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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE PALMAS

CURSO DE AGRONOMIA

ERIVAN PEREIRA DE OLIVEIRA

USO DE ESTILOSANTES EM SOLOS ARENOSOS

PALMAS-TO
2023

ERIVAN PEREIRA DE OLIVEIRA


USO DE ESTILOSANTES EM SOLOS ARENOSOS

Trabalho apresentado como requisito parcial para aprovação


na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso em
Agronomia (TCC) do Centro Universitário Luterano de Palmas
(CEULP/ULBRA)

Orientador(a): Drª. Conceição Aparecida Previero

PALMAS-TO

2023

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ERIVAN PEREIRA DE OLIVEIRA

USO DE ESTILOSANTES EM SOLOS ARENOSOS

Trabalho apresentado como requisito parcial para aprovação


na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do
curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de
Palmas (CEULP/ULBRA)

Orientadora: Prof.ª Drª. Conceição Aparecida Previero

Aprovada em: _____ de_________________de 2023.

Banca Examinadora

______________________________________________
Prof.ª Orientadora Drª. Conceição Aparecida Previero
Centro Universitário Luterano de Palmas

______________________________________________
Prof. Examinador Drª. Barbara dos Santos Esteves
Centro Universitário Luterano de Palmas

______________________________________________
Prof. Examinador: M.Sc. Benjamim Carvalho Lima Júnior
Centro Universitário Luterano de Palmas

AGRADECIMENTOS
3
Gostaria de agradecer primeiramente a Deus pelas inúmeras bênçãos que
tem me concedido até aqui. Em segundo lugar minha família, respectivamente
minha mãe Rita Pereira de Oliveira. Agradeço à Prof.ª Orientadora Dr. ª Conceição
Aparecida Previero, que me acompanhou ao longo de todo o processo, fornecendo
orientações valiosas, compartilhando conhecimentos e experiências, e dedicando
seu tempo e atenção para garantir que eu pudesse aprender e crescer
profissionalmente.

A todos os demais professores, ao qual tive a honra de tê-los ao meu lado,


onde me ensinaram tudo o que sei hoje sobre a profissão que escolhi para seguir, a
vocês a minha eterna gratidão, pelas correções e ensinamentos que me permitiram
apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional ao
longo do curso.

As trocas de conhecimentos, as discussões e o trabalho em equipe foram


fundamentais para o meu aprendizado e crescimento durante esse período.

Por fim, aos meus irmãos e minha filha Liz de Souza Oliveira, que me
incentivaram nos momentos difíceis e compreenderam a minha ausência enquanto
eu me dedicava à realização deste trabalho.

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RESUMO
OLIVEIRA, Erivan Pereira. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). 2023. 32p. Uso
de Estilosantes em Solos Arenosos. Centro Universitário Luterano de Palmas.
Curso Agronomia. Orientadora, Prof.ª Drª. Conceição Aparecida Previero.

Nas duas últimas décadas, a agricultura expandiu-se de maneira extraordinária no


País. Essa expansão levou à valorização das terras mais nobres, que antes eram
ocupadas, geralmente, com pecuária extensiva. Este trabalho de conclusão de curso
aborda a utilização de estilosantes como uma estratégia promissora para aprimorar
a qualidade de solos arenosos, visando promover práticas agrícolas mais
sustentáveis. No Tocantins devido a expansão da agricultura no Cerrado levou a
ocupação de áreas de ocorrência de areias Quartzosas, hoje o estado do Tocantins
compõe uma nova fronteira agrícola com forte procura para abertura de novas áreas
para plantio.

Palavras-chave: Solos arenosos. Expansão da Agricultura. Valorização de Terras.

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ABSTRACT

In the last two decades, agriculture has expanded in an extraordinary way in the
country. This expansion has led to the appreciation of the most noble lands, which
were previously occupied, generally, with extensive livestock farming. This course
conclusion work addresses the use of stylosanthes as a promising strategy to
improve the quality of sandy soils, aiming to promote more sustainable agricultural
practices. In Tocantins, due to the expansion of agriculture in the Cerrado, it led to
the occupation of areas where Quartz sands occur. Today, the state of Tocantins
forms a new agricultural frontier with a strong demand for opening new areas for
planting.

Keywords: Sandy soils. Expansion of Agriculture. Land Valuation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Modificado de Oliveira et al.1979. Embrapa,1998…………………………17

Figura 2. Triângulo Textural Simplificada..................................................................20

Figura 3. Frutíferas: Abacaxi, Acerola, Citros e Maracujá. Fonte: Embrapa,


2000...........................................................................................................................24

Figura 4. Mapa esquemático de ocorrência de Areias Quartzosas no Brasil. Fonte:


Embrapa……………………………………………………………………………………..31

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

FBN - Fixação biológica de Nitrogênio


FAO - Organização Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura
ONU - Organização das Nações Unidas
CTC - Capacidade de Troca Catiônica
SDP - Sistema de Plantio Direto
ILP - Integração Lavoura-Pecuária
LUPA - Unidades de Produção Agropecuária

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO_______________________________________________________________
2 PROBLEMA_________________________________________________________________
3 JUSTIFICATIVA______________________________________________________________
4 HIPÓTESES_________________________________________________________________
5 OBJETIVOS_________________________________________________________________
Objetivo geral_____________________________________________________________
Objetivos Específicos_______________________________________________________
6 REFERENCIAL TEÓRICO______________________________________________________
6.1.1 Caracterização morfológica, física e química dos solos________________________
6.1.2 Taxonomia dos solos___________________________________________________
6.1.3 Aptidão Agrícola dos Solos Arenosos______________________________________
6.1.4 Problemas, riscos e opções de uso de solos arenosos no Brasil_________________
6.1.5 Métodos e Técnicas de Introdução do Estilosantes___________________________
6.1.6 Promoção da Sustentabilidade Agrícola____________________________________
7 METODOLOGIA______________________________________________________________________
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO__________________________________________________
8.1.1 Interferências com Outras Culturas e Manejo Integrado________________________
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS_____________________________________________________
10 REFERÊNCIAS______________________________________________________________

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1 INTRODUÇÃO

As leguminosas desempenham um papel fundamental na agricultura devido à


sua capacidade de fixação de nitrogênio atmosférico, o que as torna valiosas para
melhorar a fertilidade do solo. Como afirmado por Sousa e Lima (2023), a fixação
biológica de nitrogênio pelas leguminosas é um processo ecologicamente importante
que pode reduzir a dependência de fertilizantes nitrogenados na agricultura,
contribuindo para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas.
Além disso, a utilização de leguminosas, como o estilosantes, pode contribuir
para a diversificação das culturas e a rotação de culturas, reduzindo assim a
pressão de pragas e doenças no solo, conforme mencionado por Fernandes et. al.,
(2005) a introdução de leguminosas nas rotações de culturas pode melhorar a saúde
do solo, aumentar a matéria orgânica e reduzir a erosão do solo.
Portanto, a compreensão das características e desafios dos solos arenosos é
essencial para a adoção de práticas agrícolas adequadas que maximizem a
produtividade e a sustentabilidade, especialmente quando se considera a introdução
de leguminosas, como o estilosantes, na agricultura.
Melhoria da fertilidade do solo: os solos arenosos são desafiadores devido à
sua capacidade limitada de reter nutrientes essenciais para o crescimento das
plantas. No entanto, o estilosante, uma planta leguminosa, possui a capacidade de
fixar nitrogênio atmosférico em suas raízes, tornando-o disponível para outras
culturas. Isso pode resultar em um aumento significativo na fertilidade do solo,
contribuindo para uma produção agrícola mais saudável e produtiva.
A dependência excessiva de fertilizantes químicos na agricultura tem gerado
preocupações ambientais devido à poluição da água e do solo. A utilização de
estilosantes como uma alternativa mais sustentável pode reduzir a necessidade de
tais produtos químicos, promovendo uma abordagem mais amigável ao meio
ambiente.

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2 PROBLEMA
No Brasil, os solos arenosos são considerados ambientes muito frágeis,
independentemente do clima e da fertilidade natural. Nas últimas duas décadas, os
termos "solos frágeis" e "fragilidade do solo" têm sido cada vez mais usados para
descrever solos com textura superficial arenosa, que geralmente são mais
suscetíveis à erosão hídrica e/ou eólica do que os solos mais argilosos. Portanto, o
termo “solo frágil” geralmente se refere a situações de alto risco de manipulação do
solo.

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3 JUSTIFICATIVA
A questão da agricultura sustentável tem se destacado cada vez mais nas
discussões sobre o futuro da produção de alimentos. Um dos desafios que os
agricultores enfrentam é a gestão de solos arenosos, que são conhecidos por sua
baixa capacidade de retenção de nutrientes e água.
A necessidade de expansão da fronteira agrícola, calcada em perspectivas
favoráveis do mercado externo para comercialização de grãos e frutas, estimulou a
criação de programas especiais, visando à inclusão dos cerrados no processo
produtivo.
Este estudo tem como objetivo justificar a importância de se explorar o uso de
estilosantes em solos arenosos, considerando suas implicações na melhoria da
fertilidade do solo, na promoção da sustentabilidade agrícola, no valor forrageiro, na
redução da erosão do solo, na adaptação às mudanças climáticas e no avanço da
pesquisa agrícola.

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4 HIPÓTESES
● Análise detalhada das características físicas, químicas e biológicas dos solos
arenosos no estado do Tocantins permitirá identificar padrões distintos de
distribuição e comportamento desses solos;

● Desenvolver estratégias de manejo mais eficientes, adaptadas às condições


específicas dos solos arenosos no contexto tocantinense;

● Investigar o impacto do estilosante como cultura de cobertura ou componente


em sistemas de rotação de culturas.

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5 OBJETIVOS

Objetivo geral
● Mensurar a importância dos estudos para a capacidade produtiva do estado
com relação aos solos formados por áreas de areias Quartzosa.

Objetivos Específicos
● Avaliar o impacto do cultivo de estilosantes;

● Analisar a viabilidade produtiva desses solos quartzarênicos;

● Avaliar o enriquecimento e melhora da estrutura do solo.

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6 REFERENCIAL TEÓRICO

As leguminosas desempenham um papel fundamental na agricultura devido à


sua capacidade de fixação de nitrogênio atmosférico, o que as torna valiosas para
melhorar a fertilidade do solo. Como afirmado por Sousa e Lima (2023), a fixação
biológica de nitrogênio pelas leguminosas é um processo ecologicamente importante
que pode reduzir a dependência de fertilizantes nitrogenados na agricultura,
contribuindo para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas.
O uso de leguminosas, como o estilosantes, pode contribuir para a
diversificação das culturas e a rotação de culturas, reduzindo assim a pressão de
pragas e doenças no solo, conforme mencionado por Rambo et. al. (2021) a
introdução de leguminosas nas rotações de culturas pode melhorar a saúde do solo,
aumentar a matéria orgânica e reduzir a erosão do solo.
Os solos arenosos são amplamente encontrados em várias regiões do mundo
e apresentam características distintas que podem influenciar a agricultura. Conforme
observado por Lima (2020), os solos arenosos são conhecidos por sua baixa
capacidade de retenção de água, o que pode resultar em condições de seca para as
culturas.
A falta de matéria orgânica nos solos arenosos pode afetar negativamente a
fertilidade do solo. Como destacado por Tenelli, (2016) a baixa concentração de
matéria orgânica nos solos arenosos limita a disponibilidade de nutrientes essenciais
para as plantas, tornando-os suscetíveis à degradação e à erosão. (TENELLI, 2016)
Além da fertilidade do solo, as leguminosas também contribuem para a
melhoria da estrutura do solo. Suas raízes profundas e sistemas radiculares
ramificados ajudam a aumentar a porosidade do solo, permitindo uma melhor
infiltração de água e aeração. Como mencionado por Tubin, et al. (2019), a presença
de leguminosas pode reduzir a compactação do solo, melhorando a capacidade de
retenção de água e nutrientes.
As leguminosas, quando incluídas em rotações de culturas, podem atuar
como culturas de cobertura que competem com plantas daninhas por luz, nutrientes
e espaço. Isso pode reduzir significativamente a pressão das plantas daninhas nas
culturas subsequentes, como afirmado por Rambo et. al. (2021) a competição eficaz
com leguminosas pode ser uma estratégia importante para o manejo integrado de
plantas daninhas.
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A rotação de culturas que inclui leguminosas diversifica o sistema agrícola,
tornando-o mais resiliente a condições climáticas variáveis e desafios ambientais.
Conforme destacado por Carvalho (2016), a diversificação por meio da inclusão de
leguminosas pode reduzir os riscos associados a eventos climáticos extremos e
pressões de pragas específicas.
A utilização de leguminosas em rotação de culturas desempenha um papel
significativo na segurança alimentar global. Como observado por Rambo et. al.
(2021), as leguminosas são fontes valiosas de proteína e nutrientes essenciais para
a alimentação humana e animal, contribuindo para a segurança alimentar em muitas
partes do mundo.
A integração de leguminosas em sistemas agrícolas promove a adoção de
práticas agrícolas sustentáveis, como a redução do uso de insumos químicos e a
conservação do solo. Isso está alinhado com os objetivos de desenvolvimento
sustentável e a preservação dos recursos naturais, conforme ressaltado por
Zampieri, et al. (2021), a agricultura baseada em leguminosas é fundamental para a
sustentabilidade dos sistemas agrícolas em longo prazo.
Neste sentido, a utilização de leguminosas em rotação de culturas oferece
uma ampla gama de benefícios que vão além da simples melhoria da fertilidade do
solo. Essas plantas desempenham um papel crucial na promoção da
sustentabilidade agrícola, na mitigação de desafios como plantas daninhas e na
contribuição para a segurança alimentar global. Portanto, a incorporação estratégica
de leguminosas em práticas agrícolas é uma abordagem valiosa para agricultores e
para a sociedade como um todo.
Portanto, a compreensão das características e desafios dos solos arenosos é
essencial para a adoção de práticas agrícolas adequadas que maximizem a
produtividade e a sustentabilidade, especialmente quando se considera a introdução
de leguminosas, como o estilosantes, na agricultura.

6.1.1 Caracterização morfológica, física e química dos solos

Os solos arenosos são conhecidos por sua baixa capacidade de retenção de


água e nutrientes, o que pode limitar o crescimento de plantas. No entanto, algumas
espécies vegetais têm demonstrado a capacidade de prosperar nesse tipo de solo, e
o Estilosantes (Stylosanthes spp.) é uma delas. Neste contexto, autores como

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Moreira et al. (2019) destacam a relevância do Estilosantes como uma alternativa
para melhorar a qualidade do solo em áreas arenosas.

Figura 1. Modificado de Oliveira et al.1979. Embrapa,1998

Segundo Chaves et al. (2018), o estilosantes é uma leguminosa que possui a


capacidade de fixação biológica de nitrogênio (FBN), o que contribui para o aumento
da disponibilidade desse nutriente no solo. Isso é particularmente importante em
solos arenosos, onde a fertilidade costuma ser baixa. A FBN é um processo pelo
qual a bactéria presente nas raízes do estilosantes converte o nitrogênio atmosférico
em uma forma que pode ser absorvida pelas plantas, promovendo assim o
crescimento e a produção.
Além da fixação de nitrogênio, o estilosantes também possui raízes profundas
e sistemas radiculares bem desenvolvidos, conforme observado por Lopes et al.
(2019) essas características contribuem para a melhoria da estrutura do solo
arenoso, aumentando sua capacidade de retenção de água e nutrientes. Como
resultado, o solo se torna mais fértil e adequado para o cultivo de outras plantas.
Outro benefício do estilosantes em solos arenosos é a sua capacidade de
proteger o solo contra a erosão, conforme mencionado por Oliveira (2016) a
formação de uma cobertura vegetal densa e o desenvolvimento do sistema radicular
contribuem para reduzir a perda de solo por erosão hídrica e eólica, o que é

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especialmente importante em regiões onde a degradação do solo é uma
preocupação.
É importante destacar que essas leguminosas também desempenham um
papel crucial na melhoria da qualidade da matéria orgânica do solo em áreas
arenosas. A adição de matéria orgânica é fundamental para aumentar a capacidade
de retenção de água, melhorar a estrutura do solo e promover a atividade
microbiana benéfica. A decomposição das raízes e dos resíduos enriquece o solo
com compostos orgânicos, contribuindo para a sua fertilidade e sustentabilidade a
longo prazo (LOPES et al. 2019).
Outro aspecto relevante é a capacidade de reduzir a compactação do solo.
Solos arenosos podem ser suscetíveis à compactação devido ao tráfego de
máquinas e equipamentos agrícolas. A presença de raízes profundas ajuda a
quebrar a compactação, melhorando a infiltração de água e a aeração do solo
(MOREIRA et al. 2019)
A escolha da variedade de estilosantes e as práticas de manejo
desempenham um papel significativo no aproveitamento dessas potencialidades em
solos arenosos. Diferentes espécies e cultivares de podem apresentar
características específicas, como resistência a pragas e doenças, adaptação a
condições de seca ou maior capacidade de fixação de nitrogênio. Portanto, é
fundamental selecionar a variedade mais adequada com base nas condições locais
e nos objetivos de cultivo.
Sendo assim o estilosantes é uma leguminosa valiosa para a melhoria de
solos arenosos, oferecendo benefícios como fixação de nitrogênio, melhoria da
estrutura do solo, proteção contra a erosão, aumento da matéria orgânica e redução
da compactação. Com o manejo adequado, o estilosantes pode desempenhar um
papel fundamental na agricultura sustentável em regiões com solos arenosos.

6.1.2 Taxonomia dos solos

O solo é uma coleção tridimensional dinâmica de corpos naturais que


consiste em partes sólidas, líquidas e gasosas. Ele é composto por materiais
minerais e orgânicos e ocupa a maior parte do manto superficial das extensões
continentais da terra. Além disso, o solo contém matéria viva e pode ser encontrado
na natureza em seu estado natural, embora possa ser modificado por atividades

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humanas. A textura do solo se refere à proporção de diferentes partículas, como
argila, silte e areia, que estão presentes em um determinado solo. Um solo é
considerado "arenoso" quando contém principalmente partículas de areia e areia
franca. (CENTENO, et. al. 2017)
A textura do solo refere-se à proporção das diferentes frações de partículas,
nomeadamente areia, silte e argila, presentes na massa do solo, sendo determinada
em laboratório. No campo, essa textura pode ser avaliada pelo tato, esfregando um
pouco de solo úmido entre os dedos. Os solos de textura arenosa, que incluem as
categorias de areia e areia franca, são caracterizados por conterem uma fração.
O mineral sólido composto principalmente de quartzo tem um teor de argila
inferior a 15%. Esses solos são vulneráveisà erosão, apresentam baixa capacidade
de troca de cátions (CTC) e dependem em grande parte da matéria orgânica
presente no solo. Além disso, têm pouca capacidade de retenção de fósforo (P) e
alta lixiviação de nutrientes, especialmente nitratos, devido à sua drenagem rápida.
Os poros nestes solos são relativamente grandes, resultando em baixa capacidade
de retenção de água, tanto em situações de alta como de baixa umidade. (BASSO;
KIANG, 2017)
Os solos arenosos possuem uma textura leve e podem ser classificados como
areia, areia franca ou franco-arenosa, com predominância de partículas com
tamanhos entre 0,05 mm e 2,00 mm. As principais classes de solos arenosos
incluem Argissolos, Latossolos, Planossolos, Neossolos (Quartzarênicos, Regolíticos
e Litólicos) e Cambissolos. O Neossolo Quartzarênico é a classe de solo arenoso
mais comum no Brasil, ocupando uma parcela significativa da área do país. Outros
solos arenosos importantes são os Latossolos com textura arenosa. (CASTRO;
HERNANI, 2015)
Esses solos arenosos abrangem aproximadamente 25% do território
brasileiro, com muitos deles encontrando-se em estado de manipulação,
principalmente nas áreas de fronteiras agrícolas tradicionais localizadas nos estados
do Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e
Mato Grosso. Além das pastagens no processo de manipulação, essas áreas
também são utilizadas para o cultivo de culturas como mandioca, milho, amendoim,
feijão, melancia e cana-de-açúcar, especialmente nos estados de São Paulo e
Paraná. (MACHADO, 2016)

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Solos de textura arenosa possuem características físicas que favorecem o
cultivo e o preparo mecânico, porém apresentados especificamente em termos de
propriedades químicas, com uma capacidade de retenção de nutrientes
relativamente baixa, ou seja, baixa Capacidade de Troca Catiônica (CTC). Outras
características dos solos arenosos incluem baixa capacidade de retenção de água,
baixa coesão, friabilidade quando secos ou molhados, aquecimento rápido quando
expostos ao sol, atividade biológica significativa, maior densidade aparente, menor
porosidade total, maior macroporosidade, boa aeração, baixa superfície específica
aparente, menor porosidade total, maior macroporosidade, boa aeração, baixa
superfície específica e estrutura frágil (ARAUJO; PEJON, 2018)
Historicamente, os solos arenosos foram considerados ambientes de baixa
produtividade e alto risco para a agricultura. Sousa e Lima (2023), argumentou que
solos arenosos, com menos de 18% de argila, eram a última opção para uma
agricultura sem supervisão devido à baixa retenção de água, alto potencial de
lixiviação de nutrientes básicos e risco elevado de manipulação em curto prazo. Ele
sugeriu que esses solos deveriam ser preservados com vegetação nativa.
Normalmente, texturas arenosas no horizonte A (especialmente quando há
mudança de textura abrupta) e a presença de cascatas são limitações leves para o
uso da terra. Solos com textura arenosa em todo o perfil são classificados como
limitações severas. Com base em suas características gerais, os solos arenosos
podem ser classificados nas classes II a IV do Grupo A (adequados para cultivos
anuais, cultivos perenes, pastagens, reflorestamento e vida silvestre) ou nas classes
V a VII do Grupo B (geralmente inadequados para cultivos intensivos, mas
adequados para pastagens, reflorestamento e vida silvestre), (CENTENO, et. al.
2017).

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Figura 2. Triângulo Textural Simplificado.

6.1.3 Aptidão Agrícola dos Solos Arenosos

O sistema de avaliação da aptidão agrícola foi desenvolvido pelo Ministério da


Agricultura em 1978, baseando-se em esquema proposto pela FAO/ONU e em
experiências brasileiras na interpretação de levantamento de solos. O sistema julga
a aptidão das terras para lavouras, indicando em menor grau de detalhe a aptidão
para pastagens e silvicultura. Considerações sobre a qualidade da terra definem as
classes de aptidão agrícola como: boa, regular, restrita e inapta. As terras com
aptidão boa são as que têm solos com características próximas do ideal, ou seja,
não apresentam problemas de fertilidade, deficiência de água e de oxigênio, nem
são suscetíveis à erosão, nem oferecem impedimentos à mecanização (Ramalho e
Beek, 1995).
Segundo Ramalho e Beek (1995), ao se considerar os cinco fatores de
limitação constantes no sistema de avaliação da aptidão agrícola, as Areias
Quartzosas apresentam os seguintes comportamentos para cada um deles: 5.
Deficiência de fertilidade: apresentam elevada deficiência de nutrientes devido à
baixa capacidade de troca de cátions (CTC), e consequentemente baixa capacidade
de sustentação da produção agrícola. Esses solos esgotam-se rapidamente com
poucos anos de uso e necessitam de manejo planejado para continuarem
oferecendo condições de produção. Os baixos teores de matéria orgânica (< 1 %)
desses solos agravam essas deficiências; 6. Deficiência de água: apresentam baixa

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disponibilidade de água para as culturas em condições de precipitações mal
distribuídas, muito comuns no Brasil. A textura arenosa confere-Lhes drenagem
excessiva e pequena capacidade de retenção de água, favorecendo a lixiviação de
nutrientes, especialmente o nitrogênio;
7. Excesso de água ou deficiência de oxigênio: não apresentam limitações
por excesso de água, mesmo ocorrendo em baixadas; 8. Suscetibilidade à erosão:
considerada a maior limitação desses solos, principalmente em relevo suave-
ondulado ou ondulado. O processo erosivo inicia-se quando esses solos são
desmatados ou utilizados pelo gado. Se ocorrem nas cabeceiras de vertentes ou
margeando os mananciais, a erosão tende a desenvolver voçorocas; 9.
Impedimentos à mecanização: a mecanização só é viável nas áreas de relevo plano,
devido à suscetibilidade à erosão. Deve restringir-se àquelas práticas de cultivo em
lavouras perenes, pastagens ou reflorestamento. Por serem de estrutura fraca esses
solos requerem operações mecanizadas com menos potência.

6.1.4 Problemas, riscos e opções de uso de solos arenosos no Brasil

Nos últimos vinte anos, um experimento agrícola teve um crescimento


significativo no Brasil, o que resultou na valorização das terras de maior qualidade
que antes eram predominantemente utilizadas para a pecuária. Simultaneamente,
uma indústria peculiar se expandiu, ocupando áreas menos propícias para o cultivo,
devido à adoção de gramíneas mais adaptadas a solos ácidos e com baixa
fertilidade, como as variedades de Brachiaria e Andropogon (VIEIRA, 1990).

Em algumas regiões, os incentivos fiscais levaram à utilização de solos


arenosos para a agricultura irrigada, sem a devida avaliação da qualidade do solo e
à adoção de práticas adequadas de manejo. Isso coloca várias áreas com solos
arenosos no Brasil em perigo de desertificação (SPERA; REATTI; CORREIA;
CUNHA,1998).
Solos arenosos, como as areias quartzosas, costumam ter uma produtividade
limitada, porém são escolhidos para o cultivo de soja, milho, pastagens plantadas e
reflorestamento devido à sua acessibilidade financeira (Vieira, 1987).
Nas regiões tanto tropicais como subtropicais do Brasil, os solos arenosos
são caracterizados por baixa fertilidade e fragilidade ambiental, independentemente
das variações climáticas, que apresentam baixos níveis de variações e

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temperaturas. No estado do Rio Grande do Sul, vastas extensões de solos
arenosos, com médias anuais de chuva entre 1.400 e 1.500 mm e escassas
incidentes durante o mês mais seco (aproximadamente 100 mm), enfrentam
atualmente o problema da desertificação. Esse destaque é mencionado pelo uso
excessivo dessas áreas para o cultivo de soja e pastagens ao longo de mais de
duas décadas (SPERA; REATTI; CORREIA; CUNHA,1998).
No estado do Paraná, a desertificação é predominantemente causada pela
erosão eólica, que é mais comum em solos de areias quartzosas e podzólico
vermelho-amarelo com textura arenosa/média. Isso ocorre devido à ausência de
agentes aglutinantes, como argila e matéria orgânica, fazendo com que as partículas
de areia fiquem soltas (CARVALHO, 1994).
A abundância agrícola dos solos arenosos é uma questão relevante para a
agricultura, pois esses solos são conhecidos por suas características particulares e
desafios. Segundo (Monteiro, 1995) os solos arenosos têm baixa capacidade de
retenção de água e nutrientes devido à sua textura e, portanto, geralmente são
considerados de baixa fertilidade natural. Isso pode afetar diretamente o rendimento
das culturas e a eficiência do uso de insumos agrícolas.
Conforme destacado por Corrêa (1997) a incorporação de matéria orgânica e
o uso de técnicas de manejo do solo adequadas podem ajudar a aumentar a
capacidade de retenção de água e nutrientes dos solos arenosos, tornando-os mais
propícios para a agricultura. A utilização de culturas de cobertura, por exemplo, pode
contribuir significativamente para a melhoria das propriedades físicas e químicas
desses solos (Oliveira et al., 1992).
É importante considerar as características específicas de diferentes regiões.
(Ramalho; Beek, 1995). A abundância agrícola dos solos arenosos pode variar
dependendo do clima, da topografia e de outras condições locais. Portanto, é
essencial realizar avaliações atualizadas da qualidade do solo em cada área para
determinar as melhores práticas de manejo e cultivo.
Outro aspecto relevante é a seleção adequada de culturas. De acordo com
(Ramalho; Beek, 1995). A escolha de culturas adaptadas aos solos arenosos pode
maximizar o potencial de produção agrícola. A pesquisa continua a buscar
variedades de plantas mais resistentes e eficientes em solos arenosos, o que possa
contribuir para aumentar a eficiência agrícola dessas terras.

23
Neste sentido, a demanda agrícola dos solos arenosos é uma questão
complexa que envolve a adoção de práticas de manejo adequadas, a incorporação
de matéria orgânica e a seleção criteriosa de culturas. A compreensão das
características específicas do solo e das condições locais desempenha um papel
fundamental na melhoria da produtividade agrícola em áreas com solos arenosos.

Figura 3. Fonte: Embrapa, 2000.

6.2.1 Melhoria da Fertilidade e Estrutura do Solo

A melhoria da fertilidade e da estrutura do solo em solos arenosos é um


desafio significativo na agricultura. No entanto, o Estilosantes (Stylosanthes spp.)
tem sido amplamente estudado como uma alternativa promissora para abordar
essas questões. Autores como Chaves et al. (2018) destacam a capacidade do
Estilosantes de melhorar a fertilidade do solo em solos arenosos por meio da fixação
de nitrogênio.
24
A fixação biológica de nitrogênio (FBN) é um processo pelo qual as bactérias
associadas às raízes do convertem o nitrogênio atmosférico em uma forma que
pode ser absorvida pelas plantas essa capacidade de FBN é crucial para aumentar a
disponibilidade de nitrogênio no solo, o que é essencial para o crescimento das
culturas. A adição de Estilosantes em solos arenosos, portanto, contribui para a
fertilização natural do solo, reduzindo a necessidade de adubação nitrogenada.
Autores como Sousa e Lima, (2023) afirmam que o estilosantes possui um
sistema radicular profundo e extenso, que ajuda a quebrar a compactação do solo e
a melhorar a infiltração de água. Essas raízes também contribuem para a agregação
do solo, promovendo a formação de agregados estáveis, que por sua vez melhoram
a capacidade de retenção de água e nutrientes no solo arenoso.
Outro aspecto importante é a contribuição para o aumento do teor de matéria
orgânica no solo. Conforme indicado por Oliveira (2018), a decomposição dos
resíduos e suas raízes enriquece o solo com matéria orgânica, melhorando a sua
capacidade de retenção de água e nutrientes, bem como a atividade microbiana
benéfica.
O Estilosantes é uma leguminosa que estabelece uma simbiose com
bactérias do gênero Rhizobium, como observado por Freitas, e Fernandes-Júnior,
(2021) essas bactérias formam nódulos nas raízes da planta, onde realizam a
fixação biológica de nitrogênio. Consequentemente é capaz de capturar o nitrogênio
atmosférico e convertê-lo em uma forma que pode ser absorvida pelas plantas,
promovendo assim o crescimento saudável das culturas em solos arenosos.
Outro fator relevante é que é uma planta adaptada a condições de baixa
disponibilidade de nitrogênio, como afirmado por Tavares (2023). Isso significa que
ele é capaz de prosperar em solos com níveis reduzidos desse nutriente, ao mesmo
tempo em que promove a FBN, tornando-se uma escolha estratégica para a
melhoria da fertilidade do solo.
É importante notar que a promoção da FBN pelo não apenas beneficia a
própria planta, mas também as culturas subsequentes. Como destacado por Santos
et al. (2020), a FBN aumenta a disponibilidade de nitrogênio no solo, beneficiando as
plantas cultivadas em rotação, que podem se beneficiar desse nitrogênio adicionado
ao solo.

25
6.1.5 Métodos e Técnicas de Introdução do Estilosantes

A introdução de plantas forrageiras desempenha um papel crucial na


melhoria da produção animal e na sustentabilidade da agricultura. Isso envolve a
seleção e implantação adequada de espécies, para otimizar o desempenho do
sistema de produção. A escolha da espécie de forragem a ser introduzida é um
passo fundamental. O Estilosantes (Stylosanthes spp.) é amplamente reconhecido
por sua capacidade de adaptação a diferentes condições de solo e clima. A seleção
cuidadosa da variedade apropriada é essencial para o sucesso da introdução.
(SOUZA; LIMA et al., 2023).
A qualidade do solo desempenha um papel fundamental na adaptação da
cultura. Diversos métodos de plantio podem ser empregados na introdução do
estilosantes. O manejo adequado após a introdução é crucial para o sucesso da
cultura. Isso inclui práticas como o controle de pragas e doenças, a adubação e o
manejo da pastagem. Um manejo cuidadoso contribui para o aumento da
produtividade e da longevidade da cultura. (ROMANIW, et. al. 2018).
Após a introdução é importante realizar monitoramento regular para avaliar o
desempenho da cultura. Isso inclui a medição da produtividade, qualidade da
forragem e condição do solo. Os resultados do monitoramento orientam ajustes no
manejo. A inclusão deve ser vista como parte integrante de sistemas de produção
agrícola sustentáveis. A combinação eficaz com outras práticas, como rotação de
culturas e manejo integrado de pastagens, pode maximizar os benefícios
(ROMANIW, et. al. 2018)

6.1.6 Promoção da Sustentabilidade Agrícola

A sustentabilidade no setor agropecuário está diretamente ligada à evolução


dos sistemas de produção, como o Sistema de Plantio Direto (SPD) e a Integração
Lavoura-Pecuária (ILP). O SPD, devido às suas características fundamentais,
desempenha um papel crucial nas regiões tropicais, especialmente na conservação
do solo, entre outros benefícios. A ILP oferece vantagens mútuas para a agricultura
e a pecuária, reduzindo as causas de degradação física, química e biológica do solo
resultantes de ambas as atividades (SANTANA; MIRANDA, 2020)

26
No estado de São Paulo, aproximadamente 40% das terras cultiváveis são
usadas para pastagens, abrangendo cerca de 7,8 milhões de hectares. No entanto,
cerca de 20% dessas pastagens, equivalente a 1,5 milhão de hectares, estão
atualmente ociosas, enquanto outras 60%, totalizando 4,6 milhões de hectares,
estão passando por diferentes níveis de degradação. Essa situação pode se agravar
sem a implementação de medidas corretivas. De acordo com o Levantamento
Censitário das Unidades de Produção Agropecuária (LUPA), parte dessas áreas de
pastagens foi convertida em cultivos como cana-de-açúcar, reflorestamento e
fruticultura perene, principalmente devido à busca por fontes alternativas de energia
e preocupações sanitárias relacionadas à citricultura. Isso resultou na ocupação de
áreas que normalmente não são consideradas adequadas para cultivos industriais,
conhecidas como marginais, o que tem desencorajado os investimentos por parte
dos pecuaristas tradicionais. Portanto, a promoção do manejo sustentável de solos
arenosos no Oeste paulista exige a implementação de ações para reverter a
degradação das pastagens e promover práticas agrícolas mais adequadas a essas
áreas.
No Brasil, antes da introdução das pastagens cultivadas na região dos
Cerrados, a taxa de lotação animal era de 0,3-0,4 animal por hectare, e os bovinos
só eram abatidos após 48 a 50 meses de criação. A partir do início da década de
1970, a introdução de espécies do gênero Brachiaria (anteriormente Urochloa),
principalmente a B. decumbens, foi bem-sucedida no bioma Cerrado, conhecido por
seus solos ácidos e baixa fertilidade natural. Isso permitiu que a taxa média de
lotação animal aumentasse para 0,9 a 1,0 animal por hectare, e o ganho de peso
dos animais também aumentou significativamente, chegando a ser de 2 a 3 vezes
maior. Esse aumento na produtividade impulsionou a indústria de pecuária de corte
no Brasil e expandiu consideravelmente as áreas de cultivo (MACEDO; ARAÚJO,
2012).
Sendo assim o uso de estilosantes, como o Santo Campo Grande, oferece
benefícios agro econômicos significativos, incluindo o aumento da produtividade das
culturas sucessoras, a redução na necessidade de fertilizantes nitrogenados e a
promoção da sustentabilidade agrícola. Essas vantagens não apenas beneficiam os
agricultores, tornando uma agricultura mais rentável e sustentável, mas também
reduzidas para a preservação do meio ambiente, tornando-o uma escolha valiosa
para a agricultura moderna.
27
7 METODOLOGIA

A pesquisa foi de cunho descritivo baseada diretamente ao tema proposto,


para se obter uma visão ampla do problema identificando suas principais causas e
consequências, sendo uma pesquisa descritiva que visa descrever as características
de uma determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações
entre variáveis. A metodologia utilizada baseou-se em caráter qualitativo, por
pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, caracterizado por buscas de artigos.
As pesquisas ocorreram entre os meses de agosto a dezembro de 2023, a
metodologia utilizada baseou-se em caráter qualitativo por meio de pesquisas
bibliográficas, caracterizado por busca de artigos, analisando a perspectiva de vários
autores com intuito de identificar os estudos relevantes para recuperação e uso de
solos arenosos,

28
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Brasil, a introdução de espécies não nativas em diferentes de suas
origens tradicionais têm uma longa história que remonta ao período colonial. De
acordo com Dean (1991), podemos observar exemplos disso, como o cultivo do chá
no sudeste brasileiro, que foi a primeira tentativa bem-sucedida fora da China e do
Japão, e a introdução da cana caiena, que inicialmente envolveu resistência. Além
disso, o café, que se tornou o principal produto de exportação do império brasileiro,
não é uma planta nativa das Américas.
Essas espécies exóticas, uma vez adaptadas, são desenvolvidas para
diversificar e aumentar as fontes de alimentos disponíveis para a população
humana, eventualmente permitindo um aumento na densidade populacional. No
entanto, é importante ressaltar que essas espécies, bem como outras que foram
introduzidas posteriormente, também tiveram um impacto direto sobre os
ecossistemas, alterando-os e, em alguns casos, simplificando-os de maneira
significativa (DEAN, 1991).
Os estilosantes, especialmente a variedade Campo Grande, apresentam
capacidade de adaptação e sucesso em diversas regiões do Brasil, para além das

29
áreas tradicionais de cultivo. Eles apresentam resultados positivos na melhoria da
qualidade do solo, mesmo em terrenos com baixa fertilidade. Isso tem contribuído
para o aumento da popularidade dessa espécie nos últimos anos. Portanto, é
fundamental realizar estudos sobre o comportamento de diversas espécies de
cobertura vegetal para adubação verde em sistemas de monocultivo, a fim de
escolher a opção mais adequada conforme a região e as necessidades específicas,
beneficiando as culturas comerciais, a produção de biomassa vegetal e o ciclo de
nutrientes no solo (CENTENO et. al., 2017)
Os estilosantes Campo Grande exibem características fisiológicas distintivas
e respondem de maneira previsível às condições climáticas em sua área de cultivo
no centro-oeste brasileiro. Além disso, tem um papel significativo nas interações do
ecossistema agrícola local. De acordo com informações da EMBRAPA Gado de
Corte (2007), esta cultivar, originária do cerrado, é recomendada para regiões
tropicais que recebem uma produtividade anual entre 700 mm e 1800 mm. Ela
prosperou especialmente em solos arenosos e bem drenados, sendo menos
adequada para áreas sujeitas a inundações frequentes e eventos de ocorrência.
No entanto, devido à resistência dos estilosantes Campo Grande às
condições climáticas adversas e solos pouco férteis, estudos no Brasil exploraram a
possibilidade de cultivá-lo em áreas fora de sua região de cultivo convencional. A
EMBRAPA converteu pesquisas e emitiu a Circular Técnica 55 (2010), com
diretrizes para introduzir o cultivo dos estilosantes Campo Grande em solos
arenosos do estado do Acre, que possui condições edafoclimáticas diferentes da
área tradicional de cultivo. Isso abriu uma perspectiva de expansão do cultivo para
novas regiões.

Estudos no Acre mostraram que os estilosantes Campo Grande se


adaptaram bem ao clima do estado. Mesmo em áreas com alta
pluviosidade, como o Vale do Juruá, uma planta sobreviveu por 8 anos
quando cultivada em solo arenoso em consórcio com uma Brachiaria
humidicola (ANDRADE et al., 2010).

Os estilosantes CV. Campo Grande foi submetido a testes na região sudeste


do Brasil, mais especificamente em Araxá, no estado de Minas Gerais. O objetivo
era avaliar sua eficácia como adubo verde para o cultivo de milho, comparando-o
com outras plantas de cobertura. O solo da área de pesquisa foi classificado como
latossolo vermelho distrófico, com teores de 18,1% de argila, 17% de silte e 64,9%

30
de areia. Embora o milho cultivado após os estilosantes em monocultivo tenha
apresentado um desempenho superior, sua produtividade foi menor em comparação
com o milho cultivado após crotalária ou um coquetel de leguminosas (CASTRO et
al., 2014).
Na cidade de Janaúba, no norte do estado de Minas Gerais, os estilosantes
CV. Campo Grande foi testado em relação a outros adubos verdes com o objetivo de
avaliar sua capacidade de suprimir plantas. No entanto, neste experimento, os
estilosantes não conseguiram suprimir com sucesso as plantas presentes na área e,
na verdade, foram testadas na maior quantidade de biomassa de espécies invasoras
indesejadas em comparação com os outros tratamentos (MOURÃO, 2010).
Em Itapetininga, Bahia, Quoos et al. (2019) realizaram um experimento em
casa de vegetação para avaliar a produtividade e a nodulação dos estilosantes cv.
Campo Grande em resposta ao sombreamento e à adubação fosfatada. Os
resultados indicaram que ambos os fatores tiveram um impacto significativo no
desenvolvimento dos estilosantes. A planta prevê tolerância ao sombreamento,
podendo ser cultivada com até 30% de sombreamento.

Figura 4. Mapa esquemático de ocorrência de Areias Quartzosas no Brasil.


Fonte: Embrapa, 1981.

8.1.1 Interferências com Outras Culturas e Manejo Integrado

31
O manejo integrado em solos arenosos é uma abordagem crucial para a
agricultura sustentável, especialmente em regiões onde diferentes culturas e
práticas agrícolas interagem. Nesse contexto, a interação com outras culturas e
práticas agrícolas pode representar desafios e oportunidades significativas. O
referencial teórico a seguir explora as interferências com outras culturas e o manejo
integrado em solos arenosos.
Solos arenosos têm características específicas, como baixa capacidade de
retenção de água e nutrientes, o que pode afetar a produtividade das culturas.
Quando diferentes culturas são cultivadas em solos arenosos próximos umas das
outras, pode ocorrer competição por recursos essenciais, como água e nutrientes.
Essa competição pode levar à redução do rendimento e da qualidade das culturas, a
menos que sejam implementadas práticas de manejo adequadas.
A rotação de culturas, de acordo com Vilela Júnior, (2010) é uma estratégia
frequentemente utilizada no manejo integrado em solos arenosos. Essa prática pode
ajudar a minimizar as interferências entre culturas, pois culturas diferentes têm
necessidades diferentes de nutrientes e podem explorar diferentes camadas do solo.
Além disso, a rotação de culturas pode ajudar a quebrar o ciclo de pragas e
doenças, contribuindo para a saúde do solo e a sustentabilidade agrícola.
O manejo integrado em solos arenosos muitas vezes inclui a prática de
rotação de culturas. Essa estratégia pode ajudar a minimizar as interferências entre
culturas, pois culturas diferentes têm necessidades diferentes de nutrientes e podem
explorar diferentes camadas do solo. Além disso, a rotação de culturas pode ajudar
a quebrar o ciclo de pragas e doenças, contribuindo para a saúde do solo e a
sustentabilidade agrícola.
Culturas de cobertura são frequentemente utilizadas em solos arenosos
como parte do manejo integrado. Elas ajudam a proteger o solo da erosão,
melhoram sua estrutura, aumentam a matéria orgânica e podem absorver nutrientes
que seriam lavados pela chuva. Essas culturas também podem ser escolhidas de
forma a complementar as principais culturas, minimizando as interferências.
A gestão eficiente da água e dos nutrientes em solos arenosos é essencial
para reduzir as interferências entre culturas. A utilização de técnicas como a
irrigação controlada, a fertirrigação e a aplicação de fertilizantes de liberação lenta
pode ajudar a otimizar o uso desses recursos, reduzindo a competição entre as
culturas.
32
O manejo integrado em solos arenosos é uma abordagem crucial para a
agricultura sustentável, especialmente em regiões onde diferentes culturas e
práticas agrícolas interagem. De acordo com Vilela Júnior, (2010) solos arenosos
apresentam características específicas, como baixa capacidade de retenção de
água e nutrientes, o que pode afetar a produtividade das culturas. Quando diferentes
culturas são cultivadas em solos arenosos próximos umas das outras, pode ocorrer
competição por recursos essenciais, como água e nutrientes. Essa competição pode
levar à redução do rendimento e da qualidade das culturas, a menos que sejam
implementadas práticas de manejo adequadas.
O manejo integrado em solos arenosos envolve a compreensão das
necessidades das culturas, a utilização de práticas como rotação de culturas e
culturas de cobertura, o uso eficiente de água e nutrientes, além do monitoramento
constante. Essa abordagem é essencial para minimizar as interferências entre
culturas e promover a produtividade e a sustentabilidade agrícola em solos
arenosos.
O uso de culturas de cobertura também é uma estratégia importante, como
ressaltado por Silva e Pereira (2020). Culturas de cobertura ajudam a proteger o
solo da erosão, melhoram sua estrutura, aumentam a matéria orgânica e podem
absorver nutrientes que seriam lavados pela chuva. Essas culturas podem ser
escolhidas de forma a complementar as principais culturas, minimizando as
interferências.
Neste sentido como destacado o manejo integrado em solos arenosos
envolve a compreensão das necessidades das culturas, a utilização de práticas
como rotação de culturas e culturas de cobertura, o uso eficiente de água e
nutrientes, além do monitoramento constante. Essa abordagem é essencial para
minimizar as interferências entre culturas e promover a produtividade e a
sustentabilidade agrícola em solos arenosos.

33
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de estilosantes em solos arenosos revela-se como uma estratégia


promissora para melhorar a qualidade e a fertilidade desses solos. Esta pesquisa
procurou compreender os efeitos dessa prática, demonstrando resultados
significativos em relação à melhoria da estrutura do solo, aumentando a capacidade
de retenção de água e nutrientes. Observou-se que a introdução do estilosantes
contribui para a redução da erosão, um problema recorrente em solos arenosos.
Além disso, a presença dessa planta leguminosa tem um papel fundamental no
aporte de nitrogênio ao solo, um nutriente essencial para o crescimento das plantas.
A análise dos dados coletados ao longo do estudo revelou que a presença do
estilosantes não apenas melhorou a estrutura física do solo, tornando-o mais estável
e menos suscetível à degradação, mas também contribuiu para um aumento na

34
atividade microbiana, promovendo um ambiente mais propício para o
desenvolvimento das plantas. A fixação biológica de nitrogênio pelas raízes do
estilosantes demonstrou um incremento na disponibilidade desse nutriente para
outras culturas agrícolas subsequentes, fomentando assim a sustentabilidade e a
produtividade dos solos arenosos.
Ademais, a inclusão em sistemas de cultivo para solos arenosos apresenta
vantagens econômicas, reduzindo os custos com insumos externos, como
fertilizantes nitrogenados, e minimizando os gastos associados à correção de
problemas de erosão e degradação do solo. Este estudo destaca ainda a
importância de práticas agrícolas sustentáveis e a adoção de culturas de cobertura,
como o estilosantes, para promover a resiliência dos solos arenosos frente aos
desafios ambientais e climáticos.
Dessa forma, esta pesquisa contribui significativamente para o conhecimento
sobre o uso das leguminosas em solos arenosos, destacando suas vantagens e
ressaltando a importância de uma abordagem integrada e sustentável na agricultura.

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