Você está na página 1de 67

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MARIA FERNANDA POKOMAIER GONÇALVES

EMPREGO DE FERTILIZANTES NO SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO:


CENÁRIO INTERNACIONAL, DEMANDA POR INSUMOS E ROTAS
ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO

Tubarão/SC
2022
MARIA FERNANDA POKOMAIER GONÇALVES

EMPREGO DE FERTILIZANTES NO SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO:


CENÁRIO INTERNACIONAL, DEMANDA POR INSUMOS E ROTAS
ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Agronomia da Universidade do Sul
de Santa Catarina como requisito parcial à
obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. Jasper José Zanco, Dr.

Tubarão/SC
2022
MARIA FERNANDA POKOMAIER GONÇALVES

EMPREGO DE FERTILIZANTES NO SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO:


CENÁRIO INTERNACIONAL, DEMANDA POR INSUMOS E ROTAS
ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Engenheiro Agrônomo e aprovado em sua
forma final pelo Curso de Agronomia da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 30 de junho de 2022.

______________________________________________________
Professor e orientador Jasper José Zanco, Dr.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Julio Cesar de Oliveira Nunes, Ms.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Juliano Frederico da Rosa Cesconeto, Ms.
Universidade do Sul de Santa Catarina
A todos que, com gestos singelos e honestos,
contribuíram imensamente para minha
formação pessoal, profissional e acadêmica...
Dedico!
AGRADECIMENTOS

Acima de tudo, àqueles que tiveram uma essencialidade inestimável e não mediram
esforços durante toda minha graduação: meus pais. Não existem palavras que sejam suficientes
para expressar a gratidão que tenho por vocês.
Aos demais familiares que prestaram apoio e estiveram comigo nesta caminhada,
especialmente aos meus irmãos por estarem de prontidão para me ajudar nas adversidades.
Aos meus amigos de longa data que foram compreensíveis e tolerantes em momentos
que, por motivos maiores, estive ausente.
Às minhas colegas e amigas de graduação - Luana Gonçalves Felipe, Randriele Souza
e Yasmin Gauer Guedes - por todos os anos que estivemos juntas e unidas para vencer os
cansativos semestres do curso e por todas as lembranças cômicas que acumulamos no decorrer
de mais de cinco anos de faculdade.
Ao professor Jasper José Zanco pelas contribuições cedidas durante as orientações deste
Trabalho de Conclusão de Curso.
Aos demais professores que se dedicaram na árdua tarefa de formar profissionais éticos
e qualificados, que se reinventaram em tempos de pandemia e que transferiram seus
conhecimentos para meu progresso pessoal e profissional, especialmente à professora Patrícia
Menegaz de Farias por toda ajuda e incentivo concedido do início ao fim.
Aos colegas e amigos que fiz nas jornadas de laboratórios da universidade (Laboratório
de Entomologia e Laboratório de Produção Vegetal), por toda parceria e conhecimento que
conquistei junto a vocês.
Àqueles que conheci através das oportunidades que a Agronomia me proporcionou,
pessoas que passaram por meu caminho e deixaram lembranças indescritíveis.
A todos vocês... meu sincero sentimento de gratidão. Muito obrigada!
“O rendimento de uma colheita é limitado pela ausência de qualquer um dos nutrientes
essenciais, mesmo que todos os demais estejam disponíveis em quantidades adequadas, onde o
excesso de um nutriente não supre a falta de outro.” (SPRENGEL, 1837).
RESUMO

O solo é considerado como um meio de expressiva importância às planta, bem como para o
progresso da agricultura. Abriga 92 elementos naturais, em sua maioria encontrados na forma
mineral. Em solos onde as condições de fertilidade não são favoráveis, como em algumas
regiões brasileiras que apresentam formação rochosa, eleva-se a quantidade de nutrientes
através da utilização de fertilizantes. Os fertilizantes, por sua vez, são aplicados ao meio edáfico
com a finalidade de repor os nutrientes extraídos por cultivos antecessores, sendo uma técnica
primordial para a manutenção da produtividade de lavouras. O objetivo do presente Trabalho
de Conclusão de Curso foi investigar o emprego de fertilizantes minerais na agricultura
brasileira, dando ênfase aos aspectos de demanda e oferta, bem como ao potencial de
autoabastecimento nacional para atenuar a dependência externa de fertilizantes agrícolas. Para
isso, a pesquisa consistiu em um estudo de caráter bibliográfico com objetivo exploratório.
Realizou-se buscas por trabalhos científicos publicados entre 2002 e 2022 nas plataformas
virtuais Google Acadêmico, Portal Periódicos Capes, SciELO Brasil e ScienceDirect, bem
como os sítios eletrônicos da ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos), Cepea –
USP e Conab com a utilização dos termos de indexação a seguir: fertilizantes, mercado,
comercialização, preço, importação, conflitos geopolíticos, fronteiras agrícolas e países
produtores. Os resultados obtidos possibilitaram a compilação de informações que
demonstraram que entre os anos de 1990 e 2020 o cenário do consumo de fertilizantes no Brasil
foi, em grande maioria, crescente. Além disso, constatou-se que as maiores reservas de insumos
minerais se encontram localizadas fora do Brasil tornando o país dependente de importações de
fertilizantes minerais e suas matérias-primas. Algumas estratégias são analisadas para que a
dependência externa por fertilizantes seja amenizada e os números referentes às importações
recuem, entre elas, a duplicação da capacidade de produção de fósforo a partir dos projetos
elaborados acerca das reservas presentes nos estados de Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e
Ceará e àquelas pertencentes à Petrobras, localizadas no estado do Amazonas. Conclui-se que
táticas a curto, médio e longo prazo precisam ser elaboradas, executadas e reanalisadas por
agentes do setor agrícola, tanto brasileiro como internacional, para que o agronegócio não fique
à mercê das movimentações do ramo de fertilizantes minerais.

Palavras-chave: Consumo. Minerais. Nutrientes.


ABSTRACT

Soil is considered as a means of expressive importance to plants, as well as for the progress of
agriculture. It houses 92 natural elements, mostly found in mineral form. In soils where fertility
conditions are not favorable, as in some Brazilian regions with rocky formations, the amount
of nutrients is increased through the use of fertilizers. Fertilizers, in turn, are applied to the
edaphic environment in order to replace the nutrients extracted by previous crops, being a key
technique for maintaining crop productivity. The objective of this Course Completion Work
was to investigate the use of mineral fertilizers in Brazilian agriculture, emphasizing the aspects
of demand and supply, as well as the potential for national self-supply to mitigate the external
dependence of agricultural fertilizers. For this, the research consisted of a bibliographic study
with an exploratory objective. Searches were carried out for scientific works published between
2002 and 2022 on the virtual platforms Google Scholar, Portal Periódicos Capes, SciELO Brasil
and ScienceDirect, as well as the websites of ANDA (National Association for the Diffusion of
Fertilizers), Cepea – USP and Conab with the use of the following indexing terms: fertilizers,
market, commercialization, price, import, geopolitical conflicts, agricultural borders and
producing countries. The results obtained made it possible to compile information that showed
that between the years 1990 and 2020 the scenario of fertilizer consumption in Brazil was, for
the most part, increasing. In addition, it was found that the largest reserves of mineral inputs
are located outside Brazil, making the country dependent on imports of mineral fertilizers and
their raw materials. Some strategies are analyzed so that the external dependence on fertilizers
is lessened and the numbers referring to imports fall, among them, the doubling of the
phosphorus production capacity from the projects elaborated about the reserves present in the
states of Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina and Ceará and those belonging to Petrobras,
located in the state of Amazonas. It is concluded that short, medium and long term tactics need
to be elaborated, executed and reanalyzed by agents of the agricultural sector, both Brazilian
and international, so that agribusiness is not at the mercy of the movements of the mineral
fertilizer sector.

Keywords: Consumption. Minerals. Nutrients.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma da cadeia produtiva de fertilizantes. ................................................... 19


Figura 2 – Esquema explicativo sobre a produção de fertilizantes: matérias-primas básicas e
intermediárias, bem como fertilizantes simples e mistos. ........................................................ 20
Figura 3 - Interesse de pesquisas na web utilizando o termo “fertilizante” entre janeiro de 2004
e junho de 2022 por regiões internacionais. ............................................................................. 53
Figura 4 - Interesse de pesquisas na web utilizando o termo “fertilizante” entre janeiro de 2004
e junho de 2022 por estados brasileiros. ................................................................................... 54
Figura 5 – Evolução do consumo de fertilizantes minerais no Brasil entre 2007 e 2021. ....... 55
Figura 6 – Consumo de fertilizantes NPK no Brasil entre 2007 e 2014. ................................. 55
Figura 7 - Mapa de localização dos principais países detentores de usinas de fósforo. ........... 56
Figura 8 - Mapa de localização dos principais países detentores de usinas de potássio. ......... 57
Figura 9 - Mapa de localização dos principais países detentores de fontes de fertilizantes
nitrogenados. ............................................................................................................................ 58
Figura 10 - Mapa de localização dos principais países que exportam fertilizantes para o mercado
brasileiro. .................................................................................................................................. 59
Figura 11 – Localização das principais reservas brasileiras de fertilizantes minerais. ............ 60
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Consumo de fertilizantes em escala global no ano de 2020, bem como percentual
de importação para os maiores consumidores internacionais de fertilizantes minerais. .......... 23
Gráfico 2 – Maiores produtores de fertilizantes fosfatados a nível global no ano de 2018. ... 25
Gráfico 3 – Maiores produtores de fertilizantes potássicos a nível global no ano de 2018. ... 26
Gráfico 4 – Maiores países produtores de fertilizantes nitrogenados a nível global no ano de
2018. ......................................................................................................................................... 26
Gráfico 5 - Demanda de fertilizantes por unidade federativa brasileira em 2007. ................... 30
Gráfico 6 – Principais estados brasileiros importadores de fertilizantes entre 2019 e 2021. .. 30
Gráfico 7 - Fertilizantes entregues ao mercado brasileiro (em milhões de toneladas) entre 2016
e 2020. ...................................................................................................................................... 31
Gráfico 8 - Volume de venda de fertilizantes no Brasil entre 1998 e 2007. ........................... 32
Gráfico 9 - Relação entre consumo e produção interna brasileira de fertilizantes (em milhões
de toneladas) entre os anos de 2013 e 2016. ............................................................................ 32
Gráfico 10 - Produção e importação de NPK pelo mercado brasileiro, para cada elemento
químico, no ano de 2014. ......................................................................................................... 33
Gráfico 11 - Consumo de fertilizantes por lavoura no ano de 2006. ....................................... 36
Gráfico 12 – Evolução da importação mensal brasileira de fertilizantes (em mil toneladas) entre
2018 e o presente (2022). ......................................................................................................... 37
Gráfico 13 – Dependência brasileira por fertilizantes oriundos de países estrangeiros no ano de
2020. ......................................................................................................................................... 37
Gráfico 14 - Principais países fornecedores de fertilizantes para o abastecimento do setor
agrícola brasileiro. .................................................................................................................... 38
Gráfico 17 - Comportamento dos preços reais dos fertilizantes e da taxa de câmbio entre 1995
e 2015. ...................................................................................................................................... 44
Gráfico 18 - Principais estados brasileiros produtores de fertilizantes. .................................. 47
Gráfico 19 - Área de estabelecimentos agropecuários, por regiões brasileiras, entre 1970 e
1996. ......................................................................................................................................... 49
Gráfico 20 – Interesse de pesquisas na web utilizando o termo “fertilizante” entre janeiro de
2004 e junho de 2022 no cenário internacional. ....................................................................... 53
Gráfico 21 – Interesse de pesquisas na web utilizando o termo “fertilizante” entre janeiro de
2004 e junho de 2022 no cenário nacional. .............................................................................. 54
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento de plantas e suas


respectivas funções no metabolismo celular vegetal. ............................................................... 19
Tabela 2 - Consumo internacional de fertilizantes entre 1990 e 2006 (em milhões de toneladas).
.................................................................................................................................................. 21
Tabela 3 - Consumo internacional de fertilizantes minerais no ano de 2007. .......................... 22
Tabela 4 - Consumo de fertilizantes por países, em milhões de toneladas, entre 1990 e 2014.
.................................................................................................................................................. 22
Tabela 5 – Consumo de fertilizantes segundo os principais elementos químicos e seus
respectivos países, bem como a participação do Brasil na produção mundial no ano de 2014.
.................................................................................................................................................. 23
Tabela 6 - Consumo de fertilizantes no cenário internacional no ano de 2012. ....................... 23
Tabela 7 - Reservas mundiais de fósforo no ano de 2005. ....................................................... 24
Tabela 8 - Capacidade internacional de produção de ácido fosfórico entre 2003 e 2007 (em 1000
toneladas). ................................................................................................................................. 27
Tabela 9 - Produção internacional de ácido sulfúrico no ano de 2005 (em 1000 toneladas). .. 28
Tabela 10 - Produção internacional de enxofre no ano de 2005 (em 1000 toneladas). ............ 28
Tabela 11 - Consumo de fertilizantes simples e compostos por região brasileira no ano de 2007.
.................................................................................................................................................. 30
Tabela 12 - Produção nacional brasileira de fertilizantes minerais no ano de 2007. ............... 34
Tabela 13 - Balanço brasileiro de fertilizantes em 2007. ......................................................... 34
Tabela 14 - Consumo de fertilizantes por cultura no Brasil em 2007. ..................................... 35
Tabela 15 - Produção, importação e consumo de fertilizantes básicos, intermediários e simples
no ano de 2007 (em 1000 toneladas). ....................................................................................... 39
Tabela 16 - Projeções de demanda, importação, estoques e produção de fertilizantes entre
2007/2008 e 2015/2016 (em 1000 toneladas)........................................................................... 39
Tabela 17 - Quantidade de publicações selecionadas para o desenvolvimento do presente
Trabalho de Conclusão de Curso concerne ao estado da arte do setor de fertilizantes. ........... 51
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
1.1.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 14
1.1.1.1 Objetivos específicos ............................................................................................... 14
2 METODOLOGIA .................................................................................................. 16
3 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................ 17
3.1 PANORAMA GERAL DO SETOR BRASILEIRO DE FERTILIZANTES .......... 17
3.2 RESERVAS INTERNACIONAIS DE FERTILIZANTES: AS MAIORES
POTÊNCIAS MUNDIAIS NA PRODUÇÃO DE INSUMOS MINERAIS ........... 21
3.3 O CONSUMO BRASILEIRO DE INSUMOS MINERAIS: OFERTA E
DEMANDA EM UM PAÍS IMPORTADOR DE FERTILIZANTES AGRÍCOLAS
.................................................................................................................................. 29
3.4 FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE FERTILIZANTES MINERIAS: OS
REFLEXOS DA GLOBALIZAÇÃO E AS CONSEQUÊNCIAS DAS CRISES
GEOPOLÍTICAS ..................................................................................................... 40
3.5 PROSPECÇÃO DE UTILIZAÇÃO DE FERTILIZANTES NO BRASIL: OS
CAMINHOS PARA A AUTOSSUFICIÊNCIA E OS DESAFIOS DAS
FRONTEIRAS AGRÍCOLAS ................................................................................. 46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 62
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 63
12

1 INTRODUÇÃO

Há cerca de dez mil anos os primeiros Homo sapiens foram perceptíveis à sincronia que
ocorria, e ainda ocorre, na natureza. Observaram que uma planta ao desprender suas sementes
dava origem a um novo descendente a partir do processo de germinação. Foram assertivos ao
fato de que em solos inférteis as sementes não emergiam. Perceberam, então, que se houvesse
zelo com o processo pelo qual uma planta tem origem, a natureza retribuía os cuidados ofertados
a ela. Iniciaram técnicas para aprimorar o desenvolvimento das culturas, surgia assim a
agricultura (FELDENS, 2018).
Um marco histórico para o desenvolvimento da humanidade, que até então adotava um
estilo de vida nômade em decorrência da escassez de recursos da região na qual habitavam.
Procuravam locais propícios ao desenvolvimento da pesca, caça e extrativismo vegetal quando
suas reservas se esgotavam. Instalaram-se próximo a rios onde reconheceram a fertilidade do
solo. Uniram as observações acerca das plantas e deram início a arte de cultivá-las, bem como
domesticar seus animais. Surgiram as primeiras aldeias e comunidades, o modo de vida nômade
cedeu espaço ao sedentarismo (CUNHA, 2017).
É compreensivo que desde os primórdios a agricultura é reconhecida como essencial à
sobrevivência e ao desenvolvimento da humanidade. No entanto, para garantir sucesso nas
práticas agrícola, o solo deve ser considerado tão quão a grandeza da agricultura. Desde 1500,
assim quando os primeiro colonizadores chegaram em território brasileiro, até então
desconhecido, a riqueza dos solos do Brasil já era notada pelos portugueses que aqui se fixaram.
O primeiro relatório sobre as terras brasileiras, escrita pelo escriba de Pedro Álvares Cabral,
Pero Vaz de Caminha, mencionava o potencial agricultável dos solos nacionais: “No entanto, a
terra do país é muito saudável. O país é tão favorecido que, se fosse bem cultivado, renderia
tudo” (CAMARGO et al., 2010).
Essa perspectiva positiva sobre os solos brasileiros foi mantida até o século XIX por se
acreditar que a fertilidade dos solos brasileiros era inesgotável. No entanto, no início do mesmo
século surgiram impasses na produção de cana-de-açúcar e café, as culturas significativas da
época, dando impulso para estudos e pesquisas relacionados ao solo e sua fertilidade, bem como
o desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas (CAMARGO et al., 2010). O problema se
agravou com o crescimento populacional, já que se necessitou aumentar a oferta de alimentos.
O solo foi cultivado de forma contínua, gerando a escassez de nutrientes a curto ou longo prazo
(CUNHA, 2017).
13

Foi a partir deste evento que os agricultores da época direcionaram suas observações
para outro viés: à função esgotável do solo. Após a diminuição da produtividade, perceberam
que os estrumes de animais serviam de suplemento às necessidades das plantas e, com isso,
durante cinco mil anos supriram a falta de nutrientes com a deposição de matéria orgânica no
solo (ARRUDA, 2008), tal como esterco, restos de plantas e de animais, farinhas de ossos e de
conchas, cinzas, tortas de grãos vegetais, entre outros (CETEM, 2010). Assim, iniciava-se os
princípios de melhoramento das condições de fertilidade do solo.
Na era contemporânea os conceitos de fertilidade do solo foram aprimorados. Se um
solo apresenta abundância de nutrientes, sem a interferência humana nos mesmos, caracteriza-
se com boa fertilidade. As condições para que um solo seja fértil é dependente do clima e
geomorfologia, haja vista que a exploração antrópica é influente para manter essas condições
(TEIXEIRA, 2013). Nesse cenário, o solo, visto como um meio de expressiva importância às
planta, bem como para o progresso da agricultura, abriga 92 elementos naturais, em sua maioria
encontrados na forma mineral (CUNHA, 2017). Em solos onde as condições de fertilidade não
são favoráveis, como em algumas regiões brasileiras que apresentam formação rochosa, eleva-
se a quantidade de nutrientes através da utilização de fertilizantes. Os fertilizantes, por sua vez,
são aplicados ao meio edáfico com a finalidade de repor os nutrientes extraídos por cultivos
antecessores, sendo uma técnica primordial para a manutenção da produtividade de lavouras
(TEIXEIRA, 2013).
Concerne aos nutrientes, destaca-se os principais elementos necessários às plantas:
carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio
(Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), boro (B), cobre (Cu),
molibdênio (Mo) e cloro (Cl). Os três primeiros (C, H e O) as plantas absorvem via gás
carbônico, ar e água, enquanto os demais, em sua maioria, são extraídos do solo através das
raízes. Nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre são classificados como
macronutrientes devido à grande quantidade requerida pelas plantas, já os demais (Fe, Mn, Zn,
B, Cu, Mo e Cl) são categorizados como micronutrientes devido à baixa quantidade exigida
pelos vegetais, apesar de serem indispensáveis (ARRUDA, 2008).
Partindo deste contexto, no âmbito nacional a produção de fertilizantes se iniciou em
1950 (ARRUDA, 2008) com escopo exclusivo à mistura de NPK com base em fertilizantes
simples importados (FERNANDES et al., 2009; CUNHA, 2017). Como visto, os elementos
nitrogênio, fósforo e potássio são absorvidos em grande quantidade sendo de extrema
importância às plantas. No metabolismo vegetal, o nitrogênio compõe os aminoácidos,
proteínas, nucleotídeos, ácidos nucleicos, clorofilas e coenzimas, ao passo que o fósforo está
14

presente em compostos fosfatados que encerram energia (ATP e ADP), em ácido nucleicos,
diversas enzimas e fosfolipídios. Já o potássio se encontra envolvido na osmose e balanço
iônico e na abertura e fechamento de estômatos, bem como apresenta a função de ativador de
enzimas (CUNHA, 2017).
Recentemente, no início do ano de 2022 (entre fevereiro e março), especulações acerca
do setor de fertilizantes foram preocupantes para o agronegócio mundial, especificamente o
brasileiro, visto que os conflitos no Leste Europeu, região de extrema importância para o
abastecimento internacional de fertilizantes minerais e gás natural, se intensificaram com as
disputas entre Rússia e Ucrânia (OSAKI, 2022), o que motivou a autora deste Trabalho
investigar o funcionamento do setor de fertilizantes minerais no cenário internacional,
essencialmente no âmbito brasileiro.
Partindo de tal exposição, o presente Trabalho de Conclusão de Curso – TCC está
estruturado em cinco secções: introdução, metodologia, desenvolvimento, resultados e
discussão e considerações finais. A introdução, redigida nesta secção, busca contextualizar o
princípio da utilização de fertilizantes; a metodologia tem como objetivo expor os
procedimentos utilizados para o desenvolvimento deste estudo; no desenvolvimento do trabalho
estão redigidas as considerações para se alcançar os objetivos, enquanto nos resultados e
discussão se expõe os principais produtos e considerações obtidas com a aplicação da
metodologia e, por fim, apresenta-se uma síntese de toda contextualização do trabalho na secção
de “considerações finais”.

1.1.1 Objetivo geral

Investigar o emprego de fertilizantes minerais na agricultura brasileira, dando ênfase


aos aspectos de demanda e oferta, bem como ao potencial de autoabastecimento nacional para
atenuar a dependência externa de fertilizantes agrícolas.

1.1.1.1 Objetivos específicos

• Elencar os principais minerais utilizados como insumo agrícola, bem como levantar a
quantidade de fertilizantes empregados na agricultura brasileira;
• Pontuar os países que abastecem o setor de fertilizantes para o agronegócio brasileiro;
• Compreender o funcionamento do mercado comercial de fertilizantes;
• Abordar a influência das crises geopolíticas no setor de fertilizantes;
15

• Prospectar o uso futuro de fertilizantes no Brasil enfatizando o avanço das fronteiras


agrícolas e a demanda de alimentos, conforme o crescimento da população mundial;
• Mapear regiões brasileiras com futuro potencial para exploração de fertilizantes.
16

2 METODOLOGIA

O presente Trabalho de Conclusão de Curso consistiu em uma pesquisa de caráter


bibliográfico com objetivo exploratório, conforme os conceitos apresentados por Gil (2002): as
pesquisas caracterizadas como exploratória, em consonância com seu objetivo geral, têm como
escopo proporcionar maior familiaridade com o problema, cujo objetivo é torná-lo mais
explícito ou formular hipóteses assumindo, na maioria dos casos, a forma de pesquisa
bibliográfica ou de estudo de caso. Para o mesmo autor, a pesquisa bibliográfica é caracterizada
por apresentar um procedimento de coleta de dados exclusivamente em material já elaborado
por outros autores, disponibilizados, essencialmente, em formatos de livros e artigos científicos.
Neste contexto, realizou-se buscas exclusivamente virtuais a fim de selecionar trabalhos
científicos - teses, dissertações, monografias, artigos de periódicos, documentos informativos,
relatórios técnicos, entre outros - que abordassem o tema da presente pesquisa, exclusivamente
nos idiomas português, inglês e espanhol. Utilizou-se as plataformas virtuais Google
Acadêmico, Portal Periódicos Capes, SciELO Brasil e ScienceDirect, bem como os sítios
eletrônicos da ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos), Cepea – USP e Conab.
Delimitou-se um período de 20 anos (2002 a 2022) para investigar os dados secundários
publicados nas plataformas supracitadas. Inseriu-se, de forma concomitante e ordenada, termos
de indexação/palavras-chave para direcionar as buscas para o escopo da pesquisa, tais como:
fertilizantes, mercado, comercialização, preço, importação, conflitos geopolíticos, fronteiras
agrícolas e países produtores. Limitou-se as buscas até a décima quinta página de cada
plataforma cada qual possuía dez publicações, totalizando a apuração prévia de 150 trabalhos
científicos para cada termo de indexação utilizado.
A priori, os resultados obtidos foram analisados pelo título dos trabalhos, posteriormente
foi realizada uma leitura sucinta do resumo e/ou objetivo das publicações com intuito de
selecionar apenas aqueles que estivessem de acordo com o objetivo deste estudo. Realizou-se
leitura detalhada das publicações escolhidas e, para otimizar o procedimento, elaborou-se um
fichamento a partir das informações relevantes contidas nos trabalhos. Por fim, organizou-se os
dados obtidos para realizar uma análise descritiva a fim de redigi-las neste documento.
17

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 PANORAMA GERAL DO SETOR BRASILEIRO DE FERTILIZANTES

A definição do vocábulo solo pode ser dissemelhante conforme a área em que se aplica,
no entanto, para o setor agrícola o termo é empregado para definir o meio físico no qual as
plantas, assim como outros organismos vivos, são conduzidas para crescerem e se
desenvolverem com a finalidade de abastecer a população mundial (RIBEIRO, 2009). Neste
contexto, a fertilidade do solo - atrelada principalmente à disponibilidade de nutrientes
presentes no mesmo - é uma condição significativa para se obter safras produtivas e,
consequentemente, um fator crítico para competitividade das commodities brasileiras (CELLA;
ROSSI, 2010).
Visto isso, fertilizantes são substâncias que fornecem um ou mais nutrientes necessários
ao desenvolvimento e crescimento de plantas; os mais utilizados são os industriais (também
denominados de químicos ou minerais) e os de origem orgânica (excrementos animais e
resíduos vegetais) (SILVA; LOPES, 2012; RODRIGUES et al., 2015).
Neste sentido, a aplicação de fertilizantes, em quaisquer que sejam os sistemas de
produção, tem a finalidade de manter os níveis de produtividade adequados para que os
investimentos de produção sejam retornados. Para isso, repõe-se aproximadamente 43,0% dos
nutrientes que foram requeridos pelas plantas, uma vez que a quantidade de minerais extraídos
do solo é proporcional ao aumento da produção agrícola garantindo a segurança alimentar
mundial através dos elevados níveis de produção (FRESCO, 2003; REETZ, 2017), além disso,
a utilização de fertilizantes minerais contribuiu para a minimização de impactos ambientais uma
vez que a aplicação de cada tonelada equivale à produção de quatro novos hectares sem
adubação (CASTRO et al., 2020).
No Brasil o setor de fertilizantes é embasado legalmente pela Lei nº 6.894, de 16 de
dezembro de 1980 que “dispõe sobre a inspeção e a fiscalização da produção e do comércio de
fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes, remineralizadores e
substratos para plantas, destinados à agricultura, e dá outras providências”, e regulamentado
pelo Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2004 que “estabelece as normas gerais sobre registro,
padronização, classificação, inspeção e fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes,
corretivos, inoculantes ou biofertilizantes destinados à agricultura” (BRASIL, 1980; BRASIL,
2004).
18

Diante do exposto, o Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2004, define que os


fertilizantes são categorizados em dois grupos principais: não-minerais e minerais. No primeiro
estão o carbono, o hidrogênio e o oxigênio, enquanto no segundo grupo estão mais 15 nutrientes
subdivididos em macronutrientes primários (nitrogênio, fósforo e potássio), macronutrientes
secundários (cálcio, magnésio e enxofre) e micronutrientes (boro, cloro, cobalto, cobre, ferro,
manganês, molibdênio, silício e zinco), totalizando 18 elementos químicos essenciais para o
desenvolvimento de plantas (RIBEIRO, 2009).
Ademais, de acordo com as argumentações feitas por Silva & Lopes (2012) com
embasamento na legislação vigente, os fertilizantes podem receber uma classificação conforme
a variação de suas propriedades químicas e físicas. Concerne às características químicas, podem
ser categorizados em simples, mistos ou complexos. Na primeira classe (fertilizantes simples)
estão os fertilizantes constituídos por apenas um composto químico, podendo conter um ou
mais nutrientes. Já os fertilizantes mistos são resultantes da mistura física de dois ou mais
fertilizantes simples ou complexos, bem como ambos. Por fim, os fertilizantes complexos são
formulados por dois ou mais compostos químicos, resultante da reação química de seus
componentes. Em relação ao caráter físico, são classificados como pó (partículas em forma de
pó ou que apresentam pequena dimensão), mistura de grânulos (mistura física de matérias-
primas previamente granuladas), mistura granulada (mistura de produtos em pó submetidos ao
processo de granulação), complexo granulado (mistura de matérias-primas que resultam em
novos compostos químicos), líquido ou fluídos e gasosos.
Neste aspecto, as principais carências de nutrientes disponibilizados via edáfica estão
atreladas ao nitrogênio, fósforo e potássio (RIBEIRO, 2009; RODRIGUES et al., 2015). O
nitrogênio é um elemento que compõe 78,0% da atmosfera terrestre em forma de gás N2, no
entanto, necessita ser convertido em amônio e nitrato para ser assimilado pelas plantas. Tal
conversão é realizada por microrganismos presentes no solo, essencialmente por bactérias
simbióticas que se desenvolvem associadas às plantas, ou por reações químicas. Já o fósforo é
localizado nos minerais do solo e na matéria orgânica e precisa ser transformado em íons de
fosfato inorgânico para serem translocados pelas raízes até o sistema vascular das plantas. O
potássio, por sua vez, está presente em minerais e é adsorvido na forma iônica nas partículas do
solo e na matéria orgânica (RIBEIRO, 2009; REETZ, 2017).
Em adendo, considerando o funcionamento do metabolismo celular dos vegetais, o
nitrogênio é um componente fundamental para o desempenho de aminoácidos e proteínas, além
de ser indispensável para o controle da fotossíntese já que o mesmo compõe a molécula de
clorofila. O fósforo também é essencial para o processo de fotossíntese, haja vista que o mesmo
19

atua na captura e transferência de energia para as ligações químicas. Por fim, o potássio regula
o fluxo da água e outros materiais através das membranas celulares, além de auxiliar na
regulação de vários processos químicos e enzimáticos (REETZ, 2017; FERNANDES, 2022)
(Tabela 1).

Tabela 1 - Nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento de plantas e suas


respectivas funções no metabolismo celular vegetal.

Fonte: Adaptado de Fernandes (p. 6, 2022).

Conforme Saab & Paula (2008), a cadeia produtiva de fertilizantes pode ser dividida de
acordo com o produto fornecido à comercialização: I) segmento extrativo mineral, fornecedor
de rocha fosfática, de enxofre, de gás natural e de rochas potássicas; II) o setor produtor de
matérias-primas intermediárias, como o ácido sulfúrico, o ácido fosfórico e a amônia anidra;
III) o elo produtor de fertilizantes simples; IV) a indústria de fertilizantes mistos e granulados
complexos; V) o setor de distribuição (atacado, varejo e logística); e VI) o produtor rural (Figura
1).

Figura 1 – Fluxograma da cadeia produtiva de fertilizantes.

Fonte: Adaptado de Saab & Paula (p. 6, 2008).


20

Além dos elos descritos anteriormente, a cadeia de fertilizantes pode ser classificada
conforme os setores que abastecem o ramo de fertilizantes minerais, como: mineradoras,
importação, misturadoras e transportadoras. As mineradoras extraem e beneficiam os minerais
para obtenção de matéria-prima básica e intermediária. O setor de importação adquire, de outros
países, fertilizantes primários (ureia, DAP, MAP), considerando a insuficiente oferta brasileira.
Nas misturadoras ocorre o elo final: obtém-se os fertilizantes finais a partir dos fertilizantes
básicos. Por fim, as transportadoras realizam o transporte de matérias-primas para as
misturadoras e/ou produtores rurais (TEIXEIRA, 2013).
As principais matérias-primas básicas para produção de fertilizantes são a rocha
fosfática e o enxofre para produção de adubos fosfatados, o petróleo e o gás natural para
produção de adubos nitrogenados e a rocha potássica para produção de adubos potássicos
(CELLA; ROSSI, 2010; RODRIGUES et al., 2015). Ademais, em consonância com Teixeira
(2013), as matérias-primas intermediárias são o ácido sulfúrico, ácido fosfórico e o ácido
nítrico. Os fertilizantes simples são o superfosfato simples, o superfosfato tripo, o fosfato
monoamônio (MAP), o fosfato diamônio (DAP), o nitrato de amônio, o sulfato de amônio, o
sulfato de potássio, a ureia e o cloreto de potássio (SAE-PR, 2020) (Figura 2).

Figura 2 – Esquema explicativo sobre a produção de fertilizantes: matérias-primas básicas e


intermediárias, bem como fertilizantes simples e mistos.

Fonte: Adaptado de SAE-PR (p. 8, 2020).

Considerando a relevância do setor de fertilizantes para o agronegócio brasileiro, o


Governo Federal lançou nos anos de 1974 e 1995 os Planos Nacionais de Fertilizantes que
objetivaram modernizar e ampliar a indústria de fertilizantes no país. Os investimentos
21

aplicados foram na ordem de US$ 3,5 bilhões, permitindo um incremento na produção nacional
de mais de 40,0% no período compreendido entre 1987 e 2005 em decorrência da exploração
de rochas fosfáticas nos estados de Minas Gerais e São Paulo (COSTA et al., 2018; SAE-PR,
2020).
Após a concretização do Plano Nacional de Fertilizantes em 1974 as movimentações
acerca do setor ficaram inertes. Grandes empresas estatais brasileiras foram privatizadas,
grupos de pesquisas atrelados a tecnologias de fertilizantes foram extintos e a dependência por
insumos minerais externos sofreu uma nova progressão. Esse cenário se estendeu até 2008
quando uma crise financeira abalou a economia mundial, dando estopim para novas discussões
direcionadas ao setor de fertilizantes (BENITES et al., 2010). No ano de 2010, o Governo
Federal Brasileiro desenvolveu um novo Plano Nacional de Fertilizantes, no entanto a execução
do mesmo não foi concretizada (SAE-PR, 2020) e as ações estratégias acerca do setor de
fertilizantes não foram inovadas.

3.2 RESERVAS INTERNACIONAIS DE FERTILIZANTES: AS MAIORES POTÊNCIAS


MUNDIAIS NA PRODUÇÃO DE INSUMOS MINERAIS

A produção internacional de fertilizantes está concentrada em poucos países devido à


escassez de recursos naturais que fornecem matéria-prima para formulação dos insumos
minerais, assim como o alto consumo está atrelado aos países com elevada produção agrícola,
sendo China, Índia, Estados Unidos e Brasil os maiores consumidores mundiais de fertilizantes
minerais (DAHER, 2008; CELLA; ROSSI, 2010; TEIXEIRA, 2013; RODRIGUES et al.,
2015; BERALDO; FIGUEIREDO, 2016; CASTRO et al., 2020; CONAB, 2020d) (Tabela 2 a
Tabela 6, Gráfico 1).

Tabela 2 - Consumo internacional de fertilizantes entre 1990 e 2006 (em milhões de toneladas).
22

Fonte: Adaptado de Daher (p. 27, 2008).

Tabela 3 - Consumo internacional de fertilizantes minerais no ano de 2007.

Fonte: Adaptado de Ribeiro (p. 111, 2009).

Tabela 4 - Consumo de fertilizantes por países, em milhões de toneladas, entre 1990 e 2014.
23

Fonte: Adaptado de Castro et al. (p. 164, 2020).

Tabela 5 – Consumo de fertilizantes segundo os principais elementos químicos e seus


respectivos países, bem como a participação do Brasil na produção mundial no ano de 2014.

Fonte: Adaptado de Castro et al. (p. 167, 2020).

Tabela 6 - Consumo de fertilizantes no cenário internacional no ano de 2012.

Fonte: Adaptado de Teixeira (p. 10, 2013).

Gráfico 1 – Consumo de fertilizantes em escala global no ano de 2020, bem como percentual
de importação para os maiores consumidores internacionais de fertilizantes minerais.
24

Fonte: Adaptado de Conab (p. 19, 2022c).

Visto isso, em relação à localização das usinas de fertilizantes minerais, as significativas


reservas se encontram fora do território brasileiro. Quanto ao macronutriente fósforo, as
maiores jazidas de minério se encontram em Marrocos e no Sahara Ocidental (75,0%) (SAE-
PR, 2020), bem como na China (15,0%), Estados Unidos (4,0%), África do Sul (4,0%) e
Jordânia (2,0%) (Tabela 7). No entanto, quanto aos aspectos de produção, a China, seguida por
Marrocos e Estados Unidos são os países com maior influência produtiva (CELLA; ROSSI,
2010; RODRIGUES et al., 2015; SANTOS, 2021) (Gráfico 2). Saab & Paula (2008) enfatizam
que a Austrália também contribui com a produção de fertilizantes minerais com
aproximadamente 2,0% em relação a produção total.

Tabela 7 - Reservas mundiais de fósforo no ano de 2005.


25

Fonte: Adaptado de Saab & Paula (p. 7, 2008).

Gráfico 2 – Maiores produtores de fertilizantes fosfatados a nível global no ano de 2018.

Fonte: Adaptado de Santos (p. 25, 2021).

Quanto ao nutriente potássio, os maiores detentores de usinas potássicas são Rússia


(60,0%) e Canadá (14,0%), ambos unidos possuem 74,0% das reservas mundiais de potássio
(CELLA; ROSSI, 2010), além de Bielorrússia, Israel e Alemanha (SAE-PR, 2020). Em relação
à produção, as maiores potências são Canadá (30,0%), Rússia (18,0%), Bielorrússia (18,0%),
26

China (14,0%), Alemanha (outros 20,0%) e Israel (outros 20,0%) (SAAB; PAULA, 2008;
SANTOS, 2021; CONAB, 2022b) (Gráfico 3).

Gráfico 3 – Maiores produtores de fertilizantes potássicos a nível global no ano de 2018.

Fonte: Adaptado de Santos (p. 26, 2021).

Concerne aos fertilizantes nitrogenados, são produzidos principalmente na China


(31,0%), Rússia (9,0%), Estados Unidos (8,0%) e Índia (7,0%) (Gráfico 4), sendo que os
principais exportadores são Rússia, Ucrânia, Catar e Arábia Saudita (SAAB; PAULA, 2008;
RODRIGUES et al., 2015; SAE-PR, 2020; SANTOS, 2021).

Gráfico 4 – Maiores países produtores de fertilizantes nitrogenados a nível global no ano de


2018.
27

Fonte: Adaptado de Santos (p. 24, 2021).

Quanto à produção de fertilizantes intermediários, os maiores produtores de ácido


fosfórico se encontram no continente asiático (Tabela 8), enquanto os destaques em produção
de ácido sulfúrico são China, Estados Unidos e Marrocos (Tabela 9). Já para as matérias-primas
básicas de fertilizantes fosfatados, o enxofre – sólido extraído de minas perfuradas a grandes
profundidades ou pela recuperação de gases de petróleo – é produzido principalmente pelos
Estados Unidos, Canadá e Rússia (SAAB; PAULA, 2008) (Tabela 10).

Tabela 8 - Capacidade internacional de produção de ácido fosfórico entre 2003 e 2007 (em 1000
toneladas).
28

Fonte: Adaptado de Saab & Paula (p. 8, 2008).

Tabela 9 - Produção internacional de ácido sulfúrico no ano de 2005 (em 1000 toneladas).

Fonte: Adaptado de Saab & Paula (p. 8, 2008).

Tabela 10 - Produção internacional de enxofre no ano de 2005 (em 1000 toneladas).


29

Fonte: Adaptado de Saab & Paula (p. 8, 2008).

Prospecta-se para os próximos anos a estagnação da produção de fertilizantes pelos


países da União Europeia, Índia, China, EUA e Rússia devido à restritiva quantidade de área a
ser explorada pela agricultura, diferente do Brasil e dos países africanos (CELLA; ROSSI,
2010).

3.3 O CONSUMO BRASILEIRO DE INSUMOS MINERAIS: OFERTA E DEMANDA EM


UM PAÍS IMPORTADOR DE FERTILIZANTES AGRÍCOLAS

Como supracitado, o Brasil é um dos maiores consumidores de fertilizantes do mundo,


essencialmente de macronutrientes primários geralmente comercializados na formulação NPK,
uma vez que o país é um dos principais abastecedores de produtos agrícolas do mercado
consumidor internacional (RODRIGUES et al., 2015; CONAB, 2020d). O principal nutriente
aplicado nas terras cultiváveis brasileiras é o potássio (38,8%), seguido por cálcio (33,0%) e
nitrogênio (29,0%) (SAE-PR, 2020). Neste panorama, no ano de 2019 os fertilizantes ocuparam
a segunda posição no ranking das importações brasileiras (CONAB, 2020b).
Neste cenário de demanda por fertilizantes minerais, no âmbito interno os estados que
mais utilizam fertilizantes para atender sua produção agrícola são: Mato Grosso, São Paulo,
Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia e Mato Grosso do Sul (RIBEIRO, 2009;
CELLA; ROSSI, 2010; CASTRO et al., 2020) (Tabela 11; Gráfico 5). Quanto ao aspecto de
importação, as principais unidades federativas brasileiras que adquirem fertilizantes de outros
países são, por ordem de grandeza: Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo
(CONAB, 2021c) (Gráfico 6).
30

Tabela 11 - Consumo de fertilizantes simples e compostos por região brasileira no ano de 2007.

Fonte: Adaptado de Ribeiro (p. 118, 2009).

Gráfico 5 - Demanda de fertilizantes por unidade federativa brasileira em 2007.

Fonte: Adaptado de Saab & Paula (p. 12, 2008).

Gráfico 6 – Principais estados brasileiros importadores de fertilizantes entre 2019 e 2021.

Fonte: Adaptado de Conab (p. 17, 2021c).


31

Dados apontam que o Brasil, no ano de 2007, foi o quarto maior consumidor de insumos
minerais correspondendo a aproximadamente 25 milhões de toneladas de fertilizantes. No
entanto, o país produziu apenas 36,0% de seu consumo (RIBEIRO, 2009). Segundo Saab &
Paula (2008), entre 1994 e 2007 a oferta nacional de fertilizantes minerais cresceu 7,22% a.a.,
em contrapartida a produção brasileira aumentou 2,93% a.a. Em 2015 o país registrou 30,2
milhões de toneladas de fertilizantes entregues ao consumidor final totalizando um incremento
de 34,2% em relação a 2009 (BERALDO; FIGUEIREDO, 2016). Castro et al. (2020) fizeram
uma constatação em um período maior: entre 1992/1993 e 2016/2017 o consumo nacional
registrou elevação de 255,0%, isto porque as lavouras de grãos obtiveram um incremento de
64,0% de área plantada. No decorrer do ano de 2019 o consumo de fertilizantes no Brasil atingiu
o montante de 36 milhões de toneladas (CONAB, 2020c; SAE-PR, 2020). Fernandes (2022)
discorre que em novembro de 2021 o Brasil já havia entregado mais de 45 milhões de toneladas
de fertilizantes aos seus consumidores apresentando um aumento de 14,2% em relação ao ano
anterior, assim como para o ano de 2020 o país registrou um crescimento de 11,9% na utilização
de fertilizantes minerais quando comparado com o ano de 2019. Para o mesmo autor, a
quantidade de fertilizantes entregues ao mercado é resultado do estoque inicial da indústria, da
quantidade produzida, importada e exportada, ainda, a quantidade de fertilizantes entregues ao
consumidor final é crescente desde 2016 (Gráfico 7).

Gráfico 7 - Fertilizantes entregues ao mercado brasileiro (em milhões de toneladas) entre 2016
e 2020.

Fonte: Adaptado de Fernandes (p. 3, 2022).


32

Oscilações atípicas ocorreram nos anos de 1999 e 2005 uma vez que o volume de vendas
de fertilizantes minerais apresentou queda nas transações de mercado (TURETTA et al., 2008)
(Gráfico 8), assim como para o ano de 2016 (COSTA et al., 2018) (Gráfico 9). Tais interrupções
no crescimento do consumo de insumos é explicada especialmente pela variação no preço dos
fertilizantes, assim como na liberação de crédito rural (TURETTA et al., 2008).

Gráfico 8 - Volume de venda de fertilizantes no Brasil entre 1998 e 2007.

Fonte: Adaptado de Turetta et al. (p. 2, 2008).

Gráfico 9 - Relação entre consumo e produção interna brasileira de fertilizantes (em milhões
de toneladas) entre os anos de 2013 e 2016.
33

Fonte: Adaptado de Costa et al. (p. 59, 2018).

Especificamente no ramo de fertilizantes nitrogenados, o país ofertou apenas 25,0% do


necessário no ano de 2007 (CELLA; ROSSI, 2010). No ano de 2008, produzia-se no Brasil os
seguintes fertilizantes nitrogenados: nitrato de amônio, ureia, fosfato de monoamônio (MAP),
fosfato de diamônio (DAP) e sulfato de amônio (RIBEIRO, 2009), em 2011 a produção
nacional de fertilizantes nitrogenados atendeu apenas 24,0% da demanda interna
(RODRIGUES et al., 2015). Enquanto para os fertilizantes potássicos a oferta brasileira foi
apenas de 9,0% em 2008, semelhante à produção de 2007 (671 mil toneladas de potássio – 9,2%
do total consumido) (SAAB; PAULA, 2008; FERNANDES et al., 2009; CELLA; ROSSI,
2010; RODRIGUES et al., 2015). Quanto aos fertilizantes fosfatados, observa-se uma maior
oferta nacional. A produção brasileira atendeu 49,0% do setor em 2008, sendo o sétimo maior
produtor mundial (CELLA; ROSSI, 2010; RODRIGUES et al., 2015). Entre 2007 e 2017 o
consumo de fertilizantes no Brasil aumentou 39,8%, em contrapartida a produção interna
recuou 16,3% (CASTRO et al., 2020). Em 2019 apenas 5 milhões de toneladas de fertilizantes
foram produzidas no Brasil, representando 13,8% do total consumido no mesmo ano (CONAB,
2020c).

Gráfico 10 - Produção e importação de NPK pelo mercado brasileiro, para cada elemento
químico, no ano de 2014.
34

Fonte: Adaptado de Castro et al. (p. 168, 2020).

Tabela 12 - Produção nacional brasileira de fertilizantes minerais no ano de 2007.

Fonte: Adaptado de Ribeiro (p. 114, 2009).

Tabela 13 - Balanço brasileiro de fertilizantes em 2007.

Fonte: Adaptado de Ribeiro (p. 113, 2009).


35

O setor de matérias-primas de fertilizantes brasileiro é estritamente concentrado, uma


vez que o acesso aos recursos naturais é restrito. Em 2009, o Brasil possuía apenas uma
fornecedora de gás natural para produção de fertilizantes nitrogenados e três empresas
exploradoras de rochas fosfáticas; enquanto para o enxofre o cenário brasileiro não era
favorável em razão da escassez de jazidas em território nacional, sendo que a única produtora
de enxofre o destinava à indústria de cosméticos e celulose (SAAB; PAULA, 2008;
FERNANDES et al., 2009).
A oferta de fertilizantes no setor agrícola brasileiro é definida essencialmente pela
disponibilidade nacional e internacional de matéria-prima e a capacidade produtiva instalada
no território nacional (SAAB; PAULA, 2008). A maior demanda por nutrientes primários (N,
P e K) é explicada pela escassez gerada pela numerosa quantidade que as plantas extraem do
solo, visto isso, a indústria nacional de minerais se dividiu em três setores, de acordo com a
natureza do principal nutriente que contém no ramo: fertilizantes nitrogenados, fertilizantes
fosfatados e fertilizantes potássicos, sendo que o escopo dessas indústrias é a produção de
fertilizantes minerais simples (RIBEIRO, 2009).
Referente à destinação dos fertilizantes, a maior porcentagem é direcionada a grãos,
como trigo e arroz (CELLA; ROSSI, 2010). Segundo Ribeiro (2009) e Saab & Paula (2008), o
consumo de fertilizante no ano de 2007 foi de aproximadamente 24 milhões de toneladas,
destes, 33,9% foram requeridos pela cultura da soja e 19,3% por lavouras de milho (Tabela 14,
Gráfico 11). Durante o ano de 2020 a necessidade de utilização de fertilizantes por cultura não
sofreu alteração em relação ao cenário de 2006 e 2007, sendo que para o referente ano (2020)
as culturas que mais demandaram fertilizantes minerais foram soja (41,0%), milho (16,0%),
cana-de-açúcar (12,0%), café (4,0%) e algodão (4,0%) (CONAB, 2020c).

Tabela 14 - Consumo de fertilizantes por cultura no Brasil em 2007.

Fonte: Adaptado de Ribeiro (p. 118, 2009).


36

Gráfico 11 - Consumo de fertilizantes por lavoura no ano de 2006.

Fonte: Adaptado de Saab & Paula (p. 12, 2008).

Todavia, a produção interna de fertilizantes não atende a demanda exigida pelo setor do
agronegócio tornando o país dependente de importações de fertilizantes (RODRIGUES et al.,
2015), sendo que aproximadamente 70,0% da matéria-prima utilizada na indústria de
fertilizantes é importada, especialmente as fontes de nitrogênio e potássio (LIMA, 2007;
BERALDO; FIGUEIREDO, 2016; PEREIRA et al., 2016; CONAB, 2020d). Segundo Cella &
Rossi (2010), o setor de fertilizantes potássicos é o mais crítico dependendo de 91,0% de
importações para que a oferta seja satisfeita. Os mesmos autores apontam que a dependência
brasileira por importações de fertilizantes nitrogenados é superior ao estimado por Carrer et al.
(2010) (75,0%): 82,0% dos insumos nitrogenados consumidos no Brasil são provenientes de
outros países. No ano de 2014 os números referentes às importações se mantiveram estagnados
e semelhantes aos anos anteriores, da quantidade de fertilizantes minerais utilizados pela
agricultura brasileira 92,0% de potássio, 73,0% de nitrogênio e 46,0% de fósforo foram
oriundos de países estrangeiros (CASTRO et al., 2020). Em um cenário mais recente, no ano
de 2018 o Brasil importou 24,96 milhões de toneladas, perfazendo um incremento de 4,0% em
relação ao ano de 2017 (23,96 milhões de toneladas) (SAE-PR, 2020). Para o ano de 2019, o
país importou aproximadamente 80,0% de matéria-prima para fertilizantes (CONAB, 2020c),
enquanto para o ano de 2021 mais de 85,0% dos fertilizantes utilizados no Brasil foram
adquiridos de outros países (CALIGARIS et al., 2022). De acordo com os levantamentos
realizados pela Conab (2022a), no ano de 2021 a importação de fertilizantes pela federação
brasileira registrou um recorde histórico de 41,6 milhões de toneladas (Gráfico 12).
37

Gráfico 12 – Evolução da importação mensal brasileira de fertilizantes (em mil toneladas) entre
2018 e o presente (2022).

Fonte: Adaptado de Conab (p. 22, 2022c).

Gráfico 13 – Dependência brasileira por fertilizantes oriundos de países estrangeiros no ano de


2020.

Fonte: Adaptado de SAE-PR (p. 11, 2020).

Neste contexto, especificamente para o ano de 2008, os principais fornecedores de


fertilizantes para o Brasil foram Ucrânia (ureia e nitrato de amônio), Rússia (ureia, nitrato de
amônio, MAP, DAP e sulfato de amônio), Estados Unidos (cloreto de potássio, sulfato de
amônio, MAP e DAP), Egito (SSP) e Israel (SSP e TSP) (RIBEIRO, 2009). Visto isso, os
38

principais países que abastecem o setor de fertilizantes brasileiro, são: Rússia, Estados Unidos,
Canadá, Marrocos e China (COSTA et al., 2018) (Gráfico 14). Em adição, dados da Conab
(2021b) estabelecem que Rússia, China, Canadá, Marrocos, Bielorrússia, Catar, Estados
Unidos, Alemanha e Holanda se enquadram no ranking dos dez países que lideram as
exportações de fertilizantes para o mercado brasileiro.

Gráfico 14 - Principais países fornecedores de fertilizantes para o abastecimento do setor


agrícola brasileiro.

Fonte: Adaptado de Costa et al. (p. 60, 2018).

Especificamente para os fertilizantes nitrogenados, os principais fornecedores são:


Rússia (23,0%), China (16,0%), Argélia (12,0%), Catar (8,0%), Nigéria (6,0%) e Emirados
Árabes Unidos (5,0%) (SAE-PR, 20220); no ano de 2007 o Brasil importou 88,3 % da sua
demanda de sulfato de amônio, 73,0 % de ureia (terceiro maior importador), 76,9 % do nitrato
de amônia, 60,6 % do seu consumo de MAP e 99,7 % do de DAP (SAAB; PAULA, 2008).
Especificamente para ureia, os principais países que abasteceram o mercado brasileiro foram
Argélia, Rússia, Catar, Nigéria, Emirados Árabes Unidos e Egito. Já para o nitrato de amônio
e sulfato de amônio, os principais fornecedores foram Rússia (nitrato de amônio) e China e
Bélgica (sulfato de amônio) (SAE-PR, 2020). Estima-se que, de modo geral, 94,0% de
fertilizantes nitrogenados utilizados no Brasil são importados (CONAB, 2021a).
Para atender a demanda de fertilizantes fosfatados o Brasil mantém posição de
importador de Marrocos (25,0%), Rússia (14,0%), Estados Unidos (13,0%), Arábia Saudita
(12,0%), Egito (11,0%) e Israel (9,0%) (CELLA; ROSSI, 2010; RODRIGUES et al., 2015;
SAE-PR, 2020).
Já para abastecer o mercado interno de fertilizantes potássicos o Brasil importa insumos
da Rússia, Bielorrússia, Canadá, China, Alemanha, Israel, Marrocos, Argélia, Egito e Estados
39

Unidos, sendo os principais exportadores de cloreto de potássio, especificamente, os seguintes


países: Canadá (32,0%), Rússia (26,0%), Bielorrússia (18,0%) e Israel (11,0%) (SAE-PR,
2020). Ressalta-se que 96,0% de potássio aplicado na agricultura brasileira é proveniente de
outros países (CONAB, 2021a).
No ano de 2007, as principais nações que abasteceram o mercado brasileiro de
fertilizantes simples foram Estados Unidos, Rússia, Marrocos, Israel e Tunísia (SAAB;
PAULA, 2008). Em 2018 o cenário se manteve estável. Os principais países abastecedores de
fertilizantes intermediários foram Marrocos, Rússia, Arábia Saudita e Estados Unidos (para
MAP), Estados Unidos e Marrocos (para DAP), Egito e Israel (para superfosfato simples) e
Marrocos, China e Israel (para superfosfato triplo) (SAE-PR, 2020).
As projeções realizadas entorno da demanda e oferta de fertilizantes no mercado
brasileiro, entre 2007 e 2016, apresentaram acréscimo no consumo de fertilizantes ao decorrer
dos anos (Tabela 16) (SAAB; PAULA, 2008).

Tabela 15 - Produção, importação e consumo de fertilizantes básicos, intermediários e simples


no ano de 2007 (em 1000 toneladas).

Fonte: Adaptado de Saab & Paula (p. 11, 2008).

Tabela 16 - Projeções de demanda, importação, estoques e produção de fertilizantes entre


2007/2008 e 2015/2016 (em 1000 toneladas).
40

Fonte: Adaptado de Saab & Paula (p. 21, 2008).

A dependência internacional de fertilizantes tem a desvantagem de prejudicar o balanço


comercial do país, além de tornar o preço a ser pago mais oneroso pelos formuladores de
fertilizantes e consequentemente pelo agricultores devido aos fretes marítimos (RIBEIRO,
2009).

3.4 FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE FERTILIZANTES MINERIAS: OS


REFLEXOS DA GLOBALIZAÇÃO E AS CONSEQUÊNCIAS DAS CRISES
GEOPOLÍTICAS

O comportamento do mercado de fertilizantes minerais é variável e dependente das


ações que ocorrem em um âmbito internacional. Neste sentido, o mercado internacional foi
marcado, durante as últimas décadas, por uma série de fusões e aquisições acirrando a
concorrência no interior da cadeia de fertilizantes (FERNANDES et al., 2009). No aspecto
nacional, o crescimento do setor agropecuário brasileiro foi sustentado pelo aumento da
importação de fertilizantes minerais, entre outros fatores. A dependência desses insumos
agrícolas torna o Brasil vulnerável às oscilações internacionais que ocorrem no mercado de
fertilizantes (CELLA; ROSSI, 2010), uma vez que a produção de matérias-primas básicas dos
principais fertilizantes (nitrogênio, fosforo e potássio) não acompanha o crescimento da
demanda (PEREIRA et al., 2016), deixando o país em uma posição de “tomador de preços” e
não um “formador de preços” (CONAB, 2020c).
Neste contexto, as previsões sobre demanda e oferta de fertilizantes realizadas por
diversas instituições e pesquisadores se tornam incertas uma vez que as variáveis do cenário
econômico e geopolítico mundial - como: os regimes de subsídios para fertilizantes, os
mandatos de biocombustíveis, os preços das commodities agrícolas, preços dos fertilizantes em
relação aos preços das culturas, flutuações nos preços das culturas, situação de minas e tipos de
41

produção, sazonalidade, demanda e outros fatores - interfere na produção e distribuição de


fertilizantes (CUNHA, 2017).
A sazonalidade da produção agrícola é determinada pelas variações climáticas,
espelhando na utilização de fertilizantes minerais que se concentra no segundo semestre devido
ao plantio de plantas de lavouras de verão (COSTA et al., 2018); para mais, o surgimento de
novas políticas direcionadas à otimização da gestão de nutrientes e a reciclagem de fontes
orgânicas regridem o consumo de insumos minerais (CUNHA, 2017). No sentido oposto, o
aumento do poder de compra que facilita o acesso ao consumo de carne e, consequentemente,
maior produção de milho e soja, exige maior aplicação de fertilizantes (CARRER et al., 2010).
Quanto ao critério de situação de minas, alguns desastres ambientais podem modificar
a condição extrativista das reservas minerais, como por exemplo, uma inundação que atingiu
as minas de potássio na Rússia em 2007 (SAAB; PAULA, 2008) e, atualmente, o furacão Ida
que afetou a produção de amônia para fertilizantes nitrogenados e fosfatados nos Estados
Unidos (CALIGARIS et al., 2022) repercutindo na oferta de fertilizantes minerais,
essencialmente de potássicos, tendo em consideração que o país russo é uma das maiores
potências na produção de potássio. Já para o critério de subsídios de fertilizantes, o atraso nas
liberações de créditos por parte de órgãos públicos e privados resultaram na redução de 6,0%
de fertilizantes na safra 2015/2016 (CASTRO et al., 2020) expondo as influências que os
incentivos monetários possuem acerca do setor de fertilizantes agrícolas.
Os conflitos geopolíticos e as crises financeiras são fatores que atingem o mercado de
fertilizantes e, consequentemente, refletem em diversos países devido a globalização
contemporânea. A crise financeira de 2008, por exemplo, refletiu no preço do barril de petróleo
e do gás natural gerando impactos no ramo de fertilizantes nitrogenados (amônia),
influenciando no preço da tonelada desse produto (FERNANDES et al., 2009) (Gráfico 16).
Em decorrência deste evento que afetou o mercado econômico internacional em 2008, muitos
produtores rurais e indústrias de fertilizantes tiveram prejuízos financeiros com o recuo do
preço das commodities e da matérias-primas, uma vez que as indústrias foram pressionadas a
reduzir os preços de insumos minerais para escoar o estoque e os agricultores se anteciparam
na aquisição de fertilizantes impulsionados pelo aumento progressivo no valor desses insumos
a partir do segundo semestre de 2007 pagando o preço dobrado quando comparado com a safra
de 2006 (CASTRO et al., 2020), em adição, Saab & Paula (2008) evidenciam que entre 2002
e 2007 o preço do superfosfato triplo, do cloreto de potássio e da ureia aumentaram 225,0%,
160,0% e 262,0%, respectivamente. Em dezembro de 2021, o preço médio de fertilizantes
ultrapassou a média do quinquênio (2017-2021) (US$ 284,78/tonelada) e a própria média anual
42

(US$ 350,75/tonelada) custando US$ 534,28/tonelada para o referido período mensal, sendo os
fertilizantes nitrogenados e potássicos responsáveis pela onerosidade dos insumos (CONAB,
2022a) (Gráfico 16).

Gráfico 15 - Evolução do preço da amônia, em US$/t, entre novembro de 2007 e novembro de


2008 no mercado internacional.

Fonte: Adaptado de Fernandes et al. (p. 224, 2009).

Gráfico 16 – Cotações médias mensais (US$/tonelada) de fertilizantes importados pelo Brasil


entre janeiro de 2017 e outubro de 2021.

Fonte: Adaptado de Conab (p. 17, 2022a).


43

Ademais, outra condição que desfavoreceu o setor de fertilizantes em um âmbito


internacional foi a pandemia Covid-19 (CONAB, 2020a). O aumento das tarifas de frete
internacional nos portos da China e da Índia atingiram um percentual superior a 1000%.
Inicialmente, o Brasil utilizou os estoques de fertilizantes para suprir a demanda interna,
contudo, com a abertura dos portos após o alto índice de contaminação pelo vírus, assim como
o retorno das exportações por parte da China, a relação de dependência foi mantida já que a
produção brasileira não atende às necessidades nacionais (PINHEIRO et al., 2021).
Recentemente, entre fevereiro e março de 2022, a crise internacional gerada pelo
acirramento dos conflitos entre Rússia e Ucrânia abalaram o cenário econômico globalizado,
expondo à vulnerabilidade do Estado brasileiro frente às dependências externas (CALIGARIS
et al., 2022) uma vez que a medida que os confrontos se intensificaram as incertezas acerca do
fornecimento de produtos adquiridos pelo Brasil através da região do Leste Europeu, como
fertilizantes, tornaram-se habituais já que os intensos conflitos se apresentaram como
empecilhos para o transporte de insumos minerais (CARRARA, 2022). Além disso, China e
Rússia impuseram restrições para garantir o autoabastecimento local dificultando às
exportações de fertilizantes ou matérias-primas, assim como a Bielorrússia sofreu sanções
comerciais internacionais incluindo a proibição de venda, fornecimento, transferência ou
exportação de vários bens, produtos químicos e cloreto de potássio em consequência de
aspectos geopolíticos (OSAKI, 2022; CALIGARIS et al., 2022). Com o governo russo não foi
diferente, países aliados da OTAN impuseram penalidades à Rússia diante do cenário de guerra,
como: suspensão do sistema Swift de pagamentos internacionais, fechamento do porto da
Lituânia e proibição de navegação pela região do Mar Negro dificultando a comercialização de
fertilizantes com os países da América, essencialmente com o Brasil (CONAB, 2022b).
Considerando que a concentração da oferta de fertilizantes em apenas algumas regiões
brasileiras influência a formação de preços e a demanda por insumos (CELLA; ROSSI, 2010),
médias históricas (1990 a 2007) confirmam que o primeiro semestre tem menor pressão de
demanda comparado com o segundo período semestral, uma hipótese para tal é a liberação de
financiamentos agrícolas que ocorre no segundo semestre do ano, entre setembro e novembro
(CUNHA, 2017).
Retornando à esfera do ano de 2008, 51,0% da aquisição de insumos ocorreu no primeiro
semestre do ano, enquanto 49,0% de compras foram registradas no segundo semestre de 2008,
situação atípica que favoreceu os produtores rurais uma vez que os mesmos adquiriram insumos
com menor preço de comercialização (CELLA; ROSSI, 2010).
44

Neste contexto de valores de comercialização, as principais variáveis que interferem na


formação do preço de fertilizantes são: preço internacional, taxa de câmbio, consumo, custos
de matérias-primas, custo de transporte marítimo, custos portuários, tributos externos e internos
e custo de transporte até os centros consumidores (SAAB; PAULA, 2008).
Concerne aos custos de matérias-primas, no mercado brasileiro de fertilizantes o maior
custo incorrido na produção de insumos minerais é a matéria-prima, haja vista que a maior
porcentagem é importada; esta proporção tende a aumentar uma vez que a projeção da demanda
por fertilizantes é superior à oferta e produção brasileira (LIMA, 2007). Em adição, os custos
da ureia e nitrogênio estão atrelados ao preço internacional do petróleo e do gás natural (SAAB;
PAULA, 2008). Além disso, insumos secundários, como: energia elétrica, enxofre e petróleo
também contribuem para formação de preço dos fertilizantes (CELLA; ROSSI, 2010).
Em relação ao fator consumo, os preços pagos por fertilizantes são progressivos quando
há desequilíbrio entre os níveis de oferta e demanda assim como as condições que regem a
comercialização das commodities agrícolas, além disso, o preço final de mercado é influenciado
pelo oligopólio das empresas onde se concentram os fertilizantes (CELLA; ROSSI, 2010;
RODRIGUES et al., 2015; CASTRO et al., 2020).
Referente aos tributos internos e externos, os fertilizantes são tributados pela Taxa de
Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) – podendo chegar até
25,0% sobre o valor do frete (COSTA et al., 2018) - e ICMS interestadual, desestimulando sua
produção local e a competitividade do agronegócio brasileiro (DAHER, 2008) já que os
fertilizantes de origem internacional são isentos de tributação (CONAB, 2020d), além de taxas
específicas impostas por países, como a China, para segurar os fertilizantes no território
nacional e evitar o desabastecimento interno (SAAB; PAULA, 2008; CELLA; ROSSI, 2010).
A taxa de câmbio é outro fator formulador do preço de fertilizantes (Gráfico 17); no ano
de 2020, por exemplo, a valorização do dólar frente ao real deu suporte para alavancar os preços
dos fertilizantes pagos pelo produtores brasileiros, considerando que o cenário pandêmico do
período contribuiu para tal situação (CONAB, 2020a).

Gráfico 15 - Comportamento dos preços reais dos fertilizantes e da taxa de câmbio entre 1995
e 2015.
45

Fonte: Adaptado de Castro et al. (p. 164, 2020).

Prosseguindo com as variáveis que moldam o preço dos fertilizantes, o transporte dos
insumos minerais é um fator determinante no estabelecimento dos preços comerciais. Segundo
Pereira et al. (2016), o transporte é um dos fatores mais importantes durante o planejamento da
rede logística, representando aproximadamente 60,0% dos custos operacionais, tornando os
fertilizantes menos competitivos no ambiente comercial. Beraldo & Figueiredo (2016)
destacam que a distância entre os portos e os centros consumidores, bem como as dificuldades
da infraestrutura logística influenciam no aumento do preço pago pelo produtor ou consumidor
final, corroborando com Costa et al. (2018) que atrelam, entre outras, a dificuldade de transporte
no setor de fertilizantes decorrente das longas distâncias percorridas entre os locais de extração
de matérias-primas até os complexos produtivos, refletindo no preço dos fertilizantes.
Considerando os impasses que ocorreram entre janeiro e março de 2022 (conflitos entre Rússia
e Ucrânia), o valor do frete marítimo pago pela rota Europa-Brasil apresentou um incremento
de US$ 4,00/tonelada entre fevereiro e março do respectivo ano, já o frete pago para os
fertilizantes com origem de Marrocos e Egito atingiram um acréscimo de US$ 12,00/tonelada
(CONAB, 2022b).
Daher (2009) propõe a otimização do setor de transporte de fertilizantes através do frete
de retorno: tendo o conhecimento que a maior pressão de demanda ocorre no segundo semestre
anual, a antecipação da compra de fertilizantes é vista como uma estratégia para baratear o
oneroso frete imposto acima do transporte de fertilizantes, isto porque com a entrega de grãos
nos portos marítimos no pós-safra (entre fevereiro e março) contribuiu com a economia gerada
pelo frete de retorno, ou seja, transporta-se grãos até os portos e se retorna aos centros
produtivos com fertilizantes. Levantamentos da Conab (2022a) confirmam que esta estratégia
46

já é praticada no setor agrícola uma vez que os maiores volumes de importação de fertilizantes
apresentam crescimento constante a partir do mês de abril, período em que as exportações de
soja, milho e algodão movimentam os portos brasileiros, concretizando a tática de frete de
retorno.
Por fim, observa-se que o preço dos fertilizantes no mercado interno é extremamente
relacionado a fatores exógenos ao cenário nacional, essencialmente ao preço do petróleo e a
oferta de matérias-primas (COLLE; ALVIM, 2016).

3.5 PROSPECÇÃO DE UTILIZAÇÃO DE FERTILIZANTES NO BRASIL: OS


CAMINHOS PARA A AUTOSSUFICIÊNCIA E OS DESAFIOS DAS FRONTEIRAS
AGRÍCOLAS

O cenário de alto consumo de fertilizantes que prevalece nos interpaíses, em decorrência


do crescimento da população mundial, do aumento de renda (poder de compra) e do uso
intensivo de biocombustíveis, exige um aumento progressivo na produção e utilização de
fertilizantes para atender a demanda de alimentos e produtos derivados do setor primário da
economia, bem como a racionalização do uso da água e a otimização das técnicas de produção,
tendo em vista que grande parcela da população está inserida nos centros urbanos inviabilizando
a mão-de-obra nas zonas rurais (FRESCO, 2003; CARRER et al., 2010; CASTRO et al., 2020).
Considerando a prospecção da necessidade de fertilizantes minerais para atender a
demanda internacional, o cenário brasileiro de produção de fertilizantes não é favorável para
suprir à carência nacional e dos demais países, isto porque a produção desses insumos está
restrita em poucas usinas e fábricas. A indústria de fertilizantes potássico está vinculada à
mina/usina de Taquari-Vassouras em Sergipe, oitava maior reserva do mundo (RIBEIRO, 2009;
CELLA; ROSSI, 2010) e no estado do Amazonas; em relação aos fertilizantes fosfatados as
maiores reservas brasileiras se encontram nos estados de Minas Gerais (73,8%) – tornando o
país o sétimo maior produtor de fósforo, Goiás (8,3%) e São Paulo (7,3%) (CELLA; ROSSI,
2010); já para os fertilizantes nitrogenados as principais fábricas estão localizadas nos estados
de Sergipe, Bahia, São Paulo e Paraná. Do total de reservas terrestre, 79,0% estão situadas no
estado do Amazonas, enquanto as reservas provadas marítimas se encontram em grande
percentual no estado do Rio de Janeiro (54,5%) (SAAB; PAULA, 2008). Em síntese, os
principais estados brasileiros que contribuem para o abastecimento interno de fertilizantes
minerais e que minimizam a dependência por importações, são: Minas Gerais, São Paulo,
Goiás, Bahia, Paraná e Sergipe (Gráfico 18) (COSTA et al., 2018).
47

Gráfico 16 - Principais estados brasileiros produtores de fertilizantes.

Fonte: Adaptado de Costa et al. (p. 60, 2018).

Os motivos pelos quais o Brasil não assume uma posição de autoabastecimento estão
atrelados a alguns fatores que se tornam obstáculos para a instalação de indústrias de
fertilizantes no território nacional, como: elevado custo inicial, prazo de retorno muito longo,
carga tributária elevada, aumento crescente do preço do gás natural no país e dificuldade de
obtenção de licenças ambientais (FERNANDES et al., 2009; RIBEIRO, 2009).
Partindo do contexto das principais dificuldades encontradas para a implantação de um
setor produtivo de fertilizantes eficaz para o abastecimento interno brasileiro, as soluções
encontradas a curto prazo estão relacionadas com o desenvolvimento de melhores misturas de
fertilizantes, a elaboração e execução de pesquisas sobre nutrição de plantas e a educação dos
agricultores quanto ao manejo de nutrientes - utilização de uma fonte eficaz de fertilizante, bem
como a aplicação da dose correta no local e época ideal – com o objetivo de maximizar a
eficiência agronômica e os retornos econômicos considerando a qualidade do meio ambiente
(CASTRO et al., 2020).
Algumas estratégias são analisadas para que a dependência externa por fertilizantes seja
amenizada e os números referentes às importações recuem dos atuais 74,5% para 54,3% nos
próximos anos (CASTRO et al., 2020). Entre elas, a duplicação da capacidade de produção de
fósforo a partir dos projetos elaborados acerca das reservas presentes nos estados de Minas
Gerais, Goiás, Santa Catarina e Ceará e àquelas pertencentes à Petrobras, localizadas no estado
do Amazonas (FERNANDES et al., 2009; CELLA; ROSSI, 2010). O Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento – MAPA propôs reduzir a dependência de outros países através do
48

investimento em projetos de transformação do gás natural em amônia e ureia com a implantação


das usinas de fertilizantes nitrogenados (PEREIRA et al., 2016). Além disso, sugere-se
aumentar a eficácia de fertilizantes através da utilização de biotecnologia para elevar a absorção
de nutrientes pelas plantas (FRESCO, 2003). Cella & Rossi (2010) ressaltam que as leis
ambientais deverão ser modificadas para que seja possível aumentar a produção interna de
fertilizantes.
Neste viés, já em 1973 o Estado buscou reduzir a importação de fertilizantes minerais
através do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) que englobou o I Plano Nacional
de Fertilizantes. Para tanto, apoiou-se a produção de matérias-primas fosfatadas e nitrogenadas
em decorrência do aumento dos preços de petróleo naquele ano (1973); os principais incentivos
cedidos pelo governo federal estiveram interligados com a unidade de mineração e
concentração de rocha fosfática em Tapira (MG), iniciada em 1976, com o complexo industrial
da Uberaba (MG), iniciado em 1976, com a unidade de mineração e concentração de rocha
fosfática iniciada em 1978, em Catalão (GO), com as unidades de produção de ácido sulfúrico
e ácido fosfórico em Imbituba (SC), iniciando a operação em 1980 e com as unidades de
produção de fertilizantes básicos, orgânicos e organominerais (FERNANDES et al., 2009;
CONTINI et al., 2013). Neste cenário, faz-se uma ressalva para a exploração de minérios no
território brasileiro. Para tornar possível a descoberta de novas jazidas, é indispensável investir
em pesquisas a fim de se obter conhecimento geológico acerca dos bens minerais brasileiros,
haja vista que o mapeamento geológico disponível é inferior a 15,0% do território nacional
(SAE-PR, 2020).
Embasando-se nas políticas adotadas nas décadas passadas, em 2022 – haja vista a
contextualização dos impactos resultantes dos conflitos geopolíticos e das crises dos últimos
anos – instituiu-se um novo Plano Nacional de Fertilizantes 2022-2050 alicerçado em cinco
diretrizes: a primeira está aliada à modernização, ampliação e reativação de plantas e projetos
de fertilizantes existente no país, a segunda se refere à melhoria do espaço de negócios no Brasil
para atrair investimentos à cadeia de fertilizantes e nutrição de plantas, a terceira condiz com a
busca por outras fontes de nutrição de plantas, tais como: os insumos orgânicos e
organominerais, subprodutos com potencial de uso agrícola, bioinsumos, bioprodutos,
bioprocessos e biomoléculas, nanotecnologia e tecnologia digital e remineralizadores, a quarta
diretriz está associada à ampliação de investimentos em PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e
Inovação) e, por fim, a quinta diretriz compreende a adequação da infraestrutura logística para
integração de polos de investimento (CALIGARIS et al., 2022).
49

Quanto às projeções de produção, o estado do Amazonas apresenta potencial


mineralógico a ser explorado, uma vez que a região de Autazes detém uma jazida de potássio
que coloca o Brasil como detentor da terceira maior reserva de potássio no mundo e os maiores
investimentos estão sendo aplicados na região norte do país devido ao potencial exploratório e
a proximidade com a nova fronteira agrícola; assim como as regiões nordeste, sudeste e centro-
oeste apresentam porte para extração de fertilizantes minerais. Já as minas de fósforo estão
concentradas nas regiões sul e sudeste, juntamente com os portos marítimos (CASTRO et al.,
2020).
Diante deste contexto, a Organização das Nações Unidas (ONU) destaca que o acúmulo
de 75 milhões de pessoas para as próximas décadas demandará maior produção de alimentos.
No entanto, existe um gargalo entre aumento de produção e crescimento populacional uma vez
que a área de terras agricultáveis é reduzida devido à expansão humana (COSTA et al., 2018).
Por outro lado, a expansão de fronteiras agrícolas vem se tornando realidade no território
brasileiro, especificamente na região MATOPIBA - região do Bioma Cerrado dos estados do
Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - entretanto, para as duas condições (expansão agrícola e
regressão do tamanho de área cultivada) existe um consenso que a aplicação de fertilizantes
torna possível maior rentabilidade para aumentar a produtividade (BORGHI et al., 2014;
COSTA et al., 2018; OLIVEIRA, 2018).
Espera-se para o presente ano de 2022 a ocupação de 70,6 milhões de hectares com
lavouras, sendo que grande parte dessa área continuará avançando sobre a região do Cerrado,
especialmente em direção à região do MATOPIBA, favorecida pela topografia plana, solos
profundos e clima propício ao cultivo das relevantes culturas de grãos e fibras. Grande parte
deste impulso na produtividade será decorrente do acesso às tecnologias, utilização de híbridos
e cultivares adaptadas às condições edafoclimáticas, bem como as boas práticas para o uso
eficiente de fertilizantes, corretivos e agrotóxicos, além de operações de manejo corretos
(BORGHI et al., 2014).
Neste sentido, Turetta et al. (2008) ressaltam que a área cultivada no Brasil aumentou
até o término da década de 1980, posteriormente a este período a expansão da área destinada
ao cultivo recuou (Gráfico 19), no entanto, a produção agrícola se apresentou crescente a uma
taxa de 4,8% a.a. Os autores relacionam este evento ao maior consumo de fertilizantes,
melhoramento genético, novas técnicas de plantio e inovação mecânica.

Gráfico 17 - Área de estabelecimentos agropecuários, por regiões brasileiras, entre 1970 e


1996.
50

Fonte: Adaptado de Turetta et al. (p. 2, 2008).

Nava & Horbe (2008) afirmam que a pressão sobre a abertura de novas fronteiras
agrícolas pode ser atenuada através da utilização de fertilizantes. Segundos os mesmos, entre
1992 e 2007 o crescimento médio no consumo de fertilizantes (7,2%) ocorreu na medida que o
valor médio de crescimento das áreas plantadas no Brasil reduziu 1,9% sem abalar o
crescimento médio da produção nacional de grãos (5,3%).
51

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a realização de buscas por publicações coerentes com o tema do trabalho e em


conformidade com a metodologia estabelecida, selecionou-se 44 publicações, entre artigos de
periódicos, TCC, tese, dissertações e documentos informativos para serem utilizados
especificamente na elaboração da secção “desenvolvimento” deste trabalho (Tabela 17).

Tabela 17 - Quantidade de publicações selecionadas para o desenvolvimento do presente


Trabalho de Conclusão de Curso concerne ao estado da arte do setor de fertilizantes.
Termos de indexação
Plataforma Cm.F. Cg.F. FE F.A. I.F. M.F. P.P. P.F.
Nº trabalhos encontrados
Google Acadêmico 3 2 13 4 1 4 1 1*
Portal Periódico Capes 1* 1*
SciElo Brasil 1*
ScienceDirect 1
ANDA 2
Cepea - USP 2
Conab 10
Total 44 trabalhos selecionados
Nota: Cm.F.: comercialização de fertilizantes; Cg.F.: conflitos geopolíticos e
fertilizantes; FE: fertilizantes; F.A.: fronteiras agrícolas; I.F.: importação de
fertilizantes; M.F.: mercado de fertilizante; P.P.: países produtores de fertilizantes
P.F.: preço fertilizantes
*Trabalhos repetidos, não considerados na contagem de trabalhos selecionados
Linhas não preenchidas = trabalhos não selecionados
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.

Observa-se que para alguns termos de indexação não foram encontradas publicações
coerentes com o escopo desta pesquisa, mesmo que investigados em diferentes plataformas.
Sugere-se que para realização de pesquisas posteriores a esta os termos utilizados sejam
revisados.
Entre os anos delimitados para a busca por publicações, percebeu-se que a maioria dos
trabalhos acerca do funcionamento do mercado comercial de fertilizantes concentrava o escopo
de pesquisa nas ações que ocorreram entre os anos de 2007 e 2008, sugere-se que este evento
foi influenciado pela elevação do preço de fertilizantes decorridos entre os anos anteriores a
2007, bem como a crise econômica que afetou o comércio mundial em 2008 (FERNANDES et
al., 2009, BENITES et al., 2010, CASTRO et al., 2020). No entanto, tendo o conhecimento
52

que o maior número de publicações selecionadas coerentes com o escopo deste trabalhado foi
encontrado com a utilização da palavra-chave “fertilizante”, estatísticas apontam que o maior
pico de buscas em plataformas da web, em um cenário global, relacionadas com o termo
“fertilizante” ocorreram em maio de 2004 e março de 2022 e que a maior concentração de
pesquisas ocorreu na região do México (Gráfico 17, Figura 3). Já a nível nacional as maiores
buscas foram realizadas entre fevereiro e março de 2022, sendo este o nível recorde para o
período abordado (janeiro de 2004 a junho de 2022). Neste sentido, o estado do Mato Grosso é
destaque nas pesquisas da web (Gráfico 18, Figura 4). Infere-se que o aumento de pesquisas
em plataformas da web no período supracitado está atrelado aos conflitos no leste europeu entre
Rússia e Ucrânia (OSAKI, 2022; CALIGARIS et al., 2022; CARRARA, 2022), haja vista que
as relações internacionais impactam as transações nos demais países.
53

Gráfico 18 – Interesse de pesquisas na web utilizando o termo “fertilizante” entre janeiro de 2004 e junho de 2022 no cenário internacional.

Nota: Um valor de 100 representa o pico de popularidade de um termo. Um valor de 50 significa que o termo teve metade da popularidade. Uma pontuação de 0 significa que
não havia dados suficientes sobre o termo.
Fonte: Adaptado de Google Trends (p. 1, 2022).

Figura 3 - Interesse de pesquisas na web utilizando o termo “fertilizante” entre janeiro de 2004 e junho de 2022 por regiões internacionais.

Nota: Um valor de 100 representa o pico de popularidade de um termo. Um valor de 50 significa que o termo teve metade da popularidade. Uma pontuação de 0 significa que
não havia dados suficientes sobre o termo.
Fonte: Adaptado de Google Trends (p. 1, 2022).
54

Gráfico 19 – Interesse de pesquisas na web utilizando o termo “fertilizante” entre janeiro de 2004 e junho de 2022 no cenário nacional.

Nota: Um valor de 100 representa o pico de popularidade de um termo. Um valor de 50 significa que o termo teve metade da popularidade. Uma pontuação de 0 significa que
não havia dados suficientes sobre o termo.
Fonte: Adaptado de Google Trends (p. 1, 2022).

Figura 4 - Interesse de pesquisas na web utilizando o termo “fertilizante” entre janeiro de 2004 e junho de 2022 por estados brasileiros.

Nota: Um valor de 100 representa o pico de popularidade de um termo. Um valor de 50 significa que o termo teve metade da popularidade. Uma pontuação de 0 significa que
não havia dados suficientes sobre o termo.
Fonte: Adaptado de Google Trends (p. 1, 2022).
55

Em relação ao desenvolvimento do estudo conduzido com o propósito de alcançar os


objetivos do trabalho, os trabalhos obtidos possibilitaram a compilação de informações que
demonstraram que entre os anos de 2007 e 2021 o cenário do consumo de fertilizantes no Brasil
foi, em grande maioria, crescente (Figura 5), assim como o consumo de fertilizante NPK,
especificamente, entre 2007 e 2014 (Figura 6). Neste contexto, os fertilizantes que apresentam
maior demanda no cenário nacional são, justamente, o nitrogênio, o fósforo e o potássio, além
do cálcio, haja vista que tais nutrientes são extremamente importantes para a produção agrícola,
uma vez que as plantas os consomem em elevada quantidade (ARRUDA, 2008).

Figura 5 – Evolução do consumo de fertilizantes minerais no Brasil entre 2007 e 2021.

Nota: Dados obtidos a partir da compilação das informações redigidas neste estudo.
Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

Figura 6 – Consumo de fertilizantes NPK no Brasil entre 2007 e 2014.


56

Nota: Dados obtidos a partir da compilação das informações redigidas neste estudo.
Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

Além disso, constatou-se que as maiores reservas de insumos minerais se encontram


localizadas fora do Brasil. Especificamente para o nutriente fósforo, as principais minas estão
situadas em Marrocos, China, Estados Unidos, África do Sul e Jordânia (Figura 7). Já para o
fertilizante potássio, as usinas relevantes se localizam na Rússia, Canadá, Bielorrússia, Israel e
Alemanha (Figura 8). Por fim, em relação ao fertilizante nitrogenado, os principais detentores
de fontes de nitrogênio são China, Índia, Estados Unidos e Rússia (Figura 9).

Figura 7 - Mapa de localização dos principais países detentores de usinas de fósforo.


57

Nota: Dados obtidos a partir da compilação das informações redigidas neste estudo.
Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

Figura 8 - Mapa de localização dos principais países detentores de usinas de potássio.


58

Nota: Dados obtidos a partir da compilação das informações redigidas neste estudo.
Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

Figura 9 - Mapa de localização dos principais países detentores de fontes de fertilizantes


nitrogenados.
59

Nota: Dados obtidos a partir da compilação das informações redigidas neste estudo.
Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

Em relação ao abastecimento interno brasileiro, os principais países que contribuem


para a oferta de fertilizantes são Rússia, Estados Unidos, Canadá, Marrocos e China, tendo em
vista que a produção de fertilizantes no Brasil não atende a demanda nacional (Figura 10).

Figura 10 - Mapa de localização dos principais países que exportam fertilizantes para o mercado
brasileiro.
60

Nota: Dados obtidos a partir da compilação das informações redigidas neste estudo.
Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

No entanto, apesar da relevante dependência que o Brasil apresenta frente à aquisição


de insumos de outros países, existem no território nacional reservas de minérios que
contribuem, de forma mínima, para o abastecimento interno, estando distribuídas nos estados
de Sergipe, Amazonas, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Bahia e Paraná (Figura 11). Ademais,
as expectativas de diminuição no volume de importação de fertilizantes estão atreladas ao
avanço da exploração de minas de insumos minerais nessas regiões.

Figura 11 – Localização das principais reservas brasileiras de fertilizantes minerais.


61

Nota: Dados obtidos a partir da compilação das informações redigidas neste estudo.
Fonte: Elaborada pela autora, 2022.
62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o exposto no desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de Curso,


observa-se que o Brasil é um país fortemente dependente de importações de fertilizantes
minerais e suas matérias-primas, principalmente de macronutrientes primários: nitrogênio,
fósforo e potássio, uma vez que a produção interna no setor de fertilizantes não acompanha o
crescimento da demanda de insumos minerais.
Visto isso, a estratégia adotada por lideranças governamentais, bem como pelos próprios
agricultores, de adquirir fertilizantes de outros países para que as necessidades das grandes
culturas sejam supridas é considerada como a mais eficaz e ágil para garantir o abastecimento
interno brasileiro. Os grandes parceiros comerciais do Brasil, quando o assunto é fertilizante,
encontram-se localizados na região oriental do planeta o que afeta os custos de comercialização
com os produtores brasileiros, tendo em consideração que as condições de transporte
contribuem para a elevação do preço de fertilizantes.
Nesta circunstância, o mercado brasileiro de fertilizantes agrícolas fica exposto à
volatilidade que movimenta o cenário de fertilizantes em rede internacional, uma vez que as
relações entre os países se encontram nitidamente globalizada.
Somando aos fatos, os acontecimentos das últimas duas décadas foram rígidos com o
setor de fertilizantes agrícolas: crise econômica de 2008, catástrofes ambientais que atingiram
reservas produtivas, pandemia da Covid-19 e conflitos acirrantes entre as maiores potências
produtoras de fertilizantes, um conjunto de acontecimentos inesperados que tornaram incertas
as projeções realizadas acerca do abastecimento no setor de fertilizantes e, consequentemente,
as perspectivas de crescimento da cadeia agrícola.
Por fim, conclui-se que estratégias a curto, médio e longo prazo precisam ser elaboradas,
executadas e reanalisadas por agentes do setor agrícola, tanto brasileiro como internacional,
para que o agronegócio não fique à mercê das movimentações do ramo de fertilizantes minerais,
haja vista a grandeza deste setor econômico.
63

REFERÊNCIAS

ARRUDA, Edu Barbosa. Comparação do desempenho do secador rotofluidizado com o


secador rotatório convencional: secagem de fertilizantes. 2008. Tese (Doutorado em
Engenharia Química) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2008.

BENITES, Vinicius de Melo et al. Oportunidades para inovação tecnológica no setor de


fertilizantes no Brasil. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo,
Campinas, p. 18-21, set./dez. 2010.

BERALDO, João Bosco Lima; FIGUEIREDO, Margarida Garcia de. Formação do preço de
fertilizantes em Mato Grosso. Revista de Política Agrícola, [S.l.], ano. XXV, n. 3,
jul./ago./set. 2016.

BORGHI, Emerson et al. Desafios das novas fronteiras agrícolas de produção de milho e
sorgo no Brasil: desafios da região MATOPIBA. In: KARAM, D.; MAGALHÃES, P. C.
(Ed.). Eficiência nas cadeias produtivas e o abastecimento global. Sete Lagoas: Associação
Brasileira de Milho e Sorgo, 2014. p. 263-278.

BRASIL. Lei nº 6.894, de 16 de dezembro de 1980. Dispõe sobre a inspeção e a fiscalização


da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou
biofertilizantes, remineralizadores e substratos para plantas, destinados à agricultura, e dá
outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1980. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/l6894.htm. Acesso em: 1 jun. 2022.

BRASIL. Decreto n° 4.954, de 14 de janeiro de 2004. Altera o Anexo ao Decreto nº 4.954,


de 14 de janeiro de 2004, que aprova o Regulamento da Lei no 6.894, de 16 de dezembro de
1980, que dispõe sobre a inspeção e fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes,
corretivos, inoculantes, ou biofertilizantes, remineralizadores e substratos para plantas
destinados à agricultura. Brasília, DF: Presidência da República, 2004. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d4954.htm. Acesso em: 1
jun. 2022.

CALIGARIS, Bruno Santos Abreu et al. A importância do Plano Nacional de Fertilizantes


para o futuro do agronegócio e do Brasil. Revista de Política Agrícola, [S.l.], ano XXXI, n.
1, jan./fev. 2022.

CAMARGO, Flavio A. de Oliveira et al. Brazilian soil science: from its inception to the
future, and beyond. Revista Brasileira de Ciência do Solo, [S.l.], n. 34, 2010.

CARRARA, Aniela. O contexto inflacionário brasileiro e as implicações do conflito entre


Rússia e Ucrânia. [Piracicaba, 2022]. Disponível em:
https://www.cepea.esalq.usp.br/br/opiniao-cepea/o-contexto-inflacionario-brasileiro-e-as-
implicacoes-do-conflito-entre-russia-e-ucrania.aspx. Acesso em: 29 abr. 2022.

CASTRO, Nicole Rennó et al. Desempenho e inter-relações do setor de fertilizantes: uma


análise segundo a ótica de insumo-produto. Planejamento e Políticas Públicas, [S.l.], n. 56,
out./dez. 2020.
64

CELLA, Daltro; ROSSI, Mário César de Lima. Análise do mercado de fertilizantes no Brasil.
Interface Tecnológica, [S.l.], v. 7, n. 1, 2010.

CETEM. Agrominerais para o Brasil. Rio de Janeiro: CETEM, MCT, 2010.

COLLE, Célio Alberto; ALVIM, Augusto Mussi. Relações de troca, quebra estrutural e
causalidade de Granger entre preços pagos e recebidos: uma análise dos preços de soja, de
milho, de insumos agrícolas e de máquinas no rio grande do sul de 1986 a 2013. Revista do
Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (ICEAC), Rio Grande, v.
20, n. 1, p. 69-83, 2016.

CONAB. Boletim logístico. [Brasília, 2020a]. Disponível em:


https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-
logistico?limitstart=0. Acesso em: 18 jun. 2022.
CONAB. Boletim logístico. [Brasília, 2020c]. Disponível em:
https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-
logistico?limitstart=0. Acesso em: 18 jun. 2022.

CONAB. Boletim logístico. [Brasília, 2020d]. Disponível em:


https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-
logistico?limitstart=0. Acesso em: 18 jun. 2022.

CONAB. Boletim logístico. [Brasília, 2021a]. Disponível em:


https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-
logistico?limitstart=0. Acesso em: 18 jun. 2022.

CONAB. Boletim logístico. [Brasília, 2021b]. Disponível em:


https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-
logistico?limitstart=0. Acesso em: 18 jun. 2022.

CONAB. Boletim logístico. [Brasília, 2021c]. Disponível em:


https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-
logistico?limitstart=0. Acesso em: 18 jun. 2022.

CONAB. Boletim logístico. [Brasília, 2022a]. Disponível em:


https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-
logistico?limitstart=0. Acesso em: 18 jun. 2022.

CONAB. Boletim logístico. [Brasília, 2022b]. Disponível em:


https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-
logistico?limitstart=0. Acesso em: 18 jun. 2022.

CONAB. Boletim logístico. [Brasília, 2022c]. Disponível em:


https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/boletim-
logistico?limitstart=0. Acesso em: 18 jun. 2022.

CONTINI, Elisio et al. Seca norte-americana: preços agrícolas e implicações para o Brasil.
Revista de Política Agrícola, [S.l.], ano XXII, n. 1, jan./mar. 2013.
65

COSTA, Paulo et al. A dependência de importações no suprimento da demanda de


fertilizantes no Brasil e sua entrada pelo porto de Santos. Revista Produção Industrial e
Serviços, Maringá, v. 5, n. 2, p. 53-65, 2018.

CUNHA, Luiza Gonzaga Sreeldin. Cenários e desafíos da indústria de fertilizantes. 2017.


Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia Química) – Universidade Federal
de Uberlândia, Uberlândia, 2017.

DAHER, Eduardo. Uma crise de demanda. DBO Agrotecnologia, São Paulo, v. 5, n. 5, p. 27,
abr./mai. 2008.

DAHER, Eduardo. Quando comprar fertilizantes. [São Paulo, 2009]. Disponível em:
http://anda.org.br/arquivos/#tab-c35c95344c8733938ed. Acesso: 1 mai. 2022.
FELDENS, Leopoldo. O homem, a agricultura e a história. Lajeado: Univates, 2018. E-
book. Disponível em: https://www.univates.br/editora-univates/publicacao/246. Acesso em:
28 abr. 2022.

FERNANDES, Eduardo et al. Principais empresas e grupos brasileiros do setor de


fertilizantes. BNDES Setorial, n. 29, p. 203-227, mar. 2009.

FERNANDES, Mariana Cristina Santos. Estudo da indústria de fertilizantes nitrogenados:


fontes, produção, mercado e impacto ambiental. 2022. Monografia (Bacharel em
Engenharia Química) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2022.

LIMA, Simone Rebello. Alternativas de hedge cambial para empresas multinacionais


com passivo em dólar. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Finanças)
– Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.

NAVA, Daniel Borges; HORBE, Marco Antônio. As reservas de potássio do Amazonas no


contexto do desenvolvimento sustentável da Amazônia e do Brasil. [Curitiba, 2008].
Disponível em: https://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/handle/doc/685?show=full. Acesso em: 31
mai. 2022.

OLIVEIRA, Karla Rosane Aguiar. Fronteira agrícola e natureza: visões e conflitos no


Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. 2018. Dissertação (Mestrado em Meio
Ambiente e Desenvolvimento Rural) – Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

OSAKI, Mauro. Alto preço de fertilizantes desafia produtor. [Piracicaba, 2021].


Disponível em: https://www.cepea.esalq.usp.br/br/opiniao-cepea/alto-preco-de-fertilizante-
desafia-produtor.aspx. Acesso em: 29 abr. 2022.

PEREIRA, Alessandra Andrade et al. Custo de transporte e alocação da demanda: análise da


rede logística de uma produtora brasileira de fertilizantes nitrogenados. Journal of Transport
Literature, [S.l.], v. 10, n. 4, out. 2016.

PINHEIRO, Yasmin Aparecida et al. Impactos da pandemia Covid-19 na importação de


fertilizantes para o agronegócio brasileiro. In: CARVALHO, André Cutrim; CASTRO,
Auristela Correa (org.). Implicações socioeconômicas da Covid-19 no Brasil e no mundo.
[S.l.]: Editora Científica Digital, 2021. p. 148-156.
66

RIBEIRO, Paulo Henrique. Contribuição ao banco de dados brasileiro para apoio à


avaliação do ciclo de vida: fertilizantes nitrogenados. 2009. Tese (Doutorado em
Engenharia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

RODRIGUES, Rafael Branco et al. Opção de troca de produto na indústria de fertilizantes.


Revista Administração, São Paulo, v. 50, n. 2, abr./mai./jun. 2015.

SAAB, Ali Aldersi; PAULA, Ricardo de Almeida. O mercado de fertilizantes no Brasil:


diagnósticos e propostas de políticas. Revista de Política Agrícola, [S.l.], ano. XVII, n. 2,
abr./mai./jun. 2008.

SAE-PR. Estudo: produção nacional de fertilizantes. [Brasília, 2020]. Disponível em:


https://www.gov.br/planalto/pt-br/assuntos/assuntos-estrategicos/estudos-estrategicos-
2/estudo-producao-nacional-
fertilizantes#:~:text=Estudo%3A%20Produ%C3%A7%C3%A3o%20Nacional%20de%20Feti
lizantes,-
Info&text=A%20velocidade%20de%20crescimento%20da,importador%20entre%201992%2
0e%202020. Acesso em: 7 jun. 2022.

SILVA, Douglas Ramos Guelfi; LOPES, Alfredo Scheid. Princípios básicos para formulação
e mistura de fertilizantes. Boletim Técnico, n. 89, Lavras, p. 1-46, 2012.

TEIXEIRA, Lourenço Stivali. Caracterização dos fluxos de fertilizantes no Brasil. [São


Paulo, 2013]. Disponível em:
https://www5.usp.br/?s=Caracteriza%C3%A7%C3%A3o+dos+fluxos+de+fertilizantes+no+B
rasil+. Acesso em: 28 abr. 2022.

TURETTA, Ana Paula et al. Mudanças de uso da terra e demanda por fertilizantes no Brasil.
In: REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA,
17., 2008, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: Embrapa Solos. p. 1-4.

Você também pode gostar