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UNIVERSIDADE FEDERAL DA

PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS


AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE
ZOOTECNIA
DISCIPLINA: Forragicultura II

Valor nutritivo
de plantas
forrageiras

Profa. Aline Mendes Ribeiro


Rufino
Introdução
Fornecer os nutrientes necessários aos animais, para satisfazer
as exigências, a fim de permitir que realizem as atividades
fisiológicas do organismo.

Consumo de MS
X

Composição do alimento
X
Digestibilidade
X
Eficiência Energética
Introdução

• Valor nutritivo: refere-se a composição química, digestibilidade e natureza


dos
produtos da digestão
• Qualidade de forragem: definido pela produção por animal, estando
relacionado diretamente com o consumo voluntário e digestibilidade dos
nutrientes contidos na mesma  desempenho animal
Introdução
Introdução

• Possibilita a utilização
racional dos alimentos
• Relação com a forragem colhida
• Correto balanceamento • Estádio de maturidade da planta
de rações • Nível tecnológico
• Adequada alimentação • Época do ano

animal
- Composição química
Introdução

Figura. Representação simplificada dos componentes de um ecossistema de


Fatores associados ao valor
nutritivo da forragem

Figura. Fatores associados ao valor nutritivo da forragem


Adaptado de Mott e Moore (1970)
A melhor avaliação da
qualidade de uma forragem
é o desempenho animal.

O consumo, a digestibilidade
e a eficiência de utilização
são características da
forragem que determinam o
desempenho animal.
F
i
g
u
r
a
.
Análise de alimentos
Tabela. Métodos para avaliação de pastagens
Análise de alimentos
Amostra do alimento
Sistema de análise de Weende umidade
60ºC
(análise proximal – desde 1890)
Amostra seca ao
ar 105ºC
 Matéria seca (MS) umidade
 Matéria orgânica (MO) Matéria
 Matéria mineral (MM) seca
éter
 Proteína bruta (PB)
 Extrato etéreo (EE) E Nitrogênio
 Fibra bruta (FB) E Kjeldahl Resíduo I
 Extrato não nitrogenado Resídu Fervura em
(ENN) o álcali
Se um fator antiqualitativo limita a produção queima Resíduo II
animal, este torna-se o mais importante a (Cinzas +
ser analisado (Cherney, 2000). Cinza FB) queima
s
Cinzas
ENN = 100 - (PB + FB + EE + MM)
Análise de alimentos
Tabela. Classificação das frações da forragem de acordo com
suas características nutritivas

O sistema proposto por


Van Soest para
análise de
Tratamento da
forragem com uma plantas forrageiras
solução contendo
detergente neutro a
estabelece que a
qual solubiliza o planta é dividida
conteúdo celular
em duas porções:
a- conteúdo
celular; b- parede
celular
Análise de alimentos

 Desenvolvimento do SistemaDetergente (Van Soest and Wine,


1967) -
objetivo

 FDN/NDF
H C L P C A

“Contaminantes”:
Hemicelulose P - proteína
Lignina
C - cinzas
A - amido
Celulose
Análise de alimentos
Sistema Detergente de Alimento
Van Soest

Matéria Seca Água

Cinzas ou Matéria Mineral Matéria orgânica

Proteín Extrat Fibra em Carboidratos


a o Detergente Neutro não
Bruta Etéreo fibrosos

FDN = Celulose + Hemicelulose +


Lignina FDA = Celulose + Lignina
Análise de alimentos
A fibra fornece os carboidratos usados como fonte de energia pelos
microrganismos do rúmen, que por sua vez fornecem os AGCC

 Fibra em Detergente Neutro


(FDN)

Celulose
Hemicelulose

Lignina

Pectinas, Proteínas, Açucares,


Lipídios
Análise de alimentos
 Fibra em Detergente Ácido

 Porção menos digerível da parede celular das


forrageiras

Celulose
Lignina

Hemicelulose , minerais
solúveis
Conceito nutricional  Relação com o consumo
de fibra  Relação com a
digestibilidade

Importância da fibra para os


ruminantes?

• Fonte de energia
• Garantir o funcionamento
adequado do sistema
digestivo
Conceito nutricional de fibra

Figura. Relação entre % FDN da dieta e a ingestão de


MS.
Digestibilidade

Defi nição: é uma medida da proporção do alimento consumido


que é digerido e metabolizado pelo animal.

Fatores que afetam a digestibilidade

- Espécie forrageira

Processamento - moagem, aquecimento,


tratamentos químicos e o cozimento
Digestibilidade
Métodos de Avaliação da Digestibilidade
a) Método in vivo (a
b) Método in vitro )

(b)

(c)

A partir da digestibilidade é
c) Degradabilidade in situ possível calcular o
consumo
Fatores que interferem na qualidade
da forragem

Espécie forrageira

Ponto de colheita/estádio de
crescimento (VN)

Fatores ambientais

Fertilidade do solo
Espécie forrageira

Van Soest (1994)


Espécie forrageira
Histologia e anatomia de plantas

Proporção de tecidos e a espessura da parede


celular

 Apresentam correlações com os teores:


- Fibra
- Lignina
- Proteína bruta
- Digestibilidade
Espécie forrageira
Histologia e anatomia de plantas

Relações entre anatomia da planta e o valor nutritivo:

Possibilidade de utilização de características anatômicas na


avaliação do valor nutritivo

Paciullo (2000)
Espécie forrageira
Tecidos vegetais - Estádio de
desenvolvimento
- Clima
- Nível de
inserção na folha
Epiderme
Mesofilo
Proporção dos Bainha
tecidos do feixe
vascular
Tecido vascular
Esclerênquima
Tem sido o principal indicativo de
qualidade nutricional de espécies
forrageiras
Espécie forrageira
Tecidos vegetais
o Akin, 1989 e Wilson, 1993:
 De acordo com a de digestão os tecidos
facilidade
podem ser classificados como
segue:
• Mesofilo
• Floema
+
• BFV
• Epiderme
• Esclerênquima
• FVL - Xilema _
Espécie forrageira
Anatomia & Seções transversais de fragmentos de colmo mostrando aumento da
Idade espessura da parede de células do esclerênquima com o aumento da
idade.
JOVEM IDADE
AVANÇADA

B. decumbens

Tifton 85
Espécie forrageira

70
Tropical C4
60 Temperada C3
50
Proporção (%) 40

30

20

10

0
TVL BP ES EP MES
F C I
Tecidos

Figura. Tecido vascular lignificado (TVL), bainha parenquimática dos feixes (BPF),
Esclerênquima (ESC), epiderme (EPI) e mesofilo (MES) na lâmina foliar.
Adaptado de Wilson
Espécie forrageira
Características anatômicas das forrageiras
90 Plantas C3
Tropical • Melhor qualidade em
75 termos de digestibilidade,
Temperad
consumo e teor de PB;
a • Maior degradação
60
Proporção (%)

ruminal;
• Tecidos rapidamente
45 digeridos na lâmina
foliar
30 - C3: 80 a 85% do
total do tecido
15 - C4: 30 a 35% do
total do tecido
0
Rápida e Lenta e Indigest.
total parcial
Digestão
Figura. Proporção de tecidos da lâmina foliar em relação ao seu potencial de
digestão.
Espécie forrageira
Bainha vascular: Células se diferenciam das demais, aumentando de volume e formando
uma “coroa” em torno do feixe vascular, típico do que se denomina de “Anatomia Kranz”,
presente somente em plantas C4.

Figura. Desenho esquemático de um corte transversal de uma folha de uma planta C3 e C4 e


suas particularidades (ver anatomia Kranz evidente nas folhas C4).
Espécie forrageira
Características anatômicas das forrageiras
jovem maduro

sorgo
Stylosanthes scabra
Figura. Seção transversal de
colmos jovens e maduros de
gramínea e leguminosa (WILSON,
1993)
Espécie forrageira
Características anatômicas das forrageiras

Figura. Seção transversal da lâmina foliar do feno de capim-braquiária e as indicações dos


tecidos mensurados na avaliação anatômica. Mesofilo (MES); Tecido vascular lignificado (TVL);
Floema (FLO); Esclerênquima (ESC); Epiderme adaxial (EAD); Epiderme abaxial (EAB); paredes
externa, interna e radial das células da bainha do feixe vascular (BFVe, BFVi e BFVr).
Gobbi, 2004
Espécie forrageira
Características anatômicas das forrageiras

Figura. Seção transversal da lâmina foliar do feno de capim-braquiária com


sítios de
lignificação evidenciados pela luz polarizada (áreas mais claras e brilhantes).
Espécie forrageira
Tabela. Valores médios de proteína bruta e de digestibilidade de espécies
forrageiras
Digestibilidade Teor de PB
Espécies
(% da MS) (% da MS)

Gramíneas de clima
67 11,7
temperado

Leguminosas de
61 17,5
clima temperado

Gramíneas de clima 9,2


54
tropical

Leguminosas de
57 16,5
clima tropical

Minson
(1990)
Crescimento
Vegetativo
Produção

Alongamento
Qualidade

entrenó

Alongamento
colmo

Formação
Relação entre qualidade e produção

inflorescência

Produção
sementes
(1988)
Adaptado de Blaser
Valor nutritivo
Valor nutritivo
↓VN ᛏBiomassa
ᛏ Fibra ↓PB e
CNE

Relação entre
qualidade e
produção

Figura. Dinâmica do crescimento de gramíneas e leguminosas do estádio vegetativo ao início da floração e


seus respectivos teores (%) de proteína, minerais, fibras e lignina, com a consequente redução na proporção
de folhas e aumento na proporção de caules. Fonte: Blaser e Novaes (1990).
Valor nutritivo
Valor nutritivo
Crescimento

Senescência e
Morte de Tecidos

Acúmulo de
Forragem
Estrutura
do Pasto

3 9
Altura Média do Pasto (cm)
Índice de Área Foliar Médio

Adaptado de Bircham & Hogdson


(1983)
Valor nutritivo

MS DIVMS PB
60,0 (%) (%) (%MS)

50,0

40,0
Porcentagem (%)

30,0

20,0

10,0

0,0
28 56 84 112 140 196
Idade (dias)

Figura. Produtividade e valor nutricional do capim-elefante de acordo com sua


Panicum maximum – Mombaça Valor nutritivo
250
95%

folhas (cm/perfilho.dia)
IL

Acúmulo e senescência de
200 16

Acúmulo de
Folha

(cm/perfilho.dia)
hastes
150 s 12

100 8

50 Hastes 4

Senescênci
0 a 0
49,3 82,9 110,3
94,3
Altura do pasto
(cm)
2,26 2,71 4,85 6,56
74,2 84,2 98,0 99,4
20/02 28/02 15/03 22/03
IAF / IL (%) /
GEPF-ESALQ
Valor nutritivo

Tabela. Características do capim-elefante cv. Napier em diferentes


idades
Idade Altura MS PB DIVM Relação
(cm) t/ha (% S folha/colmo
(dias) ) (%)
28 78 1,20 15,3 60,3 3,3
56 173 5,50 8,4 50 1,9
112 273 11,80 4,1 42 0,6
Valor nutritivo
Anatomia & Nível de
inserção no perfilho

Por que os ruminantes selecionam preferencialmenteas


folhas de maior nível de inserção no perfilho?
• As lâminas foliares dos
maiores níveis de inserção são
aquelas mais jovens.

• As possíveis vantagens nutricionais


das folhas da base da planta
podem desaparecer em função da
sua mais avançada idade.

• Maior razão lâmina/colmo na


camada mais alta do relvado.
Valor nutritivo
Anatomia & Nível de inserção no perfilho

Menor %
esclerênquima PC
menos espessa Menor
FDN, FDA Menor teor
lignina

Maior %
esclerênquima PC
mais espessa Maior
FDN, FDA Maior
teor lignina
Valor nutritivo
Anatomia & Clima

FATORES VALOR NUTRITIVO


CLIMÁTICOS
Luz
Temperatur
a Umidade

Alterações químicas na composição dos tecidos.

Redução na Digestibilidade
Valor nutritivo
Anatomia & Clima:

Alterações químicas x Temperatura

• Lignificação da Parede Celular

• Atividades metabólicas são aceleradas


- diminuição dos compostos do conteúdo
celular
Valor nutritivo
Anatomia & Clima:
Tabela. Teores de FDA e celulose em segmentos de
colmos, conforme a estação de crescimento
Componente
químico Estação de crescimento
Verão Outono
FDA 59,9 a 53,8 b
50,2 a 45,9 b
CEL
Paciullo (2000)

Tabela. Coeficientes de DIVMS em segmentos de


colmos, conforme a idade e a estação de
crescimento
Idade Estação de
crescimento
Jovem 58,4 62,7
Avançad Ab
Verão Aa
Médias seguidas 56,7
a de letras diferentes, Aa na coluna e58,2
maiúscula minúscula
linha, são diferentes (P<0,05) peloOutono
na teste de
Ba (2000)
Paciullo
Valor nutritivo
Anatomia & Clima:
Seções transversais de fragmentos de colmo de tifton 85 mostrando o
maior espessamento da parede celular durante o verão

OUTONO

VERÃ
O

Paciullo (2000)
Anatomia & Digestibilidade: Valor nutritivo
Digestão relativa
Tipos Lenta a
de forrageiras Rápida parcial Não digestível
Folhas Mesófilo Epiderme Xilema
de gramíneas Floema BPFV
tropicais Esclerênquima

Mesófilo Xilema
Floema
Folhas Epiderme BPFV Bainha
de gramíneas Bainha Esclerênquima interna dos feixes
temperadas externa
dos
feixes

Colmos Floema Parênquima Epiderme


de tropicais (meia idade)
Parênqui Esclerênquima
e
ma Xilema
temperadas
(imaturo)

Adaptada de AKIN
Valor nutritivo
Anatomia & Digestibilidade:
Tecidos rapidamente digeridos na lâmina foliar:
C3 80 a 85% do total de
tecidos

C4 30 a 35% do total de
tecidos

Correlações entre proporção de tecidos e


características
POSITIVA mesófilo x DIVMS;
nutricionais: xilema, esclerênquima x teores de
PC
NEGATIVA mesófilo x teores de PC ;
xilema, esclerênquima x digestibilidade
Valor nutritivo
Anatomia & Digestibilidade:
De forma geral, os resultados de
pesquisas
envolvendo a anatomia vegetal
Folha < Idade tem
N. avançad demonstrado que:
Inserção a Topo do
Verã colmo
o

Jovem
Base Folha >
do N.
colmo Inserção
Inverno
- Digestibilidade +
Fatores ambientais
Temperatura
o Em temperatura ambiental
elevada:
•Maior espessamento e lignificação da
parede celular, o que reduz a
digestibilidade da forragem consumida.

•Maior atividade metabólica das células, o


que diminui os metabólitos do conteúdo
celular (proteínas, carboidratos não-
estruturais) e, por consequência, a
qualidade da forragem
Fatores ambientais
Disponibilidade hídrica

o Severa restrição:
• Paralisação do crescimento e
senescência foliar
• Baixa qualidade e
disponibilidade
da forragem

o Moderada restrição:
• Retarda o crescimento e a
maturidade da planta, o que
resulta em folhas e colmos
menos lignificados e de maior
digestibilidade
de do solo
Fertilidade do solo e
disponibilidade de
nutrientes
• O N é um dos nutrientes que mais afeta a
composição do vegetal (Van Soest, 1994)
- Aumenta a produção de proteínas
e
outros compostos
nitrogenados

• O fósforo estimula o desenvolvimento


radicular e o perfilhamento (Werner, 1986)
- Maior capacidade de absorção
de nutrientes, o que aumenta a
qualidade nutricional da planta.
Fertilidade do solo
Fertilidade do solo e disponibilidade de nutrientes
Exemplo: Capim-braquiária
lotação contínua no verão
manejo do pastejo  pasto com 20 cm de altura

180 13,6
14

Proteína bruta (% MS)


12,3
Acúmulo de forragem

160 153 11,0


142
(kg/ha.dia)

11 9,6
140 131
121
8
120

100 5
75 150 300 75 150 300
225 225

Dose de N (kg/ha) Dose de N (kg/ha)

Moreira
(2004)
Fatores que afetam
o consumo

a) Composição química;
b) Digestibilidade da forragem;
c) Grau de aceitação da
forrageira pelo animal
e
d) Disponibilidade de
forragem.

F
i
g
Fatores que afetam
o consumo

o Animal x Ambiente
• Raça
• Estado fisiológico
• Manejo
• Tipo de pasto
Fatores que afetam
o consumo

o O ponto de vista do animal:

• Altura e densidade de
colmos
• Razão folha/colmo
• Diversidade do pasto
• Horário e tempo de pastejo
• Competição e hierarquia
• Distribuição de dejetos
Fatores que afetam
o consumo

Florescimento

• Translocação de nutrientes para a


semente
• Aumento do teor de fibras
• Diminuição da digestibilidade e
VN
• Controle do florescimento
- Crescimento, Genética,
Fotoperíodo,
Temperatura
Fatores que afetam
o consumo

• Florescimento
– Inevitável (desenvolvimento da planta)
– Maior frequência de pastejo pode reduzir (Bueno,
2003)

Tratamentos 50/100 (esquerda) e 30/95 (direita).


Fatores que afetam
o consumo
Fatores que afetam
o consumo
• Condições de pastagens

- Não só a quantidade de forragem, mas também a


composição das mesmas em folhas e hastes, verdes ou
secas, interferem no consumo final de matéria seca de
animais em pastejo.

- Em determinadas situações, onde se encontram grandes


ofertas de forragem, porém com pequenas proporções de
folhas verdes, podem ocorrer longos períodos de pastejo e,
não otimização do consumo total de matéria seca.
Fatores que afetam
o consumo

Figura. Relação entre oferta de forragem, consumo e eficiência de


utilização
Hodgson (1990)
• Condições de pastagens:

–O consumo diário de forragem é função do tempo de pastejo e da


taxa de ingestão de forragem, composta pela taxa e tamanho de
bocado. O tamanho de bocado é fortemente afetado pelas
condições de pastagens, sobretudo altura (Hodgson, 1990).
Considerações
finais
Composição química

Digestibilidade

Qualidade

Consumo

Desempenho

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