Você está na página 1de 150

ix

CONTEÚDO

Página

1. TIPOS DE ADUBAÇÃO ... ............ ....................................... 01


1. 1. Adubação orgânica ...... ....... ..... ............. ....................... 01
1.2. Adubação mineral .. :.......... ...... ... .... .......................... .... 01
1.3. Adubação organomineral .......... ...... .... .. .. . .. ...... . ........... 02
2. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE ORGANOMINERAL.. 06
2.1. Determinação da matéria orgânica no organomineral 13
2.1.1. Preparo da amostra e análise da matéria orgâ-
nica ................................................................... . 14
2.2. Determinação de colóides orgânicos totais ................. . 15
3. TAXA DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES
ORGÂNICOS E TAXA DE APROVEITAMENTO DOS
FERTILIZANTES MINERAIS .......... ................... ......... ......... 19
4 . A MATÉRIA ORGÂNICA COMO CONDICIONADORA
DOS FERTILIZANTES MINERAIS .................................... . 23
4.1. A capacidade de troca de cátions do organomineral .. . 28
4.2. A superfície específica do organomineral ....... ............ . 31
4.3. A capacidade de retenção de água no organomineral 32
4.4. Comprovação experimental ..................................... ... . 33
5. O NITROGÊNIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 36
5.1. Fertilizantes nitrogenados .................... ............. ......... .. 36
5.2. Experimentos com nitrogênio e matéria orgânica ...... . 38
6. O FÓSFORO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL .... . 43
6.1. Experimentos com o fósforo .. .. ... .... .. .... . ..... ....... .. .. .. . .. . 44
7. DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO ORGANOMINE-
RAL ....... ..... .... . .. ... ....... ...... . ..... ...... .... ... . .... ............ ... ... .... ..... 51
8. O POTÁSSIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL ..... 56
8.1. O potássio e a CTC do fertilizante organomineral ...... 56
8.2. Experimentos com o potássio .. ... .. . .. . ... .. .. ... ..... . .. .. . . . .. . 58
9. MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS E MICRONU-
TRIENTES NO ORGANOMINERAL ... ..... ..... .. ........ ...... ....... 60
9.1. Macronutrientes secundários .. .. ..... ... .. .. .. ...... .... ... ..... . ... 60
9 .2. M.Icronutnentes
· ........ .. ............ ..... ... .... ............ ••••••· ••··· · ··· 65
1O. PREPARO DO ORGANOMINERAL .......... .......... ... ..... ..... 67
X

Página

10.1. Principais fontes de matéria-prima orgânica para a


fabricação de organomineral ........ ................. ...... 70
10.2. Cálculos das misturas . ........ ..... .. . .... ... ... ..... ..... ....... 74
11. ADUBAÇÃO COM ORGANOMINERAL .. ...... ................... 81
11 .1. Calagem .... .. .. ... ...... ..... .. .. .... .. .... .. .. .... .. .. .... .... ...... .. ... . 81
11.2. Fórmulas recomendadas ........ .. .... .... ........ ... .... ..... .. . 85
11 .3. Representação gráfica das fórmulas ....................... 89
11.4. Aplicação do organomineral no campo ................... 91
12. ORGANOMINERAL NA ALFACE ......... ........................... 94
13. ORGANOMINERAL NO ALGODÃO ........................ ."....... 97
14. ORGANOMINERAL NA BATATA ..................................... 101
15. ORGANOMINERAL NO CAFÉ ........................................ 102
16. ORGANOMNINERAL NA CANA-DE-AÇÚCAR ............... 105
17. ORGANOMINERAL NA CENOURA .... ............................ 111
18. ORGANOMINERAL NO COQUEIRO .............................. 114
19. ORGANOMINERAL NO EUCALIPTO ............. ................ 116
20. ORGANOMINERAL NO FEIJÃO ..................................... 121
20.1. Experimento com cultivar Rio Tibagi .......... ... ...... .... 121
20.2. Experimento com a variedade carioquinha .... ...... 124
20.3. Experimento em solo de cerrado ........... .... ........... .. 126
21 . ORGANOMINERAL NO MILHO ...................................... 128
22. ORGANOMINERAL NO TRIGO ...................................... 131
23. CONCLUINDO... ............................................................ .. 133
BIBLIOGRAFIA ................ ······· ... ··················.......................... 135
fNDICE REMISSO ........ .. ... ... ... .. . .. .. ........ .. .. .. .. ... ... .. .. ... .. ... .. .. . 141
xi

uEmbara os mestres e os 1/vros sejam au-


xiliares necessários, é com esforço que se
consegue o sucesso desejado".

PREFÁCIO

Este é o primeiro livro escrito em português sobre fertilizantes


organominerais.
Em 1979, na cidade do Recife, PE, no IV Seminário Nacional de
Limpeza Pública, apresentei e foi aprovada uma moção a ser enca-
minhada ao Ministério da Agricultura, propondo a criação da cate-
goria de fertilizante orgânico enriquecido com fertilizantes minerais.
A primeira alteração do antigo Decreto de 1975 que regulamen-
tava o comércio de fertilizantes, sem se referir aos orgânicos, ocor-
reu em 1980, sem ter criado a pretendida categoria dos
organominerais. Foi então que um grupo de produtores de fertilizan-
te orgânico simples e de fertilizante orgânico composto, compare-
ceu ao Ministério da Agricultura e conseguiu em 1982 a inclusão
daquela nova categoria na legislação.
Como "pai do fertilizante organomineral" senti-me na obriga-
ção de escrever este despretencioso livro, abordando as razões da
recomendação da mistura dos orgânicos com os minerais e relatan-
do experimentos que comprovam os argumentos expendidos.
Na história da adubação, o emprego do organomineral pode
ser considerado recente, se comparado com os minerais que têm
cerca de 150 anos de experimentos. Mas, a pesquisa provará e re-
comendará cada vez mais o emprego do fertilizante organomineral
pelos agricultores brasileiros.
1. TIPOS DE ADUBAÇÃO

1.1. Adubação Orgânica. Desde os mais recentes tempos, vêm os


,..-~--- agricultores adubando suas terras com estercos, camas
animais, restos de cultura e outros materiais orgânicos. A
adubação verde é igualmente uma prática agrícola conhe-
cida há milênios e empregada para a manutenção e recu-
peração da fertilidade das terras de cultura. A garantia de
---..,._,;---- boas safras, em épocas passadas , repousou exclusivamen-
te na adubação orgânica. Para os antigos agricultores não
era possível manter ou aumentar a fertilidade do solo sem incorporar
restos vegetais e estercos animais. Durante séculos predominou o con-
ceito de que a criação de animais pelo agricultor para obtenção de adubo
era "um mal necessário". Essa idéia, passada de uma geração para ou-
tra, era comprovada pelo favorável desempenho dos adubos orgânicos
na produtividade das terras de cultura.

Como os melhores resultados eram obtidos quando a matéria or-


gânica aplicada estava bem decomposta, transformada em húmus, a
conclusão óbvia a que chegaram os antigos agricultores foi a que esse
constituintes do adubo, o húmus, era o responsável pela alimentação
das plantas. Dessa observação nasceu a "teoria humista da alimentação
vegetal"; os antigos lavradores diziam, com muita propriedade, que o
adubo orgânico tornava a terra fresca, fofa e fértil. Ainda hoje há países
no Oriente que desconhecem outro sistema de adubação de suas terras
a não ser o que se baseia no emprego de resíduos orgânicos de origem
vegetal, animal ou humana.

A matéria orgânica tem um papel importante na fertilização do solo;


esse papel é complexo e exercido por mecanismos diversos, agindo de
um lado nas propriedades físicas, químicas, físico-químicas e biológicas
do solo e, de outro, diretamente na fisiologia vegetal.

1.2. Adubação mineral. No final do primeiro quartel do século pas-


sado começaram a ser descritas experiências demonstrando a assimila-
ção de certos sais minerais conhecimentos que o alemão Justus von
--------
,---

2 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Liebig fez a seguinte experiência: analisou uma planta adul-


ta , nela encontrando 25 elementos químicos; preparou en-
tão, uma solução contendo esses elementos químicos na
mesma proporção encontrada na análise, e nessa solução
cultivou plantas que cresceram , desenvolveram e comple-
taram o seu ciclo vegetativo; tudo na ausência absoluta de
matéria orgânica ou húmus. Diante desse resultado, Liebig
lançou em 1842 sua "teoria minera lista da alimentação vegetal". Ficara
provado que as plantas podiam viver na ausência da adubação orgânica.

A nova teoria vinha em oposição à "teoria humi5ta da alimentação


vegetal", causando um grande impacto no meio científico da época. Pes-
quisas posteriores demonstraram que, dos 25 elementos químicos en-
contrados por Liebig, apenas 16 são considerados essenciais, indispen-
sáveis à vida vegetal. São os chamados macronutrientes nitrogênio, fós-
foro, potássio, cálcio, magnésio e enxofre, e os micronutrientes boro,
cobre, ferro, manganês, zinco, molibdênio e cloro. A estes 13 nutrientes
somam-se o carbono, o hidrogênio e o oxigênio que, por serem forneci-
dos pelo ar e pela água em profusão, não são cogitados nas adubações.

Restou uma explicação a ser dada: se as raízes não se alimentam


da matéria orgânica humificada, por que, durante quase dois milênios as
culturas se tomaram mais produtivas pela adubação orgânica? A respos-
ta é encontrada no efeito da decomposição microbiana da matéria orgâ-
nica, dando a formação de dois importantes componentes: o húmus e os
sais minerais que fornecem os nutrientes às raízes.

1.3. Adubação organomineral. A natureza é sábia, diz o dito po-


pular. No caso da adubação das plantas o homem obtém
os melhores resultados quando imita a natureza, repetin-
do nas suas plantações o que ocorre nas florestas; nestas
ou nas matas virgens , o derrame natural das folhas, flo-
res, ramos, frutos, forma na superfície do solo a manta
florestal, também conhecida como serapilheira, ou mais
tecnicamente, como horizonte orgânico do solo. Por de-
composição dessa massa vegetal infestada de microrga-
nismos, vermes, insetos e outros pequenos animais, uma bem desenvol-
vida microflora e fauna, há formação de húmus e liberação de sais mine-
rais contendo os indispensáveis nutrientes das plantas; o húmus que vai
TIPOS DE ADUBAÇÃO 3

sendo gerado vai se combinando com esses sais minerais gerando uma
associação que se pode chamar de ºfertilizante organomineral formado
naturalmente no solo", Figura 1.1. O húmus também se pode combinar
com os colóides minerais do solo (minerais de argila e óxidos de ferro e
alumínio) formando o importante complexo argilo-húmico.

1.THOSFE.RA

SOLO A.GOA ~ · "


\.../ PERTlL'IZANTES HATl!RIA ROCllJIS E
ORGJINOHINERÃIS ORCÃNICA Mna:nA rs
NATURAIS ~ /
/ ~ DECOHPOSIÇJ\O
NOTRIENTES BÔMUS HICRODI1.-NA
LIBERADOS ~~
'\._ NINERALIZACJ\O
" - - DA HATtRJ.A
ORGÃNICA

Figura 1.1. Na natureza, o húmus e os sais minerais formados pela de-


composição da matéria orgânica e pela intemperização das
rochas e minerais se associam, formando um "fertilizante
organomineral".

É prática comum em agricultura misturar no sulco ou na cova de


plantação os fertilizantes orgânicos com os minerais. Essa recomenda-
ção nada mais é que a hoje conhecida adubação com fertilizantes
organominerais.

A legislação brasileira criando a categoria dos fertilizantes


organominerais, nada mais fez que oficializar uma mistura de adubos
que engenheiros agrônomos e técnicos do resto do mundo re conhecem
4 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

como sendo um excelente insumo agrícola. Consultando-se o Boletim


200 (29) ou o Boletim 100 (46) do Instituto Agronômico de Campinas, se
observará a preocupação dos técnicos que escreveram as "Instruções
Agrícolas" ou as "Recomendações de adubação e calagem" em indicar a
mistura dos fertilizantes orgânicos com os minerais para garantia de
melhores e maiores colheitas .

Os experimentos realizados por institutos de pesquisa e escolas de


agronomia demonstram o inegável efeito da associação dos fertilizantes
minerais com os orgânicos. Assim, por exemplo, :ão os trabalhos de
Hiroce (27), Hiroce e outros (28), onde o esterco de curral foi empregado
associado com fertilizante mineral; concluíram os autores em seus traba-
lhos que, "o adubo mineral e orgânico combinados aumentaram os teo-
res de enxofre e manganês nas folhas de cafeeiro".

Experimentos realizados na Escola Superior de Agricultura "Luiz


de Queiroz"- USP durante dez anos consecutivos , nos quais se estudou
a aplicação do esterco mais fertilizante mineral na cova e depois anual-
mente de uma só vez, em coroa e na projeção da saia do cafeeiro, bem
corno a aplicação somente de fertilizantes minerais ou só orgânicos, de-
monstraram que a associação da adubação orgânica com a mineral foi
sempre igual ou superior à adubação exclusivamente orgânica ou mine-
ral e sempre superior à ausência de adubação ( 16, 17, 18, 19, 20, 21 , 22,
23, 24 e 25).

Há outro experimento ainda mais longo (cinquenta e cinco anos)


em que a cultura de trigo foi adubada apenas com esterco, apenas co~
fertilizante mineral ou com um organomineral formado pela mistura dos
dois anteriores.

O gráfico da figura 1.2. mostra claramente que durante 55 anios:

os tratamentos adubados sempre foram superiores à testemu-


nha, indicando que o solo requeria fertilização;

a associação fertilizante mineral mais orgânico {organomineral)


em 55 anos nunca foi superada quer pela adubação orgânica,
quer pela mineral aplicadas isoladamente.
TIPOS DE ADUBAÇÃO 5

120

rE
e., llO
,::C
t-1
(E
u~ 'ºº
- Fertilizante
2 90 Esterco
mineral
rE 80
Testemunha (sem fertilizante)
~
g 70
(
o
g f>O
~
50
o 10 30 40 50 bO

ANOS DE CULTURA

Figura 1.2. Produções relativas de trigo comparando-se os fertilizantes


mineral e orgânico, aplicados isoladamente, com o
organomineral (produção com fertilizante mineral igual a 100
(5) .
6 FE RTILIZANTES ORGANOMINE RAIS

2. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE


ORGANOMINERAL

Os fertilizantes orgânicos não eram considerados em nossa legis-


lação, pois o Decreto Federal 75.5823, de 9-11-74 , apenas fazia uma
única referência a esses insumos agrícolas, declarando: "Ficam dispen-
sados de registro: esterco curado, lixo fermentado, cinzas, turfas, fuli-
gens e outros resíduos , quando vendidos com sua denominação exata".
Nada mais.

Os produtores de fertilizantes orgânicos industrializados não tinham


apoio na legislação para processar a matéria-prima orgânica melhoran-
do suas qualidades, fazendo correções ou adições de nutrientes para
obter um produto comercial enriquecido, mais nobre; não podiam registrar
esses produtos no Ministério da Agricultura , como acontecia com os fer-
tilizantes minerais, a fim de comercializá-los, garantindo a composição
química e outros parâmetros que caracterizassem o produto, submeten-
do-se à fiscalização e penas impostas pela lei se os teores de nutrientes
associados não correspondessem aos da etiqueta contida na sacaria do
adubo.

Só a partir de 1982 é que a antiga legislação brasileira foi alterada ,


criando-se três categorias de fertilizantes orgânicos: fertilizante orgânico
simples, fertilizante composto e fertilizante organomineral.

A legislação brasileira que regulamenta os fert ilizantes


organominerais historicamente é a seguinte:

Decreto 86. 955, de 18-2-1982. Pela primeira vez aparece na lei a


palavra fertilizante organomineral - assim definida no Capitulo I das Dis-
posições Preliminares: "Fertilizante organomineral - fertilizante procedente
da mistura ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos (42).
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE ORGANOMINERAL 7
O legislador empregou as palavras "mistura ou combinação" com
muita propriedade , considerando a diferença de conceitos desses ter-
mos: mistura é a reunião de dois ou mais corpos de sorte que o conjunto
apresenta a média das propriedades de seus componentes, os quais
podem ser posteriormente separados por processos mecânicos. Um exem-
plo clássico de mistura é a reunião de limalha de ferro com enxofre em
pó: pode-se separar a limalha dessa mistura com auxílio de um imã per-
manente ou dissolvendo-se o enxofre pelo disulfeto de carbono. Se, no
entanto, essa mistura for aquecida e o enxofre fundido, ligando-se à
limalha de ferro. tem-se um composto denominado sulfeto de ferro, fruto
de uma combinação química . Na combinação química relação entre os
elementos constituintes é constante, estequiométrica, enquanto que na
mistura pode ser variável; as combinações só se destroem mediante agen-
tes físicos enérgicos; na mistura se separam pela ação de solventes ou
por meios mecânicos.

Esta diferenciação feita pela legislação está correta, pois, no pre-


paro do organomineral , ocorrem misturas entre componentes dos fertili-
zantes orgânicos com os minerais, como também podem se dar combi-
nações entre eles: como exemplo cita-se a combinação do ácido húmico
com cátions dos fertilizantes minerais . originando humatos alcalinos de
cálcio, magnésio, potássio, etc.

O Capitulo 11 desse mesmo Decreto trata do Registro das Pessoas


Físicas e Jurídicas; o Capítulo 111 , trata da Inspeção e Fiscalização; o
Capitulo IV, da Inspeção da Produção; o Capítulo V das Medidas
Cautelares; o VI, das Infrações e Penalidades: o VII, da Assistência da
Produção e o VIII , das Disposições Gerais e Transitórias (42) .

Portaria 84, de 29- 3- 1982 Contém disposições sobre exigências,


critérios e procedimentos para Inspeção e Fiscalização da Produção e
Comércio de Fertilizantes. No Capítulo 1, classifica na Categoria li e
atividade "C" o produtor de fertilizante organomineral. Descreve as insta-
lações e equipamentos de produção exigidos para o registro do estabe-
lecimento no Ministério da Agricultura. O Capítulo li cuida do registro de
produtos; o Capitulo Ili da coleta de amostras ; o Capitulo IV, do embargo
de estabelecimento e apreensão de produtos; o Capitulo V, da embala-
gem, marcação ou rotulagem e propaganda de produtos .

Portaria 1, de 4-3- 1983. Estabelece especificações sobre garanti-


as, tolerâncias e procedimentos para coleta de amostras. O Capitulo I dá
8 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

instruções sobre garantias e tolerâncias de produtos. Quanto à natureza


física, os organominerais podem ter as seguintes especificações:

1 - Granulado e mistura granulada . Produto constituído de grânu-


los que deverão passar 100% em peneira de 4 mm e até 5% em peneira
de 0,5 mm , em que cada grânulo contenha os elementos garantidos do
produto;

2 - Mistura de grânulos. Produto granulado misto, em que os grâ-


nulos contenham, separadamente, os elementos garantidos, e as mes-
mas dimensões especificadas no item anterior;

3 - Pó. Produto constituído de partículas que deverão passar 95%


em peneira de 2 mm e 50% em peneira de 0,3 mm ;

4 - Farelado. Produto constituído de partículas que deverão pas-


sar 100% em peneira de 4,8 mm e 80% em peneira de 2,8 mm.

A legislação dá, ·ainda, as especificações para o farelado grosso,


produto muito grosseiro, impróprio para ser usado nos organominerais.

O Ministério da Agricultura manifestou interesse em fazer uma revi-


são na legislação de fertilizantes, tendo solicitado sugestões às entida-
des de classe. A Associação Brasileira da Indústria de Fertilizantes Orgâ-
nicos - ABIFOR, encaminhou a seguinte proposta de classificação dos
fertilizantes em geral, apresentada na Tabela 2.1 (proposta ainda não
aprovada pelo DICOFE, M.A.).
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE ORGANOMINERAL 9

Tabela 2.1. Proposta apresentada pela ABIFOR para classificação de


fertilizantes orgânicos, compostos e organominerais, quanto
ao estado ffsico, especificações granulométricas e garantias.

Estado físico Especificações granulométricas

Peneira °/c, Retida


(m~) (acumulada)

Pó 2,0 10 máxima
0,5 60 máxima

Farelado fino 4,8 15 máxima


2,8 45 máxima

Farelado médio 11,2 15 máxima


6,3 45 máxima

Farelado grosso 22,5 15 máxima


13,5 45 máxima

Granulado 4,0 5 máxima


1,0 70 máxima
0,5 95 máxima

Quanto à composição do·fertilizante, a legislação exigia inicialmen-


te as seguintes garantias para os organominerais.

Garantia Valores Tolerância

Matéria orgânica total mfnimo 15% 10% a menos


Umidade máximo 20% 10% a mais
lndice pH mlnimo 6,0 10% a menos
Soma (NPK, PP, mlnimo 6,0% 1 (uma) unidade a
PK ou NK) menos do teor total
10 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
A legislação foi benevolente quanto ao teor mínimo de matéria or-
gânica que o organomineral deveria conter; teor de 15% de matéria orgâ-
nica, com tolerância de 10%, ou seja, 13,5% no produto comercial, o que
é muito baixo para caracterizar um organomineral. Foi então que a ABIFOR
pleiteou e conseguiu que o teor mínimo de matéria orgânica passasse a
25% e fosse retirado o parâmetro pH.

O item 7.3. da Portaria 1 diz que o "organomineral deverá ser cons-


tituído no mínimo de 50% de matéria-prima orgânica"; portanto, cada to-
nelada de produto acabado deve conter no mínimo 500 kg de fertilizante
orgânico.

Outra modificação: a tabela apresentada pelo Ministério da Agricul-


tura para as especificações do fertilizante organomineral indicava que o
produto acabado, o comercial, deveria apresentar pH 6,0; houve ai um
engano do legislador, pois a matéria-prima orgânica empregada no pre-
paro do organomineral é que deve ter pH igual ou maior que 6,0, o qual é
um dos parâmetros indicativos de que o material estâ no mínimo
semicurado ou bioestabilizado, em fase de humificação. Acontece que
se uma matéria orgânica com pH 8,0, por exemplo, for misturada com um
fertilizante mineral de reação ácida, como os superfosfatos (que normal-
mente contém ácido livre) , a mistura final (produto comercial) poderá ser
ácida e não mais alcalina. Como não fazia sentido essa exigência, a
ABIFOR solicitou e obteve a exclusão da legislação.

Outra modificação: a soma dos nutrientes NPK do organomineral


tinha corno mínimo inicialmente 6,0%; posteriormente, o Ministério da
Agricultura resolveu elevar para 12%, a pedido da ABIFOR.

É a nossa opinião que a lei deveria exigir que a matéria-prima em-


pregada no preparo do fertilizante organomineral e não o produto acaba-
1
do, tivesse os parâmetros recomendados para o composto, que são:
1

·1
a) teor mínimo de matéria orgânica total de 40%, com tolerância
1
de 10% para menos; isto porque, para se obter 25% de matéria
orgânica em uma tonelada de organomIneral com tal matéria-
prima , tem-se que empregar 625 kg, restando 375 kg para os
fertilizantes minerais, como mostrado na tabela 10.2.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE ORGANOMINERAL 11

b) relação C/N máxima de 18/1 , o fertilizante orgânico cru (ester-


cos, tortas, compostos mal curados), pode ter relação C/N ele-
vada ; o fertilizante orgânico semicurado (tecnicamente deno-
minado bioestabilizado) deve ter relação C/N entre 16/1 e 20/1
ou, teoricamente, 18/1; o fertilizante orgânico curado (tecnica-
mente denominado humificado) deve ter relação C/N entre 8/1
e 12/1, média de 10/1 . Portanto, para se evitar o emprego de
matéria-prima de má qualidade, a lei deve exigir, no caso das
fontes orgânicas citadas , que ela tenha uma relação igual ou
menor que 18/1 .

c) Índice pH mínimo 6,0; a matéria orgânica crua de origem vege-


tal ou animal é preponderantemente ácida; pela decomposição
aeróbia vai se formando ácido húmico que reage com bases
liberadas pelo processo, dando formação a humatos alcalinos ,
os quais, como o próprio nome está indicando, tem reação al-
calina, básica; assim, pela decomposição na presença do
oxigênio do ar, a matéria orgânica de ácida passa para neutra
(bioestabilizada) e depois para alcalina (humificada); a exigên-
cia de matéria-prima orgânica com pH mínimo igual ou maior
que 6,0, associado à relação C/N máxima de 18/1, é uma boa
indicação de que o material deve estar no mínimo
bioestabilizado, podendo ser empregado no preparo do
organomineral.

Não é tarefa fácil saber se um fertilizante organomineral foi prepa-


rado com uma matéria-prima orgânica de boa qualidade. O recomendá-
vel é o agricultor sempre adquirir produtos de fabricantes com boa repu-
tação no mercado de fertilizantes . Outra maneira de se evitar abusos é
confiar no fiscal do Ministério da Agricultura, o qual em sua visita periódi-
ca à indústria, coleta amostra da matéria-prima orgânica e a envia à aná-
lise para comprovar suas qualidades.

Idealizamos um método que permite avaliar o grau de humificação


de uma matéria-prima orgânica empregada no preparo do fertiliza nte
organomineral. Apresentamos o método à Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas - ABNT, em São Paulo, e estamos aguardando sua apro-
vação para então sugerirmos à Divisão de Fert1l1zanles e Corretivos -
DICOF. do Ministério da Agricultura , para ser oficializado O método se
12 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
aplica para todos os fertilizantes orgânicos, o simples, o composto e o
organoimineral.

As boas indústrias, principalmente as pertencentes à Associação


Brasileira da Indústria de Fertilizantes Orgânicos - ABIFOR, empregam
como matéria-prima a turfa ou o linhito, ricos de colóides húmicos ou
então, cama de aviário compostado; outros resíduos , que constituem se-
gredo do produtor, são acrescentados aos anteriormente citados.

A Portaria 1 faz ainda referência à coleta de amostra para fins de


fiscalização; nos produtos ensacados, a amostra seré; obtida por meio de
sonda de tubo duplo perfurado e ponta cônica. Para se retirar as frações
de cada saco a ser amostrado, inserir totalmente a sonda dentro do saco
para que o produto caia pelos furos; em seguida, fechá-la e retirá-la. O
produto deve ser amostrado de sacos escolhidos ao acaso- para que a
amostra seja representativa do lote. O número mínimo de sacos segun-
do a legislação, depende do tamanho do lote, conforme indicado na ta-
bela 2.2.

Tabela 2.2. Relação entre o tamanho do lote e o número mf nimo de sa-


cos de fertilizantes a serem amostrados.

Tamanho do lote Número mínimo de sacos amostrados

Até 1O Totalidade
De 11 a 50 10
De 51 a 100 20
Superior a 100 até 2000 20 mais 2% da totalidade

A legislação brasileira é rigorosa quanto à fabricação e


comercialização do fertilizante organomineral, o que constitui uma ga-
rantia para os agricultores que os adquirem e aplicam em suas lavouras.
Embora o fiscal do Ministério da Agricultura colete amostras nas fábricas,
para confirmação do controle de qualidade, o agricultor, ao adquirir uma
partida de fertilizante organomineral pode, por iniciativa própria, mandar
verificar se o produto atende às especificações anunciadas pelo fabri-
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE ORGANOMINERAL 13

cante; para isso, deve mandar uma amostra corretamente coletada para
ser analisada em laboratório oficial ou privado ou pode ainda . solicitar
por carta ao Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária
ou através de suas Diretorias nos Estados, Seção de Fiscalização de
Insumos e Serviços Agrícolas - SFA/SPV, a visita de um fiscal para reti-
rar uma amostra ·e enviá-la para análise em laboratório do Governo. É
importante que o pedido ao Ministério da Agricultura seja feito o mais
breve possível, pois não será atendido se decorridos 60 (sessenta) dias
após a data da emissão da nota fiscal.

Para a coleta, acondicionamento, embalagem e vedação da amos-


tra, há um procedimento especial, bem como para o preenchimento do
formulário para encaminhamento do pedido. Desta maneira, para o re-
sultado da análise ter validade, permitindo que o interessado entre com
recurso para se ressarcir de danos sofridos se o produto adquirido não
corresponder às garantias oferecidas, a coleta deve ser feita por fiscal ou
funcionário credenciado. Caso a amostragem seja feita pelo próprio agri-
cultor e o resultado da análise indicar que houve fraude, o mesmo não
poderá recorrer à justiça diretamente; se, contudo, ainda não se passa-
ram 60 dias da data da emissão da nota fiscal, o agricultor poderá cha-
mar o fiscal do Ministério da Agricultura para coletar a amostra e
encaminhá-la para análise oficial.

2.1. Determinação da matéria organ1ca no


organomineral. A legislação brasileira não indica o mé-
todo para determinação da matéria orgânica no fertili-
zante organomineral; os métodos oficiais (41) só se apli-
cam à determinação da matéria orgânica para os fertili-
zantes orgânicos simples e o fertilizante composto.

Para determinação do teor de matéria orgânica no fertilizante orgâ-


nico em geral, podem ser empregados dois métodos diferentes· determi-
nação da matéria orgânica total e determinação do carbono orgânico,
multiplicando esse resultado por um fator para encontrar o valor da maté-
ria orgânica . Para ambos os métodos, no caso dos fertilizantes
organominerais, a·amostra necessita receber um tratamento prévio, para
então serem feitas as análises pelos métodos convencionais .

- - --- - - -
14 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

A determinação do teor de matéria orgânica total por combustão é


feita tomando-se uma amostra de peso conhecido , seca em estufa a 60-
650C e secando-a a 100-105°C, para eliminar toda a água ; em seguida a
amostra é incinerada em forno elétrico (mufla) a 500-SS0ºC , para destruir
a matéria orgânica (41) e (32) . Acontece que na formulação do fertilizan-
te organomineral pode conter componentes que se evaporam ou se des-
dobram e volatilizam pelo forte aquecimento, alterando o resultado da
análise pois, tais componentes entrarão no cálculo como se fossem ma- li .

téria orgânica volatilizada . Os fertilizantes uréia e os amoniacais são um


exemplo dos que ocasionam erros na análise se a amostra não tiver o
preparo aqui recomendado.

A determinação do carbono orgânico pelo método da via úmida é


feita tomando-se uma amostra de peso conhecido e atacando-a com
uma mistura de solução de dicromato de potássio e ácido sulfúrico con-
centrado; a matéria orgânica será oxidada pela mistura sulfocrõnica e o
excesso de agente oxidante será determinado por titulação com sulfato
ferroso ou sulfato ferroso amoniacal (32).

Acontece que podem ser encontrados na composição dos fertili-


zantes minerais - que entram na formulação do organomineral - possí-
veis interferentes nas reações que se passam no processo, interferentes
tais como NO·2 e CI· dos macronutrientes primários e S 2· , Fe 2•• MnO· 2 e
Mn 2•.

2.1.1. Preparo da amostra e análise da matéria orgânica. O pre-


paro consiste em se remover os sais solúveis que provém principalmente
dos fertilizantes minerais; para isso a amostra depois de seca a 60-65ºC
é pesada e transferida para funil contendo papel-de-filtro-de-cinza-co-
nhecida (pequeno, suficiente para conter a amostra) e lavada com água
quente levemente acidulada.

O húmus em meio alcalino está na forma de húmus sol. isto é,


disperso, com suas micelas coloidais em contínuo movimento chamado
brauniano , não obedecendo a lei da gravidade , portanto , não se
sedimentando; nessa situação, as micelas coloidais , por serem infinita-
mente pequenas, atravessam os poros do papel de filtro, só sendo retidas
pelo ultra-filtro Se, contudo , a suspensão coloidal for acidificada, em
meio ácido haverá floculação das m1celas húmicas , aglomerando-se e
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE ORGANOMINERAL 15
formando um gel de húmus; os flocos formados têm dimensões maiores
não atravessando os poros do papel de filtro e passando a sofrer o efeito
da gravidade , sedimentando-se .

O preparo de amostra sugerida consiste em se lavar a amostra de


fertilizante organomineral com água quente levemente acidulada, usan-
do, por exemplo, uma solução de ácido clorídrico vigésimo normal ; se o
filtrado ainda tiver forte coloração negra, deve-se repetir a operação com
solução ácida mais concentrada, pois componentes do adubo devem ter
neutralizado parte do ácido empregado; a coloração do filtrado, no geral,
lembra a de um chá bem fraco.

Para se ter a certeza que a lavagem foi completa, removendo os


sais solúveis, pode-se fazer no filtrado um teste para reação ao cloro
(principalmente no caso de análise para carbono orgânico) e de amônio
(no caso de análise de matéria orgânica total).

Terminada a lavagem, secar o papel de filtro contendo a amostra e.


depois de seco, usá-lo para análise.

Para a determinação da matéria orgânica total, o papel com a cinza


conhecida contendo amostra, bem dobrado, é colocado em cadinho e
queimado da maneira habitual.

Para a determinação do carbono orgânico é necessário fazer pre-


viamente a determinação da quantidade de carbono contida no papel de
filtro, para ser esse valor deduzido do resultado obtido; para isso, deter-
mina-se o teor de carbono de um ou vários papéis de filtro e toma-se uma
média no caso de se empregar mais de uma unidade.

O método sugerido é uma tentativa devendo, com seu emprego


continuado, sofrer alterações no sentido de aprimorá-lo.

2.2. Determinação dos colóides orgânicos totais. O método é


uma tentativa apresentada pelo autor para a determinação da fração
coloidal encontrada nos fertilizantes orgânicos humificados. Baseia-se
no método da pipeta, empregado para determinação do teor do colóide
argila em amostra de terra (31 ); tem por principio a separação da fração
coloidal da não coloidal dos fertilizantes orgânicos
16 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

As análises químicas que são usualmente feitas só determinam os


ácido húmico e fúlvico, não determinando ou não especificando os de-
mais componentes do húmus. O método aqui sugerido determina a fração
orgânica coloidal total, nela estando implicitamente incluída humina , áci-
do húmico, ácido fúlvico, ácido himantomelânico, ácido apocrênico, ulmina ,
enfim , tudo que estiver na forma coloidal.

Justificativas do método:

a) há diferença entre matéria-prima orgânica (material cru, não de-


composto) e húmus (matéria orgânica decomposta microbiologicamente) ,
com propriedades físicas, químicas e físico-químicas inteiramente dife-
rentes;

b) na literatura são citados dois_ tipos de matéria orgânica: matéria


orgânica ativa , fresca , crua, não decomposta, que por decomposição
origina húmus; matéria orgânica inativa, humificada, ou estabilizada, não
mais sujeita a rápida e intensa decomposição, constituindo a fração
coloidal ; em nosso entender as expressões matéria orgânica ativa e inativa
seriam melhor definidas como matéria orgânica coloidal e matéria orgâ-
nica não coloidal, respectivamente. A matéria orgânica ativa é a que tem
influência nas propriedades quimicas e físico-químicas e a matéria orgâ-
nica não coloidal, grosseira, influindo mais nas propriedades físicas do
solo;

e) consequentemente, o fertilizante orgânico contém duas frações,


uma coloidal e outra de dimensões grosseiras;

d) o valor de um fertilizante orgânico como condicionador ou


mélhorador do solo é avaliado em função do conteúdo de matéria orgâni-
ca humificada, dos seus colóides orgânicos totais e não apenas dos áci-
dos húmico e fúlvico, desconsiderando-se os demais componentes cita-
dos (ulmina, ácidos himantomelânico, aprocrenico, etc.) geralmente não
determinados ou ainda desconhecidos;

e) a fração húmica coloidal é a que no solo influi favoravelmente


nas suas propriedades físicas, qulmicas e flsico-qulmicas .

O método de determinação dos colóides orgânicos totais é O se-


guinte: partindo-se de uma amostra de fertilizante orgânico Já preparada
LEGISLAÇÃO BRASIL EIRA SOBRE OR GANOMINERAL 17

para análise, isto é, seca a 60-65°C e moída finamente , tomar 20g e


passar para recipiente com cerca de um litro de capacidade . Juntar 50 mi
de álcool (para favorecer a posterior absorção de água nesse material
seco) agitando a amostra com o auxílio de um bastonete de vidro. Juntar
400ml de água e adicionar cuidadosamente hidróxido de sódio (aproxi-
madamente) 0,5 N até obter reação alcalina com o indicador fenolítaleína .
Levar o recipiente ao fogo ou em banho de areia até ebulição; com
bastonete de vidro retirar algumas gotas do líquido colocando-as em um
pires (ou azulejo) branco; juntar uma gota da solução de fenolftaleina ;
provavelmente não deve mais dar reação alcalina pois, pela ação mecâ-
nica da ebulição em água e ação química da soda, o colóide orgânico
(ácido) entrou em dispersão no líquido, reagindo com a soda e baixando
o pH da suspensão coloidal ; nesse caso, cuidadosamente juntar mais
solução de hidróxido de sódio até obter reação alcalina contra o indica-
dor fenolftaleína. Continuar com a ebulição repondo as quantidades de
água evaporadas, sempre que o nível inicial baixar; repetir o teste com a
fenolftaleína e adição cuidadosa de soda de tempos em tempos a fim de
manter o líquido permanente alcalino (a viragem da fenolftaleina se dá
no pH 8,2).

Quando se observar que após um tempo de ebulição o teste com a


fenolftaleína permanece dando reação alcalina, é sinal que se comple-
tou a dispersão do húmus . Desligar o aquecimento, deixar esfriar o liqui-
do e passar o conteúdo para uma proveta de 1000ml, fazendo-o passar
por uma peneira de 0,053mm de abertura: colocar um funil na boca da
proveta e dentro dele a peneira: após passar todo o liquido para a prove-
ta , lavar a peneira com jacto de água , o recipiente usado para ferver a
amostra de fertilizante e mais a peneira até completar o volume de um
litro. Agitar o líquido da proveta com o agitador manual mostrado na figu-
ra 2.1 por cerca de meio minuto e, em seguida, introduzir uma pipeta de
20ml até uma profundidade de 10cm, aspirando lentamente uma alíquota
da suspensão; passar a alíquota para cápsula de porcelana previamente
queimada em mufla e de tara determinada; levar a cápsula à estufa a
100-105ºC, para evaporar toda a água, até peso constante ; resfriar em
dessecador e pesar (p).
18 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Visto em ~ Visto de cima


perspectiva

Visto de perfil

Figura 2.1 . Agitador para líquidos contidos em provetas.

Queimar a cápsula em mufla a 550ºC por uma hora (até cinza bran-
ca), deixando no forno até seu resfriamento; completar o resfriamento da
cápsula em dessecador e pesar (p 1).

Subtraindo-se (p - p 1) tem-se o peso dos colóides totais na amos-


tra de 20g. Supondo-se que o fertilizante organomineral contém 30%, de
matéria orgânica, calcula-se a quantidade de colóides totais existentes
só nesse teor de matéria orgânica conhecido (e não no peso total da
amostra).

É aconselhável, após novas agitações, coletar mais duas alíquotas


para se ter como resultado final a média de três determinações.

O método sugerido é uma tentativa devendo, com seu emprego


continuado, sofrer alterações no sentido de aprimorá-lo.
TAXA DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ORGÂNICOS 19

3. TAXA.. DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES


ORGANICOS E TAXA DE APROVEITAMENTO DOS
FERTILIZANTES MINERAIS

É incorreto pensar que no preparo do fertilizante organomineral é


desfavorável o fato de se misturar fertilizantes minerais solú-
lc~~7 veis contendo nitrogênio, fósforo, potássio, com materiais or-
gânicos cujos componentes, úteis às plantas, podem estar
em parte na forma orgânica não prontamente assimilável pe-
las raízes.

Os fertilizantes orgânicos empregados no preparo do


fertilizante organomineral são, segundo define nossa legislação, um ufer-
tilizante de origem vegetal ou animal contendo um ou mais nutrientes
das plantas". Sendo constituídos de resíduos vegetais e/ou animais, para
se tornarem úteis às plantas é necessário que sofram um processo
microbiano de decomposição; como resultado dessa digestão da maté-
ria orgânica, haverá formação de dois importantes componentes: húmus
e sais minerais contendo os macronutrientes nitrogênio, fósforo, potás-
sio, cálcio, magnésio, enxofre, e os micronutrientes zinco, cobre , ferro,
manganês, boro, molibdênio e cloro, os quais deixam sua forma orgânica
dita imobilizada para passar à forma mineralizada.

A taxa de mineralização ou conversão da matéria orgânica é go-


vernada pelo teor de nitrogênio na matéria-prima, e pela presença de
microrganismos, umidade e outras condições que tornam o processo mais
rápido e favorável. Os componentes da matéria orgânica não são igual-
mente atacados e decompostos pelos microrganismos com a mesma fa-
cilidade. Os açúcares, amidos e proteínas hidrossolúveis são de<?ompos-
tos mais rapidamente, enquanto as demais proteínas, hemicelulose, óle-
os, gorduras e resinas se mostram mais resistentes à mineralização e
humificação.

A velocidade e o grau de decomposição da matéria orgânica crua


pode ser medida em laboratório por diferentes métodos, determinando-
se a taxa de mineralização ou índice de conversão, que indicam a dispo-
20 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

nibilidade dos nutrientes às plantas . Sobre o assunto , a publicação


intitulada "Recomendações de adubação e calagem para os Estados do
Rio Grande do Sul e Santa Catarina (50) , diz o seguinte:

"Os índices de conversão que se encontram na Tabela 3.1, repre-


sentam o percentual médio de transformação da quantia total dos nutri-
entes contidos nos adubos orgânicos que passam para a forma mineral
nos sucessivos cultivas . Considera-se a partir daí, que a fração
mineralizada se comporta semelhantemente aos nutrientes oriundos de
fertilizantes minerais. Portanto, eles passam a integrar as mesmas reações
químicas dos íons presentes no solo, bem como dos µrovindos dos ferti-
lizantes minerais, tais como insolubilização do fósforo, lixiviação do
nitrogênio, etc. Verifica-se na tabela 3.1, que todo o potássio da matéria
orgânica comporta-se como mineral desde a aplicação, uma vez que ele
não faz parte de nenhum composto orgânico estável; portanto, não pre-
cisa sofrer a ação dos microrganismos. Verifica-se, ainda, que 60% do
P2 0 5 aplicado, mineraliza-se no primeiro cultivo e, 20% , no segundo; o
mesmo ocorre com o nitrogênio, nas taxas de 50 e 20% para os dois
primeiros cultives, respectivamente. No segundo cultivo, além do efeito
residual do P e do K mineralizados no primeiro cultivo, estarão disponí-
veis , aproximadamente. 20% do total tanto de N como de P 20 5 aplicados
por ocasião do primeiro cultivo. A partir do terceiro cultivo, a totalidade do
N, P 20 5 e K 20, aplicados na forma orgânica, já se encontram mineralizados
e a quantidade disponível nesse cultivo dependerá das doses aplicadas
anteriormente e dos fatores que afetam o efeito residual de cada nutrien-
te, avaliado na sua forma tradicional".

Tabela 3.1. indices de conversão dos nutrientes aplicados na forma or-


gânica para a forma mineral, em cultives sucessivos (50).

lndices de Convers~o (•}


Nutrientes 1!! Cultivo 2~ Cultivo

Nitrogénio (N) 50 % 20%


Fósforo {P~O~) 60% 20%
Potássio (~O) 100%

(•) Cullivos em relação ao aproveitamento do rertihzante orgànico aplicado.


TAXA DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ORGÂNICOS 21

O índice de conversão para o nitrogênio, indicado na tabela 3.1,


está de acordo com o encontrado por Pratt e outros (44), (45), segundo
os quais 50% desse elemento encontrado no esterco animal na forma
orgânica são aproveitados pelas plantas no primeiro ano de cultivo: para
0 segundo ano, esses autores indicam que o índice de conversão é de
apenas 10%.

Os indices de conversão indicados são aplicáveis, como foi dito,


para material orgânico cru ou semicurado. Acontece que os materiais
orgânicos que sofreram processo de compostagem. sendo transforma-
dos em húmus, apresentam nitrogênio inorgânico na forma de nitrato
(ver Capítulo 7), prontamente assimilável; o fósforo orgânico também é
mineralizado a partir de compostos como fitina, fosfolipídeos ,
nucleoproteínas, ácido nucléico, proteínas, que, pela ação de microrga-
nismos . liberam ians fosfato (H 2 PO /) prontamente assimiláveis pelas
raízes das plantas. A mineralização do fósforo depende, principalmente,
de vários fatores como índice pH, conteúdo de matéria orgânica. micror-
ganismos, umidade e temperatura .

O aproveitamento dos nutrientes NPK dos fertilizantes minerais no


primeiro ano de cultura, segundo Malavolta (34) é o da tabela 3.2: o
nitrogênio dos fertilizantes uréia, sulfato de amônia, MAP. DAP é aprovei-
tado entre 50 e 70% no primeiro ano de cultura, em média, 60%; o fósfo-
ro, em condições desfavoráveis, apenas 5% e em condições favoráveis,
20% , dando uma média de 12%; o potássio, entre 50 e 70% em condi-
ções desfavoráveis e favoráveis, respectivamente.

Comparando-se os índices de aproveitamento dos nutrientes con-


tidos no fertilizante orgânico com os contidos nos fertilizantes minerais
ou inorgânicos, no primeiro ano de cultura, vê-se que são próximos, com
certa vantagem para os fertilizantes orgânicos.

Do exposto pode-se concluir o seguinte: se a matéria-prima orgâni-


ca empregada no preparo do fertilizante organomineral estiver completa-
mente curada, humificada , terá elevada capacidade de troca de cátions
e de retenção de água, alta superfície específica e com seus nutrientes
quase completamente mineralizados . Ao contrário, se estiver crua ou
semicurada, bioestabilizada, os valores das características só se mani-
fe starão com a humificação e mineralização, só se completarão após o
fertilizante organomineral ser aplicado no solo Este inconveniente será
22 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
em grande parte compensado pelo fato da mineralização e conseqüente
liberação dos nutrientes se dar aos poucos durante o desenvolvimento
da cultura à semelhança de uma adubação dita de disponibilidade con-
trolada, onde as perdas dos nutrientes por lavagem pela água das chu-
vas será mínima.

Tabela 3.2. Eficiência comparada dos fertilizantes minerais e orgânicos.

Fertilizante mineral Fertilizante orgânico


(34) (57)

Nutriente Valores Média Valores


em% em% em%

Nitrogênio 50 a 70 60 50
Fósforo 5 a 20 12 60
Potássio 50 a 70 60 100

Média geral de eficiência 44 70

1.
TAXA DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ORGÂNICOS 23

4. MATÉRIA ORGÂNICA COMO CONDICIONADORA


DOS FERTILIZANTES MINERAIS

Os compêndios de química agrícola costumam trazer uma tabela


- - - - indicando a compatibilidade e a incompatibilidade dos fertili-
zantes minerais que devem co~por as fórmulas para aduba-
ção. As incompatibilidades podem ser físicas e químicas.

A incompatibilidade física ocorre nas fórmulas de fertili-


zantes minerais que empregam, por exemplo, produtos
higroscópicos ou deliqüescentes. Diz-se que um fertilizante é higroscópico
ou deliqüescente quando tem a propriedade de absorver água do meio
ambiente ou de nela se dissolver, transferindo essa água para a mistura
de adubos; fórmulas que contém, por exemplo, nitrocálcio ou nitrato de
cálcio; absorvem umidade do ar e depois de misturados com outros ferti-
lizantes e armazenados por algum tempo, absorvem umidade do ar e
tomam-se empedrados, principalmente os sacos que· ficam na parte de
baixo da pilha.

Sabe-se, de longa data, que esse inconveniente pode ser reduzido


utilizando-se como carga 1 , em tais fórmulas, cerca de 1O a 15% de ferti-
lizante orgânico com baixa umidade e bem moído; a carga orgânica dá à
fórmula friabilidade suficiente para que os sacos de adubo aparentemen-
te empedrados sejam antes de serem abertos, batidos no chão para que
seu conteúdo se solte e flua livremente ao ser descarregado; esse antigo
conhecimento aplicado às fórmulas de fertilizantes minerais com proble-
mas de empedramento pode-se dizer que agora é prática obrigatória no
organomineral, dando ao produto comercial a vantagem de uma garanti-
da friabilidade; o organomineral é um fertilizante que se esboroa, escor-
rendo facilmente da sacaria e que não embucha a adubadeira quando se
faz a distribuição no campo.

1
Carga. Assim se denomina o matenal, mesmo que Inerte, que a lei permite adicionar às fórmulas de
íertilizantes minerais para completar uma tonelada da mistura, uma vez que a concentração
garantida não seja alterada nem interfira no aprove1tamc nlo dos nulnentes .

-- ------------------------------
24 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Incompatibilidade química é o fenómeno que ocorre nas misturas


de fertilizantes quando entram na sua composição produtos com reação
alcalina ou que tenham cálcio livre, como nos termofosfatos, cianamida
de cálcio. escória de desfosforização ou de Thomas, e fertilizantes
amoniacais; se a umidade desses produtos for favorável , haverá des-
prendimento do gás amônia, com perda de nitrogénio; outro exemplo de
incompatibilidade química é a mistura de fertilizantes solúveis fosfatados ,
como os superfosfatos simples ou triplo, com substâncias contendo cál-
cio na forma livre ou combinada (termofosfato, cianamida de cálcio , es-
córias de siderurgia); nesse caso, a reação química que se dá provoca o
fenômeno da retrogradação, reduzindo a disponibilidade do nutriente
fosfato.

A fixação do fósforo que ocorre no solo, fenômeno pelo qual o fós-


foro solúvel passa para a forma insolúvel, com evidente perda de sua
disponibilidade, é outro fato indesejável. Na composição do fertilizante
organomineral entram pelo menos 500 kg de um fertilizante orgânico,
que. na fabricação, por ser bem misturado com o fertilizante mineral
fosfato, solúvel, envolve-o, protegendo-o e evitando, quando aplicado no
solo, que reaja livremente com cálcio, ferro, manganês e alumínio, com
os quais daria fosfato insolúvel.

A matéria orgânica juntada ao fertilizante mineral para compor o


organomineral, portanto, diminui a possibilidade de ocorrerem incompati-
bilidades físicas ou químicas entre os componentes do adubo inorgânico.

Os fertilizantes minerais quando empregados em altas doses po-


dem causar danos à cultura pelas seguintes razões (35):

a) pela concentração salina exagerada em volta da semente ou


das raízes; a tabela 4 .1, dá 9 índice salino de alguns fertilizantes;

b) pelo excesso de ácido ou cálcio livres;

e) pela presença de substâncias tóxicas.

A mistura de fertilizante orgânico com mineral empregada no pre-


paro do organomineral evita tais inconvenientes.
TAXA DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ORGÂNICOS 25

Fenômeno indesejável é o que ocorre quando se empregam doses


exageradas de fertilizantes com alto índice salino e a cultura atravessa
período de verânico (estiada em estação chuvosa com dias de muito
calor e insolação) . Os sais do fertilizante mineral dissolvem-se na solu-
ção do solo em concentração mais elevada que a da seiva das raízes ,
desidratando-as por osmose e causando a plasmólise das células;
consequentemente, a planta murcha, sofrendo pela falta d'água. Adu-
bando com fertilizante organomineral a probabilidade de ocorrer esse
dano é mínima, uma vez que ele contém menos sais minerais e ainda os
tem condicionado pela matéria orgânica. A tabela 4.1 dá uma relação do
índice salino de alguns fertilizantes mais usados.

Tabela 4.1 . lndice salino de alguns fertilizantes minerais, tomando o ni-


trato de sódio como base de salinidade igual a 100.

Fertilizante Índice Salino

Nitrato de sódio 100


Nitrato de amõnio 105
Uréia 75
Sulfato de amõnio 69
Nitrocálcio 61
Amõnia anidra 47
Fosfato diamônico (DAP) 34
Fosfato monoamônico (MAP) 30
Superfosfato triplo 10
Superfosfato simples 8
Cloreto de potássio 116
Nitrato de potássio 74
Sulfato de potássio 46

Chaminade (8) estudou a neutralização pela água-de-cal em uma


mistura de ácido húmico e fosfato monocálcico (super triplo). Cinco reci-
pientes contendo fosfato monocálcio receberam doses crescentes de
água-de-cal com húmus, em seguida, os líquidos foram centrifugados e
26 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

dosado o P 20 5 , o húmus e determinado o pH do centrifugado. Paralela-


mente, o mesmo experimento foi repetido com fosfato monocálcio e água-
de-cal sem adição de ácido húmico. As curvas da figura 4.1 mostram que
as precipitações do superfosfato na ausência de húmus foram bem mai-
ores. A Tabela 4.2 dá os valores de fósforo em solução nesses líquidos.

Tabela 4.2. Valores de fosfato monocâlcio {superfosfato triplo) nos trata-


mentos com a presença e ausência de húmus a diferentes
índices de pH (8).

Tratamentos e conteúdos de P2 0 5

lndice pH Sem húmus Com húmus

7,0 40 mg/litro 170 mgnitro


8,0 20 mg/litro 160 mg/litro
9,0 5 mg/litro 140 mg/litro

O experimento mostra a marcante influência do ácido húmico so-


bre o superfosfato triplo, evitando a insolubilização do fósforo por cátions
floculantes, como o cálcio.

No mesmo trabalho Chaminade (8) apresenta espectrogramas de


fosfato tricálcico obtido pela precipitação com água-de-cal, na presença
e na ausência de húmus. No espectro obtido por raios X, o composto
fosfo-húmico mostrou que o fosfato tricálcio perdeu sua estrutura crista-
lina.

Ensaio realizado pelo método de Neubauer feito pelo mesmo pes-


quisador (8) para determinar a quantidade de fósforo assimilada por uma
planta indicadora, empregando uma suspensão fosfo-húmica preparada
precipitando o fosfato monocálcio (super triplo) pelo humato de cálcio
{húmus precipitado pela água-de-cal) e outra suspensão precipitando o
fosfato pela água-de-cal na ausência de húmus, mostrou que a assimila-
ção do fósforo de composto do fosfo-húmico foi mais elevada que do
fosfato tricálcio .
TMA DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ORGÂNICOS 27

mg de P205 em sol.uçao
ou suspensão cm 50 ml.


,
8

s
fosfato monocálcico
4
mais húmus
3

2
fosfato monocálcico
sem húmus

:tndi..ce pH

Figura 4.1. Precipitação do fosfato monocálcio pela água-de-cal na pre-


sença e na ausência de húmus (8).

Na composição do fertilizante organomineral sempre se emprega


como matéria-prima um adubo orgânico rico em húmus, como por exem-
plo a turfa e o linhito (ou linhita), podendo-se usar os estercos animais,
composto de lixo domiciliar e o lodo de esgoto, tratados em usinas, bem
como outros resíduos orgânicos industriais depois de passarem por um
processo de compostagem para humificação da matéria orgânica. É im-
portante lembrar que matéria-prima orgânica crua, que não s9freu de-
composição microbiana, é simplesmente fonte para produzir fertilizante
orgânico curado, humificado como se diz mais tecnicamente. Lembrar
que "nem toda matéria orgânica é húmus, porém, todo húmus é matéria
orgânica".

A recomendação acima é importante porque só depois que a maté-


ria orgânica se decompõe e se torna rica em húmus, é que ela apresenta

-- - - - - - -- - - - - - -- - - - - - - -- - -- - - - - - - l
28 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

as desejáveis propriedades, como por exemplo: alta capacidade de troca


de cátions, elevada retenção de água, alta superfície específica e pre-
sença de quelados. No organomineral, a matéria orgânica funciona como
condicionadora dos fertilizantes minerais por possuir essas e outras pro-
priedades que serão relatadas mais adiante.

4.1. A capacidade de troca de cátions do organomineral. A ca-


pacidade de troca de cátions ou capacidade de troca catiônica , repre-
sentada pelas letras CTC, pode ser definida como sendo a soma total de
cátions que o fertilizante orgânico pode adsorver, exprimindo-se o resul-
tado em equivalentes miligramas por 100 gramas (e .mg/1 00g) ou
miliequivalentes por 100 gramas (meq/1 00g ou me/1 00g). Os resultados
também podem ser expressos por 100 centímetros de amostra seca em
estufa a 65° Celsius.

O húmus tem a propriedade de adsorver eletrostaticamente nutri-


entes catiônicos como o potássio, cálcio, magnésio, manganês, ferro,
cobre, zinco, amônia, bem como o sódio, etc., cedendo-os posteriormen-
te às raízes das plantas. Essa retenção, denominada adsorção , pode
ser entendida tomando-se como exemplo a atração que o ímã perma-
nente realiza quando em contato com limalhas de ferro; estas ficam ade-
rentes ao imã sem, contudo, fazerem parte da sua composição; os câtions
ligados eletrostaticamente ao húmus, podem ser removidos por troca com
outros cátions. A adosrção é um fenômeno físico-químico e não deve
ser confundido com a absorção, que é um efeito físico como, por exem-
plo, a fixação de uma substância líquida ou gasosa no interior de outra ,
geralmente sólida.

Os cátions adsorvidos pelos húmus ou pela argila do solo são me-


nos lavados ou lixiviados pela água da chuva que atravessa o perfil. Suas
perdas podem ocorrer por trocas por outros cátions; no solo pobre em
argila ou húmus, por exemplo, o potássio do fertilizante mineral aplicado,
não encontrando colóides para adsorvê-lo, permanece dissociado na água
do solo (que é chamada pelos técnicos solução do solo); chovendo , a
água dilui e arrasta o potássio para os horizontes mais profundos, levan-
do os sais minerais da solução do solo para posições fora do alcance das
raízes das plantas cultivadas.
TAXA DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ORGÁNICOS 29

A partícula de húmus é tão diminuta que recebe o nome especial


de micela coloidal húmica; o húmus , como as argilas coloidais do solo ,
possuem cargas elétricas negativas que são balanceadas (neutraliza-
das) por cátions (portadores de cargas positivas) , como representado na
figura 4.2; nessa figura vê-se uma micela coloidal húmica com suas car-
gas negativas assim neutralizadas: uma carga negativa por uma carga
positiva de potássio (K·), de sódio (Na•) ou de amônia (NH• 4); duas car-
gas negativas de húmus balanceadas por duas positivas de cálcio (Ca 2•)
ou de magnésio (Mg 2•), podendo, ainda, cátions como o cobre, zinco,
manganês e ferro divalentes realizar esse balanceamento; finalmente,
três cargas negativas do húmus, por três positivas de alumínio (Al3·),
elemento quimicamente trivalente. Se o solo recebesse uma calagem
pesada, o cálcio, pela lei de Way, desalojaria os cátions da figura 4.2, os
quais passariam para a solução do solo; a micela se tornaria, então, cál-
cio saturada.

MI CELA
Ca+- -+ NH4
+- COLOIDAL

ORGANICA

1\
+t
Mg

Figura 4.2. Representação de uma micela coloidal húmica com suas car-
gas elétricas negativas balanceadas por cargas positivas de
diversos cátions.

A ca pacidade de troca de cátions do fertilizante organtco é


diretamente proporcional à quantidade de substância coloidal húmica nele
existente; portanto, quanto mais curada ou decomposta for a matéria
30 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

orgânica, maior a quantidade de húmus e maior a capacidade de troca


catiônica do fertilizante. O valor agrícola de um fertilizante orgânico pode
ser estimado por vários fatores, dentre eles a capacidade de reter nutri-
entes, protegendo-os da lavagem pela água das chuvas. A tabela 4.3 dá
a capacidade de troca de cátions de alguns materiais orgânicos empre-
gados no preparo do fertilizante organomineral.

Tabela 4.3. Capacidade de troca de cátions de fertilizantes orgânicos


empregados no preparo do organomineral.

Capacidade de troca de cátions


Fertilizante orgánico
(Valores em me/1 00g)

Linhito ou linhita 180 a 220


Turfa 80 a 120
Esterco de bovino 44
Esterco de ovelha 41
Esterco de galinha 40
Tortas vegetais 41

Fonte: compilado pelo autor.

A CTC dos solos brasileiros varia de 3 a 15me/1 00g, ou seja, uma


média de 10me/1 00g, enquanto que a CTC do húmus é em média 300me/
100g, valor trinta vezes maior. Para se ter uma idéia do papel que a
matéria orgânica realiza no fertilizante organomineral, basta fazer o cál-
culo abaixo.

A legislação brasileira exige que as fórmulas de organomineral


comercializadas tenham no mínimo 50% de matéria-prima orgânica, ou
sejam, 500kg por tonelada no produto acabado. Considerando que a
matéria-prima empregada no preparo do organomineral tenha 60% de
matéria orgânica (600kg/t), os 500 kg usados para fazer a mistura leva-
rão a ela 300 kg de matéria orgânica em cada 1.000kg de organomineral.
Anote-se que geralmente as fábricas empregam mais de 500kg de maté-
ria orgânica; se nos 300kg de matéria orgânica houver 50% de colóides
TAXA DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ORGÂNICOS 31
húmicos , o fertil izante organomineral conterá 150kg de húmus por tone-
lada. Como a CTC do húmus é 30 vezes maior que a CTC da argila, a
meio tonelada de matéria orgânica usada na fabricação de uma tonelada
de organomineral, contendo apenas 150kg de húmus, tem um valor na
retenção e aproveitamento dos nutrientes, igual a 4.500kg de argila. Um
solo com 25% de argila tem , em média, 625 toneladas desse mineral por
hectare a uma profundidade de 20cm, sendo sua CTC igual a 62.S00me;
os 150kg de húmus tem 450.000me, sete vezes mais.

Os cálculos acima comprovam como os 500 a 700kg de matéria


orgânica humificada, misturada com fertilizante mineral, tem condições
de funcionar como condicionador do fertilizante "químico". É importante
ressaltar que nesses cálculos não foi levado em consideração o fato de o
fertilizante organomineral ser aplicado de forma localizada (no sulco, na
cova , etc.), o que faz com que seu efeito seja ainda maior. Quando apli-
cado isoladamente, como fertilizantes e melhoradores do solo, os adu-
bos orgânicos são empregados em grandes doses, variando de 1O a 20
toneladas por hectare. Em pequenas quantidades, caso do organomineral,
a matéria orgânica humificada funciona comprovadamente como condi-
cionadora dos fertilizantes minerais que entram na composição do
organomineral, como se demonstrará nos próximos capítulos deste livro.

4.2. A superfície específica do organomineral. Os microrganis-


mos, ao decomporem a matéria orgânica, realizam ao mesmo tempo uma
alteração química e uma demolição física. Partículas de matéria orgânica
são demolidas até formar partículas de minúsculas dimensões, conheci-
das como micelas coloidais, tão pequenas que em meio líquido levemen-
te alcalino formam uma suspensão coloidal, não se sedimentando, não
obedecendo portanto, a lei da gravidade.

A superfície específica abreviadamente Sup. sp., de uma amostra


é a soma ou o total da área de cada uma das suas partículas por unidade
de massa; é como se determinasse a superfície de cada um dos compo-
nentes da amostra , se representasse essa área em um plano e depois se
somasse todas elas; esse resultado é expresso sempre em metros qua-
drados por grama de material.

A superficie específica de uma amostra de fertilizante orgânico pode


ser determinada em laboratório por métodos relativamente simples (31 }.
,

'
32 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
As amostras são postas em contato com gases ou com líquidos que são
retidos sobre a superfície das partículas, sempre na forma de uma cama-
da monomolecular, permitindo calcular ponderalmente a soma das áreas
das micelas coloidais.

Um único grama de húmus tem uma superfície de exposição de


suas micelas que, somadas, dão em média 700 metros quadrados. Quanto
maior a superfície de exposição do colóide , maior será sua capacidade
de reter nutrientes e de fornecê-los às plantas, pois de outra maneira
seriam lavados pela água das chuvas.

Considerando-se que uma tonelada de organomineral contenha 150


kg de húmus, conforme demonstrado em 4.1, e que a superfície especi-
fica do húmus é de 700m 2/g, a superfície de exposição dessa tonelada
de fertilizante organomineral será de 105 milhões de metros quadrados,
ou seja, uma área de exposição para reter nutrientes contidos no fertili-
zante mineral e oferecê-los às raízes, igual a uma gleba de terra medindo
10km por 10,5km. Sabendo-se que a alimentação de uma planta se faz
por suas raízes e seus pêlos absorventes, pode-se compreender a im-
portância desse fato. As radicelas e os pêlos absorventes que formam a
camada pelífera têm por função absorver as substâncias minerais ne-
cessárias à vida da planta; os pêlos que podem atingir comprimento até
de 9mm, aderem à superfície das substâncias minerais do solo ou dos
fertilizantes, formando concreções especiais que facilitam a absorção. A
argila caulinita, a mais comum nos solos brasileiros, oferece uma super-
fície específica que varia de 1O a 40 metros quadrados por grama; com-
parativamente, o húmus oferece para as radículas e pêlos absorventes,
uma superfície específica contendo nutrientes adsorvidos, de 700 me-
tros quadrados por grama, ou seja, cerca de 30 vezes mais que a da
argila.

Esta é outra explicação técnica de como o fertilizante orgânico quan-


do misturado com o fertilizante mineral funciona como seu melhorador
(condicionador), aumentando a eficiência em fornecer nutrientes aos
vegetais .

4.3. A capacidade de retenção de água no organomineral. A


capacidade de matéria orgânica reter água por absorção está ligada j
quantidade do colóide húmus que ela contém. A matéri a orgânica crua
TAXA DE MINERALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ORGÂNICOS 33

tem , em média, cerca de 80% de capacidade de retenção de água -


CRA; à medida que se processa sua decomposição, vão se formando
colóides húmicos cujas micelas tem elevada CRA. Assim , por exemplo. a
turfa brasileira, bem decomposta, chega a absorver de 300 a 700% de
água, isto é, um quilograma de turfa pode reter de 3 a 7 quilogramas de
água ; turfas de "esfagnum", existentes em países de clima frio, têm CRA
mais elevada ainda, ultrapassando a casa dos mil por cento. Allison (1)
cita existir turfa fibrosa com CRA até de 2.420% .

A propriedade do húmus absorver água em elevadas proporções,


dez vezes mais do que os solos argilosos, é importante, pois, garante a
solubilidade dos nutrientes do fertilizante mineral contido no
organomineral.

O húmus perde água com facilidade; uma amostra de turfa ou com-


posto colocada em estufa a 60-65ºC, em cerca de 4 horas, perde pratica-
mente toda a água; no entanto, para reabsorver água até a saturação, o
húmus pode levar até 72 horas, pois o processo é lento.

Considerando que o fertilizante mineral contendo NPK só é assimi-


lado pelas raízes quando em solução, verifica-se a importância da eleva-
da capacidade de retenção de água da fração orgânica, dissolvendo os
sais do adubo mineral e favorecendo a assimilação pela planta .

4.4. Comprovação experimental. Não foram poucos os técnicos


que fazendo experimentação agrícola de adubação empregando fertili-
zantes minerais misturados com fertilizantes orgânicos observaram a in-
fluência destes últimos no aumento da produção, graças à ação do húmus
favorecendo o melhor aproveitamento dos nutrientes minerais.

O efeito da torta de mamona como condicionadora do fertilizante


mineral está relatado no experimento de algodão realizado no ano agrí-
cola 1968-69, em seis municípios diferentes e, em 1969-70, em nove
municípios; são ao todo 15 experimentos de campo conduzido em
Latossolo roxo (55).

Os tratamentos empregados foram os seguintes , em kg/ha:

1 - N 0 sem N: 0-60-50
2 - PO sem P: 30-0-50
3 - K 0 sem K: 30-60-0
34 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

4 - NPK, adubação básica (b): 30-60-50


5 - N2 , dose dupla de N: 60-60-50
6 - K2 , dose dupla de K: 30-60-100
7 - NPK + tm : adubação básica (b): 30-60-50 + 200kg/ha de torta
de mamona (equivalente a 10kg de N, 4kg de P e 2kg de K) .

A composição química da torta de mamona era, em média: 5% de


N, 2% de P 20 5 e 1% de K 20.

Ao analisar os dados do experimento, o autor surpreendeu-se com


os resultados da associação da torta de mamona cJm os fertilizantes
minerais, assim comentando: "Percebe-se claramente o efeito da incor-
poração da torta à mistura de adubos minerais. Mas a que atribuí-lo?
Como foi exposto, a torta utilizada fornec_eu um mínimo de nutrientes:
cerca de 10kg/ha de N, 4kg/ha de P20 5 e 2kg/ha de K 20. A quantidade
total de torta utilizada é muito pequena para se admitir a possibilidade de
sua ação sobre as propriedades físicas do solo. Uma hipótese provável
seria a da formação de compostos organofosfatados, que competiriam
com o processo de fixação do fósforo mineral, do superfosfato simples,
pelos sesquióxidos de alumínio e ferro (muito comuns em Latossol roxo) ,
compostos estes que contém o nutriente em forma assimilável pelas plan-
tas".

Comentando a produção obtida, mais adiante continua o autor da


pesquisa: "O nitrogênio e o fósforo pouca influência tiveram, enquanto
que a torta (torta mais NPK) propiciou um acréscimo de 17% sobre a
produção do tratamento básico, valor muito próximo da significância es-
tatística. Nesse caso, também, a torta não deve ter funcionado como
direta fornecedora de nutrientes. O irrisório acréscimo de 2kg de K20
provenientes da torta não poderia explicar o seu efeito, bem superior
àquele devido à adubação de potássio (tratamento~), que, fornecendo
50kg de K 20 a mais que no tratamento básico, aumentou em 8% a pro-
dução das plantas".

Continuando, comenta: "Para explicar o evidente efeito da mistura


de torta com o adubo mineral potássico, pode-se admitir um bloqueio do
potássio nessa mistura, onde permaneceria retido sob forma mais pron-
tamente assimilável pelas plantas que àquela devida às argilas, minerais
comuns".
O NITROGÊNIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 35
Observe-se que o autor do experimento comprovou que a torta
quando associada a fertilizantes minerais, tem um efeito além da "irrisó-
ria" (sic) contribuição em NPK que ela fornece em relação à fórmula
mineral empregada. Ê o efeito condicionador ou potencializador que tam-
bém outros pesquisadores já comprovaram com experimentos, mas que
todos eles não souberam explicar ou melhor, não chegaram na criação
do fertilizante organomineral.

Para finalizar seu trabalho o autor (55) diz textualmente nas con-
clusões: "O acréscimo de produção devido à aplicação de torta de mamona
(4kg/ha de P 20 5) foi correspondente à aplicação de 60kg/ha de P 2 0 5 sob
forma mineral. O aumento de produção devido à aplicação da torta de
mamona (2kg/ha de K 20), superou, em quase o dobro, àquele acréscimo
de 50kg/ha de K 20, sob a forma mineral".

Ponto final!
36 FERTI LIZANTES ORGANOMINER AIS

5. O NITROGÊNIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL

r-~---_-_-_-....
- __ 5.1 . Fertilizantes nitrogenados. Toda forma de
nitrogênio mineral introduzida no solo, se não passar à for-
ma orgânica, será lavada pela água das chuvas. A única
maneira de se armazenar nitrogênio no solo é na forma
orgânica ; é que o nitrogênio dos fertilizar.tes minerais é fa -
cilmente lavado, perdendo-se nas camadas mais profun-
das do perfil do solo.

As formas de nitrogênio mineral amoniacal (NH 4·) ou nítrica (NQ:l-),


quando aplicadas na cultura como fertilizantes minerais tais como uréia ,
nitrato de cálcio, nitrato de amônio , sulfato de amônio, serão absorvidas
pelas plantas ou pelos organismos do solo, passando para a forma orgâ-
nica , ou serão lavados e se perderão. Quando se faz análise química de
uma amostra de terra verifica-se que 98 a 100% do nitrogênio está na
forma orgânica e apenas menos de 2% na forma mineral.

Os fertilizantes minerais nitrogenados como uréia, sulfato de amônio,


DAP, MAP sempre acabam sendo lavados pela água das chuvas, não
tendo condições de serem armazenados no solo para culturas dos anos
seguintes. Se o fertilizante mineral contém nitrogênio na forma nítrica
(N03-) - radical de carga negativa - não será adsorvido pelos colóides
húmus e argila, que também são negativos (materiais de carga seme-
lhante se repelem) ; ao contrário , se o nitrogênio mineral for amoniacal
(NH 4 •) - radical positivo - então poderá ser adsorvido eletrostaticamente
pelo complexo argilo-húmico do solo, não sendo temporariamente lava-
do; mas, infelizmente, esse armazenamento durará poucos dias, pois em
cerca de duas semanas, bactérias nitrificadoras transformarão o nitrogênio
amoniacal em nítrico, sujeito ao processo de lavagem. Curiosamente, os
adubos nitrogenados difundem-se mais facilmente que os fosfatados e
potássicos; seu nitrogênio caminha até às raízes.

O nitrogênio orgânico existente no solo ou contido no fertilizante


organomineral não é absorvido nesta forma pelas raízes das plantas;
para se tornar assimilável é necessário que microrganismos transformem
O NITROGÊNIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 37

0 nitrogênio orgânico em nitrogênio amínico, depois em amoniacal, de-


pois em nitrito e, em seguida, em nitrato, como mostrado a seguir:

Nocgãnlco ➔ N :imlnlco ➔ N amoniacal-NH4 ➔ N nllr11o-N02 ➔ N nltrato-N03

As formas amoniacal e nítrica são as assimiláveis pelas raízes; na


forma de nitrito, o nitrogênio é tóxico, porém , como é uma forma lábil,
rapidamente transitória, não causa danos.

Do exposto, verifica-se que o nitrogênio orgânico, para chegar à


forma nitrato, que é a fase final de toda decomposição aeróbica da maté-
ria orgânica, passa obrigatoriamente pela amoniacal, como acontece
quando se aduba um solo com sulfato de amônia, nitrato de amônio,
uréia, etc. A passagem de nitrogênio orgânico para amoniacal e nítrica é
lenta, fornecendo o nutriente às raízes por período mais longo. Para tor-
nar o fertilizante mineral amoniacal disponível às raízes por um período
maior, evitando a lavagem, tem-se empregado vários expediente~; com
a uréia, por exemplo, tentou-se tratá-la com óleo mineral, misturá-la com
argilas ou terra "fuller'\ com o intuito de envolver os grânulos e dificultar
sua solubilização pela água do solo; outro tratamento é com formal, que
forma nos grânulos uma película plástica, envolvente, dificultando a so-
lubilidade da uréia; o novo produto tomou o nome de "ureaformu; aos
fertilizantes minerais amoniacais, para permanecer por mais tempo no
solo sem ser transformado em nitrato, sujeito à lavagem, junta-se um
produto comercial inibidor do processo de nitrificação.

Os fertilizantes minerais que recebem tratamentos artificiais para


dificultar sua solubilização no solo são classificados como "adubos de
disponibilidade controlada". Acontece que os fertilizantes orgânicos já
possuem naturalmente seu nitrogênio com disponibilidade controlada.
Corno o organomineral é preparado misturando-se adubos minerais com
adubo orgânico, o nitrogênio deste último funciona com disponibilidade
controlada, liberando o nutriente paulatinamente, enquanto que o
nitrogênio do fertilizante mineral é de pronta assimilação. Essa combina-
ção ideal de diferentes disponibilidades de nitrogênio é que permite ao
organomineral ser usado nas culturas de ciclo curto em uma só aplica-
ção, sem necessidade de uma posterior cobertura nitrogenada.
38 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

5.2. Experimentos com nitrogênio e matéria orgânica. A experi-


ência demonstrou que, como o plantio e as adubações são feitos justa-
mente em época de chuvas , na cultura do milho. por exemplo, não se
deve colocar no fundo do sulco todo o fertilizante mineral nitrogenado
que a análise do solo indicou ser necessária; se assim se proceder, até
que se formem as raízes fasciculadas da plantinha de milho, capazes de
assimilar o nitrogênio do adubo , a água das chuvas já terá levado a mai-
or parte desse nutriente; a solução tem sido adubar com pequena dose
de nitrogênio no plantio e depois de uns 45 dias da emergência , quando
as raízes já estiverem desenvolvidas, fazer nova adubação de cobertura
com fertilizante mineral nitrogenado. Os experimentos em que se com-
parou a adubação convencional, isto é, pequena dose de nitrogênio no
plantio e o restante em cobertura, com a adubação organomineral levan-
do a dose total de nitrogênio já no plantio, demonstraram que não houve
diferença estatística significativa entre os dois tratamentos, ganhando-
se com isso a mão-de-obra de aplicação do fertilizante em cobertura.

O pesquisador francês Chaminade, foi um dos pioneiros no estudo


da influência do húmus extraído da matéria orgânica na maior absorção
'.
de nutrientes pelas plantas. Chaminade (7) instalou um experimento em
vasos contendo solução nutritiva com e sem a presença de húmus, jun-
tando uma "suspensão coloidal estável de ácido húmico e, em outra sé-
rie, uma suspensão de humato cálcico coloidal". Observou-se que "com
pequena dose de húmus a planta absorve maior quantidade de elemen-
tos minerais; esse aumento de absorção compreende todos os elemen-
tos aplicados". O autor admite a hipótese de que a "presença de matéria
orgânica coloidal aumenta a permeabilidade celular". Trabalhando com a
conhecida técnica de Neubauer (usada para avaliar a fertilidade de amos-
tras do solo), Chaminade (7) empregou amostras de um subsolo limoso,
pobre em matéria orgânica, às quais juntou humato de cálcio; observou
que nos recipientes em que foi adicionado húmus, aumentou com regu-
laridade o consumo dos nutrientes minerais pela planta, confirmando os
resultados obtidos quando trabalhou com solução nutritiva. Ainda mais:
que "a ação estimulante do húmus deu lugar a um 'consumo de luxo' de
todos os nutrientes. Na conclusão do trabalho , comenta a importante
relação existente entre a adubação orgânica e a mineral.

Chaminade (9) realizou outro interessante experimento em que


doses de fósforo de O, 40, 80, 120 e 200 mg misturadas respectivamente
com doses de potássio de O, 250, 500, 750 e 1.5000mg foram compara-
o NITROGÊNIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 39

das com doses de O, 200, 400, 600 e 800mg de nitrogênio. O experimen-


to comparou a produção de matéria seca de "ray-grass" (Lolium sp.) na
ausência de matéria orgânica e com a adição de 2% de "turfa previamen-
te fermentada" . Todos os tratamentos receberam ainda , doses iguais de
magnésio e micronutrientes.

Nas figuras 5.1 e 5.2, estão representados os tratamentos que re-


ceberam doses crescentes de fósforo e de potássio, pelas letras

P, e

Na ausência de matéria orgânica, ao nível de zero de P O , figura


5.1, a ação do nitrogênio foi fraca, segundo o autor; todavia, o rendimen-
to aumentou conforme aumentaram as doses de fósforo e potássio; as
curvas P 3 e P 4 praticamente se confundem, indicando que a partir de P 3 ,
o fósforo e o potássio não intervém mais como fator limitante e que os
demais nutrientes minerais foram juntados em quantidades suficientes
para não limitar a produção.

Os aumentos da produção das curvas a partir do nível P , não po-


dem ser admitidos como um exemplo da célebre lei do mínimo de Liebig ,
que diz: "as produções das culturas são reguladas pelas quantidades do
elemento disponlvel que se encontra em mlnimo, em relação às necessi-
dades das plantas. É que as duas curvas P 3 e P4 se confundem , indican-
do que a partir do nível P 3 a adubação fosfatada não está mais interferin-
do como fator limitante, sendo o rendimento máximo obtido igual a 9,2g.

Na presença da matéria orgânica, figura 5.2, nota-se que as curvas


de resposta situaram-se em valores mais elevados e que as doses me-
nores de fósforo produziram quase tanto quanto as doses maiores em-
pregadas no experimento; o autor conclui que, sem dúvida , o aumento
na produção em matéria seca obtida com três cortes sucessivos do ca-
pim, foi de 39% e ocorreu devido à ação especifica da matéria orgânica
associada aos fertilizantes minerais.
40 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

------~.,-----•·----•-?o
SEM MATÉRIA ORGÃNICA

200 goo
mg . de N por vaso

Figura 5.1. Produção de uray-grassº em função de diferentes níveis de


nitrogênio e de fósforo, na ausência de matéria orgânica (9).

·~ .
.
• ·P:,-
o
tQ
cU
t>
......
'º/' •--..:~ ..,P•
Pa
•;.o
o, .,_

COM 2% DE MAT~RIA ORGÂNICA

o,...___ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
200 ~00 800 000
mg de N por vaso

Figura 5.2. Produção de uray-grass" em função de diferentes níveis de


nitrogênio e de fósforo, na presença de matéria orgânica (9).
O NITROGÊNIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 41
Em outro experimento em vasos, com solo limoso carente de maté-
ria orgânica, Chaminade (7) pesquisou a influência de diferentes doses
de PK na presença e na ausência de húmus, cujos tratamentos e produ-
ção de mostarda estão na tabela 5.1.

Tabela 5.1. Produção de mostarda obtida com diferentes doses de PK,


na presença e na ausência de húmus e em dois cultives
subseqüentes.

Doses Sem húmus Com húmus

de

nutrientes 1º cultivo 2º cultivo 1º cultivo 2° cultivo

NPOKC 19,200 15,250 24,750 15,800


NP,K, 34 ,050 22,400 44,300 20,400
NP}<2 39,950 22,650 44,750 19,450
NP3 ~ 43,450 24,600 49,350 29,950
NP,K, 47,150 30,150 54,100 26,900

O autor observou que "o aumento do rendimento apresentou uma


grande regularidade em função das doses crescentes de P 20 5 e ~O".

Outro pesquisador que estudou a influência dos colóides húmicos


sobre a absorção de nutrientes pela planta foi Blanchet (4); cultivando
trigo durante 40 dias em solução nutritiva extremamente diluída, de ma-
neira a provocar deficiências nutritivas, Blanchet adicionou húmus, na
forma de humato de amônio nas proporções de 0,0; 2,0 e 5,0mg por litro.
Constatou que a "absorção dos nutrientes minerais foi consideravelmen-
te acelerada adicionando-se à solução nutritiva uma pequena quantida-
de de húmus; essa ação é particularmente acentuada para os elementos
N, P, S e K". O húmus na concentração de 2mg por litro exerceu a maior
ação estimuladora sobre a absorção do potássio, sendo a dose ótima
para o fósforo um pouco menor.
42 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
Comenta ainda o autor: uos colóides húmicos aceleram a adsorção
dos ions minerais nos colóides radiculares, aumentando a velocidade de
absorção. Isto explica o fenômeno de desplasmólise, provocado pela
penetração de ions no interior das células, que é acelerado pela presen-
ça de húmus". Os experimentos mostram o inegável efeito da matéria
orgânica sobre a absorção dos nutrientes pelas plantas, comprovando o
chamado efeito potencializador do húmus nela contido.
O FÓSFORO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 43

6. O FÓSFORO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL

Sabe-se que de cada 100kg de fósforo solúvel de fertilizante mine-


ral aplicado corno adubo, no primeiro ano de cultura , ape-
r-::=-=:::::-i nas cerca de 25% (uma quarta parte) são aproveitados pe-
las plantas; em situações desfavoráveis o aproveitamento
chega a ser de apenas 5kg a 1dkg dos 100kg de fertilizante
fosfatado aplicado. Aplicam-se, portanto, quatro vezes mais
1.::=::::::::::...i fósforo do que a planta vai absorver, pelo fato de ocorrer no
solo a reação de fixação, pela qual o nutriente fósforo solú-
vel reage com alumínio, ferro e manganês do solo, formando fosfatos de
alumínio, de ferro e de manganês, insolúveis; a fixação ou insolubilização
do fósforo diminui grandemente a disponibilidade do nutriente para as
raízes. É por essa razão que as fórmulas de fertilizantes minerais costu-
mam conter maiores proporções de fósforo que de nitrogênio ou de po-
tássio; há fórmulas em que a sorna dos teores de nitrogênio e de potás-
sio é menor que a quantidade de fósforo. Curiosamente, as análises das
plantas maduras mostram que as quantidades de nutrientes encontra-
dos estão na seguinte proporção decrescente: nitrogênio, potássio,
magnésio, cálcio, enxofre, vindo em sexto lugar o fósforo, aquele geral-
mente aplicado no solo em maior quantidade.

Antigamente, as adubações fosfatadas eram feitas aplicando-se o


adubo no fundo do sulco de plantio, sendo em seguida espalhado com a
intenção de fazer com que o nutriente se distribuísse por um maior volu-
me de terra, ficando "mais disponível às ralzes". Este procedimento fazia
com que houvesse maior contato do fósforo solúvel com os óxidos,
hidróxidos e sesquióxidos de alumínio, ferro e manganês do solo, com os
quais reagia mais facilmente e se insolubilizava. Presentemente, procu-
ra-se concentrar o fertilizante em uma faixa restrita , ao lado e logo abaixo
da semente, procurando reduzir a área de contato do adubo com a terra,
evitando a fixação do fósforo. O emprego de fertilizantes granulados tam-
bém contribue para evitar o contato exagerado e imediato dos fosfatos
solúveis com os referidos óxidos (15).

Outra maneira de proteger os fertilizantes fosfatados da fixação é


misturá-los com fertilizantes orgânicos que, quando finamente pulveriza-
44 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

do, envolve suas partículas ou grânulos protegendo-os da fixação, que


no solo se dá segundo a reação:

OH
A I / OH
""-......_OH

6.1. Experimentos com o fósforo. Para estudar o efeito da mistu-


ra de composto de lixo urbano com fontes de fósforo mineral empregan-
do o feijoeiro como planta indicadora, Peixoto e outros (43) 2 , instalaram
um experimento misturando inicialmente o lixo tratado em usina, com
fontes de fósforo, em leiras, no campo, durante 91 dias. Em casa-de-
vegetação, o experimento teve três níveis de pH em água (4,8; 5,3 e 6,1)
sendo os vasos inoculados com Rhizobium phaseoli; como fonte de fós-
foro foram empregados superfosfato triplo (ST), fosfato natural de Araxá
(FAN) e de Patos de Minas (FNP) e fosfato de Araxá mais sulfato de
amônia (FNA + N). O experimento demonstrou (Figura 6.1) que no pH
4.8, superfosfato triplo aplicado ao lixo a ser compostado aumentou a
absorção de fósforo pelo feijoeiro em relação ao superfosfato triplo apli-
cado no plantio com ou sem composto e aos demais tratamentos.

A figura 6.1 mostra que houve aumento significativo de absorção


de fósforo pelo feijoeiro quando se aplicou lixo que recebeu supertosfato
triplo antes de ser compostado e lixo que só depois de curado recebeu o
supertosfato triplo; não houve diferença em relação ao supertosfato tri-
plo sem composto.

1
Ricardo Trippia dos G. Peixoto, engenheiro agrõnomo, M.Sc., IAPAR, PR, Avilio A. Franco, engenhelfO
agrônomo, Ph.D. e Dejair Lopes de Almeida, engenheiro Agrônomo, M Se., ambos da EMBRAPA
O FÓSFORO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 45

: =~ }
• _ p-
~ _ FNA•N
"OHTWS
DE
PÕSP01'0

-
--- -
- ADU90 """º }
AD!-.0 + c:::ioa.el"OS'To
""oca.SS>.Ma~o
DOS
- - Ao.leOClOMP'OIITAOO · ADUBOS
10 O - OCI I UCIO} 'T...-T.MUNHAS
• -so..o

-- -- -- -- -- -- ----
'

II
o
....
o---+--r-------T""""-------------- •.1
_..SOLO

Figura 6.1. Efeito do composto de lixo, de fontes de fósforo e do pH do


solo na produção de matéria seca do feijoeiro (raiz + parte
aérea + nódulos), (43).

As figuras 6.2 e 6.3 igualmente mostram o efeito da combinação


composta de lixo mais superfosfato e lixo compostado com superfosfato,
em número e no peso de nódulos de feijoeiro, onde igualmente os dois
tratamentos anteriormente citados como melhores foram os que mais se
destacaram segundo o teste de Tukey.
46 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

... -
• -
'"'"
'"'"
- ,N,..•N
O-
ST fONTl S
oe
} ,os,ono

- ····- - AOUIIO ,uno }"nOCUSAMlNTO


--- - ACUDO• COM,.OSTO DOS
-- - ADUDO COMf'OST ADO ADUDOS
O - COM,.OSTO } TU.fl!MUNHAS
0 - SOLO

,,, ,,,
~

,, /

:soo , ~
#, .. --

.•
,,,··
..,. .,•

. ,•

........··
~~-~--=--~-~---i:
IJ·· ~~
-~~- --
~t:-~.:?~-~-~-;?-:-::--~ ~-~-.---· .. -
·--· ·- ------~-
o-h-----+==:::::::::::::===!==---------..-
0 . s.:s
4-•
.+iSOLO

Figura 6.2. Efeito do composto de lixo, de fontes de fósforo e do pH do


solo no número de nódulos do feijoeiro (43).

São palavras dos autores: "no tratamento com superfosfato triplo


houve um efeito pronunciado, que foi maximizado com a adição de com-
posto; a adição de superfosfato com composto teve um aumento no índi-
ce de eficiência agronômica (IEA)", como mostra a tabela 6.1.
O FÓSFORO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 47

•······· - AOV•o ,uno } ,,.oc,~uno


- - -• - ADU•o • C0"4POSTO DOI
-- - ADUIIO COM,.OSTAOO ADUIIOI

0 - COM,.OSTO } Tt:ITIMUNHAS
e- SOlO

leT.e
__ ....
-

!.,,
o.J
::,
o
o 12~
:z:
.,. .,..
o
o
o
-...
.,, ~~~--------------------

----------------
•---- --- --- ---- ____., ____ ---------- --
o..J.....-+~~========~~------------
• a.> ,
"'"SOLO
..

Figura 6.3. Efeito do composto de lixo, de fontes de fósforo e do pH do


solo no peso dos nódulos do feijoeiro (43).

A maior eficiência agronômica do superfosfato com o composto


(tabela 6.1) e, principalmente os dados de fósforo total da planta no pH
4.8 (onde a presença do composto que no início da compostagem rece-
beu o superfosfato) apresentou valores mais altos (figura 6.1), indicando
que o composto deu certa proteção contra propriedades adsortivas dos
colóides do solo ou insolubilização temporária do fósforo, aumentando a
disponibilidade deste nutriente para a planta.
48 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Tabela 6.1. Avaliação da eficiência das fontes de fósforo através dos


índices de eficiência agronômica (IEA), no cultivo de feijão
(médias obtidas dos três índices de pH), (43).

Tratamento lndice de eficiência agronômica

Composto 36

a 13
Fosfato natural de Patos b 39
e 40

a 26
Fosfato natural de Araxá b 50
e 45

a 100
Superfosfato triplo b 142
e 157

Hedley e outros, citados pelos autores, observaram que a adição


de matéria orgânica (fertilizante orgânico) com fertilizante fosfatado em
um solo pobre em fósforo, proporcionou um aumento no teor de fósforo
orgânico, o qual funcionou como reserva desse nutriente para as plan-
tas.

Outra comprovação do melhor aproveitamento do fósforo quando


associado à matéria orgânica está no experimento de campo realizado
por Santos 3 , Stamford ◄ e Santos" (53), usando um "solo Pdozol
Hidromórfico", textura arenosa, com a finalidade de avaliar o efeito do
composto de lixo domiciliar, da suplementação fosfatada e da inoculação
na fixação de nitrogênio por bactérias e na produção de caupi. Os níveis
de composto foram O; 5; 1O e 15Uha e a suplementação fosfatada O; 1O;
20 e 30kg/ha de P10 5 , tendo-se utilizado delineamento de parcelas sub-
divididas, com 4 repetições em fatorial 2x4x4. Para efeito comparativo o
experimento contou, ainda, com um tratamento com adubação mineral
NPK com formulação 10-10-1 O. A tabela 6.2 apresenta os resultados
obtidos no xperlmento.

' E íl SANTO · , Mostr om l\gronomlil (parta da tese).


4
N.I'. :nAMFOHD, f>roíut-!101 Trlulur, UFRf"E, PE o O.R. SANTOS, Pesquisador, UFRPE. PE
o
"TI
o(/)
"TI
Tabela 6.2. Efeito do composto (C), da suplementação fosfatada (P) e da inoculação (1) na nodulação e o::u
atividade da nitrogenase do caupi em experimento de campo (53) .
1
o
z
o
"TI
m
_.
::u
r
~
Numero de nódulos Peso de nódulos Atividade da nitrogenase z_.
Suplemenlação Composto. t/ha Composto, l/ha Composto, t/ha
m
rosralada o 5 10 15 o 5 10 15 o 5 10 15
o
nR ( ✓ x)(/cova) mg/cova · - - - JIC2H.lh/g nódulos--· ;o
Não Inoculado G)
)>
o 6,56 7,00 7,21 7,35 212 300 330 354 12 18 19 27 z
10 7.35 6,71 8,25 8,54 230 265 386 393 13 13 20 21 o
20 7,62 7,13 8,25 8,94 315 213 310 427 9 18 13 30 ~
30 7.35 7.75 8,90 9,20 273 473 433 477 12 10 16 42 z
Inoculado
m
::o
o 12,€6 13,00 14,73 15,81 622 801 1239 1522 45 99 152 141 )>
r
10 12,06 13,00 14,49 15,39 005 891 1027 1773 56 97 122 123
20 13,42 13,42 16,73 19,19 547 725 1600 2031 64 135 99 111
3) 13,04 13,78 14,39 17,46 638 836 1683 2884 77 152 00 96
CV( I) % 5,56 6,66 15,68
CV (e)% 4,01 12,00 31 ,35
CV (P) % 4.40 14,02 34,49
OMS (lxCxP), 1.13 338,10 64,00
Tul<ey 1%

~
(D
.--- - -

50 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

As conclusões. em palavras dos próprios autores. foram as seguin-


tes:

"a - Houve efeito sinérgico da adição do composto do lixo urbano


com a suplementação fosfatada. para os níveis utilizados.

b - O efeito mais expressivo dos tratamentos avaliados foi o do


inoculante.

c - Os incrementas em função da adição dos 1osfatos estudados


foram equivalentes aos obtidos com a adubação mineral NPK, no solo
usadon.

Os efeitos benéficos da mistura de matéria orgânica com fertilizan-


tes minerais, originando novas combinações químicas e transformações
microbiológicas, podem ser mais uma vez comprovadas com o experi-
mento de Singh e Yadav (50). Esses autores provocaram a decomposi-
ção da palha de arroz com e sem fosfato de rocha; ao final, a palha
decomposta manteve todas as formas de nitrogênio devido à formação
de fosfo-proteína; a liberação de fósforo solúvel da rocha fosfatada deve
ser devido à presença de ácidos orgânicos da matéria orgânica
humidificada. segundo os autores.

A expressão potencialização de nutrientes NPK pela matéria or-


gânica é exatamente o fenômeno observado pelos autores dos experi-
mentos anteriormente citados.
DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO ORGANOMINERAL 51

,
7. DISPONIBILIDADE DE FOSFORO NO ORGANOMINERAL

Não mais se duvida da propriedade da matéria orgâ-


nica em aumentar a disponibilidade do fósforo, dos fertili-
zantes fosfatados, solúvel às raízes das plantas. Todavia,
é sempre oportuno relatar experimentos cujas conclusões
vêm reafirmar esse benéfico efeito da matéria orgânica
humidificada. Mazur e outros (36) estudaram o efeito da
matéria orgânica na disponibilidade do fósforo do
superfosfato triplo, empregando doses de 150kg desse fertilizante asso-
ciadas ao composto de lixo domiciliar na dose de 30Uha, na presença ou
ausência de calcário , de fósforo (fosfato de rocha) e de nitrogênio. O
experimento foi montado em vasos utilizando o milho como planta
indicadora e o solo, um Latossolo Amarelo.

Com relação ao fósforo assimilável, os autores resumem seus re-


sultados, aqui representados na figura 7.1, concluindo que a ação da
matéria orgânica na maioria dos tratamentos foi positiva, indicando que
fenômenos de redução, de fixação de fósforo e/ou mineralização da ma-
téria orgânica poderiam ter ocasionado maiores níveis de fósforo
assimilável no solo. Verificou-se, dizem os autores, uma elevação de 57°/o
no teor de fósforo assimilável devido à associação da matéria orgânica
do composto com o superfosfato triplo. Nas terras que não receberam
organomineral, só superfosfato, o valor médio de fósforo assimilável foi
de 21 ppm (partes por milhão), enquanto nas terras com organomineral
(composto mais superfosfato) esse valor alcançou 32ppm. Houve, por-
tanto, um aumento dos níveis de fósforo assimilável graças à associação
de matéria orgânica e superfosfato triplo, como mostra a figura 7.1.; ain-
da como tratamento entrou o fosfato de rocha, que não aparece indicado
na figura.

Na figura 7 .1 são mostrados os resultados para fósforo assimilável


observando-se que a mistura do composto com superfosfato
(organomineral) foi positiva, indicando que a menor fixação de fósforo e/
ou a mineralização da matéria orgânica (liberando fósforo assimilável)
poderiam ter - segundo os autores - ocasionando a liberação de maio-
res níveis de nutriente assimilável. Pela figura 7 .1 vê-se que as terras
que receberam matéria orgânica liberaram cerca do dobro de fósforo em
52 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

relação às terras não tratadas com esse fertilizante orgânico; o aumento


de fósforo disponível às raízes devido a associação supeiiosfato triplo e
matéria orgânica foi de 57% segundo os autores do trabalho.

18,0 COM MATlRIA


ORoAt,IICA

SEMMATlRIA
ORCANICA.

S\Jf"E,.
TRIPLO TRIP'l.O


SEM NITROG~NIO SEM NITROG~NIO
SEM CALCÁRIO 2.S tlha D~ CALCÁRIO

li 80 '9'he OE
SEM CALCÁRIO
NITROG~NIO 80 kg/he DE NITROG~IO
2,15 tJha OE CALCÁRIO

Figura 7.1. Efeito da matéria orgânica na disponibilidade do fósforo do


superfosfato triplo associado ou não ao nitrogênio e ao
calcário.

Está se tornando comum a expressão "potencialização dos nutri-


11
entes NPK pela matéria orgânica O experimento anteriormente relata-

do confirma a veracidade desse conceito para o caso do fósforo.

Numerosos pesquisadores têm relatado que o húmus extraido do


solo tem aumentado a solubilidade do fósforo aplicado como fertilizante
mineral. Tisdale & Nelson (62) dão as seguintes explicações para esse
aumento de solubilidade:

a) formação de complexos fosfoúmicos, os quais são mais facil-


mente assimiláveis pelas plantas;
DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO ORGANOMINERAL 53

b) troca aniônica do fosfato pelo íon humato (por exemplo, fosfato


de cálcio passa a humato de cálcio, liberando o ion fósforo para
as raízes das plantas);
e) revestimentos das partículas de sesquióxido pelo húmus, for-
mando uma cobertura protetiva, a qual reduz a capacidade do
solo em fixar fosfato.

Esses mesmos autores comentam que pesquisadores da Estação


Experimental de Massachusetts demonstraram que certos ânions orgâ-
nicos originados pela decomposição da matéria orgânica podem formar
complexos com ferro e alumínio, evitando, assim, a reação com o fósfo-
ro. Verificaram também que os íons fixadores liberavam fósforo posteri-
ormente, pelo mesmo mecanismo, e que os ânions mais efetivos em subs-
tituir os fosfatos eram os citratos, oxalatos, tartaratos e maiatos. Segun-
do Cooke (11 ), pode-se acrescentar a essa lista outros ácidos orgânicos
capazes de aumentar a disponibilidade dos fosfatos.

A fixação biológica de fosfatos, diz Ribeiro (47), é benéfica, pois o


fósforo fixado biologicamente (mais tecnicamente, fósforo imobilizado,
ou seja, que passou da forma mineral para a orgânica) será liberado com
a morte dos microrganismos que os incorporaram; esta liberação é lenta
e se constitui em um valioso princípio para a nutrição vegetal, pois se ela
fosse rápida, poderia haver fixação química. ficando o fósforo em forma
muito menos disponível para as plantas. Experimento em vasos realiza-
do por esse autor empregando os tratamentos: torta de filtro sem trata-
mento e torta misturada com apatita do Araxá mais superfosfato simples
e só superfosfato simples tendo como planta indicadora o painço e em
dois solos, Latossolo Roxo e Podzólico Vermelho Amarelo variação Laras,
mostrou que as misturas de torta com fertilizantes fosfatados superaram
as formas minerais empregadas isoladamente. A matéria orgânica
humidificada, quando associada a fertilizantes fosfatados solúveis, man-
tém esse nutriente nos solos de climas tropicais úmidos em estado
assimilável, disponível às plantas, registra esse autor.
54 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Em 1974, muito antes da legislação brasileira criar a categoria de


fertilizante organomineral, Setzer (54) já afirmava que se podia reduzir
as quantidades de fertilizantes fosfatados solúveis a um terço ou mesmo
a um quarto das doses habituais, simplesmente misturando-os, antes da
aplicação, com um fertilizante orgânico de boa qualidade como um ester-
co seco e passado em peneira. A matéria orgânica, dizia Setzer, mantém
assimilável o uadubo fosfórico" até seu consumo total, pois o fósforo não
sofre lixiviação no solo; desprotegido por matéria orgânica, o fósforo dos
adubos é insolubilizado rapidamente pelos sesquióxidos de ferro e alu-
mínio livres.

EI-Baruni & Olsen (14) observaram que misturando previamente


esterco com superfosfato simples e aplicando em dois diferentes solos, a
disponibilidade de fósforo para as raízes era maior do que quando os
fertilizantes orgânico e mineral eram usados separadamente.

A figura 7.2 mostra o efeito da aplicação de doses de O, 10, 20, 40


e 60ppm de superfosfato simples e de O, 11, 22 e 44 toneladas por hec-
tare de esterco aplicados misturados ou separadamente. Inegavelmen-
te, quando misturado previamente fertilizante orgânico com o superfosfato,
a solubilidade de fósforo disponível às raízes aumenta, como demonstra-
do por esses dois autores.
------- -- - - - -

DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO ORGANOMINERAL 55

09

ij":M·W~l Superfosfato + esterco misturados


1 1Idem, separadarrente

-o 0.6

"~
ti)
0.5
'O
p:.
~ 0.4

ti)
~ 03
~
z
O 02 •
,e

0.1

oo.n> OQ.22) <~ti-O <20.1u <2Q22> !20,44> «<>.1u <~..w '4:>.44> cro,1u l:i0.22> 160.44>
DOSES DE FERTILIZANTES EMPREGADAS

Figura 7 .2. Efeito do superfosfato de cálcio simples e do esterco animal


empregados separadamente ou previamente misturados no
teor de fósforo disponível do solo (14).
56 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

8. O POTÁSSIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL

8.1. O potássio e a CTC do fertilizante organomineral. O apro-


,___ _ _ _ veitamento do potássio solúvel, pelas raízes , está intima-
mente ligado com a capacidade de troca de cátions - CTC
do solo; a CTC do solo, por sua vez, depende dos seus
colóides minerais e orgânicos. A CTC dos solos brasilei-
.~ ros varia de 3 a 15 miliequivalentes (meq ou me) por 100g
3

____,. =.·--~~==~-
., ....~· ou 100cm de solo; tome-se como média 10me/ 100g (ou
3
10me/1 00m ). Um hectare de terra a 20cm de profundida-
de pesa de 2.000 a 3.000 toneladas; tome-se como média
2.500Uha.

Então tem-se que:

100g de solo possuem 10me e 2.50ot = 250Keq(quilo-equivalentes)


• ♦

250Keq vezes 39 (equivalentes grama do K) = 9.750kg de K .

Pelo cálculo acima, um solo com CTC média de 1 0me/1 00g é ca-
paz de reter por adsorção 9.750 quilogramas de potássio por hectare. Se
o solo tiver apenas 5me/1 00g, o que é comum, reterá a metade, 4.875kg
de potássio.

Veja-se agora a importância desse fato na cultura da soja, por exem-


plo. As raízes da soja exploram uma faixa de terra de 0,30m de largura;
plantada no espaçamento de 0,60m, as raízes teoricamente , exploram
cerca de 50% da área.

Assim, tem -se que:

50% de 9.750kg de K = 4.875kg de potássio por hectare.


50% de 4 .875kg de K = 2.473kg de potássio por hectare.

A atual recomendação dos técnicos é de não se aplicar o nutriente


potássio (K2 0) em quantidade superior a 3% da CTC do solo.
O POTÁSSIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 57
Tem-se então que:

3% de 4.875kg de K• = 246kg de K2 O/ha;


3% de 2.437kg de K• = 73kg de K2O/ha.

Suponha-se um fertilizante organomineral preparado utilizando a


turfa como matéria-prima orgânica. Como se sabe, a legislação obriga
que se empregue no mínimo 500kg de matéria-prima orgânica por tone-
lada de produto comercial acabado; as indústrias usam no geral até 750kg
por tonelada de fertilizante orgânico. A capacidade de troca de cátions
da turfa varia de 80 a 120me/1 00g; tome-se como média 100me/1 00g de
turfa.

Tem-se então:

500kg de turfa correspondem a 500.000me ou 500eq ;


500eq vezes 39eq do K • = 19,5kg de K.. = 23,5 de K2O.

Portanto, 500kg de turfa empregadas no preparo de uma tonelada


de fertilizante organomineral podem reter, já na própria mistura, 23,5kg
de K20, enquanto 750kg de turfa reteriam 35,2kg de K 20.

O cálculo mostra que no caso do exemplo dado para a soja, o solo


não deveria receber mais de 73 a 146kg de K20 por hectare; mostra,
ainda, que os 500 ou 700kg de turfa empregados no preparo do fertili-
zante organomineral podem adsorver, evitando a lavagem do potássio
no solo, de 23,5 a 35kg de K 2 0, já na própria mistura feira na fábrica ou
seja, respectivamente, 24 a 32% da quantidade máxima que o solo deve
receber.

Fazendo-se os mesmos cálculos com a matéria-prima linhito (ou


linhita), empregada no preparo do organomineral, tem-se:

CTC do linhito: 180 a 220me/'I 00g , média de 200me/100g;


58 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

500g de linhito correspondem a 1.000.000me = 1.000eq;

1.000eq vezes 39 (equivalente grama do K·) = 39kg de K·

39kg de K· = 47kg de K2O que podem ser retidos por adsorção pelo
fertilizante organomineral.
Tome-se, como exemplo, a adubação da soja segundo as URECO-
MENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA OS ESTADOS DO
RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA" (50), tabela 8.1

Tabela 8.1. Recomendações para cultura da soja para o Rio Grande do


Sul e Santa Catarina (50).

Teor de K· Adubação Potássica - 1º Cultivo Potássio adsorvido


no solo Aplicar kg/ha de ~O da dose aplicada

Baixo 70 67%
Médio 60 78%
Suficiente 50 94%
Alto :540 117%

Pela tabela 8.1 vê-se que os 47 kg de K 20 que o linhito pode


adsorver corresponde a 94 % da dose de 50kg de potássio recomendada
para ser aplicada no primeiro cultivo e indicada para um teor considerado
suficiente no solo.

8.2. Experimento com potássio. Medcalf e outros (37) trabalhan-


do com composto preparado com esterco de curral, estudaram a influên-
cia desse fertilizante orgânico, do cloreto de potássio e da associação de
ambos, formando um organomineral potássico, sobre o teor de potássio
nas folhas de cafeeiro e na produção de café. Os resultados obtidos
estão na tabela 8.2.
O POTASSIO NO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL 59
Tabela 8.2. Relação entre níveis de potássio nas folhas e produção de
café após a aplicação de cloreto de potássio (KCI) associa-
do ou não ao composto (37).

Tratamento K' nas folhas Safra de 1954 Aumen1os


folhas kg/parcela em%

Testemunha 1,0 2.226 (100%)


KCI 1,8 13.697 615
Composto 2,0 15.903 714
KCI + composto (organomineral) 2,3 18.044 810

Na figura 8.1 estão representados graficamente os resultados dos


experimentos com cafeeiro.

Niveis de K+ em folhas Produção de grãos


de cafeeiro em% em kg/parcela
O O, 5 1, O
. 1, 5 4 O 4 5 O 5 10 15 20
'
. .
1 TESTEMUNHA TESTEMUNHA

KCl 1
KCl

COMPOSTO 1 COMPO~TO r
t-----

KCl + COMPOSTO 1
KCl + COMPOSTO

Figura 8.1. Níveis de potássio em folhas de cafeeiro e produção de grãos


pela aplicação de cloreto de potássio (KCI), de composto e
de ambos, como organomineral.
60 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

9. MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS E
MICRONUTRIENTES NO ORGANOMINERAL

9.1. Macronutrientes secundários. uA pretensão humana de


reformular a natureza tem receita simples: N + P + K
- nitrogênio, fósforo e potássio - em combinações
diferentes de acordo com o que se presumiam ser a
necessidade de cada cultura. O resultado dessa pre-
tensão também foi bem simples: um udesastreº, diz o
Globo Rural 5 • Ainda na mesma revista: use continu-
armos a aplicar apenas nitrogênio, fósforo e potássio
em nossos solos vamos sofrer um prejuízo incalculá-
vel - afirma o pesquisador Euripedes Malavolta, da
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queirozº
(ESALQ), de Piracicaba, SP. Malavolta tem razões para fazer uma adver-
tência tão grave. Ele e sua equipe estudaram os resultados de 40.000
amostras de solo feitas em São Paulo, Minas Gerais e Paraná e conclu-
íram que os solos brasileiros precisam de muito mais enxofre, cálcio,
magnésio e cobre, por exemplo, do que tem recebido, porque estão mui-
to desequilibrados e a própria ciência agronômica apenas intúi as corre-
lações entre os mais de oitenta sais minerais existentes no soloº.

Realmente, os produtores de fertilizantes e os agricultores não tem


dado a devida importância que os nutrientes cálcio, magnésio e enxofre
desempenham na nutrição vegetal e, consequentemente, na produção
agrícola.

Desses três macronutrientes, o caso mais grave é o do enxofre. O


Brasil não possui jazidas desse elemento químico, daí milhões de dóla-
res serem gastos na importação de enxofre. Com esse uenxofre-dólar"
importado fabrica-se o ácido sulfidrico (H SO ) e com ele se ataca a apatita,
rocha fosfatada que contém fosfato tri~álc~o, solúvel somente em áci-
dos concentrados; como resultado dessa reação obtém-se o superfosfato
simples ( 18% de P20 5), fertilizante composto de fosfato monocálcio, so-
lúvel em água, e sulfato de cálcio (gesso).
1
GLOBO RURAL, páginas 22-28, julho de 1987
MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS E MICRONUTRIENTES... 61

Tratando a mesma quantidade de apatita com cerca do dobro da


quantidade de ácido sulfúrico empregado para fabricar o superfosfato
simples, obtém-se o ácido ortofosfórico (H 3 PO 4 ), líquido xaposo, mais
gesso, que é separado por processamento especial e fica inutilmente
estocado no pátio das fábricas; para cada tonelada de P 2 0 5 produzida
na forma de ácido fosfórico, 4,5 toneladas de "gesso-dólar" são geradas,
sendo seu acúmulo um verdadeiro transtorno para as _indústrias. Com o
ácido fosfórico (sem "gesso-dólar"), ataca-se nova porção de apatita e
obtém-se o superfosfato triplo (42% de P 20J.

Fazendo-se o ácido fosfórico reagir com a amônia (NHJ , obtém-se


o fosfato monoamônico (MAP) ou o fosfato diamônico (DAP), fertilizan-
tes concentrados, para cuja produção emprega-se o ácido sulfúrico con-
tendo o "enxofre-dólar", mas que não apresentam enxofre em suas com-
posições.

O Brasil tem déficit de dólares e está gastando essa moeda na


importação de enxofre para produzir superfosfato triplo, MAP e DAP, fer-
tilizantes que não levam esse valioso nutriente. Enquanto no superfosfato
simples o enxofre na forma de "gesso-dólar'' está obrigatoriamente inte-
grado, nos demais inexiste. Com a desculpa de reduzir o frete do fertili-
zante e a mão-de-obra da aplicação, a indústria continua produzindo esses
insumos concentrados. Acontece que o agricultor, adquirindo superfosfato
triplo, MAP, DAP ou fórmulas que os contenham, está pagando o preço
gasto na compra do "enxofre-dólar' sem recebê-lo; está pagando por
uma tecnologia sofisticada para serem produzidos fertilizantes mais con-
centrados que não contém nenhuma forma diferente de fosfato assimilável
pelas raízes das plantas; explicando melhor, o superfosfato simples, o
t_riplo, o MAP e o DAP, fornecem à planta os mesmos radicais H 2 PO 4 ; a
unica diferença é o super triplo não conter gesso, dai ser mais concentra-
do, e o MAP e DAP terem, além do fósforo , 9 e 16%, respectivamente, de
nitrogênio; essas quantidades são menores que as da uréia, que contém
45% de nitrogênio.

Voltando ao artigo da revista Globo Rural: "É claro que o NPK


concentrado representa uma enorme economia durante o transporte -
reconhece o professor Euripedes Malavolta. O problema é que só agora
se conhecem, também, os prejulzos que essa "economia" poderá causar
no futuro, e os que já foram causados, tornando os solos exaustos,
desestruturados e incapazes de reagir como antes ao próprio adubo con-

--------------------------------
62 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

centrado. Na qualidade biológica dos vegetais produzidos por esses so-


los desequilibrados, então nem se fala. E não é por falta de aviso: as
experiências do francês Chaboussou comparando a qualidade dos
aminoácidos (proteínas) dos vegetais produzidos apenas com NPK com
os de plantas tratadas com manejo orgânico, constataram diferenças gri-
tantes em favor do segu~do grupo. A explicação para isso é a capacida-
de dos solos ricos em húmus e matéria orgânica de manter uma dosa-
gem hannoniosa dos minerais contidos em sua solução".

Diz ainda a revista: "Se a harmonia entre os nutrientes é mais im-


portante que sua quantidade, é fácil deduzir-se que eI ,1 panturrar um solo
com apenas três elementos minerais é a melhor forma de desequilibrá-lo
e empobrecê-lo. Também é fácil concluir que nossa indústria de adubos
está no caminho errado, utilizando um trabalhoso processo para promo-
ver a transformação de um bom fertilizante em maus concentrados. Essa
idéia é reforçada pela esmagadora maioria de pesquisadores mais avan-
çados da agronomia brasileira".

Para economizar o enxofre-dólar tem-se procurado produzir o fosfato


natural parcialmente acidulado, em cuja fabricação se emprega menos
ácido sulfúrico no ataque à rocha fosfatada; com esse tratamento forma-
se, além do gesso, o fosfato monocálcico, solúvel em água, o fosfato
dicálcico, cujo teor em fósforo é por lei determinado em citrato de amônio
mais água, formas nutrientes perfeitamente assimiláveis pelas raízes .

Em conclusão: os fertilizantes concentrados , como regra geral, não


contêm nutrientes secundários; as fórmulas comerciais concentradas,
consequentemente, também não os têm. A legislação permite que o pro-
dutor indique na etiqueta da sacaria, além dos teores de macronutrientes
primários, NPK, os conteúdos de macronutrientes secundários, Ca, Mg e
S, dos quais nossos solos são muito carentes.

A legislação brasileira tem uma exigência mínima para as quanti-


dades de macronutrientes secundários associados aos macronutrientes
primários que é a seguinte: garantias minimas expressas em porcenta-
gem ou partes por milhão (42) .

Cálcio (Ca) ............ 0,0100% (cem décimos) ou 100ppm


Magnésio (Mg) ...... 0,0100% (cem décimos) ou 100ppm
Enxofre (S) .... .. .. ... 0,0100% (cem décimos) ou 1000ppm
MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS E MICRONUTRIENTES... 63

Concitamos a todos os produtores de fertilizantes organominerais


que empreguem na formulação de seus produtos o superfosfato sim-
ples, ou outros fertilizantes contendo cálcio, magnésio e enxofre, como
os relacionados na tabela 9.1 e não deixem de indicá-los nas etiquetas
apostas nas sacarias.

Tabela 9.1. Fertilizantes minerais contendo macronutrientes primários e


portadores de macronutrientes secundários (garantias mí-
nimas exigidas pela legislação brasileira) (42).

Fertirczante Mineral Macronutnentes Macronutrientes Secundários


Primários e Micronutrientes CI

Nrtrato de amônio e cálcio 20%deN 2a 8%deCa


1 a5% deMg

Nrtrosulfocãlcio 25%deN 3a5%deS


3a 5% de Ca

Sulfato de amônlo 20%deN 22a24%deS

Cloreto de amônlo 25%deN 62a66% deCI

Sulfonitrato de amônlo 25%deN 13a15%deS

Cianamida de cálcio 18%deN 28 a38% deCa

Sulfonltrato de amónio e magnésio 19%de N 12a 14% deS


3,5%deMg

Fo5 fossulfato de amônio 13%de N 14a 15% deS


20%de P~O~

Superfosfato simples amonlado 1%deN 15 a 19% deCa


14%de P:O!>

Super triplo amõnlo


38%de PP~

sumJnoO
64 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Fertilizante Mineral Macronutrientes Macronutnentes Secundários


Primários e Micronutrientes CI

Nitrofosfato 14% de N 8a 10% deCa


18% de P 2 0 ~

Escórias de Thomas 12% de P 20 ~ 20 a29% de Ca


0,4a3% deMg

Hiperfosfato, pó 30% de P:01 30 a-1% dcCa

Hiperfosfato, granulado 28% de P l Os 30 a34% deCa

Superfostato simples 18% de P .O~ 18a20% deCa


10a12% deS

Superfosfato duplo 28% de P, Os 18 a20%deCa


6 a 8% de S

Superfosfato triplo 41 %de P _O~ 12a14%deCa

Fosfato natural parcialmente 20%de P .~O., 25 a27% deCa


acidulado 0a6% deCa
0a2%deMg

Termofosfato magnesiano 17%deP: O~


7%de Mg 12 a 14% deCa

Fosfato dlcâlclco 38% dePp~ 12 a 14c:,;., deCa

Tenno-fosfato 16% de P .O, 12a15% deS


' ,
3 a 5% de S
1 a 2% deMg

Cloreto de potássio 58% de K 10 45 a 28% de CI

Sulfnto de pol ssio 48% deK..O 15u17 , deS


Oa 1,2%deMg

Sulf~ lo lia potê'lsslo o mognóslo 18% de K .O 22 a 24° ' de S


1a2 ~d CI

ulfJIO do m gn lo 9'" de Mg 12 s 1-t% deS


MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS E MICRONUTRIENTES .. 65

9.2. Micronutrientes. Os micronutrientes zinco . boro , cobre e


molibdénio são geralmente aplicados no solo junto a minerais ou
organominerais , na forma de sais solúveis. Notando-se deficiência des-
ses nutrientes na planta, pode-se recorrer com sucesso à adubação foliar;
os micronutrientes ferro e manganês na forma de sais solúveis não de-
vem ser aplicados diretamente no solo ou em mistura com fertilizantes
minerais por serem facilmente insulibilizados. Esse problema, no entan-
to, pode ser controlado misturando-se os sais solúveis de ferro e manganês
previamente com o fertilizante orgânico humificado usado no preparo do
organomineral; é que o fertilizante orgânico humificado contém quelados 6
que impedem a insolubilização. O quelado metálico , por exemplo o
quelado de ferro ou de manganês, são solúveis em água, mas o elemen-
to químico sequestrado não se ioniza nem se liberta para formar outros
compostos quando em presença de agentes precipitantes , como os
fosfatos e os hidróxidos. O aprisionamento ou quelação do cátion se dá
sem ocorrer reação entre o metal e o quelado. Os quelados são excelen-
tes fontes de micronutrientes metálicos para suprimento às culturas (60).
( 1).

Quanto aos micronutrientes, a legislação brasileira tem a seguinte


exigência: "nos produtos com micronutrientes, estes serão indicados na
sua forma elementar, com as garantias mínimas expressas em percenta-
gens ou partes por milhão como segue:

boro {B) . ...... . 0,0200 (duzentos décimos milésimos) ou 200ppm


cloro (CI) ...... O, 1000 (mil décimos milésimos) ou 100Oppm
cobalto (Co) ... 0,0005 {cinco décimos milésimos) ou Sppm
cobre (Cu) .... 0,0500 (quinhentos décimos milésimos) ou S00ppm
ferro (Fe) ..... . 0, 1000 (mil décimos milésimos) ou 1000ppm
manganês(Mn) 0,0200 (duzentos décimos milésimos) ou 200ppm
molibdênio(Mg) 0,0005 (cinco décimos milésimos) ou Sppm
zinco (Znm) 0,0500 (quinhentos décimos milésimos) ou S00ppm

O termo que lado vem do grego "cheia . cJo inglês "cheia, om português quola significa a garra ou pinça de
artrópodes como a aranha. da palavra que la velo o alljelrvo quolado (pinçado, sequestrado). a traduç.lo
do inglês "cheia te" por quelato é Incorrei a
66 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

As plantas que mais tem apresentado defici ências de


micronutrientes estão relacionadas a seguir (6):

Boro: algodão, café, ervilha, girassol , laranja, limão, mamão e


tangerina.

Zinco: arroz, banana, cacau , café, laranja, limão, mamão, man-


dioca, milho e tangerina.

Molibdato: brocolos, couve-flor, ervilha, feijão-vagem , quiabo


e repolho.

Tem sido constatado deficiência do nutriente secundário enxofre .


nas seguintes culturas: arroz, banana, ervilha, feijão, girassol, milho, sorgo-
granifero e trigo.
PREPARO DO ORGANOMINERAL 67

10. PREPARO DO ORGANOMINERAL

O preparo do fertilizante organomineral tem sido feito


quase que exclusivamente pelas indústrias. Todavia, a
mistura dos fertilizantes orgânicos com os minerais pode
ser feita pelo agricultor na sua propriedade agrícola de
dois modos: manualmente, da mesma maneira como os
pedreiros batem a mistura de cal e areia para preparar
argamassa; mecanicamente, se a propriedade dispuser
de uma betoneira ou outro tipo de misturador.

É importante que o fertilizante orgânico esteja finamente moído, o


que constitui uma dificuldade para o agricultor que não dispuser de moi-
nho; é importante também que a mistura seja bem feita, pois, do contrá-
rio, ao se fazer a adubação no campo, a distribuição será imperfeita.
Para se ter uma idéia da importância de se misturar bem os fertilizantes
empregados, cito o caso de uma pequena indústria de fertilizante
organomineral; testando sua instalação usando pequeno misturador, ve-
rificou-se que o produto obtido não apresentava boa homogeneidade; as
proporções juntadas eram corretas, no entanto, as proporções de N-P/K,
determinadas por análise de laboratório, não correspondiam à fórmula
desejada; assim, por exemplo, tinham ora, excesso de potássio e falta de
nitrogênio, ou vice-versa; isso acontecia devido ao pequeno tempo de
residência dos fertilizantes no misturador. Com a substituição desse equi-
pamento por outro mais longo, proporcionando maior tempo de residên-
cia, o defeito foi sanado. Anote-se que uma fórmula 6-6-6, por exemplo,
com concentração de 18% de NPK, se for mal misturada e a análise da
amostra colhida pelo fiscal do Ministério da Agricultura mostrar a propor-
ção, por exemplo, de 4-8-8, somando-se 20%, o produtor será multado;
mesmo a concentração total sendo 2% acima da garantia, a legislação
exige que cada nutriente tenha , no minimo, o teor indicado, com tolerân-
cia de 1% na soma de N+P+K; não tolera que um só nutriente tenha
menos de 1% da garantia oferecida pelo produtor.

O costume de certos agricultores de distribuir o fertilizante orgânico


no fundo do sulco e sobre ele o fertilizante mineral, não produz o mesmo
68 FERTILIZANTES ORGANOMINERAI S

efeito que faria um fertilizante organomineral preparado industrial~ente.


Como foi visto no Capítulo 7, as vantagens proporcionadas pela mistura
e pelas combinações químicas dos dois fertilizantes - orgânico e mineral
- só acontecem quando eles são bem incorporados um ao outro.

Preparo industrial do organomineral . Para o funcionamento de


uma fábrica a legislação exige primeiramente o registro do estabeleci-
mento, o chamado EP, que recebe um número; obtido o EP, providencia-
se o registro das fórmulas , apresentando com detalhes a relação dos
fertilizantes e proporções das matérias-primas empregadas nas suas com-
posições. A legislação exige que a fábrica tenha os seguintes equipa-
mentos, os quais serão vistoriados e aprovados pelo fiscal do Ministério
da Agricultura, para então a indústria passar a produzir (42) :

Instalações e equipamentos de produção

a) unidade de armazenamento da matéria-prima;


b) equipamento de movimento da matéria-prima;
c) unidade industrial com capacidade para obtenção do produto
dentro das garantias, especificações e normas técnicas ;
d) unidade embaladora;
e) unidade de armazenamento do produto acabado.

Matéria-prima orgânica. A indústria pode utilizar-se de uma ou


mais fontes de fertilizante orgânico de boa qualidade, finamente moldo e
rico em húmus. Na indústria , o fertilizante orgânico pode receber correções
qulmicas ou beneficiamento para melhorar a granulometria ou outra pro-
priedade física . O fertilizante orgânico rico em húmus já tem naturalmen-
te boas propriedades físico-químicas (capacidade de troca catiônica -
CTC, superfície especifica, etc.).

Há fábricas que no preparo do organomineral empregam o fertili-


zante orgânico na forma de pó, outras granulam esse adubo e juntam a
ele fertilizantes contendo N-P-K adquiridos na forma de grânulos (N e P)
ou de plaquetas (K); o produto comercial neste caso é denominado mis-
tura de grânulos; nesse produto pode-se distinguir a olho nú os fertilizan·
tes orgânicos, nitrogenados, fosfatados e potássicos empregados, quer
pelo aspecto, quer pela coloração .
PREPARO DO ORGANOMINERAL 69
Outras fábricas misturam todos os fertilizantes. orgânico e mine-
rais , na forma de pó e granulam essa massa , obtendo o fertilizante
organomineral denominado granulado; nesse produto comercial não é
possível distinguir a presença de cada um dos componentes emprega-
dos na sua fabricação.

Pesagem e mistura. Decidida a fórmula a ser preparada e, calcu-


lada a quantidade de cada componente orgânico e mineral, efetuam-se
as pesagens e a mistura; do misturador o produto é encaminhado para
um depósito ou silo estrategicamente localizado em posição elevada ,
para dele ser posteriormente descarregado por gravidade. O fertilizante
organomineral vendido na forma de pó vai diretamente para a ensacadeira:
o vendido na forma granulada, a mistura vai para o granulador.

Granulação. O aparelho granulador consta de um grande cilindro


disposto horizontalmente, possuindo movimento de rotação, recebendo
continuamente a mistura de fertilizantes ; nela aplica-se um jacto de água
atomizada, sob forte pressão , quente ou fria, ou ainda, em outros pro-
cessos, água na forma de vapor produzido por caldeira; pela rotação ,
pelo tombamento do material no granulador e pela adição de água
atomizada na quantidade correta, o fertilizante passa da forma de pó
para a granulada.

Secagem. O passo seguinte é a remoção da água aplicada, reali-


zada em secador cilíndrico rotativo; pela boca de entrada o adubo granu-
lado recebe calor produzido pela chama de um maçarico a óleo; um ven-
tilador instalado na saída do secador injeta uma contracorrente de ar frio,
favorecendo o resfriamento. O fertilizante organomineral granulado deve
ter cerca de 1O a 20% de umidade, para poder ser ensacado sem provo-
car embuchamento na ensacadeira . Existem outros modelos de
granuladores e secadores, sendo os aqui descritos os mais usuais nas
instalações em funcionamento no pais.

Resfriador. Do secador, o fertilizante ainda quente é encaminhado


para o resfriador, onde perderá o calor que ainda mantinha, para poder
ser embalado em sacaria de plástico. Do resfriador o organomineral vai
para o silo da ensacadeira .

Ensacadeira. O equipamento recebe o fertilizante do silo


alimentador da ensacadeira; empregam-se geralmente sacos valvulados
que dispensam costura, com capacidade para 50kg de fertilizante .
70 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Depósito. Da ensacade1ra, as sacarias são encaminhadas para o


depósito de produto acabado, pronto para ser comercializado; cada saco
de fertilizante deve ter obrigatoriamente no rótulo ou em uma etiqueta os
dados da fábrica e os parâmetros referentes ao tipo de organomineral
garantido pelo produtor.

10.1. Principais fontes de matéria-prima para


a fabricação de organomineral. As cerca de trinta fá-
bricas de organomineral instaladas no pais empregam
111111 li
como matéria-prima orgânica no preparo do fertilizan-
l&IIILl•lllll
te organomineral, praticamente, apenas três materiais.
turfa, linhito e cama de aviário .
.......
Turfa. A turfa é uma substância fóssil .
organomineral, de consistência branda quando molha-
da e tenaz quando seca: tem coloração variável entre o cinza e o preto ,
havendo turfas avermelhadas graças à pigmentação do óxido de ferro; a
coloração negra é dada pelo alto teor de ulmina.

A turfa é um produto de idade geológica recente, resultado da de-


composição de vegetais de pequeno porte que crescem e se desenvol•
vem em condições subaquáticas. As massas vegetais que se depositam
na formação da turfeira estão também os esqueletos e restos animais,
suas dejeções e partes quitinosas dos insetos.

Uma característica importante da turfa é sua alta capacidade de


retenção de água - CRA, quando em seu estado natural. na turfeira .
alcançando 400 a 800%, ou seja, 4 a 8 vezes seu próprio peso; retirada
da turfeira e posta para secar, a capacidade de retenção de água já não
será a mesma, pois então será muito menor, às vezes não ultrapassando
os 100%.

As boas turfeiras chegam a ter 80 a 90% de matéria orgânica total;


para uso agrlcola é desaconselhável o emprego de turfas com menos de
40% de matéria orgânica total. O índice pH da turfa é bai o. pois. o suco
celular das plantas e os resíduos animais apresentam reação ácida.
decomposição de componentes orgânicos da turfeira é anerób1a. o ar-
rendo na ausência de oxigênio e as reações químicas predorninJntes
são de redução, favorecendo a formação de substâncias ácid s
PREPARO DO ORGANOMINERAL 71

A turfa é rica em substâncias coloidais, formando emulsões com a


água; são eletronegativas , adsorvendo os cátions amõnio, potássio, cál-
cio , magnésio e os micronutrientes metálicos , ferro , cobre , zinco e
manganês .

Outra característica importante da turfa como matéria-prima para


preparar o organomineral é sua elevada capacidade de troca de cátions
- CTC. Nas boas turfas a CTC varia de 80 a 120me/1 00g de material,
cerca de dez vezes mais que a CTC média dos solos. Esta propriedade
de reter cátions, considerados nutrientes vegetais, vem em abono da
recomendação do emprego da turfa como matéria-prima para fabricação
do organomineral.

O preparo da turfa, para ser empregada na fabricação do


organomineral, consiste em se corrigir o pH originalmente ácido. Outros
tratamentos podem ser empregados, como a aplicação de amônia anidra
sob calor e pressão ou simplesmente juntando solução amoniacal a 24% .
Os experimentos demonstraram que o nitrogênio da turfa amonizada
comportou-se melhor que o nitrogênio fornecido pelos fertilizantes mine-
rais nitrogenados. Aplicando-se à turfa ácido fosfórico e neutralizado em
seguida a acidez gerada com amônia ou amoníaco, obtém-se o produto
denominado humofosfato: a neutralização do ácido fosfórico também pode
ser feita com potassa cáustica comercial, obtendo-se um produto rico em
fósforo com nitratos ou amônia. A turfa, se tratada com cloro antes da
aplicação da amônia, aumenta a solubilidade da matéria orgânica; outro
tratamento consiste em passar ar ozonizado na base de 200 a 550g de
ozônio por quilograma de turfa ou 40 a 240g de ozônio por kilograma de
massa de humatos alcalinos separados da turfa.

A turfa é um meio interessante e prático de se levar ao campo os


micronutrientes metálicos, graças à sua elevada CTC e à presença de
quelados.

Llnhito ou linhita. É um carvão fóssil, formado pela decomposição


de materiais lenhosos e restos de vegetais macerados, de coloração cin-
za escuro ou castanho, podendo se apresentar até mesmo preta. O linhito
é formado em terrenos do Terciário, apresenta alto teor de umidade, é
amorfo, com textura fibrosa ou aspecto de madeira carbonizada. Expos-
to ao ar, por dessecação, tem t2ndéncia de se desintegrar por
esfoliamento . O linhito é um material c~.ja degradação encontra-se entre
72 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

a turfa e o carvão antracito betuminoso. Jazidas de linhito foram localiza-


das em Gandarela e Fonseca , Minas Gerais; em Caçapava, São Paulo;
em Tabatinga e Benjamin Constant, no Amazonas ; Bagé e Distritos de
Candiota e Minas do Leão. Rio Grande do Sul.

As substâncias húmicas são os principais constituintes do linhito,


derivados que são da parte estrutural lenhosas das plantas e árvores
que lhe deram origem. A intensa decomposição sofrida por esses resídu-
os levou-os à condição de colóides , os quais com a presença de água
deu um hidrossol e, posteriormente, com a perda de água, floculou , pas-
sando ao estado de hidrogel . como é encontrado.

A industrialização do línhito. para obtenção de matéria-prima para


fabricar o organomineral. se faz corrigindo-se o pH com calcário ou me-
lhor ainda , com hidróxido de potássio (potassa cáustica xaroposa , co-
mercial), que o neutraliza e o enriquece com o nutriente potássio. Tratan-
do-se o linhito com ácido nítrico a 5%, oxida-se a porção de matéria orgâ-
nica crua nele existente, preparando-se assim o material para combinar-
se com o amoníaco ou com gás amômia que se lhe aplica em seguida. A
amonização neutraliza o excesso de acidez deixada pelo ácido nitrico
que não reagiu, com o qual forma nitrato de amônia. O linhito assim tra-
tado chega a ter 9% de nitrogênio total. Outro processo, patenteado no
exterior, consiste em tratar o linhito com água oxigenada em meio alcali-
no, a pH 12.

Segundo a legislação brasileira, o linhito para ser comercializado


como fertilizante orgânico simples ou logicamente, recomendado como
matéria-prima para o organomineral, deve apresentar os seguintes
parâmetros: umidade máxima de 25%; matéria orgânica total mínima de
30% ; índice pH mínimo de 6,0; relação C/N máxima de 18/1 e nitrogênio
total mínimo de 1 %. Para a fabricação do organomineral, é importante
que a umidade máxima não ultrapasse 15% e o teor de matéria orgânica
total seja superior a 40%.

Estercos e camas animais. Os estercos de mamíferos. bem como


o de aves ou suas camas, devidamente preparados, constítuen1 outra
fonte de matéria-prima orgânica para a fabricação do fertilizante
organomineral. Os estercos ou camas necessitam ser previamente de-
compostos para que a matéria orgânica crua se transforme em húmus e
sais minerais . Pela decomposição microbiana, o material sofre uma in-
PREPARO DO ORGANOMINERAL 73
tensa decomposição química resultando substâncias inteiramente dife-
rentes daquelas que lhe deram origem; ao mesmo tempo ocorre uma
demolição física dos materiais vegetais e animais, gerando os colóides,
responsáveis pela atividade físico-químicas do fertilizante. As sementes
e ervas daninhas por acaso existentes são destruídas pelo calor desen-
volvido ou são digeridas pelos microrganismos responsáveis pela de-
composição microbiana da matéria orgânica.

O esterco de aves ou as camas de aviário devem estar pelo menos


semicurados (bioestabilizados). Os estercos e camas dos mamíferos
devem preferivelmente estar bem curados (humificados). Ambos os es-
tercos devem ser finamente moídos para serem empregados no preparo
do organomineral; e, para serem bem moídos, é necessário que estejam
com baixa umidade.

Tortas vegetais. A sementes oleaginosas após sofrerem


prensagem para extração do óleo , deixam como resíduo um subproduto
comercialmente conhecido como torta vegetal. As tortas constituem im-
portante componente das rações animais, alcançando preços mais ele-
vados do que quando vendidas como adubo. Tortas que se deterioram
pelo mau armazenamento ou outro motivo, tornando-se imprestáveis para
a fabricação de rações, podem ser tratadas e empregadas na fabricação
do organomineral.

Composto de lixo domiciliar. O adubo orgânico obtido em usinas


de compostagem de lixo, devidamente seco, peneirado, moído e penei-
rado fino mais uma vez, pode ser usado na fabricação do organomineral.
Há uma fábrica na cidade de São Paulo que faz esse tratamento e lança
o produto no mercado como fertilizante orgânico ou substrato para va-
sos, vendidos em sacos nos supermercados e lojas de artigos para la-
voura .

Com o desenvolvimento da campanha de seleção domiciliar do lixo,


dele separando-se latas , vidros, plásticos, metais, papéis, papelões e
outros materiais recicláveis, o lixo fica muito mais rico em matéria orgâni-
ca e livre da maior parte dos inertes ou contaminantes; tal lixo será no
futuro, um excelente fertilizante orgânico e uma matéria-prima especial
para fabricar organomineral, pois em sua composição se encontrará, prin-
cipalmente, restos de frutas, de verduras e de comida . O composto de
lixo domiciliar é no momento o adubo mais barato encontrado no merca-
do.
-
74 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Outras fontes de matéria orgânica para serem usadas no preparo


do organomineral estão descritos no livro "Fertilizantes orgânicosº (32).

10.2. Cálculo das misturas. As quantidades de fertilizantes mine-


rais e orgânicos a serem empregadas no preparo do fertilizante
organomineral, bem como os teores de umidade e ma-
..,.__ _ _ _., téria orgânica desejados no produto comercial acaba-
do, podem ser estimados rapidamente por intermédio
das tabelas 10.1 e 10.2.

1º exemplo: suponha-se que se pretenda prepa-


rar um fertilizante organomineral a partir de uma maté-
ria-prima orgânica com 20% de umidade e que a mistu-
- - - - - - - ra conterá 600kg de fertilizante orgânico e 400kg de
minerais. Pela tabela 10.1, ligando-se a coluna 20% com as linhas que
contém os números 600 e 400 à esquerda, tem-se que a umidade do
organomineral será de 14%. Vê-se pela tabela que fertilizantes orgâni-
cos com mais de 35% de umidade não devem nem podem ser emprega-
dos.

2º exemplo: tem-se um fertilizante orgânico com 60% de matéria


orgânica e deseja-se preparar um fertilizante organomineral; consultan-
do-se a tabela 10.2, localiza-se na primeira coluna da esquerda, o valor
60% e vê-se nessa linha, que as quantidades de fertilizante orgânico a
serem usadas para preparar o organomineral devem estar entre 500 e
667kg; portanto, as quantidades de fertilizantes minerais necessárias para
completar uma tonelada de mistura devem estar entre 500 e 333kg (1000
- 500 = 500 e 1000 - 667 = 333); se o peso da mistura NPK der 362kg,
deve-se juntar 638kg de fertilizante orgânico para se obter uma tonelada
de fertilizante organomineral; nesse caso, a tabela 10.2 indica que o teor
de matéria orgânica resultante no organomineral será cerca de 38% (por
cálculo, 38,28%), pois o número 638 é mais próximo de 633. Inversa-
mente, por exemplo, para preparar uma fórmula de fertilizante
organomineral pesando a mistura de fertilizantes minerais 458kg, deve-
se empregar, 542kg de fertilizante orgânico para completar uma tonela-
da (1000 - 458 = 542); consultando-se a tabela 10.2, vê-se que não se
pode preparar esse fertilizante organomineral com matéria-prima orgâni-
ca contendo menos de 46% de matéria orgânica, e que daria 25°/o o
minimo permitido por lei de matéria orgânica no produto acabado; outra
alternativa é usar fertilizante mineral mais concentrado, então se poderá
empregar maior quantidade fertilizante orgânico mais pobre em matériJ
orgânica .
Tabela 10.1. Teor de umidade do fertilizante organomineral resultante da mistura entre fertilizante orgânico -o
::o
(FO) com diferentes conteúdos de umidade e fertilizantes minerais (FM), supondo que conte- rn
nham 5% de água livre (*). ~
;o
o
o
o
do fertittnnte OfU6nk:o {mat"19-i)rima Q!Sllnlca}
o
;o
FO.m FM.m
~ m 10 12 1-4 ,e Umldect.
18 20 22 24 26 28 30 32 - 34 ~ G')
)>
5X) m> 7,50 8,50 fl/50 10,5> 11,5> 12,50 13,!50 14.~ 1S,5l HS,&l 17,'!D 18,50 1g,S) 20,00
z
~o 4i30 7/;13 8.S7 Q,Cilli> 10,61 1T,G3 12.65 13.67 14.eQ 115.7'1 16,73 17,75 16,77 1'3.79
o
520 430 7,00 8,'54 9,ee 10,72 11,76 12.eo 13,84 14,88 15,92 16,00 18,00 19,04 10,08
470 7.ffi 8,71 9,77 10,83 11,89 12,95 14,01 15,07 16,13 17,19 18,25 18,31 ~
530
5«l «JO 7,70 8,78 9,88 10,94 12.02 13,10 14,18 15,26 10,34 17,42 18,50 19,58 z
e:51:) .,e) 7,75 8,65 ~Sil5 11,0S 12.1$ 13.25 14.35 15,45 1e,~ 17,ff> 18,75 1Q,85 rn
;o
eeo 440 7,80 8,92 10,04 11,16 12,2B 13,«> 14,52 15.54 16,76 17,88 18,CX) 20,12 )>
570 .G) 7JJ5 6,88 10,13 11,27 12.41 13,55 1,4,ee 15,83 16,97 18,11 18,25 r
'5eO 420 1/X) 9,08 10,22 11,38 12.54 13,70 14.86 16.02 17,18 18,34 19,50
510 410 7,95 8,13 10,31 11,48 12,G'T 13,85 15,03 16,21 17,:S 18,57 19,75
~ 4)() e.oo 9,20 10,«> 11,tlO 12,eo 1 ◄,00 15,20 16,4'J 11.m 1e,eo .20,00
810 3,() a.os e;n 10.~ 11,71 12.~ 1 ◄.15 15.37 16,SG 17,81 19,CX,
e:20 300 8.10 Q,34 10.S, 11,82 13,oe 14,30 15,54 U!,78 18,CZ 19.2'
ex, 370 8,15 8,41 10,67 11,93 13, 1g 14,45 15,n 16,07 18,23 18,~
640 360 6.20 9,46 ,0;1e 12.04 13,32 1-4,a::> 1s,ae 17,16 18,"44 18,72
tf:jC) 350 8,25 9,55 10.85 12,15 13,46 1 ◄,75 16,(6 17,36 18,65 19,Q6
m:> 3«l 8~ 9,62 10,94 12,26 13,58 14,00 16,22 17,54 16,etS 20,18
tS70 3X1 8,315 a,oo 11,03 1Z37 13,71 15.05 16,39 17,73 18,07
eeo 320 8,«> 9.,76 11, 12 12,46 13,64 15,20 16,56 17,92
19,28
eg() 310 8 ,415 9,83 11,21 12.59 13,97 15,35 16,73 18,11
19,43
700 3)0 8,50 8,80 11,3) 12.70 14,10 16,fiD 18,90 16,3) 18,70
710 290 8.55 91}7 11,39 12.81 14,Z3 15,(55 17,07 18,48 19,91
720 280 e.eo 10,04 11,-48 12,92 14,36 15,eo 17,24 18,58 20,12
TYJ 270 8,815 10.11 11.ST 13,03 14.43 16,Q5 17,41 18,87
7«J 200 8,70 10,16 11,0C 13,14 14,62 16,10 17,58 18,oe
150 ~ 875 1025 11 75 1 25 1 75 1<525 1775 1825
M ivre é • w)Q)f__.o cu,uta para a.e designer o ·umidade" dos fartimntes minerais; essa nomenotatura especial ó de'lido ao
fato de • d e i ~ também eor NPOclal, tato é, fria em eelufe a 50 graus Cel&luu e aob v ~.

-....J
Ol
76 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Tabela 10.2. Quantidade de fertilizante orgânico (FO) em kg/ha a ser


tomada, de acordo com a porcentagem de matéria orgâni-
ca (MO) contida no FO, para compor uma tonelada de ferti-
lizante organomineral, cujo teor de MO é previamente de-
sejado.
Porc:en- Porcentagem de matéria orgãnica no organomineral
tagemde 25 26 27 28 29 30 31 . 32 33 34 35 36 37 38 39 40
NiOnoPO ···•-kg/t

35 714 743 771 800


36 694 722 750 778
37 676 703 730 757 784
38 658 684 711 737 763 789
39 641 667 692 718 744 769 795
40 625 650 675 700 725 750 775 800
41 610 634 659 683 707 732 756 780 805
42 595 619 643 667 690 714 738 762 786 810
43 581 605 628 651 674 698 721 744 767 791
44 568 591 614 636 659 682 705 727 750 773 795
45 556 578 600 622 644 667 689 711 733 756 778 800
46 543 565 587 609 630 652 674 696 717 739 761 783 804
47 532 553 574 596 617 638 660 681 702 723 745 766 787 809
48 521 542 563 583 604 625 646 667 688 708 729 750 771 792
49 510 531 551 571 592 612 633 653 673 694 714 735 755 776 796
50 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700 720 740 760 780 800
51 510 529 S49 569 588 608 627 647 667 686 706 725 745 765 784
52 500 519 538 558 577 596 615 635 654 673 692 712 731 750 769
53 509 528 547 566 585 604 623 642 660 679 696 717 736 755
54 500 519 537 556 574 593 611 630 648 667 685 704 722 741
55 509 527 S45 564 582 600 618 636 655 673 691 709 727
56 500 518 536 554 571 589 607 625 643 661 679 696 714
57 509 526 544 561 579 596 614 632 649 667 684 702
58 500 517 534 552 569 586 603 621 638 655 672 690
59 508 525 542 559 576 593 610 627 644 661 676
60 500 517 533 550 567 583 600 617 633 650 6()7
61 508 525 541 557 574 590 607 623 639 65ó
62 500 516 532 548 565 581 597 613 629 645
63 508 524 540 556 571 587 603 619 635
64 500 516 531 547 563 578 594 609 6:?5
65 508 523 538 554 569 585 600 615
66 500 515 530 545 561 576 591 6()6
67 507 522 537 552 567 582 597
68 500 515 529 544 559 574 55-S
507 522 536 551 565 580
70 357 371 386 400 414 429 443 457 500 5 14 529 543 557 571
71 352 366 380 394 408 423 437 451 507 521 535 549 5ôJ
72 347 361 375 389 403 417 431 444 500 514 528 542 SSô
73 342 356 370 384 397 411 425 438 507 521 ~ >48
74 338 351 365 378 392 405 419 432 500 514 527 t,41
75 333 347 360 373 387 400 413 427 507 520 5,3.J
76 328 342 355 368 382 395 408 421 500 513 5:0
77 325 338 351 364 377 390 403 416 5<Ã1 519
78 321 333 346 359 372 385 397 410 500 ~IJ
79 316 329 342 354 387 380 392 405 50d
80 313 325 338 350 363 376 388 400 ~ )
PREPARO DO ORGANOMINERAL 77

Lembrar que a legislação brasileira exige que por tonelada de pro-


duto acabado se empregue, no mínimo, 50°/o de fertilizante orgânico,
500kg/t. Ao mesmo tempo, a lei exige que o produto acabado tenha no
mínimo , 25% de matéria orgânica. Curibsamente, vê-se pelos dados da
tabela 10.2, localizados na parte inferior da mesma, destacados dos de-
mais, que, tendo-se uma matéria-prima orgânica de primeira qualidade,
com 70 a 80% de matéria orgânica, se poderia fabricar fertilizante
organomineral , por exemplo, com 25 a 32% de matéria orgânica, empre-
gando-se menos de 500kg de fertilizante orgânico por tonelada de mistu-
ra (pela tabela, de 313 a 457kg/t); todavia, no momento, a lei não permite
tais formulações , que comportariam o teor mínimo de 25% de matéria
orgânica no produto acabado e fórmulas com mais altos teores de nutri-
entes fornecidos pelos fabricantes minerais.

32 exemplo: tem-se um fertilizante orgânico com 50% de matéria


orgânica e deseja-se produzir fertilizante organomineral com 30% de
matéria orgânica; a tabela 10.2 dá que se poderá empregar matéria-pri-
ma contendo desde 38 a 60% de matéria orgânica e que os pesos varia-
rão de 500 a 789kg.

4Q exemplo: suponha-se que se pretenda preparar a fórmula 2-10-


4, empregando-se a tabela 10.4, onde as porcentagens de teores de
nutrientes dos fertilizantes minerais estão de acordo com a legislação
brasileira: para o sulfato de amônia e para a uréia. 20 e 44% de N. res-
pectivamente; para os superfosfatos simples e triplo, 18 e 41% de P 20 5 ,
respectivamente; para o cloreto de potássio. 58% de K 20 .
78 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Tabela 10.3. Modelos de alternativas possíveis para se preparar a fórmu-


la 2-10-4 empregando-se diversos fertilizantes minerais,
recorrendo-se à tabela 10.4.

a - empregando-se sulfato de amónio, uréia, super simples, super triplo e cloreto de


potássio.

Alter- Nitrogênio Fósforo Potássio

nativa Soma
Sulfato de Uréia Super Super Cloreto de

amõnio simples triplo potássio

1 kg 100 555 67 722


2 kg 45 555 67 667
3 kg 100 244 67 411
4 kg 45 244 67 356 '

% 2 2 10 10 4 2-1Q-4

>

b - empregando-se os fertilizantes fosfato monoamônio (MAP), uréia e cloreto de potás-


sio.

Nitrogênio Fósforo Potássio

Alternativa MAP Uréia MAP Cloreto de Soma


potássio
'

1 kg 29,8 208 67 304,8

'
% 1,89 0,13 10 4 2-10~

l
PREPARO DO ORGANOMINERAL 79

e - empregando os fertilizantes fosfato díamônico (DAP) super simples, super triplo e


cloreto de potássio.

Nitrogênio Fósforo Potássio

Alter- DAP DAP + DAP+ Cloreto de


nativa super super potássio Soma
simples triplo

1 kg 178+111 69 358
2 kg 178+49 69 296

% 2,0 10 10 4 2-10-4

Tabela 10.4. Relação entre porcentagem de nutriente NPK que deve entrar
na composição de uma fórmula de adubação e seu respec-
tivo peso em quilogramas, para preparar uma tonelada de
mistura mineral e orgânica.

Porcentagem Sulfato de Uréia Super Super Cloreto de


na fórmula amónio simples triplo potássio

1 50 23 56 24 17
2 100 45 111 49 34
3 150 68 167 73 52
4 200 91 222 98 69
5 250 114 278 122 86
6 300 136 333 146 103
7 350 159 389 171
. 121
8 400 182 444 195 138·
9 450 205 500 220 155
10 500 227 555 244 172

A TABELA CONTINUA NA PAGINA SEGUINTE


80 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

MA P 9%de N e 48% de Pp 5 MAP

P, 0 5 kg/t da leva mais Nitrogênio kg/t da leva mais


mistura %N mistura p~º~ %
1% 21 0,19 1% 111 5,3
2% 42 0,38 2% 222 10,6
3% 62 0,57 3% 333 16,0
4% 83 0,76 4% 444 21,3
5% 104 0,94 5% 555 26,6
6% 125 1,12 6% 666 32,0
7% 146 1,3 7% 777 37,3
8% 167 1,5 8% 888 42,6
9% 167 1,7 9% 999 47,7
10% 208 1,89 1000 48%
11% 229 2,08
12% 250 2,2

DAP 16% de N e 45% de P 2O 5 DAP

P2Os kg/t leva mais Nitrogênio kg/tda leva mais


mistura ¾N mistura PlOS %

1% 23 0,28 1% 63 2,8
2% 45 0,56 2% 125 5,6
3% 67 0,84 3% 188 8,4
4% 89 1,12 4% 250 11,2
5% 111 1,40 5% 313 14,0
6% 134 1,68 6% 375 16,8
7% 156 1,96 7% 438 19,6
8% 178 2,24 8% 500 22,4
9% 200 2,52 9% 563 25,2
10% 223 2,80 10% 625 28,0
ADUBAÇÃO COM ORGANOMINERAL 81

11. ADUBAÇÃO COM ORGANOMINERAL

11.1. Calagem. Cerca de 90º/o dos solos brasilei-


ros apresentam leve ou forte acidez, tendo índice pH
abaixo de 7,0 que representa o pH neutro; tais solos
sempre respondem favoravelmente à calagem .

... _•)··· ___, Antes do agricultor fazer sua adubação, quer mi-
------.....;..~ neral, quer organomineral, é importante mandar uma
amostra de terra para ser analisada e saber se ela ne-
cessita do corretivo calcário para eliminar o excesso de acidez.

A quantidade de corretivo a ser aplicada é calculada no laboratório


por diferentes métodos; um deles é baseado na alteração que uma solu-
ção tamponada (que resiste à mudança de pH) sofre em seu pH quando
em contato com uma amostra de terra; de acordo com a mudança sofrida
é calculada a quantidade necessária de calcário para neutralizar o ex-
cesso de acidez, elevando o pH do solo ao valor desejado, geralmente
entre 5,5 e 6,5. Este método é empregado no Rio Grande do Sul e Santa
Catarina (50).

No método usado pelo Instituto Agronômico de Campinas-SP, a


quantidade de calcário a ser empregada é calculada para elevar a por-
centagem de saturação em bases, símbolo V% , de um solo a valores de
acordo com o recomendado para a cultura a ser implantada ou já instala-
da. Aceita-se que, para nossas condições, um bom solo deve ter em
média a seguinte composição: cálcio, 55 a 65%; magnésio, 1O a 15%;
potássio, 3 a 5%, somando entre 70 a 80%, enquanto o hidrogênio mais
o alumínio entre 20 a 30%, completando o total de 100% de cátions. Os
cátions cálcio, magnésio, potássio e, eventualmente, o sódio e o amônio,
são as bases que proporcionam a alcalinidade do solo; os cátions
hidrogênio e alumínio conferem acidez ao solo. Se, por exemplo; a soma
da porcentagem de cálcio, magnésio e potássio for 70º/?, diz: s~ que .ª
saturação em bases é 70% ; nesse caso, a soma de htdrogent~ ~ais
~lumínio será 30%, pois o total calculado sempre perfaz 100% de cat,on;.
E comum encontrar-se solos cujas somas de Ca + Mg + K ~lcançam 201/o
e a de H + AI 80% exatamente o inverso dos valores deseJados. Quando
1

a saturação em b ases for inferior a 40%,. h_averá probler:1as com .ª al,~-


mentação da planta, ocorrendo uma espec,e de bloqueio das ra1zes ,
-
82 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

impedindo a livre absorção dos nutrientes contidos na solução do


solo.

O valor V% constitui um parâmetro utilizado para identificar solos


com maior ou menor fertilidade ; solos com V% acima de 50% são classi-
ficados como eutróficos, geralmente mais férteis; solos com V% abaixo
de 50% são classificados como distróficos, de baixa fertilidade (31).

A saturação em bases do solo é calculada como mostrado nos se-


guintes exemplos:

Solo A - valores em me/1 0_0g (miliequivalentes 1,;or 1 00g de amos-


tra) ;

Ca = 4,77 Ca = 4,77
Mg = 0,72 Mg = 0,72
K = 0,36 K = 0,36
H+AI = 1,58
S = 5,85me/q00g (S=soma de bases)
CTC = 7,43me/1 00g

S. 100 5,85 . 100


V¾ = - - - = - - - = 78,73%
CTC 7,43

Solo B - valores em me/1 00g

Ca = 2,35 Ca = 2,35
Mg = 0,32 Mg = 0,32
K = 0,15 K = 0,15
H+AI = 0,76
S = 2,82
CTC = 3,58me/1 0Og

S . 100 2,82. 100


Vo/o=---=---=78,77%
CTC 3,58

Pelos exemplos acima vê-se que os dois solos, A e 8, têm igual


saturação em bases, V% = 78%; as capacidades de troca de cátions,
CTC, no entanto, são diferentes; a do solo A é praticamente o dobro da
do solo B; isto mostra que os valores da capacidade de troca e da satu-
~ação em bases, não são correlatos quando se comparam dois solos,
isto é, um solo pode ter alta saturação em bases e baixa capacidade
r
ADUBAÇÃO COM ORGANOMINERAL 83
troca de cátions. O Boletim 100 (46) faz as seguintes recomendações
para correção da saturação em bases para as culturas do Estado de São
Paulo:

Elevar a saturação em bases a 40%, sempre que seu valor for infe-
rior a 30% nas seguintes culturas: plantas aromáticas, capim-limão,
citronela , chá, gramíneas e palma rosa.

Elevar para 50% sempre que inferior a 40%> nas culturas: arroz,
cacau, eucalipto (para extração de óleo essencial), fórmio, fumo, funcho,
mandioca e seringueira.

Elevar para 60% sempre que inferior a 50% nas culturas: abacate,
abacaxi, batata, batata-doce, cana-de-açúcar, cará, gradíolos, gramados,
manga, mamona, menta, plantas ornamentais, rami, trigo e vetiver.

Elevar para 70%, sempre que inferior a 60%,, nas culturas: abóbora,
adubos verdes, alface, algodão, alho, almeirão, ameixa, amendoim, ba-
nana, berinjela, beterraba, brócolos, bucha, café, camomila, caqui, cebo-
la, cenoura, chicória , chuchu, couve-flor, ervilha, escarola, feijão, figo,
girassol, goiaba, jiló, laranja, limão, maçã, macadâmia, maracujá, mar-
melo, melancia , melão, milho, moranga , morango, nabo, nectarina,
nêspera, pecã , pepino, pêra, pêssego, pimenta, pimentão, quiabo,
ranabete, repolho , rosa , soja, sorgo, tangerina e tomate.

Elevar para 80% sempre que inferior a 70% nas culturas: mamão,
piretro, sisai e uva.

A calagem deve ser feita 30 a 60 dias antes do plantio e adubação,


pois o calcário é muito pouco solúvel em água, necessitando de tempo
para reagir com o solo.

Se um solo tiver V% abaixo de 40% e receber adubação contendo


potássio, esse nutriente no solo será usado para elevar a saturação, não
ficando prontamente disponível às raízes. Acontece, também , que o po-
tássio aplicado em solo ácido será menos aproveitado porque -a maior
parte das cargas negativas dos colóides estar~ ocupada por hidrogênio
e alumínio, cátions que não podem ou não sao fac}l_mente des_loc~d?s
pelo potássio; assim, não sendo adsorvido pelos coloides , estara suJe~to
a perder-se por lixiviação. Fazendo-se a calagem a_ ntes ?ª.
aduba~~o,
haverá eliminação de todo o alumínio e de parte do htdrogerno,. permitin-
do que maior quantidade de potássio seja adsorvida pelos coloides.

----- -------------------- ---- ---


84 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
Outro efeito importante é o do fósforo, pois se aplicado em solo
ácido será pouco aproveitado pelas plantas devido ao fenômeno da fixa-
ção, já abordado no capítulo 7. Como a fixação diminui com a correção
da acidez, o aproveitamento do fósforo pela cultura é maior quando apli-
cado após a calagem. Estas são algumas das razões de se insistir na
recomendação de, primeiro se fazer a calagem e depois a adubação,
quer mineral, quer organomineral.

Um interessante experimento que comprova o que


foi realizado durante dez anos por Sanches, em 1977 (51).
O experimento mostra a influência da calagem e da maté-
ria orgânica, no caso esterco animal, na produção do cafe-
eiro. Os resultados estão na tabela 11.1.

Tabela 11.1 . Produção de café beneficiado (kg/ha) em solo de cerrado


de Batatais, SP, em função da calagem e adubação (51 ).

Tratamento Média anual - 1960/1969

NPK 196 cd
NPK + Zn + B 305 cd
Esterco 498 bcd
NPK + calcário 517 abc
NPK + esterco 561 ab
NPK + Zn + 8 + calcário 754 a
NPK + esterco + calcário 762 a

l
Examinando-se os res ultados obtidos vê-se que:

a) houve baixa produção com os tratamentos só NPK, NPK + Zn +


8 e só esterco;

b) a calagem potencializou os efeitos dos tratamentos NPK +


calcário, NPK + Zn + 8 + calcário e NPK + esterco + calcàrio;

c) houve diferença estatística entre o tratamento NPK + esterco


(rico em micronutrientes) e o tratamento NPK + Zn + B, sugerindo que o
- - -- - - -- ----- -

ADUBAÇÃO COM ORGANOMINERAL 85


esterco substituiu, com vantagem , os micronutrientes fornecidos por este
último.

O experimento mostra que não só o fertilizante ogâníco pode


potencializar os efeitos nutritivos dos macronutrientes; mostra ainda, que
a calagem, quando necessária, é primordial na instalação de uma cultu-
ra .

A figura 11 .1 serve para visualização dos resultados obtidos neste


último experimento. Vê-se, por ela, que os tratamentos NPK + Zn + 8 +
calcário e NPK + esterco + calcário, foram os mais produtivos e que se
destacaram dos demais, superando os tratamentos só com NPK, só es-
terco ou NPK + Zn + 8. O experimento evidencia a influência da associ-
ação da matéria orgânica com os fertilizantes minerais e o efeito, tam-
bém potencializados, do calcário.

11.2. Fórmulas recomendadas. As fórmulas comerciais dos fertili-


zantes organominerais devem conter, por exigência da lei, os nutrientes
nitrog$nio, fósforo e potássio (NPK) ou pelo menos dois nutrientes, NP,
NK, ou PK, e mais 50º/o em peso, no mínimo, de um fertilizante orgânico
(500kg/t). Veja mais detalhes no capítulo 2 Legislação Brasileira sobre
Organominerais.

a a
800 .
-,a
.e
...... bcd abc a.b o
.
-
0-,
.la( H
600 o::
~,e
o oM
..;
C> .
-~~ ~
,e
t.>
,e +
1::::) ~ºº cd cd o oo
t)
oo
Q
o ~
-~
H

~
a.
DQ
~
+
f
o::
~
i-4
e:
200 . +e
o
,li(
l'J
gj =
N ~
~
.,,e; N e.>
+ + + + +
P-1
~
z
IIICI
~
f-f
til
DQ
.,,e;
~
J,G
~
IZ'-
11111:

~
"'~

T R A T A R E N T O S

Figura 11.1 . Valores médios de 9 anos de produção de café beneficiado


com diversos tratamentos de adubação.
86 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Para se saber quais e quanto de nutrientes se deve empregar, re-


comendam-se os seguintes procedimentos:

a - análise do solo: coletar amostras de terra e enviar para análise


solicitando que o resultado venha com a devida interpretação;

b - análise conjunta do solo e da planta: colher folhas de determi-


nadas posições na planta e orientação Norte, Sul, Leste ou Oeste
indicadas por técnicos ou pelo próprio laboratório de análise, de acordo
com a cultura; coletar amostras de solo junto das raízes das plantas que
forneceram as folhas, enviando tudo para análise; este tipo de análise
conjunta, folhas e solo, dá as quantidades de macronutrientes e
micronutrientes existentes no solo e na planta; o curioso é que a avalia-
ção tanto pode indicar, por exemplo, que falta determinado nutriente no
solo e na planta, como também que é baixo o teor no solo mas normal na
planta por ela ter bom poder esgotante, ou ainda, que é alto no solo mas
deficiente na planta. Como se percebe, a análise foliar associada com a
de solo é mais indicada para cultura já instalada ou, também , quando
surgem sintomas de deficiências alimentares, havendo necessidade de
correção, principalmente no caso de micronutrientes.

Existem mais de mil fórmulas de adubação mineral registradas pe-


los fabricantes no Ministério da Agricultura. O Boletim n2 100 do Instituto
Agronômico de Campinas (46) apresenta um interessante grupamento
das principais fórmulas recomendadas para as dez maiores culturas do
Estado de São Paulo, reduzindo esse enorme número a 142; como su-
gestão, essa publicação transformou as 142 fórmulas, expressas em
porcentagem de NPK, em apenas 42 relações de NPK; explicando me-
lhor: na representação de uma fórmula em porcentagem, os números
são separados por traços, por exemplo - 10-10-10, indicando que ela
contém 10%> de N, 10% de P 2 O 5 e 10% de K 2 O; nas representações em
relações, os números guardam uma proporção entre os valores de NPK
e são separados por dois pontos; a fórmula 10-10-10, por exemplo, tem
a relação 1:1:1; a fórmula 15:15:15 também tem a relação 1:1:1 ; na fór-
mula 4-8-12 a relação é 1:2:3 .

• ·• ♦
ADUBAÇÃO COM ORGANOMINERAL 87

Tabela 11 .2. Fórmulas de fertilizantes organominerais sugeridas para as


dez culturas de área cultivada superior a 100.000 hectares
no Estado de São Paulo (46).
Relaçao Cultura e percentagem de Fórmulas em porcentagem,
sugerida de utilização do adubo(·) oriundas das relações sugeridas
ao lado

0:1:1 Soja (22). feijão (8) 0-6-6, 0-8-8. 0-10-10


amendoim (2) 0-12-12

0:1:2 Feijão, menor que (1) 04-8. 0-5-10, 0~12

0:2:1 Soja (23), feijão (24), 0-8-4, 0-10-5, 0-12-6


amendoim (19)

0:2:3 Soja (1 O), feijão (3) 0-5-8, 0-6-9, 0-8-12

0:3:1 Soja (23), feijão (54), 0-9-3, 0-12-4, 0-15-5


amendoim (70)

0:3:2 Café (1) 6-0-6. 8-0-8 , 10-0-10,


12-0-12

1:1:1 Milho (1) ~-4. 6-6-6, 8-8-8

1:1:3 Milho(3) 3-3-9, 4-4-12

1:2:0 Arroz (3) 4-8-0,6-12-0,8-16-O

1:2:1 Trigo (22) 3-6-3,4-8-4,6-12-6

1:2:3 Milho (5), arroz (7) 2-46, 3-6-9. 4-8-12

1:3:1 Trigo (9) 2-6-2. 3-9-3, 4-12-4,


5-15-5

1:3:2 Milho (13), arroz (17), 2-6-4,3-9-6, 4-12-8


trigo (19)

1:3:5 Cana-planta (1 O) 2-6-1 º·


3-9-15

1:4:5 Cana planta {16) 1-5-6, 2-8-10

1:4:6 Algodão (11) 1-4-7, 1-8-12


,
88 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
Tabela 11 .2. continuação

Relação Cultura e percentagem de Fórmulas em porcentagem,


sugerida de utilízação do adubo(•) oriundas das relações sugeridas
ao lado

1:5:0 Arroz (35) 2-10-0,3-15-0, 4-20-0

1:5:1 Trigo (8) 2-10-2, 3-15-3

1:5:2 Trigo (2) 1-8-3, 2-10-4, 3-15-6

1:5:5 Cana planta (22) 1-6-6, 2-10-10

1:6:3 Milho (42), arroz (38) 1-7-4, 2-12-6

1:6:5 Cana-planta (51 ), milho (18), 1-ô-5, 2-12-10


algodão (31)

1:6:6 Algodão (24) 1-6-6, 2-12-12

1:8:2 Algodão(3) 1-9-2, 2-16-4

1:8:4 Algodão (3) 1~.2-26-8

2:1:1 Laranja (9) 6-3-3, 8-4-4, 10-5-5, 12-6-6

2:1:2 Cana-soca (43_) 5-2-5,6-3-6, 8-4-8

3:1:0 Café (1) 9-3-0, 12-4-0, 15-5-0, 18-6-0

3:1 :2 Café (65) 6-2-4. 9-3-6. 12-4-8

3:1:3 Café(23) 6-2-6, 9-3-9

3:1:4 Cana-soca (15) 4-2-6,6-2-8

3:2:3 Laranja (28) 6-4-6, 7-5-7, 9-ô-9


3:2:4 Cana soca(34), laranja(31) 4-3-6, 6-4-8, 7-5-10

4:1:2 Laranja (1) 8-2-4, 12-3-6

4:1:4 Laranja (4) 6-2-6, 8-2-8


4:1:5 Laranja (4) 5-6-6, er2-10
4:2:3 Cana-soca (8) 6-3-4, 8-4-6
8:0:5 Café (2) 8-0-5, 12-0-7
8:1:6 Café (8) 6-1-5, 8-1-6, 13-2-10

(j Os números entre parênteses indicam a porcentagem do adubo, em peso relativo à adubação aplicad
na cultura, não sendo considerada a parte aplicada como cobertura, Isoladamente.
'
...
ADUBAÇÃO COM ORGANOMINERAL 89

A tabela 11 .2 (46), modificada, apresenta as relações de NPK das


principais culturas do Estado de São Paulo, citadas no Boletim 100, se-
...
r'
1
guidas de diferentes fórmulas em porcentagem de NPK, oriundas das
1
respectivas relações; assim, por exemplo, da relação 1:2:3 resultaram as
....
( fórmulas 2-4-6 , 3-6-9 e 4-8-12, qualquer delas indicadas para a cultura
do milho ou arroz.

Explica o Boletim 100 que, "a contribuição das relações dentro de


cada cultura é outro ponto a destacar. Assim , para o café , a relação 3:1 :2
atende a 65% da adubação; a 3:1:3 a 23% e a 8:1:6 a 8%. As demais ,
8:0:5, 1:O: 1 e 3: 1:O, seriam insignificantes, atendendo apenas 2, 1 e 1%,
respectivamente" .

A legislação brasileira exige que os fertilizantes "químicos" devem


ter no mínimo a soma de 24% de NPK ou seja, 240kg por tonelada; para
os fertilizantes organominerais a lei exige o mínimo de 12% de NPK,
justamente a metade, uma vez que cada tonelada de produto acabado,
comercial , deve ter no mínimo 50% de fertilizante orgânico ou seja, 500kg
por tonelada. Curiosamente, experimentos citados neste livro demons-
tram que, por exemplo, uma fórmula de fertilizante
organomineral 2-5-5 + matéria orgânica, tem dado no cam-
po o mesmo resultado que uma fórmula 4-10-1 O, não asso-
\~. I ciado à matéria orgânica. Por essa razão é que se acres-
·~ centou à tabela 11 .2 do Boletim 100, a coluna: ''Fórmulas
em porcentagem oriundas das relações sugeridas ao lado".
Anote-se que essas fórmulas se referem a fertilizantes
organominerais, e a concentração em NPK, de propósito varia
de 12 a 24%; exemplificando: a relação 1:3:2, recomendada
para milho, arroz e trigo, pode ser atendida com fórmulas de
fertilizantes organominerais com as porcentagens 2-6-4, 3-
9-6 4-12-8 ou outros como 5-15-10.
1

11.3. Representação gráfica das fórmulas. As fór-


mulas indicadas podem ser representadas em gráfico trian-
gular, como mostra a figura 11 .2, da me~ma ~aneira ~ue se
representa os componentes do solo: argila, s1lte e areia (31 );
primeiramente calculam-se, em _porcentagem , por regr_a-de•
três, a participação de cada nutriente N, P: K .. de uma formu-
la de adubação, fazendo sua concentraçao igual a_ 1~O; as-
sim, por exemplo, a fórmula 2-6-4, tem conc~ntraçao igual a
·12; fazendo 12 igual a 100,_por regra -de-tres, _encontra-;e
0
que o N é igual a 17%; o P, igual a 501/o e o K, igual a 33 ~º·
sempre arredondando as decimais para que a soma seJa
90 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
100% (17 + 50 + 33 = 100). As fórmulas para café, 6-2--4 ou 9-3-6 darão
as porcentagens: 50%, 17% e 33%, as fórmulas 6-2-6 ou 0-3-9 dão 43%,
14% e 43% , sempre na sequência N, P, K. Em segundo lugar, desenha-
se um triângulo com seus lados divididos em 100 partes e que represen-
tarão os nutrientes N, P, K, como mostrado na figura 11 .2. Fazendo os
mesmos cálculos para as demais culturas indicadas na tabela 11 .2, e
passando os resultados para os gráficos triangulares. figura 11.2 pode-
se notar o seguinte : apesar da diversidade de fórmulas de adubação
indicadas na tabela 11 .2, a tendência delas, para cada cultura, é se
gruparem em determinadas regiões do triângulo, indicando a possibilida-
de de se encontrar apenas uma ou duas fórmulas que representem o
grupo; ainda como exemplo, para o caso do café, os \alares das fórmu-
las mais empregadas são: para a relação 3:1 :2 ou fórmulas 6-2-4 , tem-se
50% para N, 17% para P e 33% para K, enquanto para a relação 3:1 :3 ou
fórmula 6-2-6, tem-se 43% para N, 14% para P e 43% para K. Como se
vê no triângulo do café, todas as fórmulas estão relativamente muito pró-
ximas e, escolher 6-2-4, ou 6-2-6, a decisão será em função da menor ou
maior fertilidade natural do solo, pois ambas são praticamente iguais.

!":'---........._...........~,oo
HW:ZOO 1cc
l (o y~ J.i a
1
cut
O ClHA-rl.AHTA
• CAN~•SOCA

N P'
..

~~........_,;""1.X~IU
w .... a.o o
'l
AU:.ODÃO P~IJAO,!ô<>J 4,,\II KHOQIN

1
. '
Figura 11 .2. Os gráficos triangulares para diversas culturas mostram como
1
as diferentes fórmulas de adubação da tabela 11.2, quando
nela dispostas, ocupam determinadas regiões do gráfico e '
t
poderiam ser representaradas por uma ou duas fórmulas, ~

médias das demais.


t
ADUBAÇÃO COM ORGANOMINERAL 91
11.4. Aplicação do organomineral no campo . A adubação com
fertilizante organomineral é feita em duas principais situações e épocas,
as quais conduzem a dois tipos, a saber: fundamental e complementar.

Adubação fundamental, também denominada adu-


bação de plantio ou de instalação, é a que se faz em
culturas em sulco, semeando e adubando ao mesmo tem-
po; também se denomina fundamental a adubação que
se faz no primeiro ano de plantação, até mesmo a adu-
.-.·.: bação de cobertura feita aos 30 ou 60 dias da emergên-
......................
._ :~::;: ._ eia das plantas, quando as raízes já estão em condições
de absorver rapidamente o nitrogênio então aplicado. Adu-
bação fundamental pode ser a lanço (em área total do terreno) ou em
linhas ou sulcos , podendo o adubo ser distribuído manualmente ou me-
canicamente.

Adubação complementar é a que se faz em plantações perenes,


depois da cultura estar instalada, em fase de crescimento, chamada adu-
bação de formação; quando a árvore já está formada a adubação com-
plementar recebe diversas denominações: adubação de produção, de
manutenção, de exploração ou ainda de frutificação, conforme a finalida-
de pretendida.

A maneira de se aplicar e a localização do fertilizante


r-----OW\ organomineral é idêntica à recomendada para fertilizante
mineral:

a) no sulco, manualmente: para as plantas cultivadas


em linhas, a localização ideal do fertilizante é um pouco abai-
xo e dos lados da semente; como tal aplicação exige
_____ _. semeadeira-adubadeira especial, o pequeno agricultor abri-
rá o sulco ou linha de plantio e distribuirá o fertilizante ma-
nualmente, no fundo do mesmo, cobrindo-o levemente com
terra , para então fazer a semeadura.

b) no sulco, mecanicamente: com o sulco já aberto,


usando semeadeira-adubadeira ou equipamento que sul-
r----- ca, aduba e semeia, o organomineral será aplicado, por-
tanto, em duas ou uma única operação, respectivamente.

____ e) na cova: para culturas perenes a serem instala-


,................~ das, ou melhor, no plantio, as recomendações são as se-
_. guintes: abrir a cova colocando de um lado a terra de su-
92 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

perficie , mais fértil , removida dos primeiros 20 centímetros; continuar abrin-


do a cova colocando a terra restante em separado.

Terminada a abertura da cova , passar a terra de su-


perfície para o fundo da cova , misturar bem com o fertili-
l
í
zante organomineral, colocar a muda na cova e completar 1
;
~~ o enchimento com terra raspada da superfície do terreno,
em volta do buraco aberto; enchendo a cova com terra in-
teiramente da superfície, proporciona-se às raízes um vo-
lume de terra fértil, rica em nutrientes e matéria orgânica.

d) em coroa, em terreno plano e cultura instalada,


em formação: o fertilizante organomineral deve ser aplica-
do em cobertura, em faixas circulares, em torno da árvore;
se a planta for jovem, de pequeno porte, a coroa formada
pela faixa de adubo não deve ultrapassar a projeção da
copa da planta.

Ao contrário, se a árvore já está formada , então a


faixa de fertilizante organomineral deve ser distribuída fora
da projeção da copa; com esse expediente , o adubo fican-
, do fora da região das raízes, por efeito de quimiotropismo
(atração das raízes aos sais minerais nutrientes contidos
-~-··_;li)__
no fertilizante) o sistema radicular se expandirá em busca
de mais alimento; consequentemente, haverá um aumento
de volume de terra a ser explorado pela planta, aumentando a produção.

e) em coroa, em terreno com declive, em cultura nova,


em formação: a faixa de distribuição do adubo, neste caso,
será localizada dentro da projeção da copa da árvore, em
meia coroa, disposta na parte mais alta do terreno, a mon-
tante da planta; assim procedendo, pelo efeito da erosão ,
como é de se esperar, os nutrientes serão arrastados '' morro
- - - - abaixoº e as raízes da parte baixa, a jusante da planta , ab-
sorverão os nutrientes que de outro modo se perderiam.

f) em coroa, em terreno com declive e cultura forma-


da: o fertilizante será aplicado em meia coroa , fora da pro~
jeção da copa da árvore, tendo como limite interno da fa,xa
de adubo a projeção da copa : o intuito é o mesmo já co-
mentado, dar tempo das raízes localizadas mais abaixo do
tronco da planta absorver os nutrientes arrastados pela en-
xurrada .
- -- - - - · - - . ---

ADUBAÇÃO COM ORGANOMINERAL 93


g) a lanço ou cobertura total do terreno: esta maneira
de distribuir aplica - se para plantas cultivadas com
r espaçamento muito estreito; ·em terreno limpo distribui-se o
fertilizante o mais uniformemente possível e incorpora-se com
.. grade de disco; em pastagens, terreno cultivado, emprega-
se uma distribuidora de calcário fazendo-se a operação, sem-
pre que possível, em dias chuvosos, para que a água leve o
fertilizante para dentro da terra .

,..
h) em cobertura total ou em faixas : em faixas, ao longo
da linha de plantio, é a adubação complementar, por exem-
plo, feita para completar a dose inicial de fertilização mineral
nitrogenada aplicada por ocasião do plantio; em cobertura
J. total, é a maneira de se distribuir usada para plantas cultiva-
1--i:-~"'--1-~
A 8 ,t das com espaçamento muito estreito, quando não é possível
adubar diretamente nos sulcos de plantio; nesse caso, em
terreno limpo, arado e gradeado, distribui-se o adubo em cobertura total ,
o mais uniforme possível e incorpora-se com grande de discos, sulcan-
do-se e plantando-se em seguida; em pastagens instaladas também se
emprega a adubação com cobertura total, usando-se uma distribuidora
de calcário e fazendo-se a operação em dias chuvosos.

Adubos muito solúveis, que não são retidos pelos


húmus ou pela argila do solo, como a uréia, são aplicados
em cobertura quando a plantinha já desenvolveu raízes
~ ~ ~ ~,,..t capazes de aproveitar o nutriente aplicado; é recomendá-
vel sempre fazer uma leve incorporação do fertilizante; para
_,,__ absorver umidade da terra e se dissolver; lembrar que as
raízes só absorvem os nutrientes dos fertilizantes quando
estão dissolvidos na água do solo; fertilizante seco não é
absorvido.

i) em cobertura, entre as linhas de cultura perma-


nente: é a adubação complementar, também denomina-
da de produção, de manutenção ou de frutificação, que
se faz em pomares, ou adubação de exploração, quando
t se trata de plantas têxteis, extrativas ou outras. A distri-
buição pode ser man~al ou mecâ~ica, usando uma distr!-
buidora de calcário. E recomendavel fazer-se, em segui-
da, uma leve incorporação do adubo para melhor e mais
rápido aproveitamento.
94

12. ORGANOMINERAL NA ALFACE


Os efeitos da aplicação do fertilizante composto
orgânico associado à adubação mineral em dois solos
classificados como Latossolo Vermelho-Amarelo foram
estudados em experimento em vasos, instalado na Uni-
versidade Federal de Viçosa e apresentado como tese
para obtenção do título de "Magister Scientiae" por
Rodrigues (48) 7 .

Os níveis de adubação mineral foram: 0,0 (ausência), nível 1 e ní-


vel 2; o nível 2 consistia, por decimetro cúbico de terra, em 150mg de
nitrogênio; 300mg de fósforo e 150mg de potássio, além de
micronutrientes e enxofre; o nível 1 consistia da metade dos teores dos
nutrientes adicionados no nível 2. O adubo orgânico foi obtido por
compostagem de palhada de milho seca e triturada, e esterco de gado
leiteiro. Uma vez compostado, o fertilizante orgânico foi passado em pe-
neira de 4mm. As doses de fertilizante orgânico foram as seguintes: 0,0
(testemunha); 33,66 e 99t/ha na base de matéria seca.

Os pés de alface foram colhidos, separando-se, em seguida, as


raízes das folhas. "No peso da parte aérea seca, diz o autor, evidencia-
ram-se os efeitos significativos, a 5% de probabilidades, na interação
solo versus composto, e a 1% de probabilidade, na interação composto
versus adubação mineral".

O autor estima que produções máximas seriam obtidas com as


doses de 38,84t/ha, 17,48Uha e 11,08t/ha de composto, para as doses O,
1 e 2 de fertilizante mineral, respectivamente, como mostra a figura 12.1 ;
acima dessas doses o compostà promoveu reduções progressivas no
peso das plantas, como mostrado na mesma figura. A explicação para
essa redução está, segundo o autor do trabalho, no "elevado grau de
mineralização do composto utilizado, contribuindo para a ocorrência das '
diminuições no peso das plantas.

7 Edson Talarlco Rodrigues, Engenheiro agrónomo, pesquisador da Empresa de Pesquisa Ag1 o~ âria
do Estado do Mato Grosso (EMPA/MT) .
r
95

-- .
.. . - . :;;.. . --·-r----• --. -- .
. ~-

/

/ .•
.
t
.
1

1
.........
...... '

I
. .
.
•· ·•-•:---•'-••--···~......__......_____
:• -- --
---,--- ._ --.
' ,,,---
'· ' -

'' ------- -~
.
.,,,
:

✓,,
1""
,,,, • 1
-.... ---- -- --
/,
I U • 2
I
I
I
I
I
I -~--
..
1
M• O

ro CD
o
\D
,q,
1
33
.
a, 66
1 1
99
......
.-i
...
r--
P'-4
a,
M
...

~ES DR COMPOSM (ea t/ba)

M • ausência de fertilizante mineral


LlrGIMJ>A1 M • 1: uma dose de fez:tilizante mineral
M • 2s duas doses de fertilizan~e mineral

Figura 12.1. _produção de folhas de alface, em matéria seca, em função


de doses de fertilizantes orgânico e fertilizante mineral (48).

Anote-se na figura 12.1 que, com 38t/ha de composto e sem fertili-


zante mineral, a produção estimada seria de 7,5g ; com 17Uha de com-
posto e a dose 1 de fertilizante mineral, a produção seria maior, cerca de
9,7g e, finalmente, com a menor dose de composto associado à dose 2
de fertilizante mineral, a produção estimada seria a maior delas, cerca de
10,99.
96 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

A citada mineralização realmente ocorre quando se empregam


doses exageradas de fertil izante orgânico. No capítulo 5.1 foi mostrado
que o nitrogênio orgânico ao ser decomposto aerobicamente se transfor-
ma , por ação microbiana, em nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato; nesta
última forma , quando em excesso no solo, é lavado, alcançando o lençol
freático, tornando-se tóxico ao homem e aos animais que beberem des-
sa água . O nitrato ataca principalmente a vista e as funções cerebrais.
Na Holanda, nas regiões de criação de gado leiteiro, onde há abundân-
cia de esterco e cama animal, o governo, através de fiscais, controla o
emprego desse adubo na agricultura; de posse dos teores de nitrato nos
cursos d'água, os fiscais determinam a quantidade máxima de esterco a
ser juntado ao solo como adubo. O experimento em apreço comprova
que o emprego exagerado de composto (99t/ha na base seca ou mais de
200Uha com sua umidade natural, ou ainda, dose levando cinco tonela-
das de nutrientes N, P e K) é realmente prejudicial. No Brasil, a legisla-
ção está certa quando determinou que o fertilizante organomineral tenha
50% em peso, no mínimo, por tonelada de fertilizante orgânico, sendo o
restante do peso complementado com fertilizantes minerais.

l
Jr

ORGANOMINERAL NO ALGODÃO 97

•· 13. ORGANOMINERAL NO ALGODÃO


.. Um trabalho realizado na Seção de Algodão do Instituto Agronômi-
co de Campinas, SP, teve por objetivo estudar a aplica-
ção de micronutrientes e matéria orgânica associada à
.. adubação mineral com NPK, -na cultura do algodoeiro,
em solo de cerrado, de acidez média e baixa fertilidade,
no município de Aguaí, SP (49). Como este livro trata de
fertilizantes organominerais, tomou-se do experimento de-
terminados tratamentos e produções em que entraram
.._..,....,__._, só fertilizantes minerais ou fertilizantes minerais associa-
dos com matéria orgânica.

O nitrogênio foi fornecido pelo sulfato de amônio, o fósforo pelo


superfosfato triplo e o potássio pelo cloreto de potássio. Como fonte de
matéria orgânica foi empregado o esterco de galinha EG, tendo sido in-
corporado ao solo, no sulco de plantio, juntamente com a mistura dos
fertilizantes fosfatados, potássico e mais um terço do nitrogenado; o res-
..
tante do nitrogênio foi fornecido em duas coberturas, uma no desbaste e
outra decorridos 15 dias dessa operação. O efeito das adubações foi
estudado sobre a produção de algodão em caroço, peso de sementes,
peso de capulhos e porcentagem de fibras .
..
Os tratamentos foram os seguintes:

N 0P0K0 (testemunha absoluta): sem adubo


N P K (testemunha relativa): 50, 80 e 50kg/ha de N, P 20 55 e K 20
1 1 1
N2P2 K2 : 75, 120 e 75kg/ha de N, P 0 5 e K O.
N P K + EG · 50 80 e 50 de N P Ó e K Ô + 400 de EG em kg/ha.
1
1 1 1 1· ' 2 5 2
N P K + EG · 50 80 e 50 de N P O e K O+ 800 de EG em kg/ha.
1
1 1 1 1· 1 2 5 2

A Tabela 13.1 dá os resultados restritos à produção de algod~o e_m


caroço e aos tratamentos em que houve adubação mineral e assoc_iaçao
de fertilizante orgânico com mineral; nessa tabela o autor do expen_m~n-
to apresenta também as produções relativas, em porcentagem, atnbu~n~
do à produção obtida com a testemunha relativa _(Nl 1K 1) 0 0 valor 100 0 , t
assim, o tratamento testemunha absoluta ficou igual a 211/o, produçao
98 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
cinco vezes menor que a anterior; os tratamentos N 1 P1 K 1 + EG 1 e N 1P 1K 1
+ EG 2 tiveram produções relativas iguais a 118 e 134%.

Tabela 13.1 . Tratamentos e médias das produções de algodão em caro-


ço (49).

Tratamentos Produção em kg/ha Produção relativa


em¾

208 e 21
1013 b 100
1183 ab 11,'
1200 ab 118
1354 a 134

Nota: Médias seguidas de letras iguais não diferem significativamente entre si (Duncan
5%).

Os resultados do experimento mostraram que a produção de algo-


dão em caroço de todos os tratamentos, diferiram significativamente da
testemunha .absoluta, sem adubo, indicando que a adubação teve seu
objetivo alcançado. Não houve diferença entre as doses 1 e 2 de ester-
co, associadas às doses de fertilizantes minerais, N 1P 1K 1 ou o tratamen-
to com dose dupla de fertilizante mineral, N 2P 2K 2 isoladamente.

A figura 13.1 mostra a diferença entre a produção testemunha e os


que receberam adubação

São palavras do autor do experimento: "Pelos resultados pode-se


observar que houve resposta das aplicações de ma,téria orgânica, no
que se refere à produção de algodão em caroço. A aplicação das doses
1 e 2 de matéria orgânica proporcionou aumentos de produção de 18 e
34%, respectivamente". Os resultados relatados no trabalho, lembra o
autor, confirmam o efeito benéfico da associação da matéria orgânica
com os fertilizantes minerais na produção do algodoeiro, obtidos por ou-
tros pesquisadores como Guimarães (26), Menezes e Araújo (40), que
trabalharam dez anos com um experimento de adubação de algodoeiro,
sendo que no sétimo ano, para estudar o efeito residual dos dois anos
anteriores, que não receberam nenhuma adubação mineral com NPK.
aplicaram 20 toneladas de esterco de curral uniformemente distribuído
por todas as parcelas. Dizem eles: UJá no ano (seguinte) de 1.947/48,
ainda sob o efeito residual dos elementos minerais em que se fez a adu•
ORGANOMINERAL NO ALGODÃO 99
bação orgânica, a produção subiu de muito, alcançando números altos e
salientando ainda mais os minerais em seu estado residual. Em 1948/49,
observou-se ainda a atuação da matéria orgânica anteriormente apli-
cada". A Tabela 13.2 mostra os resultados obtidos com o experimento.

150 o
A
~
.e::
...... AB . AB
tra
~ B
e
Q)
100 o-

o
JC
ri N
C> e, t!)
IXl ~
e 50 O-
o ~
+_. +r-1
0 N

o
~ e ~ ~ ~ ~

o rl N _. ri
~ ~ p.. P4 '14 ~
~
o zo
r-t N ri ~

z z z ~

4? R A T A M B H T O S

Figura 13.1. Produção de algodão em caroço com adubação mineral e


orgânica.

Esses dados são curiosos, mostrando que, para o melhor aprovei-


tamento do NPK que ainda restava no solo nos dois últimos anos que
não receberam adubação com fertilizantes minerais, falta~a a
complementação dos colóides orgânicos, os quais, uma vez supridos,
proporcionaram elevados aumentos de produção.
100 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Tabela 13.2. Produção do algodoeiro sob o efeito de adubação residual


de dois anos, sem aplicação de NPK, seguidos de aduba-
ção com fertilizante orgânico .(40).

Tratamento Efeito residual (sem Adubação Aumento Aumento


aplicação de NPK) orgânica médio em
anos 45/46 46/47 47/48 kg/ha %

N 309 292 706 405 77


p 375 426 852 451 55
K 336 396 802 436 61
NPK 483 586 916 381 13
NP 328 384 850 494 81
NK 389 378 926 542 83
PK 436 499 836 368 33
Testemunha 282 286 448 164

1 1
1
1
r
ORGANOMINERAL NO ALGODÃO 101
1

1r
1

'
1 •
1

.. 14. ORGANOMINERAL NA BATATA

Um experimento foi instalado em Regossolo do


Agreste Pernambucano pelos engenheiros agrônomos
Portella, Lima, Mafra e Silvaª. Dizem eles, "os solos utili-
zados com a cultura da batata ( Solanum tuberosum L.)
em Caruaru, PE são, em sua maioria , classificados como
Regossolos, de baixa fertilidade natural, principalmente
em relação a fósforo e a matéria orgânica. A adubação
com esterco bovino é utilizada pelos agricultores, po-
'-;.._j~.....~ - - J rém, a quantidade aplicada está relacionada à baixa dis-
ponibilidade e ao elevado custo do insumo na região".

"O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos produzidos por doses


de esterco bovino e de biofertilizante, complementados ou não com adu-
bação mineral, sobre o rendimento de batatas e características químicas
do solo. O experimento foi instalado no triênio 1986/88, em propriedade
particular, utilizando-se o delineamento experimental de blocos ao acaso
com parcelas subdivididas. Avaliou-se as doses 5, 1O, 15 e 20t/ha de
esterco ou biofertilizante com ou sem complementação mineral (1 t/ha da
fórmula 4-16-8 mais 300kg/ha de sulfato de amônia).

A análise conjunta dos dados observados no triênio permitiram as


seguintes conclusões, segundo os autores:

- "as doses testadas não foram suficientes para determinação da-


quela que maximizaria a produção; as variáveis foram ajustadas ao mo-
delo linear·
- o e~terco bovino foi mais eficiente na elevação da produtividade
da cultura· . , . ... .
- independentemente das doses e fontes de matena o~garnca, a
complementação mineral promoveu aumento de 71 % no rendimento da
batata·
-· as doses dos adubos orgânicos alteraram o teor de fósforo do
solo"
8
Maria Cristina Lemos da Silva Portella Luiz Evandro de Urna, engenheiros agrônomos, IPA~EP/Caruaru:
Rivaldo Chagas Mafra, professor ad{unto, UFRPE e Jair Teixeira Pereira, engi:mhetro agronomo,
EMBRAPNSNLOS, PE.
Nota: O resumo deste trabalho intitulado "Adubação organomineral na cultura da batata (So/anum
tuberosum L.) em Regossolo do Agreste Pernambucano· f~i apresentado no XXII Cong:sso
Brasileiro de Ciência do Solo, Recife, 1989. Deverã ser publicado pela PAPP/CNPq._Da osso
bre o experimento não são apresentados pelo fato dos autores não nos terem fornecido.
,
FERTILIZANTES ORGANOMINERA IS
102

15. ORGANOMINERAL NO CAFÉ


A experimentaç ão tem salientado a importân-
cia da adição de fertilizante preparado à base de es-
terco animal como componente do substrato para for-
mação de mudas de cafeeiro. Acontece que em cer-
tas regiões os cafeicultores têm dificuldade em encon-
trar cama ou esterco animal curtido, razão pela qual
.__ _.,.._ __. tem-se procurado substituir esse adubo por outras fon-
tes de matéria orgânica.

Santino e outros (52) já demonstraram ser possível a substituição


do esterco de curral pelo lixo domiciliar tratado, e torta de filtro Oliver.

Um experimento foi realizado em São Francisco de Paulo, MG, em


viveiro comercial de café, com o objetivo de verificar a viabilidade da
substituição do esterco por borra de café industrializada e um fertilizante
orgânico comercial , aqui representado pelas letras NE (2).

Para o preparo do substrato foi empregada terra de um Latossolo


Vermelho Escuro - LE; a adubação mineral constou de 5kg de
superfosfato simples e 0,5kg de cloreto de potássio por metro cúbico de
mistura. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 6 tra-
tamentos e 4 repetições. Os tratamentos foram os seguintes:

1. Adubo mineral + esterco (300 litros/m 3)


2. Adubo mineral+ adubo orgânico comercial (1 kg/m 3 )
3. Adubo mineral + adubo orgânico comercial (2kg/m 3 )
4. Adubo mineral+ borra de café (5kg/m 3)
5. Adubo mineral + borra de café (1 0kg/m 3)
6. Adubo mineral.

As avaliações foram efetuadas aos 8 meses, sendo as médias e os


resultados estatísticos indicados nas tabelas 15.1 e 15.2.

! \
1
ORGANOMINERAL NO CAFÉ 103
,.
Tabela 15.1. Matéria seca (gramas) de folhas de mudas de café tratadas
com fertilizante mineral (FM) associado ou não a esterco
de curral (EC), a duas doses de fertilizante orgânico co-
mercial (NE 1 e NE 2 ) e a duas doses de borra de café (BC 1 e
BC 2) (2). .

Testemunha Matéria seca Matéria seca Matéria seca


de folhas de caules de raízes

1. FM + EC 2,13 a 1,53a 1,61 a


2. FM + NE 1,73 b 1,25ab 1,40 ab
1
3. FM + NE 1,60 bc 1,16 bc 1,49 ab
4. FM + BC ' 1,42 bcd 1.02 bcd 1,29 ab
5. FM + BC , 1,13 d 0,82 d 1,18 b
6. FM 1,25 cd 0,90 cd 1.20 b

F - tratamentos 17,0-" 14,49- 3,87*


Coef. var. 12,34 11 ,71 12,50
DMS5% 0,40 0,31 0,40

Médias acompanhadas de uma ou mais letras em comum não diferem entre si ao nível de 5%.

Tabela 15.2. Altura e número de folhas de mudas de café tratadas com


fertilizante mineral (FM) associado ou não a esterco de cur-
ral (EC), a duas doses de fertilizante orgânico comercial (NE
1
e NE) e a duas doses de borra de café BC BC (2).
2 1 2

Tratamentos Altura da planta Número de folhas/


(cm) muda

1. FM + EC 14,30 a 7,20 a
2. FM + NE 1 12,99 ab 6,77 ab
3. FM + NE2 12,43 bc 6,45 ab
4. FM + BC 1 11,10 cd 6,04 bc
5. FM + BC 2 9,81 d 5,35 e
6. FM 10,06 d 5,41 e

F - tratamentos 26,69** 13,81º


Coef. var. 5,43 6,61
DMS5% 1,49 0,92

Médias acompanhadas de uma ou mais letras em comum não diferem entre si ao nlvel de 5%.
,
104 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

A figura 15.1. refere-se ao experimento que se está descrevendo e ,


mostra apenas o resultado dos tratamentos números 1 e 6; os demais
tratamentos, 2, 3, 4 e 5, não estão sendo representados pelo fato de se
tratar de adubos comerciais. Notar que as adubações com fertilizante
mineral mais esterco - organomineral - em todos os parâmetros avalia-
dos, superou a adubação só mineral, como será comentado a seguir.
.,
16
3,0
~14
~ 2,5
212

~10
o
~ 8
X
i 6

tO
~
O, 5 a:
s<
o >
Altura NCuero Peso Feso Peso
das de das dos das
plantas folhas fo1has caul.es ra.í.zes

fü!f ffl!B!ffl organomineral


Ll'Cmu>a.
Fertilizante mineral

Figura 15.1. Resultados em valores médios comparativos entre os trata-


mentos com organomineral e fertilizante mineral.

Segundo os autores, ua análise de variância indicou o valor F alta-


mente significativo para altura e número de folhas. A comparação das
médias pelo teste de Tukey a 5% evidenciou a superioridade do trata-
mento 1 (fertilizante mineral com esterco de curral). Para o peso de ma-
téria seca das folhas, caule e raiz a análise de variância mostrou F alta-
mente significativo para folhas e caule, e significativo para raiz. O teste
de Tukey a 5% mostrou superioridade na comparação das médias para o
tratamento 1 (adubo mineral + esterco de curral). Os resultados mostra-
ram os efeitos benéficos do esterco de curral, sendo que nenhuma das
fontes utilizadas, em diferentes dosagens, substituiu o esterco de curralu_
ORGANOMINERAL NA CANA 105

16. ORGANOMINERAL NA CANA-DE-AÇÚCAR


Já no ano de 1952, a Escola Superior de Agricul-
tura "Luiz de Queirozn - ESALQ, realizou experimento
de adubação em que entraram duas tortas vegetais as-
sociadas ou não com fertilizante mineral. Na ocasião,
uma firma de São Paulo estáva produzindo, experimen-
talmente, um produto derivado do cacau, tendo como
- - - - - resíduo orgânico uma torta, fruto do processo de esgo-
tamento químico das sementes tratadas. Era uma torta de emprego des-
conhecido na agricultura, que professores da ESALQ (13) decidiram es-
tudar, instalando um experimento de campo com cana-de-açúcar. A com-
posição das tortas, na base de matéria seca, era a seguinte:

Composição Cacau Algodão

Matéria orgânica % 70,31 92,40


Nitrogênio 2,70 · 568
1

Fósforo - P2 O 5 % 1,34 2,14


Potássio - ~ O % 0 ,37 1,33
Cálcio - CaO % 13,16 . 0,31

O experimento foi instalado em quadrado latino, conduzido em solo


arenoso, com a variedade de cana Co 290, empregando os seguintes
tratamentos: ·

1- testemunha - sem adubação


2- adubação mineral
3- torta de cacau
4- torta de algodão
5- adubação mineral + torta de cacau
6- adubação mineral + torta de algodão

A adubação mineral constou de 30kg de N, 100kg de P 20 5 e 40kg


de K 20 . As tortas de cacau e de algodão - dizem os autores - foram
l
106 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
"
,1
usadas em doses "economicamente eqüivalentes". A figura 16.1 mostra
as produções obtidas; por ela se vê o seguinte: 1

- o tratamento torta de cacau, isoladamente, teve produção inferior


ao tratamento testemunha , sem adubo;

- todas as demais adubações foram superiores à testemunha, mos-


trando que a cana-de-açúcar respondeu bem aos tratamentos aplicados;

- a adubação mineral com NPK foi inferior às associações


organominerais (tortas mais NPK).

1 •

Releva notar que a torta de cacau, isoladamente, deu produção de


colmos inferior ao tratamento testemunha, sem adubo, mas, quando for-
mou um organomineral (torta de cacau+ NPK), teve produção superior à
adubação mineral isoladamente. O curioso é que os autores da pesquisa
não comentaram esse importante fato ocorrido no experimento, a ação
potencializante do fertilizante orgânico junto aos fertilizantes m_inerais.

74 O, A
~ "'
Q)
72 a.
À
I 1
o
M B
tlS
Q.
....... 70 o.
e
"'
.l(

68 o-
o
,e
t>, 66 o-
e
Q 64 o. .
o D '.E
~ 62 o..
p.,.

60 o 1 1
1 3 2 5
4 6
T R A T A M E N T O S

Figura 16.1. Comparação entre produções de cana-de-açúcar conforme


os tratamentos pesquisados.
,.
ORGANOMINERAL NA CANA 107
Na Usina Açucareira Zillo Lorenzetti S/A foi instalado um experi-
mento com cana-de-açúcar em dois solos .diferentes: Latossolo Verme-
lho Amarelo e Latossolo Roxo, empregando fertilizantes minerais e orgâ-
nicos. Como fonte de fertilizante orgânico foram empregados produtos
da compostagem de resíduos da indústria sucroalcooleira, como baga-
ço, pontas de cana trituradas e torta de filtro; como fertilizantes minerais
foram empregados uréia, super triplo e cloreto de potássio (1 O).

No experimento 1 empregou-se uma dose única de torta de filtro


com produtos de compostagem na base de 15t/ha, combinando-se com
os tratamentos 0-60-60 e 0-60-120. No experimento 2, na ausência de
complementação mineral foi aplicada a dosagem de 1St/ha para a torta
de filtro e para produto de compostagem de bagaço, a 10t/ha para a
mistura de torta de filtro inoculada com esterco e resíduos de matadouro.
Em presença das formulações 0-60-60 e 0-0-120, as dosagens das fon-
tes orgânicas foram reduzidas: 10t/ha para a torta exclusiva e para o
produto da compostagem de bagaço, e 5t/ha para a mistura torta +
inoculante. Em ambos os experimentos o padrão da adubação mineral
foi 20-120-120kg/ha de N, P20 5 e K20. Os resultados dos experimentos
estão nas tabelas 16.1 e 16.2.

Tabela 16.1. Produção de cana-de-açúcar em colmos, em toneladas por


hectare no Experimento 1 (1O).

Trata- Nutrientes
mentos Fonte
N P20s K20 orgânica tlha Produção

1 o o o 121,71 b
2 o o o TF 15 150,13 a
3 o o o CP4 15 134,71 ab
4 o o o CP2 10 138,67 ab
5 o o 120 TF 10 140,61 ab
6 o o 120 CP 1 10 136,29 ab
7 o o 120 CP2 5 142,39 ab
8 o 60 60 TF 10 141,05 ab
9 o 60 60 CP1 10 142,54 ab
10 o 60 60 CP 2 5 139,12 ab
11 20 120 120 TF 10 137,73 ab
12 CP 1 10 134,26 ab
20 120 120
13 20 120 120 CP2 5 143,24 a
14 124,74 b
20 120 120

F 2.54-
CV(%) 6,69
2·1,33 ( 10%)
Tukey d.m .s.
108 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Tabela 16.2. Produção de cana-de-açúcar em colmos, em toneladas por


hectare no Experimento 2 (1 O).

Trata- Nutrientes
mentos Fonte
N P2Os K2O orgânica t/ha Produção

1 o o o 69,2 b
2 o o o TF 15 92,5 ab
3 o o o CP 1 15 92,5 ab
4 o o o CP 2 15 93,0 ab
5 o o o CP 3 15 95,6 a
6 o o o CP, 15 101 , 1 a
7 o 60 60 TF 15 99,2 a
8 o 60 60 CP 1 15 105,7 a
9 o 60 60 CP, 15 103,0 a
10 o 60 60 CP--
3
15 94,2 a
11 o 60 60 CP 15 107,3 a
12 o 60 120 TF' 15 114,8 a
13 o 60 120 CP 1 15 111,2 a
14 o 60 120 CP~ 15 99,8 a
15 o 60 120 cr; 15 101,3 a
16 o 60 120 CP~ 15 109,9 a
17 " 20 120 120 97,2a

F 4,54...
CV(%) 9,94
Tukey d.m .s. 23,5 (10%)

Legenda (para as tabelas 16.1 e 16.2):

TF - torta de filtro
CP, - torta de filtro (74%) + inoculante + superfosfato simples (1 %)
CP, - bagaço (60%) + inoculante (39%) + superfosfato simples (1 %)
CP, - bagaço (45%) + torta de filtro (45%) + inoculante (9%) + superfosfato simples
(1%) .·
CP, - pontas trituradas (55%) + inoculante (43%) + fosfato natural (1 %) + superfosfato
simples (1 %).

As conclusões a que chegaram os autores foram as seguintes:

• os produtos de compostagem utilizados nas mesmas doses da


torta de filtro, proporcionaram efeitos semelhantes, quer como condicio-
nador de solo, favorecendo a germinação, quer como fertilizante influen-
ciando a produtividade agrícola, mostrando ainda que a redução da
complementação mineral não afetou significativamente a produção agrí-
cola ou a qualidade da matéria•prima.
ORGANOMINERAL NA CANA 109
1- Observe-se nas tabelas que, realmente, quando se empregou do-
ses duplas de fertilizante mineral na presença de fertilizante orgânico,
,. não houve diferença estatística na produção em relação às doses meno-
res.

Experimentos utilizando os resíduos da indústria sucroalcooleira


têm mostrado as vantagens da aplicação desses materiais como fertili-
1-
zante. O bagaço e a torta de filtro produzem melhores resultados quando
tratados pelo sistema de compostagem, pois o produto final apresenta-
se rico em húmus e já contendo parte da matéria orgânica transformada
.. em sais minerais, prontamente assimiláveis pelas raízes da cana-de-açú-
car.

Outra modalidade de aplicar o fertilizante obtido por compostagem


é associando-o com uma fórmula mineral. Experimento realizado na
COPERSUCAR mostrou a superioridade do organomineral preparado à
base de torta de filtro mais NPK e composto de bagaço, sobre a fórmula
contendo fertilizante mineral isoladamente (6).

O composto foi preparado usando como matéria-prima bagaço de


cana , tendo sido produzido pelo método da compostagem com pilhas
estáticas e aeração forçada; a análise mostrou a seguinte composição
do composto:

Nitrogênio total % 1,06


Fósforo - P O total% 1,90
Potássio - K2Ó total % 0,17
Carbono% 38,89
Relação C/N 37,1

Os tratamentos empregados estão na tabela 16.3.

Tabela 16.3. Quantidade de nutrientes minerais usados no experimen-


to, aplicados no sulco (S) ou em área total rn.
Tratamentos Nutrientes em kg/ha
Aplicação
.. t/ha N P206 ~o
Composto 5 SeT 53,0 95,0 8,5
Composto 10 SeT 106,0 190,0 17,0
Composto 60 SeT 530,0 950,0 85,0
.. Composto 100 SeT 1060,0 1900,0 170,00
Composto 5 + NPK SeT 79,6 228,0 141,0
Composto 1O + NPK SeT 132,6 323,0 150,0
Torta de filtro 5 + NPK s 78,1 173,5 ·t47,0
NPK s 26,6 133,0 133,0
Testemunha
11 O FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

A figura 16.3 visualiza a produção de alguns dos tratamentos do


experimento em questão.

160
A A A A
cu
..e
140
.,
.......
120

100

80

60

40

20

o
t/ha 50 100 50 100 5
TRATA- TORI.'A TES'1'E-
MENTO COMPOSTO COMPOSTO + NPK NPK MUNHA
DISTRI- ~REA
BUIÇÃO SULCO TOTAL SULCO

Figura 16.3. Efeito de doses de composto de bagaço de cana e da


associação organomineral torta de filtro mais NPK e só
NPK, aplicados no sulco e em área total, na produção de
cana-de-açúcar.
ORGANOMINERAL NA CENOURA 111

17. ORGANOMINERAL NA CENOURA


Na área experimental do Campos da Universidade
de Alfenas, MG, Bianchini e Bergamo (3) 9 instalaram um
experimento com a finalidade de avaliar o efeito da aplica-
ção de duas fontes de matéria orgânica associadas ou
não à adubação mineral, na presença e na ausência de
calagem, empregando como planta indicadora a cenoura
(Daucus carola L.) cultivar "Nantes".

A análise química de uma amostra do solo apresen-


tou o seguinte resultado:

pH p K• Ca+Mg Ca 2 • Mg 2• H+All-t Al3• V%

5,8 4 96 3, 1 2,9 0,2 3,2 O, 1 51

pH - em suspensão solo/água na proporção 1/2,5


P - fósforo solúvel em H 2S0 4 0,05 N, em ppm de P
K - potássio trocável, em ppm de K+
Ca, Mg e AI - trocáveis em e.mg/100ml de solo

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado,


em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Cada parcela continha
5 linhas de plantio espaçadas 0,20m, medindo 3,2m de comprimento,
recebendo dois níveis de calagem: ausência de calagem e calagem cal-
culada para elevar a saturação em bases (V%) para 70%. Cada parcela
foi dividida em quatro subparcelas com 0,8m de comprimento e com cin-
co linhas de plantio espaçadas 0,8m.

As adubações empregadas foram as seguintes:

- esterco de curral na dosagem de 50Uha;


- húmus de minhocário na dosagem de 50Uha; .
-fertilizante mineral, na dose de 2.500kg/ha da fórmula 4-14-8, mais
50Uha de esterco de curral;
- fertilizante mineral, na dose de 2.S00kg/ha da fórmula 4-14-8, mais
50t/ha de húmus de minhocário.

~ Hudson Carvalho Bianchini e Genevile Carife Bérgarno, Professores da Univer,iidade de Alfenas, MG.
112 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
Após 25 dias da germinação foi feito o desbaste, deixando 20 plan-
tas por metro linear e aplicando-se em seguida, uma adubação de cober-
tura de 250kg/ha de sulfato de amônio. A colheita foi realizada 104 dias
após a semeadura. A produção de cenouras está na Tabela 17.1.

Tabela 17 .1. Médias dos peso das raízes comerciáveis de cenoura, obti-
das na presença e na ausência de calagem, com duas
fontes de matéria orgânica combinadas ou não com adu-
bação mineral (3).

Com calagem Sem calagem


Adubação kg kg

Húmus 0,7200 b 0,7575 b


Esterco 0,7838 b 0,9388 b
Húmus+ NPK 1,6475 a 1,6362 a
Esterco+ NPK 1,7650 a 1,5425 a

Nota: As médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey, ao
nível de 5% de probabilidade.

A análise da variância dos dados de produção mostrou que o efeito


da calagem não foi significativo ao nível de 5% de probabilidade; os au-
tores sugerem que isto se deve ao fato de o solo não apresentar acidez
..
elevada e possuir teor médio de cálcio trocável.

Todavia, nas subparcelas, houve diferenças significativas para os


tratamentos em que se combinou a adubação orgânica e a adubação
mineral, em relação aos tratamentos só com adubação orgânica. Entre
as duas fontes de matéria orgânica não houve diferença significativa,
mesmo quando complementadas com adubação mineral.
1

'
O experimento demonstrou a interessante conclusão: como maté-
ria-prima orgânica a ser empregada no preparo do fertilizante
organomineral, não há diferença entre usar o esterco ou o húmus de
minhoca, tido como de melhor qualidade que o esterco de curral curtido,
e de preço mais elevado; no experimento, o esterco, mais barato, fez o
mesmo efeito que o húmus de minhoca na prodUção de raízes de cenou-
ra.

Em resumo, concluem os autores: "a adubação mineral associada


à orgânica provocou aumento, em média, de 100% na produção, quando
comparada com a aplicação apenas de matéria orgânica".
ORGANOMINERAL NA CANA 113
A figura 17 .1 realça a evidente influência da associação de fertili 4

zante orgânico com o fertilizante mineral.


2,0
~-
~
t-:3 1,6
"'M

1
,e
~
-
O)
Ctl

[ . ~
Q
e
co 1,2

; ....
).f
t,'I
1 o B
•r-4
,. ~ ~ 0,8 e B
O"

ge
,e
H
-Q)

0,4

'i
o,o
,
HUMUS ESTERCO HÚMUS ESTERCO
+ NPK + NPK
LEGENDA

- Com
1 ) Sem
calcário
cal.cário

Figura 17 .1 . Produção de raízes de cenouras obtidas em experimento


com e sem calagem e com fertilizante orgânico e
organomineral.
114 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

18. ORGANOMINERAL NO COQUEIRO


Em três plantações naturais de coqueiro gigante ( Co-
_ _ _ _ _ cos nucifera L.) de 5 anos de idade, situadas em três mu-
nicípios diferentes do Estado da Paraíba (Cabedelo,
Caaporã e Santa Rita), foi instalado um experimento de
adubação conduzido pelos engenheiros agrônomos
Te nó rio 10 , Rocha Filho 11 , Gomes 12 e Sarruge 13 • Os solos
desses municípios foram classificadc s como Latossolo
- - - - - Vermelho Amarelo, distrófico, de textura média, fase cer-
rado, relevo plano (61 ).

Os tratamentos constaram de adubação mineral e organomíneral,


assim planejados: NPK, NPK + esterco, NK + esterco e testemunha sem
adubo; as doses empregadas por planta foram: 400g de nitrogênio, na
forma de sulfato de amônia, 180g de P 20 5 , na forma de superfosfato
simples e 1200g de K2 0, na forma de cloreto de potássio. A mistura de
fertilizantes foi aplicada em torno do estipe do coqueiro em um raio de
1,5m, no início das chuvas (março), durante 4 anos consecutivos. Em
cada plantação, foi escolhida, ao acaso, uma área experimental constitu-
ída de quatro parcelas com 50 plantas. A partir da época da adubação, a
cada três meses durante os 4 anos de duração do experimento, foram
feitas colheitas trimestrais de cocos

Os resultados da produção de frutos por hectare estão, "de forma


resumida", na tabela 18.1. Os autores comentam que "as produções dos
coqueiros, tanto a de Cabedelo, como a de Santa Rita, tiveram compor-
tamento semelhante, isto é: as adubações NPK + esterco e NK + ester-
co, provocaram uma maior produção de frutos, do que a dos coqueiros
que não receberam adubação. No experimento em Caaporã observa-se
que somente a adubação NPK + esterco é que provocou aumento na
produção, em relação a dos coqueiros testemunha. Provavelmente ocor-
reu um efeito associado do fósforo e esterco, responsável pelo aumento
da produtividade, uma vez que, as demais adubações (NPK e NK + es-
terco) não promoveram aumento da produtividade".

'° Zelson Tenório, EMBRAPA, Paraiba.


11 José Vitaliano de C. Rocha Filho, Universidade Federal da Paralba.
12
Ivo Falcão Pereira Gomes, Secretaria da Agricultura do Estado da Paralba.
13
José Renato Sarruge, ESALQ, Ulniversidade de São Paulo.
ORGANOMINERAL NO COQUEIRO 115
Tabela 18.1. Produção de frytos (kg/ha) do coqueiro gigante, em três
municípios da.P·araíba , em função da adubação (61 ) .

Adubação
Localidade
Testemunha NPK NK + esterco NPK + esterco

Cabedelo 1.107 B 1.628 AB 2.220 A 2.257 A


Caaporã 1.803 8 2 .030 B 2.339 AB 2.905 A
Santa Rita 1.607 BC 1.021 e 2.553 A 2.327 AB

Médias acompanhadas de uma letra em comum na linha não diferem entre si ao nível de
5% pelo teste de Tukey (OMS= 747,10).

A figura 18.1 mostra as produções obtidas: as maiores produções


indicadas pelas letras A e B, seguindo-se as letras B e BC. Observe-se
na figura que, só no município de Santa Rita, o tratamento NPK, sem
esterco, teve produção inferior aos acima citados.

PROOOÇJ.O DB JPnOTOS DB COOOEIRO GIGANTP.

UI
....
o
....
UI
1v
o
w
(?
o o o o o
o o. o. .
o o . .
o

TES'l.HNIA IB
N p 1( 1 AB
CABEDELO N IC + ES'l"!!RCO lA
NPICl-.-. , ..-, l A

TESTEMJ!.IO. IB
N p !C 1B
CAAPORA N 'I'. + .....,..,·U{UJ ] AB
N P lt + ESI'mCO 1A

T ES 'l' EKM-1.A IBC '

N P lt 1e
N K T lli'.l'l:l(UJ l A
li P 1t + P'Sl'mCO 1 AB

Figura 18.1 . Produção de frutos de coqueiro gigante em kg/ha, obtida em


três localidades, usando-se fertilizante mineral e
organomineral.
116 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
"'I

19. ORGANOMINERAL NO EUCALIPTO


Como comentado no capítulo 6, de cada 100kg
de fósforo solúvel do fertilizante mineral (superfosfato,
DAP, MAP), aplicados na adubação de uma cultura, no
primeiro ano, apenas cerca de 25kg, ou uma quarta
parte da dose aplicada, são aproveitados pelas plan-
tas. Aplicam-se, portanto, quatro vezes mais fósforo do
que a planta absorve; isto pelo fato . já explicado, de
ocorrer no solo a reação química conhecida com o nome
de fixação, ou seja, a insolubilização desse nutriente
pelos óxidos de alumínio, ferro e manganês, formando fosfatos insolú-
veis desses metais, não assimiláveis pelas raízes.

A fração orgânica do fertilizante organomineral reduz essa fixação,


como foi explicado anteriormente, simplesmente misturando o fertilizan-
te fosfatado com matéria orgânica humificada, havendo com isso maior
aproveitamento do nutriente e empregando-se menor dose de fósforo.
Esse efeito do húmus está sendo chamado de "potencialização" dos nu-
trientes minerais. As afirmações da existência dessa potencialização eram
feitas com base em experimentos realizados em outros países, pois não
tínhamos resultados de pesquisas instaladas em nossas condições de
clima, solo e culturas. Felizmente, os experimentos estão surgindo e con-
firmando o efeito de potencialização dos nutrientes graças ao húmus
contido na matéria orgânica do fertilizante organomineral.

Sulzbacher e Koike (59) 14 instalaram um experimento em 1982, com


três anos de duração, em solo de cerrado classificado como. Latossolo
Vermelho Amarelo distrófico, pertencente à Fazenda Olho D'Agua 11, da
Siderúrgica Aliperti S/A, com partes nos Municípios de Uberlândia e de
Uberaba, MG_

Tendo em vista resultados anteriores utilizando o fertilizante com-


posto, quando se obteve bons resultados no desenvolvimento do
Euca/iptus sp, foi instalado este novo experimento, dizem os autores,
com o objetivo de estudar o efeito do composto associado ou não à for-
mulação 10-28-6 e/ou ao fosfato natural e calcário sobre aquela cultura.
o experimento teve ainda a finalidade de determinar a dosagem mais
adequada e econômica a ser empregada pela empresa na cultura do
Eucaliptus sa/igna Smith, em áreas do Triângulo Mineiro. ....

14 Gilberto F.S. Sulzbacher, engenheiro agrônomo, Diretor da S.A. Agro-Indústria Eldorado, SP a Emest-1
Go Kolke, engenholro Florestal da mesma fim1a.
:;-
ORGANOMINERAL NO EUCALIPTO 117
No experimento foram empregados oito tratamentos básicos :
calcário calcítico e/ou composto orgânico; fosfato natural e/ou composto
,. orgânico, tendo-se três níveis de fosfato natural (O, 1 e 2Uha}, três níveis
de calcário (O, 1 e 2Uha), três níveis de composto orgânico de lixo domi-
ciliar curado (O, 0,5 e 1,0kg/planta) e testemunha sem o tratamento bási-
co. Sobre estas áreas com tratamentos básicos foram locadas parcelas
com três níveis de fertilizante mineral da fórmula comercial 10-28-6 nas
doses O, 75 e 150 g/planta; foram também, designadas parcelas para
avaliação e confrontação com as que receberam composto orgânico,
aplicando-se 150g da fórmula 10-28-6 por planta isolada ou associada
aos tratamentos básicos (com calcário e fosfato natural).

Os resultados obtidos aos 3 anos de idade dos eucaliptos estão na


tabela 19. 1, indicados em média de volume do tronco na altura do peito
(VAP), como é praxe se determinar em ciência florestal.

Para melhor visualização, os dados estão representados na figura


19.1 . -

Os resultados permitiram, segundo os autores, as seguintes con-


clusões:
A dosagem de 0,5kg de composto por planta não apresentou
resultado superior em relação à testemunha (sem adubo).
Os tratamentos envolvendo 1,0kg de composto mais 150g de
NPK apresentaram melhores resultados, ao lado dos tratamen-
tos com 1,0kg de composto mais 75g de NPK, sendo verifica-
dos resultados semelhantes entre ambos.
Com a aplicação de 0,5kg de composto mais 75g de NPK (10-
28-6) por planta, o resultado está sendo semelhante ao da do-
sagem de 150g de NPK, por planta.
O resultado da aplicação de 1,0kg de composto somente, foi
inferior à dosagem comercial da empresa ( 150g de NPK/plan-
ta).
Houve uma resposta superior ao NPK e/ou composto sobre os
resultados de volume, em relação aos obtidos com calcário ou
fosfato natural.
O composto vem apresentando respostas altamente significati-
vas na dosagem de 1,0kg/planta, quando associado ao adubo
mineral, nas doses de 75 e 150 gramas de NPK da fórmula 10-
28-6.

Comentam, finalmente que, "pelos resultados obtidos, poderá ser


estudada uma redução no consumo de adubo mineral empregado
118 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
atualmente pela empresa, mantendo-se os mesmos níveis de incremen-
to da população comercial a um custo menor".

Como explicação dessa potencialização que o fertilizante orgânico


realiza , os autores do experimento sugerem, acertadamente, que "isto é
explicado pela capacidade do adubo orgânico poder reter certos nutrien-
tes do fertilizante mineral, contra a lavagem pelas águas das chuvas que
infiltram e pereciam no solo. Esta retenção é realizada nos solos pelas
argilas e pela matéria orgânica, podendo em solos arenosos, como de
certos cerrados, pobres em argila, a retenção ficar a cargo quase que só
da matéria orgânica existente ou a eles adicionada".

Tabela 19.1. Efeito da adubação mineral, da adubação orgânica, da


calagem e da fosfatagem sobre o volume clíndrico {VAP)
de um povoamento de eucalipto de três anos de idade (59).

Emkg s/CO s/CO ½CO ½CO ½CO 1 co 1 co 1 co

Emg NPK-0 NPK- NPK-0 NPK- NPK- NPK-0 NPK- NPK-


150 75 150 75 150
Emt

2Calc. 29,5 51,0 32,7 48,7 53,4 36,8 54,0 56,8


e AB e AB A BC A A
1 Cale. 34,1 49,8 32,4 45,3 55,2 37,3 54,7 65,5
D BC D BCD AB CD AB A
1 Fosf. 36,6 43,4 36,6 49,3 49,3 33,9 59,5 57,7
CB BCO CD ABC ABC D A AB
2 Fosf. 37,5 41,8 39,4 49,4 51,2 35,0 50,7 57,0
BC BC BC AB AB e AB A
o 25,4 50,6 26,2 49,7 55,3 . 35,5 55,6 64,2
D AB D BC AB CD AB A

Média 32,6 47,3 33,5 48,5 52,9 35,7 54,9 60,2

Médias com letras iguais não diferem significativamente entre si ao nlvel de 5%


Leg.: CO, composto orgânico; Cal., calcário; Fosf., fosfato natural.
ORGANOMINERAL NO COQUEIRO 119

1 ~ 1 kg compoato; 1~0 g NPK . 1 A

...aJ
li)
- 1 kg composto; 75 g NPK IA
+-
()
o -
.e 1/2 kg composto; 150 g NPK IA
'-
o
a. - Sem compoatoi 160 g NPK 1 AB
-...
,(IJ
o
()
- 1/2 kg composto: 76 g NPK l AB
ci
o -
~
1 kg composto; aem NPK lec
'Tl
~ - 1/2 kg compoat0: sem NPK jc
t'-.1

1
- Sem composto; aem NPK 1c
-
o
E ""
- Teatemunha absoluta lD
CI ~ t 1
' 1 1 1

10 20 30 -40 50 60
VOLUME CILINOOICO POR HECTARE

Figura 19.1 . Produção de eucalipto com fertilizante orgânico associado


a mineral, na presença de calcário.

Ao efetuarem o corte do eucalipto os autores ficaram tão impressi-


onados com a diferença de produção entre a adubação organomineral e
a testemunha, sem adubação, que resolveram registrar esses dois cor-
tes de madeira com uma foto, como mostrado na figura 19.2.
120 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS T

...
Figura 19.2. A foto mostra a alta produção de madeira com o emprego
do fertilizante organomineral comparada com a baixa pro-
dução do tratamento testemunha absoluta, solo sem ne-
nhuma adubação (Gentileza dos autores do experimento). ..

'
ORGANOMINERAL NO CAFÉ 121

20. ORGANOMINERAL NO FEIJÃO

Os fertilizantes são os produtos mais usados para


o fornecimento de nutrientes às plantas. Todavia, desde
que a legislação brasileira criou a categoria do fertilizan-
te organomineral, a produção e o consumo deste adubo
vem aumentando . Os ·a deptos da adubação
organomineral afirmam que a associação dos célebres
NPK com matéria orgânica humifícada , promove a
proteção do ion fosfato, evitando sua fixação pelo solo;
que a disponibilidade do niutrogênio é mais lenta e graduai· e que o po-
tássio é adsorvido em parte pelo húmus evitando sua lavagem pelas águas
da chuva; enfim , essa associação melhora o fornecimento de macros e
micronutrientes às raízes. Conseqüentemente, a respiração vegetal e a
fotossíntese são beneficiadas.

20.1. Experimento com cultivar Rio Tibagi: Com o objetivo de


obter dados sobre a eficiência do fertilizante organomineral , a EMBRAPA
- Centro de Pesquisas Agropecuárias de Terras Baixas - CPATB, insta-
lou um experimento de campo situado dentro de sua área experimental,
usando como planta indicadora o feijoeiro cultivar Rio Tibagi , que tem por
caracteristica crescimento indeterminado (Tipo li) , apresentando uma ou
duas ramas principais eretas e terminando em gemas vegetativas; a planta
é do tipo arbustivo, com guias curtas, flor violeta, semente com coloração
preto fosco , vagem madura cor de palha, apresentando ciclo de 90 dias
(12).

O Experimento foi conduzido com delineamento experimental em


blocos ao acaso com quatro repetições, conforme tabela 20.1.

A análise estatística mostrou que o tratamento organomineral na


dose de 350kg/ha (56kg de NPK) foi o mais produtivo, mas não diferiu
pelo teste de Duncan a 1% , do tratamento só com 350kg/ha de fertilizan-
te mineral (182kg de NPK) (tabela 20.2). Considerando que a soma de
NPK empregada nos tratamentos com organomineral foi sempre 3,25
vezes menor do que as utilizadas nas fórmulas de fertilizantes minerais e
que, as produções obtidas foram estatisticamente semelhantes, fica com-
provada, mais uma vez, que a matéria orgânica, quando associada com
fertilizantes minerais , potencializa os nutrientes NPK.
122 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Tabela 20.1. Doses dos adubos utilizados e respetivas concentrações de


nutrientes totais (12).

Nutrientes tota is (kg/ha) SomadeNPK


Tratamentos
N P20 5, K2 0 kg/ha

1. Organonineral 4,5 15,0 4 ,5 24


150 kg/ha
2. Organomineral 7,5 25,0 7 ,5 40
250 kg/ha
3. Organomineral 10,5 35,0 10,5 56
350 kg/ha
4. Ad. Mineral 6,0 42 ,0 30,0 78
150 kg/ha
5. Ad . Mineral 10,0 70,0 · 50,0 130
250 kg/ha
6. Ad. Mineral 14,0 98 ,0 70,0 182
350 kg/ha
7. Testemunha 00

Tabela 20.2. Produção de matéria seca do feijão (cv. Tibagi) em relação


aos tratamentos utilizados (12).

Tratamentos Matéria seca (kg/ha)

1. Organomineral (350 kg/ha) 745,30 A


2. Ad. mineral (350 kg/ha) 712.39 A
3. Ad. mineral (250 kg/ha) 693,22 A
4. Ad. mineral (150 kg/ha) 687,18 A
5. Organomineral (250 kg/ha) 681 ,56 A
6. Organomineral (150 kg/ha) 667,70 A
7. Testemunha 558,95 B

* Médias seguidas por letras distintas diferem entre si ao nível de significância


(Duncan, 5%).

A figura 20.1 evidencia que, quantidades muito maiores de fertili-


zantes minerais produziriam praticamente as mesmas safras obtidas com
os fertilizantes organominerais com menores concentrações de NPK.

1•
ORGANOMINERAL NO FEIJÃO
123

'ifcxr
~
200

-
......
!,6
700
180

111)
181
k,.,,,,
do
Nl'K
"'r.
~.
.,,
...
N,I(
roo

g 141 500
,e

..
u
- 1211
~ ,
IJO
k!J/l'a

o
,<(

.....
,e
,,: MIO
z
.,
HPI(
400<>
::>
o
o
cr
0
,e
....
,.
.,,..
JOO a.

-
::(
o Ili

....• NPI( 200

- ---
511
40

100
2111 • A A A
A 1l A
o
RWTIUZAaTIE FEI\TIUZANTE PI\ODUCÁO PRODUÇÃO
~ tffl::IU'lAL NIH'I.RAL 01\GJVoO. JERTllll.ANT l HSTE ,
N'UCN)O MUCADO MINERAL liiAlNf.AAL MUHHA

Figura 20.1. Comparação entre quantidade de NPK aplicadas nas for-


mas de fertilizantes organomineral e mineral, entre as res-
pectivas produções de feijão.

T
124 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

20.2. Experimento com a variedade carioquinha. Com o objeti-


vo de comparar o efeito de doses crescentes de fertilizantes minerais 1 ..
'
com um fertilizante organomineral, obtido experimentalmente a partir do
linhito, foi instalado um experimento de campo em solo Brunizem
(HAPLUDALF) de Bagé , Rio Grande do Sul, usando como planta
indicadora o feijoeiro variedade carioquinha (38) 15 •

As doses utilizadas foram 50-40-1 O; 33,3-26,6-6,6 e 16,6-13,3-3,3kg/


ha de N- P 20 5 e K 2O, respectivamente, para ambas as fontes de fertili-
zantes, doses essas correspondentes a 3/3, 2/3 e 11:. da recomendada
pelos técnicos (50) . O delineamento experimental foi em blocos ao acaso
com 4 repetições.

O fertilizante organomineral foi obtido, experimentalmente, pelo


mesmo processo empregado na indústria, isto é, neutralizando o linhito
com bicarbonato de sódio a 1% e calcário "filler" na proporção de 6%; ao
linhito foi acrescentado fosfato natural de Araxá, uréia e cloreto de potás-
sio nas proporções de 13,0; 12,3 e 1,85% respectivamente; posterior-
mente, como se fez na indústria, a mistura organomineral foi aquecida a
80º Celsius ; após secagem ao ar foi adicionado superfosfato triplo na
proporção de 7,7%, obtendo-se ao final , um organomineral com a formu-
lação 5-4-1 . ..

A análise química do organomineral preparado experimentalmente


revelou a seguinte composição: nitrogênio total, 6 , 1%; fósforo total, 7,7%
e solúvel em citrato neutro de amônio, 4,0%; potássio, 2,5%. Segundo os ..
autores, esse teor de nutrientes acima do esperado pode Ter sido devido
à contribuição do linhito, que acusa presença de nitrogênio e potássio
em pequenas quantidades. Para efeito de cálculo foi considerada como
composição a formulação 5-4-1 .

Os rendimentos médios do feijoeiro em função das doses e fontes


de fertilizantes estão na tabela 20. 3.

•~ Jaime W.V de Mello, Eng . Agr , Proressor da Factildade de Agronomia. FundaçAo Attila Taborda •
Faculdade Unida de Bagé, RS . Elvo Pomall1, Eng. Agr., Assistente de Pesquisa da Carbosul ·
Agroqulmlca , Bagé, RS
1

1 1

; l.1.
Ir

ORGANOMINERAL NO CAFÉ 125


Tabela 20.3. Produção de grãos (g/planta) sob diferentes formas de fer-
tilizantes (médias de 4 repetições) (38).

Doses (kg/ha) Fertilizantes

Organomineral Mineral

16,6 - 13,3- 3,3 12,73 a 8,26 b


33,3 - 26,6 - 6,6 12.,17 a 7,25 b
50-40-10 7,39 b 8,03 b

Testemunha 7,45 b

Tabela 20.4. Análise estatística do rendimento médio (g/planta) do feijoeiro,


para doses dentro das fontes fertilizantes, com inclusão do
tratamento testemunha.

Causas da Variação F OMS Tukey

Fontes de fertilizantes 10,86* 1,38


Doses da fonte organomineral 9,01* 3,71
Doses da fonte mineral 0,25ns
..
Causa de variação: 21,25%
*= Significativo ao nivel de 5%.
Ns = Não significativo ao nível de 5% .

..
Referindo-se aos dados de rendimento da tabela 20.3 afirmam os
autores: "estes dados revelam uma superioridade do fertilizante organo-
mineral em relação ao mineral, sendo que as plantas responderam indi-
vidualmente à adubação, somente quando os nutrientes foram forneci-
dos em mistura com o linhito tratado. Neste caso, doses de 33,3 - 26,6 -
6,6 kg/ha de N-P 20 5 e K20 na forma organomineral foram suficientes
para produzir aumentos significativos no rendimento médio por planta
para o feijoeiro. Considerando-se que a r~dução do "stand" não se deu
uniformemente ao longo das parcelas, nao se pode afirmar que o au-
mento no rendimento médio por planta foi conseqüência exclusiva da
menor competição entre plantas na linha, com melhor aproveitamento
dos nutrientes naqueles tratamentos onde o "stand" era menor. Isto leva
.. a crer que, pelo menos em parte_, estes resultados se devam à maior
eficiência do fertilizante organo-m1neral, demonstrando que o linhito, se
convenientemente tratado, pode representar uma fonte alternativa de
matéria-prima para produção de fertilizantes organo-mineraisu.
-'!

126 FERTILIZANTE~ ORGANOMINERAIS


11
Nas conclusões do trabalho os autores dizem: 0s resultados obti-
dos, nas condições do presente experimento, permitem concluir que a
cultura do feijoeiro não respondeu ao aumento das doses de fertilizantes
minerais, sendo que doses a partir de 33,3 - 26,6 - 6,6 kg/ha de N-P O
e K~O, respectivamente, foram suficientes para aumentar o rendime~tó
méaio por planta, quando na forma de fertilizante organo-mineral".

20.3. Experimento em solo de cerrado: Solos de cerrado são


geralmente pobres em matéria orgânica e minerais de argila ,
aprensentando problemas de retenção de fertilizantes minerais. Com o
intuito de estudar o comportamento do feijoeiro em tais solos foi instala-
do um experimento empregando-se um fertilizante organomineral, pro-
curando-se "conhecer o potencial deste adubo na substituição nitrogenada . 1

em cobertura e na produtividade da cultura do feijão tipo carioca Para


11
• I,
isso, Junqueira Neto 16 e colaboradores (30) instalaram um experimento
de campo na Fazenda Sucuriú, Município da Morada Nova, MG, em área
de cerrado típico, irrigado por pivô central.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados com três


repetições, envolvendo 4 níveis de fertilizantes organomineral e 4 níveis
de fertilizante nitrogenado em cobertura; todos os tratamentos recebe-
ram adubação básica no plantio de 400 kg/ha da fórmula 5 - 25 - 15 e
duas adubações foliares contendo 3 kg de uréia, 3 kg de sulfato de zinco
e 0,8 kg de ácido bórico aplicados aos 25 e 60 dias após a emergência
qo feijoeiro.

Os resultados obtidos, segundo os autores, "mostraram diferença


r
estatística ao nível de 99% de probabilidade, sendo a melhor média a do
tratamento número 13, seguido pelos tratamentos 4, 12, 5, 1O, 11, 9, 8, 6, '
7, 3 e 2, que não diferiram estatisticamente entre si", como mostrado na
l1
figura 20.2.

Os autores concluíram que houve efeito benéfico do fertilizante


organomineral sobre a produtividade do feijoeiro, sendo o melhor trata-
mento e o mais econômico o de número 4 (200 kg/ha de organomineral e
20 kg/ha de nitrogênio em cobertura), cuja produção foi 25,49% maior
que o testemunha.
1
1

\
1

l
10
Professor11tular da Escola Superior de Agricultura de Lavras, Lavras, MG.
!
.,.
ORGANOMINERAL NO CAFÉ 127

.,. A

o WIO
I<(
l>
::>
Q lJ;O
• o·
ti:
a.
>

:,.

,.

r cm a>-
bem,-
n
rr Tcat&at*S' u
mblaoa
11 lt 11
' li 1J 14

1-·. . .
1

L
1
r.n- - ... 11/11

1
U.GENDA:

N1"1 d, doa"'" lpibdo"' - .. 11/11

Figura 20.2. Efeito de dosagens de fertilizante organomineral associa-


dos a nlveis de nitrogênio, em cobertura, sobre a produti-
vidade do feijoeiro.
128 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

21. ORGANOMINERAL NO MILHO

O milho é, como o trigo e o arroz, um dos cereais mais


cultivados no mundo, sendo largamente empregado em mui-
tos produtos industrializados. O milho oferece a vantagem
de ser utilizado tanto na alimentação humana, como ani-
mal.

Para se determinar a quantidade de fertilizante que deve ser em-


pregada em uma cultura, os agrônomos lançam mão de vários expedien-
tes. Conhecendo-se a composição química da planta, sabe-se a quanti-
dade de nutrientes exigidos; no caso do milho, os grãos são mais ricos
em nitrogênio, seguindo-se o potássio e o fósforo, como mostra a Tabela
21.1. Fazendo-se a análise do solo, fica-se conhecendo sua disponibili-
dade em nutrientes; com esses dados pode-se montar um experimento
agrícola que indicará, para cada solo e cada cultura, a quantidade de
fertilizante a ser empregada. Como os livros trazem tabelas indicando as
exigências das culturas, para instalar um experimento de adubação, o
pesquisador analisa o solo e planeja as dosagens de fertilizantes a se-
rem testadas. Foi exatamente isso que Souza 17 (58) fez ao montar seu
experimento de adubação do milho com fertilizante organomineral.

O experimento foi montado no campo, em solo classificado como


Latossolo Vermelho Escuro. Sabendo-se que cerca de 90% dos solos
brasileiros apresentam reação entre levemente ácida a ácida, foi efetuada
uma calagem do terreno. Presentemente os agrônomos estão recomen-
dando que o calcário a ser aplicado seja calculado em função da satura-
ção em bases do solo.

Tabela 21.1. Exigência de nutrientes pela cultura do milho, em quilogra-


mas por hectare (33).
Milho Colheita Exigências em kg/ha
1 1
Vha N p K Ca Mg s
. 1

1
Grãos 5 115 28 35 2 10 11
I' Restos
Total
10
15
55
170
7
35
140
175
25
27
29
39
8
19

17 Euclides C.A. de Souza, Professor da Universidade Estadual Paulista, UNESP, Jaboticabal, SP.

1 '.

1 f.
ORGANOMINERAL NO MILHO 129
r A tabela 21 .2 dá as características do solo do experimento. Por ela
se vê que a soma das bases cálcio mais magnésio, mais potássio, cátions
não ácidos , é de 0,46 me/100 cm 3 de solo, enquanto a soma do hidrogênio
mais alumínio (cátions responsáveis pela acidez do solo) é 3,60 me/100
cm 3 . Por regra de três encontra-se que a saturação em bases do solo é
de 11 ,33% e que o hidrogênio mais alumínio correspondem a 88,67°/o .
..,. Os solos cultivados devem ter saturação em bases (V°lc>) acima de 50%, e
no caso da cultura do milho, a saturação em base foi elevada pela calagem
a 60%; com isso o H + AI ficou reduzido a 40% .
...
Tabela 21 .2. Composição do Latossolo Vermelho Escuro do experimen-
to (58).

Características Valores

lndice pH em CaCl 2 0,01 M 4.4


Matéria orgânica 1,55%
;,,. Fósforo (extraido por resina) 15 µg/cm 3
Potássio (K~) 0,10 me/ cm 3
Cálcio (Ca 2•) 0,12 me/ crn 3
Magnésio (Mg 2•) 0,24 me/ cm 3
Hidrogênio + alumínio (H' + AP•) 3,60 me/ cm 3

r
Em experimento de campo espera-se que a maior parte dos trata-
mentos que receberam adubação, apresente resultados acima do produ-
zido pela testemunha. Se nenhum tratamento for superior à testemunha
o experimento indica que não houve efeito dos adubos, e que eles não
são necessários a esse solo. No caso presente todos os tratamentos
foram superiores à testemunha.

O autor fez a análise do retorno econômico do experimento; este


cálculo se faz subtraindo-se o valor da produção obtida com o tratamento
testemunha, sem adubação, dos obtidos com o emprego do fertilizante
organorninal; tem-se assim os aumentos de produção graças às fertiliza-
ções; transformam-se, agora, essas produções em dinheiro, multiplican-
do-as pelo valor do milho no mercado; a seguir, calcula-se em quanto
ficou cada dose de fertilizante e, finalmente, divide-se o valor encontrado
para o milh~, pe_lo ~usto do fertilizante empregado e~ ca?a tratamento; o
número obtido indica quantas vezes rendeu , em dinheiro, a adubação
empregada. No experimento, os retornos foram os seguintes:
130 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Fertilizante organomineral aplicado Retomo econômico


em kg/ha obtido

400 8,78
800 4,72
1200 3,12
1600 2,35
2000 0 ,18

A figura 21.1 mostra, objetivamente, as produções obtidas com as


dosagens crescentes de fertilizantes, as quais foram ~uperiores à teste-
munha, mas não se mostraram estatisticamente diferentes entre si; isto
quer dizer que no experimento, aumentando as doses de 400 para 800
quilogramas de fertilizantes por hectare, ou mais, a produção não au-
mentou significativamente; mostra ainda que os retornos econômicos
foram cada vez menores à medida que foram aumentadas as quantida-
des de fertilizante, indicando que a dose de 400 kg/ha produziu o dobro
do tratamento testemunha, sem adubo, cujo retorno econômico (8,78) foi
o maior de todos.


o
g
:e
~G
8
l&.I
o
za: 4 4000 O

~
,e{
e.>
a: =>
o
o
cr
2000 o..

o
1200 1600 2000 O
KG/HA DE FERTILIZANTE ORGANO-MINERAL

LEGENDA li
RETORNO PRODUÇÃO

1 1
figura 21.1. Produção de milho e retorno econômico obtido com diferen-
tes dosagens de fertilizante organomineral.

u'.
r

ORGANOMINERAL NO TRIGO 131


..

22. ORGANOMINERAL NO TRIGO


Em 1986 foi conduzido um experimento de adu-
bação de trigo em solo arenoso, pertencente à unidade
de mapeamento "Santa Tecla", localizado no Campus
Rural da FAT-FunBA, Faculdade de Agronomia de Bagé,
RS. O objetivo do experimento foi comparar a eficiência
do fertilizante organomineral com a do fertilizante mine-
ral na cultura do trigo. O trabalho de pesquisa foi condu-
zido pelo Prof. Dr. Jaime Wilson V. Mello com a colabo-
ração de dois alunos (39).

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 4 repeti-


ções; os tratamentos constaram de doses de nitrogênio, fósforo e potás-
sio, nas formas mineral e organomineral, num total de 12 tratamentos
assim planejados: dose de N-P-K, conforme a Recomendação de Adu-
bação e Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina
(50) e metade dessa dose; dose de P e K completa e meia dose de N;
dose de N e K completa e meia dose de P; dose de N e P completa e
meia dose de K. Além desses tratamentos constaram do experimento
mais 8 parcelas testemunhas, sem nenhuma adubação. Correspondendo
aos tratamentos com fertilizantes minerais, idênticas dosagens foram
preparadas com fertilizante organomineral, isto é, ½ dose de N e dose
inteira de PK; ½ dose de P e dose inteira de NK; ½ dose de K e dose
inteira de NP, como mostra a tabela 22.1.

As parcelas mediam 4 x 25m tendo sido plantadas com o trigo cul-


tivar Mascarenhas. O efeito dos tratamentos foi avaliado pela produção
de grãos, tendo sido escolhidos 5,0 m 2 de cada parcela.

A análise estatística das 48 parcelas, cujas médias estão represen-


tadas na tabela 22.1 permitem as seguintes conclusões:

1. A produção média nos tratamentos ~d~bados (780 g/parcela) foi


superior à da testemunha (374 g/parcela), tndIcando que a cultura res-
pondeu bem à adubação.

2. Para as cinco doses em conjunto, isto é, no experimento como


um todo não houve diferença significativa entre a produção obtida com
0 fertiliz~nte organomineral (mé~ia 828 g) ~ a obtida com o mineral (mé-
dia 731 g) indicando que os dois adubos tiveram o mesmo valor fertili-
zante. Ent~etanto, a produção obtida com a dose K/2 + NP na forma de
132 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
organomineral (830 g) foi significativamente superior à obtida com igual
dose na forma mineral (555 g) . A figura 22.1 mostra as produções de
trigo, onde se percebe melhor a diferença entre os tratamentos que rece-
beram adubação e o tratamento testemunha, bem como o alto valor do
fertilizante organomineral.

Tabela 22.1. Produção média de trigo em função da dose e da natureza


do fertilizante aplicado (39).
Fertilizante
Dose
Organomineral mineral Média

grama por parcela

NPK/2 538 Ab 633 Aa 585 b


N/2 + PK 900Aa 698Aa 798 ab
P/2 + NK 898 Aa 888 Aa 892 a
K/2 + NP 830 Aab 555 Ba 692 ab
NPK 975 Aa 833Aa 929 a
Média 828A 731 A 780A
Obs.: - Produção da testemunha (sem adubo): 374 g/parcela
- Médias acompanhadas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferen-
ciam entre si pelo teste de Tukey ao nlvel de 5%.
-Coeficiente de variação: 23,02%

1 DOO f l.000

9001 1)()0

liOO
800

700
100
:s

1
Ul
u
a:
io
~ 400
.,,
llOO

500 l 000

soo

-'00
1 1
w
fl300 f :)00
=>
o
O
...
a:
200 1• 200

100
IDO
. 1.

1 I N'I' ~
:r
Nrtc Tlõ1'TliMUNIIA
IUMAOU801

TRATAll,ll!NTOii
L~Ol!HD4: OM - l'liRTILIZANTE ORflANO lwUNl¼flAL

M - f'l?OTILtZANTf; Mlm!t'1AI..

Figura 22. 1. Produções médias de trigo em função de doses de ~PK


aplicadas na forma de fertilizantes organomlneral e mine-
ral.
CONCLUSÃO 133
..
,-

,.. 23. CONCLUINDO ...


Conforme comentado no Capítulo 1, por mais de
dois milênios os agricultores de todo o mundo adubaram
suas terras unicamente com fertilizantes orgânicos, pois
inexistiam os fertilizantes minerais.
,.
Nestes últimos 140 anos a maior parte dos agricul-
...,_ _. tores do ocidente vêm adubando as terras principalmen-
te com fertilizantes minerais.

Presentemente está cada vez mais disseminada a campanha da


adubação unicamente orgânica, voltando às origens q1;1anto à maneira
de fertilizar o solo, abolindo os fertilizantes minerais. E a denominada
agricultura orgânica ou alternativa, produzindo alimentos ditos isentos de
,..
"contaminantes químicos".

Eliminar completamente o emprego de fertilizantes minerais é, pelo


menos no momento, uma insensatez.

Já foi dito que, se todas as fábricas do mundo parassem hoje de


fabricar fertilizantes minerais, haveria uma imensa mortalidade de pes-
soas , já que não se conseguiria produzir alimentos para todos. Tudo pelo
)- fato da agricultura atual estar dependente dos fertilizantes minerais para
obtenção de boas safras.
l.
As jazidas de minerais fosfatados e, possivelmente as de minerais
potássicos, segundo se prevê. dentro de mais um a dois séculos se es-
gotarão. São insumos ditos irrenováveis, diferentemente dos orgânicos,
sabidamente renováveis.

Não devemos ser tão radicais decidindo adubar as terras de cultu-


ra exclusivamente com fertilizantes minerais ou empregando apenas os
orgânicos.

A solução no momento é a adoção do fertilizante organomineral


economizando em quantidade os fertilizantes minerais, por ter fórmul~
com menor concentração em NPK e ser fabricado em associação com 0
134 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

fertilizante orgânico, o qual potencializa os efeitos dos nutrientes mine-


rais, a serem postos à disposição das raízes das plantas.
Lembrar que para as plantas, tanto faz os nutrientes virem de ferti-
lizantes minerais ou da mineralização da matéria orgânica; quimicamen-
te falando, o nitrogênio na forma dos radicais NH/ ou NO 3·, fosfato como
radical H 2 PO / e o potássio na forma de cátion K♦, são absorvidos pelas
raízes nessas formas, como já foi dito, independentemente de sua ori-
gem, quer mineral ou quer orgânica.

Por que razão não empregar mais fertilizante organomineral nas


nossas plantações, se a própria natureza o cria e utiliza para a nutrição
vegetal das matas e florestas?

11
- - -- -- - - -- - - - -

BIBLIOGRAFIA 135

BIBLIOGRAFIA
,..
1 - ALLISON, F.E. Soíl organic matter and its role in crop production. New
.. York: Elsevier Scientific, 1973. 637p.

2 - BARROS, V.W.; FIGUEIREDO, J.P. ; SANTINATO, R. Estudos de novas fon-


tes de matéria orgtmica para substrato na formação de mudas de café.
.. ln: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 8.,
1980, Campos do Jordão. Resumos ... Rio de Janeiro: IBC, 1980. p.291-
:=-
293.

3 - BIANCHINI, H.C.; BERGAMO, G.C. Influência da calagem e da adubação


,.. orgânica e mineral na cultura da cenoura (Daucus carola L.). Revista
da Universidade de Alfenas, Alfenas, n.3, set. 1992.

4 - BLANCHET, R. Influência de los coloides húmicos sobre diferentes fase de la


1
absorción de los elementos minerales por la planta. Revista de La
Potassa, Secion 3, p.1-3, sept. 1957.
r 5 - BREINDENBACH, A. Composting of municipal solid wastes in the United
States . Washington: Environmental Protection Agency, 1971. 103p. (An
Environmental Protection in the Solid Waste Management Series, SW-
47r).

r 6 - CARDOSO, C.O.N . Utilização de composto no plantio de cana de ano e


meio. Boletim Técnico COPERSUCAR, São Paulo, v.33, p.25-30, dez.
1985.

r
1
7 - CHAMINADE, R. Influência dei humus en la nutricion mineral de los vegetales.
Revista de La Potassa, Sept.3, p.1-4, mayo 1954. Separata de Annales
Agronomiques, Paris, ene./fev. 1952.
f
a- CHAMINADE, R. Nouvelles recherches sur les composés phosphohumiques.
Annales Agronomiques, Paris, v.16, n.3, p.229-2'40, jul/sepl 1945.

g - CHAMINADE, R. Role specifique de la matiere organique sur la nutrition et le


rendement des vegetaux. ln: POTIFICIA ACADEMIA SCIENTIARUM.
Organic matter and soil fertillty. New York: John Wiley, 1968, p.77 1-
804.

10 _ COLETI, J.T. ; LORENZETTI , J.M. ; FREITAS, P.G.R. de; CORBINI, J.L.;


WALDER, L.A.M. Usos de produtos de compostagem em comparação
com torta de filtro na adubação da cana-planta. ln: CONGRESSO NA-

1
136 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
CIONAL DA SOCIEDADE DOS TÉCNICOS AÇUCAREIROS E
ALCOOLEIROS DO BRASIL, 3., 1984, São Paulo. Anais .. . s.1.: STAB,
1984. P.85-89.

11 - COOKE, G.W. The control of soil fertility. London: Crosby Lockwood,


1967. 526p.

12 - CORDEIRO, D.S.; VIGHI , L.C. Estudo comparativo entre adubação mi-


neral e adubação organomineral: relatório técnico de pesquisa.
Pelotas: EMBRAPA, CPATB, s.d. 4p.

13-COURY, T.; MALAVOLTA, E.; RANZANI, R. As tortas de cacau e de mamona


na adubação da cana. Anais da Escola Superior de Agricultura "Luiz
de Queiroz" , Piracicaba, v.10, p.31-35, 1953.

14 - EL BARUNI, B.; OLSEN, S.R. Effect of manure on solubility of phosphorus


in calcareous soils. Soil Science, Baltimore, v.128, n.4, p.219-225, 1979.

15- FASSBENDER, H.W. Química de suelos: com énfasis en suelos de America


Latina. San Jose: IICA, 1982. 388p.

16 - GODOY JR, C. ; GRANER, E.A Adubação do café. VI. Características do


fruto e do grão no segundo ano de colheita. Revista de Agricultura ,
Piracicaba, v.38, n.3, p.111-117, 1963.

17 - GODOY JR, C.; GRANER, E.A. Adubação do café. IX. Produção, rendimen-
to, qualidade da bebida e características do fruto e do grão no terceiro
ano de colheita. Revista de Agricultura, Piracicaba, v.45, n.1, p.40-
45, 1970.

18 - GODOY JR, C.; GRANER, E.A. ; ORSI, E.W.L. Adubação do café. Ili. Pro-
dução, rendimento, qualidade da bebida na primeira colheita. Revista
de Agricultura, Piracicaba, v.37, n.4, p.141-149, 1962.

19 - GODQY JR, C.; GRANER, E.A.; GODOU, O.P. Adubação do café. 1. Re-
sultados do primeiro ano de adubação efetuada nas covas por ocasião
do plantio. Revista de Agricultura, Piracicaba, v.35, n.2, p.97-108,
1960.

20-GODOY JR, C.; GRANER, E.A.; GODOY, O.P. Adubação do café. V. Resul-
tados do terceiro ano de adubação no desenvolvimento vegetativo.
1 1 Revista de Agricultura, Piracicaba, v.38, n.2, p.53-57, 1963.

21 - GRANER, E.A.; GODOY JR, C. Adubação do café. VII. Produção, rendi-


mento e qualidade da bebida no segundo ano de colheita. Revista de
Agricultura , Piracicaba, v.39, n.2, p.61-67, 1964.
BIBLIOGRAFIA 137
r
22 - GRANER, E.'A. ; GOOOY JR, C. Adubação do café X. Produção, rendimento,
qualidade da bebida e características do fruto e do grão no quarto ano
de colheita. Revista de Agricultura , Piracicaba, v.45, n .1, p.40-45,
1970.
,..
23 - GRANER, E.A; GODOY JR., C.; TOLEDO, F.F. Adubação do café. IV.
... Características dos frutos e do grão na primeira colheita. Revista de
Agricultura, Piracicaba, v.37, n.4, p.189-196, 1962.

24 - GRANER, E.A; GODOY JR, C.; GODOY, O.P. Adubação do café. li. Resul-
tados do segundo ano de adubação no desenvolvimento vegetativo.
Revista de Agricultura, Piracicaba, v.36, n.3, p.199-206, 1961.

25 - GRANER, E.A ; GOOOY JR, C.; GODOY, O.P. Adubação do café. VIII.
Resultados do quarto ano de adubação no desenvolvimento vegetativo.
,.. Revista de Agricultura, Piracicaba, v.43, n.1 , p.43-47, 1968.

26 - GUIMARÃES, A.A Experimentação agrícola em Minas Gerais. Boletim de


Agricultura, Belo Horizonte, v.8, n.11 /12, p.198, 1959.

27 - HIROCE, R. Composição mineral das folhas do cafeeiro ( Coffea arabica


1
"Mundo Novo") com referência à época e à adubação. Piracicaba, 1972.
76p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de
1 Queiroz", Universidade de São Paulo.
j
r
1
28 - HIROCE, R.; BATAGLIA, o.e.; SOARES, E.; FURLANI, A.M.C.; MORAES,
F.R.P. Efeito residual da adubação mineral e orgânica na composição
r- química de folhas de cafeeiro cultivado em Mococa. Bragantia, Cam-
i
1 pinas, v.35, l2, p.CLXIX-CLXXV, dez. 1976 (Nota, 35).

[ 29 - INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. Instruções agrícolas para 0


Estado de São Paulo. Campinas, 1980. 310p. (IAC. Boletim Técni-
co, 200).

30 - JUNQUEIRA NETO, A ; ROCHA, E.R. da; SPATTI, J.N. Efeito de diferen-


tes dosagens de humus Bio-Base S, associado à níveis de N, em
cobertura, sobre a produtividade do feijoeiro comum (Phaseolus
vulgaris L.) em solo de cerrado; relatório técnico-científico. São
Paulo: Sarapuí Mineração Agrotécnica, 1985. N.p.

31 _ KIEHL, E.J . Manual de edafologia: relações solo-planta. São Paulo:


Agronômica Geres, 1979. 262p.

32 _ KIEHL, E.J. Fertilizantes orgânicos. Sêo Paulo: Agronômica Ceres, 1985.


492p.
138 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

33 - MALAVOLTA, E. Manual da química agrícola. São Paulo: Agronômica


Geres, 1967. 606p.

34 - MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral das plantas. São Paulo:


Agronômica Geres, 1980. 251 p.

35 - MALAVOLTA, E. Adubos minerais e orgânicos. ln: ENCONTRO DE TÉCNI-


COS EM SOLO, 1981 , Rio de Janeiro. 25p.

36 - MAZUR, N.; SANTOS, G.A.; VELLOSO, A.C .X. Efeito do composto de


resíduo urbano na disponibilidade de fósforo em solo ácido. Revista
de Ciência do Solo, Campinas, v. 7, p.153-156, 1983.

37 - MEDCALF, J.L.L. ; LOTT; J.L.; TEETER, P.B.; QUINN , L.R. Programa ex-
perimental no Brasil. New York: IBEC Research lnstitute, 1955. 75p.
(Bulletin IBEC Research lnstitute, 6) .

38 - MELLO, J.W.V.; POMATTI , E. Efeito comparativo de doses crescentes


de fertilizantes mineral e organo-mineral no rendimento do feijoeiro
(Phaseolus vu/garis L.) s.l. s.n.; 1986. 14p.

39 - MELLO, J.W.V. de; SIQUEIRA, P.R.E; POMATTI , E. Adubação de trigo


com fertilizante organo-mineral e mineral. Bagé: Faculdade de Agro-
nomia de Bagé, 1986. 3p.

40 - MENEZES, W.C.; ARAÚJO, N.A Ensaios de adubação na Estação Ex-


perimental de Sete Lagoas; recuperação do cerrado. Rio de Janeiro.
SIA, 1964. 19p.

41 - BRASIL. Ministério da Agricultura . Secretaria Nacional de Defesa


Agropecuária. Análise de Corretivos, fertilizantes e inoculantes;
métodos oficiais. Brasllia: Laboratório Nacional de Referência Vegetal,
1983. 104p.

42 - BRASIL. Ministério da Agricultura . Secretaria Nacional de Defesa


Agropecuária. Inspeção e fiscalização da produção e do comércio
de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou
biofertilizantes, destinados à agricultura. Brasília: Secretaria de Fis-
calização Agropecuária, 1983. 86p.

43 - PEIXOTO, R.; TRIPPIA, R. ; FRANCO, A .A.; ALMEIDA, D.L. de. Efeito do


lixo urbano compostado com fosfato natural na nodulaçáo, crescimen-
to e absorção de fósforo em feijoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasi-
leira, Brasllia, v.22 , n.11 ./12, p.1117-1132, nov./dez. 1987.

1 ..
- - - - ---- ·- --·-

BIBLIOGRAFIA 139

44- PRATT, P.F.; CASTELLANOS, J.Z . Available nitrogen from animal manures.
t- Califomia Agriculture, Berkeley, v.35, n.7/8, p.24 , 1981 .

45 - PRATT, P.F. ; DAVIS, S.; SHARPLESS, R.G . A four-year field triai with
animal manures. li. Mineralization of nitrogen. Hilgardia, Berkeley,
v.44, n.5, p.113-125, 1976.

46 - RAIJ, B. van; SILVA, N.M. da; BATAGLIA, o.e.; QUAGGIO, J.A. ; HIROCE,
R.; CANTARELLA, H.; BELLINAZZI JR, R.; DECHEN , A.R.; TRANI,
P.E. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de

r
ê'
São Paulo. Campinas: IAC, 1985. 107p. (IAC. Boletim Técnico, 100).

47 - RIBEIRO, A.C. Torta de filtro rotativo e vinhaça como fertilizante em mistu-


1
ras com apatita de Araxá e superfosfato simples. Piracicaba, 1978.
1
►·
88p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de
1 Queiroz", Universidade de São Paulo.
1

f 48 - RODRIGUES, E.T. Efeitos das adubações orgânica e mineral sobre o


l acúmulo de nutrientes e sobre o crescimento da alface (Lactuca sativa
L.). Viçosa, 1990. 60p. Dissertação (M.S.) - Universidade Federal de

r Viçosa.

49 - RODRIGUES FILHO, F.S.O. Estudo da adubação com micronutrientes e


t
1
matéria orgânica no algodoeiro ( Gossypium hirsutum L.) em solo de
cerrado. Piracicaba, 1976. 36p. Dissertação (Mestrado) - Escola Su-
perior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - Universidade de São Paulo.
r 50 - SIQUEIRA, 0.J.F. de, coord. Recomendações de adubação e calagem
para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 2.ed.
Passo Fundo: EMBRAPA, CNPT, 1989. 128p.
f 51 - SANCHEZ, P.A. Advances in the management of oxisols and ultisoils in
tropical South Amerca. ln: INTERNATIONAL SEMMINARY ON SOIL
ENVIRONMENT ANO FERTILITY IN INTENSIVE AGRICULTURE
1977, Tokyo, p.535-566. '

52 - SANTINATO, R.; OLIVEIRA, J.A. de; PINHEIRO, M.R Estudos prelimina-


res para o aproveitamento de novas fontes de matéria orgâniGa na pro-
dução de mudas e formação do cafeeiro. ln: CONGRESSO BRASILEI-
RO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 6., 1978. Ribeirão preto. Resu-
mos ... Rio de Janeiro: IBC, 1978. P.373-376.

53 _ SANTOS, C.E.R.S.; STAMFORD, N.P.; SANTOS, D.R. Efeito do composto


do lixo urbano suplementado com fósforo e da inoculação com
Bradyrhizobium em caupí. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
campinas, v.16, p.25-30, 1992.
140 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
54 - SETZER, J. O fósforo e a matéria orgânica no solo. Revista dos Criado-
res, São Paulo, v.44, n.533, p.68-70, jun. 1974.

55 - SILVA, N.M. Estudo preliminar do emprego de torta de mamona à


adubação mineral do algodoeiro. Campinas: Instituto Agronômico, /
1971 . 8p. (Publicação, 1O).

56 - SINGH , R.D.; YADAY, D.V. Transformation of N, P and organic matter


during paddy straw decomposition with and withouth rock phosphate.
Agricultura! Wastes, Barking, v.18, p.247-251 , 1986.

57 - SIQUEIRA, O.J.F. Proposta de recomendação da ar:iubação e calagem


para a cultura do trigo no Rio Grande do Sul e 3anta Catarina. ln:
REUNIÃO DA COMISSÃO SUL-BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRI-
GO, 19., 1987. Pelotas, p.1-13.

58 - SOUZA, E.C.A. de. Relatório sobre um ensaio na cultura do milho com


fertilizante organo-mineral RF-120. Jaboticabal: UNESP, Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias, 1985. 3p.

59 - SULZBACHER, G.F.S.; KOIKE, E.G. Efeito da fertilização com composto


orgânico associado com adubação mineral em povoamento de
Euca/yptus saligna Smith. s.l.: Agroindustrial Eldorado, 1986. 9p.

60 - ZUNINO, H.; MARTIN, J.P. Metal-binding organic macromolecules in soil.


1. Hypothesis interpreting the role of soil organic matter in the
translocation of metal ions from rocks to biological systems. Soil
Science, Baltimore, v.123, p.65-76, 1977.

61 - TENÓRIO, Z.; ROCHA FILHO, J.V. de C.; GOMES, 1.F.P.; SARRUGE, J.R.
Efeitos da aplicação da adubação mineral e orgânica na produção de
coqueiro gigante ( Cocos nucifera L.) no litoral do Estado da Paralba.
Anais da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz'\
Piracicaba, v.36, p.539-547, 1979.

62 - TISDALE, S.L. ; NELSON, W.L. Soil fertility and fertilizers. 2.ed. New
York: Macmillan, 1966. 694p.

63 - THOMPSON, L.M . EI suelo y su fertilidad. 3.ed. Barcelona, Reverté,


1974. 409p.

-- .
141
INDICE REMISSIVO

ÍNDICE REMISSIVO

(Consulte também o CONTEÚDO do livro)

ABIFOR, Associação Brasileira da Indús- 94-96: figura 95.


tria de Fertilizantes orgânicos, 8-9. Alternativas para o preparo de uma
Absorção luxuriante, 38 fórmula de organomineral; tabela, 78-
Absorção de nutrientes pelas raízes, 32. 80.
Absorção e adsorção, 28 Aumento da solubilidade do fósforo

r
r•
1
Ácidos fúlvico, húmico, himantomelânico
e apocrênico, 16.
pela matéria orgânica , explicações
sobre, 52-53.
Acido húmico, 7, húmico e fúlvico, 16. Batata, organomineral na ; exp~rimen-
,.
1

Adsoção de nutrientes pelo húmus, 28. to, 101.


Adubações com organomineral; maneiras Bianchini, experimento com cenoura,
1
e localização do adubo: no sulco, na cova, 111 .
r

91; em coroa, 92: a lanço, em cobertura
entre linhas de cultura, 93.
Bioestabilizados (semicurados), ester-
cos, 73 .
Adubação da soja, tabela, 58 . Blanchet, colóides húmicos na absor-
Adubação de cobertura com fertilizantes ção de nutrientes, 41.
,.. nitrogenados, 38. Boletim do IAC, números 100 e 200,
Adubação de disponibilidade controlada , 4; fórmulas de adubação, 86-89 .
1
22. Borra de café, experimento com, 102.
Café, organomineral no, 102; tabelas.
1
1
Adubação mineral, 1.
Adubação orgânica, "mal necessárion, 103, figura, 104.
1 teoria humista da alimentação vegetal, 1. Calagem do solo: métodos; correção
r Adubação organomineral, 2. do pH; elevação da porcentagem de
1
Adubação, recomendação dos nutrientes: saturação em bases (V%), exemplos,
{ pela análise do solo, pela análise conjunta 81 .
do solo e da planta; fórmulas de aduba- Cálcio, magnésio e enxofre, 60

l ção do Boletim 100 do IAC, 86-89.


Adubos de disponibilidade controlada, 37;
Algodão, organomineral no, experimen-
to, 97; tabela, 98, 100; figura, 99.
Capacidade de retenção de água ,
(CRA) da matéria orgânica , 32.
Capacidade de troca de cátions de fer-
tilizantes orgânicos, 29; tabela, 30.
Allison, 33; Allison, quelados, 65. Carbono orgânico, determinação do,
Aplicação do organomineral no campo : 14-15.
adubação fundamental, complementar, Carga dos fertilizantes minerais, defi-
91 -93. nição, 23.
Alface , organomlneral na, experimento, Cenoura, organomineral na, experi-
1
L._
142 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

mente, 111 : tabela, 112, figura , 113. trativos; doses de potássio em relação a
Chaboussou, comparação entre ali- CTC, 56
mentação mineral e orgânica dos ve- DAP e MAP, preparo industrial, 61 .

getais, 62. Desplasmolise, fenômeno de, 42.


Chaminade , doses de PK na presen- Deliqüescentes, fertilizantes minerais, 23.
ça e ausência de húmus, tabela, 41 ; Determinação da matéria orgânica no
experimento de neutralização com organomineral , 13; por combustão , 14;
água de cal e adição de ácido húmico, reações interferentes, 14.
25-26; fósforo e potássio comparados Determinação dos colóides totais, méto-
com doses de nitrogênio, experimen- do, 15-18.
to, 38-39; figuras, 40; húmus e absor- Dosagem harmoniosa dos minerais às
ção de nutrientes, experimento, 38; plantas, 62.
solubilização de fosfatos e húmus, 26. Efeito sinérgico do composto de lixo, 50.
Coleta de amostra para fiscalização; El- Baruni, experimento com superfosfato
tabela, 12; pelo agricultor, 12-13; pro- e esterco, 54, figura, 55.
cedimentos, prazo, 13. Enxofre, cálcio e magnésio; Menxofre-dó-
Colóides totais, determinação dos, 15. lar", 60; enxofre e manganês no cafeeiro,
Complexo argilo-húmico, 3; do solo e 4.
o nitrogênio amoniacal, 36. Eficiência dos fertilizantes minerais e or-
Composto de lixo: disponibilidade de gânicos, tabela , 22.
fósforo do super triplo, 51; como fon- Esterco de curral: experimento, 4; na ce-
te de matéria-prima para noura, experimento, 111 ; experimento com,
organominerais, 73. 102; experimento com café na ESALQ, 4.
Concentração salina , indice salino Estercos e CTC, 30; estercos e camas ani-
dos fertilizantes minerais, 24-25. mais como fonte de matéria-prima para
Conversão ou mineralização da ma- organomineral, 72.
téria orgânica , 19. Eucalipto, organomineral no, experimen-
Coocke, ácidos orgânicos no aumen- to, 116-120 ;tabela, 118; figura (foto) , 120.
to da disponibilidade dos fosfatos, 53. Exemplos e alternativas para o preparo de
COPERSUCAR, experimento com uma fórmula de organomineral , tabela, 78-
organomineral, 109, tabela, 109, figu- 80.
ra, 110. Experimento de fixação biológ ica de
Coqueiro, organomineral no, experi- fosfatos, 53.
mento com, 114; tabela e figura, 115. Feijão, organomineral no, 121; experimen-
CRA, veja capacidade de retenção de to cultivar Rio Tibagi , 121; tabela, 122; fi-
1
água . gura, 123; experimento com a variedade
1 1
1 •
CTC do húmus, cálculo, 30-31 . carioquinha, ·124; tabela , 123; experimen·
CTC do organomineral e aproveita- to em solo de cerrado, 126.
mento do potássio; cálculos clemon s- Feijoeiro , expe rimento com li. v

FiL
143
INDICE REMISSIVO
compostado e fósforo, 44-47 . Gesso (s ulfato de cálcio) do
Fertilizante, veja também, adubo; como superfosfato, 60
determinar a quantidade a ser emprega- Globo Rural , artigo sobre nutrientes,
da, 128 61-62.
Fertilizantes minerais, tabela de índice Grau de humificação da matéria-pri-
salinos, 25. ma orgânica, 11-13.
Fertilizante orgânico, definição, 19. Higroscópicos, fertilizantes minerais,
Fertilizante organomineral: experimento 23.
com trigo por 50 anos, 4, figura, 5; expe- Hiroce, 4
rimento na ESALQ, com café, 4 . Horizonte orgânico do solo, 2.
Fixação biológica de fosfatos, 53. Humatos alcalinos, 7 .
Fixação de fósforo, 24; redução pelo uso Humato de cálcio, 26.
de composto de lixo, 51 . Húmus; experimento com ausência e
Fontes de matéria-prima para presença na absorção de nutrientes,
organomineral, principais: turfa, 70 ; 41; CTC do, 30; absorção de nutrien-
linhito, 71; estercos e camas de animais, tes pelas plantas; absorção luxurian-
72; tortas vegetais e composto de lixo, te, 38; efeito potencializador na absor-
73. ção de nutrientes, 42; gel de húmus,
Fosfato monocálcico, solubilidade de 15; na permeabilidade celular das plan-
acordo com o pH, 26. tas, 38; solubilidade de fosfato
Fosfo-proteína, formação de, 50. monocálcico, 26; sol de húmus, 14.
Fósforo: aumento da disponibilidade pelo Húmus de minhoca na cenoura , expe-
organomineral, 51; experimento com rimento, 111 .
organomineral, 44; imobilizado (fixado), Imobilizada, forma orgânica, 19.
1 '
53; insolubilização no solo, 43; proteção Incompatibilidade: dos fertilizantes mi-
contra fixação, 43-44; reação da fixação, nerais, 23-24; físicas e químicas ,23.
44; melhor aproveitamento pela calagem lndice de conversão da matéria orgâ-
do solo: experimento por Sanches, influ- nica , 19-21, tabela, 20;
éncia da matéria orgânica e calagem no lndice de eficiência agronômica (lEA),
cafeeiro; tabela e figura, 84-85; nos ferti- 48.
lizantes granulados, 43; fósforo, potás- lndice pH no organomineral, 10-11.
sio e nitrogênio, conversão ,20. Índice salino, concentração salina dos
Fórmulas de adubação, 86-89; represen- fertilizantes minerais. 24-25; tabela ,
tação gráfica, 90. 25.
Fração húmica coloidal e propriedades do lntemperizaçáo das rochas, 3, 24-25,
solo, 16. tabela.
Garantias dos organominerais, 9. Legislação e fertilizante organomineral,
Gel de húmus, 15. 3; definição, categorias de fertilizantes
orgênicos, 6-7 .

- -------------------------------'
-
144 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Medcalf, experimento com composto e


-
Liebig, Justus von , 2; lei de Liebig, 39 .
Linhito, como adubo orgânico, 27; cloreto de potássio, 58; tabela e figura,
como matéria -prima para 59.
,,..
organomineral, 57-58 , 71 ; industriali- Micela coloidal húmica , 29, 31 .
zação, parâmetros exigidos por lei, 72; Micronutrientes: deficiências nas plantas ,
CTC do linhito , 30; jazidas existentes 66; no organomineral, 65 .
no Brasil, 72 .
Lixo domiciliar compostado: como fon-
Milho, organomineral no, experimento
com, 126; tabela, 128 , 129, figura, 130. -
'

te de matéria-prima para Minerais de argila, 3 .


organomineral; seleção domiciliar, 73 ; Mineralizada, forma , 19.
experimento com fósforo, 44, figuras, Mistura e ou combinação, conceitos, 6-
45-47; substituto do esterco, 102; (veja 7.
i'-
também, composto de lixo domiciliar). Movimento brauniano , 14.
Macronutrientes essenciais, 2. Natureza flsica dos organominerais , 8; 1 1
,..
Macronutrientes secundários : e mistura de grânulos , pó , farelado , 8-9.
organominerais, 60; exigência mlnima Neubauer, método para fósforo assimi-
da legislação, 62, tabela , 63-64; defi- lado pelas plantas , 26.
ciência de enxofre nas culturas, 66. Neutralização com água de cal e uso do 1
...
Magnésio, cálcio e enxofre, 60 húmus em experimento de Chaminade ,
Manganês e enxofre no cafeeiro, 4. 25-26.
Malavolta, aproveitamento de nutrien- Nitrito, forma de nitrogênio lábil no solo,
tes , 21-22; tabela, 22; sobre 37 .
macronutrientes secundários e Nitrogênio: amoniacal , 36; aminico, 37; r
micronutrientes, 60-61. armazenado no solo , formas no solo, 36; r
MAP e DAP, preparo industrial, 6 . de disponibilidade controlada, 37. expe-
Matéria orgânica: ativa, inativa, fres- 1
rimento com matéria orgânica , 38; fós-
1
ca, crua, coloidal e não coloidal, 16; foro, nitrogênio e potássio , conversão, 20- {
como condicionadora dos fertilizantes 21; nítrico e amoniacal , 36 ; no
minerais, 23, 31; componentes húmus organomineral, 36-42. i
e sais minerais, 2; decomposição de Nutrientes NPK no organomineral, mini-
seus componentes, 19, teor minimo no mo dos, 10.
organomineral, 10. Organomineral: adubação com, 81 ; e re-
Matéria- prima orgânica :
no tenção de água, 32;e fertilizantes
organomíneral , 11 ; no preparo do nitrogenados, 36;e fósforo , 43; em pó,
organomineral_, 27, 68; turfa, linhito, granulado, mistura de grânulos, 68-69: e
cama de aviário, 12. potássio, 56; importância de se misturar
' 1
Mazur, experimento da disponibilida- bem os componentes, 67-68 ; macro e
de do fósforo do super triplo pelo com - micronutrientes no, 65; na cana de açú-
posto de lixo, 51 .
car, 105; figura , 106; tabela, 107-108; pie-
INDiCE REMISSIVO 145

paro artesanal. 67; industrial , instalações, matéria orgânica do organomineral ,


matéria-prima orgânica , 68 ; pesagem, 14.
mistura. granulação. secagem, resfriador, Relação C/N, para o organomineral,
ensacadeira, 69; depósito, 70; superfície 11 , Representação gráfica das fórmu-
específica do, definição , 31. las de adubação, 89-90 , gráficos, 90.
Óxidos de ferro e de alumínio, 3 . Restos vegetais, como adubo orgâni-
Peixoto, experimento com fósforo e com- co, 1 .
posto de lixo domiciliar, 44. Retorno econômico nas adubações;
Plasmólíse das células, 25. cálculos, 129-130.
Porcentagem de matéria orgânica no Retrogradação , 24.
organomineral; tabela. 76-77; exemplos de Ribeiro, experimento de fixacão bio-
cálculos, 74-77. lógica de fosfatos, 53.
Porcentagem de saturação em bases do Rodrigues, experimento com. alface,
-~ solo (V%), 81; cálculos e exemplos, 82- 94-96.
1
1
83. Santino, substituição do este(co pelo
Potássio, experimento com composto, 58- lixo e pela torta de filtro Oliver, 102.
1 59; Santos, experimento com fósforo e
Potássio, nitrogênio e fósforo, conversão matéria orgânica de lixo, 48, tabela.
20. 49.
r
1

Portaria número 1, de 4-3-83 , garantias, Serapilheira ou horizonte orgânico do


tolerâncias e procedimentos para coleta solo, 2. Setzer, redução da fixação do

t de amostras, 7- 10.
Portaria 84 de 29-3-82, Inspeção e fisca-
fósforo pelo esterco, 54.
Singh, experimento com palha de ar-
lização de organominerais, 7. roz com e sem fosfato de rocha, 50.
Potencialização de nutrientes pela maté- Soja, adubação da, 58.
ria orgânica . 50, 52. Solução do solo ou água do solo,.28.
Pratt, índice de conversão ,. 21 . Souza, experimento com milho, 128.
Precipitação de fosfato pela água-de-cal, Sulzbacher, experimento com
1
·r experimento e figura , 27. eucalipto, 116-120.
1
Preparo de amostra para análise da ma- Superfosfato, preparo industrial, 60.
téria orgânica , 14-15. Superfosfato triplo, preparo industri-
Produção de "ray-grass~, na presença e al, 61.
na ausência de matéria orgânica, figura Tabela de macronutrientes primários
40. e secundários em fertilizantes mine-
Qualidade biológica dos vegetais, 62. rais, 63-64.
Quantidade de fertilizante orgânico com- Taxas de aproveitamento e

j posição do organomineral, tabela, 76 .


Quelados 1 fontes de micronutrientes , 65.
mineralização (conversão) de fertili-
zantes, 19
Reações interferentes na determinação da
1
146 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

Tenório , experimento com coqueiro , Torta de mamona, experimento com algo-


114 . dão, 33-35 .
Teoria humista da alimentação das Tortas vegetais como fonte de matéria-
plantas, 1, prima para organominerais , 73.
Teoria mineralista da alimentação ve- Trigo, organomineral no, experimento .
getal, 2. 131 , tabela e figura, 132.
Tisdale, explicação para o aumento da Troca de cátions dos organominerais, 28.
solubilidade do fósforo pela matéria Turfa : como adubo orgânico, 27; como
orgânica , 52. matéria-prima para organomineral, 57, 70;
Tolerâncias admitidas dos CRA da, 33; CTC da, 30.
organominerais, 9. Ulmina, 16.
Torta de algodão; experimento com, Usina Açucareira Zillo Lorenzetti S.A.,
105. experimento com cana-de-açúcar, 107.
Torta de cacau, experimento com, 105. Verãnico, período de, 25.
Torta de filtro Oliver, substituto do es- Zunino, quelados, 65 .
terco, 102.

i1
1 1

Você também pode gostar