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Guia do Viveirista

27 - 30 de abril de 2015 - Ibicoara | Bahia

Iniciativa
Projeto Semeando Águas no Paraguaçu

Realização
Conservação Internacional, Secretaria do Meio Ambiente - Governo do Estado da Bahia
(Sema) e Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema)

Patrocínio
Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental
Organização do Guia do Viveirista
Gustavo Wyse Abaurre – Viveiro Guapuruvu

Facilitadores da Oficina
Gustavo Wyse Abaurre – Viveiro Guapuruvu
Dary Rigueira – Projeto Semeando Águas no Paraguaçu

Organização do Evento
Erika de Almeida – Projeto Semenado Águas no
Paraguaçu
a Deborah Danyella Oliveira – Projeto Semeando Águas no
Paraguaçu
Dary Rigueira – Projeto Semeando Águas no Paraguaçu

Apoio
Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Ibicoara
Associação Grupo Bicho do Mato

Projeto Gráfico
Vinícius Franchini

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Apresentação

Este guia foi concebido e desenvolvido para servir de apoio aos participantes da Oficina de Coleta de
Sementes e Produção de Mudas Florestais Nativas

Esta oficina é uma das ações do projeto Semeando Águas no Paraguaçu, uma iniciativa executada pela
Conservação Internacional junto com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e o Instituto do
Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Inema). O projeto é patrocinado pela Petrobras, por meio do
Programa Petrobras Socioambiental.

Os textos que compõem o guia do viveirista trazem informações gerais sobre o processo de produção
de mudas de espécies nativas, desde a escolha da área destinada ao viveiro até aspectos do mercado
de mudas, passando pela coleta de sementes, manejo do viveiro e demais temas correlatos à cadeia da
produção de mudas e coleta de sementes.

Acreditamos que disseminar técnicas e práticas que estimulem ações positivas, a exemplo da oficina
de coleta de sementes e produção de mudas florestais nativas o guia, é um passo fundamental para
construção de sociedades saudáveis e sustentáveis.

Outras iniciativas já foram realizadas, algumas estão em curso e outras ainda serão desenvolvidas. Para
ficar por dentro do plano de ação completo acesse o website do projeto: www.semeandoaguas.org.br
ou envie um e-mail para semeandoaguas@conservacao.org.

Esperamos que você nos ajude a comunicar para conservar a biodiversidade do Alto Paraguaçu,
sensibilizando sua comunidade sobre a importância e os benefícios de conviver em harmonia com a
natureza.

Equipe do projeto Semeando Águas no Paraguaçu

Projeto Semeando Águas no Paraguaçu INEMA - Instituto do Meio Ambiente e


Conservação Internacional (CI-Brasil) Recursos Hídricos
Rua do Cruzeiro, 80 Avenida Luís Viana Filho, 6ª Avenida, nº 600
46750-000 – Mucugê, BA - Brasil Centro Administrativo da Bahia | 41.745-900
Tel.: (75) 3338-2221 | 8349-1197 Salvador - BA
www.semandoaguas.org.br Tel.: (71) 3118 4267
semeandoaguas@conservacao.org www.inema.ba.gov.br

SEMA - Secretaria do Meio Ambiente da Bahia Petrobras


Avenida Luís Viana Filho, 3ª Avenida, nº 390 - Av. República do Chile, nº 65 - Centro
Plataforma IV - Ala Norte | 41.745-005 20031-912 | Rio de Janeiro - RJ
Centro Administrativo da Bahia|Salvador - BA Tel.: (21) 3224 4477
Tel.: (71) 3115 6288 www.petrobras.com.br
www.meioambiente.ba.gov.br

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MAPA DE DE ABRANGÊNCIA DO
PROJETO SEMEANDO ÁGUAS NO PARAGUAÇU

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Sumário
CAPÍTULO 1 - Local de instalação de um viveiro --------------------------------------- 8
CAPÍTULO 2 - Instalações necessárias --------------------------------------------------- 8
CAPÍTULO 3 - Instalações complementares --------------------------------------------- 8
CAPÍTULO 4 - Divisão de espécies ------------------------------------------------------- 9
1 – Grupos ecológicos
2 – Preenchimento / Diversidade
CAPÍTULO 5 - Sementes ------------------------------------------------------------------ 10
1 – Identificação de matrizes
2 – Marcação de matrizes
3 – Formação do lote de sementes
4 – Acompanhamento fenelógico
5 – Técnicas de coleta
6 – Secagem dos “frutos secos” antes do beneficiamento
7 – Manejo de frutos carnosos
8 – Secagem das sementes
9 – Dormência
CAPÍTULO 6 - Recipientes ---------------------------------------------------------------- 13
1 – Saco plástico
2 – Tubetes
3 – Outros tipos de embalagens
CAPÍTULO 7 - Substrato ------------------------------------------------------------------ 15
1 – Função do substrato
2 – Substrato para tubete
3 – Substrato para saco plástico
4 – Parte química do substrato
CAPÍTULO 8 - Semeadura ----------------------------------------------------------------- 16
1 – Semeadura direta
2 – Semeadura indireta
3 – Como fazer a semeadura
4 – Materiais mais usados para cobrir as sementes
CAPÍTULO 9 - Repicagem ----------------------------------------------------------------- 17
CAPÍTULO 10 - Transplante --------------------------------------------------------------- 18
CAPÍTULO 11 - Dança / Seleção por altura ---------------------------------------------- 19
CAPÍTULO 12 - Desrama ------------------------------------------------------------------ 19
CAPÍTULO 13 - Desbaste / Raleio --------------------------------------------------------- 20
CAPÍTULO 14 - Monda -------------------------------------------------------------------- 20
CAPÍTULO 15 - Irrigação ------------------------------------------------------------------ 20
1 – Propósito

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2 – Consequência de uma irrigação inadequada
3 – Horário de Irrigação
4 – Quantidade
5 – Arquitetura de copa de cada espécie
6 – Regime de regas
CAPÍTULO 16 - Adubação química ------------------------------------------------------ 21
1 – Quantidade adequada
2 – Fósforo (P)
3 – Nitrogênio (N) e Potássio (K)
4 – Adubação de base
5 – Adubação foliar
6 – Adubação por cobertura
CAPÍTULO 17 - Inoculantes --------------------------------------------------------------- 22
CAPÍTULO 18 - Controle fitossanitário --------------------------------------------------- 22
1 – Uso de defensivos
2 – Preparo e aplicação de calda
3 – Após a aplicação
4 – Controle químico
5 – Controle cultural
CAPÍTULO 19 - Principais doenças -------------------------------------------------------- 23
CAPÍTULO 20 - Rustificação --------------------------------------------------------------- 23
CAPÍTULO 21 - Compostagem ------------------------------------------------------------- 24
CAPÍTULO 22 - Padrão de qualidade ------------------------------------------------------ 24
CAPÍTULO 23 - Expedição ----------------------------------------------------------------- 25
CAPÍTULO 24 - O mercado do setor de mudas ------------------------------------------- 26
CAPÍTULO 25 - Características de um bom viveirista ------------------------------------ 26
CAPÍTULO 26 - RENASEM ---------------------------------------------------------------- 27
CAPÍTULO 27 - Registro do viveiro no MAPA -------------------------------------------- 27
1 – Exigências do MAPA
2 – Sementes
3 – Mudas
4 – Comprovando a procedência das espécies
5 – Identificação da semente
6 – Identificação da muda
7 – Identificação do lote de mudas
8 – Responsabilidade técnica
9 – Comercialização

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1 - Local de instalação de um viveiro

1. Características desejáveis:
• Disponibilidade de água (quantidade e qualidade);
• Facilidade de acesso;
• Local ensolarado;
• Proximidade com o local de plantio;
• Ausência de ventos fortes;
• Terreno com caimento de 2% a 3%;
• Solo de fácil drenagem;
• Não pode estar sujeito a alagamentos.

2 - Instalações necessárias

1. Área de trabalho;
2. Galpão;
3. Casa de sombra;
4. Sementeira;
5. Bloco de canteiros:
• Largura dos canteiros
• Divisão em blocos
• Sentido leste-oeste

3 - Instalações complementares

1. Câmara fria
2. Estufas

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4 - Divisão de espécies

Do ponto de vista da restauração florestal, podemos classificar as espécies de duas maneiras diferentes. A
primeira e mais conhecida é a classificação por grupo ecológico sucessional (pioneiras; secundárias iniciais;
secundárias tardias; climáxicas). A segunda classificação é aquela proposta pelo Pacto Pela Restauração da
Mata Atlântica, que divide as espécies de acordo com sua função em um reflorestamento ecológico: espécies
de preenchimento e de diversidade.

1. Grupos ecológicos:

Pioneiras Não Pioneiras

Germinação no sol; Germinação na sombra;

Crescimento rápido; Crescimento lento;

Cresce a pleno sol; Cresce na sombra;

Raiz “cabeleira”; Raiz “pontuda”;

Alta absorção de nutrientes. Baixa absorção de nutrientes.

2.
Preenchimento / Diversidade:
• Mudas de preenchimento - mudas de espécies que apresentam três características
simultâneas: crescimento à pleno sol; rápido crescimento em altura; formação de copa larga nos
primeiros dois anos.
- Poucas espécies (entre 10 e 15);
- Copa grande, fechada e perene;
- Crescimento rápido.

• Mudas de diversidade – são as mudas das demais espécies que ocorrem na região além
daquelas classificadas como “preenchimento”.
- Muitas espécies (entre 40 e 80);
- Prioridade para espécies não pioneiras.

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5 - Sementes

1. Identificação de matrizes:
• A seleção das árvores que servirão como matrizes para coleta de sementes deve obedecer
aos seguintes requisitos:
- Ampla diversidade fenotípica (incluir árvores mais altas, mais baixas, medianas, com
troncos retilíneos e curvilíneos, copas largas e mais estreitas, etc.);
- As matrizes devem gerar sementes viáveis com um bom índice de germinação;
- Matrizes que produzem sementes que apresentam longevidade;
- Evitar indivíduos fora do padrão da espécie.

A) B)

(a) Árvore fora do padrão da espécie (Farinha-seca)


(b) Árvore dentro do padrão da espécie (Farinha-seca)

2. Marcação de matrizes:
• Coleta de ramos para identificação botânica em herbário (preferencialmente com flores
e/ou frutos);
• Marcação do local onde está a planta matriz com auxílio de GPS;
• Marcação na planta matriz para identificação da mesma.
• Elaboração de um croqui com a identificação do caminho de acesso às matrizes.

3. Formação do lote de sementes:


• Precisamos de diversidade genética!!!
• No caso de árvores que ocorrem juntas:

- Ex.: Palmito Jussara (Euterpe edulis)


- Identificar as diferentes “famílias” (agrupamentos);

OBS.: As famílias devem possuir distância de, no mínimo, 100 metros umas das outras.

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A)

(a) Identificação e agrupamento das “famílias”.


- Coletar sementes de 3 a 5 indivíduos de cada família;
- Formar um lote com sementes coletadas de, no mínimo, 15
indivíduos.
• No caso de árvores que ocorrem individualmente:
- Ex.: Jatobá (Hymenaea courbaril)
- Identificar as diferentes matrizes;

OBS.: Os indivíduos devem possuir distância de, no mínimo, 100 metros uns dos outros.

- Formar um lote com sementes coletadas de pelo menos 15 árvores diferentes.

• A legislação (lei 10.711 de 05/08/2003 e a IN N⁰56 de 08/12/2011) não menciona um


número mínimo de matrizes que devem ser coletadas para
formar um lote de sementes, mas é fundamental ampliar a diversidade genética!
• Estudos apresentam conclusões diversas, indicando que o número mínimo de matrizes
coletadas para formar um lote de sementes pode variar de 13 até 50 indivíduos;
• Fica valendo o bom senso de cada responsável técnico.

4. Acompanhamento fenológico:
• É o acompanhamento cronológico das diferentes fases reprodutivas das árvores
matrizes (estado vegetativo, floração, frutificação e dispersão).
• Vantagens:
- Evita “perder” o momento de coleta das espécies mais restritivas;
- Permite o planejamento da coleta.

5. Técnicas de coleta:
• Catação embaixo da matriz;
• Uso de podão ou outras ferramentas (sem escalada);
• Escalada em árvores (espora, peçonha, equipamento de escalada).

6. Secagem dos “frutos secos” antes do beneficiamento:


• Iniciar a secagem na sombra;
• Completar a secagem no sol;
• Iniciar o beneficiamento apenas após a secagem.

7. Manejo dos frutos carnosos:


• Se for necessário, podemos colocar os frutos embebidos em água para facilitar a separação das
sementes;

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• Macerar os frutos em água corrente contra uma peneira para eliminar a polpa.

8. Secagem das sementes:


• Por que secar as sementes?
- Para aumentar o seu período de armazenamento.
• Sementes recalcitrantes não toleram a desidratação;
- Ex.: Ingá, canela, sementes de frutos carnosos em geral.
• Devemos secar apenas as sementes ortodoxas (Sementes que suportam a desidratação);

9. Dormência:
• Causas da dormência:
- Dormência embrionária (embrião imaturo / substâncias inibidoras);
- Impermeabilidade do tegumento.
• Dormência embrionária:
- Embrião fisiologicamente imaturo;
- Presença de substâncias inibidoras;
- Nesses casos devemos proceder com a estratificação.

Na tabela a seguir são apresentadas algumas técnicas para quebra de dormência de sementes de algumas
espécies:

Nome científico Nome popular Quebra de dormência

Taxodium distichum Estratificação de 4⁰C a 5⁰C por até 60


dias.
Ligustrum japonicum Alfeneiro Estratificação de 2⁰C a 3⁰C por 60 a 90
dias.
Sambucus nigra Sabugueiro Estratificação à temperatura de 5⁰C
por 90 dias.
Magnolia grandiflora Magnólia Estratificação de 4⁰C a 5⁰C por 90 a
150 dias.
Ilex paraguariensis Erva-mate Estratificação por 150 dias.

Cupressus lusitanica Cipreste Estratificação de 30 a 60 dias a 4⁰C ou


Imersão em água por 24 a 48 horas
Copaifera langsdorffii Copaíba Estratificação por 15 dias ou Imersão
em água por 96 horas
Ocotea puberula Canela-guaicá Imersão em H₂SO₄ por 5 minutos e
estratificação por 150 dias
Ocotea porosa Imbuia Estratificação, à sombra, por 60 dias ou
escarificação mecânica
Calophyllum brasiliense Guanandi Estratificação em areia, à sombra, por
60 dias

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• Impermeabilidade do tegumento:
- Escarificação mecânica na lixa ou esmeril;
- Ácido sulfúrico (H2SO4)ou ácido clorídrico (HCl);
- Imersão em água quente;
- Choque térmico (água fria / água quente);

• Como fazer a quebra de dormência?


- Consultar listas para se balizar;

Mutambo Guazuma ulmifolia Ácido Sulfúrico - 5 min

Escarificação em ácido sulfúrico


Mutambo Guazuma ulmifolia concentrado por 50 minutos seguida de
lavagem em água corrente e imersão em
água por 12 horas.

- Observar as características da semente (tegumento, dureza, tamanho...) para escolha


do método adequado;
- Testar diferentes métodos de quebra de dormência.

6 - Recipientes

1. Saco plástico:
• Enchimento manual;
• Enchimento semi-mecanizado.
• Logística entre o enchimento e o encanteiramento.
• Definição do recipiente:
- Diâmetro:
. No campo, interfere no transporte das mudas para o plantio;
. Interfere na quantidade de saquinhos por m², tanto no viveiro
quanto no transporte;
. Interfere na relação diâmetro do colo/altura (estiolamento);
. Interfere na monda (catação de mato);
. Interfere no rendimento do frete;
. Interfere no momento de “dobrar” as mudas no caminhão.

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A) B)

(a) Saquinho rasgando devido à baixa espessura


(b) Saquinho dobrando devido à baixa espessura e à falta de substrato

- Altura:
. No campo, interfere no transporte das mudas para o plantio;
. Interfere no volume de substrato;
. Interfere no peso do frete.
- Espessura do saco plástico:
. Interfere no preço de aquisição do produto;
. Pode colocar “prazo de validade” nas mudas;
. Pode causar restrição hídrica se a borda do recipiente dobrar.
- Material:
. Virgem (R$ 7,50/ Kg);
. Canelado (R$ 7,00/ Kg);
. Reciclado (R$ 5,50/ Kg);
. Colorido.
2. Tubetes:
• Preconceito do mercado local;
- Formas de “quebrar” esse preconceito;
• Necessidade de conhecimento técnico;
• Devolução dos tubetes após o plantio.
• Escolha do tamanho do tubete.

A) B)

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(a) Sistema radicular bem desenvolvido formando um “torrão”
(b) Sistema radicular pouco desenvolvido impedindo a formação de um “torrão

- Preconceitos de mercado;
- É importante que o sistema radicular se desenvolva por todo o recipiente;
- Determina o porte final da muda.
- Preconceito de mercado em relação a mudas de pequeno porte.
- Quantidade de substrato;
- Otimização do transporte.

• Precisa de estruturas de suporte


• Enchimento de recipientes:
- Automatizado;
- Semi-automatizado;
- Manual.

• Manejo de espaçamento:
- Relação quantidade de mudas /m²;
- Estiolamento;
- Quantidade de irrigação recebida;
- Quantidade de adubação recebida

• Controle do crescimento da muda:


- Espaçamento;
.Adensado estimula o crescimento em altura;
. Mais espaçado estimula o crescimento em diâmetro;
- Adubação e irrigação – Monitorados por medidor de condutividade elétrica.
- Logística de transporte interno

3. Outros tipos de embalagens:


• Bandejas de isopor;
• Bandejas plásticas;
• Paper Pot.

7 - Substrato

1. Função do substrato:
• Sustenta a muda e fornece nutrientes.
• Composição:
- Parte sólida: partículas minerais e orgânicas;
- Parte líquida: água + nutrientes;
- Parte gasosa: oxigênio.
• Utilização de resíduos:
- Casca de pinus e eucalipto;
- Casca de arroz carbonizada;
• Preço do insumo;
• Preço do frete;

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• Isento de sementes;
• Sazonalidade de fornecimento.

2. Substrato para tubete:


• Baixa densidade;
• Boa porosidade;
• Peso reduzido.
• Boa retenção hídrica;
• Frações orgânicas;
• Volume constante em diferentes temperaturas e irrigação.

3. Substrato para saco plástico:


• Característica do substrato;
- Fração de aeração;
- Fração de “liga”;
- Fração de nutrientes e CTC.
• Boa retenção hídrica;
• Volume constante em diferentes temperaturas e irrigação.

4. Parte química do substrato:


• pH (acidez): folhosas pH = 6,0 / coníferas pH = 5,5.
- Correção do pH – Calagem (500 g de calcário /m³);
- Deve ser misturado aproximadamente 15 dias antes do uso.
• Fósforo (P) – baixa mobilidade (adubação de base);
- Incorporação de adubo no substrato:
- Ex.: N-P- K (04-14-08) à 4,3 Kg/m3 de substrato.
- Ex.: Super-fosfato simples à 3,3 Kg/m3 de substrato

8 - Semeadura

1. Semeadura direta:
• Semear mais do que uma semente por recipiente
• Utilizar somente sementes com boa viabilidade para evitar o remanejamento de
recipientes que não germinaram.

2. Semeadura indireta:
• O que é semeadura indireta?
• Sementes duvidosas;
• Muito grandes / muito pequenas;
• Auxilia na lixiviação de substâncias.

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A) B)

(a) Semeadura indireta de sementes “brocadas”, indicando uma possível baixa germinação
(b) Semeadura direta com sementes que germinaram pouco

3. Como fazer a semeadura?


• Antes de semear devemos deixar a semente imersa em água, visando
uniformizar a germinação;
• Observar o grupo ecológico e as características da semente, para escolher entre semear
na sombra ou no sol;
• Não cobrir muito a semente.

4. Materiais mais usados para cobrir as sementes:


• Vermiculita ;
• Palha de arroz;
• Areia lavada.
• OBS.: Materiais sem “liga”.

9 - Repicagem

1. Como fazer a repicagem:


• Irrigar bem o local de retirada das plântulas;
• Retirada das plântulas da areia;
• Poda das raízes;

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A) B)

(a) Emergência do primeiro par de folhas. Momento certo para a repicagem


(b) Poda das raízes para evitar o enovelamento durante a repicagem

• Colocar as mudas em um recipiente com água;


• Irrigar e furar os recipientes que receberão as mudas;
• Colocar a plântula no orifício (apertar bem);
• Fazer a repicagem pela manhã ou pela tarde.

10 - Transplante

1. Quando optar pelo transplante?


• Sementes recalcitrantes;
• Sementes onerosas;
• Espécies que não aceitam repicagem;

2. Otimiza a produção.
A) B)

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(a) Sistema radicular de uma plântula pronta para ser transplantada
(b) Plântula transplantada

11 - Dança / Seleção por altura

1. Quando devemos fazer a dança?


• Quando as mudas estiverem “mamando”;
• Ao fazer a seleção por altura automaticamente estamos fazendo a dança.
• Permite a adoção de tratos culturais adequados e diferenciados (ex: adubação).

12 - Desrama

1. Reduz o “efeito guarda chuva”;


2. Reduz a competição por luz;
3. Aumento de diâmetro do caule;
4. Redução do crescimento em altura.
5. Quando fazer a desrama?
• Simultaneamente a dança e a seleção por altura.

A) B)

(a) Canteiro de mudas precisando de dança, seleção por altura e desrama


(b) Canteiro de mudas após a dança, a seleção por altura e desbaste

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13 - Desbaste / Raleio

1. Parâmetros de escolha da planta que ficará no recipiente:


• Planta mais centralizada;
• Planta de maior crescimento.
2. Antes de fazer o desbaste devemos irrigar bem para evitar danificar as raízes da planta que ficará
no recipiente.

14 - Monda

1. Visa diminuir a competição do mato com a planta;


2. Limpar os recipientes enquanto o mato ainda esta pequeno.
3. Causas da infestação com mato:
• Esterco bovino com sementes;
• Uso de matéria orgânica não compostada;
• Proximidade com plantas espontâneas (mato) dispersando sementes.

15 - Irrigação

1. Propósito:
• Devolver ao substrato a água consumida pela planta;
• Repor a água perdida por transpiração e evaporação.

2. Consequência de uma irrigação inadequada:
• Lixiviação de nutrientes;
• Redução da porção de aeração do solo;
• Ocorrência de doenças fúngicas.

3. Horário de irrigação:
• Manhã.
• Tarde.

4. Quantidade (volume de irrigação):


• Depende da experiência do viveirista;
• Inicia-se com quantidades grandes e vai reduzindo com o tempo;
• Substituição de recipientes por “potes” que indicam a quantidade de água depositada no
local.
• Tubete – Menor volume de água, intervalos de rega menores;

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• Saquinho – Maior volume de água, intervalos maiores de rega.

5. Arquitetura de copa de cada espécie;

6. Regime de regas:
• Para promover a germinação:
- Quantidade: Pouca
- Intervalo: Curto
• Crescimento:
- Quantidade: Médio
- Intervalo: Médio
• Rustificação:
- Quantidade: Muita em tubetes e pouca em saquinhos
- Intervalo: Longo

16 - Adubação Química

1. Quantidade adequada:
• Excesso à Tornam-se elementos fitotóxicos e salinizam o substrato;
• Falta à Tornam-se limitantes ao crescimento da planta.

2. Fósforo (P) à Misturado no substrato (baixa mobilidade);

3. Nitrogênio (N) e Potássio (K) à Aplicados por base e por cobertura.

4. Que quantidade de fertilizante devo colocar em base (misturado no substrato)?


• Depende do traço que estamos utilizando;
• Depende do sistema utilizado (sacos ou tubetes);
• Baixa resposta à adubação (espécies nativas);
• Sistema de sacolas plásticas: 150 g de N; 700 g de P2O5 ; 100 g de K2O por m3 (1000 l) de
substrato.

5. Adubação foliar:
• Pulverização sobre as folhas;
- Ex.: Adubo Niphokam - Misturar 15 ml do adubo em cada 10 litros de água e pulverizar
sobre as folhas. Repetir a cada 14 dias.
• Após a aplicação não devemos irrigar;
• Não aplicar em dias de chuva;
• Fazer a aplicação no final da tarde (após a última irrigação).

6. Adubação por cobertura (absorção radicular):


• Aplicação com regador ou com o sistema de irrigação;
• Misturar o adubo químico em água;
• Sacos plásticos: Aplicar 0,1 g de N e de K2O por planta, divididos em duas, três ou quatro
aplicações alternadas;
• Tubetes: Aplicar 0,02 g de N e de K2O por planta. Repetir semanalmente ou
quinzenalmente (verificar a condutividade).
• Irrigar após a aplicação.

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17 - Inoculantes

1. Apenas algumas espécies possuem compatibilidade com essa tecnologia;

2. Utilizar o inoculante específico para cada espécie;

3. Quando utilizar inoculantes, não utilizar adubação nitrogenada.

A) B)

(a) Ilustração de um sistema radicular inoculado


(b) Imagem de um sistema radicular inoculado

18 - Controle fitossanitário

1. Uso de defensivos:
• Aplicados de forma correta;
• Na dosagem correta;
• Com os devidos cuidados;
• Utilização de EPIs;
• Utilizar apenas produtos registrados no MAPA.

2. Preparo da calda e aplicação:


• Homogeneização total.
• Aplicar o produto a favor do vento;
• Proceder à aplicação após o último período de rega;
• Não irrigar após a aplicação;
• Não aplicar com chuva.

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3. Após a aplicação:
• Encaminhar as embalagens vazias aos postos de recolhimento;
• Trocar a roupa utilizada na aplicação;
• Fazer higiene completa do corpo com água fria.

4. Controle químico:
• Agrotóxicos, fumigantes, etc.

5. Controle cultural:
• Controle da umidade;
• Cuidado com a adubação de nitrogênio (N).

19 - Principais doenças

1. Tombamento (damping-off);
• A região do colo é atacada, levando ao tombamento da muda.
• Patógeno: fungos (Cylindrocladium sp., Fusarium sp., Pytuium sp., etc.).

2. Podridão de raiz:
• Necrose nos tecidos do sistema radicular.
• Culmina com apodrecimento das raízes.
• Patógeno: fungos (Cylindrocladium sp. e Fusarium sp.)

3. Ataque à parte aérea:


• Manchas foliares, necrose do caule, lesões nos ramos e seca de ponteiros.
• Patógeno: Fungos (Cylindrocladium sp., Botrytis cinerea, etc.)

4. Aplicação de defensivos naturais:


• Calda Sulfocálcica (enxofre e cal virgem):
- Fungos, ácaros, cochonilhas e insetos sugadores.
• Calda Bordalesa (Sulfato de cobre e cal virgem):
- Fungos.
• Extrato de Nim:
- Insetos e pragas em geral.

20 - Rustificação

1. Mudança nos tratos culturais:


• Maior intervalo entre regas;
• Adubação nula;
• Exposição ao sol.

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21 - Compostagem

1. O que é a compostagem?
• É a produção de matéria orgânica estabilizada.

2. Composição (65% resíduos vegetais e 35% resíduos animais);

3. É feita empilhando alternadamente camadas (5 a 10 cm) de resíduos vegetais e animais;

4. A última camada é de restos vegetais;

A)

(a) Ilustração do manejo de compostagem

5. Regras fundamentais:
• Aeração (avaliação pelo cheiro);
• Umidade entre 55% e 65% (avaliação pelo tato);
• Temperatura entre 55° e 60oC (avaliação por um vergalhão);
• Relação C/N (depende do material empregado).

22 - Padrão de qualidade

1. Atender à altura desejada pelo projeto;

2. Sistema radicular ocupando todo o recipiente;

3. Ausência de doenças;

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4. Boa relação entre altura do colo e largura da base;

5. Pouca bifurcação;

6. Muda rustificada;

7. Raízes não enoveladas.

23 - Expedição

1. Só devem ser enviadas à campo mudas que atendam às exigências do padrão de qualidade.

2. Transporte:
• Caminhões de carroceria, caminhões-baú, carretas, veículos adaptados, etc.;
• Cuidados no transporte (vento).
• Rocambole.
• Mix de espécies.
• Caixas plásticas vazadas.

A) B)

(a) Mudas em saquinhos sendo “dobradas” no momento da expedição


(b) Preparo de “rocambole” com mudas de tubetes

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24 - O mercado do setor de mudas

1. Mercado sazonal (out – mar);

2. Exigência nos padrões de qualidade;

3. Exigência em variedade;
• Variedade genética;
• Variedade de espécies;
• Variedade em grupos ecológicos.

4. Proximidade ao plantio;

5. Falta de mudas no mercado;

6. Negociação e venda;
• Ausência de estoque;
• Venda por encomenda.
• Metade do pagamento adiantado para arcar com os custos de produção e gerar
comprometimento com o comprador.

7. Relação com fornecedores.

25 - Características de um bom viveirista

1. Tem curiosidade sobre o comportamento de cada espécie;

2. Quando não conhece uma espécie experimenta vários tratamentos para saber qual é o manejo
ideal;

3. Anota todas as informações referentes à produção de cada espécie;


• Semeadura, quebra de dormência, etc.

4. Observa como ocorre na natureza;

5. E reunindo essas características, transforma seus erros em aprendizado.

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26 - RENASEM

1. Legislação;
• Lei 10.711 (05/08/2003);
• Decreto 5.153 (23/07/2004);
• Instrução Normativa N°56 (08/12/2011).

2. Exigências para registro no RENASEM:


• Ter um responsável técnico cadastrado no RENASEM;
• Ser pessoa jurídica ou pessoa física cadastrada como produtor rural;
• Possuir inscrição estadual;

27 - Registro do viveiro no MAPA

1. Exigências do mapa:
• Encaminhar até o dia 30 de Março do ano subseqüente:
- Relatório anual de produção e comercialização de sementes de espécies florestais (Anexo I);
- Relatório anual de produção e comercialização de mudas de espécies florestais (Anexo II);
• Manter à disposição do MAPA por 5 anos:
- Relativos à produção própria de sementes e mudas:
. Laudos de vistoria emitidos pelo Responsável Técnico (Anexo XII);
. Originais do Termo de Conformidade de Sementes Florestais (Anexo IX);
. Originais do Termo de Conformidade de Mudas Florestais (Anexo XI);
. Notas fiscais de venda.

2. Sementes:
• Declaração da fonte de sementes:
- Entregar até o dia 30 de Março do ano corrente a declaração da fonte de sementes
de cada espécie que pretenda produzir (Anexo IV);
- A inclusão de uma nova espécie na declaração da fonte de sementes deverá ser feita
até 30 dias após a coleta da semente (Anexo IV);
- A declaração da fonte de semente terá validade de 3 anos;
- A declaração da fonte de semente deverá estar acompanhada do croqui ou roteiro
de acesso à fonte de sementes.
• Categoria da semente:
- As sementes coletadas irão pertencer a categoria IDENTIFICADA e irão precisar de:
. Determinação botânica da matriz (Nome científico);
. Localização da matriz ou da população coletada.
• Coletor de sementes:
- Deverá se credenciar no RENASEM:
. Requerimento de credenciamento (Anexo V);
. CPF ou CNPJ;
. Declaração de adimplência junto ao MAPA.

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- Deverá trabalhar seguindo as orientações do seu Responsável Técnico
• Beneficiamento:
- Deverá ser realizado pelo próprio produtor ou por beneficiador
credenciado no RENASEM;
- Quando os frutos ou as sementes coletadas forem transportados para fora da
propriedade onde se realizou a coleta, devem estar acompanhados da fiscal.
• Dados que devem constar na Unidade de Beneficiamento de Sementes:
- Na recepção:
. Nome do produtor e número de registro no RENASEM;
. Data da coleta;
. Data de chegada dos frutos e das sementes;
. Nomes científico e comum da espécie;
. Procedência da semente;
. Natureza da semente (ortodoxa ou recalcitrante);
. Peso de frutos ou de sementes coletados.
- Após o beneficiamento:
. Nome do produtor e número de registro no RENASEM;
. Data da coleta;
. Nomes científicos e comum da espécie;
. Procedência da semente;
. Natureza da semente (ortodoxa ou recalcitrante);
. Peso das sementes beneficiadas;
. Identificação do lote.
• Armazenamento:
- As sementes deverão estar identificadas:
. Nome e número da inscrição do produtor no RENASEM;
. Nomes científicos e comum da espécie;
. Identificação do lote.
- Manter à disposição do MAPA por 2 anos:
. Notas fiscais de entrada e de saída de sementes;
. Cópia do Termo de Conformidade da Semente Florestal (Anexo IX).

3. Mudas:
• A muda terá a mesma categoria que a semente, ou seja, IDENTIFICADA;
• Entregar anualmente, até o dia 30 de Março, a declaração de produção estimada de mudas
florestais de cada espécie que deseja produzir (Anexo VIII);
- A declaração (Anexo VIII) deverá estar acompanhada do croqui ou roteiro de
acesso ao viveiro.
• A inclusão de novas espécies na declaração deverá ser feita até no máximo 30 dias após o
início da produção da mesma;

4. Comprovando a procedência das sementes junto à fiscalização:


• Quando as sementes forem adquiridas de terceiros:
- Cópia da nota fiscal em nome do produtor;
- Cópia do Termo de Conformidade de Semente Florestal.
• Quando as sementes forem coletadas pelo próprio produtor:
- Cópia da declaração da fonte de semente florestal (Anexo IV);

5. Identificação da semente:
• Material coletado deverá conter as seguintes identificações:
- Nome científico, fonte de sementes, data da coleta e nome do produtor.

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• Sementes prontas para serem comercializadas:
- Nome científico, nome do produtor e seu registro no RENASEM, categoria da
semente, identificação do lote, data da coleta, peso líquido, percentagem de germinação e validade
do teste de germinação.
• O Termo de Conformidade de Semente Florestal (Anexo IX) das espécies que não
possuem um “padrão de qualidade” estabelecido pelo MAPA, deverá apresentar a expressão
“Espécie sem padrão de qualidade estabelecida pelo MAPA” no campo “observação”.

6. Identificação da muda:
• Durante a produção, cada lote deve estar identificado com os nomes científico e popular e
com a identificação do lote;
• Na comercialização, as mudas devem estar identificadas com as seguintes informações:
- Nomes científico e popular da espécie;
- Nome do produtor e número de inscrição no RENASEM;
- Categoria da muda;

7. Identificação do lote de mudas:


• Caso um único viveiro esteja enviando as mudas para um único destinatário, as
identificações acima podem constar apenas na nota fiscal;
• No caso de comercialização de mais de uma espécie, pelo menos uma muda de cada
espécie deve conter a identificação mencionada acima.

8. Responsabilidade técnica:
• O responsável técnico deve:
- Supervisionar as atividades relativas à fonte de sementes, à produção de sementes
e à produção de mudas florestais;
- Executar as vistorias obrigatórias estabelecidas para a fonte de sementes, a
coleta de sementes e a produção de mudas, lavrando os respectivos laudos dentro dos prazos
estabelecidos;
- Emitir e assinar o Termo de Conformidade de Semente Florestal (Anexo IX) e o
Termo de Conformidade de Muda Florestal (Anexo XI);
- Manter toda a documentação atualizada à disposição do produtor contratante.
• Vistorias do responsável técnico:
- A vistoria da produção de sementes e/ou de mudas florestais será
realizada pelo responsável técnico com a emissão do laudo de vistoria (Anexo VII);
- O laudo de vistoria tem o objetivo de:
. Recomendar técnicas silviculturais e procedimentos a serem adotados;
. Registrar as não conformidades constatadas na vistoria, determinando as
medidas corretivas a serem adotadas.
- Deverá ser efetuada no mínimo uma vistoria por ano na fonte de sementes e na
produção de sementes;
- Deverá ser efetuada no mínimo uma vistoria por trimestre no viveiro florestal.

9. Comercialização:
• A semente ou a muda comercializada deverá estar acompanhada do seu termo de
conformidade e da respectiva nota fiscal;
• Manter a disposição do MAPA para fins de fiscalização:
- Certificado de inscrição de comerciante no RENASEM;
- Notas fiscais que permitam estabelecer correlação entre entrada, saída e estoque;
- Cópia do termo de conformidade.

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