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Bucha Vegetal
Bucha Vegetal
Luffa cylindrica L.
A bucha vegetal é uma cucurbitácea e seu uso é antigo, pois já era utilizada no
Egito em 600 a.C. Atualmente, há consenso de que seja originária da Ásia, provavelmente
da Índia, mas, por muito tempo, pensou-se que a África fosse seu centro de origem. Foi
introduzida no Brasil provavelmente pelos portugueses, sendo conhecida e utilizada em
todas as regiões do país. Botanicamente, é classificada como hortaliça e, embora não
seja utilizada para fins culinários no Brasil, é amplamente consumida na Ásia. A bucha
é carente de informação científica em todas as suas áreas de utilização. Na segunda
metade do século 19, o Japão foi o maior consumidor mundial de bucha. A partir do
século 20, a Europa e os Estados Unidos tornaram-se os maiores importadores de bucha.
Os maiores produtores são China, El Salvador, Coréia, Tailândia, Guatemala, Colômbia,
Venezuela e Costa Rica. A bucha é um produto típico da agricultura familiar e cultivada
em pequenas áreas. Tem papel socioeconômico de destaque, pois mantém a família no
campo, gera emprego e renda, e promove a inclusão social onde se destaca a atividade
feminina. Nesse contexto, a cadeia produtiva da bucha tem características adequadas
para desenvolver atividades na forma de cooperativa, principalmente no segmento
de comercialização. Esse sistema tem funcionado com sucesso no Estado de Minas
Gerais, atualmente o maior produtor brasileiro. No Brasil, o tipo mais cultivado e aceito
pelo mercado é a bucha-de-metro, embora outros tipos também sejam cultivados em
pequena escala, como a bucha comum e a cilíndrica ou japonesa, menos valorizadas.
Do ponto de vista comercial, o Brasil é o único país que produz bucha-de-metro, cuja
produção, ainda valorizada, é destinada ao consumo interno. Com a possível saturação
do mercado nacional, é preciso explorar o potencial de exportação da bucha-de-metro,
visto que, nos demais países exportadores, predomina a produção da chamada bucha
comum, de menor comprimento. A bucha foi muito cultivada no Brasil até a década de
1960, sendo o Estado de São Paulo o maior produtor. Com o advento dos derivados do
petróleo, incluindo as esponjas sintéticas de poliuretano, de difícil degradação, porém
mais baratas e menos perecíveis, a bucha perdeu importância e praticamente caiu em
desuso. No final do século 20, o Brasil começou a se preocupar com a sustentabilidade
ambiental, levando o consumidor consciente a práticas ecologicamente corretas,
como a adoção e uso de produtos naturais. Nesse cenário, a bucha vegetal voltou a ter
importância econômica, pois é um produto orgânico natural e biodegradável. O principal
uso da bucha vegetal é como esponja de banho, para o qual se destina a maior parte
da produção brasileira. No entanto, o fruto tem muitas outras aplicações que incluem:
higiene cosmética - sabonete esfoliante; higiene doméstica - utensílios de cozinha;
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parte central, soltando-se facilmente quando a bucha está bem seca. O fruto possui uma
estrutura cônica na porção terminal chamada de opérculo, semelhante a uma tampa,
que se abre quando o fruto está bem seco com a finalidade de liberar as sementes.
Portanto, para evitar a perda das sementes, recomenda-se ensacar a porção terminal do
fruto. Para retirar as sementes, pode-se bater o fruto sobre uma superfície dura para que
estas se soltem, facilitando sua retirada. Um fruto padrão de bucha-de-metro produz de
300 a 500 sementes.
Clima e solo: a bucha é exigente em luz e temperatura. Sendo uma espécie
tropical, desenvolve-se adequadamente entre 20 e 30 oC. Sob temperaturas abaixo de
15 oC e acima de 35 oC o desenvolvimento da planta é prejudicado e, sob geada, ocorre
morte da planta. Em dias de chuva intensa, a ausência de insetos prejudica a polinização
provocando queda de frutos.
Utilizar solos férteis e bem drenados, mas a planta desenvolve-se bem
nos demais tipos de solo quando o manejo é adequado. Nos primeiros estádios de
desenvolvimento, há maior requerimento de água, pois suas raízes são superficiais e o
armazenamento de água pela planta é praticamente nulo.
Época de plantio: de setembro a fevereiro.
Espaçamento: 3 x 3 m ou 4 x 4 m.
Dimensões da cova: preparar as covas quando for aplicar o esterco. Em solos
bem preparados, as covas podem ter 30 cm de diâmetro x 20 cm de profundidade. Caso
contrário, fazer covas de 50 x 50 cm.
Semeadura e desbaste: semear no local definitivo, colocando 5 sementes
por cova (3 sementes se a germinação estiver boa) a 2 cm de profundidade. Desbastar
quando as plantas apresentarem de 3 a 4 folhas verdadeiras, deixando 2 plantas/cova.
Obtenção de mudas: é um processo alternativo à semeadura direta. Utilizam-se
bandejas de poliuretano com 128 células, preenchidas com substrato comercial. Colocar
entre 3 e 4 sementes por célula e, após a germinação, fazer o desbaste, deixando-se 2
plantas por célula. O transplantio para o local definitivo será feito quando as plantas
estiverem com 3 a 4 folhas verdadeiras.
Calagem: conforme a análise do solo e com antecedência de 30 a 60 dias antes
da semeadura ou do transplantio das mudas, aplicar calcário, de preferência magnesiano
ou dolomítico, para se atingir V = 80% (pH entre 6,0 e 6,5) e teor de magnésio mínimo
de 8 mmolc dm-3.
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e pepino. Também podem ser aplicados produtos alternativos, como calda bordalesa e/ou
outros fungicidas orgânicos e inseticida biológico.
Entre as doenças, destacam-se:
1. Tombamento: ocorre na fase de muda na forma de apodrecimento do caule,
levando à queda da plântula. É causado por fungos dos gêneros Fusarium, Rhizoctonia e
Pythium.
2. Mosaico da melancia ou mosaico comum (vírus da mancha anelar do
mamoeiro, Papaya ringspot virus - PRSV): é a principal doença causada por vírus
em cucurbitáceas, incluindo a bucha e é transmitida por pulgão. Após surgirem os
sintomas, recomenda-se a eliminação da planta para que não seja fonte de doenças
para outras sadias.
3. Nematoides (Meloidogyne incognita, M. javanica, M. arenaria e M. hapla):
sua presença ocasiona a formação de galhas na raiz, caracterizadas por pequenas bolas,
que impedem a passagem de água e nutrientes. A melhor forma de controle é por meio
de rotação de cultura.
4. Superbrotamento: caracteriza-se por excesso de brotos na base do caule,
quando a planta já está na fase adulta. Ainda não se conhece a causa dessa anomalia.
5. Podridão estilar ou fundo preto: é uma doença fisiológica causada pela
deficiência de cálcio; caracteriza-se por uma podridão que começa na ponta do fruto,
sendo bastante comum em hortaliças de fruto com formato alongado. A melhor forma
de prevenção é fazer a análise do solo antes do plantio, para saber se há necessidade de
aplicar calcário. Se o problema já estiver instalado, recomenda-se:
a) Eliminar todos os frutos com o sintoma;
b) Aplicar, mensalmente, 30 a 40 g de calcário dolomítico filler (PRNT de 80% a
90%) ao redor do pé e regar.
c) Espaçar a aplicação para 6 meses, depois que os sintomas desaparecerem.
Na fase de produção de frutos, a aplicação mensal será necessária porque o cálcio é
lixiviado facilmente pela água de irrigação. Assim, não aplicar água em excesso.
d) Realizar a cada 30 dias pulverizações com cálcio quelatizado ou cloreto
de cálcio a 0,2% com o uso de espalhante adesivo. Não misturar agrotóxicos com
adubos foliares.
6. Deformação e queda de frutos: a ocorrência de frutos deformados é bastante
comum em bucha-de-metro e está relacionada à deficiência de polinização. Esse
distúrbio é mais comum em dias de chuva intensa, pois a ausência de insetos prejudica
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relacionado à mucilagem liberada para os riachos. Essa mucilagem contém cucurbitacina,
um alcaloide que, em grande quantidade, pode ser tóxico. Em relação à maciez e à cor,
o fator determinante de qualidade é o ponto de colheita do fruto. Quanto mais verdes
forem colhidos, mais brancas e macias serão as buchas. No entanto, se os frutos forem
colhidos muito verdes, as fibras rompem-se com facilidade. Assim, o ponto de colheita
recomendado é quando o fruto está “de vez”, ou seja, quando a casca inicia o estádio
de amarelecimento. Se forem colhidos no ponto de casca totalmente amarela ou mesmo
seca ocorrerá o contrário, as fibras ficarão amareladas e enrijecidas. Além disso, para
evitar que as buchas fiquem quebradiças, evitar a secagem sob sol escaldante.
Branqueamento: no processo de secagem ou durante o armazenamento,
pode ocorrer o escurecimento das fibras. Nesse caso, é possível fazer o branqueamento
artificial das fibras, mediante a aplicação de produtos químicos como cloreto de cálcio,
carbonato de cálcio ou alvejantes domésticos à base de cloro e sódio. No entanto, é
um procedimento não recomendado porque o consumidor prefere a bucha à esponja
derivada do petróleo, exatamente por ser um produto natural.
Produtividade: a produtividade é variável, dependendo do manejo cultural.
Para uma cultura bem conduzida, e dependendo do espaçamento adotado, são obtidos
de 18 a 30 frutos comerciais por planta, com produtividade de 1.500 a 1.800 dúzias por
hectare.
Comercialização: no atacado, predomina o comércio de bucha-de-metro na
forma de feixes de uma dúzia cada. No varejo, é encontrada em unidades inteiras ou
em pedaços. A bucha tem grande vantagem em relação àquelas hortaliças que precisam
ser comercializadas imediatamente após a colheita, pois pode ser armazenada em local
fresco e seco por algum tempo após o processamento. Deve-se evitar, no entanto,
armazenamento prolongado porque ocorre amarelecimento da fibra e redução de seu
valor de mercado.
Rotação: a bucha vegetal sempre foi considerada uma planta rústica, bastante
tolerante a doenças e pragas. No entanto, o plantio continuado em uma mesma área
ou região, sem a devida rotação de cultura, vem levando ao aumento da população
de insetos e microrganismos patogênicos e, consequentemente, de doenças e pragas.
Por essa razão, a recomendação mais importante é que seja feita rotação de cultura
entre um plantio e outro. Essa rotação pode ser feita com hortaliças folhosas, cereais
e leguminosas. Evitar rotação com chuchu, abóboras, pepino, melão e melancia, bem
como seu cultivo próximo ao da bucha.