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48 1. Introdução
A bananeira é uma planta de crescimento rápido que requer, para seu desenvolvimento
e produção, quantidades adequadas de nutrientes disponíveis no solo. Embora parte das
necessidades nutricionais possa ser suprida pelo próprio solo e pelos resíduos das
colheitas, na maioria das vezes é necessário aplicar calcário e fertilizantes químicos e
orgânicos para a obtenção de produções economicamente rentáveis.
44380-000, Cruz das Caipira (AAA) 146,9 52,9 94,0 9,8 3,9 5,9 313,9 124,7 189,1 53,0 2,8 50,2 58,0 5,2 52,8 9,3 3,0 6,3
Almas-BA. Prata Anã (AAB) 136,5 44,4 92,1 10,1 4,6 5,5 418,5 107,1 311,4 71,6 5,5 66,1 61,6 6,9 54,7 5,8 2,4 3,4
Pioneira (AAAB) 116,7 29,7 87,0 8,5 3,2 5,3 371,1 100,0 271,1 73,2 3,6 69,6 70,8 5,0 65,8 5,3 1,1 4,2
O cacho é a parte da planta mais afetada pela falta de bordos permanecendo verdes. Quando os sintomas
K, pois reduz a produção de matéria seca. Com baixo atingem os cachos, estes tornam-se raquíticos e
suprimento de K, a translocação de carboidratos das deformados, com maturação irregular dos frutos, polpa
folhas para os frutos diminui e, mesmo quando os mole, viscosa e de sabor desagradável, bem como
açúcares atingem os frutos, sua conversão em amido é apodrecimento rápido do fruto.
restrita, produzindo frutos pequenos e cachos
impróprios para comercialização, com maturação A deficiência de Mg pode ser corrigida pela aplicação de
irregular e polpa pouco saborosa. calcário dolomítico ou, na constatação de deficiência,
com aplicação de 50 a 100 kg de sulfato de magnésio/
A deficiência ocorre em solos pobres no nutriente, com ha (contendo 90 g de Mg/kg), dependendo dos teores
lixiviação intensa e com aplicação excessiva de encontrados no solo e nas folhas.
calcário, devido ao antagonismo Ca e K. Essa
deficiência pode ser corrigida com a aplicação de 150 a Vale lembrar que o excesso de Mg leva à cor azulada no
600 kg de K2O/ha, dependendo dos teores no solo e nas pecíolo e clorose irregular seguida de necrose nas
folhas e da expectativa de produtividade. folhas.
CÁLCIO (Ca): O Ca é um ativador enzimático e atua na ENXOFRE (S): Este nutriente interfere principalmente
divisão celular, estimulando o desenvolvimento de nos órgãos jovens da planta, onde sua ausência se
raízes e folhas. É imóvel na planta; por isso, o sintoma expressa por alterações metabólicas que dificultam a
de deficiência se manifesta principalmente nas folhas formação da clorofila, terminando por interromper as
mais novas. O sintoma caracteriza-se por cloroses atividades vegetativas.
descontínuas nos bordos, engrossamento das nervuras
secundárias e diminuição do tamanho da folha. Nos A deficiência do nutriente ocorre em solos com baixo
frutos pode levar à maturação irregular, à podridão e à teor de matéria orgânica e também nos solos com
formação de frutos verdes juntos com maduros, com aplicação de adubos concentrados sem S. A deficiência
pouco aroma e açúcar. A sua falta pode ser uma das na planta caracteriza-se por clorose generalizada do
causas do empedramento que ocorre nos frutos da limbo das folhas mais novas, que desaparece com a
banana ´Maçã´. idade, devido ao aprofundamento do sistema radicular,
explorando maior volume de solo. Quando a deficiência
A deficiência do nutriente ocorre em solos pobres no progride, há necrose das margens do limbo e pequeno
elemento, bem como onde houve excesso de adubação engrossamento das nervuras, à semelhança do que
potássica. A carência normalmente é suprida pela ocorre na deficiência de cálcio. Além disso, os cachos
calagem, podendo ser aplicado também sulfato de são pequenos.
cálcio (gesso, 160 g de Ca/kg), as quantidades
dependendo dos teores no solo e nas folhas. O suprimento de S normalmente é feito mediante as
adubações nitrogenada com sulfato de amônio (230 g
MAGNÉSIO (Mg): É o nutriente presente no centro da de S/kg), e fosfatada com superfosfato simples (110 g
molécula de clorofila; assim, sem Mg não há de S/kg).
fotossíntese. É importante também em diversos
processos fisiológicos da bananeira. MICRONUTRIENTES: As deficiências mais comuns são
as de boro e zinco.
A falta do nutriente ocorre em solos pobres no mesmo,
ácidos e com excesso de adubação potássica. Este é Boro (B): Participa no transporte de açúcares e na
um aspecto importante, uma vez que a bananeira é formação das paredes celulares. A disponibilidade de B
muito exigente em potássio. O Mg deve estar presente é reduzida em solos com pH elevado, altos teores de
no solo em quantidade suficiente para impedir o Ca, Al, Fe e areia e baixo teor de matéria orgânica.
aparecimento do “azul da bananeira”, uma deficiência
de Mg induzida pelo excesso de K. O “azul da A deficiência nas folhas mais novas aparece como
bananeira” caracteriza-se por manchas pardo-violáceas listras amarelas e brancas na superfície do limbo e
nos pecíolos, sempre associadas à clorose magnesiana. paralelas à nervura principal. As folhas podem ficar
deformadas, com redução do limbo, semelhante à
A deficiência de Mg ocorre nas folhas mais velhas, deficiência de S. Nos casos graves surge uma goma no
caracterizando-se pelo amarelecimento paralelo às pseudocaule, que atinge a flor e pode até impedir sua
margens do limbo foliar, por deformações e emergência, ficando a inflorescência bloqueada dentro
irregularidades nas emissões florais e podridão dos do pseudocaule. Na produção, leva a deformações no
pecíolos, com mau cheiro e descolamento das bainhas cacho, poucos frutos e atrofiados. A sua falta pode
do pseudocaule. O sintoma mais comum no campo é a levar ao empedramento que ocorre nos frutos da
clorose da parte interna do limbo, também conhecida banana ´Maçã´.
como clorose magnesiana, com a nervura central e os
4 Nutrição e Adubação da Bananeira Irrigada
A falta de boro pode ser corrigida com aplicação, no b) no solo - em solos arenosos da África do Sul, o bom
solo, de 10 a 20 g de bórax por planta, ou com desenvolvimento da bananeira é observado com a
pulverização das folhas, na concentração de 1 a 3 g de relação K/Mg de 0,25, e em solos argilosos, de 0,50.
bórax por litro de água. Teores de K no solo variando de 200 a 350 mg/kg são
normalmente suficientes para o crescimento da
Zinco (Zn): Interfere na síntese de auxinas, que são bananeira, mas se quantidades elevadas de Mg e Ca
substâncias reguladoras do crescimento. A falta do estão presentes, pode aparecer deficiência de K.
nutriente ocorre em solos com pH neutro ou alcalino, Para que não ocorra o “azul da bananeira”, a relação K/
com altos teores de P, de argila e de matéria orgânica, Mg no solo deve ser inferior a 0,6, ou seja, uma relação
que inibem a absorção do Zn. K/Mg ideal de 0,2 a 0,5, onde o Mg ocupa 40% das
bases trocáveis do solo. Em condições de desequilíbrio,
As plantas deficientes em Zn apresentam crescimento a relação K/Mg varia de 0,6 a 2,0 e o Mg ocupa
e desenvolvimento retardado, folhas pequenas e somente 15 a 23% das bases trocáveis do solo.
lanceoladas. Os frutos, além de pequenos, podem
apresentar-se enrolados, com as pontas verde-claras e INTERAÇÃO K, Ca e Mg
o ápice em formato de mamilo. Sintomas de deficiência de K são observados,
normalmente, quando Ca e Mg são altos. O sistema
A deficiência de Zn pode ser corrigida com aplicação, no radicular da bananeira tem uma capacidade de troca
solo, de 20 a 30 g de sulfato de zinco (ZnSO4) por planta limitada; por causa disso, a relação entre cátions é
ou mediante pulverizações foliares na concentração de muito importante. A CTC do solo deve ser saturada a
5 g de ZnSO4 por litro de água. 65-75% (não mais pois pode afetar a absorção dos
micronutrientes), a fim de dispor de um valor de soma
de bases (K+Ca+Mg) que permita acumular a
4. Interação entre Nutrientes na Planta e saturação por K nos limites de 7,5 e 12,5% da soma de
no Solo bases. O valor ótimo para o K no solo é de cerca de
10% da soma de K+Ca+Mg, ocorrendo deficiência de
A interação entre nutrientes em cultivos de banana tem K abaixo de 5% e toxicidade acima de 20%.
sido muito estudada, principalmente entre os cátions K,
Ca e Mg. A relação Ca/Mg deve se situar em torno de 2/1 (entre
1,5/1 a 3/1). Por isso, é importante o cultivo da
INTERAÇÃO K e Mg bananeira em solos com alta CTC e/ou em solos
O desbalanceamento entre esses dois nutrientes é um profundos que possam ser bem explorados pelo
problema que pode ocorrer com freqüência na cultura sistema radicular. A relação Ca/(K+Ca+Mg) deve
da banana, em razão das quantidades crescentes de K ficar em torno de 0,6 a 0,8. Uma relação igual a 1(um)
aplicadas nas regiões bananeiras do mundo. A alta impediria a absorção do Ca. Assim, para o bom
relação K/Mg é causada por um excesso de K em desenvolvimento da bananeira, as quantidades de K, Ca
relação ao Mg. e Mg devem corresponder a 10%, 50% e 40% da
saturação por bases, ou seja, uma relação K:Ca:Mg de
a) na planta - a absorção de grande quantidade de K 0,5:2,5:2 a 0,3:2:1.
pode promover a translocação de Mg em direção aos
frutos e tecidos de armazenagem, decrescendo a INTERAÇÃO K e Na
concentração de Mg em toda a planta. Assim, o O excesso de sais no solo, devido à composição
aumento do suprimento de K tem um grande efeito química do solo e/ou à má qualidade da água de irrigação
depressivo na concentração de Mg nas folhas e e ao mau uso do solo, aumenta a concentração de sódio
pseudocaule, mas pouco efeito no fruto e raízes. Para (Na), a qual reduz a absorção de K e a produção da
que se possa aplicar elevada quantidade de K no solo, bananeira.
requerido em grande quantidade pela bananeira, é
necessário que exista Mg suficiente, a fim de evitar o A relação K/Na adequada no solo é de 2,5, sendo que o
aparecimento do “azul da bananeira”. Este distúrbio se Na não deve exceder 8% do total de cátions trocáveis,
manifesta quando a relação K/Mg nas folhas é maior com valor ideal inferior a 4%. Vale lembrar que áreas
que 4,5 no florescimento, sendo os valores ideais de com porcentagem de Na superior a 12%, em relação
2,5 a 3,5, e 2,0 na colheita. Nas folhas, o K deve ocupar aos cátions trocáveis (K+Ca+Mg+Na) são
55% a 61% e o Mg 18% a 20% da soma de inadequadas ao cultivo da bananeira.
K+Ca+Mg. A alta relação K/Mg causa polpa amarela
no fruto maduro; no entanto, a produção não é afetada. INTERAÇÃO K e N
A polpa amarela também está associada com alto teor O desbalanceamento entre esses dois nutrientes causa
de Ca e baixo de manganês (Mn) e o problema pode ser problemas na pós-colheita, pois leva à queda de frutos
evitado aplicando S, que reduz o excesso de Ca e amadurecidos no cacho, notadamente em bananeiras
aumenta a absorção de Mn. do subgrupo Cavendish. O baixo suprimento de K
Nutrição e Adubação da Bananeira Irrigada 5
favorece o acúmulo de N amoniacal que, em excesso, reconhecido como a melhor opção para a avaliação da
torna frágeis os pedicelos dos frutos que, quando disponibilidade de boro em solos. Cobre, ferro,
amadurecem, caem do cacho. Além disso, o excesso de manganês e zinco são determinados por extração com
N atrasa a emergência do cacho e produz cachos com DTPA, método que, além de se ter revelado mais eficaz
pencas espaçadas e facilmente danificadas no que outras alternativas, vem se impondo como a melhor
transporte. Assim, a relação K/N nas folhas da opção para a extração desses elementos.
bananeira é de grande importância e afeta a qualidade
do fruto, sendo a mais favorável em torno de 0,6 no Outro aspecto importante se refere às mudanças de
florescimento. unidades, para adequação ao Sistema Internacional de
Unidades. Deixa-se de usar porcentagem para
conteúdos, representando os resultados para um
5. Avaliação da Fertilidade do Solo volume de um decímetro cúbico (dm3) de solo, o que
equivale a um litro. A matéria orgânica passa a ser
A calagem e a adubação devem ser precedidas da representada em g/dm3 (os resultados são 10 vezes
análise química do solo, com o que se evita desperdício maiores do que os dados em porcentagem) e os teores
de corretivos e fertilizantes, além de poder aplicar os de micronutrientes em mg/dm3 (que equivale a ppm,
insumos necessários e nas quantidades exigidas. Está representação utilizada anteriormente). O
sendo implantado um novo sistema de análise de solos, miliequivalente mudou de nome, passando a chamar-se
mais eficaz que o anteriormente usado, que passará a milimol de carga (mmolc) e os resultados de análise de
ser explicado a seguir. solo são expressos em mmolc/dm3 (os resultados são
10 vezes maiores do que os dados em meq/100 cm3).
A acidez do solo é avaliada pelo pH determinado em
água e em solução centimolar de cloreto de cálcio Informações sobre o uso e interpretação desses
(CaCl2 0,01M). A vantagem deste é que os resultados resultados de análise de solo para recomendações de
são mais estáveis ao longo do ano, sendo menos adubação são dadas em Raij et al. (1996). Detalhes
afetados por sais contidos no solo. Os resultados são, sobre os métodos e a razão de sua escolha são
porém, mais baixos, da ordem de 0,6 unidades de pH a informados em Raij et al. (2001).
menos do que o pH determinado em água.
Vale lembrar que o esterco deve estar bem curtido para juntamente com a primeira aplicação de N (Tabelas 4 e
ser utilizado. Caso haja disponibilidade, adicionar 5). O nutriente pode ser aplicado sob as formas de
anualmente 20 m3 de esterco de curral/ha. A cobertura cloreto de potássio (600 g de K2O/kg), sulfato de
do solo com resíduos vegetais de bananeiras (folhas e potássio (500 g de K2O/kg) e nitrato de potássio (480 g
pseudocaules) pode ser uma alternativa viável para os de K2O/kg), embora por questão de preço a primeira
pequenos produtores sem condições de adubar seja quase sempre usada. Solos com teores de K acima
quimicamente seus plantios, pois aumenta os teores de de 6,0 mmolc/dm3 dispensam a adubação potássica.
nutrientes do solo, principalmente potássio (K) e cálcio
(Ca), além de melhorar suas características físicas,
químicas e biológicas. Tabela 4. Quantidades de nitrogênio (N) e potássio (K)
aplicados pós-plantio e na fase de formação da
ADUBAÇÃO FOSFATADA: A bananeira necessita de bananeira irrigada.
pequenas quantidades de fósforo (P); no entanto, se Época (dias N K trocável, mmolc/dm3
após o plantio)
necessário e não aplicado, prejudica o desenvolvimento 0-1,5 1,6-3,0 3,1-6,0 > 6,0
do sistema radicular da planta e, conseqüentemente, kg/ha K2O, kg/ha
afeta a produção. A quantidade total recomendada após 30 20 20 - - 0
análise do solo (40 a 120 kg de P2O5/ha) deve ser 60 20 30 30 - 0
colocada na cova, no plantio. Pode ser aplicado sob as 90 30 40 30 20 0
formas de superfosfato simples (180 g de P2O5/kg), 120 30 60 40 30 0
superfosfato triplo (450 g de P2O5/kg), fosfato
120-360 100 300 250 150 0
diamônico (DAP) (450 g de P2O5/kg) e fosfato
Total 200 450 350 200 0
monoamônico (MAP) (480 g de P2O5/kg) ou em
formulações NPK. A aplicação deve ser repetida
anualmente, após nova análise química do solo. Solos
com teores de P acima de 60 mg/dm3 (extrator resina) Tabela 5. Quantidades de nitrogênio (N), fósforo (P2O5)
dispensam a adubação fosfatada (Tabela 3). e potássio (K2O) aplicados na fase de produção da
bananeira irrigada, com base na produtividade esperada
Tabela 3. Quantidades de fósforo (P), boro (B) e zinco e nos teores de fósforo e potássio no solo.
(Zn) aplicados na cova de plantio da bananeira irrigada, Produtividade N P resina, mg/dm 3 K trocável, cmol c/dm3
com base na análise química do solo. esperada, 0-12 13-30 30-60 > 60 0-1,5 1,6-3,0 3,1-6,0 > 6,0
t/ha kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha
P (resina), mg/dm3 B* (água quente), Zn* (DTPA),
mg/dm3 mg/dm3 < 20 160 80 60 40 0 300 200 100 0
0-12 13-30 30-60 > 60 0-0,21 > 0,21 0-0,60 > 0,60 20-40 240 100 80 50 0 450 300 150 0
P2O5, kg/ha B, kg/ha Zn, kg/ha 40-60 320 120 100 70 0 600 400 200 0
120 80 40 0 2,0 0 6,0 0 > 60 400 160 120 80 0 750 500 250 0
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Circular Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: Aristoteles Pires de Matos.
Técnica, 48 Embrapa Mandioca e Fruticultura publicações Representante da CNA: João Roberto Pereira Oliveira.
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Supervisor editorial: Aristoteles Pires de Matos.
1a edição Revisão de texto: Comitê Local de Publicações.
1a impressão (2002): 500 exemplares Tratamento das ilustrações: Maria da Conceição Borba.
Editoração eletrônica: Maria da Conceição Borba.