontradas nas diferentes
regiões, como complemento nutricional. Ex. Todos os tipos de
fosfatos naturais, como de Araxá , Patos de Minas, Apatitas, Pós
de Basalto, Granito, Granodiorito, Diabásio, Micaxisto, Silvenita,
Carnalita, Kaineita, etc.

MICRONUTRIENTES
Na agricultura ecológica e orgarnca é bastante reco-
mendado o emprego de produtos ricos em micronutrientes,
complexados com a matéria orgânica, contendo elevado teor de
aminoácidos, como biofertilizantes e o supermagro.

A deficiência de micronutrientes pode provocar diminu-


ição no crescimento da planta e quebra de até 30% da produção
em muitas culturas. O desequilíbrio provocado pela falta de mi-
cronutrientes no metabolismo vegetal pode tornar a cultura mais
sensível a doenças, obrigando a gastos adicionais com defensi-
vos e onerando o custo da cultura. Nesta forma, servem para
prevenir as doenças, por induzirem a proteosíntese, reduzindo
os tratamentos convencionais.

O biofertilizante orgânico, de origem animal e vege-


tal, em aplicação foliar atua como ativador enzimático das
reações bioquímicas na planta, e também como adesivo-
espalhante.

Os micros ativam as reações de anabolismo e catabolis-


mo da planta e garantem um ótimo de proteosíntese, com isso
reduz ou evita-se os radicais livres. Certas reações bioquímicas,
não se processam sem a ativação por parte de enzimas. Os mi-
cronutrientes têm parte importante neste processo.

Os micronutrientes Fe, Cu, Zn e Mo fazem parte da pró-


pria estrutura de certas enzimas. Outras enzimas só exercem
sua função se forem ativadas por micronutrientes como Mn, CI e
B, K, Fe e Cu, são importantes ativadores enzimáticos. Como
fontes de micronutrientes além dos sais, como Sulfato de Zinco,
Sulfato de Magnésio, Sulfato de Manganês, Ácido Bórico, entre
outros, estão também as algas, basalto e granito.

58
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

USO DE FERTIPROTETORES
São assim chamados certos fertilizantes , que além de
conterem elementos importantes para a nutrição das plantas,
tem o efeito de favorecer seu mecanismo de defesa contra o a-
taque de pragas e doenças, caso dos micronutrientes (boro, zin-
co, manganês) e dos fertilizantes: fosfito de potássio, a ostra em
pó, a sílica, entre outros.

FOSFITO DE POTÁSSIO
O fosfito de potássio foi desenvolvido para fornecer fósfo-
ro (íons fosfito) e potássio em alta concentração para nutrição
das plantas. Este produto não está registrado no sistema orgâni-
co. Observou-se que as plantas bem nutridas com estes ele-
mentos tornam-se mais resistentes às doenças, pragas, secas e
geadas.
O primeiro teste com Fosfito de Potássio ocorreu em
1983, na Austrália, quando se descobriu que a aplicação do pro-
duto controlou Phytophtora cinamommi, fungo que ataca a raiz
do abacateiro. Na época, obteve-se um resultado amplamente
positivo. Os fosfitos são compostos originados da neutralização
do ácido fosforoso (H 3PO3) por uma base (hidróxido de sódio,
hidróxido de potássio ou hidróxido de amônia). O produto forma-
do, íons fosfitos, possui alta solubilidade e, portanto absorvido
pelas folhas, tecido lenhoso e raízes com maior rapidez se com-
parado aos íons fosfatos (derivado do Ácido Fosfórico).

A vantagem da formulação em Fosfito se deve a sua es-


trutura molecular que apresenta um átomo de oxigênio a menos
(PO 3), tornando-se mais assimilável pelas plantas através das
membranas. Além disso, possui deslocamento mais rápido den-
tro da planta.

No comércio podem ser encontrados produtos formula-


dos a partir do Ácido fosforoso (H3P03"), os quais reagem com
fonte especial de Potássio produzindo fosfito de potássio. Esses
compostos não são tóxicos para as plantas e possuem elevada
atividade fungicida. Sua ação sobre os fungos pode ser de forma
direta ou através da ativação de mecanismos de defesa da plan-
ta, como o estímulo a produção de fitoalexinas.

59
Silvio Roberto Penteado

O fosfito de potássio induz as plantas a sintetizarem teo-


res de fitoalexinas (substâncias capazes de promover a sua au-
todefesa contra fungos) . Apresenta ainda como vantagem, ser
aplicado consorciado com fungicidas específicos para as doen-
ças fúngicas, promovendo sinergismo entre os mesmos e au-
mentando o potencial do controle fitossanitário .
Atualmente, o Fosfito de Potássio é largamente uti-
lizado nas culturas de uva, abacate, abacaxi, maçã, moran-
go, pêssego, citros, cucurbitáceas melão, melancia moran-
go, tomate, cebola, berinjela, batata, pimentão, floricultura,
plantas ornamentais, cana, café, viveiros de mudas, etc.

Os fosfitos são largamente utilizados no controle do


míldio (Peronóspora) das videiras , gomoses dos citros, cancro
das maçãs, podridão dos caules dos pimentões, Phytophtora
infestans dos tomateiros e batatas, Míldio das plantas ornamen-
tais. Mais ainda, no controle de míldio e doenças causadas por
Phytophora spp. E da sarna e oídio em macieira. Observou-se
redução no desenvolvimento de lesões de Phytophthora cacto-
rum em macieiras cv. Fuji no controle da sarna da macieira
(Venturia inaequalis) , fuligem (G/oeodes pomigena) e sujeira de
mosca (Schyzothyrim pom1). Ciência Rural, v.34- n.4, jul-ago
2004.
É uma ótima fonte de fósforo e potássio para as cultu-
ras em geral, sendo importante principalmente quando o solo é
carente destes dois macronutrientes primários.

Atua no enraizamento, florescimento, frutificação e in-


terferem positivamente na qualidade de frutos. Proporciona mai-
or resistência da planta em situações adversas de clima e ata-
ques de microrganismos patogênicos. Além de corrigir as defici-
ências de Fósforo e Potássio, é também indicado como produto
preventivo. Após a aplicação, são necessárias apenas três horas
para absorção dos elementos fósforo e potássio.

A aplicação de fosfito de potássio associado ao cloreto


de cálcio 2% tem apresentado resultados satisfatórios no contro-
le de podridões de pós-colheita em maçãs Fuji frigoconservadas,
demonstrando que pode substituir os fungicidas convencionais.

60
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

O tratamento com fosfitos induz a planta a apresentar


resposta imediata ao ataque de patógenos. Trabalhos demons-
tram que há sinergismo entre o fosfito de potássio e cloreto de
cálcio. Recomenda-se utilizar Fosfito de potássio (250 mi por
100 1) + Cloreto de cálcio 2%.

Vantagens do emprego do Fosfito para as plantas

(!)Máxima solubilidade e mobilidade, atuando rapidamente na


correção da deficiência de fósforo;
C!>Totalmente absorvido entre duas e trinta e duas horas depois
da aplicação;
(!) Fortalece o tronco, folhas e raízes contra situações de estres-
se, adversidades de clima e doenças;
(!)Garante o aumento do pegamento de frutos e vagens;
(!) Proporciona uma maturação mais homogênea e precoce dos
frutos;
(!) Melhora a produtividade e a qualidade pós-colheita;
(!) Favorece o equilíbrio do balanço nutricional das plantas;
ô Assegura o bom desempenho do sistema radicular;
0 Auxilia a absorção de macro e micro elementos;
0 É sistêmico, portanto se transloca para todas as partes da
planta. Estimula o crescimento das plantas;
0 Possui formulação estável e prontamente assimilável pela
planta;
0 Reduz distúrbios fisiológicos nas plantas;
0 Tem longa ação residual.
(Fonte: ABRIL, 2006)

Opções de produtos comerciais:


O fosfito pode ser encontrado no mercado com vários
nomes comerciais, dentre os quais: Enerfos, Nutex Premium e
Unifosfito. Garantias: P20s = Total: 30% - 1<20 solúvel em água:
20% - Densidade: 1,38 g/ml.

Maiores informações sobre fosfitos comerciais poderão


ser obtidas nos sites das empresas produtoras, co-
mo:http://www.unisolo.com.br; http:/ /www.rsa.ind.br e
http://www.sipcam.com.br/

61
Sílvio Roberto Penteado

OSTRA EM PÓ

É um pó fino obtido da moagem de conchas/valvas de


ostra e/ou marisco/ calcário de conchas. Obtenção: casa de pro-
dutos agrícolas. Um mês após o pegamento, coloca-se 25 a 50
gramas de pó de ostra no "miolo" do morangueiro.
Indicações: Controle de micosferela , antracnose ("cho-
colate"), formiga lavapés, pulgões do morango. Além de contro-
lar estas pragas e doenças, a ostra em pó fornece cálcio, fun-
cionando como uma calagem localizada, com mais de 40% de
cálcio solúvel em água, e micronutrientes. É um recurso natural
renovável. Modo de ação: repelente de formigas lava pés ( So/e-
nopis saevissima) . Fonte: Abreu (1996).

ROCHAGEM

Há muitas recomendações na literatura acerca do em-


prego de pós finos em aplicação sobre caramujos, lesmas, va-
quinhas e pequenos besouros, bem como pulverizados mistura-
dos com água + sabão. Nos Estados Unidos, desde 1912 e na
Europa desde 1937, o uso de escórias de grandes fornos side-
rúrgicos obtidas após moagem tem sido a principal fonte de silí-
cio utilizada para a atividade agrícola.

As rochas moídas são comercializadas como melhora-


doras de solos. Elas são geralmente compostas por diversos si-
licatos. Destes se destacam os de magnésio, cálcio e ferro, que
se apresentam acompanhados de fósforo, potássio e enxofre,
além de vários micronutrientes, tais como: cobre, zinco, manga-
nês, cobalto etc. Alguns produtos, como o MB-4 são provenien-
tes de rochas silicatadas e possuem em sua composição quími-
ca cerca de 48% de sílica, mineral tido como primordial na agri-
cultura atual. Isto é de grande importância, pois quando a planta
está bem nutrida com sílica, ela apresenta maior resistência ao
ataque de pragas e doenças.

Essas escórias, que são usadas como fertilizantes e


como corretivos de solos, são formadas principalmente de silica-
tos de cálcio e de magnésio, contendo também outros nutrientes

62
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

como P, S, Fe, Zn , Cu, Mn, Mo, Co. Os silicatos têm comporta-


mento no solo similar ao dos carbonatos de cálcio e magnésio,
sendo capazes de elevar o pH e neutralizar o alumínio (AI) tro-
cável quando aplicados como corretivos.

O elevado número de nutrientes contidos nas rochas


moídas, quando aplicado, reage com a solução do solo liberan-
do elementos essenciais ao desenvolvimento da vida microbiana
do solo. Eleva e diversifica a população desses seres invisíveis
aos nossos olhos , que exercem um papel fundamental através
de transformações químicas e equilíbrio biológico, e que promo-
ve o desenvolvimento sadio e equilibrado das plantas.
Já é possível encontrar produtos comerciais, pós finos
de rochas minerais, á venda no mercado. Ê recomendado uso
da quantidade de 600 a 2.000 quilos por hectare em cultives a-
nuais, seguidos de biofertilizantes orgânicos, aplicados sobre a
cobertura vegetal, sobre todo o terreno. Em plantas perenes a-
plica-se de 2 a 4 kg/pi, dependendo do seu porte. Em hortaliças,
a recomendação é de colocar 200 gramas por metro quadrado
de canteiro ou 100 a 500 gramas por planta, dependendo do seu
porte.

SILÍCIO = SÍLICA

O silício ocorre na Natureza combinado com o oxigênio,


na forma de dióxido de silício (sílica), e com oxigênio e diversos
metais na forma de silicatos. Esta substância nunca é encontra-
da isolada. No seu conjunto, os silicatos e a sílica, representam
60 % da crosta terrestre.
O tetraedro Si04 é a unidade estrutural primária de todas
estas substâncias. Na verdade, os silicatos constituem um grupo
de compostos muito extensos, existindo silicatos minerais de
quase todos os 42 metais e não metais para além das terras ra-
ras.
O dióxido de silício, vulgarmente chamado sílica , é um
dos mais importantes compostos de silício que ocorre na nature-
za, surgindo em três formas cristalinas distintas: quartzo, tridimi-
te e cristobalite. Estas duas últimas formas encontram-se ape-
nas em rochas vulcânicas e não têm aplicações industriais.

63
Silvio Roberto Penteado

O quartzo é muito comum e ocorre no granito, na areia e


em arenitos. Encontra-se sílica em quase todos os organismos
vivos. É possível que o silício tenha desempenhado um papel
importante, ou mesmo indispensável no aparecimento da vida
da Terra. O padrão de deposição de sílica nas plantas é biologi-
camente específico e possível identificar por exame microscópi-
co. Por vezes a presença de sílica parece indiciar uma maior re-
sistência da planta contra diversas doenças ou insetos. As fo-
lhas das urtigas, por exemplo, estão revestidas de milhares de
microcristais de silício.

Em solos orgânicos (histossolos) a adubação com


silicatados mostra-se bastante efetiva no controle de doen-
ças foliares em arroz, principalmente a brusone na ordem
de 17% a 31% de redução e a mancha parda com redução
estimada entre 15% a 32% quando comparadas com a tes-
temunha.

Ultimamente o silício tem sido amplamente estudado e


sua ação comprovada como nutriente importante no aumento da
resistência das plantas, barreira física para infecção e redução
da incidência de doenças, pela redução do tamanho da lesão.
Nas folhas do vegetal, forma-se uma camada dupla de sílica a-
baixo da cutícula nas células epidérmicas. Essa camada de síli-
ca limita a perda d'água pelas folhas e dificulta a penetração e o
desenvolvimento de hifas de fungos. Outros benefícios da adu-
bação silicatada são a interação da sílica com fósforo e micronu-
trientes adsorvidos pelas argilas, aumentando assim a disponibi-
lidade dos elementos às plantas; menor perda d'água pelas fo-
lhas através da transpiração, em razão da camada formada sob
a cutícula foliar e Incremento da produtividade de culturas, prin-
cipalmente gramíneas.

Culturas importantes no contexto nacional como as gra-


míneas (arroz, cana-de-açúcar, milho, trigo, sorgo, aveia, milhe-
to e forrageiras) e muitas não gramíneas como alface, batata,
soja, feijão, tomate e as brássicas, podem se beneficiar com a
fertilização silicatada, já que uma boa parte dos nossos solos
possui baixos níveis de silício disponível para as plantas, o qual
se encontra na forma de ácido silícico na solução do solo.

64
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Há informações que estimam que cerca de 60% dos


produtores de pepino e 30% dos produtores de rosa da Europa
usam regularmente silício nessas culturas para o controle de oí-
dio.

Formas de aplicação: Há várias formulações de sílicas


no mercado (silicatos) , que poderão ser empregadas pelos agri-
cultores. Os silicatos de cálcio e de magnésio provenientes da
indústria siderúrgica , aprovados para uso agrícola, possuem ní-
veis variáveis de silício, cálcio e magnésio. O preparado 501 do
Instituto Biodinâmico contém sílica na base de 4,0 g de quartzo
finamente moído (menor de 0,2 mm), diluído em 60 litros de á-
gua/ha.

As gramíneas como brachiária e colonião, são fontes


naturais de silício, sendo que a presença de micorrizas e
nódulos. Compostos à base de cavalinha com camomila
(dois vegetais) podem ser preparados e utilizados preventi-
vamente, principalmente em cultivos de solanáceas, como
tomate, jiló e batata-inglesa, que costumam ser acometidos
por várias doenças.

A cavalinha é rica em sílica, que induz o reforço do me-


canismo de defesa da planta pelo aumento da imunidade. Nesse
caso, as pulverizações devem ser feitas a cada 15 ou 30 dias.
Esse composto é utilizado como fortificante e ajuda a controlar
doenças foliares, como a requeima do tomateiro. Ingredientes:
300 gramas de cavalinha (Equisitum sp.) seca; 100 gramas de
flores de camomila; 11 litros de água.

Modo de preparo e aplicação


Para preparar o extrato, colocar as flores de camomila
de molho em um litro de água por dois dias. Ferver a cavalinha
nos 1O litros de água durante 20 minutos. Deixar amornar com a
vasilha tapada. Colocar a água de camomila preparada dois dias
antes no chá de cavalinha.
Na aplicação, para cada 20 litros de água, usar 1 litro de
preparado e pulverizar as plantas. Outra forma de usar a camo-
mila é deixá-la de molho em água por dois dias, misturar e pul-
verizar sobre as plantas.

65
Silvio Roberto Penteado

Não pulverizar as caldas nas horas mais quentes do dia,


mas preferir aplicar no início da manhã ou o final da tarde. As
condições ambientais podem provocar perdas de 30% a 50%
dos produtos pulverizados.

Divisão das áreas da propriedade para fins


de análise do solo

Área adubada ~~R~~


Terreno cultivad
'
/ "...
r
i

. . ''
'
'
,. .. :-- '

'

Area não adubada


·Pastagem
Meia encosta
Terreno levemente
inclinado
Cultura
permanente

A amostra subsuperficial do solo, dever ser retirado na profundi-


dade de 20 a 40 cm. Cada ponto é coletado ao acaso cami-
nhando-se em zigue-zague. As ferramentas mais usadas são:
enxadão, cavadeira, trado holandês, trado de rosca e sonda.

66
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 10

DETERMINAÇÃO DA ADUBAÇÃO
NO SISTEMA ECOLÓGICO/ORGÂNICO

O sistema orgânico propõe uma nutrição equilibrada das


plantas, requerendo para isso um conhecimento do solo, ambi-
ente e exigências nutricionais das culturas. Para uma adubação
adequada, os seguintes fatores são fundamentais e recomenda-
dos:

■ Análise do solo: Meio importante para a determinação


dos teores de cálcio, magnésio e potássio no solo e sua corre-
ção. Ela deve ser realizada anualmente para áreas de cultivo
intensivo e cada dois anos para culturas perenes.

■ Análise foliar: É uma ferramenta muito eficiente na cor-


reção da nutrição, principalmente no acompanhamento dos teo-
res de macro e micronutrientes, para cultivos perenes e semipe-
renes. Deve ser realizada anualmente ou periodicamente para
evitar desequilíbrios nutricionais.

■ Conversão dos nutrientes no solo: Cada nutriente tem


um tempo de demora para a mineralização, isto é, de tornar-se
disponível para as plantas no solo. Isto é importante, principal-
mente para os adubos orgânicos e minerais de rochas moídas,
que são mais lentos que os adubos solúveis. É importante
considerar os teores e quantidades empregadas, por período no
cálculo de adubação. Há inúmeras tabelas que dão essa infor-
mação.

■ Residual do ano anterior: Empregando adubos de lenta


liberação de nutrientes, devemos considerar no cálculo da adu-

67
Silvio Roberto Penteado

bação atual os resíduos da adubação anterior, que já estão dis-


poníveis no solo, para evitar excessos, que desequilibram as
plantas.

• Perdas de nutrientes em cada fonte: Devemos levar


em conta ao fazer a aplicação de adubos orgânicos, a perda que
cada tipo pode sofrer em relação às chuvas, como exemplo, o
esterco de suínos pode tem perdas acima de 30%. Os adubos
compostados têm menor perda de nutrientes pelas chuvas, em
relação aos adubos solúveis, porém sua concentração em nutri-
entes é bastante baixa.

• Características dos adubos orgamcos (umidade e


C/N): No cálculo de adubação, levar em conta as características
do material, como o teor de umidade, pois os teores de nutrien-
tes de cada adubo orgânico estão baseados na quantidade de
matéria seca. Os estercos animais possuem de 30 a 70% de u-
midade, enquanto um composto orgânico em torno de 40%. Os
valores de C/N influenciam na disponibilidade dos nutrientes,
assim valores abaixo de 25 (C/N < 25/1) são liberados no mes-
mo ciclo, enquanto aqueles com valores acima de 30 (C/N > 30)
terão parte liberados somente no próximo ciclo.

• Exigências das plantas, quanto aos nutrientes: Cada


espécie vegetal, por sua origem tem exigências nutricionais (reti-
ram do solo quantidades distintas de nutrientes) e condições de
solo (saturação em base, pH, teores de enxofre, etc.), que de-
vem ser levados em conta na adubação.

■ Período de maior demanda de cada nutriente: Há pe-


ríodos que eles estão menos disponíveis no solo, como exem-
plo, o nitrogênio e o potássio no período seco ou de estiagem.
Uma parte do nitrogênio/potássio e o total de fósforo são sempre
aplicados no plantio, para favorecer uma boa germinação e for-
mação do sistema radicular. Outra parte do nitrogênio/potássio
deverá ser aplicada em cobertura, na fase de crescimento das
plantas, para favorecer a fase final de frutificação e produção.

■ Condições do solo: De uma forma geral, poderão ser


consideradas três condições básicas que os solos podem apre-

68
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

sentar, influenciando no requerimento de nutrientes , principal-


mente nitrogênio e potássio. Outras condições a serem conside-
radas: A idade ou a fase de crescimento das plantas; a produti-
vidade esperada ou a carga pendente de frutos.

PARÂMETROS FAVORÁVEIS

A análise de solo deve ser a ferramenta utilizada para veri-


ficar os teores dos nutrientes do solo, para que se possa fazer
sua complementação, sem o qual a nutrição das plantas será
deficiente. O pH do solo, os teores de cálcio e magnésio e suas
relações, assim como a matéria orgânica, são parâmetros tidos
bases para a recomendação de calagem e adubação segundo o
modelo agroecológico (CLARO, 2001). Dessa forma, para o sis-
tema de produção agroecológica, são consideradas as seguintes
relações e condições adequadas do solo:

a) pH: Em relação ao pH obtido na análise dos solos, o pH


em água em torno de 6,0 e de preferência na faixa de 6,0 a 6,5.
Teores mais elevados podem tornar indisponíveis muitos micro-
nutrientes para as plantas. O pH em cloreto de cálcio na faixa de
6,0. A determinação analítica do pH em CaCl2 é mais precisa
que o pH em água, em diversos casos.

A faixa de pH em torno de 6,0 a 6,5 permite a máxima


disponibilidade de nutrientes pelas raízes, melhores condi-
ções para o desenvolvimento e atividades dos micro-
organismos úteis e aumento da resistência das plantas con-
tra pragas e doenças. É conhecido o fato que o pH alto (a-
cima de 7,0) diminui a disponibilidade de muitos micronutri-
entes, como o zinco, ferro, boro e manganês.

b) Cálcio: o teor de cálcio deve estar entre 4 e 1O cmolcfl ,


e a saturação em bases deste elemento na Capacidade de Tro-
ca Catiônica (CTC), deve ser de 55 a 65%. O cálcio na análise
do solo deve estar entre 15 a 40 mmol c/dm 3 , dependendo do
tipo de solo (argiloso ou arenoso) e da exigência da cultura por
este nutriente. Na saturação de bases da CTC, o teor de cálcio
deve ser igual ou maior que 65 por cento.

69
Silvio Roberto Penteado

e) Magnésio: o teor de magnésio deve oscilar entre 1,2 e


1,8 cmolc/I, e a saturação de Mg na CTC ser de 1O a 15%. Na
CTC : deve ser superior a 1 O cmolcfl e, preferencialmente, acima
de 15 cmolc/I ; O magnésio na análise de solo deve ser igual ou
maior que 9 mmol c/dm 3 •

Caso seja menor, o solo precisa de correção de magnésio,


que pode ser feita através do calcário dolomítico ou outras fon-
tes mais ricas de magnésio. Esta adição deve ser adequada,
uma vez que na saturação de bases da CTC, o magnésio não
deve ter teor elevado que afete o equilíbrio com o cálcio.

e) Relações entre os nutrientes: É de fundamental impor-


tância manter relações equilibradas entre cálcio , magnésio e po-
tássio, não somente para obter boa produtividade, como maior
resistência da planta e dos frutos.

São consideradas pelos especialistas em agroecologi-


a, adequadas as relações: 3 a 4 partes de cálcio para 1 parte
de magnésio (Ca/Mg= 3-4:1 ); 9 a 12 partes de cálcio para 1
parte de potássio (Ca/K= 9-12:1) e 3 partes de magnésio pa-
ra 1 parte de potássio (Mg/K= 3:1 ).
Dessa forma, as relações entre os elementos minerais no
solo devem situar-se preferencialmente nos seguintes níveis:

Cálcio/Magnésio (Ca/Mn) = 1/3-4; Cálcio/Potássio (Ca/K)


= 1/9-12; e Magnésio/Potássio (Mg/K) =1/3-4

f) Matéria orgânica: o teor de matéria orgânica deve ser


superior a 3%, devendo estar, preferencialmente, entre 3 e 5%.
Além de reter os nutrientes, a matéria orgânica mantém a micro-
vida do solo, pois a presença de microrganismos é fundamental
para o processo nutricional das plantas, como a mineralização
de muitos elementos que estão em fase inaproveitável pelas
plantas.

g) Macro e micronutrientes: Consideram-se também os


níveis de macro e micronutrientes no solo. Assim o teor de fósfo-
ro (P) deve ser de 12-87 mg/I, o potássio (K) de 80-125 mg/1, o

70
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

enxofre (S) de 15-100 mg/1, o boro (8) de 1 a 4 mg/I, o zinco (Zn)


de 5-15 mg/I , o manganês (Mn) de 2-20 mg/I , o cobre (Cu) de
0,5-3 mg/I e o molibdênio (Mo) de 0,01-0, 1 mg/1.

Tabela 6: Proporção, teores e relações entre nutrientes do solo


para a agricultura orgânica (Abreu Jr,2003).

NUTRIENTES NÍVEIS ADE- OBSERVAÇÃO


QUADOS NO
SOLO

Matéria Orgâ- Superior a 3%, Abaixo de 2,5 % os microrga-


nica nismos do solo não encon-
Favorável de 3 tram alimento para sua sobre-
a 5%. vida.

% Capacidade -Cálcio: 55 a A matéria orgânica no solo,


de Troca Ca- 65% favorece a troca catiônica. A-
tiônica (CTC) -Magnésio: 12 lém disso, poderemos ativar a
a15% vida e as raízes, com maior
-Potássio: 3 a disponibilidade dos nutrientes
5% para as plantas.
-Hidrogênio:
menos de 5%

pH ideal 5,5 a 5,9 O pH elevado torna indisponí-


veis os micronutrientes. O pH
ideal está em torno de 6,0

71
Silvio Roberto Penteado

Tabela 6: Proporção, teores e relações entre nutrientes do solo

NIVEIS ADEQUA-
NUTRIENTES DOS OBSERVAÇÃO
NO SOLO

Relações Cálcio/Magnésio: 1/3 O cálcio na agricultura


a 1/5 orgânica tem maior
Cálcio/Potássio 1/9- importância como nu-
12 triente.
Magnésio/Potássio:
1/3-4

Solos leves: 3,5%


Potássio Solos médios 3,0%
Solos pesados 3,0%

Fósforo Mínimo 25 ppm, com Relação fósforo dis-


3% M.O. ponível/fixado: ½
Ideal: 50 ppm solúvel

Relação S: ideal 1
Enxofre 25 ppm parte para 9-1 O partes
de nitrogênio no solo.
Zinco (Zn): 5 ppm Os micronutrientes
molibdênio, cobalto,
Manganês (Mn): 20 silício, selênio, cloro:
Micronutrien- ppm podem ser fornecidos
tes ao solo através de
Ferro (Fe): 20 ppm pós de rochas mag-
máticas.
Cobre (Cu) 2 ppm
Devem ser fornecidos
Boro (B): 2 ppm em doses homeopáti-
cas ao solo.
Molibdênio (Mo):0, 1
ppm
(Fonte: Abreu Jr,2003).

72
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 11

ANALISE DO SOLO E FOLIAR

AMOSTRAGEM DE SOLO

A propriedade pode ser dividida em glebas. O tamanho


das glebas depende da topografia e demais critérios. Para iden-
tificar porções homogêneas. Recomenda-se que não exceda 20
hectares. O objetivo da amostra é representar a gleba. As gle-
bas devem apresentar a mesma topografia, cor de terra, cultura,
idade da cultura, manejo etc.

A amostra superficial da gleba representa .a terra da


profundidade O a 20 cm, retirada em 15 a 20 pontos diferen-
tes, contribuindo cada um com o mesmo volume de materi-
al. Da mesma maneira, a amostra subsuperficial, na profun-
didade de 20 a 40 cm. Cada ponto é coletado ao acaso ca-
minhando-se em zigue-zague. As ferramentas mais usadas
são: enxadão, cavadeira, trado holandês, trado de rosca e
sonda.

Em caso do emprego de enxadão e cavadeira, cada pon-


to deve ser coletado da seguinte maneira: Limpar levemente a
superfície (mato e detritos). Cavar até 20 cm de profundidade.
Retirar uma fatia de cima até o fundo, com mais ou menos de 3
cm de espessura, numa das paredes do buraco.
Colocar a fatia num saco plástico ou num balde plástico
limpo. Seguir para o próximo ponto. No final, misturar bem a ter-
ra coletada, evitando o contado direto com as mãos, retirar uma
porção de 300 a 500 mi e colocar na embalagem apropriada.

73
Sílvio Roberto Penteado

As sub amostras, após homogeneização, comporão as


amostras representativas das áreas. Evitar coleta de partículas
de fertilizantes com as amostras e utilização de materiais ferra-
mentas contaminadas. Identificar a amostra e enviar para o labo-
ratório.
Em culturas perenes já implantadas, agrupar as áreas
com características idênticas, em relação à combinação copa e
porta-enxerto, idade e produtividade dentro das áreas homogê-
neas.
Retirar o mesmo número de sub amostras nas mesmas
profundidades, abrangendo toda a faixa adubada, sendo 50% na
projeção da copa e 50% numa distância de 1/3 além do raio da
copa , até o sétimo ano, a partir de quando se amostrará na en-
trelinha, garantindo-se um intervalo mínimo de 60 dias após a
última adubação.

PONTOS DE COLETA DE TERRA PARA ANÁLISE DE SOLO

Numa área comum, fazer a coleta de uma lâmina de terra de 5 cm


de espessura: na profundidade de 20 cm. Se for plantar plantas
perenes retirar 2 amostras de cada ponto 0-20 e 20 a 40 cm.

(Adaptado Cenafor, 1975)

74
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

COMO FAZER A COLETA DA AMOSTRA DE SOLO

Corte reto com


a ferramenta

~ ~ ---!!i---:<r::tRetirar
uma fatia
~ --...-i!'l'"com5cm
,.,....._.~ espessura

AMOSTRAGEM FOLIAR

Tem o objetivo de corrigir deficiências, e pode ainda ser


preventiva no caso de saber a deficiência de um elemento no
solo A adubação foliar não substitui a adubação de solo, pela
impossibilidade de em poucas pulverizações fornecerem gran-
des quantidades de nutrientes minerais às plantas. Ainda não se
conseguiu máximo índice de quelatização dos produtos em suas
fabricações.
A adubação foliar é muito indicada em solos com altas
concentrações de manganês, quando o ferro encontra-se em
baixa disponibilidade e também para a correção da deficiência
de zinco em várias culturas, como a de citros ou café. É uma
das formas mais eficientes de correção de ferro em solos alcali-
nos. Em solos argilosos, com deficiência de zinco, caso da cultu-

75
Sílvio Roberto Penteado

ra do café, poderá ser feitas pulverizações preventivas com sul-


fato de zinco.

Para a adequada amostragem de folhas de hortaliças e


culturas anuais, existem três critérios básicos, que devem ser
respeitados: o tipo de folha; época certa (ciclo da planta ou do
ano) e o número adequado de folhas coletadas (20 a 60 folhas
por hectare); Assim , cada cultura apresenta um critério de amos-
tragem específico, que poderá ser feito segundo as indicações
de Malavolta et ai. (1997).

Coletar as folhas para compor a amostra composta em


glebas uniformes em termos de solo, topografia, tempo de culti-
vo e cultura anterior e/ou tratos culturais anteriores (calagem,
adubação etc.).

No caso de culturas perenes já implantadas, devem ser


utilizados os mesmos critérios empregados para a amostragem
de solo, ou seja, plantas homogêneas quanto ao porta-enxerto,
variedade, solo e condução, fazer a amostragem das folhas.

Coletar folhas no mínimo um mês após adubação; em


ramos com frutos de 2 a 4 cm de diâmetro, gerado na primavera,
com aproximadamente 6-7 meses de idade, retirando as folhas 3
ou 4 a partir do fruto; número mínimo de 100 folhas por talhão
ou área ou seja 1% do pomar, ou 4 folhas / planta em 25 plan-
tas/talhão ou área; observar a altura de coleta, em torno de 1,00
a 2,00 m considerando-se os quatro pontos cardeais ou ao redor
da planta.
Não misturar ramos sem e com frutos; evitar folhas dani-
ficadas e não misturar aquelas sem e com sintomas de deficiên-
cias.

Colocar as amostras em sacos de papel (de preferência)


identificando-as corretamente e enviar ao laboratório até o má-
ximo de dois dias, senão guardar em geladeira até envio; ou a-
pós dois dias, secar à sombra, enviando posteriormente.

76
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 7: O QUE PODE SER ANALISADO NUM


LABORATÓRIO

Material ~nálise
Parâmetros
pH, Matéria Orgânica, P,
Química sim-
pies (QS) K, Ca, Mg, AI, H, CTC
eV%
Química com-
QS + Fe, Mn, Cu, Zn, 8 ,
pleta
Enxofre e Sódio
(QS + M)
Areia Grossa, Areia Fi-
na, Limo (silte), Argila,
Física (granu-
Cascalho,
lometria)
Terra Densidade aparente,
Densidade real.
Condutividade Elétrica
(CE), Umidade de Satu-
ração (US),
Capacidade de Campo
Física (especi-
(CC),
ais)
Ponto de Murcha Per-
manente (PMP)

Interpretação da acidez, necessidade de


calcário, recomendação de adubação e
Parecer Técnico
sugestão prática

N, P, K, Ca, Mg, S, Na,


Macro e Micro-
Fe, Mn, Cu, Zn, 8 e rela-
nutrientes
Folhas ções
Cloro CI
Molibdênio Mo
CaO, MgO, PN, PRNT,
Calcário Completa Si02

77
Sílvio Roberto Penteado

PARÂMETROS PARA A INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE


DE SOLO

Tabela 8: ACIDEZ DO SOLO


CRITERIOS PARA INTERPRE- DE ANALISES DE TER-
TAÇÃO RA
pH água pH CaCli
< 5,0 Fortemente < 4,4 Acidez
ácido muito alta
5,0 - 5,4 Acido 4,5 - 5,0 Acidez alta
5,5 - 5,9 Medianamente 5, 1 - 5,5 Acidez
ácido média
6,0 - 6,9 Fracamente 5,6 - 6,0 Acidez bai-
ácido xa
7,0 Neutro 6,0 Acidez
muito bai-
xa
> 7,0 Alcalino

Tabela 9: TEOR DE NUTRIENTES


Parâmetro Unidade Classificação

Baixo Médio Alto


Matéria orgâni- % <2,2 2,2 - >2,6
ca(M.O.) 2,6

Fósforo (P) * ppm <16,0 16,0 - >41,0


41,0
Potássio ( K) mEq <0,16 0,16 - >0,30
/100 cm 3 0,30
Cálcio (Ca) mEq <3,0 3,0 - > 5,0
/100 cm 3 5,0
Magnésio (Mg) mEq <0,5 0,5 - >0,8
/100 cm 3 0,8
..
Fonte. Laboratono Lagro- Campinas.SP

78
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 9: TEOR DE NUTRIENTES


Parâme- Unidade Classificação
tro
Baixo Médio Alto

Enxofre (S) ppm <11 ,0 11 O - > 15,0


'
15,0
Ferro (Fe) * ppm <30,0 30 O - > 200
'
200,0
Manganês ppm <11 ,0 11 O - >130,0
(Mn)* '
130,0
Cobre ppm <1,6 1,6 - >20,0
(Cu)* 20,0
Zinco (Zn)* ppm <4,0 4 O- >40,0
'
40,0
Boro (B) ppm <0,5 0,5-1 ,0 >1,0
C.T.C. ** mEq <8,1 81- >15,0
/100 cm 3 '
15,0
Saturação % <51,0 51 ,0 - > 70,0
por bases 70,0
(V%)
*Extraído pelo método de Mehlich; ** Capacidade de Troca Catiônica

Tabela 1O: COMPLEXO ADSORVENTE


PARA- DESE- TENDENDO EM EQUI- ACIMA DO
METRO QUILI- AO EQUILÍ- LÍBRIO EQUILÍ-
BRADO BRIO BRIO
K% <3 3,0 A 4,4 4,5 A 5,4 > 5,4
Ca% < 40 40,0 A 59,9 60,0 A >65
65,0
Mg% < 7,5 7,5 A 9,9 10,0 A >15
15,0
H% < 15 15,0A19,0 20,0 A > 25
25,0
AI% < 10,0 - > 10
PST < 13,4 > 13,4

PST = Porcentagem de Sódio Trocável-

79
Sílvio Roberto Penteado

Tabela 11 : TEORES IDEAIS NA ANÁLISE FOLIAR


CULTURA N% P¾ K¾ Ca% Mg¾ S%
Arroz 2,7-3.5 0,18-0,30 0,13-0,3 0,25-1,0 o,15-0,5 0,14-0,3
MIiho 2,7-3,5 0,2-0,40 1,7-3,5 0,25-0,8 0,15-0,5 0,15-0,3
Café 2,6-3,2 0,12-0,20 1,8-2,5 1.0-1,5 0,3-0,5 0,15-0,2
Algodão 3,3-4,3 0,25-0,40 1,5-2,5 2,0-3,5 0,3-0,8 0,4-0,8
Abacaxi 1,5-1,7 0,08-0,12 2,2-3,0 0,8-1,2 0,3-0,4 -
Banana 2,7-3,6 o,18-0,27 3,5-5,4 0,2-1 ,2 0,3-0,6 0,25-0,8
Citros 2,3-2,7 0,12-0,16 1,0-1 ,5 3,5-4,5 0,25-0,40 0,2-0,30
Manga 1,2-1 ,4 0,08-0,16 0,5-1 ,0 2,0-3,5 0,25-0,50 0,2-0,30
Uva 3,0-3,5 0,24-0,29 1,5-2,0 1,3-1,8 0,48-0,53 0,33-,38
Alface 3,0-5,0 0,4-0,7 5,0-8,0 1,5-2,5 0,4-0,50 0,15-,25
Cenoura 2,0-3,0 0,2-0,4 4,0-6,0 2,5-3,5 0,40-0,70 0,4-0,8
Melão 2,5-5,0 0,3-0,7 2,5-4,0 2,5-5,0 0,5-1,2 0,2-0,3
Morango 1,5-2,5 0,2-0,4 2,0-4,0 1,0-2,5 0,5-1,0 0,1-0,5
Pimentão 3,0-6,0 0,3-0,7 4,0-6,0 1,0-3,5 0.3-1,2 -
Tomate 4,0-6,0 0,4-0,8 3,0-5,0 1,4-4,0 0,4-0,8 0,3-1,0
Feijão 3,0-5,0 0,25-4,0 2,0-2,4 1,0-2,5 0,25-0,50 0,20-0,3
Girassol 3,0-5,0 0,3-0,50 3,0-4,5 0,22-0,8 0,30-0,80 0,15-0,2
Soja 4,0-5,4 0,25-0,50 1,7-2,5 0,4-2,0 0,30-1,00 0,21-0,4
Crisântemo 4,0-6,0 0,25-1,0 4,0-6,0 1,0-2,0 0,25-1 ,0 0,25-0,7
Gladiolo 3,0-5,0 0,25-1,0 2,5-4,0 0,5-4,5 0,15-0,3 -
Rosa 3,0-5,0 0,25-6,0 1,5-3,0 1,0-2,0 0,25-0,50 0,2-0,70
Batata 4,0-5,0 0,25-0,50 4,0-6,5 1,0-2,0 0,30-0,50 0,25-0,5
Mandioca 4,5-6,0 0,20-0,50 1,0-2,0 0,5-1,5 0,20-0,50 0,3-0,40
Cana de açúcar 1,8-2,5 0,15-0,30 1,0-1,6 0,2-0,8 0,10-0,30 0,1 5-0,3
Napier 1,5-2,5 0,1-0,30 1,5-3,0 0,3-0,8 0,15-0,50 0,1-0,30
Coast-cross 1,5-2,5 0,15-0,30 1,5-3,0 0,30-0,8 0,2-0,4 0,1-0,3
Tifton 2,0-,16 0,15-0,30 1,5-3,0 0,3-0,8 0,1500,40 0,1-0,25 ••
Decumbens 1,2-2,0 0,1-0,3 1,2-2,5 0,2-0,6 0,15-0,40 0,1-0,25 .'
Alfafa 3,5-5,6 0,25-0,50 2,0-3,5 1,0-2,5 0,3-0,8 0,2-0,4
Eucalipto 1,3-1,8 0,090,13 0,9-1,3 0,6-1,0 0,35-0,50 0,15-0,2
(Fonte: Laboratório Lagro - Campmas.SP)

80
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 11: TEORES CONSIDERADOS IDEAIS NA ANÁLISE


FOLIAR

CULTURA 8% Cu% Fe¾ Mn¾ Mo% Zn¾


Arroz 4-25 3-25 70-200 70-400 0,1-0,3 10-50
Milho 10-25 6-20 30-250 20-200 0,1-0,2 15-100
Café 50-80 10-20 50-200 50-200 o,1-0,2 10-20
Algodão 30-50 5-25 40-250 25-300 - 25-200
Abacaxi 20-40 5-10 100-
200
50-200 -- 5-15

Banana 10-25 6-30 80-360 200- - 20-50


2000
Citros 36-100 4-10 50-120 35-300 0,1-1,0 25-100
Manga 50-100 10-50 50-200 50-100 - 20-40
Uva 45-63 18-22 97-105 67-73 - 30-35
Alface 30-60 7-20 50-150 30-150 0,8-1,4 30-100
Cenoura 30-80 5-15 60-300 60-200 0,5-15 25-100
Melão 30-80 10-15 50-300 50-250 - 20-100
Morango 35-100 5-20 50-300 30-300 0,5-1,0 20-50
Pimentão 30-100 8-20 50-300 30-250 - 30-100
Tomate 30-100 5-15 100- 50-250 0,4-0,80 30-100
300
Feijão 115-26 4-20 40-140 15-100 0,5-1,5 18-50
Girassol 35-100 25-100 80-120 10-20 - 30-8-
Soja 21-55 10-30 50-350 20-100 1,0-5,0 20-50
Crisântemo 25-75 6-30 50-250 20-250 - 50-250
Gladíolo 25-100 8-20 50-200 50-200 - 20-200
Rosa 30-60 7-25 60-200 30-200 - 18-100
Batata 25-50 7-20 50-100 30-250 - 20-60
Mandioca 15-20 5-25 60-200 25-100 0,1-0, 18 35-100
Cana de 10-30 6-15 40-250 25-250 0,05-0,2 10-50
açúcar
Napier 10-30 4-17 50-200 40-200 - 20-50
Coast-
cross
10-25 4-14 50-200 40-200 - 30-50

Tifton 5-30 4-20 50-200 20-300 - 15-70


Decumbens 10-25 4-12 50-250 40-250 - 20-50
Alfafa 30-60 8-20 40-250 40-100 - 30-50
(FONTE: http://www.lagro.com.br)

81
I

Sílvio Roberto Penteado

TIRE SUAS DÚVIDAS

O composto orgânico aplicado no solo diminui a insolubili-


zação dos fosfatos dos fertilizantes minerais, que estão fi-
xados, em solos ricos em óxidos de ferro e alumínio?

Sim, o composto reduz a chamada fixação dos fosfatos solúveis


quando são aplicados como adubo e que em solos contendo al-
tos teores de óxidos de ferro e alumínio se tornam insolúveis,
não assimiláveis pelas raízes das plantas.

Essa é uma das razões, pelas quais se admite que o fósforo das
adubações fosfatadas é aproveitado pelas plantas no primeiro
ano, apenas de 20 a 30%, em média, do total aplicado. Mistu-
rando o superfosfato de cálcio , como a rocha fosfatada natural
moíde, com o composto orgâanico, antes de aplicá-lo em terras
ricas em sesquióxidos de ferro e alumínio, estar-se-á evitando a
insolubilização do fósforo.

E recomendável usar o composto misturado junto com os


adubos minerais?

Sim. A associação composto com fertilizantes minerais é vanta-


josa, pois o adubo orgânico pode reter certos nutrientes do ferti-
lizante mineral contra a lavagem pelas águas das chuvas que
atravessam o perfil do solo.
Essa retenção é realizada nos solos pela argila e pela matéria
orgânica. Em média, nos solos do Estado de São Paulo, ficou
demonstrado que a matéria orgânica c responsável por 50 a
70%0 dessa retenção.
Em solos arenosos, como de certos cerrados, pobres em argila,
a retenção dos nutrientes fica a cargo quase que só da matéria
orgânica existente ou a eles adicionada.

Outra razão de se combinar as adubações organicas com os


minerais é pelo fato do húmus, segundo experimentos, aumentar
a absorção do fósforo e do potássio pelas raízes das plantas.

82
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 12

AVALIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO
DA ANÁLISE DO SOLO

A agricultura ecológica e a orgânica trabalham com a re-


lação solo/planta/ambiente, sendo também uma agricultura ho-
lística, isto é, procura ter a visão do todo. Por esta razão, o pri-
meiro passo, a tomar na avaliação e interpretação da análise de
solo é conhecer sua Saturação em Bases e o Equilíbrio de Ba-
ses. Esse procedimento é feito através dos dados de Saturação
em Bases (V%) e a Capacidade de Troca Catiônica (CTC). Des-
sa forma, para um adequado cálculo e determinação dos nutri-
entes para os solos, é necessário que haja o conhecimento des-
ses conceitos fundamentais, que vão explicar o que está ocor-
rendo com os solos, pois não é somente importante a quantida-
des de nutrientes a aplicar, mas proporcionar a relação adequa-
da entre eles.

SATURAÇÃO EM BASES (V%)


É conhecido que um solo favorável para o cultivo agríco-
la é aquele em que tem uma Saturação em Bases adequada pa-
ra cada espécie de planta. A Saturação em Bases é representa-
da por V% na análise de solo, que corresponde a soma dos va-
lores das bases SB = Ca2+ + M92+ + K+ + (Na+). As exigências
dos valores de V% são variáveis entre as culturas, constituindo
condição natural e necessária, para que as plantas cresçam e
produzam bem.
Quando a saturação em bases está baixa é requerida a
correção do solo pela calagem. A razão é porque o hidrogênio e
o alumínio estarão livres e não neutralizados, e se estiverem
com níveis elevados, poderá haver uma condição de toxicidade
do alumínio (AI) e acidez (H+) para as plantas, afetando o cres-
cimento e a produtividade.

83
Sílvio Roberto Penteado

O emprego de calcários ricos em cálcio e magnésio é a


forma tradicionalmente recomendada para elevar a saturação
em bases (V%). Quando feita de forma adequada, esta correção
permite aumentar a capacidade de troca de cátions do solo, de
acordo com as exigências de cada cultura.
A saturação em bases deverá estar na faixa em torno de
55 a 70%. Esta variação vai depender da exigência da cultura e
do teor de matéria orgânica presente no solo. Os níveis de satu-
ração para o cultivo orgânico devem ser os mesmos recomen-
dados para o sistema convencional em cada região. Apesar da
recomendação de Saturação em Bases ao nível de 70%, no cul-
tivo orgânico como no sistema de plantio direto, aparentemente
o efeito tóxico do alumínio para as plantas é menos acentuado
do que no sistema convencional, não sendo por isso necessário
V% elevado como no sistema convencional.

Vários estudos, como de Sá (1995) mostram elevada pro-


dutividade para o milho e soja no plantio direto, em solos com
saturação de bases muito baixos, como de 40 por cento. Isto pa-
rece indicar que em sistemas orgânicos o efeito tóxico do alumí-
nio é menos acentuado do que no sistema convencional, porque
ocorre introdução de grande quantidade de matéria orgânica no
sistema.

Os efeitos da matéria orgarnca poderão ser a razão de


permitir obter elevada produtividade em solos com porcentagens
de saturação menores que o sistema convencional. Como e-
xemplo, a cultura do algodão, se desenvolve bem em solos com
Saturação em Bases (V%) de 60 a 70%, porém quando plantada
num terreno com V% menor que 60% (mais pobre em bases),
tem inferior comportamento, Neste caso, haverá necessidade do
solo ser corrigido com calcário (fonte de Ca e Mg), para elevar e
melhorar sua saturação em bases.

Este cálculo para determinação das dosagens é baseado


no teor (%) de cálcio e magnésio na CTC, que é informado na
análise do solo. No entanto, outras culturas, como o abacaxi ou
o arroz comportam-se melhor em solos com saturação em bases
(V%) em torno de 50%, devendo ser manejadas de acordo com
suas melhores condições.

84
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA (CTC)

Um conceito muito importante é a Capacidade de Troca


Catiônica (CTC) de um solo. Para simplificar esse conceito, po-
deremos dizer que a Capacidade de troca de cátions (CTC) é a
capacidade de a argila adsorver elementos químicos e trocá-los
por outros elementos na solução do solo.
Matematicamente referem-se à soma dos elementos de
cargas positivas, tais como a soma de bases (SB) +(AI+ H), (ou
seja, cálcio, magnésio, potássio, sódio, alumínio e hidrogênio).
Essas cargas positivas, por sua vez são adsorvidas pelas cargas
negativas da argila.

A soma dessas cargas elétricas negativas é representa-


da pela capacidade de troca de cátions (CTC), e nela estão liga-
dos eletricamente os elementos de cargas positivas, que com-
põem os principais nutrientes do solo, tais como o cálcio, mag-
nésio, potássio, sódio, representados pela soma de bases (S8).

Existem ainda outras cargas elétricas negativas ligadas a


elementos desfavoráveis tais como o alumínio (AI) e o hidrogê-
nio (H). O conjunto SB +AI+ H reflete a CTC do solo ao pH 7.

A soma do H + AI é chamada de CAPACIDADE TAM-


PÂO do solo, pois representa o potencial a ser neutralizado pela
correção do solo. A CTC mostra qual é a soma de cátions ab-
sorvidos nas partículas coloidais de um solo, capazes de trocar
nutrientes com a solução do solo, microrganismos e nutrir as
plantas.

Desta forma a CTC poderá ser representada da seguinte


maneira: CTC= Soma de Bases (Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) +
(H+AI).

A quantidade de CTC de um solo está relacionada com o


teor de argila no solo, assim sendo um solo barrento-argiloso
contém uma CTC maior que um solo barrento-arenoso. Este úl-
timo por conter menor quantidade de argila, possui menor poder
de adsorção dos cátions que são os nutrientes das plantas, co-
mo cálcio, magnésio, potássio etc.

85
Silvio Roberto Penteado
1

A argila possui um elevado poder de adsorção de cá- 1


tions, que ficam adsorvidos em toda sua superfície (externa e '
interna) , envolvidos como se fosse enxame de cátions.

Este solo possui elevada saturação de cálcio. Sabe-se


que a força de adsorção dos cátions tem a seguinte sequência:
H> Ca2+> M92+ > K > Na A maior presença de matéria orgânica
no solo, libera o "humo", que é uma partícula coloidal , com maior
poder de adsorção e retenção de nutrientes e água do que as
próprias argilas.

OS CATIONS E SUA ABSORÇÃO JUNTO AOS


COLOIDES DO SOLO

H+
H+ K Ca Ng K Ca B Mg
K Ca

fiig -- - -· - - -- - --. K Equilíbrio SOWÇÃO


e LM_!!!~! ~~ A~~ila ; 8 Dit1âmico DO SOLO
Ca • ►
Mg , - · · Mg
Ca H+ K B C8 B Mg Ca
H+

cations -:- Ca • Mg •· K ·• Na,


ânions= AI • H -t-
CTC = (Ca + Mg+K+Na) + ( AI+ H+)

Quando o solo é manejado adequadamente, então se


permite que ocorra de forma dinâmica o equilíbrio de bases no
solo, com a relação equilibrada entre as bases (H, Ca2+, Mg2+, K
e Na) na CTC.
Uma vez que o cátion H+ tem maior poder de adsorção
que o cátion Cálcio (Ca2+), e havendo a introdução de H+ no sis-
tema do solo (por água ou formação de ácidos fracos na de-
composição da matéria orgânica) haverá troca catiônica, deslo-
cando o cálcio, entrando número equivalente de moléculas de

86
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

H+. Se este processo persistir, com as perdas das bases (Ca2+,


Mg2+) o solo torna-se ácido, com a presença predominante dos
cátions H+.
A aplicação de calcário na forma dolomítica é pouco indi-
cada no sistema orgânico, pois sua relação cálcio e magnésio é
considerada baixa, ou seja, 2: 1, diferente daquela considerada
mais adequadas ao equilíbrio das bases do solo (no mínimo 1:3
ou 1:4). O ideal seria o emprego de um calcário com teor mais
elevado de cálcio, caso dos calcários calcíticos ou magnesianos.
No caso da sua aplicação, o magnésio é adsorvido nas partícu-
las de argila, com uma adesão muita fraca e baixa estabilidade,
perdendo-se facilmente na solução do solo com a lixiviação.

SUGESTÃO DA SATURAÇÃO EM BASES (V%) PARA


AS PRINCIPAIS CULTURAS
Como um dos princípios fundamentais do sistema orgâ-
nico é proporcionar as condições adequadas para o desenvolvi-
mento e produção das plantas, é prioritário considerarmos as
suas condições de origem e exigências quanto ao solo.
Levando em conta que cada espécie de planta tem dife-
rentes exigências quanto à saturação de bases e teores de nu-
trientes nos solos, poderemos fazer sugestões de enquadramen-
to das diferentes culturas, dentro dos padrões considerados ide-
ais para o equilíbrio de bases, facilitando assim o cálculo das
necessidades de adubação. Estes dados como base trabalhos
apresentados na literatura por órgãos oficiais, é resultado de vá-
rios anos de experimentação.
Para algumas culturas, colocadas no Grupo 1 da Tabela
abaixo, a presença de teores elevados de cálcio e magnésio,
assim como uma saturação de bases acima de 50% não são
adequados para o desenvolvimento e produção destas plantas.
A pesquisa e a prática estão demonstrando que em solos
com elevado teor de matéria orgânica (5% MO), a saturação em
bases (V%) pode ser menor, até 50%, caso do milho e outros
cereais, sem que seja afetada a produtividade, porque a matéria
orgânica promove maior troca catiônica.
o pH dos solos é muito influenciado pelo teor de umida-
de, assim sendo num curto período de cultivo intensivo de horta-
liças, como no tomate, poderemos ter várias condições de aci-

87
Silvio Roberto Penteado

dez/alcalinidade no solo, em função da elevação da um idade e


estiagens, fato que afeta a disponibilidade dos nutrientes para as
plantas.

Tabela 12: Sugestão de teores de nutrientes na CTC, para o


cálculo das quantidades a aplicar, dentro dos padrões de equilí-
brio de bases e exrqencias das culturas
Grupos Teores de
de plan- nutrientes na Espécies de Plantas
tas CTC

Ca=45 Abacaxi, lnhame, Mandioca,


Grupo Mg= 7 Arroz, Seringueira, Pupunha, Re-
1 K=2 florestamento.
V%=54
Ca= 50 a 52 Abacate, Amendoim, Adubos
Grupo Mg= 10 a 11 verdes, Banana, Café, Mamona
2 K=3 Soja, Batata, Batata-doce
V%=63 a 65 Cana-de-açúcar.

Ca= 55 a 58 Algodão, Almeirão, Acerola


Grupo =
Mg 11 Citros, Escarola, Chicória,
3 K = 4 Ervilha, Girassol, Frutas de ca-
V%=70 a 72 roço, Figo. Maçã, Chicória, Me-
lancia, Feijão, Milho, Soja, Trigo.
Ca= 62 a 65 Mamão, Manga, Maracujá, Uva
Grupo Mg=3 -14 Abóbora, Alface, Agrião, Alho
4 K = 5 Alcachofra, Rúcula, Melão,
V%= 80 a 85 Morango, Aspargo, Berinjela, Pi-
mentão, Quiabo, Cenoura,
Beterraba, Tomate, Mandioqui-
nha, Brócolos, Cebola.

A saturação em bases (V%) deverá estar na faixa em


torno de 55 a 70%. Esta variação vai depender da exigência da
cultura e do teor de matéria orgânica presente no solo.

Os efeitos da matéria orgânica poderão ser a razão de


ser verificado em alguns casos elevada produtividade no siste-

88
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

ma de produção orgânica, em solos cujas porcentagens de satu-


ração são menores que no sistema convencional.

Tabela 13: RESULTADO DE ANÁLISE DE SOLO: Fazenda


Pealton- Mun. Pedreira - SP-Análise: IBRA- 27/03/03

ANALISE PROCESSO UNIDADE SOL01 SOL02


Mat. Org. MO- Oxi- Red. g/dm3 45 30
pH Sol.CaCl2 5,0 4 ,1
P - Fósforo Resina - mg/dm3 133 19
K- Potássio Resina mmolc/dm3 2,4 1,3
Ca - Cálcio Resina mmolc/dm3 61 19
Mg - MagnésiÇ> Resina mmolc/dm3 12 6
Na- Sódio Mehlich - mmolc/dm3 0,3 < O1
'
AI - Alumínio KCI- mmolc/dm3 <1 7
H - Hidrogênio mmolc/dm3 33,7 51 ,5
H + AI Tampão SMP mmolc/dm3 34 58
Soma Bases mmolc/dm3 75,6 26,3
CTC- mmolc/dm3 109,9 84,3
V% Sat. Bases % 69 31
S- Enxofre Fosf.cálcio mg/dm3= 12 13
ppm
B-Boro Agua quente mg/dm3 0,66 0,42
Cu-Cobre DTPA mg/dm3 3,5 0,6
Fe - Ferro DTPA mg/dm3 110 118
Mn- Manganês DTPA mg/dm3 38 22,0
Zn-Zinco DTPA mg/dm3 14,8 2,6
PK SB %KCTC 2,2 1,5
PCa SB % Ca CTC 55,2 22,3
PMg SB % Mg CTC 11,3 7,4
PAISB ¾AICTC 0,5 7,8
PNa SB % Na CTC 0,2 0,1
HCTC ¾HCTC 30,6 60,9
Ca/Mg Ca/Mg 4,9 3,0
Ca/K Ca/K 25,1 15,0
Mg/K Mg/K 5, 1 5,0

89
(

Sílvio Roberto Penteado

EXEMPLO PELA ANÁLISE DO SOLO


Para destacar a importância do equilíbrio de bases no so-
lo de cultivo agrícola, vamos utilizar duas amostras de solo, de
nº1 e 2, da Fazenda Pealton- Pedreira (SP), com cultivo de café
orgânico, para demonstrar em detalhes o que ocorre nesses so-
los quanto a Saturação em Bases (V%) e a Capacidade de Tro-
ca Catiônica (CTC), em relação à necessidade de correção. A-
companhe o cálculo de forma simplificada nos exemplos abaixo,
como ocorre a saturação em bases no solo, seu equilíbrio e a
necessidade de sua correção.

AMOSTRA DE SOLO Nº 1
Verificando os dados da análise de solo da Fazenda Pe-
alton- Pedreira. SP, obtemos os teores das bases catiônicas
(Ca, Mg, K e Na), que são respectivamente: 61 - 12 - 2,4 e 0,3
mmolc/dm ou ppm . Para facilitar os cálculos vamos passar à
unidade = meq /100 cm 3 , dividindo por 1O, ficarão então: Cálcio=
6, 1 meq/100 cm 3 Magnésio= 1,2; meq/100 cm 3 ; Potássio = 0,24
meq/100 cm 3 e Sódio (Na) = 0,03 meq/100 cm 3
A soma dos cátions (Ca, Mg, K e Na) correspondem a
SOMA DE BASES (SB), cujo valor está na análise de solo é i-
gual a 75,6 mmolc/dm 3 ou seja 7,5 meq/cm3 •
Na análise do solo nº1, também são obtidos os valores
do hidrogênio e do alumínio, que são: H+ = 33,7 e AI= O,1
mmolc/dm3 , que em outra unidade são: 3,37 meq/cm 3 e 0,01
meq/cm3 , sendo a soma dos mesmos na análise do solo= (H +
AI - Tampão SMP) = 3,37 ou 3,4 mmolc/dm 3 , ou seja, 3,4
meq/cm 3 • Considerando os dados da análise do solo nº 1, os va-
lores das bases na CTC são:

% de Ca na CTC = 55,2
% de Mg na CTC = 11,3
% de K na CTC = 2,2 Total = 68,9 = 69%
% de Sódio na CTC= 0,2 Saturação em bases (V%)

3
% de Al- na CTC = 0,5 } Total= 31, 1 ºlo (V%)
% de H+ na CTC = 30,6
Os dados apresentados podem ser representados numa
forma esquemática simplificada, conforme ilustração abaixo.

90
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CTC =7,5 + 3,4 =10,9 meq/100 cm 3

Teores ideais na CTC


H + Al-3
31 %
3,4 • Cálcio (Ca) = 50 a 65%
Cap.tampão=
• Magnésio (Mg) = 1Oa
meq 3,4 meq
15%
• Potássio (K)= 3 a 5%
• Hidrogênio (H+) = 5 a
Ca + Mg + K + 15%
Na • Alumínio (Al-3 ) = 0%

69%
Teores encontrados: solo 1
7,5 V%=69
meq • Cálcio (Ca) = 55,2 %
• Magnésio (Mg) = 11,3 %
• Potássio (K) = 2,2 %
• Hidrogênio (H+) = 30,6 %
• Alumínio (AI) = 0,5 %

CONCLUSÕES:
Os dados mostram que o solo nº 1 está dentro dos teo-
res considerados ideais para % de Cálcio e Magnésio, não sen-
do necessária a correção do solo.

O teor de alumínio é baixo, porém sendo um fator limitan-


te para o crescimento das plantas deve ser neutralizado com
pequenas doses de calcário calcítico de manutenção.

O teor de potássio deste solo está abaixo das necessi-


dades das principais culturas comerciais, devendo ser feita o
cálculo de aplicação de adubos potássicos, de acordo com essa
exigência, elevando para 3 a 5% o potássio na CTC.

91
Sílvio Roberto Penteado

AMOSTRA DE SOLO Nº2


Nesta segunda análise de solo, verificamos que os teo-
res dos elementos das bases catiônicas (Ca, Mg, K e Na), são
respectivamente: 19 - 6 - 1,3 e O,1 mmolc/dm ou ppm.
Para facilitar os cálculos vamos passar à unidade = meq
/100 cm3, dividindo por 1O, ficando então: Ca = 1,9 meq/100 cm 3
Mg = 0,6 meq/100 cm 3 K
3
O,13 meq/100 cm Na
3
= 0,01 =
meq/100 cm
A soma dos cátions (Ca, Mg , K e Na) correspondem a
SOMA DE BASES (SB) , cujo valor está na análise de solo =
26,3 mmolc/dm3 , ou seja, 2,63 meq/cm 3 •

Na análise do solo, também são obtidos os valores de H


e AI , que são: 51,5 e 7 mmolc/dm3 , que em outra unidade são:
5, 15 meq/cm3 e O, 7 meq/cm 3 , sendo a soma dos mesmos na
análise do solo (H + AI - Tampão SMP) = 58, 5 mmolc/dm3 ou
seja 5,85 meq/cm3

Vejamos como este-s: c~tlons


eslão 'adsorvidÓsjunto ao3 . c □lõides do solo:
li• 11 • H•
H .... K H~ Mg K Ce R Mg
K H~
H... _MINCíl.AJ.. oc ·~n:01.~ .
H+ Equilibrio
H ... R
Ca
H-tt- . .
.
(...~ ----·
J AI = u, { rneqJ1 IJU. Cm-' I·

i:inion·Coorga,ncgatiYÕ').
- • ·--. . .
. R
H+ ◄
Dim'imiÍl.·u

SOLUÇÃO
no ~01 o

H -tt-- !i~ 1=■ lllP.11


C,t=1,9rrHHt
D (Outras Dases):
Mg = o,6 • K =0,13 •Na= 0,01 meq

Como vemos na figura anterior, as argilas deste solo nº


2 possuem elevadas retenções de H+ e baixas quantidades de
bases (Ca, Mg e K). Estando os coloides envolvidos predomi-
nantemente por cátions H+, este solo fica com reação ácida. A-
lém disso, possui teor elevado de alumínio, que causa toxicidade
às plantas.

92
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA (CTC):


No exemplo da amostra de solo nº 2, temos: CTC = SB +
(H + AI) , então: 2,63 (SB) + 5,8 (H + AI) = 8,43 - conforme pode
ser verificado na análise de solo. A quantidade de CTC de um
solo está relacionada com o teor de argila no solo.

Sendo ambos os solos, o nº 2 e o anterior nº 1 da mesma


propriedade há uma diferença da CTC, ou seja , 10,94 e 8,49,
respectivamente.

A explicação pode estar na quantidade ou na qualidade


da argila (ilita, caulinita ou montmorilonita) ou então na maior
presença de matéria orgânica, que libera o "humo", que é uma
partícula coloidal , com maior poder de adsorção e retenção de
nutrientes e água do que as próprias argilas.

EQUILÍBRIO OU% DOS CÁTIONS NA CTC:


Considerando os dados da análise do solo nº 2, os valo-
res das bases na CTC são:

■ %de Ca na CTC = 22,3


Total= 31 ,3 % = 31% de
■ % de Mg na CTC = 7 ,4
Saturação de Bases
■ % de K na CTC = 1,5
( V%)
■ %de Na na CTC = 0,1

•%de AI na CTC = 7,8 }


■ %de H na CTC = 60,9 Total= 68,7 = 69 % V%

CTC = 2,6 + 5,8 = 8,4 meq/100 cm 3

Teores ideais na CTC Teores encontrados: solo nº2

Cálcio (Ca) = 50 a 65% Cálcio (Ca) = 22,3 %


=
Magnésio (Mg) 1O a 15% Magnésio (Mg) = 7,4 %
Potássio (K)= 3 a 5% Potássio (K)= 1,5 %
Hidrogênio (H+) = 5 a 15% Hidrogênio (H+) = 60,9 %
Alumínio (AI)= 0% Alumínio (AI) = 7,8 %

93
Sílvio Roberto Penteado

CONCLUSÕES:
Os dados mostram que este solo nº 2 está fora dos teo-
res considerados ideais para % de Cálcio e Magnésio, havendo
necessidade da correção com calcário , conforme CÁLCULO DE
EQUILÍBRIO DE BASES.

Como aplicamos no sistema orgânico somente 2,0


Ucalcário/ano, recomenda-se primeiro melhorar a saturação em
bases deste solo, pelo menos a V%= 50, com calagens e incor-
poração de materiais ricos em cálcio e magnésio, antes de intro-
duzir culturas exigentes. Aumentando também o teor de matéria
orgânica, mesmo com um nível de saturação baixo, haverá boa
condição para a troca catiônica.

O magnésio, componente da molécula da clorofila. Auxi-


lia a absorção e translocação de fósforo na planta e ativa as re-
ações enzimáticas. As deficiências geralmente se acentuam a
partir de março, quando diminuem as chuvas, o que provoca um
decréscimo na absorção, principalmente quando são plantas
com frutos em início de maturação (Cruz Fº e Chaves,1985).

O cálcio, elemento importante da parede celular, sendo


fixado na planta dessa forma. O cálcio fortalece e dá resistência
aos tecidos. O cálcio é fundamental também para a divisão foliar
e ativação dos processos enzimáticos e atua como Ca 2+ nas
membranas celulares. A sua falta pode provocar doenças fisio-
lógicas como podridão apical no tomate, bitter pit em maçãs, etc.

O teor de alumínio é muito elevado, sendo um fator limi-


tante para o crescimento das plantas devendo ser neutralizado
com a correção de calcário calcítico. Sendo culturas perenes ou
que explorem maiores profundidades do solo, verificar se há to-
xidez de alumínio pela análise do solo, de 20 a 40 cm.

O teor de potássio deste solo está abaixo das necessi-


dades das principais culturas comerciais, devendo ser feita o
cálculo de aplicação, de acordo com essa exigência, elevando
para 3 a 5% K na CTC.

94
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 13

RECOMENDAÇÕES DE EMPREGO
DA MATÉRIA ORGÂNICA

BENEFÍCIOS E VANTAGENS
Na nutrição dos solos, a matéria orgânica deve constituir
o principal alimento para as plantas. Sem a matéria orgânica,
além da deficiência dos elementos essenciais, há rachaduras,
fendas, compactação , falta de grumos e poros nos solos. A pre-
sença de matéria orgânica no solo é fundamental para manter a
presença e a atividade dos microrganismos, exercendo funções
importantes no equilíbrio dinâm ico e na estabilidade do solo. A
atividade biológica do solo é dependente de diversos fatores
como a umidade, a temperatura, o pH , o teor de nutrientes e a
matéria orgânica, entre outros. A população microbiana, em es-
pecial, oscila amplamente quando alguma destas variáveis é
modificada.
A matéria orgânica é responsável por 70 a 80% da capa-
cidade de troca de cátions (CTC), isto é a troca entre os cátions
Ca (cálcio), Mg (magnésio), K (potássio) e Na (sódio) com H (hi-
drogênio e AI (alumínio) dos nossos solos. A adição de material
orgânico é indispensável para a atividade e população dos mi-
cro-organismos, pois a bactéria orgânica é a fonte principal de
energia e de carbono para os mesmos, a partir da qual se reali-
za o processo de mineralização, com a liberação de nutrientes
para a solução do solo.

Uma fonte importante de matéria orgânica é utilizar os


chamados adubos verdes. Os benefícios da adubação verde nas
características físicas e químicas do solo também causam efei-
tos positivos sobre as suas condições biológicas. Assim, à me-
dida que os resíduos vegetais se mantêm depositados na super-
fície do solo, diminui a variação térmica do solo, aumenta a re-
tenção da umidade, beneficiando a atividade da microbiota.

95
Sílvio Roberto Penteado

QUANTIDADES A APLICAR
Com exceção das áreas recém desmatadas, geralmente
os nossos solos possuem baixos teores de matéria orgânica. Os
teores de matéria orgânica (MO) na análise do solo estão de 1,0
a 2,5. No sistema orgânico o ideal é elevar para 4 a 5%, o teor
de MO na análise do solo, pois quando está abaixo de 2,5% sig-
nifica que os microrganismos estão fam intos.

As quantidades aplicadas de fertilizantes orgânicos deve-


rão ser calculadas com base na concentração de nitrogênio total
presentes na fonte do material disponível. De uma forma geral,
são aplicadas de 30 toneladas de composto orgânico úmido
(50%), para a maior parte das espécies, sendo menores para as
cucurbitáceas (abóbora, melancia e melão) de 15 toneladas, pa-
ra as plantas de raízes (batata-doce) 20 toneladas , feijão e milho
em torno de 1O toneladas (Souza, 1998).

FORMAS DE APLICAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA


A matéria orgânica é na verdade o adubo orgânico, em
diferentes estágios de decomposição no solo, em função da sua
constituição original, ou seja, teor de carbono e nitrogênio (rela-
ção C/N). Ela deve ser aplicada no solo nas seguintes formas:

Incorporação. A incorporação de matéria orgânica, ou


seja, a adubação orgânica fase de instalação dos cultivas, já é
uma prática no sistema convencional nas culturas perenes (nas
covas de plantio), em hortaliças de cultivo intensivo e no plantio
direto de cereais. No entanto, no sistema orgânico é dado ele-
vada importância á sua presença no solo em todos os cultivas,
recomendando-se fazer o enriquecimento do teor de matéria or-
gânica, aos níveis de 4%, inclusive nas culturas extensivas.

Manutenção. Além da incorporação de adubos orgâni-


cos, se deve adotar todas as práticas possíveis para preservar a
matéria orgânica existente no solo, fator essencial na manuten-
ção ou aumento da produtividade. Dentre essas medidas, deve-
se considerar a conservação adequada do solo contra erosões e
a rotação com leguminosas ou culturas que deixem grandes
quantidades de restos orgânicos no terreno. A manutenção de

96
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

níveis adequados de matéria orgânica, por meio do manejo ade-


quado do solo e ou adição de materiais orgânicos (compostos,
estercos, restos de culturas, etc.) em associação aos corretivos,
podem proporcionar melhores condições de desenvolv~mento e
produção dos cultivos orgânicos.

CORREÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA


A matéria orgânica é indispensável para a manutenção
do micro e mesovida do solo e tem forte influência sobre a estru-
tura e a produtividade do solo. Com as plantas de cobertura, in-
corporadas ou depositadas sobre a superfície, tem-se como be-
nefício à manutenção do teor de matéria orgânica e a possibili-
dade de aumentá-la. No entanto, para este fim , são requeridas
grandes quantidades e por um longo tempo.
Se, por exemplo, adiciona-se ao solo 2.400 kg/ha de ma-
téria seca de determinada espécie, cerca de 2/3 do carbono é
perdido na forma de dióxido de carbono, restando apenas 800
kg/ha do material orgânico.

Considerando-se a camada arável do solo (O - 20 cm),


com massa igual a 2.000 toneladas, necessitar-se-ia de aporte
contínuo por 25 anos para aumentar em 1% o teor de matéria
orgânica. Entretanto, foram testados aumentos do teor de maté-
ria orgânica na camada superficial do solo com o uso de espé-
cies de cobertura como ervilhaca e trevo, em rotação com milho,
após vários anos (5 a 1O), quando o material orgânico não foi
incorporado ao solo.

Assume importância fundamental, portanto, um processo


contínuo de aporte de resíduos vegetais em quantidade e quali-
dade e, referencialmente, depositado na superfície do solo, para
que sejam mantidas de forma estável e até aumentadas as pro-
dutividades agrícolas (adaptado).

A correção é possível, mesmo para propriedades que te-


nham baixa disponibilidade de matéria orgânica, pela possibili-
dade de emprego de esterco de curral curtido ou composto or-
gânico ou utilizar os adubos verdes, pois várias espécies podem
fornecer de 8 a 1O toneladas de massa seca por hectare. A cor-

97
Sílvio Roberto Penteado

reção dos solos com matéria orgânica é fator importante para os


solos quanto mais arenosos forem , pelos benefícios da retenção
de nutrientes, aumento da troca catiônica e retenção da umida-
de.
Nos solos argilosos, apesar da elevada retenção de nu-
trientes destes solos, a matéria orgânica vai favorecer as suas
condições estruturais, como permeabilidade, aeração, etc. Para
a correção da deficiência de matéria orgânica, uma das práticas
mais recomendadas é a adubação verde, usada com sucesso
em culturas extensivas, principalmente em regiões onde a pe-
quena disponibilidade de adubos orgânicos limita o seu uso ge-
neralizado.

Quando a correção exige quantidades elevadas de maté-


ria orgânica, como no exemplo acima, convém fazer a ·correção
de forma gradual, ou seja, por etapas por alguns anos, de acor-
do com a disponibilidade de matéria orgânica e recursos do pro-
dutor.

RECUPERAÇÃO DOS SOLOS COM ADUBOS VER-


DES
A adubação verde é uma das melhores formas de aten-
der as necessidades de matéria orgânica para os solos. No en-
tanto, é necessário um estudo e planejamento das principais es-
pécies de adubos verdes e verificar a sua adaptação no local.
Geralmente a escolha deve recair sobre uma leguminosa, que
além de produzir grande volume de fitomassa, durante seu de-
senvolvimento fixa o nitrogênio da atmosfera, através dos seus
nódulos nitrificantes.

Entre as leguminosas mais utilizadas estão a mucuna,


feijão de porco, lab-lab, tefrósia, tremoço e as crotalárias. O cor-
te deverá ser feito antes da formação das sementes, com um
rolo faca ou com uma roçadeira, em cobertura do terreno, no ca-
so de adotar o plantio direto. Poderá ser feito uma leve incorpo-
ração com uma grade ou arado. Quando sua ceifa ocorrer no
início do período das chuvas, sua decomposição é facilitada,
não representa mais empecilho para o plantio convencional.

98
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Época de plantio dos adubos verdes: No verão as á-


reas agrícolas são ocupadas, quase que totalmente, por culturas
comerciais, porém no outono e inverno, com a grande redução
das áreas plantadas, geralmente ocorrem extensas áreas ocio-
sas, sujeitas à erosão hídrica e, por consequência, a perda de
fertilidade.

Muitas áreas ficam aradas e gradeadas esperando as


chuvas para um novo plantio de primavera, sofrendo efeitos de
chuvas e da erosão. Por este motivo já são bastante conhecidos
trabalhos com espécies de adubo verde de inverno, verificando-
se nos últimos anos um aumento da participação destas culturas
nas práticas correntes dos médios e pequenos agricultores fami-
liares, permitindo a proteção do solo, o fornecimento de alimen-
tos frescos para os animais na estiagem e até a produção de
sementes.

Existem diversas situações em que é possível e desejá-


vel a adubação verde de verão , em pequenas áreas da proprie-
dade onde a degradação do solo é limitante a maiores produtivi-
dades, necessitando ser submetidas a um intenso processo de
recuperação, sendo a adubação verde uma das práticas mais
indicadas, podendo ser feita a sua recuperação de forma parce-
lada, ano por ano.

O cultivo de cobertura de verão deveria ser realizado na-


quelas áreas em que a colheita da cultura comercial ocorre em
dezembro a janeiro, como é o caso de feijão, fumo, milho preco-
ce, e nas quais não há previsão de um novo cultivo comercial
imediato.

Deve ser lembrado que nos meses de verão ocorrem as


precipitações com a maior efeito erosivo, reforçando a necessi-
dade de ocupar o terreno com alguma espécie de cobertura, ob-
jetivando um determinado manejo durante o outono/inverno, seja
por rolagem , corte ou pela ocorrência de geada, permitindo as-
sim o plantio de outras culturas.

99
Sílvio Roberto Penteado

TIRE SUAS DÚVIDAS

Como pode ser feita a distribuição do composto orgânico


no campo?

A distribuição deve ser igualitária em todo campos, com exces-


são no caso de plantio em covas ou sulcos, quando podemos
incorporar maipr quantidades nestes locais.
Para evitar que se aplique mais adubo em uma parte do campo
e falte para outra parte. recomenda-se fazer muitos montes i-
guais dispostos em vários pontos do terreno. Distribuindo depois
cada um desses montes pela área que o circunda , tem-se a cer-
teza de que toda a terra de cultura receberá uma mesma dosa-
gem de adubo. Ao se iniciar a distribuição, se houver ventos,
lembrar que sempre o operário deve caminhar tendo o vento so-
prando pelas suas costas ou lateralmente. Nunca caminhar con-
tra a direção do vento.

Quais as maneiras de se distribuir o composto orgânicos


nas diferentes culturas?

O composto pode ser assim distribuído:


1.À lanço, aplicado por toda a superfície da terra, transportando-
º em uma carroça ou carreta e jogando-o com pá; ou utilizando
distribuidora própria para estercos ou para calcário.

2 - No fundo do sulco: nas culturas em linha, abrindo-se o sulco


com sulcador ou arado e depois jogando com pá o adubo trans-
portado em carroça ou carreta.

3 - Nas covas: quando se vai instalar uma cultura permanente,


como os cafezais, os pomares, os florestamentos ou refloresta-
mentos, a melhor oportunidade para se empregar um adubo or-
gânico é no fundo da cova, misturado com a terra

4 - Nas coroa: distribuído em volta da árvore, formando uma fai-


xa afastada do tronco e não além da projeção da sua copa, de-
vendo em seguida incorporar levemente a terra,

100
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 14

CORREÇÃO DO SOLO

A correção do solo consiste na incorporação de cálcio,


fósforo , magnésio, enxofre e outros minerais, em vista da defici-
ência destes nutrientes verificados na análise de solo. No siste-
ma agroecológico o objetivo da incorporação da correção ou ca-
lagem do solo é buscar o equilíbrio dos nutrientes no solo.
Somente deverá ser realizada a correção da acidez do
solo desde que comprovada a sua necessidade por análise do
solo, considerando que a elevada adição de matéria orgânica ao
solo, que deve ser uma prática no cultivo ecológico, geralmente
promove, em longo prazo, a redução da acidez e a disponibili-
dade de cálcio e magnésio para as plantas.

Normalmente os corretivos de solo são necessários pa-


ra iniciar o processo de agricultura orgânica em muitos tipos de
solo, altamente degradados. Posteriormente, quando as condi-
ções de equilíbrio do solo, com a utilização de matéria orgânica,
adubação orgânica, incorporação de adubos verdes e o manejo
e cobertura do solo, os teores de cálcio e magnésio vão se ade-
quando, e praticamente não é necessário o emprego de correti-
vos minerais.

Quando forem necessários, poderão ser aplicadas a-


nualmente doses não elevadas de calcário, assim como a fosfa-
tagem do terreno. Geralmente a aplicação de calcário é feita
posteriormente, um mês após a fosfatagem. A quantidade e os
tipos de corretivos a serem utilizados na correção do solo, deve-
rão ser necessariamente baseados na análise de solo.
O emprego do calcário no sistema orgânico e no eco-
lógico envolvem regras bastante criteriosas que serão detalha-
damente abordadas á seguir, neste capítulo.

101
Sílvio Roberto Penteado

EFEITOS DO CALCÁRIO NO SOLO


Eleva o pH do solo. O calcário incorporado se dissol-
ve na água do solo, reagindo com os íons de hidrogênio que es-
tão acidificando as partículas do solo, formando mais moléculas
de água e dióxido de carbono, elevando o pH do solo. CaCO2 +
H2O + 2 H O CO2 + 2 H2O --- O (cálcio) desloca 2 moléculas
de H (hidrogênio) que estavam acidificando a partícula de solo,
corrigindo a acidez e elevando o pH. Há formação do dióxido de
carbono e água.

Reduz a toxidez de alumínio, que ao ser absorvido


pelo sistema radicular da planta é intoxicada e não se desenvol-
ve. Quando a raiz de uma planta encontra o alumínio no solo,
ela absorve esse elemento e engrossa como resultado dessa
disfunção.

Melhoria das características físicas do solo. Auxilia


no combate ao adensamento do solo.

Maior atividade dos microrganismos. A faixa de pH


entre 5,0 a 6,0 permite o máximo desenvolvimento dos micror-
ganismos no solo. Esta condição permite aumento na decompo-
sição da matéria orgânica, fazendo que os nutrientes dos resí-
duos vegetais sejam disponíveis ás plantas, na forma minerali-
zada.

Aumenta a disponibilidade dos nutrientes que já es-


tão no solo ou são incorporados pela adubação. Isto é importan-
te, porque todas as reações de absorção de nutrientes no solo
são reguladas em função do pH. Em caso de pH baixo, menores
que 5,5, os nutrientes, como o fósforo se ligam ao alumínio e
ferro e não ficam disponíveis para as plantas.

DETERMINAÇÃO DO GRAU DE CORREÇÃO


Para saber a necessidade de correção do solo, o produ-
tor de hortaliças deve fazer análise do solo todo ano, enquanto o
fruticultor deve fazê-la no mínimo cada dois anos. O grau de cor-
reção, ou seja, o índice de pH que deverá ser utilizado para a
determinação da necessidade de calcário depende dos seguin-
tes fatores:

102
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Sistema de cultivo empregado. Em sistema de plantio direto


na palha ou em solos orgânicos protegidos trabalha-se com um
pH mais baixo, em torno de 5,5.

Para terrenos descobertos, com baixos teores de matéria orgâ-


nica , em torno de 6,0. Assim quando o plantio direto já está ins-
talado ou com um teor elevado de matéria orgânica no solo, se
deve trabalhar com um pH de 5,5. Caso esteja na fase inicial
desses sistemas, poderá trabalhar com pH de 6,0. Novas aplica-
ções de calcários deverão ser feitas somente após avaliação
técnica, para evitar níveis elevados no solo.

Depende da cultura a ser instalada. Em geral, o pH 5,0 é indi-


cado para cultura de abacaxi ou reflorestamentos. O pH 5,5 é
indicado para cultivo de mandioca, erva-mate, arroz e mirtilo. O
pH ao redor de 6,0 é favorável para as culturas do milho e trigo.
Níveis mais elevados (pH 6,5) são exigidos para cultivas da alfa-
fa e soja.

Disponibilidade de micronutrientes. No sistema orgânico não


se recomenda elevar o pH acima de 6,0, pois afeta a disponibili-
dade dos micronutrientes no solo. O aumento do pH disponibili-
za os macronutrientes para as plantas, como o nitrogênio, fósfo-
ro, potássio, cálcio, magnésio e enxofre, porém reduz a disponi-
bilidade dos micronutrientes (manganês, cobre, zinco e cobalto).

A faixa de 5,5 a 6,0 permite um máximo aproveitamento dos


macros e adequado dos micronutrientes e constitui o pH mais
adequado para os microrganismos do solo. Esta indicação pode-
rá ser verificada na tabela seguinte, que mostra que a melhor
faixa de pH do solo para a disponibilidade dos nutrientes está de
6,0 a 6,5. É por esta razão que no sistema orgânico essa faixa
de pH é o recomendado, pois mantém os nutrientes disponíveis
e em depósito no solo.

Apesar da maior disponibilidade em pH elevados, são


também mais sujeitos ás perdas por lixiviação e contaminação
dos lençóis freáticos.

103
Sílvio Roberto Penteado

Tabela 14: Relação entre o pH e a absorção de nutrientes


no solo
pH do solo 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
Nutrientes % de assimilação
NitroQênio 20 50 75 100 100
Fósforo 30 32 40 90 100
Potássio 30 35 70 50 100

• Efeito residual do calcário e do húmus no solo. De-


ve ser considerado que o efeito residual do calcário pode chegar
á quatro anos e que o húmus da matéria orgânica, constante-
mente incorporado eleva o pH. Se forem feitas aplicações se-
guidas de calcário sem considerar o efeito residual e a incorpo-
ração de húmus, poderá atingir níveis inadequados para certas
culturas. Além da influência do húmus na elevação do pH, deve
ser considerado que muitos adubos, como os termofosfatos,
possuem cálcio e liberam esse nutriente no solo.

• Textura: Os solos orgânicos e turfosos, de acordo com


a análise do solo, poderão exigir maiores teores de cálcio em
comparação com os solos minerais. Em solos minerais aplica-se
em torno de 200 g de calcário por metro quadrado, enquanto
nos orgânicos poderá ser maior, de acordo com comunicação á
certificadora. Em solos argilosos, deve-se aplicar de um terço a
metade da necessidade de calagem calculada pelo método de
saturação de bases, para a profundidade de amostragem de O a
20 cm, até o limite de 2,5 toneladas/ha. Nos solos argilo-
arenosos e arenosos se deve aplicar metade da necessidade de
calagem, até o limite de 2,0 toneladas por hectare.

CORREÇÃO PELA ANÁLISE DO SOLO.


No cálculo da quantidade a aplicar devem ser considera-
dos as seguintes informações que constam da análise do solo:
pH em água, em torno de 6,0 e de preferência de 6,0 a 6,8. Teor
de cálcio de 6 a 1O me/dl e saturação da CTC com cálcio 65%.
Teor de magnésio 1,2 e 1,8 me/dl e saturação CTC magnésio
até 10%%>. Relações Ca/Mg= 3:1 a 4:1 ; Ca/K= 9:1 a 12:1;

104
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Mg/K= 3: 1 a 4 :1. Saturação em bases: faixa ótima em torno de


60 a 70%.

CÁLCULO DA CALAGEM. Quando houver necessidade


de calagem , normalmente quando a saturação em bases (V%) é
menor que 70%.

Necessidade de Calagem (NC) em toneladas/ha =

= (V% desejado - V% análise) x CTC (mmolc / dm3)


10 PRNT

RAZÕES PARA A LIMITAÇÃO DA DOSAGEM DE


CALCÁRIO: No sistema orgânico são aplicados no máximo 2,0
toneladas de calcário/ha/ano, pelas seguintes razões:

• A faixa de pH em torno de 6,0 permite a maxIma


disponibilidade de nutrientes pelas raízes, melhores condições
para o desenvolvimento e atividades dos microorganismos e
aumento da resistência das plantas contra pragas e doenças.

• As doses elevadas dos íons cálcio (Ca) e Magnésio (Mg),


abaixam o potencial osmótico da solução do solo em relação ao
da raiz, afetando a absorção de água e nutrientes pelas raízes.

• A elevada concentração dos íons na solução do solo pode


afetar o desenvolvimento da flora e fauna benéficas, presentes
no solo. Da mesma forma, afeta a absorção de nutrientes, como
o potássio.

• O pH alto diminui a disponibilidade de zinco, ferro, boro e


manganês

• Caso o solo tenha baixa CTC de argila e matéria orgânica,


haverá perdas por livixiação (lavagem) dos íons Ca e Mg, por
não existir números suficientes de cargas negativas para serem
absorvidos.

105
Silvio Roberto Penteado

FORMAS DE INCORPORAÇÃO DO CALCÁRIO NO


SOLO. Podemos fazer a aplicação do calcário nas seguintes
condições:

Plantio direto sobre a palha ou solo coberto com ma-


terial vegetal: Estando o terreno coberto com matéria orgânica,
o calcário poderá ser distribuído sobre toda a superfície do ·ter-
reno que será transportado pelas águas das chuvas, atingindo o
solo, em condições de ser absorvido pelas plantas.

Culturas permanentes ou pastagens: Em culturas


perenes é recomendável fazer a distribuição do calcário sobre a
superfície do solo, no período compreendido de pós-colheita, até
60 dias que antecedem o florescimento.

No caso de fruticultura, a incorporação de calcário, deve


ser feita no período de baixa atividade fisiológica da planta
(repouso), pois danos nas raízes afetam a proteossíntese,
tornando a planta susceptível às doenças e pragas.

Em pomares com cobertura morta com palhada, a


aplicação de calcário sobre a matéria orgânica, melhora a
absorção, sendo opção para evitar a incorporação com corte de
raízes.

No preparo do solo para plantio: Por ocasião da insta-


lação de culturas, deverá ser feita a incorporação por ocasião da
aração e gradagem.

Em covas de plantio: No caso de culturas perenes,


quando são plantadas em covas grandes (40 x 40 ou 50 x 50
cm) uma pequena quantidade deverá ser aplicada na cova para
a correção (acidez e alumínio) e fornecimento de cálcio para as
camadas inferiores do solo.

Em culturas anuais: aplicar cerca de três a quatro me-


ses antes do plantio, para ser aproveitada nesse ciclo. Para as
hortaliças utilizar formas de calcários mais disponíveis, com ele-
vado PRNT, como os calcários calcinados, de reação mais rápi-
da no solo.

106
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Solos com correção de fósforo natural (fosfatagem):


Recomenda-se fazer a aplicação do calcário cerca de 30 dias
depois da aplicação do fósforo natural no solo, pois há necessi-
dade de um pH baixo para que os microrganismos promovam a
solubilização do fósforo de rocha.

ÉPOCA DE APLICAÇÃO
A época mais favorável para retirar as amostras de solo é
janeiro a princípios de março, permitindo aplicar o calcário e o
fósforo 60 dias antes do plantio ou por ocasião do plantio de
adubos verdes.
O calcário deve ser incorporado 50% por ocasião da
aração e 50% antes da gradeação. A análise foliar deve ser
realizada todo ano. O custo destas análises é · baixo,
compensando sua realização, pela economia e melhor
aproveitamento dos fertilizantes.

TIPOS DE CALCÁRIO AGRÍCOLA


São recomendados na agricultura orgânica
preferencialmente os calcários magnesianos e calcíticos Podem
ser empregadas outras fontes secundárias de cálcio, como
farinha de ossos, termofosfatos, algas calcificadas, etc.

Os calcários na forma magnesiana (58% de CaO e 9%


de MgO) ou calcítica (>58% de CaO e 0,5% MgO) são os indi-
cados para os nossos solos que tem teores elevados de magné-
sio (1 O a 20%) e baixos teores de cálcio (20 a 30%) .

Quando a análise do solo indicar que os teores de cálcio


e magnésio estão próximos um do outro, abaixo da relação 3: 1,
a melhor recomendação é aplicar calcários ricos em cálcio. Apli-
cando o calcário calcítico ou o magnesiano, há liberação do cál-
cio para a correção da acidez e também para o fornecimento nu-
tricional da planta. Empregar sempre as formas de calcário que
possam ajudar a estabelecer estas relações de equilíbrio das
bases do solo.
As recomendações do sistema orgânico são que sejam
aplicadas de uma a duas toneladas ao máximo por ano de cal-
cário por ano, caso contrário haverá sérios riscos de imobilizar
muitos elementos minerais do solo para as plantas.

107
Sílvio Roberto Penteado

O produtor deve procurar um produto com elevada quali-


dade e confiabilidade e com as seguintes características: PRNT
alto (90, 1%) , moagem fina , baixa umidade e rápida reatividade
no solo.

Tabela 15: Tipos de calcários que poderão ser utilizados na cor-


- de c·1
reçao . e Magnes,o.
a CIO
Provável Tipo de % ºlo % %
Origem calcário CaO MgO PN PRNT
ltaú de Mi- Calcário 58% 9% 125 125 %
nas - MG magnesia- %
no
S. J. da La- Calcário 70% 0,5 115 115 %
pa-MG calcítico ºlo %
ltaú de Mi- Rocha 41% a 07% 98% > 90
nas - MG magnesia- 45% a a %
na 10% 100%
Curitiba - Rocha mo- 42% a 02% 88% 87%
PR ída calcíti- 44% a
co 4,5%
.
Observação: A reatividade de um calcário depende de vários
fatores como a finura, teor de umidade, origem da rocha, pro-
cessamento (calcinado=queimado). Um calcário calcinado tem
maior reatividade no solo do que um calcário de rocha moída.

OUTRAS FORMAS DE CORREÇÃO DO SOLO


Pesquisas desenvolvidas mostram que a matéria orgâ-
nica fresca adicionada ao solo pode, em curto prazo, substituir a
ação do calcário na redução do alumínio solúvel e no aumento
da produção. É conhecido que a cultura do nabo desenvolve a
maior capacidade de imobilização do alumínio, que é um ácido
tóxico que muitas vezes e responsável pela acidez do solo.
A química do alumínio em solução está envolvida com
a extração do cálcio na presença do resíduo de nabo. A imobili-
zação do alumínio originada pelos resíduos de nabo ocorre prin-
cipalmente na forma orgânica. Já, os resíduos de aveia, quando
manejados em solo que recebem calagem superficial, como em
plantio direto, apresentam um potencial para o transporte do cál-
cio para superfície. O resíduo de nabo teria a vantagem de imo-

108
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

bilização do alumínio tóxico. O uso de ambos em sistemas de


rotação de culturas permite a reciclagem , reduzindo as perdas
de cálcio por lavagem do solo, aumentando a retenção de po-
tássio e a imobilização do alumínio.
Tem sido feito pela pesquisa, trabalhos de campo com
adubos verdes para verificar o potencial de desintoxicação de
solos ácidos. Por exemplo, foram testados vários tipos de adu-
bos verdes e capins, como feijão Caupi (Vigna unguiculata) ; leu-
cena (Leucaena leucocephala) ; e o capim colonião (Panicum
maximum).

As ações dessas plantas foram comparadas com o e-


feito do calcário, na calagem , em diferentes níveis. Como planta
indicadora de melhoria do solo, foi plantada a Sesbania ( Sesba-
nia cochinchensis), que é uma planta leguminosa, muito sensível
à toxicidade do alumínio, tendo sido considerado o seu cresci-
mento como uma medida de desintoxicação do solo.
Os resultados destes trabalhos mostraram ser a
leucena muito promissora em beneficiar os solos ácidos,
como o adubo verde mais eficiente em aumentar o pH e,
consequentemente, em reduzir a solubilidade do alumínio.

Considerações importantes:
Doses pequenas de calcário podem ser aplicadas dire-
tamente nas covas ou sulcos, misturadas com a terra do solo.
Quantidades maiores devem ser distribuídas a lanço e subse-
quentemente incorporadas. Em ambos os casos, a aplicação
deve ser feita no mínimo 30 dias antes do plantio.

No sistema de plantio direto orgânico, faz-se a aplicação


concentrada das doses de calcário nas linhas ou nas covas de
plantio.
Nos sistemas orgânicos, o uso contínuo de adubos orgâ-
nicos, a utilização sistemática de adubos verdes e o manejo das
espécies espontâneas, restos de cultivas tendem a reduzir a ne-
cessidade de calagem ao longo dos anos.

O uso da matéria orgânica permite uma rápida correção da


acidez do solo, tendendo a estabilizar o pH próximo à neutrali-
dade.

109
Sílvio Roberto Penteado

TIRE SUAS DÚVIDAS :

Qual é a recomendação que se faz dar as melhores


condições para aproveitar os nutrientes aplicados e
melhorar a produtividade de uma terra?

Se o solo apresentar reação ácida, com alto teor de alumí-


ni. Nestas condições, as plantas não se desenvolvem bem,
tem baixa produtividade e os adubos são pouco aproveita-
dos pelas plantas.

É aconselhável proceder-se, primeiramente, a uma cala-


gem, 30 a 60 dias antes de aplicar os adubos orgânicos e
minerais e de fazer o plantio.

A maior parte dos solos brasileiros são ácidos ou degrada-


dos. A calagem dá aos solos melhores condições para
uma rápida multiplicação dos microrganismos contidos o
composto; fornece cálcio aos microrganismos; provoca a
reativação das enzimas absorvidas na argila, nos sesquió-
xidos e no húmus.

Não misture calcário com o composto, pois, conforme seu


estado de decomposição, pode perder nitrogênio por des-
prendimento de amônia (caracterizado pelo cheiro de a-
moníaco).

É importante lembrar que a produtividade depende, além


da aplicação correta dos adubos na época certa, no local
adequado e nas doses necessárias, de água suficiente pa-
ra a planta e das condições físicas do solo.

11 O
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 15

RECOMENDAÇÃO DO NITROGÊNIO (N)

O nitrogênio é o nutriente de maior requerimento pelas


plantas, sendo o mais limitante para a produção e deve ser o e-
lemento mais monitorado no sistema orgânico. As plantas pos-
suem uma exigência de nitrogênio em torno de 1O vezes o fósfo-
ro e 1,5 vezes o potássio.

Na agricultura orgânica se recomenda que o solo seja o


fornecedor de nutrientes para as plantas, principalmente o nitro-
gênio, e que o faça de forma bastante lenta, conforme ocorrem
as necessidades da planta. Este princípio é fundamental para
que não haja excesso e desequilíbrio de nutrientes na planta e
queda na sua resistência fitossanitária, segundo a Teoria da Tro-
fobiose.

O solo deve estar provido de nutrientes organicos de


forma suficiente a sustentar as plantas. Qualquer desequilíbrio
do nitrogênio na planta pode favorecer a ocorrência de pragas e
doenças, assim como afetar a qualidade dos produtos.

A maior parte do nitrogênio do solo, cerca de 95%, estão


na forma orgânica, que é indisponível para as plantas, porém
constitui um grande reservatório deste nutriente no solo. A capa-
cidade dos solos em disponibilizar pela mineralização o N orgâ-
nico, depende de muitos fatores, como clima, manejo do solo e
atividade dos microrganismos.
O excesso de água, por chuvas ou irrigação promove a
perda de nitrogênio e potássio. Todas as fontes mineralizadas de
nitrogênio são solúveis em água, sendo pouco retidas pelo com-
plexo de troca, ficando muito sujeitas às perdas por lixiviação.

111
Sílvio Roberto Penteado

Há dados que indicam que chuvas de apenas 3 mm, são


suficientes para promover o caminhamento do nitrato no perfil do
solo.
O manejo do solo, em função da presença de matéria or-
gânica e a melhoria da sua permeabilidade, influenciam a dispo-
nibilidade dos nutrientes para as plantas. A elevada presença de
microrganismos no solo é muito importante, pois fazem a de-
composição da matéria orgânica e a mineralização do nitrogênio
orgânico, passando para as formas amoniacal e nítrica, sendo
este último a forma de nitrogênio disponível para as plantas. A
análise do solo não é utilizada para a recomendação da aduba-
ção nitrogenada.
Para sua determinação da necessidade de nitrogênio pe-
las no sistema orgânico, se deve levar em conta os seguintes
fatores:

■ Exigência da cultura
■ Idade e Manejo da planta
■ Produtividade esperada
■ Teor de N nas folhas
■ Histórico da gleba
■ Condição do solo
• Equilíbrio nutricional

Fontes de Nitrogênio na Agroecologia: Para o supri-


mento de nitrogênio, poderão ser utilizados compostos orgâni-
cos, tortas, húmus e outros adubos orgânicos, com bastante cri-
tério. As necessidades nutricionais das plantas também poderão
ser supridas pela ação das bactérias Rhizobium nas legumino-
sas e demais micro-organismos do solo fixadores de nitrogênio
do ar e mineralizadores da matéria orgânica.

Fonte nitrogenada mineral. Na agricultura orgânica não


são aceitas as fontes sintéticas de nitrogênio, como o sulfato de
amônia, nitrato de potássio, nitrato de amônia e a ureia. razão é
devido aos prejuízos às condições químicas e biológicas do solo
e causar desequilíbrios nutricionais, deixando as plantas suscep-
tíveis aos ataques de pragas e doenças.
As fontes amoniacais acidificam o solo, uma vez que no
processo de absorção de NH4+ pela raiz ocorre liberação de H+

112
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

para a solução do solo, abaixando o pH. Segundo Malavolta


(1989) , para cada 1.000 kg de ureia ou sulfato de amônio são
necessários 840 e 996 kg de calcário , respectivamente , para
neutralizar a acidez gerada por estas fontes.

Do outro lado, as fontes amoniacais (NH4+), exigem uma


metabolização muito rápida por parte da planta para evitar ex-
cesso de aminoácidos livres na seiva e gastam mais energia
(fósforo) que as formas nítricas (NO3-), como o nitrato de cálcio,
salitre do Chile. Os amoniacais na seiva deslocam os cátions K 1

Ca e Mg, reduzindo o processo metabólico da planta, com abai-


xamento do teor de fenois em 40%, que possuem características
fungiostáticos.

FONTE NITROGENADA ORGÂNICA

As fontes nitrogenadas orgânicas são: estercos de ani-


mais de preferência compostados (isentos de agentes químico e
biológicos), torta de mamona, biofertilizantes, adubos verdes,
húmus de minhocas, tortas e farinhas de origem vegetal e ani-
mal, compostagens, etc. A cobertura vegetal ou morta constituí-
da por adubos verdes (leguminosas e gramíneas), restos de cul-
tivas, palhadas e ervas nativas, constituem uma importante fonte
de nitrogênio, econômica e de fácil manejo.

O nitrogênio é um gás que ocorre livre na atmosfera, na


forma molecular N2 , numa proporção aproximada de 79%. Ele é
utilizado pelos seres vivos, combinado com o hidrogênio na for-
ma de amônia NH 3 . Ele é fixado, isto é transformado de N2 para
NH3 , em reduzida parte por fenômenos físicos, como tempesta-
des e faíscas elétricas, por processo industrial de fixação do ni-
trogênio da atmosfera (adubos químicos solúveis) ou pela ação
biológica, realizada pelas bactérias, algas azuis e fungos, que
podem viver livres no solo ou associados a plantas leguminosas
(bactérias do gênero Rhizobium).

O emprego do adubo verde, caso das leguminosas, per-


mite a incorporação de quantidades consideráveis de nitrogênio
no solo, de forma orgânica, com muitos outros benefícios para o

113
1

Silvio Roberto Penteado

solo e planta. Algumas leguminosas chegam a incorporar mais


de 150 kg de nitrogênio por hectare/ano.

Outras fontes de nitrogênio são a decomposição de ma-


téria orgânica dos seres vivos e vegetais. Através da excreção
ou morte, os produtos nitrogenados dos organismos vivos são
devolvidos ao meio ambiente.

Os compostos orgânicos nitrogenados são degradados


no ambiente do solo por bactérias e fungos, transformando-os
em amônia. A decomposição que apresenta no final a amônia
denomina-se amonificação.

Uma parte importante do processo é a transformação da


amônia NH 3 em nitrato NO3 (nitrificação), por ação de bactérias
Nitrosomonas, Nitrosococcus e Nitrobacter, permitindo a absor-
ção do nitrogênio pelas plantas.

A amônia produzida pelos biofixadores, citados acima


ou produzidos pela amonificação, pode ser aproveitada pe-
las bactérias nitrificantes ou ser transformada em N2 , des-
prendendo-se para a atmosfera.

A devolução do N2 para a atmosfera é chamada de denitri-


ficação e é realizada pelas bactérias denitrificantes (Pseudomo-
nas denitrificans). Apesar de parecer indesejável, este é um pro-
cesso positivo, pois evita que o solo contenha teores excessivos
de nitratos.

Os nitratos, que no solo transforma-se em nitritos, é uma


das substâncias conhecidas como venenos respiratórios, pois se
combinam à hemoglobina do sangue, formando a metaemoglo-
bina, que causam uma anemia muito grave para o homem, a
metaemoglobinemia (COC, 1998).

A agricultura orgânica dispensa o emprego de fertili-


zantes solúveis ou mesmo o excesso de adubos orgânicos,
como estercos de galinha e outros.

114
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

A aplicação de adubos químicos altamente solúveis em


excesso no solo pode contaminar as águas subterrâneas e as
próprias verduras com nitratos e nitritos, causadores da metae-
moglobinemia.

CICLD DO NITROGÊNIO NA NA nJREZA


.,- __ N' A1mosférlco ·---~ •·- ·
·• - - - " - - - - - ~ - ~
. .: . , : ; , , ,. ' .' : • : , • Filiação dlrela
Desnitrllicaç.\o TernpeS1da , , .' , ·! , .' ' : do lf da ar
r ' - ,.- - - •• 1 1 l I f t • t
f f • I I • • " • ., t
, ' , \ .. , , r
.'
1
• 1 f 4 • • , , I • , '
1 t • , , 1 • , I I t I I t 1
J 1 1 t , f r , • I
' 1 1 1 ' • ,

, ' , 1 ' ' , , , ' , ' , ' ,

' ' ' J- '1 • t 1 • J • 1 i •


1 • 1 1 I I I J t I t ) f I
o , 1 f I I I f I t # ' 1 •
,, ,, .. , ,1 ~ ,,, Erosão
, t I f 1 1 1 1 1 1 ' t 1
r t I t • 1 ' I I J I t I J
1 : I 1 1 , 1 1 ( 1 I f I ,
1 • • • , ) 1 , 1
1 , ; I 1 • 1 I 1 • I ' 1 , I
1 / • 1 • • 1 1 1 1 1 , 1 °

OCl!ana
,..
--~ :i:,_~..:=--·...· .~ .,
. ---~
... - . ~.. -
.
. . ., , : - - ~ .
• • 1
'J'::- ' - , ,.
.....
iNH 3: N021 ;_NO~ ' · ·- -
··----...
---

A• Amenização 8 '" NitrO!ação e• Nitratação


N.1 @Qp,1 A.1ham b.1ctíri;n II íungos. pu,1 degndu os compostos niuog11m1dos am .amôni:i.
l~,1 eup.1 B aru.1 a bactérà Nltrosomon.as e na et.apa C ,1 bacárla Nitrobicil!r

Fonte. COC(1998)

CLASSES DE RESPOSTAS EM NITROGÊNIO NOS


SOLOS

Considerando que a capacidade do solo para fornecer


nitrogênio e, consequentemente, a necessidade de adubação
nitrogenada varia conforme o manejo do solo e a cultura anteri-
or, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) define três classes
de resposta a N, as quais devem ser ajustadas com a cultura a
ser fertilizada.

115
Silvio Roberto Penteado

As informações que apresentamos abaixo foram adapta-


das do trabalho de Raij (1997) , o qual descreve as três classes
de resposta ao nitrogênio, as quais podem ser ajustadas con-
forme a cultura a ser adubada:

CONDIÇÕES DOS SOLOS QUANTO ÀS NECESSIDADES DE


NITROGÊNIO - A identificação das condições dos solos pode
dar orientações quanto às necessidades e quantidades de ni-
trogênio a serem aplicadas.

SOLOS COM ALTOS REQUERIMENTOS DE NITROGÊ-


NIO = Alta resposta esperada á aplicação de nitrogênio

• Solos intensamente cultivados e adubados ou desgastados,


erodidos. ·
• Solos muito arenosos, muito permeáveis e sujeitos á lixiviação.
• Solos arenosos em regiões quentes, onde a decomposição
dos restos de cultura é muito rápida.
• Áreas de plantio direto nos primeiros anos, antes de formar
espessa cobertura morta.
• Cultivos após gramíneas e forrageiras.
• Solos de boa fertilidade, com adequados teores de potássio
(K) e fósforo (P), cultivados continuamente com gramíneas
(milho, arroz, trigo, sorgo, etc.) ou culturas não fixadoras
de nitrogênio, como o algodão.
• Áreas irrigadas por aspersão, com bom potencial de produção.

SOLOS COM MÉDIOS REQUERIMENTOS DE NITRO-


GÊNIO = Média resposta esperada á aplicação de nitrogênio

• Solos muito ácidos e que serão corrigidos com calcário gradu-


almente
• Solos onde se espera a mineralização do nitrogênio do solo
devido a sua correção.
• Solos com plantio anterior esporádico de leguminosas, como
rotação com soja
• Solos arenosos onde a decomposição da matéria orgânica
fresca (pastagens ou adubações verdes incorporadas ao
solo) é muito rápida.

116
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

■ Solos argilosos , com boa retenção de nutrientes,


• Solos em pousio por somente um ano
■ Uso de moderada quantidade de adubos orgânicos
• Cultivo de leguminosas no outono e inverno, quando há baixa
atividade simbiótica. Deve-se fazer a inoculação e médio
fornecimento de N.

SOLOS COM BAIXOS REQUERIMENTOS DE NITRO-


GÊNIO = Baixa resposta esperada á aplicação de nitrogênio

■ Solos com cultivas intensivos de leguminosas ou adubos ver-


des, antes do cultivo a ser implantado.
■ Solos em descanso {pousio) prolongado, por dois ou mais a-
nos ou áreas recém desmatadas e que receberam calcário
recentemente.
■ Áreas com usos frequentes de adubos orgânicos, em quanti-
dades elevadas. No cultivo de verão, a inoculação das se-
mentes de leguminosas dispensa a adubação nitrogenada.

Considerações importantes:

• O excesso de nitrogênio pode causar desequilíbrio nutricio-


nal na planta, favorecendo o ataque de pragas e patóge-
nos e prejudicando a qualidade dos frutos. A adubação or-
gânica localizada em sulcos ou covas é mais eficiente em
relação à distribuição à lanço, para culturas como a cenou-
ra e couve-flor.

• O aumento dos teores de matéria orgarnca, CTC, fósforo,


potássio, cálcio, magnésio, pH e saturação em bases,
permitem obter um elevado grau de fertilidade no sistema
orgânico.

■ O manejo orgânico do solo permite estabelecer característi-


cas químicas que viabilizam tecnicamente esse sistema
produtivo (Souza, 1998).

117
Sílvio Roberto Penteado

Tabela 16: Dosagens de nitrogênio sugeridas (kg/ha), em fun-


ção da exigência da cultura , condição do solo e produtividade
esperada (Adaptada de diversos autores) .

Alto re- Médio re- Baixo


CULTURA Plantio queri- querimen- reque-
Kg/ha mento to de N - rimento
de N- kg N/ha de N
kg N/ha N/ha
Arroz 10 40 a 60 40 20
Arroz irrigado 10- 30 60 a 100 70 40
Aveia 20 -30 20 a 40 O -20 o
Milho 10 a 30 40 a 140 20 a 110 O a 40
Sorgo 20 a 60 · 40 a 90 20 a 70 10 a 40
Trigo 20 a 30 20 a 40 O a 20 o
Algodão 10 40 a 70 30 a 50 15 a 30
Abacaxi 500 a 400 300
600
Banana 430 a 270 a 350 120 a
500 190
Frutas de caro- 180 a 150 a 180 90 a 100
ço 240
Nêspera 120 90 60
Figo 280 210 140
Maçã 240 180 120
Caqui Taninoso 140 110 70
Goiaba 140 a 100 a 120 80
160
Mamão 160 120 90
Maracujá 120 a 80 a 100 40 a 60
140
Uva fina 300 250 200
Uva rústica 230 180 135
Alho 20 60 a 80 40 a 70 20 a 40

118
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 16: Dosagens de nitrogênio sugeridas (kg/ha),

Alto Médio Baixo


Plantio reque- reque- requeri-
CULTURA Kg/ha rimento rimento mento de N
de N- de N- kg N/ha
kg N/ha kg N/ha
Abobrinha 40 150 120 100
Abóbora, pepino
Alface, escarola, 40 90 75 60
rúcula
Berinjela, jiló, pi- 40 120 100 80
mentão
Beterraba, cenou- 20 120 90 60
ra, nabo, rabanete
e salsa
Brócolos, couve- 60 200 100 15
flor e repolho
Cebola-mudas 30 60 45 30
Melão, melancia 30 100 75 50
Morango 40 180
Tomate 60 300 250 200
Amendoim o o o o
Feijão Oa 10 o o o
Soja- o o o o
primavera/verão
Soja- outo- 50 o o o
no/inverno
Batata 40 a 80 80 60 40
Batata-doce 20 30 o o
lnhame o 20 o o
Mandioca o 40 20 o
Mandioquinha o 60 50 40
Cana de açúcar 30 100 a 80 60
120

119
Sílvio Roberto Penteado

Para as culturas perenes a adubação nitrogenada deve


ser calculada em função dos teores de N nas folhas, nas condi-
ções do solo, na adubação anterior, na idade das plantas e na
produtividade esperada.

Tabela 17: Teores de nitrogênio e demais nutrientes, contidos


nos principais adubos orgânicos, utilizados no sistema orgâni-
co (teor na matéria seca).

MATERIAL C/N % % ºlo % %Mg


N P2O5 K20 Ca
Torta de 10/1 5,5 1,99 1,44 5,39 0,59
mamona
Compostos 13 a 1,70 a 1,2 a 0,4 a 6,0 0,56
orgânicos 18 2,25 1,6 1,5
Esterco de 32/1 0,6 a 0,68 2, 11
bovinos 1,6
Esterco de 11 /1 2,0 a 1,29 a 1,0 a 5,1 2 0,47
postura 2,30 2,0 1,70
Cama de 12 a 1,5 1,0 0,7
frango 15/1
Esterco de 16/1 0,5 0,3 0,4
suínos
Feijão de 19/1 2,73 0,57 2,11 2,58 0,40
porco
Mucuna preta 22/1 2,83 0,61 2,05 1,28 0,31
Palha de café 20/1 1,78 0,14 3,75 O, 11 ,13
Húmus de 11/1 0,76 1,24 1,84 1, 18 0,40
minhoca
Palha de a- 72/1 0,60 0,33 1,91
veia
Esterco de 18/1 0,5 0,3 0,80
equinos
Torta de cana 20/1 2,19 2,32 1,54
Crotalária 26/1 2,01 0,36 2,43 1,43 0,44
juncea

120
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

1. SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS

NITROGÊNIO: A planta tem


crescimento reduzido, as folhas
mais velhas ficam com colora-
ção verde amareladas, pálidas.
Se a falta persistir, toda planta
mostrará estes sintomas, redu-
ção do tamanho dos folíolos,
nervuras mostrando coloração
púrpura. Os botões flora is ama-
relecem e caem e
os ramos caulinares ficam a-
vermelha~os.

FÓSFORO: Por ter alta mobilidade


dentro da planta, assim como o nitro-
gênio e o potássio, os sintomas apare-
cem primeiro em folhas velhas. As plan-
tas sofrem redução no crescimento já
nos primeiros estágios vegetativos. As
folhas mais velhas tem coloração arro-
xeada, Persistindo a falta, as folhas a-
presentam áreas roxo-amarronzadas
que evoluem para necroses (morte dos
tecidos). Há presença de pontuações
j

necróticas. Essas folhas caem prematu-


ras, e a planta retarda a sua frutificação.
POTÁSSIO: Cresci-
mento lento das plan-
tas. As folhas novas
afilam e as velhas
mostram uma clorose
(vermelhão /amarelão)
das margens, com o
aspecto de "V inverti-
do" progredindo em
direção ao centro da
folha. Num estágio
mais avançado ocorre
a necrose das bordas.
Podem surgir áreas
alaranjadas e brilhan-
tes nas folhas.
121
Silvio Roberto Penteado

2 ,SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS


MAGNÉSIO: Por ser altamente
móvel, aparece em folhas ve-
lhas.- Inicia-se com manchas
amareladas entre as nervuras
(clorose internerval), que per-
manecem verdes. No estágio
mais avançado as manchas se
unem, formam-se outras muito
maiores e ocorre o secamento
da margem das folhas, próximo
à base da folha.

ENXOFRE: Como tem baixa mobilidade


na planta, os sintomas aparecem primei-
ro nas folhas novas (ao contrário do ni-
trogênio que ocorre nas folhas velhas).
Eles são caracterizados inicialmente por
coloração verde clara uniforme, nas fo-
lhas e brotos, que progride para amare-
lecimento e/ou avermelhamento unifor-
me de todo o limbo foliar. As plantas de-
ficientes geralmente apresentam o caule
lenhoso, duro e de pequeno diâmetro.

BORO: Os sintomas surgem nas folhas novas, com intensa cloro-


se e em seguida de secamento das margens, com o "V invertido",
sendo porém, mais intenso nas folhas novas.
No estádio final, observa-se seca do ponteiro e morte descendente
dos ramos e brotos. Em frutos, como no tomate, as paredes dos
tecidos tornam-se deprimidos e os lóculos se abrem.

122
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

3,SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS

ZINCO: Os sintomas típicos surgem nas folhas mais novas, que


se tornam muito pequenas, entrenós curtos e a formação de
"rosetas" de folhas. A deficiência de zinco produz a redução do
tamanho e a deformação das folhas. Afeta o crescimento vege-
tal, o alongamento do caule e a expansão foliar.

COBRE: Ocorre inicialmente nas folhas mais novas. A carência


altera a tonalidade das folhas, tornando-as verde-azuladas, defor-
madas e com as margens cloróticas voltadas para baixo. Ocorrem
folhas grandes e com excreção de goma e ramos tortos, com perda
de lignificação. Nos cereais, a extremidade da folha se torna bran-
ca e pode cair.

123
Silvio Roberto Penteado

4, SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS

MANGANÊS: A deficiência de manganês


provoca clorose intervenal, isto é, a forma-
ção de áreas cloróticas entre as nervuras
com coloração verde escuras. Por ter baixa
mobilidade, os sintomas ocorrem inicial-
mente nas folhas novas. Ocorre também o
enrolamento e queda de folhas e apareci-
mento de pontos necróticos espalhados nas
folhas. Esses sintomas são parecidos com
os que ocorrem na carência de ferro, porém
nesse caso, o reticulado é fino.

MOLIBDÊNIO: Origina nas folhas


mais novas. Surgem manchas
cloróticas entre as nervuras se-
cundárias ( intervenhais) seguidas
de necrose marginal e enrolamen-
to foliar, interferindo na frutifica-
ção. Ocorrem zonas necróticas na
ponta das folhas, que se estendem
aos bordos. A folha morre, com
queda prematura.

FERRO: Devido a sua baixa mobili-


dade, inicialmente os sintomas apa-
recem nas zonas mais jovens das
plantas. A carência provoca ampla
clorose em todo tecido foliar (amare-
lecimento das folhas novas) em que
as nervuras permanecem verdes. Há
uma redução do crescimento vege-
tal, inibição do desenvolvimento de
primórdios foliares. Sua falta interfe-
re na produção da clorofila pela
planta. Atua na fixação do nitrogênio
o rroc:rimontn tin trnnrn o r:::aÍ7oc:

(Textos e fotos adaptados da Embrapa/Hortaliças e RR-Agroflorestal - Dezembro/2016)

124
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 16

RECOMENDAÇÃO DO FÓSFORO (P)


A s quantidades a serem aplicadas dependem dos teores
de fósforo do solo, determinados pela análise do solo, da prod u-
tividade esperada e o tipo de cultura . A análise do solo e foliar,
considerando a produtividade da cultura , são dados importantes
para a determinação da quantidade a ser aplicada . Há quatro
grupos de culturas, com exigências crescentes de maior dispo-
nibilidade de fósforo, com diferentes teores médios:
• Reflorestamentos e cultivas florestais (6-8),
• Plantas perenes (13-30),
• Cultivas anuais (16-40)
• Hortaliças (26-60).

Deve ser considerado que os solos apresentam um acú-


mulo residual de fósforo, pelas aplicações sucessivas de fosfato.
De outro lado, geralmente a exportação de fósforo através da
planta é geralmente muito pequena. Por exemplo, para produzir
20-24 t/ha de pêssegos, uma planta exporta apenas 5,1 kg de
fósforo.
O fósforo disponível no solo para as plantas pode variar e
ser bem maior que o apresentado pelo laboratório de análise,
pois dependendo das condições biológicas, o fungo Aspergillus
niger tem capacidade extratora de fósforo de solo, 30 vezes su-
perior aos ácidos extratores usados nos laboratórios.
As principais formas de fósforo para o sistema orgânico
são:

• Farinha de ossos calcinada. Termofosfatos (semi solúveis);


• Fosfatos naturais (baixa reatividade): Fosfato de Araxá , Patos,
Catalão, Abaité etc.;
• Fosfatos naturais (alta reatividade) : Gafsa, Arad, Atifós, etc.;
• Escórias (sem metais pesados);

125
Sílvio Roberto Penteado

Para a escolha da fonte, devem-se considerar a disponi-


bilidade do nutriente , o custo do adubo e a necessidade de ou-
tros nutrientes que ele pode conter, como cálcio, magnésio, en-
xofre e micronutrientes. Fosfatos naturais reativos podem ser
utilizados para a correção do solo na implantação do sistema
orgânico ou de plantio direto, sendo adubos poucos solúveis e
sujeitos a fixação no solo.

Os teores em fósforo das principais fontes de fósforo


para o cultivo orgânico são: fosfatos naturais (24% P20s),
Farinha de ossos, termofosfatos (17%) e Hiperfosfato em pó
ou esfarelado (30%), sendo este último de alta reatividade. É
proibido no sistema orgânico o emprego de Supersimples,
Superfosfato Triplo, MAP e DAP.

Para solos originalmente pobres em fósforo, com elevada


capacidade de fixação deste elemento, como no cerrado, devem
ser preferidos inicialmente (na introdução do sistema) os adubos
fosfatados mais solúveis e menos sujeitos a fixação e que con-
tenham outros nutrientes necessários. Na fase de transição para
a agricultura orgânica, nestes solos de baixa disponibilidade de
fósforo e de outros nutrientes como cálcio, magnésio e enxofre,
fontes menos solúveis (fosfatos naturais, farinha de osso etc.)
poderiam ser misturadas com outras mais solúveis, como o ter-
mofosfatos.

As vantagens dos fósforos pouco solúveis são:


Com menor solubilidade, o fósforo é liberado lentamente
para o solo, havendo com isto menor disponibilidade de fósforo
no solo por unidade de tempo, ficando mais protegido de fixação
pelo ferro e alumínio.
Ocorrendo uma solubilização lenta, a absorção é gradual
pela planta, permitindo a completa metabolização desse nutrien-
te. Fornecem também elementos essenciais: cálcio e enxofre,
caso do Supersimples. São menos ácidos e não afetam a fauna
e a flora, fornecendo P e Ca como fonte alimentar para fungos e
bactérias benéficas.
Considerações sobre o fósforo: O fósforo é muito defi-
ciente nos solos brasileiros, por esta razão no início do processo
produtivo, em terras novas e pouco adubadas, há geralmente

126
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

necessidade de fazer um aporte de fósforo , com fontes de média


e baixa solubilidade. No manejo orgânico contínuo é elevada a
disponibilidade em formas solúveis, pois a matéria orgânica libe-
ra ácidos orgânicos que solubilizam ou tornam o fósforo disponí-
vel às plantas.
Geralmente os resultados de análise de solo não a-
presentam o fósforo que se encontra fixado que são nor-
malmente mineralizados pelos microrganismos.
O termofosfato e os fosfatos naturais são mais eficientes
se incorporados na forma de pó finos e incorporados em solos
ácidos, junto com elevada quantidade de matéria orgânica, cer-
ca de 30 dias antes da correção com calcário. Deve-se atentar
para a possibilidade de contaminação por metais pesados quan-
do do uso de escórias ou mesmo pó de rocha, preferindo sem-
pre fontes comprovadamente isentas de contaminações indese-
jáveis.

Correção do solo com fósforo.


A adubação corretiva de fósforo é geralmente indicada
para solos novos ou quando pouco adubados. Também é justifi-
cável para solos muito deficientes em fósforo, quando serão im-
plantadas culturas de alto valor econômico. A quantidade a apli-
car para atingir teores elevados é maior em solos argilosos do
que nos arenosos.

Em terrenos com adubações constantes contendo o e-


lemento fósforo, os teores de P tendem a acumular-se, porque é
um mineral de elevado efeito residual, tendo elevada fixação e
baixas perdas no solo. Por esta razão, por ser um elemento i-
móvel no solo, de baixa mobilidade para a região radicular, na
adubação o fósforo deverá ser colocado dentro do solo, em sul-
cos ou covas.

O fósforo aplicado na forma de termofosfatos e fosfatos


naturais têm maior eficiência quando incorporados aos solos á-
cidos. Por esta razão, recomenda-se a fosfatagem antes da ca-
lagem, utilizando os fosfatos naturais, na forma de pó muito fino,
de alta reatividade. A aplicação de elevadas quantidades de ma-
téria orgânica antes ou junto com o fosfato natural é favorável,
para melhorar a liberação do nutriente fósforo para as plantas.

127
Sílvio Roberto Penteado

O uso de fosfato de rocha , utilizado para o enriquecimen-


to do composto orgânico, conduz á obtenção de matéria orgâni-
ca com maiores teores de fósforo , cálcio e zinco. A incorporação
de fosfato de Araxá na compostagem é de 6 kg m3 , se conside-
rarmos uma adubação orgânica de 30 toneladas por hectare,
equivale a uma fosfatagem de 1.000 kg/ha , acrescida ao fato do
fosfato ser levado ao solo na forma pré solubilizada.

Tabela 18: Teores de nutrientes das principais fontes de fósfo-


ro para o sistema orqârnco
%
MATERIAL % P2O5- ºlo % % O8S.
P2O5 solúvel N K20 Mg
total Acido
Cítrico

Fosfato Natu- 23 a 33 4 Baixa


ral moído reativi-
dade

Termofosfato 17 4 7% Yoorin

Hiperfosfato 30 12 natural
em pó impor-
tado
Farinha de 20 1,5 produto
ossos calei-
nado
Farinha de 6,0 4,0
peixe

Torta de cana 2,32 2,1 1,54


9

Teor Ideal de fósforo no solo( Zimmer 2.000): 50 ppm solúvel


Teor Considerado Mínimo de Fósforo no solo: 25 ppm

128
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 19: Sugestão de teores de fósforo para o cálculo das


quantidades a aplicar, dentro dos padrões de equilíbrio de ba-
s~s. atendendo as exigências das principais culturas comerci-
ais.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4


Refio resta- Plantas Cultivos Hortaliças
mento Perenes Anuais
15 a 25 50 a 60
mg/dm 3 30 mg/dm 3
40mg/dm 3
mg/dm 3
=ppm = ppm =ppm = ppm
Seringueira Abacate Algodão Abóbora
Pupunha Acerola Amendoim Alcachofra
Refloresta- Abacaxi Arroz Alface
mento Citros Cana - forma- Alho
Eucalipto Adubos ver- ção Chicória
Forrageiras des Feijão Batata
Mamona Café Mandioquinha Berinjela
lnhame Limão Mandioca Beterraba
Batata-doce Maçã lnhame Cenoura
Maracujá Soja Brócolos
Frutas de Milho Cebola
caroço Trigo, sorgo Melão
Cacau Girassol Melancia
Banana Cana - soca Quiabo
Goiaba Forrageiras- Rúcula
Figo nova Tomate
Manga Grão-de-bico Morango
Mamão, Uva
As culturas da batata-doce, mandioca e inhame dispensam as
adubações, caso as culturas forem feitas em rotação ou con-
sorciadas com outras culturas adubadas.

A adubação corretiva de fósforo é geralmente indicada


para solos novos ou pouco adubados, ou então, para solos mui-
to deficientes, em culturas de alto valor econômico. A incorpora-
ção de fósforo na compostagem é uma boa opção de fornecer o
nutriente para a planta.

129
Silvio Roberto Penteado

SUGESTÕES DE EMPREGO

Fosfato Natural com baixa reatividade

Utilizado de forma adequada traz muitas vantagens ao produtor;


Quando a terra tem teor baixo de fósforo podemos aplicar na
palha até 600 kg de fosfato natural como Araxá ou 400 kg de
Yoorin por ha. Além de melhorar o teor de fósforo, isso favorece
a fixação do nitrogênio atmosférico por processo fotoquímico na-
tural. Esse processo quase miraculoso foi descoberto por
Dr.N.R.Dhar, sábio indiano. A fixação do nitrogênio pode atingir
mais de 100 kg de N elementar por hectare/ ano, desde que ha-
ja umidade suficiente.

O que é o Fosfato Natural Reativo?


--.-- - - - - - -..= -- --- - --- ~

É um fosfato de origem sedimentar e orgânico, formado pe-


la deposição e posterior decomposição de restos de ani-
mais marinhos, sendo proveniente da região de Marrocos.

Quais são as vantagens do seu emprego?:


-- - --= - ~..:::;.r..: ____ - - --- - - - -- -~---- --- -

Possui elevada superfície específica, macio e poroso, conferindo


maior contato com a solução do solo e permitindo a liberação do
fósforo às plantas com maior intensidade. Esse efeito caracteri-
za a alta reatividade do produto;
Fornece fósforo e cálcio em grandes quantidades às culturas;
Liberação gradual e progressiva do fósforo - efeito residual;
Proporciona menor fixação do fósforo pelo solo;
Não empedra;
Produto farelado, fácil manuseio e uniformidade na aplicação;
Alta densidade diminui a perda por deriva;
Não há incompatibilidade com outros produtos;
Pode ser utilizado em diversas formulações;
Alto teor de fósforo;
Contribui para a correção da acidez do solo.

Fonte: Fertilzaantes Heringer/2019

130
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 17

RECOMENDAÇÃO DO POTÁSSIO (K)

O potássio é o nutriente de maior requerimento pelas


plantas depois do nitrogênio. É um elemento muito importante
no processo de frutificação e na defesa natural das plantas. As
fases de maior exigência para as plantas estão no plantio e na
fase final de desenvolvimento e frutificação. É um nutriente que
ativa as reações enzimáticas e funções fisiológicas das plantas.
Aumenta a resistência a pragas e doenças, ao frio e ajuda na
economia de água, e melhora a qualidade dos frutos. A mistura
do Sulfato de Potássio tem efeito favorável para a nutrição e for-
talecimento da planta contra o ataque de patógenos, causadores
de doenças, principalmente na fase de pós-colheita dos frutos.

As principais fontes de potássio são: Fontes natu-


rais: cinzas vegetais, resíduos (cascas de café), culturas re-
cicladoras de potássio (aveia preta), granito, basalto, etc.
Sulfato de potássio (tolerado), caso as outras fontes não
supram as necessidades.
A determinação da quantidade a aplicar de potássio de-
verá ser baseada na análise do solo e foliar. Ao contrário do fós-
foro, nossos solos tem geralmente teores médios de potássio,
superior a 60 ppm, o que representa 120 kg/ha deste nutriente
numa profundidade de 20 cm, suficientes para as necessidades
de algumas culturas.
Em muitos solos, apesar da boa disponibilidade de po-
tássio, há excesso de magnésio, tornando a relação Mg/K muito
alta , prejudicando a absorção de potássio. Neste caso , é reco-
mendado a aplicação de potássio, mesmo que o solo esteja em
teor suficiente. A presença de cálcio no solo, principalmente com
a aplicação o calcário calcítico, melhora o desempenho do po-
tássio. O cálcio reduz o efeito salino do potássio. Na avaliação
da sua disponibilidade no terreno, devemos considerar a análise

131
Sílvio Roberto Penteado

do solo e análise foliar. A produtividade esperada é muito impor-


tante, pois reflete a extração do nutriente pela cultura e a remo-
ção pela colheita. Desta forma, a cultura do tomateiro é mais e-
xigente em potássio no solo, do que a cultura do arroz ou abaca-
te (ver tabela abaixo). O excesso na adubação potássica é pre-
judicial, como ocorre com o nitrogênio, sendo igualmente arras-
tado pelas chuvas , notadamente em solos arenosos. Devido a
estes riscos, sem solos deficientes de potássio, com aplicação
de Sulfato de Potássio, não são recomendados mais de 60
kg/ha de K2 0 no sulco de plantio, devendo parte ser aplicado
depois em cobertura.

Fatores que podem afetar a adubação potássica:


■ Argila do solo: Os tipos e quantidades de minerais de argila
podem influenciar na retenção e disponibilidade de potássio no
solo.
■ Condições do solo e clima: A má estrutura, compactação e
excesso ou falta de água. No solo seco, há baixo movimento do
K e atividades das raízes. Baixas temperaturas reduzem a dis-
ponibilidade de K e sua absorção pelas raízes.
■ Cultivares e Híbridos exigentes em: São plantas melhoradas
para altas produtividades, adaptadas às elevadas exigências em
K.
■ Manejo: Ocorrem maiores necessidades de K, quando: há al-
tas populações e baixo espaçamento de plantas, irrigação, ma-
nejo dos resíduos vegetais, etc.

As épocas recomendadas de aplicação do potássio são:


Q) Antes do início da floração e brotação.
Q) Aplicar no período chuvoso, de forma parcelada, uma vez
que as chuvas lavam o potássio do solo e da planta.
Q) Os solos com excessiva umidade são inibidos de absorver K
e Mg, devem ser aplicados fertilizante á base de K (como
cinzas) e também na forma de Mg.
Q) O fornecimento de potássio deve coincidir com a aplicação
de nitrogênio, uma vez que o excesso de N, afeta a absorção
do potássio. Este ajuste da relação N/K é importante dentro
do conceito trofobiótico.

132
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

(!)Pelas razões acima, a aplicação de potássio deve ser feita


nos períodos de roçada do adubo verde (leguminosa) , quan-
do ocorre maior liberação de nitrogênio no solo.
C) O gesso tem que ser usado em pequenas quantidades, pois
podem causar a lixiviação de bases como o potássio e o cál-
cio.

DADOS IMPORTANTES:

Conversão do K em ppm para mmolc / dm3 = K (mmolc/ dm3)


= K (ppm) / 39 ou K (mg)/390

Teores ideais de Potássio: 3 a 5% na CTC ( Zimmer 2.000)

Fontes de Potássio para o sistema orgânico


• Naturais: cinzas vegetais, resíduos (cascas de café), culturas
recicladoras de potássio (aveia preta) , etc.
• Minerais: *sulfato de potássio, *sulfato duplo de potássio e
magnésio, granito e basalto (*comunicar uso para certificadora).
Obs. É proibido emprego de Salitre do Chile, Nitrato ou Cloreto
de Potássio.

Considerações importantes: Como fonte de potássio


pode empregar as cinzas de madeira, restos de palha de café e
os adubos potássicos, como sulfato de potássio, sulfato duplo de
potássio e magnésio, este de origem mineral natural. No caso de
fruteiras, além do calcário na superfície deve ser colocado calcá-
rio na cova de plantio, porém convém misturar primeiro com a
terra e a seguir os adubos. Após a mistura, a terra preparada
deve ser colocada de volta para a cova e sinalizado o local com
um bambu.

É muito importante o conhecimento de que as plan-


tas absorvem os nutrientes na forma mineral. Todos os nu-
trientes da matéria orgânica, com exceção do potássio, es-
tão na forma orgânica.

Para que sejam aproveitados pelas plantas é necessário


que haja a decomposição da matéria orgânica, ou seja, a sua
mineralização, isto é, a passagem da forma orgânica para mine-

133
I

Sílvio Roberto Penteado

ral. Essa transformação ou conversão para a forma mineral o-


corre de forma vagarosa, o que explica a lenta liberação dos nu-
trientes orgânicos no solo. Por esta razão , é que a adubação or-
gânica requer grandes quantidades de matérias-primas. As per-
das de nutrientes na forma orgânica são baixas, havendo a dis-
ponibilidade de nutrientes por maior período para as plantas.

Tabela 20: Principais fontes de potássio para o sistema orgânico

MATERIAL C/N %K20 N P2O5 Ca Mg s


*Sulfato de 48 15 a
potássio 17%
*Sulfato 18 22-
de K e Mg 24%
Cinzas de 0,03%
madeira
Palha de 20/1 3,75 1,78 0,14 O, 11 0,13
café
Húmus de 11/1 1,84 0,76 1,24 1, 18 0,40
minhoca
Esterco de 32/1 2, 11 0,6 0,68
bovinos a
1,6
Palha de 72/1 1,91 0,60 0,33
Aveia
Esterco de 18/1 0,80 0,5 0,3
equinos
Crotalária 26/1 2,43 2,01 0,36 1,43 0,44
juncea
..
- da cert1f1cadora- **(limite de 1.500 kg/ha),
*A utonzaçao

O pot_ássio contido no adubo ~rgânico é disponível para as plan-


tas diferentemente dos demais nutrientes que precisam ser mi-
neralizados pelos microrganismos no solo.

134
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 21: Sugestão de teores de Potássio, para o cálculo das


quantidades a aplicar, dentro dos padrões de equilíbrio de bases
e exigências culturas.

Seringueira; pupunha;
Grupo 1 forrageiras; mamona;
lnhame
1,5a2,0%Kna batata-doce; mandioca.
CTC
Arroz ;mandioquinha;
Grupo 2 lnhame; limão; abacate ;citros;
grão-de-bico; adubos verdes; café.
2,5 a 3 % K na CTC
Acerola; abacaxi;
Grupo 3 banana; goiaba; figo; manga; mamão;
alho; chicória; soja; milho
trigo; sorgo; girassol;
3 a 4,0 % K cana soca ;cacau; abóbora; alcachofra;
naCTC alface; rúcula ;batata; berinjela; beter-
raba; cenoura;
brócolos; couve-flor;
cebola; melão; melancia; quiabo;
amendoim; feijão.

Grupo 4 Algodão; cana nova; maçã; frutas de


caroço; tomate; maracujá; morango;
4 a 6% K na CTC uva, reflorestamento.

*As culturas da batata-doce, mandioca e inhame dispensam as


adubações, caso as culturas forem feitas em rotação ou consor-
ciadas com outras culturas adubadas.

As fases de maior exigência do potássio para as plantas estão


no plantio e na fase final de desenvolvimento e frutificação. Ele
atua nas reações enzimáticas e funções fisiológicas das plantas.
Aumenta a resistência a pragas e doenças, ao frio e ajuda na
economia de água, e melhora a qualidade dos frutos.

135
Sílvio Roberto Penteado

Ciclo do Potássio

. \í- -• • •

Ili r •

lici.,i,ção .

Fonte:aagrolink,com.br

O potássio é o nutriente mais extraído, para muitas culturas co-


mo pela macieira ou pelo tomateiro. A deficiência de potássio
torna lento o crescimento das plantas; as folhas novas afilam e
as velhas apresentam amarelecimento das bordas, tornando-se
amarronzadas e necrosadas

O amarelecimento geralmente progride das bordas para o centro


das folhas. Ocasionalmente verifica-se o aparecimento de áreas
alaranjadas e brilhantes. A falta de firmeza dos frutos, em muitos
casos, é também devida à deficiência de potássio. O teor de po-
tássio no solo, a taxa de lixiviação, a calagem excessiva ou a
presença de altos teores de cálcio, magnésio e amônia no solo
afetam a disponibilidade de potássio para a planta. A correção
pode ser feita com a adubação em cobertura de sulfato ou clore-
to de potássio, seguida de irrigação.(Embrapa Hortaliças_

136
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 18

RECOMENDAÇÃO DO ENXOFRE (S)

Nutriente essencial na formação das proteínas promove


o aproveitamento do nitrogênio pelas plantas, sendo que para
cada nove partes de nitrogênio, exige a presença de uma parte
de enxofre. Dessa forma, a sua deficiência provoca a falta de
nitrogênio na planta.

O enxofre estimula a formação das sementes e favo-


rece o crescimento vigoroso das plantas. Ao contrário do
nitrogênio que quando deficiente, apresenta clorose uni-
forme nas folhas, a falta de enxofre mostra os sintomas so-
mente nas folhas mais novas, ou seja, nos brotos, ficando
os caules mais compridos e moles, e o crescimento da plan-
ta é afetado.

Nos solos que no passado receberam aplicações altas


de sulfatos, a deficiência de enxofre não se revela facilmente,
pois pode haver acúmulo do nutriente no subsolo. O teor ade-
quado de enxofre no solo é de 20 a 25 ppm. É um nutriente im-
portante para as plantas.

O enxofre para se tornar disponível para as plantas pre-


cisa passar pelo processo de mineralização, pois no solo ele se
encontra em maior quantidade na forma orgânica. Ele é absorvi-
do nas formas de aminoácido, enxofre elementar e sulfato
(SO4), principalmente. Apesar da extração de enxofre ser pe-
quena para muitas plantas, a sua aplicação é geralmente neces-
sária para solos de exploração recente ou pouco adubados, de-
pendendo da produtividade esperada.

A maior parte das culturas, exigem de 1O a 30 kg/ha, no


entanto, outras mais exigentes, como: feijão, couve-flor, bróco-
los, repolho, café, soja, sorgo, trigo, milho e arroz. Para estas
culturas, fazer a correção, utilizando adubos contendo enxofre

137
Sílvio Roberto Penteado

no plantio ou em cobertura , fornecendo entorno de 20 a 40 kg/


ha de enxofre/ha, conforme o CÁLCULO DE EQUILÍBRIO DE
BASES.
Nas tabelas apresentadas, extraídas da publicação do
Boletim 100 do Instituto Agronômico de Campinas, a recomen-
dação de enxofre não está ligada diretamente à análise do solo,
mas apresentam boa resposta quando utilizamos para prever
sua necessidade no solo.

Tabela 22: Culturas com maiores exigências quanto á presença


do nutriente enxofre (S) (mg/dm 3 = ppm de solo) e recomenda-
ção de correção.

PRODUÇAO ALTA
CULTURA NORMAL PRODUTIVIDA-
> 10 DE
mg/dm =pp 15 a 25 mg/dm3 =
3

mS ppmS
kg/ha kg/ha

Arroz, Melão, Melancia, 20


Ervilha, Girassol
Algodão, Aveia, Milho, 20 40
Sorgo, Trigo, Tomate
Banana 30
Berinjela, Jiló, Pimenta e 10 30
Pimentão
Brocolo, Couve-flor, Re- 30 60
polho
Cebola 30 50
Feijão 20 30
Soja 15 kg/t de
grãos

Obs. Para as demais culturas, teores no solo acima de 1o


mg/dm3 é geralmente dispensável a correção com enxofre.

138
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 23: Teores das principais fontes de enxofre para o sis-


tema orgânico

MATERIAL S¾ g S / kg de OBSERVAÇÕES
produto
Sulfato de cál- 13 130 16% de Cálcio.
cio= gesso Inclui o fosfogesso
Enxofre 95 950 Flor de enxofre ou
enxofre elementar.
*

Sulfato de po- 15 a 17 150 a 170 45% de K2O


tássio
Sulfato de K e 22 a 24 220 a 240 18% de K2O e 7%
Mg deMgO
Sulfato de 12 a 14 120 a 140 9% de Mg - Aplica-
Magnésio ção foliar

Sulfato de cál- 13 130 16% de Ca.


cio= gesso Inclui o fosfogesso

Enxofre 95 950 Flor de enxofre ou


enxofre elementar.
*
Sulfato de po- 15 a 17 150 a 170 45% K2O
tássio

Sulfato de K e 22 a 24 220 a 240 18% K2O e 7% de


Mg MgO

Sulfato de 12 a 14 120 a 140 9% de Mg - Aplica-


Magnésio ção foliar

*Há risco de acidificação do solo, pois 32 kg de S, necessitam


de 100 de CaCO3 para neutralizar a acidez produzida.

139
Silvio Roberto Penteado

EMPREGO DO GESSO AGRÍCOLA

O gesso agrícola poderá ser utilizado para reduzir a satu-


ração de alumínio tóxico, fornecer cálcio e enxofre e melhorar as
condições do subsolo para as raízes das plantas. O gesso in-
dustrial é aquoso de difícil aplicação, sendo por esta razão, mais
utilizado o gesso natural calcinado, por ser de fácil transporte e
manuseio.
A aplicação do gesso poderá ser feita junto com o calcá-
rio, podendo ser aplicado sobre o solo, pois é um produto solú-
vel. Não substituir o calcário pelo gesso. Repetir somente depois
de três anos, devido seu efeito residual.
O gesso poderá ser empregado com os seguintes objeti-
vos:

Fonte de enxofre (12% de S): Aplicação á lanço de 600


a 1.000 kg/ha, tendo efeito residual por dois a três anos.

Fonte de cálcio: Utilizado na cultura do amendoim 300 a


500 kg/ha. Na cultura da batata orgânica, para cultivares como
Aracy e Baraka, recomenda-se aplicar gesso como fonte de cál-
cio, até 2 t/ha.

Reduzir a saturação de alumínio do subsolo: A aplica-


ção de gesso é recomendável quando a saturação em alumínio
do subsolo (20 a 40 cm) está acima de 40% e a saturação em
cálcio abaixo de 4 mmolc/dm3 •

A quantidade a aplicar depende da textura, sendo que


aqueles com maior teor de argila devem receber maior quanti-
dade de gesso. Dosagens: 1 a 2 t/ha em solos arenosos; 2 a 3
t/ha em solos médios e 3 a 4 t/ha em solos argilosos (com mais
de 30% de argila).

GESSAGEM: Necessidade de gessagem da subsuperfície


Quanto: Gesso (kg/ ha) = 6 x argila (g / kg) ou 60 x argila (%)

140
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

as
CAPITULO 19

i
l 1 RECOMENDAÇÃO DO ZINCO (Zn)

O zinco é um nutriente essencial para a síntese de


hormônios reguladores do crescimento. Muitas das reações en-
zimáticas e metabólicas dependem da sua presença. O zinco é
um dos elementos que apresentam maior deficiência nos solos
brasileiros, sendo indispensável para boas produções.
Sua deficiência é caracterizada por apresentar folhas
muito pequenas, entrenós curtos e a formação de "rosetas" de
folhas, retardando o crescimento da planta , inclusive na produ-
ção de clorofila. Os teores considerados adequados para o sis-
a tema orgânica estão de 4 a 5 mg/dm 3 ou seja de 4 a 5 ppm no
o solo. Geralmente os solos ricos em matéria orgânica, acima de
3,5% apresentam acima de 4 ppm de zinco, sendo dispensável
sua correção.

As plantas apresentam diferentes exigências quanto ao


zinco. Para culturas mais exigentes recomenda-se a aplicação
o
do zinco na cova de plantio. Em fruteiras e outras plantas, pode-
n rá ser feito o monitoramento através da análise foliar, evitando
assim possíveis deficiências.
A melhor forma de aplicação de zinco é no solo, porém
havendo deficiência nas plantas, utiliza-se a aplicação foliar com
sais (sulfato de zinco) ou quelatizado na matéria orgânica (bio-
j
fertilizantes), que deverá ser aplicado de preferência na primave-
ra e verão, no surgimento de novas brotações. No caso de plan-
tios de culturas com maiores exigências em zinco em solos defi-
cientes, com teores abaixo de 1,2 mg/dm 3 , sugerimos a aplica-
ção conforme as indicadas na tabela abaixo.
A correção total, como prevista no Calculo de Equilí-
brios de Bases será dispensada se com a introdução ao sistema
orgânico, forem feitas aplicações elevadas de matéria orgânica,
o que elevará o teor de zinco no solo, tornando-se dispensável
novas correções.

141
Silvio Roberto Penteado

Tabela 24: Culturas com maiores exigências quanto ao nutriente


zinco (Zn) mg/dm 3 solo e recomendação de adubação de manu-
tenção.

CULTURA < 0,6 mg/dm3 0,6 a 1,2


=ppm de Zn mg/dm3
kg/ha =ppm de Zn -
kg/ha

Arroz 3 2
Arroz irrigado, Alho, 5 3
Cebola, Tomate
Aveia, abobrinha, abó-
bora, pepino, aipo, be- 3 o
rinjela, pimentão, jiló,
beterraba, cenoura, ra-
banete, melão, melan-
eia, quiabo, feijão.
Milho, sorgo, trigo, 4 2
mandioca

Trigo irrigado, algodão 3 o


Cacau, acerola 3 g/cova ou 300 g 300 g Sulf.
Sulf. Zinco/100 li- Zinco/100 li-
tros tros
Café * 2 1
Abacate* 500 g Sulf. Zin- 500 g Sulf.
co/100 litros Zinco/100 li-
tros
Banana 5 5
Citros * 2 gim de sulco de 350 g
plantio Sulf.zinco/100
350 g litros
Sulf.zinco/100 litros

142
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 24: Culturas com maiores exigências quanto ao nutriente


zinco (Zn) mg/dm 3 solo e recomendação de adubação de manu-
tençao.
-
CULTURA < 0,6 mg/dm3 0,6 a 1,2
=ppm de Zn mg/dm 3 =ppm
kg/ha de Zn - kg/ha
Figo, maçã, pera, uva, 250 a 300 g Sulf. 250 a 300 g
e morango* Zinco/1 00 litros Sulf. Zinco/100
Goiaba* 3 g/cova de plan-
tio
Manga, maracujá, se- 5 g/cova e 300 g Sulfato de zin-
ringueira* Sulfato de zin- co/100 litros
co/100 litros de água
Soja, cana-de-açúcar 5 o
Q) Fazer análise foliar para verificar necessidade de corre-
ção de deficiências

USO DA CINZA COMO FORNECEDORA DE NUTRIENTES


Determinados setores industriais (olarias, secagem de
grãos, indústrias de calcário, etc.) produzem elevadas quantida-
des de cinzas, resultantes da queima de material vegetal (lenha)
como fonte de energia.

O uso de cinzas na agricultura, além de minimizar o poten-


cial poluente, pode servir como corretivo do solo, tendo entre
outros nutrientes o cálcio e o potássio, podendo favorecer ao
aumento da produtividade das culturas.

Há recomendações de uso no máximo de 1.500 kg de cin-


zas de madeira por hectare/ano.
A cinza de madeira poderá ser bem misturada com água,
deixada em descanso por alguns dias e utilizada para aplicação
foliar.
É importante recomendar que antes de ser utilizada como
corretivo, é importante realizar a análise química para conhecer
a quantidade de nutrientes nela contida e seu potencial correti-
vo, pois a concentração de nutrientes varia de acordo com o tipo
de material vegetal queimado.

143
Sílvio Roberto Penteado

O zinco é fundamental para a nutrição e sanidade das plan-


tas e a melhor forma de aplicação é no solo na forma de sul-
fato de zinco ou outras fontes.

Principais sintomas de deficiência de zinco

Os sintomas de deficiência de zinco manifestam-se nas partes


mais novas da planta, com o encurtamento dos entrenós, ligeira
clorose das folhas, redução do tamanho e deformação das fo-
lhas. excesso de calagem, elevado índice de lixiviação e alta
concentração de fósforo no solo favorecem a deficiência.

A prevenção da deficiência de zinco é feita com a aplicação


de sulfato de zinco, na dosagem de 30 kg/ha, junto com a
adubação de plantio. A correção pode ser feita com pulveri-
zação foliar de sulfato de zinco, A calda viçosa pode ser
uma fonte de zinco para muitas cultura, pois além de favo-
recer a correção da deficiência, pode combater muitos a-
gentes patogênicos.

Principais sintomas de excesso de zinco:

• Não é comum a sua ocorrência em plantas cultivadas em


solos com pH elevado
• é possível em solos ácidos ou solos de origem rochosa
(rico neste nutriente)
• é possível a contaminação por Zn por fontes industriais
ou por aplicação de resíduos orgânicos
• No caso de toxicidade por zinco as folhas apresentam
pigmentação vermelha no pecíolo e nas nervuras, sendo
comum também a clorose pela baixa concentração de
Ferro

144
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 20

RECOMENDAÇÃO DO BORO (B)

O boro é elemento responsável pelo transporte de açúca-


res , formação das paredes celulares e pela germinação do pólen
e formação da semente. Tem importância fundamental no pro-
cesso de florescimento, pegamento das flores e efetiva frutifica-
ção.
É um elemento indispensável para qualquer cultura.
Sua falta ocasiona a morte do broto terminal (gema), das fo-
lhas novas que estão nascendo, surgindo brotações late-
rais, formando um leque.
As folhas são pequenas e deformadas e as sementes
estéreis. As plantas apresentam diferentes exigências quan-
to ao boro. Para culturas mais exigentes recomenda-se a
aplicação do boro na cova de plantio.

Monitoramento: Em fruteiras e outras plantas, poderá


ser feito o monitoramento através da análise foliar, evitando as-
sim possíveis deficiências. O teor de boro considerado adequa-
do para o sistema orgânico é de 1,0 mg/dm 3 ou seja de 1 ppm
no solo. Os solos de cultivo orgânico, ricos em matéria orgânica
4 a 4,5%) apresentam em torno de 0,6 ppm de boro. Os solos
arenosos, pobres em matéria orgânica tem geralmente teores de
boro abaixo de 0,21 mg/dm3 •

Aplicação: O boro poderá ser aplicado com os adubos


de plantio ou pulverizado sobre o solo. A aplicação no solo em
fruteiras temperadas, caso da uva, deve ser feita após a realiza-
ção da poda. A melhor forma de aplicação de boro é no solo,
porém havendo deficiência nas plantas, utiliza-se a aplicação
foliar com bórax ou ácido bórico ou quelatizado na matéria orgâ-
nica (biofertilizantes), que deverá ser aplicado na primavera e
verão, no surgimento de novos fluxos de brotações e no flores-
cimento.

145
Silvio Roberto Penteado

Sendo o boro um elemento fundamental para a poliniza-


ção e pegamento da florada, poderá ser incluído para a aplica-
ção nessas fases iniciais, numa calda cúprica neutra ou leve-
mente alcalina.

A calda viçosa ou uma calda bordalesa pode preparada


com pequenas doses do ácido bórico, favorecendo as plantas e
melhorando o efeito protetor da solução cúprica. No caso de
plantios de culturas com maiores exigências em boro em solos
deficientes, com teores abaixo de 1,2 mg/dm3 , há sugestões pa-
ra a aplicação das quantidades apresentadas na tabela abaixo.

A correção total, como prevista no Cálculo de Equilí-


brios de Bases será dispensada se com a introdução ao sis-
tema orgânico, forem feitas aplicações elevadas de matéria
orgânica, o que elevará o teor de zinco no solo, tornando-se
dispensáveis novas correções.

Tabela 25: Culturas com maiores exigências quanto ao nutriente


boro ( mg/dm3 de solo) e recomendação de manutenção.

CULTURA < 0,21 mg/dm3 0,21 a 0,6


=ppm de Boro mg/dm3 = ppm
kg/ha de Boro - kg/ha
Arroz irrigado, Trigo, 1 o
melancia, melão, quia-
bo, feiião, ·soia
Café* 2 o
Algodão 1 a 1,2 0,5 a 1
Abacate, Acerola, Ci- 1 g/m ou cova 100 g Acido Bó-
tros, Figo, Maçã, Man- 100 g Acido Bóri- rico/100 litros
ga, Maracujá, Uva, Mo- co/100 litros
rango*
Banana 10 g Acido Bórico,
aplicado no rizo-
ma, na época do
desbaste

146
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Tabela 25: Culturas com exigências quanto ao nutriente


boro (B)
< 0,21 mg/dm3 0,21 a 0,6 mg/dm 3
CULTURA =ppm de Boro = ppm de Boro -
kg/ha kg/ha
Alho* 3 3
e
Aipo, tomate* 3 1,5
Abobrinha, abóbo-
ra, pepino, alface, 1 1
almeirão e rúcula,
cebolinha, berinje-
la.
Alcachofra, Ce- 2 1
noura, Nabo, raba-
nete, cebola, bata-
ta, mandioquinha
Beterraba 4 2
Brócolos, couve- 4 3
flor, repolho

Fazer análise foliar para confirmar a necessidade de correção de


deficiência de boro, pois excesso do nutriente pode causar fito-
toxicidade na planta.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O BORO


Segundo vários autores a deficiência de boro geralmente
ocorre em solos alcalinos, com elevado teor de matéria orgâni-
ca. A quantidade de boro necessária à produção de grãos é
sempre maior do que aquela exigida apenas para o crescimento
vegetativo, ou seja, da folhagem.

Aqueles solos muito lixiviados das regiões quentes e ú-


midas têm menores quantidades de micronutrientes do que os
solos de regiões frias e secas. Inúmeros trabalhos indicam a a-
plicação do nutriente boro via foliar como ácido bórico e no solo
na forma de Bórax.

Quando indicado via foliar usar 0,3% de ácido bórico ou


0,5% de bórax. Há indicações de efeitos positivos na produção

147
Silvio Roberto Penteado

de várias culturas, como do cafeeiro , bem como aumento do teor


foliar de boro com a aplicação via foliar, enfatizando assim a im-
portância deste micronutriente para a cultura do café. A deficiên-
cia de boro, assim como o excesso de nitrogênio pode afetar a
resistência das plantas quanto ao ataque de pragas e doenças.

Tabela 26: Doenças Vegetais ocasionadas por excesso e defici-


enc1a de nut·nen t es no soo
A • 1 e p 1an ta
Nutrien- Susceptibilidade as Cultura
tes doenças
Aduba- Alternaria fumo, tomate
ção com
Excesso Botrytis videira, morango
Nitro- Erwinia batata
gênio
Erysipha mildio cereais e frutas
Peronospora alface, videira
Puccinia cereais
Pseudomonas fumo, feijão, pepino,
couve
Verlieillium tomate, algodão
Defici- Pueeinia trifiei - trigo
ência
1

Boro Erysiphe eich girassol


Erysiphe gram cevada, trigo
Phoma betae beterraba
Botrytis couve-flor
Fusarium tomate
Defici- Pullinia trifiei, Ustilago trigo
ência trifiei
Cobre Erwinia, Phytophtora, batata
Streptomyces
Pernospora alface, videira
Erysiphe cichor fumo
Helminthosporium ory- arroz, tomate, pepino
zae
Piricu/aria oryzae arroz

148
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 21

RECOMENDAÇÕES DO COBRE (Cu),


MANGANÊS (Mn) E MOLIBDÊNIO (Mo)

Cobre (Cu): Elemento importante nos mecanismos de


defesa da planta às doenças, principalmente com relação à sua
participação na síntese de lignina que fortalece e promove a
formação da parede celular e cria resistência às doenças.
O cobre é ativador do metabolismo, retardando a
queda de folhas, etc. É essencial nos processos de fotos-
síntese, respiração, metabolismo do nitrogênio e da síntese
de proteínas. Em deficiência, os brotos murcham a partir da
manhã~ as folhas se tornam grandes e há excreção de go-
ma. O cobre poderá ser misturado com os adubos na cova
de plantio ou pulverizado via foliar.
No trigo recomenda-se 2 kg/ha. As plantas apresentam
diferentes exigências quanto ao cobre. Em fruteiras e outras
plantas carentes deste nutriente, poderá ser feito o monitora-
mento através da análise foliar, evitando assim possíveis defici-
ências.

Manganês (Mn): Nutriente essencial no processo de


respiração, fotossíntese e formação de proteínas, síntese de
hormônios e também para a germinação e maturação, além de
melhorar o aproveitamento de cálcio, magnésio e fósforo. O
manganês pode aumentar a resistência da planta às doenças,
devido aos níveis mais elevados de ligninas e de compostos fe-
nólicos. Os teores considerados adequados para o sistema or-
gânico é de 2,0 mg/dm3 ou seja de 2 ppm para o Cobre e de 20
mg/dm 3 ou 20 ppm para o mManganês no solo.
Os solos de cultivo orgânico, ricos em matéria orgânica
(4 a 4,5%) geralmente apresentam teores adequados de cobre e

149
Sílvio Roberto Penteado

manganês, estes em torno de 20 ppm. Aplicações superficiais


de calcário podem causar a indisponibilidade de manganês para
as plantas, como efetuado no plantio direto. Em solos arenosos
ácidos, a fixação simbiótica nas leguminosas pode ser afetada
pela deficiência de molibdênio. A correção da acidez com a ca-
lagem aumenta a disponibilidade de molibdênio para as plantas.

Tabela 27: Culturas com maiores exigências e recomendação


de adubação de manutenção, para os micronutrientes: Cobre
(Cu), Manganês (Mn) e Molibdênio (Mo).

CULTURA Manganês Cobre Molibdênio


O a 1,5 < 0,31 mg/dm 3
mg/dm3 =ppm
=ppm

Café 2 kg/ha o o
Abacate, Ci- 250 g Sulf. o o
tros* de Manga-
nês/100 li-
tros
Soja, Feijão 5 kg/ha 2 kg/ha ou 100 Tratar as se-
a 150 g Sulfato mentes
de Cobre/100 c/Molibdato
litros de Amônio-
50 olha
Abobrinha, o 2 a 4 kg/ha
Cebola
Beterraba, o o 5 g Molibdato
cenoura, na- de Amô-
bo, rabanete nio/100 litros
Morango* o 150 g Sulfato o
de cobre/100
litros
Cana de açú- o 4 kg/ha o
car*
..
IMPORTANTE: Fazer analise foliar para confirmar a necessidade de corre-
ção de deficiências, pois excessos dos nutrientes podem causar desequilí-
brios e fitotoxicidades na planta.

150
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Molibdênio (Mo): Junto com o enxofre tem papel im-


portante na fixação do nitrogênio atmosférico nos nódulos
das raízes das leguminosas. Como o cobalto, o molibdênio
é importante na fixação biológica do nitrogênio pelas legu-
minosas. Tratar as sementes de soja com 12 a 20 gramas por
hectare. Em solos ácidos o Mo fica retido nas argilas, dificultan-
do sua utilização. No entanto, com a presença do calcário se
torna disponível. Em casos de deficiência, se observa nas folhas
manchas amarelas (clorose) entre as nervuras secundárias.

Tabela 28: Recomendações de fornecimento foliar de mi-


cronutrientes em 100 litros de água
Cultura Elemento Tratamento
Abacaxi e Ferro Sulfato ferroso 1. 000 g
sorgo
Café Zinco 600 g sulfato de zinco
Citros Boro Acido bórico 250 g
Mn Sulfato de manganês 500 g
Zn Sulfato de zinco 500 g
Couve-flor Boro Bórax 250 g
Molibdênio Molibdato de sódio 100 g
Frutíferas Boro Acido bórico 100 g
em geral
Milho Zinco Sulfato de zinco 500 g
Soja Boro Bórax 200 g
Molibdênio Molibdato de sódio 100 g
cobre Sulfato de cobre 250 g
Tomate Boro Ácido bórico 250 g

As fontes destes micronutrientes são: produtos ricos em


micronutrientes complexados com a matéria orgânica, como bio-
fertilizantes, algas, basaltos e sais (sulfato de cobre 25%, sulfato
de manganês e molibdato de amônio).

Algumas rochas minerais moídas fornecem vanos ele-


mentos de macro e micronutrientes simultaneamente, como é 0
caso pó de rocha MB4, que vem sendo utilizado com bons resul-
tados em vários cultives orgânicos.

151
Silvio Roberto Penteado

No emprego dos microelementos, tem-se preferido a


sua utilização na forma quelatizada, por meio de fermenta-
ção da matéria-prima em solução de água, esterco e aditi-
vos energéticos.

Pode incluir os micronutrientes em formulações caseiras


de adubos líquidos, como os biofertilizantes agrobio, superma-
gro e biogel têm mostrado bons resultados, por fortalecerem o
equilíbrio da planta.
Por recomendação técnica, poderá ser feita o tratamento
de sementes com 3 kg/ha de sulfato de cobre em 80 kg de grãos
ou em aplicação foliar 0,5%.

Tabela 29: Teores das fontes de boro, cobre, zinco, molibdê-


. e manganes
mo ~ d'IsponrveIs no merca do

MATERIAL B Cu Mn Zn Mo c Mg Observa-
% % % u % ção
% %
Acido Bórico 17 foliar
Borax 11 solo
Sulfato de 25 solúvel
cobre
Sulfato de 26
Manaanês
Sulfato de 9% 12 a 14 de
Maané$io s
Sulfato de 20 solúvel
zinco
Molibdato de 54 inoculação
Amónio
Molibdato de 39 inoculação
sódio
Torta de 0,23
mamona
Compostos 0,05 0,22
orgânicos
Esterco de 0,36 0,20
postura

152
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 22

CÁLCULO DA ADUBAÇÃO PELO


EQUILÍBRIO DE BASES
Agora que já conhecemos os princípios e bases da adu-
bação orgânica, vamos passar para os cálculos de correção de
adubação das principais culturas comerciais. Chamamos de cál-
culos de correção, porque no sistema orgânico o solo é que de-
ve fornecer os nutrientes para as plantas, como um grande de-
pósito.
Há um pequeno programa de computador, organizado
pelo Engenheiro Agrônomo da CATI/SAA-SP, Paulo César
Montalvão, com a participação do Engenheiro agrônomo
Hélcio de Abreu Junior, da Faculdade de Agronomia Canta-
reira (São Paulo.SP). Esse programa faz de maneira simples
um cálculo de nutrientes necessários para estabelecer no solo o
Equilíbrio de Bases. O programa mostra sempre a quantidade
necessária de cada nutriente puro por hectare (kg/ha), com ex-
ceção do nitrogênio. Para saber quanto devo aplicar do nutriente
nitrogênio por hectare, devo consultar as tabelas de requerimen-
tos de nitrogênio, que mostram as exigências das plantas e as
condições do solo.
Para fazer o cálculo neste programa, é preciso colocar os
dados que foram obtidos da análise de solo e obter diretamente
os teores ideais dos nutrientes para cada cultura.
Este programa de Equilíbrio de Bases no seu resultado fi-
nal apresenta as quantidades dos elementos puros: potássio,
fósforo, enxofre, boro, ferro, manganês, cobre e zinco, necessá-
ria por hectare, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio e rela-
ção adequada dos nutrientes no solo.

Esse programa não faz o cálculo da quantidade de adubos


orgânicos a aplicar por cultura e sim a quantidade de nutrientes
puros. O que mais aproxima dos resultados obtidos no cálculo,
são os adubos químicos concentrados, que não devemos utilizar
no sistema de produção orgânica ou ecológica.

153
Silvio Roberto Penteado

Como não temos a disponibilidade adubos orgânicos com


estas quantidades concentradas de elementos puros/hectare,
precisamos fazer novos cálculos.

Então para sabermos a quantidade de adubos a aplicar por


hectare, temos que calcular quantos quilos de adubos orgânicos
são necessários para conter estas quantidades de nutrientes.
Para isso poderemos utilizar as fórmulas anexas nesta publica-
ção. Quanto á calagem , o resultado final aparece nas carências
de óxidos de cálcio e magnésio em kg , que deveremos utilizar
para calcular a necessidade de calcário (kg/ha)

Tabela 30: Conversão de Unidades da Análise do Solo


1
Unida- Unidade Fator de Exemplo
de anti- nova conver-
ga são
% g/kg; 10 1,0%=1 x10=10g/dm
3
g/dm ; g/1 50 g/dm 3 = 50/1 O = 5%
ppm mg/kg;
.
1 =
1 ppm 1 mg/kg ou 1
mg/dm 3 mg/dm3 ou 1 mg/1
mg/I '
meq/10 mmolc/dm 3 10 1 meq/100 dm3 = 1 x 10 =
O cm 3 1 O mmolc/dm3

50 mmolc/dm3 = 50/1 O = 51
meq
meq/10 mmolc/kg 10 1 meq/100 dm3 = 1 x 10 =
0g 1O mmolc/kg 50 mmolc/k1
= 50/10 5,0 meq=
P2O5 p 0,437 P2O5=kg de P / 0,437
P2O5= 50 kg /0437 =114,~
kg
K2O K 0,830 K2O = kg de K/ 0,830

CaO Ca 0,715 Cão= kg de Cal 0,715


MgO Mg 0,602 =
MgO kg de Mg / 0,602

154
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

PROGRAMA PARA CÃLCULO DO EQUILIBRIO DE BASE


(Pela análise do solo} Prof. Dr. Willian Albrecht
Autor: Engº Agri Paulo César Montalvão -CatrJSAA-SP

Ere~ot
-
~ Q
-CTCt -etc?- ,-ClCt mfq
- -
ppm lg/~
- -

-
(glb8·
-
M~ij~i, lcfeal [)éfict Déficit Oéfrc:a OêNQl mgid'
1 1
Ca 1,0
-01r5
17,83 1
fsõ 32,17 1 ,805 361,00 722,0· 1009.73
Mg
-0 ,11
8,91 f10 1,09 0 ,061 7,41 14,82 24,62
K 1,96 @: 1,54 0 ,086 33,76 67,53 81.36
'1' CTC
-5-,61 '

~: ·~-V ~ts C(cijool·pci~C:D. Mrf.) e K2ü


- -· ..,.,. ~ .. ·•- - -
,,
j
'

• ,:-.. I' ,. • , • •. 4 '

í·: ,E~~v:; , -
_t_, . ·-~ ~ fff@ .J;g/ht ;

J
Anâl~e . ld~ .. :D,êf~ . Défd 0éficit
·,.
"' .
~:~ M.O. 1~ ~ 1 0,30 . 3.ooof 6.000
,r
1

.. ----
1,.,~

r:

...
-.- . .
.tle_i.t_at: . Rf)lfk
-.
,.

~
.
'
-
4P~
-
~9'ha
. -~
,Án:á~- !d~ Dêlie~ 0,éflCi
'1 Q i
p
~ 14,00 28,00 l
,_6,0 CALCULAR
··- - -- ---- ..
s
' ~ (1T 8,80 17,60 ,
".
1 B l.~',3 ' ~ 0,70 140 -
'

Cu t1.t5 r,o 0,50 1 100 ---~t


TABELA
- \

. ' C:QN.VERSÃO
' ' 1

ir
Fe
í?·ªº [20 º·ºº º·ºº
Mn 1,11.~ ~ 8i50 ·t 7.00
Email:

r:
Zn r,f fí.o 2,30 4,60 ag ropcm@Yahoo.com
- t
1

Observação: Caso o leitor não tenha disponível este Programa de


Cálculo de Adubação pelo Equilíbrio de Bases (cálculo pelo computa-
dor), poderá obter o mesmo gratuitamente, acessando o site:
www.viaorganica.com.br/adub2bases.htm

155
Sílvio Roberto Penteado

CÁLCULO DA ADUBAÇÃO:

No exemplo anterior as quantidades ou a necessidade a


aplicar de nutriente puro por hectare são:

• Cálcio: 1.009,79 kg/ha CaO


• Magnésio: ·24,62 kg/ha de MgO
• Potássio: 81 ,36 kg/ha de K2O
• Fósforo: 28,00 kg/ha
• Enxofre: 17,00 kg
• Cobre : 1,0 kg/ha
• Boro: 1,4 Kg/ha
• Manganês: 17,0 kg/ha
• Zinco: 4,60 kg/ha

IMPORTANTE: O próximo passo é escolher os adubos


ou insumos mais adequados (quanto à disponibilidade e
custo) que contém cada um destes nutrientes. A formulação
e decisão da escolha do melhor adubo ou insumo devem
ficar a cargo de um agrônomo ou técnico agrícola. No final
desta publicação apresentamos fórmulas, que podem sim-
plificar a recomendação de adubação.

O que fazer com os resultados do programa


Para cálcio e magnésio, o resultado final aparece nas ca-
rências de óxidos de cálcio e magnésio em kg , que deveremos
utilizar para calcular a necessidade de calcário (kg/ha)

Este programa apresenta a quantidade dos elementos


puros: potássio, fósforo, enxofre, boro, ferro, manganês,
cobre e zinco, necessária por hectare, de acordo com a cul-
tura que vamos implantar.

Não temos adubos orgânicos com concentrações elevadas


de elementos puros. O que mais aproxima disto são os adubos
químicos concentrados, que não devemos utilizar. Então para
sabermos as quantidades de adubos a aplicar por hectare, é ne-
cessário calcular quantos quilos de adubos orgânicos contem
estas quantidades de nutrientes.

156
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

No exemplo estudado, teremos:


0) Calcário: A necessidade de CaO é 1.009 kg/ha. Utili-
zando um calcário calcítico com CaO 50%, MgO 2% e PRNT
85%, podemos então fazer os seguintes cálculos : 1.009/0,5 =
2.018 / 0,85 = 2.374 kg/ha de calcário calcítico sendo que ele já
está acrescentando 2.374 x 0,02 x 0,85 = 40 kg/ha de MgO, sa-
tisfazendo a necessidade do solo e planta.

Observação: No sistema orgânico são utilizadas somente


2.000 kg de calcário por hectare/ano, numa camada de 0-20
cm de solo. No caso da necessidade de incorporação de
calcário na camada de 30 cm de solo, quantidades maiores
de calcário poderão ser autorizadas pelo Conselho Técnico
da Certificadora Orgânica.

Potássio: A necessidade é de 81 ,36 kg/ha. Se forem colo-


cados as fontes de potássio, como: cinza de madeira + carvão
moído e sulfato de potássio, teremos: 67/ 0,03 = 2230 kg/ha,
mas como não é recomendado se colocar mais de 1.500
= =
kg/ha/ano, então: 2230 - 1500 730 x 0,03 21 ,9 ainda faltam
de K, então faltam 21,9 / 0,42 = 52 kg/ha de Sulfato de potássio.
A recomendação é 1.500 kg de cinza e carvão + 52 kg de
K2SO4 por hectare. Pode ser colocado também pó de rocha,
como o ltafértil que tem 6% de K desta forma , colocar 1116
kg/ha em área total + um pouco de sulfato de potássio no sulco
de plantio.

Q) Fósforo: Podemos utilizar o fosfato natural que tem


6% de P solúvel e 23% de fósforo total. Como a exigência é 28
kg/ha, fazemos o cálculo : 28/0,06 = 466 kg/ha em área total.

Q) Micronutrientes:
Boro: A necessidade é de 1,4 kg/ha então: 1,4/0, 11 = 12,7
kg/ha de Bórax ou 1,4/0,17 = 8,2 kg/ha de ácido bórico espalha-
do em área total junto com o biofertilizante no solo.

• Cobre, Manganês e Zinco: Estes micronutrientes que


são essenciais para as plantas, poderão ser aplicados na cova
de plantio na forma de fritas ou pulverizados com micronutrien-

157
Silvio Roberto Penteado

tes. Dosagens: 500 g sulfato de cobre; 400 g de sulfato de man-


ganês e 300 g de sulfato de zinco em 100 litros de água.

Recomendação de Construção da Fertilidade dos solos


com Equilíbrio de Bases segundo Willian Albrecht
(ABREU JR, 2007)

Como exemplo, apresentamos o trabalho do Eng. Agr. Hélcio de


Abreu Jr, que é professor da Faculdade Cantareira de São Pau-
lo, na recomendação de adubação pelo Equilíbrio de Bases, na
cultura do Milho na Fazenda Dos Amigos, Município de Corren-
tina, Bahia.

Resultado da análise de solo da camada de O a 20 cm.


meq/dm3 mg/ mg/d %
dm3 m3
Ca 1,70 p 7, 1 Fe 35 Matéria 1,9
Orgânica
Mg 0,5 s 6,5 Mn 10
K 0,21 B 0,3 Zn 3
CTC 7,5 Cu 1,2

No cálculo do Programa do Equilíbrio de Bases, foram conside-


rados como parâmetros ideais para a cultura do milho:

°/4, da C.T.C.:
Cálcio (Ca)= 50%,
Magnésio (Mg)= 10%,
Potássio ( K) = 3,5%
Matéria Orgânica ( M.O). 2,5%
Fósforo (P)= 25
Enxofre (S)= 15
Boro (B)= 1,0
Cobre (Cu)+ 2,0
Ferro (Fe) = 20
Manganês (Mn)= 20
Zinco (Zn)= 45

158
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Utilizando os dados da análise de solo para a cultura do mi-


lho e os teores considerados ideais para um cultivo no sis-
tema agroecológico, teremos os seguintes resultados :

Programa para Cálculo do Equilíbrio de Base


Prar. Dr. Willian Albrecht
Elu1tos mEq CTC:t CTC%
Análise ,~ ·c1cz Dêficl
■Eq ~ Kglhil S:.glha
Déficit Dêficil Déficit corrígid"
Ca fT' ll..67 ~ ! 27,33 2.05D 410,D0 820.00 1146.85
Wg
~ - 6.67 ~l 3,33 0.25D 3D,37 60.75 100.91
~ )o,~1 , 2.80 rn
- -1
0,70 0.053 2D,53 41~ 49.46

.L
CTC ,,_
.
e' •• • ·- . . -~,r. ~ ;--,., -.r - - ~. ~

- ':"l .
, -
.
Ele11tDs· _;· - % ..t · .llD• ,· 'K!llha.
Anl1lise: ,ld~ Déficl
..... . , .· .:Qêfir:ít ·Qéficit ,
-t5 .

. ~-
w.a. - 1 D.6D 6.000 12.000
.
' - .. ;

Ele•1tos i,pm-
.. . P.PDI: p_p11 . í.glha
' .
An.álise Ideal Délnt D.éJic:it ·-·--·--·•-·- ••-

p p 1~ 17.SO 35.80 9
Calm ar
·············-··--···
s R! JiIJ 8.50 17.00
,,
e fô,l ITI7
- J
0.70 1,40
~
1,

Cu IT
- . f2.!l : º·ºº 1.60
Tah. Con'l'm~ '
Fe
~~ ~ O.DO
º·ºº .,

Mn ~ ~ 10.00 20,DO

Zn rl ~ 1.50 3.00 E·m(i: -3~ro:cr€;_yd·JJc.c:m


- .:-1-""'t_•

159
Silvio Roberto Penteado

CÁLCULOS BASEADOS NOS RESULTADOS:

1. CALCÁRIO

NecessI'd ad e de C a·1 CIO


. e MagnesI0:
CaO (Oxido de Cálcio) - MgO (óxido de Magnésio) Kg/ha
kg/ha
1.146,85 100,91

Cálculo da Quantidade de Calcário

Características dos Calcários:


Tipos de Calcários ºlo CaO %MgO % PRNT
Calcítico calcinado (reativo) 50 2 85
Dolomítico 42 25 131

Cálculos:
(1) Calcular a necessidade de Magnésio, usando o Calcário Do-
lomítico: Pelo cálculo feito, precisamos de 100,91 kg/ha, que
correspondem a 100,91 x 100 + 25 = 403,64 + 1,31 = 308,28
kg/ha

(2) Verificar quanto de CaO (óxido de cálcio) está indo com o


calcário dolomítico: 308,28 x 0,42 = 129,38 kg/ha, desta forma
faltam ainda: 1146,85 -129,38 = 1017,48 kg/ha
(3) Calculamos a necessidade de Calcário calcítico: 1017,48.
100 / 50 =2034,96 / 0,85 =2394 de calcítico
Recomendação: 308 kg/ha de Calcário Dolomítico + 2.394 kg/ha
de Calcário calcítico.

Observação: No sistema orgânico são utilizadas somente 2.000


kg de calcário por hectare/ano, numa camada de 0-20 cm de so-
lo. Para maiores dosagens ou correção de camadas de 0-20 e
20-40 cm de profundidade, caso de implantação de cultives com
raízes profundas (fruteiras e café), com a determinação técnica,
obter a autorização da certificadora orgânica.

2. POTÁSSIO:(K) = Necessidade do potássio (K): 41 ,06 kg/ha.


Recomendação: Cinza + carvão moído (3% de K): 41,06/0,03 =
1.368 kg/ha ou

160
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

O sulfato de potássio (K2SO4) tem 45% de potássio (K) e 17%


de enxofre (S): 41 ,06/0,45 = 91 ,24 kg/ha ; e 91 ,24 x 17% = 15,51
kg/ha de S; ou
O Sul-Po-Mag tem 22% de K2O, 11 % de Mg e 22% de enxofre
(S) Cálculo do potássio (K) = 22 x 0,83 = 18,26% de potássio
(K), então: 41 ,06 / O,1826 =224,8
Junto com esta quantidade de adubos, aplicamos também:
224,8 x 11 % = 24,7 kg/ha de magnésio (Mg) e 49,45 kg/ha de
enxofre (S).

3. FÓSFORO (P): Necessidade: 35,8 Kg/ha de P (fósforo)


Considerando o teor de fósforo muito baixo 7,1 ppm , tentare-
mos neste ano elevar para 25 ppm
Fosfato Natural: (6% de P solúvel, 23% Total): 35,8/ 0,06 = 596
Kg/ha;

OBSERVAÇÃO: Para cultivos ecológicos, porém não-orgânicos


temos as alternativas de aplicar:
MAP (Fosfato monoamônio, 21,1% P) = 35,8/0,211 =
169Kg/ha, Vai 11% de N, então 169 x 11% = 18,59. O MAP não
acidifica o solo, ou

Superfosfato Simples (8% de P) = 406 Kg/ha tem 12% de en-


xofre, então 406 x 18% = 73,2Kg/ha de S. Tem reação ácida e
se complexa (torna indisponível) com Ca, Fe, AI. Seu uso é re-
comendado somente adicionado ao esterco de animais ou na
compostagem, tornando um adubo organomineral, que retém o
nitrogênio e reduz seu efeito negativo no solo.

4. ENXOFRE (S): Necessidade: 17 Kg/há. Se colocarmos Sul-


Po-Mag, estaremos colocando 49,45 de S, se for Sulfato de Po-
tássio, 15,5 Kg/ha. Este último é melhor e não excedemos a ne-
cessidade de S, pois vamos colocar os micronutrientes na forma
de sulfato e o que falta de S será atendida.

5. BORO (8): Necessidade: 1,4 Kg/ha


Recomendação: Ulexita (7,5% solúvel e 11,9% total). 1,4/0,075
= 18 6 Kg/ha espalhado em área total, espalhado junto com o
calcário ou pó de rocha. Pode ser ½ antes do plantio e ½ na a-
dubação de cobertura junto com ureia, sulfato de potássio ou;

161
Silvio Roberto Penteado

Bórax (11 % de B) = 12,72 Kg/ha ou Ácido Bórico (17% de 8):


8,23 Kg/ha

6. COBRE (Cu): Necessidade:1,6 Kg/ha (elevando para 2ppm)


Recomendação: Colocar 6,6 Kg/ha de sulfato de cobre pentahi-
dratado (24%Cu) no solo, em área total, dividido em três vezes
junto com biofertilizante. Pode ser pulverizado também na forma
de calda Bordalesa.

7. FERRO (Fe): Necessidade: O Kg/ha

8. MANGANÊS (Mn): Necessidade: 1O Kg/ha (elevando para 15


ppm)
Recomendação: Sulfato de Manganês (25% Mn): 40 Kg/ha es-
palhado no solo em área total; dividido em três vezes. No plantio
e em cobertura junto com outros adubos de solo e/ou pulveriza-
dos.

9. ZINCO (Zn): Necessidade: 3 Kg/ha


Precisa ser elevado para 4,5 ppm, pois o P ainda é considerado
baixo.
Recomendação: 13 Kg/ha de sulfato de zinco heptahidratado
(23% Zn), espalhado em área total, dividido em três vezes, junto
com calcário, pó de rocha e/ou biofertilizante.
A quantidade necessária de micronutrientes é grande, desta
forma, recomendamos pulverizar via foliar os micronutrientes
também.

10. OUTROS MICRONUTRIENTES: Mo, Co, 1, Si, etc.


Recomendação: Colocar 200 gramas/ha de Molibdato de Sódio
ou amônia no solo ou tratamento de sementes com 20 g/saca de
semente suficiente para plantio de 1,0 hectare.

Colocar também; 100 gramas/ha de Sulfato de Cobalto; 50 g/ha


de Iodeto de Potássio ou 50 mL de lodo 10% e 25 g/ha de Sulfa-
to de Níquel.

162
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

11. MATÉRIA ORGÂNICA (MO):

Como tem no solo 1,9% de M.O. e deseja-se alcançar 2,5%, en-


= =
tão : 2,5-1 ,9 0,6 x 2 x 10.000 12 t/ha de composto orgânico
espalhado em área total , que dividimos em pelo menos 2 vezes.

Dar preferência a adubos organominerais, que são parte orgâni-


ca e parte sais solúveis. Utilizar biofertilizante após dessecação
das plantas.

Pulverizações com macro e micronutrientes no SOLO (1°


cultivo)

Produto Quanti_dade/ ha
(100 a 200 litros)
Cal viraem 5 Kg
Manoanês (sulfato de Manoanês) 20 Kg
Cobre (sulfato de cobre) 3,3 Ko
Boro (Acido Bórico) 4,3 Kg
Cobalto (Sulfato de Cobalto) 50 g
Molibdato de sódio 100 g
lodo (10%) 50 mi
Sulfato de Níquel 15 g

Pulverizações de macro e micronutrientes no milho: Após


emer ência no 1º ar de folhas
Produto Quantidade/ha
100 a 200 litros
1
2
0,3
Boro Acido Bórico 1
Cobalto Sulfato de Cobalto 10
Molibdato de sódio 20
Silício Base Sílica 95% SiO2 0,5
Biofertilizante 5 litros

163
Sílvio Roberto Penteado

Para prevenção de lagarta do cartucho , aplicar após 15 desta, 1


Kg de ácido bórico + 1 Kg de Base Sílica + 2 a 5 1 de Biofertii-
zante.

PÓS DE ROCHAS: Necessidade: 500 Kg/ha de ltafértil, MB4,


lpirá, basalto bem moído. Pó de rocha fundamental para ativar
vida no solo e fornecer outros micronutrientes. Se conseguir co-
locar 1000 Kg/ha dividido em duas vezes é melhor. Antes do
plantio e após 20 dias de emergência.

NITROGÊNIO: Adubação de cobertura: 1/3 do K e ½ do N po-


dem ser colocados via cobertura.

OBSERVAÇÃO: Consideramos que este programa


deve ser empregado dentro das condições locais de solo e
cultura, sob rigorosa análise técnica agronômica.
Ê mais uma ferramenta auxiliar para a implantação de
sistemas agroecológicos de produção, visando uma agricul-
tura sustentável.
O programa não faz o cálculo da quantidade de adubos
orgânicos a aplicar por cultura e sim a quantidade de nutrientes
puros. O que mais aproxima dos resultados obtidos no cálculo,
são os adubos químicos concentrados, que não devemos utilizar
no sistema de produção orgânica ou ecológica.

Onde deve ser localizado o adubo orgânico ou o com-


posto em relação à planta ou semente? O composto quando
estiver garantidamente bioestabilizado (semicurado) ou melhor
ainda, humificado (curado), pode ser colocado junto com a se-
mente ou a mudinha, sem risco de causar dano. Ao composto
cru aplicado na terra só se pode semear ou plantar depois de 20
a 30 dias. Os fertilizantes químicos não devem entrar em contato
direto com as sementes ou raízes. Quando misturados com o
composto, este adubo orgânico evita danos às sementes e raí-
zes. A melhor localização para os adubos orgânicos ou químicos
c logo abaixo ou abaixo e um pouco ao lado das sementes ou
raízes.

164
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 23

FORMULAS PARA CÁLCULO DE


ADUBAÇÃO

O solo como um reservatório de nutrientes, é um conce i-


to utilizado na agroecologia, sendo diferente do sistema conven-
cional, que exige a aplicação de nutrientes para cada novo culti-
vo. No sistema ecológico e orgânico, são feitas apenas corre-
ções, pois os adubos orgânicos e os minerais de lenta liberação
de nutrientes permitem o acúmulo dos nutrientes por vários a-
nos, sendo necessária somente a correção de manutenção a
cada ano.

ADUBOS SÓLIDOS. Para a determinação da adubação


orgânica, devemos primeiro saber quanto precisamos de cada
nutriente puro por hectare, utilizando o PROGRAMA DE EQUI-
LÍBRIO DE BASES, mostrado anteriormente. Primeiramente,
precisamos saber quantos quilos deveremos utilizar dos adubos
orgânicos que temos disponíveis, que devem conter as quanti-
dades de nutrientes necessárias para a nutrição das plantas por
hectare.
A fórmula que apresentamos em seguida é muito adequa-
da para o processo orgânico,. pois levam em conta os teores re-
ais de nutrientes no adubo orgânico, isto é, desconta o teor de
umidade do material. Ela considera também no cálculo, somente
os teores dos nutrientes que serão disponibilizados para o pre-
sente plantio.

Para a determinação da quantidade de adubo orgânico


a usar por hectare, deveremos antecipadamente saber:

1° Qual o teor de matéria seca (peso total menos a umida-


de).

165
Silvio Roberto Penteado

2° Quais são os teores dos nutrientes presentes no adubo


orgânico sólido e
3° Qual é a taxa ou índice de conversão da forma orgânica
para a forma mineral (Tabela). Com estes dados poderemos
calcular, dentro de um raciocínio lógico, a quantidade de fertili-
zante a ser aplicada.

A seguinte fórmula pode ser útil para os cálculos:

X= A
B + 100 x C + 100 X D+ 100

Sendo:
X = Quantidade do fertilizante orgânico sólido aplicado ou a apli-
car (Kg/ha; g/planta): ex: kg de composto orgânico/ha
A = Quantidade do nutriente aplicado ou a aplicar (Kg/ha;
g/planta): ex: kg N/ha - ver recomendação abaixo:
B =Teor de matéria seca do fertilizante(%): ver tabela
C =Teor do nutriente na matéria seca(%): ver tabela
D= Índice de conversão(%): ver tabela

Tabela 31 - Composição de alguns nutrientes materiais (teor na


matéria seca)

MATERIAL Teor de ma- N% P20s% K20


téria seca %
no adubo
Composto or- 60 a 70% 1,70 a 2,25 1,2 a 1,6 0,4 a
gânico 1,50
Esterco de 20 a 80% 1,67 0,68 2, 11
bovino
Esterco de 20 a 25 % 1,86 1,0 2,23
suíno
Esterco de 30 a 70% 2,76 2,07 1,67
galinha

166
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

TAXA OU ÍNDICE DE CONVERSÃO


Os adubos orgânicos ao serem aplicados no solo, somente
uma parte dos seus nutrientes são liberados no período de 100
a 150 dias para as plantas. Partes destes nutrientes permane-
cem absorvidos no solo e poderão ser aproveitados para futuros
plantios.
A velocidade de decomposição do adubo orgânico e libe-
ração dos nutrientes dependem principalmente da relação C/N.
De uma forma geral, poderemos fazer as seguintes considera-
ções:

• Adubos com valores de C/N <15 contêm nutrientes pronta-


mente assimiláveis e devem ser utilizados em pequena
quantidade e com muito critério, pois podem desequilibrar
o estado nutricional da planta. Utilizar estes adubos so-
mente em cobertura, quando for necessário corrigir defici-
ência de nitrogênio ou outro (Cuidado no seu emprego).
Ex: húmus de minhoca, esterco de suínos, bokashi, biofer-
tilizantes, etc.
• Os adubos que estão na faixa de C/N 16 a 30. são os me-
lhores adubos orgânicos para nutrir a planta, sem causar
desequilíbrios. Eles nutrem a planta e o solo. Ex: Compos-
tos orgânicos, esterco de curral, adubos verdes de legumi-
nosas, etc.
■ Adubos orgânicos com valores de C/N> 35 se, decompõem
mais lentamente no solo, sendo benéficos para o solo, ali-
mentando a planta e acumulando nutrientes para o próxi-
mo plantio. Quando a relação for muito acima de 1/35 há
necessidade de suplementar parte com adubo orgânico
com maior disponibilidade para evitar a falta de nitrogênio,
pois na decomposição desse material rico em carbono, os
microrganismos retirarão nitrogênio do solo.

CONVERSÃO DE NUTRIENTES NO SOLO: A conver-


são dos nutrientes corresponde a um tempo de cultivo de 100 a
150 dias de um cultivo anual ou ao período de máxima exigência
de lavouras perenes. O tempo de liberação dos nutrientes ocor-
re no período para materiais com a relação C/N abaixo de 1/25.
Adaptado de Vale et al(1996); Raij et al(1996) ; Theodoro et ai
(1999) e Univ. California-Riverside.

167
Silvio Roberto Penteado

Tabela 32: TAXAS DE CONVERSÃO DOS NUTRIENTES


NO SOLO : Índices de conversão dos nutrientes aplicados na
forma orgânica para a forma mineral , em cultivos sucessivos,
considerando a incorporação de fertilizantes orgânicos no so-
lo (Adaptado da literatura).

Nutrientes 1° cultivo 2° cultivo 3° cultivo


% % %
Nitrogênio-N 40 30 10
Fósforo - P 50 20 10
Potássio K 100 -- --
Cálcio - Ca 50 20 10
Magnésio-g 50 20 10
Enxofre-S 50 20 10

Observação: Esta tabela vale como sugestão, que num solo


rico em matéria orgânica, 100% do potássio aplicado é a-
proveitado pelo primeiro cultivo, sendo que os demais nutri-
entes, tem aproveitamento de 50%, com exceção do nitro-
gênio e para o 2° cultivo há uma média de aproveitamento
de 20% de nutrientes residuais.

EXEMPLOS DE CÁLCULO DE ADUBO ORGÂNICO:

EXEMPLO 1. Para o plantio de uma cultura de sorgo, em


função das condições do solo, há necessidade de aplicação de
50 kg N/ha. Qual a quantidade a aplicar de composto orgânico
por hectare? O cálculo de Equilíbrio de Bases mostrou a neces-
sidade de 30 kg K2 0 por hectare, o composto atende também
esta necessidade?

• Teor de N = 2%
• Teor de umidade do composto= 25%
• lndice de Conversão (IC)= 60%

168
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

A. CÁLCULO DA QUANTIDADE DE COMPOSTO OR-


GÂNICO, BASEADO NA NECESSIDADE DE NITROGÊNIO

X= ______ A _ _ _ _ _ __
m.s./100 x % nutriente/100 x IC/100

X= _ _ _ 50_ _ _ = 50 = 5.5 t/ha


75/100 X 2/100 X 60/100 0,009

Resposta: Devo utilizar 5.500 kg/ha de composto orgânico no


plantio para atender a necessidade de 50 kg N/há

B. CÁLCULO DA QUANTIDADE DE POTÁSSIO NO COM-


POSTO ORGÂNICO A SER APLICADO, PARA VERIFICAR SE
PRECISO COMPLEMENTAR O POTÁSSIO COM OUTRO A-
DUBO ORGÂNICO
A= 5.500 X 75/100 x 1/100 (Tabela 2.1) x 90/100 (Tabela 3.2)
A= 5.500 x 0,01 x 0,9 = 49,50 kg de K2 0
Resposta: O composto orgânico (5.500 kg), além de fornecer 50
kg de nitrogênio, pode fornecer 49,50 kg de potássio, não sendo
necessário complementar com outro adubo orgânico.

EXEMPLO 2: Suponhamos que precisamos calcular a quanti-


dade de adubo orgânico necessária para aplicar na cultura do
morango. A disponibilidade local de adubo orgânico é a cama
aviária. Considerando o solo onde vai ser implantada a cultura
de morango, verificamos que tem alto requerimento de nitrogê-
nio, por ser pobre em matéria orgânica. Nestas condições, a e-
xigência média é 180 kg/N/ha, sendo 40 kg/ha no plantio. Utili-
zando como adubo orgânico a cama aviária, com teor de 2,8%
N, significa que em 1.000 kg temos 28 kg de N. Desta forma, te-
remos as seguintes necessidades de cama aviária.

1. PLANTIO:
A (quantidade de nutrientes)= 40 kg
Matéria seca: 70%
% Nutrientes: 2,80%

169
Silvio Roberto Penteado

Índice de Conversão: 50%

X= _ _ _ _ _ __ A _ _ _ __
m.s./1 00 x % nutriente/100 x IC/100

X = _ _ _ 40 _ _ _ _ = 40 = 4.000 kg/ha
70/1 00 X 2,8/ 100 X 50/ 100 0,01

Quantidade no plantio= 4.000 kg/ha, ou seja, 400 gramas de


cama aviária por metro quadrado.

2. ADUBAÇÃO DE COBERTURA

Quantidade em cobertura= 180 kg N (exigência total) - 40 kg


N (plantio) = 140 kg N (cobertura)
Se para 40 kg de N preciso de 4.000 kg de cama aviária, para
140,0 kg N vou precisar de 14.000 kg de cama aviária, ou seja,
1.400 gramas por metro quadrado.
Essa quantidade deverá ser dividida em duas (de 700 g/m2) ou
três (de 456 g/m2) parcelas em cobertura junto às plantas.

Total de cama aviária necessária = 18.000 kg/ hectare.

Observação: No próximo plantio na área devo considerar que


ainda haverá nitrogênio disponível, cerca de 50% do que foi a-
plicado.

PARÂMETROS PARA ANALISAR/CORRIGIR O SOLO (Fonte:


Laboratório Lagro)

• CTC = Capacidade de Troca Catiônica = CTC (mmolc /


dm3) = Ca + Mg + K + Na + H + AI
• =
S = SOMA DE BASES S (mmolc / dm3) Ca + Mg + K =
+ Na (sódio)
• Conversão do Na de ppm ou mg / dm3 para mmolc /
dm3 =Na (mmolc/ dm3) = Na (ppm) / 23
• Conversão do K em ppm para mmolc / dm3 = K
(mmolc/ dm3) = K (ppm) / 39 ou K (mg) /390

170
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

• SATURAÇÃO POR BASES (V%): V% = Soma de Bases


x 100 / CTC
• SATURAÇÃO POR ALUMÍNIO (M%): m% = AI x 100 /
(CTC - H)
• CALAGEM - Necessidade de Calagem: Normalmente
quando V% <70 %
• Necessidade de Calagem (quantidade) NC (t / ha) =
(V% desejado - V% análise) x CTC (mmolc / dm3) / 10
PRNT
• GESSAGEM: Necessidade de Gessagem da subsuperfí-
cie (Quanto): Gesso (kg / ha) = 6 x argila (g / kg) ou 60 x
argila(%).
• CAMADA DO SOLO: Camada superficial: profundidade
O a 20 cm

Tabela 33: FORMA DE CONVERSÃO DE UNIDADES

Para converter Em Multiplique por


% g / dm" ou g / L 10
ppm 10.000
cmolc / dm"' mmolc/ dm"' 10
meq / 100 cm" 1
meq / 100 cm" mmolc/ dm"' 10
cmolc / dm" 1
mg / dm" ou mg / L cmolc/ dm"' 1
ppm 1
mmolc/ dm"' cmolc / dm"' O,1
meq / 100 cm" O, 1
ppm % 0,0001
mg/L ou mg / dm" 1
P20s p 0,437
K20 K 0,830
CaO Ca 0,715
MgO Mg 0,602
1 mmho / cm 1 mmho / cm 0,001
-
mS/cm 0,001
dS/m 0,001
mS/cm 1

171
(

Sílvio Roberto Penteado

TIRE SUAS DÚVIDAS

Quando se deve adubar?

Os técnicos dividem a época da adubação em vários períodos:


na ocasião do plantio, isto é, junto com a semente ou com a mu-
da que está sendo transplantada; é a chamada adubação fun-
damental; a outra época é quando se inicia o crescimento mais
intenso da planta , distribuindo-se o adubo na superfície do solo,
ao longo da linha de cultura ou em torno da muda e incorporan-
do-o ou não incorporando à terra; é a adubação de cobertura;
finalmente, há ainda as adulações que se fazem nas plantas a-
dultas, geralmente em culturas perenes, adubando-se na época
das chuvas ou quando se fazem capinas ou outros tr~tos cultu-
rais, aplicado em sulcos abertos ao lado da linha de cultura ou
distribuído pela superfície e incorporado ou não à terra; é a
chamada adubação de manutenção da fertilidade.

O que é o poder quelatante da matéria orgânica do


composto?
Poder quelatante é a propriedade que o húmus possui de reter
certos nutrientes, sequestrando-os sem combinar-se quimica-
mente com eles. porém, impedindo que sejam arrastados pelas
águas das chuvas. Contudo. o elemento sequestrado fica em
forma assimilável pelas raízes, O pesquisador norte-americano
Allison é de opinião que um dos papeis mais importantes reali-
zados pela matéria orgânica no solo é a de formar quelatos com
certos micronutrientes como o zinco, o cobre e o ferro, garantin-
do as necessidades alimentares das culturas. Assim, por exem-
plo, o ferro do solo está geralmente na forma de óxidos insolú-
veis, não assimiláveis pelas plantas. O composto solubiliza o fer-
ro. seu quelato aprisiona-o na forma catiônica e o cede as raí-
zes.

FONTE:50 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE COMPOSTO-


Edmar José Kiehl - Professor Adjunto da Universidade de São Paulo -
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - Departamento de de
Solos, Geologia e Fertilizantes - 1ª edição - 1979 - Piracicaba (Autori-
zação pessoa- Adaptado pelo autor)

172
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

CAPITULO 24

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
(!)ABREU JUNIOR, H. de. Práticas alternativas de controle de
pragas e doenças na agricultura: coletânea de receitas. Campi-
nas: EMOPI, 1998. 115 p.
(!)ABREU JUNIOR, H. - Adubação pelo Equilíbrio de Bases -
Campinas. Curso de Agricultura Orgânica- Feagri/Unicamp. 2003
(apostila do curso).
(!)ABREU JUNIOR, H. - Adubação e Saúde das Plantas- Cam- ·
pinas. Curso de Proteção Natural de Plantas- Fucampi/Unicamp-
Campinas-SP. Outubro/2007 (apostila do curso).
Q)ALBRECHT, W.A. The Albrecht Papers. Vol 1: Foundations
Concepts. Acres: 1996. 515 p.
Q)AMBROSANO, E. J. - Emprego de Adubos Verdes- Curso de
Agricultura Orgânica - IAC/Pindamonhangaba.SP. 1999.
Q)AGARIE, S. ; AGATA, W. ; KUBOTA, F.; KAUFMAN, P. B. Physio-
logical roles of silicon in photosynthesis and dry matter production
in rice plants. Japan Journal Crop Science, v. 61 , p. 200-206,
1992.
(!)ALVES, S.M. et all - Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 39, n.11,
p.1111-1117, nov. 2004
0 ANGHINONI, I.; MEURER, E. J. Eficiência de absorção de nutri-
entes pelas raízes. ln: WORKSHOP SOBRE DENEVOLVIMENTO
DO SISTEMA RADICULAR: metodologias e estudos de casos.
Aracaju: EMBRAPA, 1999. P. 57-88.
0 ALBRECHT, W.A. lhe Albrecht Papers. Vol 1: Foundations
Concepts. Acres: 1996. 515 p.
Q)AL TIERI , M.; NICHOLLS, C. Agroecologia resgatando a agricul-
tura orgânica a partir de um modelo industrial de produção e distri-
buição. (Texto traduzido por Dalvan J.Reinert) .Ciência & Ambien-
te 27. Jul-Dez. 2003. 141-152p.
Q)ALTIERI , M. Agroecologia: Bases científicas para uma agricul-
tura sustentável. Guaíba: Agropecuária, 2002. p. 592.
G ANDERSON, D.L. ; JONES, D.B. e SNYDER, G. H. 1987. Re-
sponse of a rice-sugarcane rotation to calcium silicate slag on
Everglades Histosols. Agron. J. 79:531 -535.

173
Silvio Roberto Penteado

(!)ANDRÉA M. M.; HOLLW EG , M. J. M. Comparação de métodos


para determinação de biomassa microbiana em dois solos. Revis-
ta Brasileira de Ciência do Solo, n. 28 , 981-986 p., 2004.
(!)ANTU NES, L. M.; ENGEL, A. Manual de adm inistração rural:
custos de produção. Guaíba: Agropecuária, 1999. 196 p.
Q) BAILEY, J.S. ; LA IDLAW, A.S. Growth and development of white
clover (Trifolium repens L.) as influenced by P and K Nutrition. An-
nals of Botany, v.81, p.783-786, 1988.
(!) BANZATO, D.A. ; KRONKA, S. N. Experimentação agrícola.
3ed. Jaboticabal: FUNEP, 1989, 247p.
(!) BBM . BOLSA BRASI LEIRA DE MERCADORIAS. Cotação da
soja. Disponível em:<
http://www.bbmnet.eom .br/pages/portal/bbmnet/home.asp>. Aces-
so em: maio de 2007.
(!) BETTIOL, W .; TRATCH , R. ; GALVÃO, J. A. H. Controle de do-
enças de plantas com biofertilizantes. Jaguariúna: EMBRAPA-
CNPMA, 1997. 22 p. .
(!) BLANCO, MARIA CLÁUDIA S.G. & ABREU , HÊLCIO JR. Ad u-
bação Verde- Folder Cati- Nov/2001.
(!)CAMARGO, P. N. Princípios de nutrição foliar. São Paulo: Ge-
res, 1970126 p.
(!) CASADO, G. G.; GONZÁLES DE MOLINA, M. SEVILLA GUZ-
MAN, E. lntroducción a la Agroecologia como desarrollo rural
sostenible. Madrid: Ediciones Mundi-Prensa, 2000.
(!)CHABOUSSOU, F. Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos:
a teoria da trofobiose. 2.ed. Porto Alegre: L&PM, 1999. 272p.
(!)CINTRA, F.LD. & MIELNICZUK, J. Potencial de algumas espé-
cies vegetais para a recuperação de solos com propriedades
físicas degradadas. RBCS, 7:197-201 , 1983.
(!)CLARO, S. A. Referências tecnológicas para agricultura fami-
1 liar: interpretação de resultados de análise de solo segundo o
1 método agroecológico. Porto Alegre: EMATER, 2001. 11-20 p.
(!)CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Primeiro le-
vantamento de intenção de plantio safra 2005/2006. Disponível
em: < http://www.diário da serra.inf.br/s howdsru-
ral.asp?codigo=93505>. Acesso em: 28 de julho de 2006.
(!)COC - Apostila Biologia,Curso coe -Fac.Fleming -Campinas-
SP -1998
(!)COODETEC. Coodetec Tecnologia de Nossa Terra . Disponí-
vel em: < http: / /www 2.coodetec.com.br/ coode-
tec/produto.action?culturald= 3&produtold= 17>. Acesso em: 25 de
agosto de 2006.
(!)CONAB. Custos de produção - Safra de verão- 2006/07. Dis-
ponível em:

174
ADUBAÇÃO NA AGRJCULTURA ECOLÓGICA

0 <http://www.conab.gov.br/download/safra/CustodeProducao-
SafradeVerao.pdf>cesso em 23 de abril de 2006.
0 Coordenadoria de Assistência Técnica Integral- CATI- Anais do
Seminário de Agricultura Orgânica e Familiar- Sistema de Produ-
ção;Sust.para a Agric. Familiar- nov/2001- Campinas. 169 p.
0 DATNOFF, l.E.; RAIO, R.N.; SNYDER, G.H.; JONES, D.B. Ef-
fect of calcium silicate on blast and brown spot intensities and
yields of rice. Plant Disease, v. 75, p. 729-732 , 1991 .
0 DEFFUNE, GERALDO - Curso Fundamental de Revisão Cient.
e Prática em Agroecologia , Agr. Orgânica e Alelopatia Aplicada-
1998 (Apostila) 28 p.
C)DURIGAN , J. C. Matocompetição e comportamento de baixas
doses de herbicidas, na cultura da soja ( G/ycine max (L.) Mer-
rill). 1983. 163 p. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - E-
SALQ/Universidade de $ão Paulo, Piracicaba.
C)ECHER, F. R. Avaliação de sistemas de produção de milho
(Zea mays L) sob manejo com base ecológica e convencional.
Tangará da Serra, 2006. 80 p. Monografia (Trabalho de Conclusão
de Curso de Agronomia)
C)ECHER, F. R.; PAULA, L. B.; ALVES, E. M.; HELFENSTEIN,
F.B.; SCHIEDECK, G.; ALMEIDA, R. G. ; AZEVEDO, V. H. Custo
de produção da cenoura (Daucus carota L.) em sistemas de pro-
dução com base ecológica em Tangará da Serra - MT. ln: li SIM-
PÓSIO DE BIOLOGIA DE MATO GROSSO, 2005, Cáceres. A-
nais .. 2005.
í!J ECHER, F. R.; SCARIOTE, R.; SANTOS, F.; SCHIEDECK, G. ln-
fluência da quantidade de cobertura morta sobre a temperatura do
Solo. ln: li MOSTRA INTERDEPARTAMENTAL DE TRABALHOS
ACADÊMICOS DA UNEMAT, 2004, Tangará da Serra. Unemat E-
ditora, 2004. p. 118.
Q) EMBRAPA. Manual de análises químicas de solos, plantas e
fertilizantes. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência
de Tecnologia. 1999. 370p.
0 EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2.
ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306 p.
0 EMBRAPA. Tecnologia de produção de soja no estado do
Paraná 2003. Londrina: Embrapa Soja, 2003. 225 p.
C9 EMBRAPA. Cultivo do milho. Disponível em: <http://sistemas
deproducao. cnptia. embrapa. br/ Fontes HTM UMilho/ Cultivo do
Milho 2ed/ man direto .htm>. Acesso em: 23 de maio de 2007.
C9 EMBRAPA Milho e Sorgo. Tecnologias de produção de soja
para a região Central do Brasil 2003. Disponível em: <
http://sistemasdeproducao. Cnpso.embrapa.

175
Sílvio Roberto Penteado

br/FontesHTMUSoja/SojaCentralBrasil2003/importancia.htm>. A-
cesso em: 23 de maio de 2006b.
0 EPSTEIN, E. Silicon in plants: facts vs. concepts. ln: DATNOFF,
l.E.; SNYDER, G.H.; KORNDÔRFER , G.H. (Ed.). Silicon in Agri-
culture. The Netherlands: Elsevier Science, 2001. p. 1-15.
0 FAEMT. FUNDO DE AVAL DO ESTADO DE MATO GROSSO.
Cotações. Disponível em: < http://app1 .sefaz.mt.gov.br
/Sistema/Leg islacao/legfinan. nsf/2b2e6c5e d5486 9788425
671300480 214/02034cd269bf7e8a 04256dab004bfc5b?OpenDo
cument>. Acesso em: maio de 2007.
0 FEIDEN, A. Conceitos e princípios para o manejo ecológico
do solo. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 2001 . 21.p.

0 FIGUEIREDO, E. A. P. Pecuária e agroecologia no Brasil. Ca-


dernos de Ciência & Tecnologia , Brasília, v.19, n.2, p.235-265,
maio/ago. 2002.
0 FLORESTASITE- www.florestasite.com.br, 2006.
0 GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em
agricultura sustentável. 2.ed. Porto Alegre: Ed.
Universidade/UFRGS, 2001.
© GLIESSMAN, S. R.; GARCIA, E. R.; AMADR A. M.The ecological
basis of aplication of traditional agricultura! technologic in the man-
agement of tropica agroecosystems. Agro-ecosystems; n. 7, p.
173-185, 1981.
©GODOY, C. V. et ai. Resultados da rede de ensaios para con-
trole químico de doenças na cultura da soja. Safra 2003/2004.
Londrina: Embrapa Soja, 2005. 88 p.
© HAAG, H. P. A nutrição mineral e o ecossistema. ln: Ecofisiolo-
gia da produção agrícola. Piracicaba: POTAFÓS, 1987. 249 p.
© JACOBI, U. S.; TAMIOZZO, E. A. Diversidade na cultura da soja
orgânica em sistema de plantio direto e convencional no município
de Tenente Portela - RS. Revista Plantio Direto, Passo Fundo,
ed. 91, janeiro/fevereiro de 2006.
© JONES, G.D.; LUTZ Jr, J.A.; SMITH, T.J. Effects of phosphorus
and potassium on soybean nodules and seed yield. Agronomy
Journal, v.69, n.6, p.1003-1006, 1977.
0 KAGAWA, A. Standard table of food composition in Japan.
Tokyo: University of Nutrition for women, 1995. p. 104-105.
0 KIEHL, E.J. Fertilizantes Orgânicos, São Paulo (SP)- Ed. Ceres,
1985. 492 p.
© KORNDÔRFER, G. H.; PEREIRA, S. H.; CAMARGO, M. S. Sili-
catos de cálcio e magnésio na agricultura. 3. ed. Uberlândia:
UFU, 2002. 28 p.

176
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

C)KORN~ÔRFER , G.H. et ai. Calibration of soil and plant sili-


con forrice production. J. Plant Nutri. New York. 2000. 263p.
C) LIMA FILHO, O. F. de.; LIMA, M. T. G. de. ; TSAI , S. M. O silício
na agricultura. ln: Microton. Microton: São Paulo, 2002. (Boletim
técnico n 6).
Q:> MALAVOLTA, E. ABC da análise de solos e folhas . São Pau-
lo: Geres, 1992. 124p.
Q) MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São
Paulo: Geres, 2006. 638 p.
Q:> MENZIES, J.G.; EHRET, D.L. ; GLASS, A.D.M.; SAMUELS, A.L.
The influence of silicon on cytological interactions between
Sphaerotheca fuliginea and Cucumis sativus. Physiological and
Molecular Plant Pathology, v. 39, p. 403-414, 1991 .
Q)MIELNICZUK, J. Importância do estudo de raízes no desenvol-
vimento de sistemas agrícolas sustentáveis. ln: WORKSHOP SO-
BRE DENEVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR: metodolo-
gias e estudos de casos. Anais ... Aracaju: EMBRAPA, 1999. p. 13-
18.
Q:> MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E DENVOLVI-
MENTO. Disponível em: http://www.mda.gov.br/. Acesso em: 20 de
maio de 2007.
Q:>MOREIRA, R.M. ; CARMO, M.S. Agroecologia na construção do
desenvolvimento rural sustentável. Agric. São Paulo, São Paulo,
v. 51 , n. 2, p. 37-56, jul./dez. 2004.
© PAULUS, G.; MULLER, A.M.; BARCELLOS, LAR. Agroecolo-
gia aplicada: praticas e métodos para uma agricultura de base e-
cológica. Porto Alegre: EMATER/RS, 2000. 86 p.
© PEDINI , S. Produção e certificação de café orgânico. ln: Café:
produtividade, qualidade e sustentabilidade. Viçosa: UFV, Depar-
tamento de Fitopatologia , 2000. p. 333-360.
© PEDINI , SERGIO- 1 Seminário de Agricultura Orgânica de Bra-
gança Paulista.SP - CATI/SAA-SP. (fev/1998) 94p.
© PENTEADO, SILVIO R. - Defensivos Alternativos e Naturais.
Campinas.SP. Edit. Grafimagem (fev/2000) 95 p.
G PENTEADO, SILVIO R. - Introdução à Agricultura Orgânica-.
Campinas SP. Edit. Grafimagem (out/2000) 115 p.
Q) PEREIRA ET AL. Avaliação do impacto da captação da água na
lagoa do Bonfim, RN - Brasil. Águas Subterrâneas, América do
Sul, n.16, p. 18-21 , 2002.
© PICOLO, F. T. de. Efeito de fontes de silício na produtividade
do arroz ( Oryza saliva L.). Tangará da Serra, 2006. 45 p. Mono-
grafia (Trabalho de Conclusão de Curso de Agronomia).
© POTAFÓS. Nutri-Fatos: Informação agronômica sobre nutrientes
para as culturas. Arquivo do Agrônomo nº10. Piracicaba, 1996.

177
Silvio Roberto Penteado

Q) POZZA, A.A.A. , et ai. Efeito do silício no controle da cercosporio-


se em três variedades de cafeeiro. Fitopatologia Brasileira , n 29,
185-188 p. 2004.
Q) PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em re-
giões tropicais. São Paulo: Nobel, 2002. 549p.
Q) QUAGGIO, J.A.; SILVA, N.M. da; BERTON , R.S. Culturas olea-
ginosas. ln: Micronutrientes na agricultura. Piracicaba: POTA-
FOS/CNPq, 1991 . 445-484 p.
Q) RAIJ , B. VAN .; CANTARELLA, H. QUAGGIO, J.A.& FURLANI ,
A.M.C. EDS. Recomendações de adubação e calagem para o Es-
tado de São Paulo- 2ªEd. Campinas- Boletim 100- Instituto Agro-
nômico de Campinas. 285 p. 1996.
Q) SALGADO, MARIA M.M. - Agricultura biológica- Santafé de Bo-
gotá-Colômbia. 1995, Unisur.253 p.
e:>SANTOS , LUIZ G. C. Curso de Aprofundamento em Horticultura
Orgânica- (sd) 26 p.
Q)SANTOS, A. C. V. dos. Biofertilizante líquido, o defensivo da
natureza. Niterói: EMATER-Rio, 1992, 16 p.
Q)SANTOS, A. C. V. dos. Efeitos nutricionais fitossanitários do bio-
fertilizante líquido a nível de campo. Revista Brasileira de Fruti-
cultura, v. 13, n. 4, p. 275-279, 1991.
0 SCHELLER, E. Fundamentos científicos da nutrição vegetal
na agric. ecológica. Botucatu, SP: ABD, 1999. 78 p.
Q:>SCHIEDECK, G. ; ALMEIDA, R. G; TOLEDO, A .J. Produtividade
e custo de produção de algodoeiro em transição agroecológica. ln:
Ili CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROECOLOGIA, Florianópo-
lis, 2005.
Q) SILVA, R. H.da; ROSOLEM, C. A. Influência da cultura anterior e
da compactação do solo na absorção de macronutrientes em soja.
Pesq. agropec. bras. v .36 n.1 O Brasília out. 2001 .
(!)SIQUEIRA, J. O.; MOREIRA, F. M. S. Biologia e Bioquímica do
solo. Lavras, UFV/FAEPE, 2002. 291 p.
(!) SOARES, J. B. ; MAIA, A. C. F. Água: microbiologia e trata-
mento. Fortaleza: EUFC, 1999. 206 p.
Q:>SOUSA, D.M.G.; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adu-
bação. 2. ed. Brasllia: Embrapa Informação Tecnológica, 2004.
416 p.
Q)SOUZA, J. L. de.; RESENDE, P. Manual de Horticultura Orgâ-
nica. 2. ed. Viçosa: Aprenda Fácil, 2006. 843 p.
Q:>SOUZA, J.L. Agricultura Orgânica-EMCAPA, 180 P.1998
Q) STEINBERG, JEFFERSON - Um bom composto para cada uso.
Revista Guia Rural (sd) p.86-88.

178
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

C>STONE, L. F. ; SILVEIRA, P. M. da. Efeitos do sistema de prepa-


ro e da rotação de culturas na porosidade e densidade do solo.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, 25, 2, 2001. 395-401 p.
C> STONE, L.F. ; SILVEIRA, P.M. Efeitos do sistema de preparo na
compactação do solo, disponibilidade hídrica e comportamento do
feijoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.34, n.1 ,
p.83-91, 1999.
C>TENNANT, D. A test a modified line intersect method of estimat-
ing root lenght. Journal of Ecology, London , v. 63, p. 995-1001 ,
1975.
0 THEODORO, VANESSA C. & CAIXETA, IVAN- Bases para a
produção de café orgânico. Lavras.MG. Univ. Fed. Lavras. Boletim
Técnico nº 38 . 69 p.
C>VAIRO DOS SANTOS, Antonio Carlos- Biofertilizante liquido -
Niteroi-RJ- Emater/RJ- 16 p.
0 VALE, F.R.; GUILHERME, L.R.G.; GUEDES, G.A.A.; FURTINI
NETO, A.E. Fertilidade do solo: dinâmica e disponibilidade dos
nutrientes de plantas. Lavras, UFVA/FAEPE, 1997. 291p.
Q)VARGAS, M. A. T.; PERES, J. R. R.; SUHET, A. R. Adubação ni-
trogenada, inoculação e épocas de calagem para a soja em um so-
lo sob cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira , Brasília, v. 17,
n. 8, p. 1127-1132, ago. 1982.
0 VIEIRA, R. J.; VIEIRA, C.; VIEIRA, R. F. Leguminosas Granífe-
ras. Viçosa: UFV, 2001. 206 p.
Q:>WERNER, J.C. Adubação de pastagens. Nova Odessa: Institu-
to de Zootecnia, 1984. 49p. (Boletim Técnico, 18).
Q:>ZIMMER, G. F. The biological Farmer- A complete guide to sus-
tainable & profitable biological system of framing. Ed Acres, Texas,
USA, 352 p. 2000.

179
Silvio Roberto Penteado

ANEXO V - DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº17/2014 QUE


ALTEROU A IN Nº46/2011 - SUBSTÂNCIAS E PRODUTOS
AUTORIZADOS PARA USO COMO FERTILIZANTES E COR-
RETIVOS EM SISTEMAS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO

SUBSTÂNCIAS E PRODUTOS Restrições, descrição, requisitos


de composição e condições de uso Condições Gerais Condições
adicionais para as substâncias e produtos obtidos de sistemas
de produção não- orgânicos
1. Composto orgânico, vermicomposto: Permitidos desde que
seu uso e manejo não causem danos à saúde e ao meio ambi-
ente. Origem não Orgânica: Desde que os limites máximos de
contaminantes não ultrapassem os estabelecidos no AnexoVI
desta Instrução Normativa; permitido somente com a autoriza-
ção do OAC ou da OCS.
2. Composto estabelecimentos comerciais e industriais, e
materiais vegetais de podas e jardins. Permitido para culturas
perenes, florestais e ornamentais, desde que bioestabilizado e
não usado diretamente nas partes aéreas comestíveis; permiti-
dos desde que oriundo de coleta seletiva; permitidos desde que
seu uso e manejo não causem danos à saúde e ao meio ambi-
ente. Origem não Orgânica: Permitido somente com a autori-
zação do OAC ou da OCS. As análises de risco que indicarão a
necessidade de verificação dos contaminantesconstantes do
Anexo VI desta Instrução Normativa devem levar em considera-
ção o estabelecimento ou propriedade de origem do insumo, não
sendo obrigatórias por partida.
3. Excrementos, de animais, compostos e biofertilizantes
obtidos de componentes de origem animal Permitidos desde
que composta dos e bioestabilizados; proibido aplicação nas
partes aéreas comestíveis quando utilizadocomo adubação de
cobertura ; permitidos desde que seu uso e manejo não causem
danos à saúde e ao meio ambiente. Quando não compostados,
aplicar com pelo menos 60 (sessenta)diasde antecedência da
colheita em caso de culturas que possuam partes comestíveis

180
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

em contato com o solo. Origem não Orgânica: O produto ori-


undo de sistemas de criação com o uso intensivo de produtos
veterinários e alimentos proibidos pela legislação de orgânicos
só será permitido quando na região não existir alternativa dispo-
nível. Permitido somente com a autorização do OAC ou da OCS.
As análises de riscos que indicarão a necessidade de verificação
dos contaminantes constantes do Anexo VI desta Instrução
Normativa devem levar em consideração o estabelecimento ou
propriedade de origem do insumo, não sendo obrigatórias por
partida.
4. Adubos verdes
5. Biofertilizantes obtidos de componentes de origem vege-
tal Permitidos desde que seu uso emanejo não causem danos à
saúde e ao meio ambiente Origem não Orgânica: Permitidos
desde que a matéria-prima não contenha produtos não permiti-
dos pela regulamentação da agricultura orgânica. Permitido so-
mente com a autorização do OAC ou da OCS
6. Resíduos de origem vegetal Origem não Orgânica: Desde
que os limites máximos de contaminantes não ultrapassem os
estabelecidos no Anexo VI desta Instrução Normativa; permiti-
dos somente com a autorização doOAC ou da OCS.
7. Produtos derivados da aquicultura e pesca Permitidos
desde que processados; o uso em partes comestíveis das plan-
tas está condicionado à autorização pelo OAC ou pela OCS. O-
rigem não Orgânica: Restrição para contaminação química e
biológica.
8. Resíduos de de biodigestores e de lagoas de decantação
de fermentação. Permitidos desde que seu uso e manejo não
causem danos à saúde e ao meio ambiente; proibido o contato
com partes comestíveis das plantas; proibidos resíduos de bio-
digestores e lagoas que recebam excrementos humanos. Ori-
gem não Orgânica: Permitido somente com a autorização do
OAC ou da OCS. As análises de riscos indicarão a necessidade
de verificação dos contaminantes constantes do Anexo VI desta
Instrução Normativa, devem levar em consideração o estabele-

181
Sílvio Roberto Penteado

cimento ou propriedade de origem do insumo, não sendo obriga-


tórias por partida.
9. Excrementos humanos e de animais carnívoros domésti-
cos. Não aplicado a cultivos para consumo humano; bioestabili-
zado; não aplicado em adubação de cobertura na superfície do
solo e parte aérea das plantas; permitido somente com a autori-
zação do OAC ou da OCS Origem não Orgânica: Uso proibi-
do.
1O. Inoculantes, microorganismos e enzimas- Origem não
Orgânica: Desde que não sejam geneticamente modificados ou
originários de organismos geneticamente modificados; desde
que não causem danos à saúde e ao ambiente.
11. Pós de rocha- Origem não Orgânica: Origem não Orgâ-
nica: Respeitados os limites máximos de me tais pesados cons-
tantes no Anexo VI desta Instrução Normativa.
12. Argilas Desde que proveniente de extração legal
13. Fosfatos de Rocha, Hiperfosfatos e Termofosfatos
14. Sulfato de potássio e sulfato duplo de potássio e mag-
nésio- Origem não Orgânica: Desde que obtidos por procedi-
mentos físicos, não enriquecidos por processo químico e não
tratados quimicamente para o aumento da solubilidade; Permiti-
do somente com a autorização do OAC ou da OCS em que esti-
verem inseridos os agricultores familiares em venda direta.
15. Micronutrientes
16. Sulfato de Cálcio (Gesso)- Origem não Orgânica: Desde
que o nível de radiatividade não ultrapasse o limite máximo re-
gulamentado. Gipsita (gesso mineral) sem restrição.
17. Carbonatos, óxidos e hidróxidos de cálcio e magnésio
(Calcários e cal)
18. Turfa Desde que proveniente de extração legal. 19. Algas
Marinhas Desde que provenientes de extração legal. 20. Prepa-
rados homeopáticos e biodinâmicos
21. Enxofre Desde que autorizado pelo OAC ou elementar pela
ocs

182
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA

22. Pó de serra, casca e outros derivados da madeira, pó de


carvão e cinzas Permitidos desde que a matéria prima não es-
teja contaminada porsubstâncias não permitidas para uso em
sistemas orgânicos de produção; proibido o uso de extrato piro-
lenhoso; permitidos desde que não sejam oriundos de atividade
ilegal.
23. Produtos e subprodutos processados de origem animal
Permitidos desde que sejam oriundos de atividade legal; desde
que autorizado pelo OAC ou pela OCS. Origem não Orgânica:
O produto oriundo de sistemas de criação com o uso intensivo
de alimentos e pro- dutos veterinários proibidos pela legislação
de orgânicos só será permitido quando na região não existir al-
ternativa disponível, desde que os limites de contaminantes não
ultrapassem os estabelecidos no Anexo VI desta Instrução Nor-
mativa.
24. Substrato para plantas Permitidos desde que obtido sem
causar dano ambiental. Origem não Orgânica: Proibido o uso
de radiação; permitido desde que sem enriquecimento com ferti-
lizantes não permitidos nesta Instrução Normativa.
25. Produtos, subprodutos e resíduos industriais de origem
vegetal - Permitidos desde que sejam oriundos de atividade le-
gal; permitidos desde que seu uso e manejo não causem danos
à saúde e ao meio ambiente; permitidos desde que autorizadas
pelo OAC ou pela OCS; proibido o uso de vinhaça amônica. O-
rigem não Orgânica: Permitidos desde que não tratados com
produtos não permitidos nesta Instrução Normativa.
26. Escórias industriais de reação básica Respeitados os limi-
tes máximos de metais pesados constantes no Anexo VI desta
Instrução Normativa; permitidas desde que autorizadas pelo
OAC ou pela OCS.
27. Sulfato de magnésio ou Kieserita Sais de extração mineral.
Permitido desde que de origem natural.
28. Carcaças e resíduos de abate para consumo próprio.
Permitidos desde que oriundo da própria unidade de produção,
compostados e bioestabilizados; permitido somente com a auto-

183
Sílvio Roberto Penteado

rização do OAC ou da OCS. Origem não Orgânica: Permitidos


apenas se oriundos da produção paralela.

ANEXO VI-VALORES DE REFERÊNCIA UTILIZADOS COMO


LIMITES MÁXIMOS DE CONTAMINANTES ADMITIDOS EM
COMPOSTOS ORGÂNICOS, RESÍDUOS DE BIODIGESTOR,
RESÍDUOS DE LAGOA DE DECANTAÇÃO E FERMENTA-
ÇÃO, E EXCREMENTOS ORIUNDOS DE SISTEMA DE CRIA-
ÇÃO COM O USO INTENSO DE ALIMENTOS E PRODUTOS
OBTIDOS DE SISTEMAS NÃO-ORGÂNICOS

Elemento Limite (mg kg de matéria seca)


1. Arsênio: 20
2. Cádmio: O,7
3. Cobre: 70
4. Níquel 25
5. Chumbo: 45
6. Zinco: 200
7. Mercúrio: 0,4
8. Cromo (VI): 0,0
9. Cromo (total): 70
1O. Selênio: 80
11. Coliformes Termotolerantes (número mais provável por gra-
ma de matéria seca - NMP/g de MS): 1.000
12. Ovos viáveis de helmintos (n úmero por quatro gramas de
sólidos totais - n em 4g ST): 1
13. Salmonella-SP: Ausência em 10g de matéria seca

184

Você também pode gostar