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Manuseio Pós-Colheita
68
de Alface
Circular
Técnica
Fig. 7. Sistema de limpeza de alface utilizado por pequenos Fig. 8. A lavação de hortaliças folhosas por aspersão
produtores. apresenta vantagens sobre a imersão em tanques.
6 Manuseio Pós-Colheita de Alface
A alface possui alta relação superfície/volume, por parte dos distintos segmentos envolvidos
e por esta razão resfriamento rápido a vácuo na cadeia de produção e distribuição de
é a técnica mais indicada. O princípio do produtos hortícolas, inclusive para a alface
resfriamento rápido a vácuo é a redução da (CEAGESP, 2001). O principal objetivo da
temperatura de ebulição da água em função proposta é unificar a linguagem do mercado,
da pressão da atmosfera. Em outras palavras, onde produtores, atacadistas, varejistas e
a água ferve a temperatura cada vez mais consumidores partilham dos mesmos padrões
baixa à medida que se diminui a pressão na determinação da qualidade do produto. A
do ar e, desta forma, cerca de 540 calorias classificação deve alcançar a homogeneidade
são removidas da alface por grama de água no formato das folhas e da cabeça, coloração
evaporada. Assim, por exemplo, sabe-se que a e peso das cabeças, e a caracterização da
água ferve a 0oC quando a pressão do ar é de qualidade. Com uma maior transparência na
4,6 mm de Hg (0,00837 atm). Caso pressões comercialização, é possível obter melhores
atmosféricas menores forem utilizadas preços para consumidores e produtores, reduzir
perdas e manter a qualidade. A proposta
pode ocorrer congelamento de água sobre a
classifica a alface por grupo, subgrupo, classe,
superfície da folha. Consequentemente, para
tipo ou categoria, e categoriza os defeitos
folhosas como a alface, que possui folhas com
graves e leves (CEAGESP, 2001).
espessura média pouco maior que 0,1cm e
relação superfície/volume elevada (>50 cm-1),
Grupo: as alfaces podem ser separadas por sua
o resfriamento a vácuo é uma forma rápida
aparência em crespa, americana, lisa, mimosa
de tirar o calor de campo. O resfriamento
e romana.
a vácuo é uma técnica muito utilizada nos
Estados Unidos, onde a alface é transportada a Subgrupo: de acordo com a coloração das
grandes distâncias. Para reduzir a temperatura folhas, em verde e roxa.
de campo de 30°C para 5°C no resfriamento
a vácuo, em teoria, a folha perde pelo menos Classe: as cabeças de alface podem ser
4,5% de água, o que é aceitável. Assim, separadas em vinte classes de acordo com seu
para diminuir o problema de murchamento peso, variando de classe 5 (até 100g) até a
das folhas no resfriamento rápido a vácuo classe 100 (mais de 1.000g), em intervalos de
costuma-se pulverizar água sobre as folhosas 50g entre cada uma das classes.
para diminuir a perda de peso. Com esta
modificação de procedimento, pode-se manter Tipo ou Categoria: são estabelecidos os
a perda de água no resfriamento a vácuo limites percentuais de tolerância de defeitos
dentro de uma faixa entre 1% e 2% (CALBO, graves e leves para quatro categorias (Extra,
2001; CHITARRA; CHITARRA, 2007; KASMINE, Categoria I, Categoria II e Categoria III).
1992). São considerados defeitos graves podridão,
descoloração, presença de lesões, queimada,
espigada, cabeça deformada e sem coração.
Os defeitos leves são a presença de
Classificação organismos vivos, folhas deformadas, brotos
laterais, danos mecânicos e de manchas.
Em 1998, foram iniciadas as atividades Também existem graus de hidratação (4=
do “Programa Paulista para a Melhoria bem hidratada; 1= murcha) e de limpeza (4=
dos Padrões Comerciais e Embalagens de limpa; 1= suja). O total geral dos defeitos
Hortigranjeiros” da CEAGESP, resultando leves e graves não deve ultrapassar 5% para a
na publicação de propostas de classificação categoria Extra, 10% para a Categoria I, 15%
para várias hortaliças, de adesão voluntária para Categoria II e 100% para a Categoria III.
8 Manuseio Pós-Colheita de Alface
É difícil avaliar o uso efetivo dos padrões A Lei no 9.975, de 25 de maio de 2000,
propostos pela norma de classificação (de tornou obrigatória a classificação para todos os
adesão voluntária) da CEAGESP no Brasil. produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos
De todo modo, a proposta representa um de valor econômico destinados ao consumo
progresso considerável porque propõe padrões humano. Entre as possibilidades de uso de
e identifica defeitos, que podem ser utilizados embalagens atualmente disponíveis, as mais
de acordo com a realidade e a conveniência indicadas são caixas de plástico grandes, tipo
dos diferentes mercados no País. ‘contentores’, vazadas, de fácil higienização,
paletizáveis e de grande durabilidade (Figura
11). Estas embalagens estão de acordo
com a Instrução Normativa Conjunta no 9,
Embalagens de 12/11/2002, que regulamenta que os
produtos hortícolas devem ser embalados em
A Portaria no 127, de 04/10/91, publicada no
caixas confeccionadas em diferentes materiais
Diário Oficial em 09/10/1991, regulamenta
(papelão ondulado, cartão, plástico, madeira)
como embalagem para acondicionamento,
desde que sejam paletizáveis, empilháveis,
manuseio, transporte, armazenagem e
higienizadas a cada uso, no caso de serem
comercialização da alface o engradado de
recicláveis, ou de incinerabilidade limpa quando
madeira (Figura 10), com dimensões internas
descartáveis (BRASIL, 2002).
de 600 mm de comprimento, 450 mm de
largura e 360 mm de altura. A mesma caixa foi A alface é embalada ainda úmida, e
posteriormente denominada de “pregadinho- eventualmente, é borrifada com água para
madeira” em uma nova publicação da mesma evitar desidratação exagerada durante o
portaria pelo Ministério da Agricultura (BRASIL, transporte. Alguns produtores utilizam plástico,
1991), apresentando as dimensões internas estopa umedecida, papel, folhas de bananeira,
menores (560 mm de comprimento, 400 mm capim seco ou materiais similares para recobrir
de largura e 300 mm de altura). o fundo, as laterais e a parte superior da
caixa (“boca”), de modo a evitar a insolação
direta, ferimentos e uma maior perda de água.
• Colher nas horas menos quentes (madrugada Fig. 13. Alface orgânica embalada em bandeja de isopor
ou entardecer) para que a alface não sofra recoberta com filme de PVC.
Manuseio Pós-Colheita de Alface 11
Circular Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: Gilmar Paulo Henz
Técnica, 68 Embrapa Hortaliças Publicações Editor Técnico: Flávia Aparecida de Alcântara
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1ª edição
1ª impressão (2008): 500 exemplares Expediente Normalização Bibliográfica: Rosane M. Parmagnani
Editoração eletrônica: José Miguel dos Santos