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Secção de Agricultura

Departamento de Produção Agrícola e Animal


Instituto Superior de Agronomia
http://agricultura.isa.utl.pt

Agricultura Geral 2007-2008

10ª Aula
(30/03/2022)
Prof. Pedro Lynce de Faria
Eng. Francisco Campello
Prof. Pedro Aguiar Pinto
Sumário: Fertilização das culturas

1. O que é um fertilizante e a razão da fertilização?


2. A questão da fertilidade e a fertilidade do solo
3. Ciclo dos nutrientes e sua importância
4. Principais aspetos a observar na prática da fertilização
5. Tipos de fertilizantes
6. Fertilização orgânica
7. Bases de troca e Capacidade de troca catiónica
8. Correção do pH
9. Fertilização mineral
10. A escolha do adubo
11. Planeamento da fertilização num caso concreto
12. Anexos: tabelas de composição de vários adubos
O “laboratório” da planta

Transpiração
água
Respiração
Respiração
O2
CO2
Fotossíntese
CO2 Fotossíntese
O2

Água

N
Mo
P
K B
Co
Ca Al
Mg Cu
S Zn
Na Cl Si Fe Mn
1. O que é um fertilizante?

Os fertilizantes são produtos orgânicos ou


inorgânicos, naturais ou artificiais, que
contêm pelo menos um dos três
macronutrientes principais (N, P ou K),
podendo conter, para além destes, outros
macronutrientes secundários (Ca, Mg, S,
Na, Cl, Si) e/ou micronutrientes (Fe, Zn, B,
Mo, Cu, …..)
1. Razão da fertilização

Necessidade de obter maiores produções

Utilização de espécies/variedades/cultivares mais produtivas


Desenvolvimento de métodos de defesa contra pragas, doenças
e infestantes,...

Necessidade de recorrer à utilização de fertilizantes para


responder às crescentes exigências nutricionais das culturas

A utilização de fertilizantes deve ser:


 efetuada racionalmente, em termos qualitativos e quantitativos
(de acordo com os condicionalismos agroclimáticos e culturais)
 efetuada nas épocas oportunas: aspeto relacionado com o ritmo
de crescimento e desenvolvimento da cultura (fases) e o modo
como se comportam os nutrientes no solo.
Fluxo de energia num ecossistema natural

Radiação
solar
Ambiente aéreo

Metano
Reflexão

Produtos
vegetais

Plantas
Animais

Produtos
animais

Dejecções
Senescência

Solo
Fluxo de energia num ecossistema agrícola

Radiação
solar
Ambiente aéreo

Metano
Reflexão
Processamento Produtos
Combustível vegetais
Colheita

Máquinas Conservação

Cultura
Animais

Produtos
Pesticidas animais

Dejecções
Irrigação
Senescência, doenças e pragas

Solo Exportação
Fertilização

Subsídio de energia
2. A questão da fertilidade

 A natureza da produção agrícola envolve a:


 Exportação de biomassa e, por conseguinte, de nutrientes
 Como se compensa?
Fracas exportações/elevadas restituições
Sucessão de culturas/Rotações/Siderações
Aplicação/incorporação de fertilizantes
 Qual o Instrumento de medida?
Balanço de massa
• Balanço de nutrientes
Diferente natureza dos nutrientes
2.1. Exportação de nutrientes

Exemplo hipotético da estimativa de necessidades e


exportações de nutrientes para uma cultura de milho com
um Harvest Index = 0,5

Grão Palha Total


Hidratos de carbono (CH2O) 10.000 10.000 20.000
C 12 40% 3.800 3.800 7.600
H2 2 7% 633 633 1.267
O 16 53% 5.067 5.067 10.133
30 100% 95% 95%
N 2% 200 1% 100 300
P 1,5% 150 2% 200 350
K 1,5% 150 2% 200 350

100% 10.000 100% 10.000 20.000


2. A fertilidade do solo e a produtividade alcançada

Fatores de natureza
física, química e biológica

Fertilidade do solo

Pragas, doenças
Clima Solo
e infestantes

Factores genéticos Factores ambientais

Crescimento vegetal
A absorção dos nutrientes pelas raízes pode ser por via:

 Interseção
Contacto que as raízes estabelecem com os nutrientes existentes na
solução do solo ou adsorvidos à superfície dos coloides

 Fluxo de massa
Movimento dos iões em direção à raiz devido ao fluxo de água (como
consequência da transpiração e dos movimentos de percolação e de
evaporação da água do solo)

 Difusão
Deslocação de um ião de uma zona de maior concentração para outra em
que a sua concentração é menor (à medida que o elemento vai entrando na
planta a sua concentração junto da raiz tende a baixar, estabelecendo-se
diferenças de concentração no solo)
Leis do crescimento vegetal

Tentativa de quantificar a ação exercida por cada fator de


crescimento vegetal (relações de causa e efeito)

 Lei do mínimo ou de Liebig: a produção obtida é limitada pelo factor de


crescimento que, em relação às necessidades da planta, se encontra em
maior deficiência

Ilustração da lei do
mínimo ou de Liebig
(neste caso, o elemento
mínimo, ou fator
limitante, seria o K)

 Lei dos rendimentos decrescentes ou de Mistcherlich : a partir de um


dado nível de aplicação de um dado fator de crescimento, acréscimos
iguais desse mesmo fator correspondem a acréscimos de rendimento que
vão sendo sucessivamente menores.
Lei de Mistcherlich
ou dos rendimentos/acréscimos decrescentes

A
A
Y = A (1 - e -cx )
Y = A (1 - e -cx )

Produção
Produção

dy/dx x=0 = cA
dy/dx x=0 = cA
Nívelde
Nível derecurso
recurso

Curva de saturação
Cinética enzimática (Lei de Michaelis-Menten)
3. O ciclo dos nutrientes solúveis

Ingestão
Plantas Animais

Excreções
Restolhos
Raízes
Folhas
senescentes Fezes Urina

Absorção
Resíduos (veget. e animais)
Matéria orgânica
Produtos animais

Nutrientes disponíveis
Fertilizantes para as plantas Água
Lexiviação
Escoamento superficial
Nutrientes não disponíveis Erosão
para as plantas
Adaptado de Wilkinson e Lowrey (1973)
3. O ciclo dos nutrientes (c/fase gasosa)
Ingestão
Plantas Animais
Fixação de N
atmosférico Atmosfera
Excreções
Restolhos
Raízes Volatilização Deposição
Folhas
senescentes Fezes Urina

Absorção
Resíduos (veget. e animais)
Matéria orgânica
Produtos animais

Nutrientes disponíveis
Fertilizantes para as plantas Água
Lexiviação
Escoamento superficial
Nutrientes não disponíveis Erosão
para as plantas
Adaptado de Wilkinson e Lowrey (1973)
Classificação dos elementos vegetais

C, O, H

Macronutrientes Principais - N, P, K
Essenciais
Secundários - Ca,
Mg, S, Na, Cl, Si

Elementos vegetais
Micronutrientes
Catiões – Fe, Mn,
Zn, Cu, Al, Co

Aniões - B, Mo
Benéficos

Tóxicos
Riqueza dos fertilizantes
A riqueza de um fertilizante é a quantidade de elemento nutritivo assimilável que
contém por unidade de peso de produto. Nos fertilizantes simples, as unidades
que se consideram para o cálculo da riqueza são as seguintes:
 N
 K2O
 P2O5
 CaO
 MgO
 Todos os restantes são valorizados na sua forma elementar

 A tendência atual em agronomia é a de expressar a riqueza dos nutrientes


na sua forma elementar. A riqueza de um fertilizante completo (ternário) é
indicada por três números que correspondem às percentagens de N, P2O5 e
K2O, respetivamente.
 Exemplo: Um fertilizante ternário 15-15-15 tem uma concentração total de
45%, com riqueza de 15%, 15% e 15% em N, P2O5 e K2O, respetivamente. Se
expressarmos as riquezas na forma elementar teremos:
N – 15%
P – 15% x 62 kg P/142 kg P2O5 = 6,5%
K – 15% x 78 kg K/94 kg K2O = 12,4%
Ciclo do N
Macronutrientes principais: azoto

No solo
- formas orgânicas (98%)
- formas minerais (NH4+, NO2- e NO3-)
Nitrossomas Nitrobactérias
Norgânico NH4+ NO2 - NO3 -
amonificação
amónia nitritos nitratos

mineralização
-Estados de oxidação:
+5, +4, +3, +2, +1, 0, -1, -2, -3
Assimilação pelas plantas
- forma nítrica (NO3-) predominante na generalidade das plantas
- forma amoniacal (NH4+), importante sobretudo no arroz e na batata
Na planta
- entra na composição das proteínas, clorofila, aminoácidos e ácidos nucleicos
- é parte ativa na síntese de compostos não azotados (açúcares, amido, ...)
Macronutrientes principais: azoto
Retenção
- física: complexo coloidal, adsorção, CTC (NH4+)
- química: quase nula
- biológica: matéria orgânica

Ganhos
- fixação simbiótica (Rhizobium) e não simbiótica (Clostridium e Azotobacter)
- incorporação através das chuvas
- culturas (raízes, restolhos,...) e animais (fezes e urina)
- Fertilização

Perdas
- erosão
- gasosas (N2 e N2O) bactérias heterotróficas Pseudomonas, Thiobacillus
(anaerobiose) desnitrificação
- lavagem (arrastamento)
Fixação de azoto pelas leguminosas

 Simbiose leguminosa-rhizobium: balanço energético e económico


 Especificidade do rhizobium: grupos de inoculação cruzada (rhizobium
meliloti - luzerna)
 Nodulação e fixação de azoto: nodulação e atividade da nitrogenase
(NO2  NH3) favorecidas nas fases iniciais do ciclo de crescimento das
leguminosas

 Fatores que afetam a nodulação e a fixação de azoto


ambientais: temperatura (22 a 24 °C), pH, disponibilidade de água (stress
hídrico), intensidade da radiação
biológicos: especificidade entre a leguminosa e a estirpe de rhizobium;
presença de organismos com atividade antibacteriana que fazem diminuir
a concentração de rhizobium
nutricionais: molibdénio (nitrogenase); ferro (leghemoglobina); boro,
fósforo e enxofre (constituintes importantes das leguminosas); azoto
(efeito repressivo no estabelecimento da simbiose; mas se não se aplica
há risco de favorecer demasiado as leguminosas nas consociações)
Macronutrientes principais: azoto

Em caso de consumo de luxo pelas plantas, observa-se:


- maior suscetibilidade a pragas e doenças
- maior tendência para a acama (cereais)
- atraso na maturação
- menor teor de açúcar (p.ex.: beterraba sacarina)
- menor teor de malte (p.ex.: cevada)
- maior teor de amidas (p.ex.: sorgo)

O azoto deve ser distribuído de forma racional, ou seja deve ter-se


em atenção:
- a quantidade, e
- a época de distribuição, e
- o balanço com outros nutrientes
Macronutrientes principais: fósforo

No solo
- formas orgânicas (não assimiláveis) e minerais;
- formas minerais: disponibilidade é função do pH do solo e da existência
de elementos com os quais o fósforo se liga constituindo formas não
assimiláveis.
- mais fósforo assimilável com pH neutro
- em solos ácidos é adsorvido nos óxidos e hidróxidos de ferro e de
alumínio e minerais de argila 1:1; fosfatos de ferro e alumínio pouco
solúveis;
- em solos alcalinos, quando existe cálcio, formam-se fosfatos de
cálcio e outros compostos mais complexos e igualmente insolúveis.

Assimilação pelas plantas


- fosfato monobásico (PO4H2-) é a forma mais facilmente absorvida
Macronutrientes principais: fósforo

Na planta
- papel importante no desenvolvimento do sistema radicular e no controlo
da abertura estomática, contribuindo para o aumento da resistência à
secura;
- intervém na divisão celular e na formação e utilização dos açúcares,
gorduras e proteínas; é um dos constituintes dos ácidos nucleicos; atua no
controlo do processo respiratório;
- influencia a floração, a formação de sementes e a maturação dos
frutos;
- confere maior resistência mecânica aos tecidos vegetais (diminuição da
acama dos cereais e maior resistência das plantas às pragas e doenças).
Técnicas para aumentar as disponibilidades de fósforo no solo
- correção da reação do solo para um pH neutro;
- adição de matéria orgânica;
- localização do fósforo aplicado sob a forma de adubos;
- aplicação de adubos granulados;
- aplicação de quantidades elevadas de fosfatos naturais.
Macronutrientes principais: potássio

No solo
- formas assimiláveis: potássio na solução do solo (facilmente arrastado) ou
adsorvido no complexo de troca;
- formas inacessíveis às plantas: constituinte de minerais primários
(feldspatos potássicos,...) ou fixado nos espaços interlamelares dos minerais
de argila;
- existe em quantidades elevada na maior parte dos nossos solos.
Assimilação pelas plantas
- ião K+; absorvido em “consumo de luxo”
Na planta
- regula certas funções da planta (p.ex.: diferenciação e formação de ápices
vegetativos e/ou reprodutivos);
- exerce uma ação qualitativa nas produções (estimula a síntese de
hidratos de carbono – e.g. beterraba - e proteínas e a atividade
fotossintética e enzimática);
- aumenta a resistência ao stress hídrico e aos ataques de pragas e
doenças.
Formas dos nutrientes assimiladas pelas plantas

26
FERTILIZAÇÃO

Algumas chamadas de atenção!!!


 A ação dos diferentes nutrientes não se faz sentir de forma isolada, pois os
nutrientes relacionam-se, uns com os outros, por antagonismos iónicos e
sinergismos.
 O azoto tem interações positivas com o fósforo e o enxofre;
 O azoto amoniacal tem uma interação negativa com o potássio;
 O azoto só pode ser adequadamente aproveitado pela planta em presença de uma
adequada nutrição em potássio;
 Altos níveis de fósforo (no solo ou aplicado) podem conduzir a carências de
micronutrientes catiões, nomeadamente do cobre e do zinco;
 Altos níveis de potássio (no solo ou aplicado) induzem carências de magnésio;
 O enxofre tem sinergias importantes com o azoto e o potássio, aumentando a
eficiência da utilização destes últimos; atenção particular em solos calcários;
 Alguns herbicidas (glifosato – por ser um forte agente quelatante) podem diminuir
a disponibilidade de manganês, zinco e ferro;
 Herbicidas à base de sulfonilureas dificultam a absorção de diversos nutrientes,
sobretudo do fósforo, cobre e zinco, durante as primeiras fases do ciclo vegetativo.
Fertilizantes

“…aqueles produtos que, de modo directo ou indirecto, vão permitir que as


plantas tenham uma alimentação mais correcta e, por isso, originar mais
produtos e de melhor qualidade” (Quelhas dos Santos, 1991)

Aumento das
produções
Mais húmus
no solo
Aumento das palhas
e forragens

Aumento da produção
de estrume

Aumento dos detritos


orgânicos no solo
Aumento do número
de cabeças de gado

Ciclo virtuoso da fertilização


Secção de Agricultura
Departamento de Produção Agrícola e Animal
Instituto Superior de Agronomia
http://agricultura.isa.utl.pt

Agricultura Geral 2007-2008

11ª Aula
(31/03/2022)
Prof. Pedro Lynce de Faria
Eng. Francisco Campello
Prof. Pedro Aguiar Pinto
Sumário: Fertilização das culturas

1. O que é um fertilizante e a razão da fertilização?


2. A questão da fertilidade e a fertilidade do solo
3. Ciclo dos nutrientes e sua importância
4. Principais aspetos a observar na prática da fertilização
5. Tipos de fertilizantes
6. Fertilização orgânica
7. Bases de troca e Capacidade de troca catiónica
8. Correção do pH
9. Fertilização mineral
10. A escolha do adubo
11. Planeamento da fertilização num caso concreto
12. Anexos: tabelas de composição de vários adubos
5. Tipos de fertilizantes (classificação)

a) Corretivos (normalmente, são produtos naturais)


Atuam de forma indireta na fertilidade do solo, contribuindo
para a alteração benéfica das características físicas, químicas e
biológicas do solo. Podem ser:
 ORGÂNICOS - destinados a corrigir o teor de MO do solo;
 MINERAIS - destinados a corrigir a reação do solo, sendo acidificantes ou
alcalinizantes consoante contribuem para a diminuição ou para o aumento do teor
de pH, respetivamente.

b) Adubos (produtos químicos artificiais)


Atuam de forma direta na fertilidade do solo devido às
elevadas quantidades de elementos nutritivos que contêm,
nomeadamente macronutrientes principais.
Correctivos

Orgânicos Minerais

Manter ou aumentar o teor Aumentar ou diminuir


de matéria orgânica do solo o pH do solo

Estrumes naturais,
Alcalinizantes Acidificantes
chorumes, bagaços,
lamas, turfas, • cal viva - CaO • ácido sulfúrico -
sideração H2SO4
• cal apagada - Ca(OH)2;
Mg(OH)2 • enxofre - SO2
• carbonato de cálcio • gesso - CaSO4.2H2O
(calcários) - CaCO3,
MgCO3,...
Adubos: classificação

E amoniacais
l
e nítricos
m azotados
e nítrico-amoniacais ureicos
M
i n
t amídicos cianamídicos
n
e a
fosfatados nítrico-amoniacais-amídicos
r r
a e
s potássicos
i
s C
Adubos
o binários: N-P, N-K, P-K em pó
m
p cristalinos
o
s granulados
t ternários: N-P-K
o Sólidos Macro
s granulados
especiais Líquidos
Orgânicos
Minero-orgânicos Gasosos
Adubos azotados

Os adubos azotados são classificados com base na forma


ou formas químicas em que o azoto neles se encontra

 amoniacais - azoto na forma amoniacal (NH4+)


p.ex.: amoníaco anidro, sulfato de amónio, cloreto de amónio
 nítricos - azoto na forma nítrica (NO3-)
p.ex.: nitrato de cálcio, nitrato do Chile, nitrato de sódio
 nítrico - amoniacais - azoto nas formas nítrica e amoniacal (NH4+ e NO3-)
p.ex.: nitrato de amónio, diluições do nitrato de amónio com calcário
 amídicos - azoto na forma amídica (NH2)
p.ex.: ureia, cianamida cálcica
 nítrico - amoniacais-amídicos - azoto nas formas amoniacal, nítrica e
amídica (NH4+, NO3- e NH2)
p.ex.: solução azotada 32
Adubos: forma física

 gasosos:
utilização difícil, grande causticidade, deve ser aplicado/injetado ao
solo em profundidade – amoníaco anidro (NH3)

 líquidos:
comodidade e rapidez de aplicação, economia de tempo e mão-de-obra,
versatilidade de utilização, grande regularidade na distribuição e
possibilidade de operações simultâneas - solução azotada

 sólidos:

• pó: difícil de manipular; dificuldades na distribuição;


maiores perdas no transporte e manuseamento
• granulados: boa eficácia (menor superfície específica
do adubo), maior simplicidade no manuseamento
e distribuição
Escolha dos adubos

Aspectos relacionados com os adubos:


 forma química dos macronutrientes principais
 teores em macronutrientes secundários
 teores em micronutrientes
 reacção fisiológica do adubo
 salinidade
 forma como se apresenta
 solubilidade e higroscopicidade
 preço por unidade de macronutriente

Factores externos:
 características do solo: MO, textura, reacção, salinidade, teor em
nutrientes,...
 características das plantas: necessidades em nutrientes, ciclo vegetativo,
qualidade da produção,...
 características climáticas: precipitação, temperatura,...
Vantagens e inconvenientes da utilização
de adubos compostos
Vantagens:
 Dispensam a mistura de adubos (granulometria diferente,
incompatibilidades, economia de mão de obra)
 Obrigam o agricultor a efetuar adubações completas e mais
equilibradas
 Permitem que haja uma economia no transporte e distribuição

Inconvenientes:
 Não possuem ou possuem menores quantidades de outros nutrientes
(macronutrientes secundários, nomeadamente enxofre, cálcio ou
magnésio, e micronutrientes)
 Não permitem ajustar a adubação às diferentes condições dos solos,
plantas e épocas de aplicação
Misturas de adubos

Inconvenientes:
 adubos podem reagir entre si provocando perdas, insolubilização, ou
aquisição de estados físicos incompatíveis com uma distribuição eficaz

Regra geral, não devem misturar-se:

 adubos contendo cálcio na forma cáustica (CaO) com adubos com azoto
amoniacal ou ureia: formação e volatilização de amoníaco (NH3)

 adubos contendo cálcio na forma cáustica (CaO) com adubos com fósforo em
combinações solúveis na água: formação de compostos insolúveis de fósforo

 adubos contendo nitrato de cálcio Ca(NO3)2 e ureia com superfosfatos:


insolubilização do fósforo e perda de azoto

 adubos contendo azoto na forma nítrica com adubos de reacção química


ácida (p.ex. superfosfatos), a menos que a mistura seja imediatamente
incorporada: formação de ácido nítrico e perda de azoto

 adubos contendo cálcio na forma cáustica (CaO) e nitrato de cálcio com


adubos contendo cloretos: mistura absorve água, dificultando a distribuição
Diagrama da mistura dos principais
adubos elementares
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

1 1. Nitrato de sódio e nitrato do Chile


2 2. Nitrato de cálcio
3 3. Sulfato de amónio
4 4. Nitrato de amónio e suas diluições
5 5. Sulfonitrato de amónio
6 6. Cianamida cálcica
7 7. Ureia
8 8. Superfosfatos
9 9. Fosfato Thomas
10 10. Fosfatos moídos
11 11. Sulfato de potássio
12 12. Cloreto de potássio
13 13. Adubos orgânicos

Podem misturar-se e armazenar-se


Podem misturar-se mas devem aplicar-se imediatamente
Não devem misturar-se
Reacção fisiológia e salinidade dos adubos

Reação fisiológica:
 alteração que a aplicação de um adubo provoca na reação do solo:
 neutros (p.ex. superfosfatos, nitrato de amónio)
 acidificantes (p.ex. sulfato de amónio, ureia)
 alcalinizantes (p.ex. nitrato de sódio, nitrato de cálcio)
 equivalente de acidez (e de basicidade): número de partes de carbonato de
cálcio necessário para neutralizar (ou equivalente) o resíduo ácido (básico)
deixado no solo pela aplicação de 100 partes de adubo.
 sulfato de amónio: equivalente de acidez igual a 110;
 cianamida cálcica; equivalente de basicidade igual a 63.

Salinidade:
 capacidade de um adubo para aumentar a pressão osmótica do solo:

 índice salino: razão, multiplicada por 100, entre o aumento da pressão


osmótica devido à aplicação de uma certa quantidade de adubo e o
aumento provocado por igual quantidade de nitrato de sódio.

 superfosfato concentrado, 10; cloreto de potássio, 116.


Reacção fisiológica de alguns adubos elementares

Valores Relativos referidos a


Valores Absolutos 1 kg de N, P2O5 e K2O (U.F.)
Adubos
Equivalente Equivalente Equivalente Equivalente
de Acidez de Basicidade de Acidez de Basicidade
Amoníaco Anidro 148 - 1,8 -
Sulfato de Amónio 110 - 5,35 -
Sulfonitrato de Amónio 84 - 3,20 -
Ureia 84 - 1,85 -
Nitrato de Amónio 59 - 1,30 -
Nitricoamoniacal 26 % 20 - 0,77 -
Nitricoamoniacal 20,5 % 0 0 0 0
Cianamida Cálcica - 63 - 3,07
Nitrato de Sódio - 29 - 1,81
Nitrato de Cálcio - 20 - 1,30
Superfosfato 18 % 0 0 0 0
Superfosfato 42 % 0 0 0 0
Cloreto de Potássio 0 0 0 0
Sulfato de Potássio 0 0 0 0
Fonte: Quelhas dos Santos, 1983.
Nota: O símbolo “0” significa que o adubo tem reação fisiológica neutra.
Equiv. Acidez – quilogramas de carbonato de cálcio necessários para neutralizar a
acidez resultante da aplicação de 100 kg de adubo
Equiv. Basicidade - quilogramas de carbonato de cálcio que exercem a mesma ação
neutralizante que 100 kg de adubo
Índices salinos de alguns adubos elementares

Índices Salinos
Adubos
Valores Relativos referidos
Valores Absolutos
a 1 kg de N, P2O5 e K2O

Amoníaco Anidro 47 0,57


Sulfato de Amónio 69 3,37
Sulfonitrato 82 3,17
Ureia 75 1,60
Nitrato de Amónio 105 3,13
Nitrolusal 26 79 3,04
Nitrolusal 20,5 63 3,07
Cianamida Cálcica 31 1,50
Nitrato de Sódio 100 6,25
Nitrato de Cálcio 52 3,37
Superfosfato normal 8 0,44
Superfosfato concentrado 10 0,22
Cloreto de Potássio 116 1,93
Sulfato de Potássio 46 0,92
Fonte: Quelhas dos Santos, 1983.

Índice Salino – relação, expressa em percentagem, entre o aumento da pressão


osmótica da solução do solo provocado pelo adubo e o aumento produzido por igual
quantidade de nitrato de sódio
Solubilidade e higroscopicidade dos adubos

Solubilidade: tendência para se dissolverem na água


Higroscopicidade: tendência para absorverem água (diferença
entre 100 e a humidade relativa do ar em equilíbrio com uma
solução saturada do adubo)

Solubilidade e coeficiente de higroscopicidade de


alguns adubos elementares a 20ºC

Adubos Solubilidade Coeficiente de


(kg/100 L de água) higroscopicidade

Sulfato de Amónio 73 19
Nitrato de Amónio 192 33
Nitrato de Cálcio 102 45
Ureia 103 20
Superfosfato normal 3 4
Superfosfato concentrado 7 4
Cloreto de Potássio 34 19
Sulfato de Potássio 11 4
Fonte: Quelhas dos Santos, 1983.
Armazenagem de adubos sólidos

sob coberto: ar livre:


• evitar infiltrações, correntes • utilizar sacos de polietileno
de ar ou excesso de calor; (plástico);
• revestir o chão com estrados de • utilizar terrenos planos;
madeira;
• colocar estrados de madeira para
• separar adubos por pilhas; evitar a humidade do solo e
facilitar a circulação de ar
• amontoar os sacos em camadas
(camada de areia);
dispostas perpendicularmente;
• tapar as pilhas com plástico
• não exagerar a altura das
preto;
pilhas;
• retirar sacos rotos ou húmidos.
• retirar sacos rotos ou húmidos.
6. Fertilização orgânica

 Corretivos orgânicos

Efeitos mais importantes da presença da M.O. nos solos


cultivados:

sobre as propriedades físicas:


melhoria da estrutura (estabilidade, permeabilidade, arejamento , balanço hídrico...)
aumento da capacidade calorífica (cor mais escura e > teor de água)

sobre as propriedades químicas:


aumento do poder tampão do solo
acréscimo da capacidade de troca catiónica (CTC)
retenção de elementos nutritivos (fertilizantes);
retenção de iões de alumínio (solos ácidos)/proteção fitotoxicidade;
libertação gradual de nutrientes.

sobre as propriedades biológicas:


suporte energético e nutritivo de microrganismos;
libertação de hormonas e vitaminas benéficas para plantas e outros seres vivos no solo.
favorece o desaparecimento de certos microrganismos patogénicos.
6.1. Fertilização orgânica

Classificação das terras de acordo com o nível de matéria orgânica


(LQARS, 2000)

% de M.O. do solo
Classificação Solos Textura Solos Textura
Grosseira Média ou Fina
Muito Baixa ≤ 0.5 ≤ 1,0
Baixa 0,6 a 1,5 1,1 a 2,0
Média 1,6 a 3,0 2,1 a 4,0
Alta 3,1 a 4,5 4,1 a 6,0
Muito Alta > 4,5 > 6,0

Texturas - classes
Grosseira ou ligeira – Arenosa, Areno-franca, Franco-arenosa
Média – Franca, Franco-limosa, Franco-argilo-arenosa
Fina ou pesada – Franco-argilo – limosa, Franco-argilosa, Argilo-arenosa, Argilo-limosa, Argilosa
6.2. Balanço de matéria orgânica
Balanço da matéria orgânica no solo
Para proceder ao cálculo da matéria orgânica no ano n, precisamos
de conhecer:
A0 - teor de matéria orgânica inicial (%)
x – quantidade de matéria orgânica incorporada anualmente
K2 – coeficiente iso-húmico da matéria orgânica incorporada
K1 – taxa de mineralização anual (função do clima e da gestão)
n – tempo (anos)
Balanço considerando a incorporação anual duma quantidade x
tO → A = AO
tO + ∆ t → A = AO+k2x
t1 → A = (AO+k2x) (1-k1)+ k2x
t2 → A = [(AO + k2x) (1-k1)+ k2x] (1-k1)+ k2x
t3 → A = {[(AO+k2x) (1-k1)+k2x](1-kl)+k2x}(1-k1)+k2x
A = {[(AO+k2x) (1-k1)3+k2x(l-k1)2}+k2x
.............................................................

tn → A = [(AO+k2x) (1-k1)n+k2x(1-kl)n-1]+ ........ +k2x


6.3. Fontes de matéria orgânica

Produtos a utilizar

Estrume bem decomposto é o produto por excelência a aplicar.

Todos os produtos de origem vegetal devem ser utilizados (resíduos


das culturas, fertilização em verde ou culturas para sideração).

Outros produtos artificiais, designadamente os lixos urbanos.


6.4. Quantidade de matéria orgânica incorporada
anualmente (x)
Produtividade referência (14%
Culturas Arvenses humidade) Índice de Colheita
Arroz 7000 kg/ha 0,45
Aveia 2500 kg/ha 0,35
Centeio 2500 kg/ha 0,35
Trigo 4000 kg/ha 0,45
Cevada 4000 kg/ha 0,40
Triticale 4000 kg/ha 0,40
Milho grão 12000 kg/ha 0,45

Produtividade referência (80%


Forrageiras e Pratenses humidade) Índice de Colheita
Aveia 30 ton MV/ha 0,80
Centeio 30 ton MV/ha 0,80
Triticale 30 ton MV/ha 0,80
Consociação (aveia x ervilhaca) 35 ton MV/ha 0,80
Milho forragem 60 ton MV/ha 0,85
Luzerna 15 ton MS/ha 0,85
Prado regadio (trevo branco, festuca, azevém) 15 ton MS/ha 0,60
Prado temporário de sequeiro 7,5 ton MS/ha 0,60
Pastagem semeada leguminosas 6 ton MS/ha 0,60
Pastagem natural 2 ton MS/ha 0,60
6.5. Coeficientes isohúmicos (k2)
Valores do coeficiente isohúmico de diversos detritos vegetais
(Gros e Henin)
Gros K 2 Henin K 2
Estrume bem decomposto 0,4 a 0,5 Estrume bem decomposto 0,5
Palha 0,1 a 0,2 Estrume palhoso 0,2 a 0,4
Resíduos vegetais palhosos
Resíduos de colheita secos 0,1 a 0,2 enterrados com adubo azotado 0,15 a 0,3
Resíduos vegetais palhosos
Resíduos de colheita verdes 0,2 a 0,3 enterrados sem adubo azotado 0,08 a 0,15

Quantidade de húmus gerado por resíduos de colheita (Gros e


Henin) (Valores utilizados quando não existe informação sobre a quantidade de matéria
seca) Gros Henin
Raizes de restolho de trigo (sem palha) 400 a 800 kg/ha Trigo (sem palha) 300 a 600 kg/ha
Idem, Cereais secundários (sem palha) 300 a 500 kg/ha Cevada (sem palha) 150 a 300 kg/ha
Milho (raízes e restolho) 500 a 1000 kg/ha
Milho (raízes, restolho e canas) 700 a 1400 kg/ha Milho (canas enterradas) 750 kg/ha
Beterraba (folhas e coroas) 800 a 1300 kg/ha Beterraba 45 a 900 kg/ha
Palha enterrada (por ton de palha) 100 a 200 kg/t Palha de trigo 400 kg/ha
6.6. Taxa de mineralização anual (K1 = K0 x re)

K0 - taxa anual de mineralização do húmus

Tipo de Clima taxa

Clima Frio 0,003

Clima Temperado 0,005

Clima Quente e Húmido 0,010

re - factor externo

Tipo de Gestão h

Pastagem ou pousio 0,2

Sementeira Directa 1

Mobilização Reduzida 2

Mobilização intensiva (alqueive de Verão) 3


6.7. Exemplo de balanço
Solo - Aluvião moderno com 40 cm de Mobilização Sementeira
profundidade, dap=1,3, 80% de terra fina Resultados reduzida directa
Tempo MO MO MO
Mobiliz. Sem.
(anos) (t/ha) (%) (t/ha) MO (%)
Variáveis Reduzida directa
0 83,20 2,00% 83,20 2,00%
%MO inicial (Ao) 2% 2%
1 82,86 1,99% 83,27 2,00%
Incorporação de restolhos (kg/ha) 4888,89 4888,89 5 81,52 1,96% 83,56 2,01%
coeficiente isohúmico (K2) 0,10 0,10 10 79,92 1,92% 83,91 2,02%
Taxa de mineralização (K1) 0,010 0,005 15 78,40 1,88% 84,26 2,03%

factor externo (re) 2 1 20 76,95 1,85% 84,59 2,03%

factor climático (K0) 0,005 0,005 25 75,58 1,82% 84,92 2,04%


30 74,27 1,79% 85,24 2,05%
Evolução da MO do solo
35 73,02 1,76% 85,55 2,06%

90,00 40 71,84 1,73% 85,85 2,06%

85,00

80,00
Cultura – Trigo
MO (t/ha)

75,00 Produção – 4000 kg de grão


70,00 HI – 0,45
65,00

60,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tem po (anos)

Mobilização reduzida Sementeira directa


6.8. Época de fertilização

Época e modo de utilização da matéria orgânica

Normalmente, aplica-se antecedendo as mobilizações de solo de


preparação para a sementeira de modo a reduzir as mobilizações do
solo.

A sua antecipação, permite que o seu efeito seja mais rápido.

Distribui-se a lanço e incorpora-se no terreno, normalmente com uma


grade de discos, a 15-20 cm de profundidade.
7. Bases de troca e Capacidade de troca catiónica
 As partículas minerais e orgânicas mais finas (respetivamente, argila
e húmus) do solo apresentam características especiais, de que se
salientam as suas propriedades coloidais. Os colóides do solo são
partículas com superfície específica muito elevada e com cargas
elétricas, predominantemente negativas, à sua superfície, o que lhes
permite atrair, reter e trocar iões (sobretudo catiões) presentes na
solução do solo. Este complexo de troca do solo pode ser caracterizado
pela sua capacidade de troca catiónica.
 Na maioria dos casos, os iões retidos no complexo de troca são
nutrientes minerais para as plantas, como o Ca2+, Mg2+ e o k+. A estes
três catiões e ao sódio, Na+, dá-se o nome de soma das bases.
 Exprimindo a soma das bases de troca em percentagem da
capacidade de troca catiónica, obtém-se o grau de saturação do solo em
bases.
 Quando o grau de saturação do solo em bases é substancialmente
inferior a 100, tal indica que uma parte da capacidade de troca está
ocupada por H+, Al3+ e por outros catiões, estando-se na presença de
um solo com pH baixo.
7.1. Capacidade de troca catiónica (meq./100g)

 húmus – 200 meq./100g


 montmorilonites - 100 meq./100g (predominam nos barros)
 ilites - 30 meq./100g (predominam em solos de derivados de xisto)
 caulinites - 8 meq./100g (predominam em solos ácidos)

 os valores mais frequentes para a CTC do solo variam entre 2 e 50


meq./100g de solo
 solos argilosos – 35 ou mais meq./100g (barros de Beja)
Solos derivados de granitos das Beiras e do Minho, com teores de
M.O. De 3-5%, 15-20 meq./100g
 solos derivados de xisto 10-20 meq./100g
7.2. Classificações

 Classificação da Capacidade de Troca Catiónica (CTC), do grau de


saturação em bases (GSB) e bases de troca (BT) do solo

Classificação GSB CTC BT (meq./100g)


(%) (meq./100g)
Ca2+ Mg2+ K+ Na+

Muito baixa ≤ 20 ≤ 5,0 ≤ 2,0 ≤ 0,5 ≤ 0,1 ≤ 0,1

Baixa 21-40 5,1-10,0 2,1-5,0 0,6-1,0 0,1-0,25 0,1-0,25

Média 41-60 10,1-20,0 5,1-10,0 1,1-2,5 0,26-0,50 0,26-0,50

Alta 61-80 20,1-40,0 10,1-20,0 2,6-5,0 0,51-1,0 0,51-1,0

Muito alta > 80 > 40,0 > 20,0 > 5,0 > 1,0 > 1,0
7.3. Classificações

 Classificação do grau de saturação do solo em Ca2+ , Mg2+ e K+


Classificação GS (%)

Baixo Médio Alto

Ca2+ < 60 60-80 > 80

Mg2+ < 10 10-20 > 20

K+ <1 1-5 >5


8. Classificação do pH do solo

pH (H2O) Designação

≤ 4,5 Muito ácido

4,6-5,5 Ácido Ácido

5,6-6,5 Pouco ácido

6,6-7,5 Neutro Neutro

7,6-8,5 Pouco alcalino

8,6-9,5 Alcalino Alcalino

> 9,5 Muito alcalino


8.1. Correção do pH
Correctivos minerais
Valores de pH muito baixos
(< 4,5) podem prejudicar o
desenvolvimento das culturas
por causa das seguintes razões:
Excesso de alumínio, ferro e
manganês solúveis;
Baixo teor e muito fraca
assimilabilidade de enxofre,
molibdénio, cobre e zinco;
Condições desfavoráveis à
humificação e à nitrificação.
Valores superiores a 7,5
indiciam:
Abundância de cálcio
assimilável;
Boas condições de
nitrificação;
Fraca ou muito fraca
assimilabilidade de ferro,
manganês, cobre, zinco e,
especialmente, fósforo e boro.
8.1. Necessidades de corretivos
A quantidade de corretivo mineral a aplicar depende:
 do pH inicial e final pretendido do solo
 do poder tampão do solo
 da espessura da camada de solo que pretendemos corrigir
Método expedito com base em análises sumária
Quantidade de calcário (t/ha) necessária para corrigir a acidez até pH (H2O)
(Quelhas dos Santos, J., 2002)
cerca de 6,5 ou pH (KCl) cerca de 5,5 (20 cm)
pH % matéria orgânica Classes de
KCl H2O >5 4a5 3a4 2a3 1a2 0,5 a 1 textura
18 15 12,5 10 7,5 5 II
< 4,0 < 4,5
16 14 11,5 9 6,5 4 I
14 12 10 8 6 4 II
4,1 – 4,3 4,6 – 5,0
12 11 9 7 5 3 I
10 9 7,5 6 4,5 3 II
4,4 – 4,7 5,1 – 5,5
9 8 6,5 5 3,5 2 I
7 6 5 4 3 2 II
4,8 – 5,1 5,6 – 6,0
6 5 4 3 2 1 I
4 3 2,5 2 1,5 1 II
5,2 – 5,5 6,1 – 6,5
3 2,5 2 1,5 1 0,5 I
Classes de textura: I – fina/pesada; II – franca/ligeira
8.2. Corretivos

Produtos a aplicar
Características – poder neutralizante, granulometria, velocidade de
actuação e facilidade de manuseamento

Os produtos utilizados habitualmente são óxidos e hidróxidos de


cálcio e carbonatos de cálcio e de cálcio e magnésio, sendo o
carbonato de cálcio o produto mais utilizado entre nós

Épocas e modo de aplicação


Habitualmente aplicam-se antecedendo a preparação do solo para a
sementeira, reduzindo as mobilizações do solo.

A distribuição poder-se-á fazer a lanço ou em linhas, com uma


incorporação na terra a uma profundidade ligeiramente superior à da
semente (normalmente, esse valor oscilará entre os 5 e os 10 cm, de
acordo com o tamanho da semente).
8.3. Recuperação dos Solos Salgados

A recuperação dos Solos Salgados pressupõe a remoção


dos sais solúveis em excesso no solo

Situações Possíveis:
-  Na+ >15 %
-
-
-  Condutividade eléctrica do extracto de Salinos(1)
saturação (CE) < 4 mmhos cm-1
-
-  Na+ < 15 %
-
- Alcalizados(2)
 CE ≥ 4 mmhos cm-1
-  Na+ >15 %
- Alcalizados-Salinos(1)
-
-  CE ≥ 4 mmhos cm-1

Correcção dos Solos:


(1) Sulfato de cálcio hidratado (gesso) e lavagem
(2) Lavagem
Secção de Agricultura
Departamento de Produção Agrícola e Animal
Instituto Superior de Agronomia
http://agricultura.isa.utl.pt

Agricultura Geral 2007-2008

12ª Aula
(06/04/2022)
Prof. Pedro Lynce de Faria
Eng. Francisco Campello
Prof. Pedro Aguiar Pinto
Sumário: Fertilização das culturas

1. O que é um fertilizante e a razão da fertilização?


2. A questão da fertilidade e a fertilidade do solo
3. Ciclo dos nutrientes e sua importância
4. Principais aspetos a observar na prática da fertilização
5. Tipos de fertilizantes
6. Fertilização orgânica
7. Bases de troca e Capacidade de troca catiónica
8. Correção do pH
9. Fertilização mineral
10. A escolha do adubo
11. Planeamento da fertilização num caso concreto
12. Anexos: tabelas de composição de vários adubos
9. Fertilização mineral

Cálculo das quantidades de nutrientes que é necessário aplicar


(NPK):
Exigências da Cultura
•produção potencial (que constitui o principal fator determinante das
exigências das culturas, HI);
•natureza das culturas a instalar (gramíneas, leguminosas,
acumuladoras de glúcidos ou de lípidos);
•modo como a cultura vai ser explorada (produzir grão/massa verde).
Disponibilidades de nutrientes existentes no solo obtidas por:
•análise de terras – textura, MO, pH, fósforo, potássio (+utilizada,
rápida);
•análise de plantas (Análise foliar – estado nutritivo);
•ensaios experimentais (+rigorosos; caros; morosos → aferição).
Taxa ou coeficiente de utilização dos nutrientes
•natureza do nutriente (diferenças na mobilidade);
•Modo e época de aplicação;
•características do solo e clima.
•(valores médios: 50% para o N; 20% para o P; 45% para o K)
9.1. Fertilidade dos solos

Critérios para interpretar a fertilidade de um solo em fósforo,


potássio (método de Egnér-Riehm) e magnésio assimiláveis (método de
acetato de amónio a pH 7)

Teores em P2O5 ou K2O Teores em Mg Classes de


fertilidade
(mg / 1000 g t.f.) (mg / 1000 g t.f.)
≤ 25 ≤ 30 Muito Baixa
26 a 50 31 a 60 Baixa
51 a 100 61 a 90 Média
101 a 200 91 a 125 Alta
> 200 > 125 Muito Alta
9.2. Fertilidade dos solos

Relação Ca/Mg mais favorável à nutrição das culturas e o seu efeito


sobre algumas propriedades físicas do solo

Apreciação
Classificação Relação Ca/Mg
Muito desfavorável para as propriedades
Muito Baixa < 1,5 físicas do solo
Desfavorável para as propriedades físicas do
Baixa 1,6 a 2,5 solo
Média 2,6 a 4,0 Adequada
Alta 4,1 a 8,0 Desfavorável para a nutrição da planta em Mg
Muito desfavorável para a nutrição da planta
Muito Alta > 8,0 em Mg
9.3. Fertilidade dos solos

Classes de fertilidade para os micronutrientes ferro (Fe), manganês


(Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), boro (B) e molibdénio (Mo)
Classes de fertilidade (ppm) Método de
extração
Muito Baixa Média Alta Muito
baixa alta
Fe ≤ 10 11-25 26-40 41-80 > 80 (1)
Mn ≤7 8-15 16-45 46-100 > 100 (1)
Zn ≤ 0,6 0.7-1,4 1,5-3,5 3,6-10 > 10 (1)
Cu ≤ 0,3 0,4-0,8 0,9-7,0 7,1-15 > 15 (1)
B ≤ 0,2 0,21-0,40 0,41-1,0 1,1-2,5 > 2,5 (2)
Mo <0,15 > 0,15 (3)
(1) Acetato de amónio + ácido acético + EDTA; (2) água fervente; (3) oxalato de amónio
9.4. Balanço de nutrientes

Balanço final

Balanço = Necessidades - Disponibilidades

Necessidades:
•N, P2O5, K2O em função da planta e da produção final prevista

Disponibilidades
•N disponível a partir da matéria orgânica
•P2O5 assimilável no solo Taxa de utilização
•K2O assimilável no solo

Fonte mineral adicional (adubos)


•N Taxas de utilização
N P2O5 K2O
•P2O5 Taxa de utilização dos nutrientes
•K2O Nos solos ≈100 20 45
Nos adubos 40 - 50 20 45
9.5. Necessidades de nutrientes

 Necessidades em nutrientes para uma produção de 6000 kg de


grão de arroz por hectare:

• Grão...........................80 kg N/ha
• Palha.........................50 kg N/ha
• Total.........................130 kg N/ha

Se admitirmos que a água de rega pode contribuir com 30 kg


N/ha, seria necessário aplicar 100 kg N/ha;
A experiência aponta para aplicações de azoto entre 120 a 130 kg
N/ha, em formas amoniacais, ureica ou cianamídica, fraccionadas ao
longo do ciclo cultural.
9.6. Formas, épocas e técnicas de aplicação

As formas mais usuais para cedência de macronutrientes principais às


culturas são:
• N – formas nítrica, amoniacal e amídica
• P2O5 – fosfatos solúveis na água
• K2O – cloreto ou sulfato de potássio
No que se refere à mobilidade no solo, o seu comportamento é o
seguinte:
• N – tem elevada mobilidade e é suscetível de contaminar aquíferos
• P2O5 – mobilização lenta com movimentos descendentes muito reduzidos;
o perigo da contaminação vem da erosão que arrastando o fósforo pode
provocar a eutrofização das águas
• K2O – boa mobilidade, dando origem a perdas por lixiviação quando há
incorporações elevadas de potássio

Face às características dos nutrientes, ao tipo de solo, ao clima e até à


capacidade de resposta das culturas recorrendo a adubos correntes, é
normalmente aconselhável fracionar a aplicação dos nutrientes (adubação
de fundo e adubação de cobertura).
Hoje, com a existência de adubos de libertação lenta, pode pensar-se em
fazer uma única aplicação de fundo.
9.7. Épocas de aplicação de adubos

Entre nós há que distinguir entre culturas Outono x Invernais e


culturas de Primavera, e, entre estas, as de regadio e sequeiro.

 Normalmente nas culturas Outono x Invernais e de Primavera de


regadio , o fósforo e o potássio utilizam-se em pré-sementeira,
enquanto o azoto em pré-sementeira (1/3 a 1/2) e o restante em
cobertura (idealmente duas: 1/3 + 1/3), enquanto nas culturas de
Primavera de sequeiro os elementos serão aplicados na sua
totalidade em pré-sementeira.

 À exceção do fósforo, em que haverá vantagens na sua


colocação localizada, os restantes nutrientes podem ser aplicados a
lanço com um enterramento posterior, a cerca de 5 cm.
9.8. Técnicas de aplicação de adubo

Adubação a Lanço Adubação Localizada

Maiores gastos de adubo Menores gastos de adubo

Exploração mais eficaz do solo Desenvolvimento das raízes vai


pelas raízes das plantas ser na direcção do local onde o
adubo é aplicado

Mais fácil Vantagem para a aplicação de P

Maiores riscos de causticidade e


salinidade

Em caldeiras pequenas não


chegam à zona das raízes mais
absorventes

Aplicação de adubos na forma líquida:

•Adubação foliar (N e micronutrientes)


•Fertirrigação (solubilidade)
10. A escolha do adubo

A escolha do adubo a aplicar depende de vários fatores:


 forma química dos macronutrientes principais
 teores em macronutrientes secundários
 teores em micronutrientes
 reação fisiológica do adubo
 salinidade
 forma como se apresenta o adubo
 aspetos da qualidade da produção
 solubilidade e higroscopicidade
 preço por unidade de macronutriente
11. Planeamento da fertilização num caso concreto

Região: Ribatejo - Campo da Chamusca


Cultura: Milho para grão - produtividade 12 t/ha
Solo: Al - Aluviossolos Modernos, Não Calcários, de textura ligeira

O solo em causa apresenta as seguintes características na camada superficial:

• profundidade média da camada arável 20 cm


• densidade aparente 1,3
• % terra fina 80
• textura de campo Franca
• % matéria orgânica 3,2
• pH (H2O) 5,25
• pH (KCl) 4,50
• P assimilável (Égner-Riehm) 45 mg de P2O5/1000 g (baixo)
• K assimilável (Égner-Riehm) 80 mg de K2O/1000 g (médio)
11.1. Planeamento da fertilização num caso concreto
Correção
Atendendo às características do solo e da planta são necessárias as seguintes
correções:
• Matéria Orgânica – classificação alta; não é necessário corrigir/fertilizar
% de M.O. do solo
Classificação
Solos Textura Grosseira Solos Textura Média ou Fina
Muito Baixa ≤ 0.5 ≤ 1,0
Baixa 0,6 a 1,5 1,1 a 2,0
Média 1,6 a 3,0 2,1 a 4,0
Alta 3,1 a 4,5 4,1 a 6,0
Muito Alta > 4,5 > 6,0

• pH – aplicação de um corretivo alcalinizante com o objetivo de fazer aumentar a reação


do solo para pH (H2O) de 6,5
Qual a quantidade de calcário a aplicar ?
A quantidade de correctivo a aplicar depende de:
• pH que o solo apresenta inicialmente e daquele que se pretende obter
• poder tampão do solo
11.2. Planeamento da fertilização num caso concreto

Em termos práticos pode recorrer-se à seguinte tabela

Quantidade de cal (t/ha carbonato de cálcio puro) necessária para corrigir a


acidez até pH (H2O) cerca de 6,5 ou pH (KCl) cerca de 5,5 numa camada de
solo com 20 cm de espessura
pH Matéria Orgânica (%)
Classes de Textura
KCl H2O >5 4a5 3a4 2a3 1a2 0.5 a 1
<4 < 4.5 18 15 12.5 10 7.5 5 Solos médios a pesados
16 14 11.5 9 6.5 4 Solos Ligeiros
4.1 – 4.3 4.6 – 5.0 14 12 10 8 6 4 Solos médios a pesados
12 11 9 7 5 3 Solos Ligeiros
4.4 – 4.7 5.1 – 5.5 10 9 7.5 6 4.5 3 Solos médios a pesados
9 8 6.5 5 3.5 2 Solos Ligeiros
4.8 – 5.1 5.6 – 6.0 7 6 5 4 3 2 Solos médios a pesados
6 5 4 3 2 1 Solos Ligeiros
5.2 – 5.5 6.1 – 6.5 4 3 2.5 2 1.5 1 Solos médios a pesados
3 2.5 2 1.5 1 0.5 Solos Ligeiros
Fonte: Quelhas dos Santos, 1991

Quantidade de CaCO3 a aplicar = 6,5 a 7,5 t/ha.

A recomendação da tabela anterior pressupõe a utilização de um


calcário moído com um valor neutralizante de 85 e que a correção do
pH será efetuada numa camada superficial do solo com 20 cm.
11.3. Planeamento da fertilização num caso concreto

Se a espessura da camada de solo ou o valor


neutralizante do corretivo a usar forem diferentes,
então:

Q = CR x E/20 x 85/VN
em que:
• Q – quantidade de corretivo a aplicar, em t/hectare
• CR – quantidade de corretivo recomendada pela tabela anterior, em t/hectare
• E – espessura da camada de solo a corrigir, em cm
• VN – valor neutralizante do corretivo que vamos usar
Exemplo:
Na calagem do solo em causa foi recomendada a aplicação média de 7 t/ha. Pretende-se
corrigir a acidez da camada superficial de 40 cm de espessura e no Mercado existe um
calcário com valor neutralizante igual a 80. Neste caso a quantidade de calcário a aplicar
seria:
Q = 7 x 40/20 x 85/80 = 14,875 t/hectare
11.4. Planeamento da fertilização num caso concreto

Considerações:
• trata-se de uma elevada quantidade de calcário para ser aplicado de uma só vez;
• não devemos ultrapassar as 8 t/ha em cada aplicação

Adicionar 8 t/ha de calcário na primeira aplicação (1ºano)

Caso seja necessário, adicionar 7 t/ha de calcário na segunda


aplicação (2ºano)
Por último:
• definir o modo e a época de aplicação: em fundo, a lanço, antecedendo a sementeira.
11.5. Planeamento da fertilização num caso concreto

Adubação
A adubação identifica-se, em princípio, com a utilização de macronutrientes principais
no que se refere à quantidade, qualidade, épocas e técnicas de aplicação.

1. Quantidade de adubo a aplicar


1.1. Necessidades da cultura em macronutrientes
Com uma certa aproximação, as exigências das culturas em macronutrientes principais
(N, P, K) podem ser avaliadas através das quantidades que, para uma determinada
produção, são extraídas dos solos.
Extracção de macronutrientes principais (kg/ha) correspondente à
produção de 1 tonelada, para algumas culturas
N P2O5 K2O
Arroz (grão) 15 5 17
Aveia (grão) 21 8 5
Beterraba sacarina (raízes) 4 1 5
Milho (grão) 23 6 18
Azoto (N) ~ 276 kg
Fonte: Quelhas dos Santos, 1983
Para uma produção de 12 t Fósforo (P2O5) ~ 72 kg
Potássio (K2O) ~ 216 kg
11.6. Planeamento da fertilização num caso concreto

1.2. Disponibilidades de macronutrientes no solo


Admitindo que:
• Não houve incorporação de corretivos orgânicos
• Taxa de mineralização da MO = 2 %
• N na Matéria Orgânica = 5 %
• Período de absorção = 5 meses

Terra Fina = área x profundidade camada arável x dap x % terra fina


= 10.000 m2 x 0,2 m x 1,3 x 0,8
= 2080 t

Matéria Orgânica = Terra fina x % MO


= 2080 t x 3,2 %
= 66,56 t
11.7. Planeamento da fertilização num caso concreto
N = MO x % N na MO x taxa de mineralização da MO x período de absorção
= 66,56 x 0,05 x 0,02 x (5/12)
= 27,73 kg
P2O5 = Terra fina x P assimilável x tx. utilização K2O = Terra fina x K assimilável x tx. utilização
= 2080 x 0,045 x 0,20 = 2080 x 0,08 x 0,45
= 18,72 kg = 74,88 kg

1º PASSO - Cálculo do azoto mineral disponibilizado pelo solo (Ns)

Parâmetro considerado Valor a deduzir à recomendação de fertilização **

0
≤ 2,5

10kg de azoto (N) por cada 0,5


Matéria orgânica (MO, %) 2,51 - 5,99 unidades percentuais de MO a
mais
≥ 6,00
60kg de azoto (N)

No nosso exemplo temos 3,2 % de M.O. => 10 unidades a deduzir de Nsolo


11.8. Planeamento da fertilização num caso concreto

2º PASSO - Cálculo do azoto disponibilizado pela água de rega (Na)

A quantidade de azoto fornecida pela água de rega, expressa em kg/ha, usualmente


determinado sobre a forma de nitrato, pode ser calculada pela seguinte expressão:

N = 0,000226 x T x V x F

T= 4 Teor médio de nitratos da água de rega, expresso em mg/L

7000 Volume total de água utilizada na rega, expresso em


V= m3/ha

Factor que depende da eficiência da rega e será igual à unidade se não houver
quaisquer perdas de água; em rega localizada um valor de 0,90-0,95 é
0,8
considerado bom; em rega por aspersão é comum considerar-se um valor de
F= 0,80

Na = 5,38 kg/ha
11.8. Planeamento da fertilização num caso concreto

3º PASSO - Cálculo do azoto disponibilizado pelos resíduos das culturas precedentes


(Nr)
O azoto disponibilizado pelos resíduos das culturas precedentes incorporados no solo pode ser quantificado, em termos
médios, a partir do valores presentes no quadro abaixo.
Nr - Azoto a adicionar (+) ou a retirar (-) à recomendação *
Precedente cultural
(kg N/ha)
Beterraba (folhas recolhidas) 0
Beterraba (folhas incorporadas) -20
Cereais (palha recolhida) 0
Cereais (palha incorporada) 20
Couve-brócolo -30
Couve de bruxelas -30
Couve-flor -30
Prado temporário (2 ou mais anos) -20
Prado luzerna -40
Cultura intercalar – gramíneas -1,5 kg de N/t matéria verde incorporada
Cultura intercalar – leguminosas -2,5 kg de N/t matéria verde incorporada
* Os valores indicados são valores médios, podendo ser ajustados consoante fiquem mais ou menos resíduos no solo.

Nr = -20 kg/ha
11.8. Planeamento da fertilização num caso concreto

4º PASSO - Determinação necessidade da cultura em azoto para atingir determinada produção


(N)

O valor das necessidades da cultura em azoto poderá estimar-se pela quantidade total de azoto retirado
do solo pela cultura, a qual depende, como é óbvio, do nível de produção. A produção a considerar para
o efeito, que podemos designar por produção esperada, deverá ser realisticamente estimada,
tomando em linha de conta não apenas a capacidade produtiva da cultivar mas, também, a qualidade
natural do solo, as potencialidades climáticas da região para a cultura em causa, as possibilidades do
agricultor fazer a tempo e horas, e correctamente, as diferentes operações culturais e granjeios desde a
preparação do solo até à colheita, a disponibilidade de água no caso de culturas de regadio, etc.

Deverá ser consultado o Manual de Fertilização das Culturas do Laboratório


Químico Agrícola Rebelo da Silva.
Tabela 1 - Quantidade máxima de azoto a aplicar às culturas
Para a produção Quantidade
Culturas de referência máxima
indicada admissível (a)

a) ARVENSES (Primavera - Verão)


Girassol para produções de 2,5 t/ha 100 140
(por cada aumento/ diminuição de produção de 0,5 t/ha, o acréscimo/ redução de azoto
a aplicar é de 15 kg/ha)

Milho grão para produções de 10 t/ha 200 300


(por cada aumento/ diminuição de produção de 1 t/ha, o acréscimo/ redução de azoto a
aplicar é de 20 kg/ha)

Arroz para produções de 7 t/ha 120 180


(por cada aumento/ diminuição de produção de 1 t/ha, o acréscimo/ redução de azoto a
aplicar é de 20 kg/ha)
11.8. Planeamento da fertilização num caso concreto

QUANTIDADE DE AZOTO A APLICAR À CULTURA (F)

F = N - (Ns + Na + Nr)
F = 276 – ( 10 + 5,38 + 20)
F= 240, 62 kg/ha
11.9. Planeamento da fertilização num caso concreto

1.3. Saldo de macronutrientes

SALDO = DISPONIBILIDADES no solo - NECESSIDADES

Saldo de N = 35,38 – 276 = - 240,62 kg => 250 kg


Saldo de P = 18,72 – 72 = - 53,28 kg nível baixo => 100 kg
Saldo de K = 74,88 – 216 = - 141,12 kg nível médio => 150 kg

CONSIDERAÇÕES...
11.10. Planeamento da fertilização num caso concreto

1.4. Tipos, épocas e técnicas de aplicação de adubos

• Aplicação fraccionada?
• Adubo composto ou adubos elementares?
• Como aplicar esses adubo?

Como converter quantidades de macronutrientes em


quantidade de adubo, propriamente dito, a aplicar:

Qual a quantidade de adubo ternário 7:21:21 que devo aplicar para veicular 100 kg de P2O5?

Quantidade de adubo = 100 x 100 = 476,19 kg


21
12. Anexos
Composição de Fertilizantes Azotados
% de azoto % de outros macro
Produto
Total Nítrico Amoniacal Amídico Orgânico nutrientes

Amónia 82 82
Ureia 44 44
Nitrato de Amónio 32 16 16
Nitrato de Amónio e 2 a 8 de Ca
20 10 10
Cálcio 1 a 5 de Mg
Sulfonitrato de Amónio 25 6 19 13 a 15 de S
Sulfato de Amónio 20 20 22 de 24 de S
Salitre Duplo de
Potássio (Salitre ou 15 15 14 de K2O
Nitrato do Chile)
18 a 19 de Ca
Nitrato de Cálcio 14 14
0,5 a 1,5 de Mg
MAP 9 9 48 de P2O5
Nitrato de Fósforo
14 14 18 de P2O5
(Nitrofosfato)
DAP 16 16 45 de P2O5
Nitrato de Potássio 13 15 44 de K2O
12. Anexos
Composição de Fertilizantes Fosfatados
% % P2 O 5 % P2 O 5 % P2 O 5
% outros
Produto P2 O 5 sol. Ac. sol. citr. sol.em % Ca % Mg %S
nutrientes
total Cítrico Amónio água
Superfosfato
18 16 18/20 20/12
Simples
Superfosfato Triplo 41 37 12/14
Termofosfato 17 14 18/20 7
Escria de Thomas 12 20/29 0,4/3
Farinha de ossos 20 16 30/33 N-1,5
Fosfato Natural 24 4 23/27
Fosfato de Arad
28 9 30/34
(hiperfosfato)
Nitrofosfato 18 16 8/10 N-14
DAP 45 38 N-16
MAP 48 44 N-9
12. Anexos
Composição de Fertilizantes Potássicos

Produto % K2O % Ca % Mg %S % outros


Cloreto de Potássio 58 CI 45/48
Sulfato de Potássio 48 0/1,2 15/17
Nitrato de Potássio 44 N-13
Sulfato de Potássio e
18 4,5 22/24
Magnésio
download:
12. Anexos www.uco.es/fitotecnia/fertilicalc.html
12. Anexos: proporções relativas dos nutrientes

Nos organismos vivos Na terra e na atmosfera

0,2
Fósforo
0,009

2,6
Outros elementos
25

0,5
Silício
28

2,2
Azoto
0,09

10
Hidrogénio
0,13

11
Carbono
0,03

74
Oxigénio
46

0,001 0,01 0,1 1 10 100


Abundância relativa de elementos (%)
Escala logarítmica
93

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