Comunicado 64
Técnico
A rúcula (Eruca sativa) é uma hortaliça
folhosa que tem apresentado um aumento
crescente de produção no Brasil, em razão
da facilidade de seu cultivo e aceitação
popular. É uma hortaliça herbácea da
família Brassicaceae, uma vasta família
com mais de três mil espécies e na qual
se incluem a couve, couve-flor, brócolos
e o repolho. Seu nome provém do Italiano
“ruccola”, sendo originário do sul da
Europa, norte da África e da Ásia.
A rúcula apresenta plantas de porte baixo,
com folhas relativamente espessas e
subdivididas, o limbo tem cor verde-clara
e as nervuras verde-arroxeadas. A rúcula
produz folhas ricas em vitaminas A e C e
1
Eng. Agr., DSc., Embrapa Hortaliças, Brasília-DF. E-mail: gilmar@cnph.embrapa.br
2
Eng. Quimica., DSc., Embrapa Hortaliças, Brasília-DF. E-mail: leonora@cnph.embrapa.br
ISSN 1414-9850
Junho, 2008
Brasília, DF
Manuseio pós-colheita
de rúcula
Gilmar P. Henz1
Leonora M. Mattos2
sais minerais, principalmente cálcio e ferro.
No Brasil, a rúcula é muito conhecida nos
estados do Sul e Sudeste, principalmente
entre os descendentes de italianos,
espanhóis e portugueses, mas atualmente
já é cultivada e consumida em todas as
regiões.
Colheita
Para a rúcula produzida em canteiros, a
colheita é feita de 30 a 35 dias após a
semeadura, de uma só vez, arrancando-se
manualmente as plantas inteiras (folhas
e raízes). Nesta fase, as folhas deverão
2 Manuseio pós-colheita de rúcula

estar bem desenvolvidas, de cor verde- Preparo dos Maços

escura, com 15 a 20 cm de comprimento.
Quando colhida tardiamente, as folhas da
rúcula ficam endurecidas e com um sabor
amargo, parecido ao da mostarda. As
folhas mais novas são mais tenras e com
sabor mais suave, razão pela qual muitas
as plantas são colhidas precocemente.
Para facilitar a operação, é importante
que a umidade do solo do canteiro seja
adequada, nem muito seca, nem muito
úmida. Em épocas de seca, deve-se irrigar
os canteiros no dia anterior à colheita. É
recomendável realizar a colheita nas horas
menos quentes do dia, no início da manhã
ou a tardinha evitando-se o horário entre
10h e 16h porque acelera a perda de
água das plantas de rúcula, resultando em
murchamento e perda do valor comercial
do produto.
Depois de colhidas nos canteiros,
as plantas de rúcula podem ser
acondicionadas em caixas plásticas de
30 kg e transportadas até um galpão
de beneficiamento. Alguns produtores
preferem preparar os maços imediatamente
após a colheita, ainda no próprio campo,
determinando-se visualmente a quantidade
de plantas para cada maço, sem pesar
ou contar as plantas. Esta operação no
campo tem como inconveniente a seleção
deficiente das plantas, já que a operação
é muito rápida, e muitas plantas daninhas
são amarradas junto, além de quebrar e
amassar muito as folhas.

No caso de rúcula cultivada em casa-de-

vegetação, é possível fazer a colheita
cortando-se as folhas com uma faca
rente ao chão. Neste caso, a planta
rebrota permitindo uma ou mais colheitas
subsequentes. Para a rúcula cultivada no
sistema hidropônico, a colheita é feita com
a planta inteira.

Figura 1. O solo do canteiro deve estar úmido para Figura 2. A colheita manual da rúcula deve ser feita nas
facilitar a colheita. horas menos quentes do dia.
 Manuseio pós-colheita de rúcula 3

Seleção

No caso de se comercializar as plantas • Presença de sujidades.

de rúcula inteiras, com as raízes, devem
ser eliminadas plantas daninhas ou
espontâneas comuns, como tiririca,
maria-pretinha, trevos e outras que
crescem entre as plantas nos canteiros
e se confundem com as plantas da
rúcula. Nesta etapa também é importante
uniformizar o tamanho das plantas e
das folhas da rúcula de acordo com as
preferências do mercado consumidor,
eliminando-se folhas quebradas,
amassadas, com sintomas de doenças ou
de dano por insetos, amarelecidas e com
outros defeitos.
• Pragas.
• Doenças.
Limpeza e Sanitização
A limpeza dos maços de rúcula pode ser
feita em dois tanques de cerâmica com
água corrente. No primeiro tanque, com
o auxílio de um chuveiro, elimina-se as
sujidades mais evidentes, como restos de
solo, poeira, restos de plantas quebradas

A forma mais comum de apresentação da

rúcula no mercado brasileiro é em maços,
com tamanho de plantas e peso variáveis.

Principais Defeitos

• Quebra.
Figura 4. A campo, a rúcula é semeada em linhas, e fica
• Amassamento. difícil separar as plantas daninhas que crescem entre as
• Folhas mal-formadas. plantas.
• Amarelecimento.
• Deterioração.

Figura 3. A confecção de maços no próprio campo tem Figura 5. As folhas de rúcula podem apresentar vários de-
vários inconvenientes, como solo aderido às folhas e feitos, tais como danos por insetos, folhas mal-formadas
quebra das folhas. e amarelecimento.
4 Manuseio pós-colheita de rúcula
e tecidos mortos, insetos, entre outros,
colocando-se os maços sob o jato de água.
Após a primeira lavagem, é realizada
a sanitização em outro tanque com
água sanitária (hipoclorito de sódio) na
proporção de 200ml de hipoclorito para
200 litros de água. Para esta operação,
recomenda-se acondicionar os maços
em um engradado de plastico de 30 kg e
deixá-lo no tanque por aproximadamente
5 a 10 minutos. Após esta sanitização,
os maços são colocadas em prateleiras
teladas para escorrer o excesso de água
das plantas.
Embalagem
Para que os maços tenham uma maior
durabilidade pós-colheita, as plantas
devem embaladas em sacolas de plástico
com pequenos furos logo após a lavagem
e sanitização. A embalagem dos maços
de rúcula tem várias funções, tais como
proteção do produto, reduzindo-se assim
murchamento e danos mecânicos, além
de fornecer ao consumidor informações
importantes (identificação do produtor,
Figura 6. Após a lavagem em água corrente, a rúcula
deve ser sanitizada com água sanitária.
prazo de validade, características
nutricionais).
Acondicionamento e Transporte
Tanto no caso de maços com ou sem
embalagens de plástico, o ideal é que o
produto seja acondicionado em embalagens
plásticas de 30 kg, laváveis e higienizáveis.
No interior do contentor plástico, os maços
devem ser acondicionados verticalmente
(‘em pé’), de modo que não ultrapassem
a altura máxima da caixa. Desta maneira,
é possível empilhar várias caixas no
galpão de embalagem e também permitir
o transporte em pequenos caminhões sem
que ocorram amassamentos e quebras das
folhas dos maços da rúcula.
Exposição e Venda no Varejo
Nos pontos de venda no varejo,
o ideal é a exposição em gôndolas com
iluminação, refrigeradas (4 a 12oC) e com
nebulização ou aspersão periódica, junto
com outras hortaliças folhosas. Nesta
Figura 7. Os maços de rúcula devem ser embalados em
sacos de plástico perfurados para evitar danos mecânicos
e murchamento.
 Manuseio pós-colheita de rúcula 5

condição, as folhas das plantas de rúcula Formas de Apresentação

permanecem verdes e com firmes por mais
tempo. Em gôndolas sem refrigeração e
em temperaturas acima de 20oC, as folhas
tendem a ficar murchas e amarelecidas em
apenas 24h.
A rúcula pode ser comercializada no varejo
de diversas maneiras, tais como:
Maços sem embalagem As plantas
de rúcula são agrupadas em maços, de

A B

C D

E F

Figura 8. Formas de apresentação: (A) rúcula em maço, sem embalagem; (B) rúcula em maço, com embalagem de plás-
tico selada; (C) rúcula orgânica minimamente processada em embalagem selada;(D) rúcula em maço, com embalagem de
plástico com microperfurações; (E) rúcula orgânica com embalagem de plástico; (F) rúcula hidropônica com embalagem
de plástico.
6 Manuseio pós-colheita de rúcula
tamanho e peso varíáveis, amarradas com
de ‘imbira’, elástico ou fita plástica. Podem
ter de 150g a 350g.
Maços envoltos por embalagem de plástico
Da mesma forma que os maços sem
embalagem, as plantas são agrupadas
e amarradas, mas são envoltas por
embalagem de plastico, de formato cônico,
e com microperfurações.
Referências Bibliográficas
AMORIM, H.C.; HENZ, G.P.; MATTOS,
L.M. Identificação dos tipos de rúcula
comercializados no varejo do Distrito
Federal. Brasília: Embrapa Hortaliças,
2007. 13p. (Embrapa Hortaliças. Boletim
de Pesquisa e Desenvolvimento, 34)
AMORIM, H.C.; HENZ, G.P.; MATTOS,
L.M. Caracterização de maços de rúcula
comercializados no Distrito Federal e
estimativa de perdas. Brasília: Embrapa
Hortaliças, 2007. 17p. (Embrapa
Hortaliças. Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento, 35)
CANTWELL, M. Properties and
recommended conditions for storage and
vegetable. Disponível em: <http://www.
postharvest.ucdavis.edu. 1997. 9p.
CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-
colheita de frutos e hortaliças: fisiologia
e manuseio. Lavras: ESAL-FAEPE, 1990.
293p.
COSTA JUNIOR, A. Boas práticas agrícolas
na produção de hortaliças folhosas. 1. ed.
Brasília: EMATER, 2006. 42p
FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de
olericultura: agrotecnologia moderna na
produção e comercialização de hortaliças.
2ª ed. Viçosa: UFV, 2003. 412p.
FONTES, P.C.R. (Ed.). Olericultura teoria
e prática. 1ª ed. Viçosa: Universidade
Federal de Viçosa, 2005. 486p.
KASMIRE, R.F. & CANTWELL, M.
Postharvest handling systems: flower,
leafy, and stem vegetables. Oakland,
California: University of California, 1992.
p.267-270.
LUENGO, R.F.A.; CALBO, A.G.
Armazenamento de hortaliças. Brasília:
Embrapa Hortaliças, 2001. 242p.
MINAMI, K.; TESSARIOLI NETTO, J. A
cultura da rúcula. Piracicaba: ESALQ,
1998. 19p. (ESALQ. Produtor Rural, 8).
Tipo: FL (03638)
MORETTI, C.L. Casa de embalagem e
transporte. In: PAS Campo. Elementos de
Apoio para as Boas Práticas Agrícolas e
o Sistema APPCC/PAS Campo. Brasília:
Embrapa, 2006. P.176-186.
PADULOSI, S. & PIGNONE, D. (ed.).
Rocket: a Mediterranean crop for the
world. Roma: International Plant Genetic
Resources Institute, 1997. 101p.
SIGRIST, J.M.M. Estudos fisiológicos
e tecnológicos de couve-flor e rúcula
minimamente processadas. 2002. 112p.
Tese (Doutorado em Agronomia –
Fitotecnia) – Escola Superior de Agricultura
de Luiz de Queiroz, São Paulo.
TAVARES, S.A.; SANTOS, F. F.; MATOS,
M.J.L.F.; MELO, M.F.; LANA, M.M.
Hortaliças: rúcula. Correio Brasiliense,
Brasília, DF, 12 fev. 2000. 3p. (Encarte
Especial).

TRANI, P.E.; PASSOS, F.A. Rúcula
(Pinchão). In: FAHL, J.I.; CAMARGO,
M.B. P. de; PIZINATTO, M.A.; BETTI,
J.A.; MELO, A.M.T. de; DEMARIA, I.C.;
FRURLANI, A.M.C. (Ed.). Instruções
agrícolas para as principais culturas
econômicas. Campinas: IAC, 1998. p. 241
-242. (IAC. Boletim, 200).
Comunicado Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:
Técnico, 64 Embrapa Hortaliças
Endereço: BR 060 km 9 Rod. Brasília-Anápolis
C. Postal 218, 70.539-970 Brasília-DF
Fone: (61) 3385-9115
Fax: (61) 3385-9042
E-mail: sac@cnph.embrapa.br
1ª edição
1ª impressão (2008): 1000 exemplares
Manuseio pós-colheita de rúcula 7
WRIGHT, K.P. Salad greens. In: The
Commercial Storage of Fruits, Vegetables,
and Florist and Nursery Stocks – Draft
Revised. Washington: ARS/USDA, 2004.
(Agriculture Handbook, 66).
Comitê de Presidente: Gilmar P. Henz
Publicações Editor Técnico: Flávia A. Alcântara
Membros: Alice Maria Quezado Duval
Edson Guiducci Filho
Milza M. Lana
Expediente Normatização Bibliográfica: Rosane M. Parmagnani
Fotos: Gilmar Henz
Editoração eletrônica: José Miguel dos Santos