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Métodos e Sistemas de

Irrigação para Bananeira

Eugênio Ferreira Coelho


Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Métodos e Sistemas de
Irrigação para Bananeira

Eugênio Ferreiro Coelho

Embrapa Mandioca e Fruticultura


Cruz das Almas, BA
2020
Embrapa Mandioca e Fruticultura Equipe Responsável
Rua Embrapa, s/n, Caixa Postal 07,
Aldo Vilar Trindade
44380-000, Cruz das Almas - Bahia
Fone: (75) 3312-8048 Eugênio Ferreira Coelho
Fax: (75) 3312-8097 Ildos Parizotto
www.embrapa.br
www.embrapa.br/fale-conosco/sac
Marcela Silva Nascimento
Olga Benicio dos Santos Marques de Oliveira Lins
1ª edição
On-line (2020) Equipe de Apoio
Anapaula do Rosário Lopes
Renan Mateus Rodrigues Cabral
Coordenação
Olga Benicio dos Santos Marques de Oliveira Lins
Chefe de Transferência de Tecnologia
Aldo Vilar Trindade
Foto da capa
Eugênio Ferreira Coelho
Sumário

1 Apresentação ............................................... 5

2 Introdução..................................................... 7

3  Conceitos e métodos de irrigação................ 9

4  Opções de uso dos


métodos de irrigação........................................ 22

5  Uniformidade de distribuição de água


pelos sistemas de irrigação em bananeira....... 26

6  Métodos de irrigação em
agricultura familiar............................................ 29

7  Considerações finais.................................. 37

8 Referências................................................. 38
5

1.
 Apresentação
Os bananicultores dos polos de predominância da cultura da bana-
neira, bem como de regiões não semiáridas, mas com períodos de
déficits hídricos prolongados necessitam sempre de manter suas plan-
tações irrigadas. A bananeira é uma cultura de elevada necessidade
de água e é viável em condições semiáridas presentes na maior parte
do Nordeste desde que irrigada.

Em nosso curso Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira,


iremos conhecer diferentes métodos de Irrigação e suas alternativas,
possibilitando ao técnico e produtor rural, a que este curso se destina,
conhecer e diferenciar os sistemas de irrigação para bananeira e suas
formas de uso.

Para tanto, convidamos você aluno deste curso, para navegar nos co-
nhecimentos oferecidos por meio das nossas videoaulas e material
complementar que será disponibilizado para ser baixado no seu com-
putador e/ou celular (download). Iremos dividir nosso curso em dois mó-
dulos, que se subdividirão em duas aulas cada um. No primeiro módulo
iremos conceituar e falar um pouco sobre os métodos, seus requisitos,
benefícios, características e diferenças entre eles. No segundo módulo
abordaremos os métodos de irrigação em agricultura familiar e a com-
paração entre alguns métodos abordados durante o curso.

À medida que os conteúdos de ambos os módulos forem sendo


apresentados, eles irão abordar as recomendações de uso nas
situações diversas. Sendo assim, convidamos você aluno, para co-
nhecer e refletir sobre os sistemas de irrigação apresentados e suas
formas de uso, dentro da sua realidade vivenciada, seja você um pro-
dutor rural ou um técnico agrícola.

Esperamos que o conteúdo abordado acrescente informações ao


seu dia a dia no campo e que ao final do curso você seja capaz de
6 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

conhecer e identificar os sistemas de irrigação mais adequados para


a cultura da bananeira.

Gostaríamos de salientar que este curso foi planejado no AVA Moodle,


de maneira assíncrona e sem tutoria. No final de cada módulo tere-
mos uma prova objetiva que deverá ser preenchida após concluir as
respectivas aulas e ler o material complementar. Para tanto, você terá
duas tentativas ao final de cada módulo. Para receber a certificação ao
término do curso, você deverá alcançar média final igual ou superior
a 7,0 (sete).

É iImportante que o aluno fique atento às orientações que estão


disponíveis ao longo deste material didático.

Dicas: quadro com publicações, textos de livros, revistas


e links online para ilustrar e lhe ajudar a aprofundar o
assunto tratado.

Glossário: esclarecimento de termos técnicos específicos


da área, como um minidicionário.
7

2.
 Introdução
O Brasil é o quarto produtor mundial e sua produção de 6,8 milhões
de toneladas de banana são praticamente destinadas ao consumo in-
terno. Contudo, apesar de ser um grande produtor, o Brasil exportou
(2019) apenas 1,2% de sua produção, tornando o agronegócio da ba-
nana uma atividade bastante lucrativa.

Dicas:
Para saber mais sobre Banana, acesse:
Link da Publicação: Coleção - 500 perguntas -
500 respostas: Banana. O produtor pergunta,
a Embrapa responde.
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/
item/101787/1/500perguntasbanana.pdf
ou adquira um exemplar do livro O agronegócio da
banana que está disponível para venda na Livraria
Embrapa (www.embrapa.br/livraria).
Mais informações acesse:
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/
noticia/10974735/livro-da-embrapa-traca-um-panorama-
completo-sobre--o-agronegocio-da-banana

A banana é um dos produtos pesquisados pela Embrapa Mandioca e


Fruticultura que ao longo dos seus anos de existência, dentre outras
funções, coordena pesquisas com mandioca, citros, abacaxi, manga,
mamão, maracujá e acerola.
8 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

Dentre outros focos de pesquisa constantes na Unidade, a equipe téc-


nico-científica tem buscado com afinco soluções inovadoras alinhadas
a tecnologias mais limpas e que propiciem condições de produção
diferenciada, sem agressão ao meio ambiente, condicionando quali-
dade e produtividade a material genético superior.

Dicas:
Acesse o endereço
https://www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura
e conheça um pouco mais sobre a missão e atribuições da
Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Comprometido a este movimento de um cultivo sustentável para


nossos produtos, elaboramos este curso com o objetivo de apresen-
tar os sistemas de irrigação para bananeira, que é uma técnica de
manejo muito importante para a cultura e fator decisivo para sua
produtividade.

A bananicultura irrigada está presente nos polos de fruticultura de todo


o Brasil, mesmo em condições não semiáridas, devido as estiagens
anuais cada vez mais frequentes. Os agricultores ao decidirem instalar
sistemas de irrigação precisam de um conhecimento mínimo, devido
à dificuldade de acesso a técnicos especializados em irrigação. Essa
dificuldade leva esses agricultores a usar a consultoria apenas dos
vendedores de lojas de irrigação que podem ou não usar aplicativos
para projetar a irrigação do cliente. Entretanto a falta de conhecimen-
to prático desses vendedores e a visão de lucro comum do mercado
leva a sistemas não sintonizados da realidade de campo. Um sistema
de irrigação deve ser o que fornece água para efetivamente para uso
das raízes com mínimo de perdas. Isso requer adequar o sistema de
irrigação ao sistema de produção da bananeira como ao espaçamento
entre plantas e ao solo com relação a sua maior ou menor capacidade
de infiltração.
9

3.
  Conceitos e Métodos de Irrigação
3.1 Introdução

Irrigação é a maneira ou forma de aplicar água às plantas, ou seja, é


a forma como a água é conduzida à área de plantio e distribuída para
as plantas.

Os principais requisitos a serem considerados no momento de escolha


do método são a uniformidade de distribuição de água e a eficiência
de aplicação de água.

O uso da irrigação na bananeira proporciona benefícios, tais como:

• Assegura boa emissão e crescimento de frutos;

• Possibilita aumento da produção de frutos da ordem de pelo me-


nos 94%.

Na tabela abaixo, você pode observar a comparação entre produtivi-


dade da bananeira com e sem irrigação:

Tabela 1. Produtividade e incremento de produtividade da bananeira com


irrigação.

Fonte: dados adaptados de trabalhos desenvolvidos pelo autor.

3.2 Métodos de irrigação

Os métodos de irrigação são maneiras de aplicar água às plantas e


para utilizá-los precisamos observar os seguintes pontos:

• Terra boa onde às raízes podem crescer;


10 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

• Fonte de água (represa, rio, lagoa etc);

• Autorização de uso de água;

• Distância da fonte de água;

• Altura da área e da fonte de água.

3.2.1 Irrigação por aspersão


É um método em que a água é aplicada por jato em forma de inúme-
ras gotas que formam uma chuva sobre o solo e suas características
principais são:

• Molhamento das folhas e favorecimento de doenças fúngicas;

• 100% de área molhada, não impondo limitação ao desenvolvi-


mento das raízes;

• Eficiência* do sistema entre 75 a 90.

Glossário:
*Eficiência: considera-se eficiência do sistema de
irrigação a relação ou a razão entre o volume de água que
o sistema disponibiliza na zona radicular das culturas e o
volume que é bombeado da fonte de água.

Para este tipo de irrigação (Figura 1), sugere-se aspersores de baixo


ângulo de inclinação, no caso de aspersão convencional (Figura 2).
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 11

Figura 1 e 2. Componentes
do sistema de irrigação por
aspersão convencional.
Fonte: Irrigativo.

Os sistemas por aspersão po-

Foto: Eugênio F. Coelho


dem ser do tipo subcopa ou so-
brecopa, conforme aplicam água
por baixo ou por cima das folhas.
A irrigação por aspersão subco-
pa que é quando a água é asper-
gida abaixo da maioria das folhas
das bananeiras (Figura 3). A as-
persão sobrecopa que é quando
a água é aspergida sobre todas
as folhas das bananeiras como é
o caso do pivô central (Figura 4)
e o sistema linear.

Figura 3. Aspersão por Subcopa


(convencional).
12 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira
Foto: Eugênio F. Coelho

Figura 4. Aspersão por sobrecopa (pivô central).

No uso do pivô central ou linear devemos atentar para a susceptibili-


dade da cultura a doenças fúngicas e para a altura máxima das plan-
tas. Vale lembrar, que o sistema de irrigação por aspersão não con-
diciona o espaçamento entre as plantas. Observe abaixo na Tabela 2
as diferenças entre os sistemas de irrigação por aspersão:

Tabela 2. Informações técnicas e financeiras dos sistemas de irrigação por


aspersão.

Fonte: dados adaptados de trabalhos desenvolvidos pelo autor.


CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 13

3.2.2 Irrigação localizada


É quando a aplicação de água é feita pelos emissores próximos das
plantas em apenas uma fração da área cultivada, em alta frequência
e baixo volume por tempo. Uma das suas características principais é
que requer baixa pressão (menor ou igual a 20 m.c.a.) e menor volume
de água que na irrigação por aspersão (15% a 20% a menos).

Glossário:
O m.c.a. é uma unidade de medida de pressão que
significa “metros de coluna de água” e refere-se à
pressão da água no sistema.

3.2.2.1 Irrigação localizada por microaspersão

A irrigação localizada por microaspersão é aquela que utiliza peque-


nos emissores, que lançam pequenas gotículas de água. As principais
características são:

• Reduz o molhamento da parte aérea em relação à aspersão;

• A área molhada é suficiente para o desenvolvimento radicular


com maior chance de uso de nutrientes pelas plantas (>40%);

• Sistema de eficiência igual ou acima de 85%.

Este tipo de irrigação é recomendado para solos de textura arenosa,


mas pode ser usado em qualquer tipo de solo. Exige maior potência de
bombeamento que o gotejamento, mas gasta-se menos material como
tubos mangueiras, emissores considerando o uso de uma linha lateral
por fileira de plantas. Informações adicionais sobre o sistema podem
ser visualizadas na Tabela 3.
14 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

Tabela 3. Informações técnicas e financeiras dos sistemas de irrigação


por microaspersão.

Fonte: dados adaptados de trabalhos desenvolvidos pelo autor.

Na irrigação localizada por microaspersão, a lâmina de água que


atinge o solo e plantas é mais elevada a menores distancias do mi-
croaspersor e menores na medida em que se afasta deste. Com isso
a uniformidade de distribuição de água local fica entre 60% e 80%
conforme o emissor. Os microaaspersores podem ter diferentes va-
zões: 20, 30, 40, 50, 60, 70, 90, 120 L/h. A saída do jato de água dos
emissores pode se ser com uso de dispositivos do tipo bailarina ou
difusor. Os emissores podem ter autocompensação que consiste no
uso de um dispositivo no corpo do emissor tipo um diafragma que
mantem a vazão em um valor constante mesmo com elevações da
pressão do sistema. Na Figura 5, apresenta-se exemplos de tipos de
microaspersores disponibilizados no mercado:

Figura 5. Alguns tipos de microaspersores encontrados no mercado.


CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 15

Os microaspersores lançam jatos de água a distâncias que dependem


da vazão e pressão dos mesmos. A vazão dos emissores determina o
raio de ação e a área molhada sobre e sob a superfície do solo. A área
molhada está relacionada ao espaçamento das plantas (densidade) e
ao tipo de solo.

Raios de ação de 3,0 m (vazão 60-70 L /h)     espaçamentos até 3,0 m x 2,70 m

Raios de ação de 2,5 m (vazão 40 -50 L /h)     espaçamentos até 2,5 m x 2,00 m

Raios de ação de 2,0 m (vazão 30 -40 L /h)     espaçamentos até 2,5 m x 2,00 m

A vazão dos emissores condiciona uma área molhada especifica e


essa área molhada influi na expansão radicular que por sua vez con-
tribui na absorção de água e nutrientes e nas variáveis de crescimento
como a área foliar e a produtividade (Tabela 4).

Tabela 4. Efeito do raio de ação do microaspersor para espaçamento 3,0 m


x 2,70 m.

Fonte: Coelho et al., 2016.

As linhas laterais são normalmente dispostas entre duas fileiras de


plantas (Figura 6) o que reduz o custo de mangueiras no sistema com-
parado ao gotejamento, uma vez que um microaspersor irriga a uma
só vez quatro plantas. Mas isso não impede de usar uma linha de mi-
croaspersores por fileira de plantas com um emissor para duas plantas
no caso de vazões acima de 60 L/h.
16 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira
Fotos: Eugênio F. Coelho

Figura 6. Microaspersão em bananeira adulta (A) e na fase de crescimen-


to vegetativo (B).

Na disposição de uma linha lateral por duas fileiras de plantas a área


molhada depende do espaçamento entre plantas, da vazão do mi-
croaspersor e do tipo de solo. A tabela abaixo demonstra a percenta-
gem de área molhada para sistemas de irrigação por microaspersão
com uma linha lateral para duas fileiras de planta, em diferentes con-
dições de solo e de espaçamento da bananeira.
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 17

Tabela 5. Percentagem de área molhada para sistemas de irrigação por mi-


croaspersão considerando diferentes espaçamentos entre plantas de bana-
neira, espaçamento entre emissores em uma linha lateral por duas fileiras de
plantas em solos de diferentes texturas.

Fonte: Coelho et al., 2018.

3.2.2.2 Irrigação localizada por gotejamento

A irrigação localizada por gotejamento é quando os emissores são do


tipo orifícios em mangueiras de polietileno de baixa densidade. E suas
características principais são:

• Não possibilita molhamento da parte aérea, apenas do solo;

• Área molhada entre 20%-30% da área da planta;

• Sistema de eficiência igual ou acima de 85%;

• Mais recomendado para solos de textura média a argilosa.

Observe na figura abaixo que os gotejadores podem ser: gotejador


na linha, onde a instalação é por inserção na linha lateral, e o go-
tejador dentro da linha que é embutido na linha lateral. Exemplo:
tubo gotejador.
18 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

Figura 7. Exemplos de gotejadores.


Foto: Eugênio F. Coelho

Figura 8. Bananal irrigado por gotejamento.


CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 19

Informações adicionais sobre o custo sistema de gotejamento podem


ser visualizadas na Tabela 6.

Tabela 6. Informações técnicas e financeiras do sistema de irrigação por go-


tejamento.

Fonte: dados adaptados de trabalhos desenvolvidos pelo autor.

As vazões dos gotejadores apresentam ampla variação:1,5; 2,0; 4; 6;


8;10; 12 L/h; os emissores podem ou não apresentar a autocompensa-
ção, como os microaspersores, sendo que a maioria apresenta a au-
tocompensação que mantem a vazão em um valor constante, mesmo
em condições acidentadas ou em morros.

O espaçamento entre gotejadores é função do diâmetro molhado (va-


zão do emissor) e da distribuição do sistema radicular da bananeira.
Maiores vazões condicionam a maiores áreas molhadas e maiores
distancias entre emissores. Também deve-se levar em conta a dis-
tância efetiva do sistema radicular a partir da planta de bananeira que
pode ser considerada de 60 cm. Recomendação de Keller & Bliesner
(1990) é considerar 80% do diâmetro molhado do emissor.

Os gotejadores formam um volume de solo molhado abaixo da su-


perfície do mesmo conforme mostra a Figura 9. Esse volume poderá
ter formato mais achatado para os lados ou para baixo dependendo
do solo resultando em diâmetros desses volumes conforme mostra a
Tabela 7.
20 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

Figura 9. Volume do solo mo-


lhado abaixo dos gotejadores.

Tabela 7. Diâmetro do volume molhado de gotejador de vazão 4 L/h.

Fonte: Keller & Bliesner, 1990.

Assim, trazemos uma pergunta para melhor fixação do conteúdo:


Quantas linhas laterais deve-se usar por fileira de plantas no goteja-
mento e quantos gotejadores por planta?

Resposta: para um melhor êxito no manejo de irrigação, recomenda-se:

• Em região de clima subúmido ou úmido, utilizar uma linha lateral


por fileira de plantas;

• Em região de clima semiárido, utilizar duas linhas laterais por fi-


leira de plantas;

• Em condições de clima úmido ou subúmido usar dois gotejadores


por planta espaçados 40 cm da planta, um de cada lado ou três
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 21

gotejadores por planta espaçados de 50 cm com um próximo da


planta e os outros dois a 50 cm desse, com um de cada lado;

• Em condições semiáridas usar quatro ou seis gotejadores por


planta, sendo a metade em cada linha lateral com a mesma dis-
posição de uma linha por fileira de plantas.

Dicas:
Acesse o capítulo “Métodos e sistemas de irrigação” do
Livro Irrigação da bananeira, no endereço
https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/
publicacao/951586/irrigacao-da-bananeira e aprofunde
seus conhecimentos sobre o assunto
22

4.
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

  Opções de Uso dos


  métodos de Irrigação
4.1 Comparação entre os métodos de
irrigação (Gotejamento e Microaspersão)

Depois de conhecermos um pouco sobre a irrigação localizada, vamos


nos deter em algumas comparações entre os sistemas por gotejamento e
por microaspersão de acordo as fases fenológicas da bananeira. Observe
na Figura 10 a distribuição da lâmina de água nos dois tipos de sistema.

Distribuição
da lâmina
de água

Gotejador
Microaspersor

Figura 10. Distribuição da lâmina de água de irrigação no solo quando aplicada por
gotejamento e por microaspersão.

No período inicial (desenvolvimento vegetativo), o sistema radicular é


pouco desenvolvido na fase de crescimento. No período produtivo (flo-
ração, crescimento dos frutos), o sistema radicular está completamen-
te desenvolvido. Na fase inicial até os cinco ou seis meses, o sistema
de gotejamento supre melhor as necessidade hídricas das plantas da
bananeira com um sistema radicular menos desenvolvido conforme
mostra as Figura 11 e 12. Já nas fases de floração e produção, o siste-
ma radicular no caso da microaspersão se expande mais lateralmente
e permite ao sistema radicular explorar um maior volume de solo e se
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 23

desenvolver mais como mostrado na Tabela 8 onde, nos tratamentos de


gotejamento, a densidade de comprimento de raízes é maior por causa
do menor volume solo, mas nas maiores profundidades a densidade
de comprimento é maior para a microaspersão. O desenvolvimento das
raízes é fundamental na absorção de água e nutrientes, o que resulta
em maiores produtividades para a microaspersão (Tabela 8).

Tabela 8. Densidade de comprimento de raízes de bananeira Prata Gorutuba


em diferentes sistemas de gotejamento e microaspersão no Norte de Minas.

Fonte: Santana Junior (2015).


*T1 – Microaspersão 35 L/h; T2 – Microaspersão 53 L/h; T3 – Microaspersão 70 L/h; T4 – Gotejamento 1
linha lateral; T5 – Gotejamento 2 linhas laterais.
Foto: Tacisio P. Andrade

Figura 11.
Sistema de
gotejamento.
24 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira
Foto: Tacisio P. Andrade

Figura 12. Sistema de microaspersão.

Na Tabela 9, confira como exemplo, os dados de produtividade da


bananeira no primeiro e segundo ciclo de produção nas condições do
Norte de Minas Gerais.

Tabela 9. Produtividade da bananeira no primeiro e segundo ciclo de pro-


dução por sistemas de irrigação por gotejamento e por microaspersão nas
condições do Norte de Minas Gerais.

Fonte: Santana Junior (2015).


CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 25

A diferença entre os sistemas de gotejamento e microaspersão para a


bananeira pode ser menor com uso da fertirrigação e com a cobertura
do solo. A Figura 13 mostra que as produtividades com microaspersão
podem não diferenciar das produtividades com o sistema de goteja-
mento (tratamentos 3 e tratamento 5, ambos com fertirrigação e cober-
tura do solo com a própria palha de bananeira).

45
a a
Produtividade (t.ha-1)

40
b b
35
c
30 d
25
20
15
10
5
0
1 2 3 4 5 6

Tratamento

Figura 13. Densidade de comprimento de raízes de


bananeira Microaspersão x Gotejamento.
Fonte: Souza (2015)
T1 – Gotejamento; T2 – Microaspersão; T3 – Gotejamento com fertir-
rigação + cobertura do solo; T4 – Gotejamento com fertirrigação; T5
– Microaspersão com fertirrigação + cobertura do solo; T6 – Microas-
persão com fertirrigação.
26

5.
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

  Uniformidade de distribuição
  de água pelos sistemas
  de irrigação em bananeira
Como a água é distribuída na superfície do solo e sobre as plantas?
Com este questionamento, te convidamos a refletir que a forma de ava-
liar um sistema de irrigação referente a um método é pela sua unifor-
midade de distribuição de água, como apresentado na figura abaixo.
Foto: Ildos Parizotto

Figura 14. Avaliação de uniformidade de distribuição de água em campo com asper-


são convencional.

No método de aspersão, por exemplo, distribuem-se coletores de


água na região onde a água atinge e, com os dados dos volumes de
água, obtêm-se em várias posições do terreno, as lâminas de água, o
que permite mapear a distribuição de água e avaliar de forma numé-
rica essa distribuição por indicadores ou coeficientes que são dados
em percentagem da uniformidade 100%. Dicas devem ser observadas
para um melhor aproveitamento dos conhecimentos. Abaixo seguem
algumas delas:

• Nestes métodos, mede-se a vazão do emissor em diferentes po-


sições da linha lateral e de algumas linhas laterais em cada setor
de irrigação;
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 27

• Os instrumentos de medição pode ser coletores comprados, gar-


rafas pets cortadas e marcadas para um quarto de litro, meio litro,
três quartos de litro e 1 litro.

Abaixo, seguem ilustrações para visualização e entendimento.

Foto: Ildos Parizotto


A

Foto: Tibério Silva


B

Figura 15 (A e B). Coleta de vazão para uniformidade de distribuição de água em


microaspesão (A) e gotejamento (B).
28 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

A avaliação da uniformidade de distribuição de água pode ser feita


qualitativamente, no caso, pelas diferenças entre os volumes coleta-
dos ou pelo coeficiente de distribuição de água (CUD). Nesse caso,
separa-se os menores valores dos volumes coletados e pega-se a
média dos 25% menores valores (mm). Pega-se a média de todos os
valores (Mt); daí, se calcula:

mm
CUD = .100
Mt

Outro ponto que devemos nos deter é como a água é distribuída na


superfície do solo e sobre as plantas. Veja na Figura 16 os diferentes
raios de ação dos jatos (seu alcance) e na Tabela 10 a uniformidade
de distribuição nos diferentes sistemas que ajudam a esclarecer esse
ponto em questão.

Figura 16. Radiação dos jatos.

Tabela 10. Uniformidade de distribuição em diferentes sistemas.

Fonte: Mantovani et al. (1997).


29

6.
  Métodos de Irrigação
  em Agricultura Familiar
No último conteúdo deste curso, iremos “visualizar” diversos métodos
de irrigação apropriados para a utilização em agricultura familiar
(bubbler adaptado, sulcos revestidos para pequenas bacias, sulcos
curtos com canais revestidos, microaspersores com aproveitamento
de área e mangueiras perfuradas Santeno). Esperamos que estas
informações possam te dar uma visão panorâmica dos diferentes
métodos existentes.

6.1 Bubbler adaptado

O Bubbler adaptado é um sistema de irrigação do tipo localizada


que além de elevada eficiência de uso da água é considerado de
baixo custo.

Custos de aquisição e instalação chegam a ser metade daqueles


de sistemas de aspersão convencional (R$2.700,00 e R$3.000,00
em terreno com declividade plana e de 2% e 4% (ALVES, 2016).
Ele funciona com emissores ao nível do solo, tem pressões no
início das linhas laterais a partir de 1 metro de coluna d’água
(1 m.c.a) e sua disposição no campo é bem semelhante a irrigação
por microtubo.

Visualize nas figuras abaixo (foto e ilustração) como ele funciona:


30 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira
Foto: Tibério Silva

Figura 17. Sistema bubbler em abóbora.

Figura 18. Sistema de Irrigação Bubbler em bananeira.


CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 31

Os componentes do sistema são:

• Linha principal, ligada a uma fonte de água com carga constante;

• Linhas de derivação;

• Linhas laterais;

• Mangueiras emissoras, conectadas às laterais.

Figura 19. Sistema de irrigação bubbler com dois setores de duas linhas laterais por setor.
Foto: Ildos Parizotto

Figura 20. Linha lateral


e mangueiras emissoras
num sistema bubbler em
bananeira.
32 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

As mangueiras emissoras possuem diâmetros entre 3mm e 4mm, de


diferentes comprimentos ao longo da linha lateral e os microtubos de
3mm ou 4mm permitem menores vazões por planta e linhas laterais
mais longas.
Foto: Tibério Silva

Figura 21. Esquema de Instalação do controle de pressão; diferentes conexões


de inserção.

Observe que a entrada da linha lateral requer uma mangueira transpa-


rente inserida na linha, um registro e uma trena. O registro controla a
pressão na linha lateral e é mostrada pela subida da água na mangueira.

6.2 Sulcos revestidos para pequenas bacias


A recomendação para esses sistemas de irrigação para bananeira é para
locais com solos de textura média a argilosa próximos de rios, ribeirões
ou com represas acima da área irrigada onde a água possa ser conduzi-
da a área por gravidade. Entre as fileiras de plantas faz-se os sulcos de
irrigação que são revestidos por lona comum de menor preço do mer-
cado. Próximo das plantas faz-se um rebaixamento na parede do sulco
para permitir a água escoar para uma bacia construída em volta da planta
a uma distancia de 20 cm. Nesse sistema os canais de onde saem os
sulcos devem ser também revestidos com lona. Isso vai evitar perdas de
água na área que é o problema principal do uso desse tipo e irrigação. As
ilustrações a seguir mostram o uso desses sistemas para a bananeira.
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 33

Fotos: Tibério Silva


A B

Figura 22 (A e B). Distribuição de água do sulco revestido em bacias no entorno das


plantas. Esquema de Instalação do controle de pressão; diferentes conexões de inserção.

Figura 23. Sistemas de irrigação de sulcos revestidos suprindo água a bacias.

6.3 Microaspersão e aspersão com


aproveitamento de área
O aproveitamento da área irrigada é importante para o agricultor porque
pode produzir, além da bananeira, hortaliças nos primeiros três meses
após o plantio. Muitos pequenos produtores fazem isso para garantir
maior renda com plantio de culturas como melancia e abóbora, além de
outras hortaliças, conforme a ilustração abaixo. Deve-se incentivar esse
aproveitamento na microaspersão e na aspersão convencional onde a
área molhada é maior e sem aproveitamento fica ocupada com mato.
34 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira
Fotos: Alisson J.P da Silva

Figura 24. Aproveitamento de água em microaspersão em bananeira.

6.4 Sistemas de microirrigação ou


irrigação localizada com uso de emissores
tipo microjatos (“microjets”)

O sistema de irrigação localizada pode em vez de usar microas-


persores ou gotejadores, fazer uso de outros emissores como os
“microjets” que são emissores de alta intensidade de aplicação,
porque normalmente trabalham com vazão de 30 a 40 litros por hora,
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira 35

mas com diâmetro molhado próximo de 2,0 m ou menos. Portanto


têm uma vazão equivalente a dos microaspersores com um pequeno
raio de ação, o que confere uma lâmina aplicada acima de 8 mm/h.
Com isso o tempo de aplicação de água deve ser menor que o tempo
necessário na microaspersão e no gotejamento. A pressão, deve ser
controlada, com uso em períodos do dia de menor velocidade do vento,
para evitar perdas de arraste. O custo desses emissores é menor que
o dos emissores convencionais. No seu uso para bananeira pode-se
inicialmente, a partir do plantio usar apenas um por planta, mas a partir
do quarto mês pode-se colocar outro com espaçamento entre eles de
1,0 m, com a planta entre eles.

Foto: Eugênio F. Coelho

Figura 25. Sistema de irrigação com uso de microjatos em bananeira.

Chegamos ao fim do nosso curso e caso queria saber mais sobre


alguns conteúdos abordados neste módulo, confira o material disponi-
bilizado na nossa dica abaixo.
36 CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

Dicas:
Dr. Eugênio Coelho é um dos autores das publicações que
tratam desse assunto de forma mais detalhada. Acesse os
links abaixo e aprofunde seus conhecimentos.
Cartilha “Sistemas e manejo de irrigação de baixo custo
para agricultura familiar”
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/
item/133043/1/Cartilha-Manejo-Irrigacao-03-09-2015.pdf
Circular Técnica “Sistemas de irrigação para
agricultura familiar”
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/
item/74572/1/circular-106-Sistema-de-irrigacao-para-
agricultura-familiar.pdf
37

7.
  Considerações finais
Todos os métodos de irrigação podem ser usados para a bananeira,
desde que sejam adequados às condições do sistema de produção da
cultura e às condições do solo. O agricultor ou o usuário da irrigação
deve conhecer os sistemas de irrigação de forma que possam planejar
qual o mais adequado para a sua condição com que tipo de emissor,
com que vazão, com qual espaçamento entre emissores, com quantas
linhas laterais em relação às fileiras de plantas. Enfim, esse conhe-
cimento ficou acessível ao usuário nesse curso. Esse conhecimento
dos sistemas de irrigação para a bananeira é básico para os próximos
e importantes passos que são conhecer as necessidades de água da
bananeira e calcular as quantidades de água a aplicar à cultura nas
suas diferentes fases de crescimento sob diferentes condições de
tempo ou de clima.

Sugerimos continuidade na busca de informações e nos outros


cursos disponibilizados dentro do conteúdo abordado. Apesar da
independência entre eles, estamos oferecendo também os cursos
“Necessidades Hídricas da Bananeira” e “Recomendações de Manejo
da água de Irrigação para Bananeira”, que juntos proporcionarão ao
aluno, melhor entendimento sobre as Técnicas adequadas para a
irrigação da bananeira.
38

8.
CURSO EAD – Métodos e Sistemas de Irrigação para Bananeira

 Referências
ARAUJO, R. T. M.; COELHO, E. F.; SILVA, T. S. M.; PARIZOTTO, I.; ANDRADE,
T. P.; TEIXEIRA, J. C.; OLIVEIRA, R. C. Sistemas de irrigação e seus efeitos na
umidade do solo em condições de sistemas produtivos irrigados de agricultura
familiar do semiárido. In: XXIII CONIRD - Congressos Nacionais de Irrigação e
Drenagem, 2013, Luís Eduardo Magalhães. XXIII CONIRD - Congressos Nacionais
de Irrigação e Drenagem, 2013.

CALBO, A. I. G.; SILVA, W. L. C. Sistema Irrigas para manejo de irrigação:


fundamentos, aplicações e desenvolvimentos. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2005.

COELHO, E. F.; SILVA, T. S. M.; SANTANA JUNIOR, E. B.; PARIZOTTO, I. Método


simplificado de determinação da umidade do solo para uso em manejo de irrigação
em agricultura familiar. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2013.
Comunicado Técnico, 155.

COELHO, EUGENIO F.; Silva, A.J.P. Irrigação da bananeira. In: Silva, S.O.;
FERREIRA, C.F. (Org.). O Agronegócio da Banana. 1ed.Brasilia: Embrapa, 2016,
v. 1, p. 213-.

COELHO, E. F.; SILVA, Tibério S M ; SILVA, Alisson Jadavi Pereira da ; PARIZOTTO


; BEATRIZ S. CONCEIÇÃO ; SANTOS, Delfran Batista dos . Sistemas de irrigação
de baixo custo para agricultura familiar de assentamentos ribeirinhosdo semiárido.
In: GHEYI, H.R.; PAZ, V.P.S; MEDEIROS, S.S.; GALVÂO, C.O.. (Org.). Recursos
hidricos em regiões semiáridas. 1ed.Cruz das Almas: Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, 2012, v. 1, p. 100-116.

COELHO, E. F.; SILVA, T. S. M. ; SILVA, Alisson Jadavi Pereira da ; SANTOS,


Delfran Batista dos . Sistemas de irrigação para agricultura familiar. cruz das almas,
BA: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2012 (Circular técnica,).

SILVA, A. JI P. ; COTRIM. C.E. ; COELHO, E. F. ; SANTANA, J. A. V. ; DONATO,


S. L. R. . Metodos e sistemas de irrigação. In: Eugenio Ferreira Coelho. (Org.).
Irrigação da bananeira. 1ed.Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura,
2012, v. 1, p. 121-189.

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