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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Hortaliças
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

NEMATOIDES
EM HORTALIÇAS

Jadir Borges Pinheiro

Embrapa
Brasília, DF
2017
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Hortaliças
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Embrapa Hortaliças
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Presidente: Jadir Borges Pinheiro
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Carlos Eduardo Pacheco Lima
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Jairo Vidal Vieira
Raphael Agusuto de Castro e Melo
Rita de Fátima Alves Luengo
Supervisão editorial: Caroline Pinheiro Reyes
Secretária: Gislaine Costa Neves
Normalização bibliográfica: Antônia Veras de Souza
Capa e ilustrações: Vanessa Reyes

Projeto gráfico e editoração eletrônica: André L. Garcia

1ª edição
1ª impressão (2017): 1.000 exemplares

Todos os direitos reservados.


A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação
dos direitos autorais (Lei nº 9.610/98).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Embrapa Hortaliças

Pinheiro, Jadir Borges. 

Nematoides em hortaliças / Jadir Borges Pinheiro. – Brasília, DF: Embrapa, 2017. 


194 p. : il. color. ; 17,0 cm x 24,0 cm. 

ISBN 978-85-7035-685-7 

1. Meloidogyne spp. 2. Doença de planta. I. Título. II. Embrapa Hortaliças.


CDD 632.65182 

©
Embrapa, 2017
Autor

Jadir Borges Pinheiro


Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitopatologia - Nematologia, pesquisador da
Embrapa Hortaliças, Brasília, DF
Apresentação

O
manejo de nematoides repre- deste livro. Assim, o objetivo desta
senta uma etapa extrema- publicação foi o de apresentar infor-
mente importante no sistema mações sobre os diferentes gêneros
produtivo de hortaliças. O conheci- de nematoides que ocorrem com
mento das principais espécies que maior frequência em hortaliças, os
ocorrem em hortaliças, sua diagnose sintomas resultantes do ataque des-
e as medidas de manejo, é essencial tes patógenos, bem como as medi-
para a sustentabilidade do setor pro- das de manejo a serem empregadas
dutivo. no manejo correto e sustentável em
A escassez de informações áreas de produção de hortaliças.
compatibilizadas sobre nematoides O livro é composto de sete partes,
em hortaliças motivou a elaboração totalizando em 28 capítulos, utilizan-
do as experiências acumuladas com do conhecimento na área da Nema-
a pesquisa na Embrapa Hortaliças, tologia, de modo a disponibilizar in-
com abordagem ilustrativa e prática. formações sobre os nematoides em
Espera-se que as informações conti- hortaliças de forma prática, clara e
das neste livro sejam de grande valia compatibilizada. Cientes da impor-
a todos que tenham algum vínculo tância desta atividade, é com grande
ou interesse pela nematologia das satisfação que apresentamos o livro
hortaliças, em especial, produtores, Nematoides em hortaliças.
pesquisadores, extensionistas, téc-
nicos, professores e estudantes. A
expectativa é que de que esta obra Warley Marcos Nascimento
venha a contribuir para o avanço Chefe-Geral da Embrapa Hortaliças
Prefácio

É
com prazer que apresento o sobre o ciclo de vida, sobrevivência
livro Nematoides em hortali- e disseminação dos principais gê-
ças. Esta publicação se mate- neros de nematoides em hortaliças:
rializa como a possibilidade de reunir nematoides-das-galhas, das lesões
em uma obra os conhecimentos ge- radiculares, reniforme, do amarelão
rados pela pesquisa e toda experiên- do alho e da casca-preta-do-inhame.
cia acumulada no tema nos últimos Na terceira, quarta e quinta partes
anos. O livro está dividido em sete são contemplados 17 capítulos que
partes. A primeira, composta pelo pa- tratam da ocorrência de nematoides
norama atual de nematoides em hor- e dos principais sintomas resultantes
taliças. A segunda parte é composta do ataque destes patógenos nas hor-
de cinco capítulos e traz informações taliças folhosas e frutos (abóboras,
morangas, pepino, chuchu e maxixe; capítulos sobre o manejo de nema-
alface e outras hortaliças folhosas; toides em hortaliças folhosas e fru-
berinjela e jiló, brássicas, coentro e tos e hortaliças raízes, tubérculos e
salsinha; melão e melancia; pimen- bulbos. Finalmente, no último capí-
ta e pimentão, quiabeiro e tomate), tulo são enfatizados os desafios e as
hortaliças raízes, tubérculos e bulbos perspectivas em relação ao manejo
(alho e cebola, batata, batata-doce, de nematoides, bem com as princi-
beterraba, cara e inhame, cenoura pais demandas em relação aos estu-
e mandioquinha-salsa) e não con- dos na área.
vencionais ou tradicionais (peixinho,
coentrão, macaia, chuchu de vento e Acredito que esta publicação
bertalha). Na sexta parte, distribuída poderá contribuir de forma bastan-
em dois capítulos, explora-se de for- te útil no manejo de nematoides em
ma prática, a coleta de amostras de hortaliças, tornando-se uma referên-
solo e de partes vegetais para diag- cia como base de consulta.
nose de nematoides em cultivos de
hortaliças. A sétima parte perfaz dois O Autor
Sumário

PARTE 1. Nematoides em hortaliças....................................................11


Capítulo 1 – Panorama atual...........................................................13

PARTE 2. Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos


Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças...................................21
Capítulo 1 – Nematoide-das-galhas – Meloidogyne spp......................23
Capítulo 2 – Nematoide-das-lesões-radiculares – Pratylenchus spp.......29
Capítulo 3 – Nematoide-reniforme – Rotylenchulus reniformis.............33
Capítulo 4 – Nematoide-do-amarelão-do-alho – Ditylenchus dipsaci......37
Capítulo 5 – Nematoide-da-casca-preta-do-inhame –
Scutellonema bradys....................................................43

PARTE 3. Hortaliças Folhosas e Frutos.................................................47


Capítulo 1 – Abóboras, morangas, pepino, chuchu e maxixe...............49
Capítulo 2 – Alface e outras hortaliças folhosas................................53
Capítulo 3 – Berinjela e jiló.............................................................57
Capítulo 4 – Brássicas....................................................................61
Capítulo 5 – Coentro e salsinha.......................................................65
Capítulo 6 – Melão e melancia........................................................69
Capítulo 7 – Pimentas e pimentão...................................................73
Capítulo 8 – Quiabeiro...................................................................79
Capítulo 9 – Tomate .....................................................................83

PARTE 4. Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos..................................87


Capítulo 1 – Alho e cebola..............................................................89
Capítulo 2 – Batata........................................................................95
Capítulo 3 – Batata-doce..............................................................103
Capítulo 4 – Beterraba.................................................................109
Capítulo 5 – Cará e inhame...........................................................115
Capítulo 6 – Cenoura...................................................................119
Capítulo 7 – Mandioquinha-salsa...................................................123

PARTE 5. Hortaliças não convencionais ou tradicionais........................129


Capítulo 1 – Peixinho, coentrão, macaia, chuchu de vento e bertalha...131

PARTE 6. Amostragem para diagnose de nematoides em cultivos de


hortaliças...................................................................................... 133
Capítulo 1 – Coleta de amostras de solo.........................................135
Capítulo 2 – Coleta de amostras de partes vegetais.........................137

PARTE 7. Manejo de Nematoides em Hortaliças..................................139


Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos........................................141
Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos...........................157
Capítulo 3 – Desafios e perspectivas..............................................169

Referências ................................................................................173

Literatura recomendada....................................................................186
PARTE 1
Nematoides em hortaliças

11
Capítulo 1
Panorama atual

O
nematoide-das-galhas assu- As espécies do gênero Meloi-
me importância econômica dogyne Goeldi de maior importância
por causar danos expressi- em hortaliças são M. incognita (Ko-
vos na maioria das hortaliças culti- foid; White) Chitwood, M. javanica
vadas como alface (Lactuca sativa (Treub) Chitwood, M. arenaria (Neal)
L.), batata (Solanum tuberosum L.), Chitwood e M. hapla Chitwood.
batata-doce [Ipomoea batatas (L.)
Lam.], berinjela (Solanum melogena Em culturas como o coentro
L.), cenoura (Daucus carota L.), jiló (Coriandrum sativum L.), outras espé-
(Solanum aethiopicum Raddi), man- cies de nematoides como Rotylenchu-
dioquinha-salsa (Arracacia xanthor- lus reniformis Linford & Oliveira têm
rhiza Bancr.), pimenta e pimentão causado prejuízos significativos na
(Capsicum spp. L.), tomate e cucur- produção, principalmente no Nordes-
bitáceas {melão (Cucumis melo L.), te do Brasil. Em mandioquinha-salsa
melancia [Citrullus lanatus (Thunb.) e batata, o nematoide-das-lesões-ra-
Matsum. & Nakai], abóboras (Cucur- diculares, Pratylenchus spp. Filipjev,
bita moschata Duchesne ex Poir.) tem sido responsável por significati-
e morangas (Cucurbita maxima Du- vas perdas na produção, assim como
chesne)}. Ditylenchus dipsaci (Kuhn) Filipjev

13
PARTE 1 – Nematoides em hortaliças

na cultura do alho (Allium sativum das condições climáticas do local,


L.), que desde seu relato em 1980 densidade populacional de nematoi-
(CHARCHAR et al., 1980), tem cau- des presentes na área, tipo de solo,
sado danos na cultura nas principais cultivar plantada e o manejo adotado
regiões produtoras do país. pelos produtores.

Ademais, Scutellonema bradys A importância dos nematoides


(Steiner; Lehew) Andrassy no inha- para as hortaliças é de abrangência
me [Dioscorea spp. (L.) Schott] é mundial, principalmente em regiões
um dos patógenos mais importantes tropicais, onde em determinadas si-
para a cultura (Figura 1). tuações é praticamente impossível
o cultivo em áreas com a presença
Na Tabela 1 encontram-se os destes micro-organismos. Quando as
principais gêneros de nematoides de hortaliças são cultivadas na mesma
importância para hortaliças no Brasil. área, sem a devida adoção de me-
Determinados gêneros e espécies de didas de controle, muitas vezes não
nematoides para algumas hortaliças desenvolvem ao intenso ataque da
causam danos esporádicos em deter- maioria das espécies de nematoides,
minadas regiões do país, a depender especialmente o nematoide-das-ga-

A B C D
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

E F G H

Figura 1. Principais gêneros de nematoides em hortaliças: A - ovos e juvenis de


Meloidogyne spp.; B - fêmea adulta de Meloidogyne; C - macho adulto de Meloidogyne
spp.; D - Pratylenchus sp.; E - Ditylenchus dipsaci; F - Rotylenchulus reniformis;
G - Scutellonema bradys e H - Helicotylenchus dihystera.

14
Capítulo 1 – Panorama atual

Tabela 1. Principais gêneros e espécies de nematoides importantes em hortaliças


no Brasil.

Nome Comum Espécies Hortaliças


alface, cenoura, batata-doce,
M. enterolobii,
beterraba, cebola, cucurbitáceas
M. incognita,
(abóboras, abobrinhas, melão,
Nematoide-das-galhas M. javanica,
morangas, pepino), solanáceas
M. ethiopica,
(batata, pimentas, pimentão,
M. hapla, M. arenaria
jiló, berinjela, tomate)(1).
Pratylenchus batata, mandioquinha-salsa,
Nematoide-das-lesões- brachyurus, inhame(1). cenoura, quiabo, jiló,
radiculares P. penetrans, tomate, pimentão, batata-doce,
P. coffeae ervilha(2).
Nematoide-do-
Ditylenchus dipsaci alho(1). cebola(2).
amarelão-do-alho
coentro e melão(1). alface,
Rotylenchulus
Nematoide-reniforme batata-doce, melancia, tomate,
reniformis
quiabo(2).
Nematoide-da-casca- inhame, cará e mandioquinha-
Scutellonema bradys
preta-do-inhame salsa(1).
Helicotylenchus
Nematoide-espiralado cenoura(1).
dihystera
(1)
Principais culturas de ocorrência.
(2)
Outras culturas

lhas (Meloidogyne spp.), o que resul- No Brasil, é importante lembrar


ta em perdas (Figura 2) que podem que os problemas causados por ne-
chegar a 100% (Tabela 2), a depen- matoides em hortaliças são intensifi-
der da infestação da área, da espécie cados pela existência de grande nú-
de nematoide envolvida, da cultivar mero de áreas de cultivos, pela loca-
plantada e das condições ambientais. lização destas áreas em regiões urba-
Os relatos de perdas causadas por fi- nas e periurbanas, o que intensificam
tonematoides em algumas culturas o movimento de pessoas, máquinas
são escassos na literatura, e a falta e animais, fatores que favorecem a
de informações disponíveis provavel- disseminação dos nematoides, bem
mente se deve ao fato da dificuldade como pela falta de cultivares de hor-
na realização de estudos em campo, taliças resistentes e pela importância
bem como do rápido ciclo da maioria prática que é dada aos nematoides
das hortaliças. em cultivos de hortaliças, quando

15
PARTE 1 – Nematoides em hortaliças

A
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 2. Perdas em cultivos de pimentão e cenoura devido à infestação pelo Meloi-


dogyne spp.: A - pimentão em cultivo protegido e B - cenoura em campo.

Tabela 2. Perdas causadas por nematoides em hortaliças.

Hortaliça Percentagem Referência

Brássicas 12 Noling; Barker (1994).

Chitwood (1951);
Sayre; Tayama, (1964); Barker et al. (1976);
Tomate 30 a 80 Lordello (1978); Sasser, (1979);
Ferraz; Churata-Masca, (1983);
Roberts; May (1986); Charchar, (1995)

Cenoura 100 Vrain et al. (1981)

Batata 12,2 Barker (1998)

Mc Sorley et al. (1987); Nugent; Dukes,


Melão 10-100 (1997); Koenning et al. (1999);
Lima et al. (1995).

16
Capítulo 1 – Panorama atual

se compara a nematoides em gran- uso indiscriminado de nematicidas,


des culturas como algodão, milho os quais geralmente são produtos
e soja. Entre os principais fatores altamente tóxicos e com um período
responsáveis pela importância dos residual longo em relação ao ciclo
nematoides em hortaliças, destaca- das hortaliças cultivadas. Além dis-
-se o grande número de espécies so, muitas das hortaliças são consu-
de hortaliças cultivadas que são midas in natura, o que aumenta os
hospedeiras do nematoides-das-ga- riscos de contaminação pelo consu-
lhas. Assim, a falta da utilização de midor final com produtos químicos
um esquema de rotação de culturas (Tabela 3).
com a intensificação de plantio de
hortaliças ao longo do ano acarreta Nesse contexto, a identificação
aumento exponencial dos níveis po- e a incorporação de genes de resis-
pulacionais de nematoides nas áreas tência a nematoides em cultivares de
de cultivo. Disso decorre a redução hortaliças nos programas de melhora-
do valor da mercadoria, principal- mento no país são importantes, com
mente em raízes tuberosas comer- o intuito de desenvolver e inserir no
cializadas como cenoura, beterraba, mercado cultivares resistentes, de
inhame, mandioquinha-salsa, batata forma a contribuir para a redução do
e batata-doce. uso indiscriminado de agrotóxicos.

Vale destacar, também, que Vários genes de resistência a


para a maioria das hortaliças culti- nematoides já foram relatados em
vadas não existem registros de pro- hortaliças. Alguns genes conferem
dutos nematicidas, o que dificulta resistência a mais de uma espécie de
e aumenta de maneira expressiva o nematoide (Tabela 4).

Tabela 3. Nematicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-


mento (Mapa) para o controle de nematoides em hortaliças no Brasil.

Número de produtos
Cultura Ingredientes Ativos
comerciais
Batata 8 Metam-sódico, carbofurano e fenamifós
Cenoura 7 Metam sódico, carbofurano e fostiazato
Metam sódico, carbofurano e
Tomate 3
fenamifós
Fonte: Brasil (2016).

17
PARTE 1 – Nematoides em hortaliças

Tabela 4. Genes de resistência a Meloidogyne spp. identificados e utilizados


em hortaliças.

Espécies de
Hortaliças Genes Referências
Meloidogyne
M. incognita raças
Alface Me Gomes (1999)
1, 2, 3 e 4
Rmc1 (Solanum Brown et al. (1996);
M. chitwoodi;
bulbocastanum) Janssen et al.
Batata M. hapla; M. fallax;
MfaXIIspl (Solanum (1997); Kouassi et al.
M. incognita
sparsipilum) (2006).
M. incognita;
Cenoura Mj-1 Boiteux et al. (2000)
M. javanica
Me1; Me3; Me4; M. arenaria;
Pimenta e Djian-Caporalino et
Me7; Mech1; M. incognita;
pimentão al. (2007)
Mech2, N M. javanica
M. arenaria, Watts (1947);
Tomate Mi-1-Mi-9 M. incognita e Yaghoobi et al.
M. javanica (1995)

O gene Mi em tomateiro confe- para o desenvolvimento de cultivares


re resistência a M. incognita, M. ja- de tomateiros resistentes ao gênero
vanica e M. arenaria (Cook, 1991; Meloidogyne.
GILBERT; MCGUIRRE, 1956). Con-
tudo, este não contempla resistên- Aliado ao desenvolvimento de
cia a M. enterolobii (CARNEIRO et cultivares resistentes, plantas silves-
al., 2006) e apresenta pouco efeito tres pertencentes à família solanace-
para M. hapla e alguns isolados viru- ae têm sido estudadas na Embrapa
lentos de M. incognita e M. arenaria. Hortaliças em relação à resistência
Além disso, seu efeito em tempera- a doenças de solo, como murcha
turas altas (acima de 28 ºC) pode ser bacteriana [Ralstonia solanacearum
quebrado (ROBERTS; THOMASON, (Smith.) Yabuuchi et al.], murcha de
1986; ROBERTS et al., 1990). Este fitóftora (Phytophthora capsici Leo-
gene foi descoberto há mais de 60 nian), murcha de fusário (Fusarium
anos em um acesso de tomateiro spp. Link ex Grey) e principalmen-
selvagem [Lycopersicon peruvianum te a nematoides (Mattos et al.,
(L.) Mill.] (WATTS, 1947) e até hoje 2011; Pinheiro et al., 2011), cons-
os programas de melhoramento do tituindo‑se em potencial uso como
país utilizam esta importante fonte porta‑enxerto resistente a estes pa-

18
Capítulo 1 – Panorama atual

tógenos, principalmente M. entero- Ralstonia solanacearum, Erwinia ca-


lobii Yang e Eisenback. Todavia, o rotovora (Jones) Holland., Fusarium
conhecimento dos genes envolvidos spp. Link ex Grey, Fusarium solani
nas reações de resistência das sola- (Martius) Saccardo, Pythium Pring-
náceas silvestres avaliadas ao nema- sheim, dentre outros (Tabela 5).
toide-das-galhas e os mecanismos de
defesa envolvidos nestas interações Dentre as espécies de nema-
necessitam de estudos mais apro- toides com potencial ameaça às
fundados, assim como estudos de hortaliças no Brasil, incluem-se al-
compatibilidade com jiló, berinjela, gumas quarentenárias, que necessi-
tomate e pimentão para uso como tam de cuidados por parte de órgãos
porta-enxerto. governamentais, como a Embrapa
Quarentena e órgãos de defesa fitos-
Os danos causados por ne- sanitária, para que estas não entrem
matoides em hortaliças podem ser no país a curto, médio e longo pra-
potencializados, visto que existem zo. Na Tabela 6 encontram-se alguns
relatos da interação de espécies do nematoides de importância quaren-
nematoide-das-galhas com importan- tenária para as hortaliças cultivadas
tes patógenos de solo que causam no Brasil, de acordo com a Instrução
doenças de importância em hortali- Normativa nº 41, de 01 de julho de
ças, como Sclerotium rolfssi Sacc., 2008 (Brasil, 2008).

Tabela 5. Interação de algumas espécies de nematoides com patógenos em


hortaliças.

Patógeno Hortaliça Nematoide Referência


CHARCHAR; LOPES,
Sclerotium rolfssi Quiabeiro M. javanica
(1995)
Ralstonia
Batata M. incognita BEKHIET et al., (2010)
solanacearum
Erwinia carotovora Cenoura M. incognita SOWMYA; RAO, (2011)
M. javanica e BERGESON et al., (1970);
Fusarium Tomate
M. incognita MORRELL; BLOOM, (1981)
MACGUIDWIN; ROUSE,
Verticillium dahliae Batata M. hapla
(1990)
AHMED; SHAHAB,
Fusarium solani Pimenta M. incognita
(2013)

19
PARTE 1 – Nematoides em hortaliças

Tabela 6. Espécies de nematoides quarentenários de importância para hortaliças no


Brasil.

Espécie Hortaliças
Belonolaimus longicaudatus
Ditylenchus destructor, D. dipsaci (todas as raças,
exceto as do alho)
Globodera rostochiensis, G. pallida Batata, Batata-doce,
Beterraba, Melão e Tomate
Heterodera schachtii
M. fallax, M. chitwwodi
Nacobbus aberrans, N. dorsalis
P. scribneri
Fonte: Brasil (2008).

20
PARTE 2
Ciclo de Vida,
Sobrevivência e Disseminação dos
Principais Gêneros de Nematoides
em Hortaliças

A presente parte aborda o ciclo de vida, a sobrevivência e a dissemina-


ção dos principais gêneros e espécies de nematoides de importância para as
hortaliças: Meloidogyne spp., Pratylenchus spp., Rotylenchulus reniformis,
Ditylenchus dipsaci e Scutellonema bradys.

21
Capítulo 1
Nematoide-das-galhas – Meloidogyne spp.

M
ais de 100 espécies do ne- são representadas por Meloidogyne
matoide-das-galhas já fo- incognita, M. javanica, M. arenaria,
ram descritas no mundo, M. hapla, M. ethiopica e M. enterolo-
algumas com a presença de raças bii. M. hapla, que ocorrem em áreas
(Karssen, 2013). Variações de pa- isoladas do país, mais precisamen-
togenicidade são observadas em po- te em regiões de temperaturas mais
pulações geograficamente isoladas amenas e frias.
de Meloidogyne. Aspectos morfoló-
gicos, como a configuração perineal O nematoide-das-galhas apre-
da fêmea, o comprimento do estile- senta atividade durante todo o ano
te, a região labial dos machos, a ca- em climas quentes e solos úmidos,
racterização isoenzimática e outros já em climas mais frios o ciclo de
caracteres moleculares, bem como a vida é mais longo. As espécies do
planta hospedeira e o local de coleta nematoide-das-galhas são parasitas
da espécie, são propriedades impor- obrigatórios de raízes e de caules
tantes para a sua identificação. subterrâneos. Os estádios de desen-
volvimento vermiformes ou juvenis
Porém, as espécies que causam de segundo estádio (J2) (Figura 1D)
danos severos em hortaliças no Brasil são as formas de vida móveis no solo

23
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

C D

Figura 1. Parte do ciclo de vida do nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.):


A -  ovos nos primeiros estádios embriogênicos; B - ovo em fase de divisão; C - for-
mação do juvenil de 1º estádio no interior do ovo e D - juvenil de 2º estádio eclodido.

que infectam as raízes de hortaliças a fase adulta, passam por sucessivas


quando as condições são favoráveis, ecdises (troca de cutícula ou reves-
como temperatura, umidade e pre- timento externo do corpo dos nema-
sença de hospedeiros suscetíveis. toides) e alterações na sua forma,
passando da fase vermiforme para a
Ao penetrarem nas raízes, os forma referida como “salsicha” (Fi-
juvenis movimentam-se para as pro- gura 2A, B e C) até se tornarem adul-
ximidades dos vasos condutores e se tos. No caso das fêmeas apresentam
tornam sedentários. Com o desen- formato de “cabaça” ou “piriforme”
volvimento no interior das raízes até (Figura 2C).

24
Capítulo 1 – Nematoide-das-galhas – Meloidogyne spp.

A B C D E

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 2. Parte do ciclo de vida do nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.). A -
juvenil de 3º/4º estádio; B - fêmea jovem; C - fêmea adulta; D - formação de macho
e E - macho adulto.

Enquanto os juvenis se desen- mais parasita a planta. Os machos


volvem, em resposta à introdução de adultos destes nematoides são ver-
substâncias produzidas pelas suas miformes e não se alimentam (Figura
glândulas esofagianas nos tecidos 2E). Já a fêmea continua seu desen-
das raízes da planta, ocorre aumento volvimento até assumir formato glo-
no tamanho e no número das célu- boso e piriforme (Figura 2C) e, pos-
las das raízes parasitadas, que resul- teriormente, produz uma massa de
ta num engrossamento denominado ovos que geralmente permanece fora
“galha” (Figura 3A). Na fase adulta, da raiz, podendo ser vista a olho nu
o macho geralmente sai da raiz e não (Figura 3B).

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 3. Sintomas
em raízes infectadas
pelo nematoide-das-
galhas (Meloidogyne
sp.): A - galhas e B -
massa de ovos (setas
brancas nos pontos
vermelhos).

25
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças

As massas contêm em média e se transforma em juvenil de segundo


de 500 a 1.000 ovos envolvidos por estádio (J2), ainda no interior do ovo.
uma substância gelatinosa que os Este representa a forma infectiva que
protege contra dessecação e outras eclode do ovo, vai para o solo ou di-
condições desfavoráveis. Em deter- retamente infecta outra raiz, passan-
minadas situações, como altas tem- do por mais três ecdises até chegar a
peraturas e hospedeiro altamente fase adulta, completando o ciclo em
suscetível, o número de ovos produ- torno de 21 a 45 dias, a depender das
zidos nesta massa pode ultrapassar a condições climáticas e da espécie de
2.000 unidades. nematoide envolvida, com possibilida-
de de ser completado em até 70 dias
Dentro de cada ovo ocorre a for- no inverno. A dinâmica do ciclo de
mação do juvenil de primeiro estádio vida de Meloidogyne spp. é apresen-
(J1) (Figura 1C), que sofre uma ecdise tada na Figura 4.
Ilustração: Vanessa Reyes

Figura 4. Ciclo de vida de Meloidogyne spp. em hortaliças.

26
Capítulo 1 – Nematoide-das-galhas – Meloidogyne spp.

Os J2 e os ovos são estádios cultivadas. Na entressafra, se as con-


destas espécies que podem sobrevi- dições ambientais forem favoráveis,
ver no solo com umidade adequada. estes podem sobreviver em muitas
Podem, também, entrar em estado plantas infestantes, como a falsa­ -
de dormência em condições desfavo- serralha (Emilia fosbergii Nicolson),
ráveis, principalmente quando o solo juá-bravo (Solanum sisymbriifolium
estiver seco e sem plantas hospedei- Lam.), caruru (Amaranthus hybridus
ras. Em climas quentes, quatro ou L.), arrebenta-cavalo (Solanum acu-
cinco gerações do nematoide podem leatissimum Jacq.), melão-de-São­ -
se desenvolver em uma única esta- Caetano (Momordica charantia L.),
ção de crescimento da cultura. entre outras.

A sobrevivência do nematoide­- Devido ao fato de os nematoi-


das-galhas e a realização do ciclo de des se moverem lentamente no solo,
vida dependem do crescimento bem­- onde a distância percorrida durante o
sucedido da planta hospedeira e das ciclo provavelmente não exceda pou-
condições ambientais. Os machos cos centímetros, sua principal forma
participam menos do ciclo de vida de disseminação é a passiva, dada
em relação às fêmeas, uma vez que pela movimentação do solo, água,
a maioria das espécies se reproduz implementos agrícolas contamina-
por partenogênese, sem haver a ne- dos, homem e animais nas áreas de
cessidade de cópula. cultivo e, principalmente, por mudas
contaminadas. Esta última é respon-
Meloidogyne tem uma ampla sável pela contaminação de áreas a
gama de hospedeiros entre plantas longas distâncias.

27
Capítulo 2
Nematoide-das-lesões-radiculares –
Pratylenchus spp.

E
xistem mais de 70 espécies de chus spp., causando danos severos
Pratylenchus distribuídas mun- em diversas culturas de importância
dialmente com parasitismo em econômica, como soja, feijão, algo-
diferentes culturas (CASTILLO; VO- dão, milho, especialmente na região
VLAS, 2007). Essas espécies apre- do Cerrados. Recentemente, vem re-
sentam ampla gama de hospedeiros presentando como grande ameaça a
e distribuição generalizada nas diver- hortaliças, principalmente a cultivos
sas regiões de clima tropical, subtro- de tomate, pimentão, mandioquinha-
pical e temperado. No Brasil, as mais -salsa e batata.
importantes em hortaliças são P. bra-
A intensificação dos cultivos, o
chyurus (Godfrey) Filipjev & Stekho-
plantio em extensas áreas no país, a
ven, P. penetrans (Cobb) Chitwood
ausência de rotação de culturas e a
& Oteifa e P. coffeae, considerando
rotação ou sucessão de plantas hos-
a distribuição geográfica e o número
pedeiras têm contribuído para sua
de espécies vegetais hospedeiras.
importância nos últimos anos.
Mais de 300 plantas de diferen- Os sintomas causados por ne-
tes famílias botânicas já foram rela- matoides do gênero Pratylenchus não
tadas como hospedeiras de Pratylen- são específicos, podendo ser facil-

29
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças

mente confundidos com os causados de alimentação. Os níveis de danos


por outros patógenos ou deficiências são bastante variáveis e dependem
nutricionais. O principal sintoma é a fortemente da espécie de Pratylen-
presença de intensas lesões escuras chus, da planta hospedeira, tipo de
(necróticas) nas raízes e radicelas solo, manejo adotado pelo produtor,
das plantas parasitadas (Figura 1). condições climáticas da região, entre
outros, podendo variar de 0,05 ne-
As plantas doentes normalmen-
matoides cm3 a 30 nematoides cm3
te se manifestam em reboleiras na la-
de solo. São endoparasitos migra-
voura. Fungos e bactérias podem pe-
dores que causam danos nas raízes
netrar nessas lesões, potencializando
devido à alimentação, movimentação
os danos nas raízes e, consequente-
ativa e liberação de enzimas e toxi-
mente, causando apodrecimento.
nas no córtex radicular. A primeira
Além disso, podem apresentar atra-
ecdise de Pratylenchus ocorre dentro
so no desenvolvimento, com drástica
redução de crescimento em relação do ovo, de onde sai o juvenil de se-
às demais. gundo estádio. Todos os estádios de
desenvolvimento são ativos e vermi-
Os danos causados por es- formes (Figura 2), podendo penetrar
pécies do gênero Pratylenchus são nas raízes das hortaliças cultivadas,
distintos quando comparados com de onde migram continuamente nos
aqueles causados pelos nematoi- tecidos intra e intercelular e se repro-
des-das-galhas, basicamente devi- duzem chegando a alcançar altos ní-
do às diferenças nos seus hábitos veis populacionais.

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 1. Lesões escuras e necróticas nas raízes de mandioquinha-salsa (A) e


pimentão (B) causadas pelo ataque do nematoide-das-lesões-radiculares.

30
Capítulo 2 – Nematoide-das-lesões-radiculares – Pratylenchus spp.

A B C

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 2. Nematoide-das-lesões-radiculares: A - juvenil; B - fêmea e C - macho.

Nematoides do gênero Praty- hospedeiras dos nematoides-das-le-


lenchus permanecem migradores sões-radiculares, principalmente den-
durante todo o ciclo de vida e se tro da família das gramíneas, e podem
movimentam ativamente no solo até contribuir para manutenção e o au-
encontrar as raízes da planta hospe- mento dos níveis populacionais no
deira, onde penetram e migram no campo.
córtex radicular, podendo retornar
ao solo (Figura  3). As fêmeas depo- Um dos principais fatores res-
sitam seus ovos isoladamente ou em ponsáveis pela distribuição e disse-
grupos no solo ou nas raízes. Cada minação de nematoides do gêne-
fêmea produz, em média, cerca de ro Pratylenchus é a textura do solo
80 a 150 ovos durante toda a vida. (JORDAAN et al., 1989). Solos com
textura arenosa ou média, geralmen-
Dependendo das condições te, favorecem a maioria das espécies
ambientais, o ciclo de vida de Pra- do gênero. Outro fator que favorece
tylenchus varia de 3 a 4 semanas. o ciclo de vida do nematoide é a umi-
Este tempo varia em função da tem- dade do solo, onde 70% a 80% da
peratura, umidade, planta hospe- capacidade de campo representam
deira e da espécie de Pratylenchus. condições ótimas para o nematoide
Centenas de plantas daninhas são (WALLACE, 1973).

31
Ilustração: Vanessa Reyes
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças

Figura 3. Ciclo de vida do nematoide-das-lesões-radiculares em hortaliças.

32
Capítulo 3
Nematoide-reniforme – Rotylenchulus reniformis

R
otylenchulus reniformis Lin- persicum L.) e em casos isolados
ford & Oliveira, conhecido atacar outras hortaliças cultivadas.
vulgarmente pelo nome de ne-
O nematoide-reniforme se re-
matoide-reniforme devido ao aspecto
produz por anfimixia, ou seja, por re-
morfológico que a fêmea adulta pos-
produção cruzada. Todas as formas
sui, ou seja, formato de um ‘rim’, é
de vida de R. reniformis como ovos,
o nematoide que apresenta grande
juvenis, machos (Figura 1) e fêmeas
importância para a cultura do algo-
imaturas são encontradas no solo.
doeiro (Gossypium hirsutum L.), soja
[Glycine max (L.) Merril] e maracujá A fêmea é semi-endoparasita
(Passiflora edulis Sims). Esta espé- sedentária com parasitismo na su-
cie apresenta ampla gama de plantas perfície externa das raízes. Juvenis
hospedeiras podendo causar danos de segundo estádio (J2) eclodem do
em hortaliças como melão (Cucumis ovo e se movimentam no solo até so-
melo L.), melancia [Citrullus lanatus frerem mais três ecdises. Depois da
(Thunb.) Matsum. & Nakai], batata- última ecdise, fêmeas imaturas ver-
-doce [Ipomoea batatas (L.) Lam.], miformes encontram as raízes e se
quiabo [Abelmoschus esculentus (L.) inicia o parasitismo, constituindo-se
Moench.] e tomate (Solanum lyco- a forma infectiva para essa espécie.

33
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças

rênquima cortical, ocorre a morte de


Foto: Jadir Borges Pinheiro

células das raízes e a fêmea imatura


alcança a endoderme e o periciclo,
onde estabelece seu sítio de infecção
no floema. Com o passar do tempo,
o corpo da fêmea incha e fica com
formato de rim. A fêmea permane-
ce no sítio de alimentação por toda
a vida (Figura 2). Dessa forma, ocor-
re necrose do floema e o colapso da
região do córtex, o que gera cresci-
mento reduzido do sistema radicular
e consequente redução no cresci-
mento das plantas. A fêmea deposi-
ta em média 50 ovos em uma massa
que fica presa a sua região posterior,
externamente à raiz. O ciclo de vida
de ovo a ovo varia de 17 a 29 dias, a
depender da espécie hospedeira, tipo
de solo e condições ambientais como
temperatura do solo e umidade.

Rotylenchulus reniformis multi-


Figura 1. Macho de Rotylenchulus
plica-se bem em plantas como ma-
reniformis.
xixe (Cucumis anguria L.), abacaxi
(Ananas comosus L.), feijão-cau-
Assim, durante a penetração, as fê- pi [Vigna unguiculata (L.) Walp.],
meas imaturas causam a destruição feijão-guandu [Cajanus cajan (L.)
de células da epiderme, resultando Millsp], banana (Musa spp. L.), ma-
em lesões necróticas pequenas. Com mona (Ricinus communis L.) e plan-
a movimentação da sua região ante- tas daninhas pertencentes às famí-
rior (cabeça da fêmea) através do pa- lias Malvaceae e Cucurbitaceae.

34
Capítulo 3 – Nematoide-reniforme – Rotylenchulus reniformis

Ilustração: Vanessa Reyes


Figura 2. Ciclo de vida de Rotylenchulus reniformis em hortaliças.

35
Capítulo 4
Nematoide-do-amarelão-do-alho –
Ditylenchus dipsaci

D
itylenchus dipsaci (Figura 1) A B

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


foi introduzido no Brasil no
Estado de Santa Catarina no
final da década de 1970, por intermé-
dio de alho (Allium sativum L.) impor-
tado de outros países da América do
Sul (Charchar et al., 1980). Infec-
tam mais de 450 plantas de diferen-
tes famílias botânicas (GOODEY et
al., 1965), algumas de grande impor-
tância econômica, como alfafa (Me-
dicago sativa L.), gladíolo (Gladiolus
hortulanus L. H. Bailey), milho (Zea
mays L.) e centeio (Secale cereale L.).
Em hortaliças, os problemas no Bra-
sil são representados principalmente
pela cultura do alho nas regiões Sul e
Sudeste, e em alguns casos, em cul-
tivos de cebola em algumas regiões Figura 1. Nematoide-do-amarelão-do­-
isoladas no país. alho: A - juvenis e adultos e B - macho.

37
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças

Enquanto as plantas são jovens ca de 30% nas folhas novas e o res-


e os tecidos encontram-se tenros, tante ainda nas folhas de proteção
plantas de alho e de cebola podem do bulbilho. Aos 30 dias, 90% dos
ser invadidas em quase todos os pon- nematoides se encontram na parte
tos por D. dipsaci. Quando a planta inferior do pseudocaule da planta,
encontra-se na fase adulta (madura), desaparecendo da folha de reserva
os nematoides penetram geralmente do bulbilho, que começa a se decom-
na placa basal do bulbo (prato). por. Aos 90 dias, aproximadamente
95% dos nematoides encontram-se
Danos às plantas de alho e de na parte aérea e, a partir deste mo-
cebola são atribuídos à atividade de mento, começam a deslocar para o
alimentação do nematoide no parên- bulbo. Quando o bulbo está formado,
quima cortical, pois este migra atra- 90% dos nematoides já estão locali-
vés do tecido, entre e dentro das cé- zados neste, geralmente nas folhas
lulas. de proteção quando o ataque é leve
ou, em todos os tecidos da planta,
O ciclo de vida de D. dipsaci
quando é severo (Burba, 1983) (Fi-
geralmente varia de 19 a 23 dias
gura 2).
a 15 ºC. A penetração nas plantas
pode ocorrer pelos estômatos, Em geral, juvenis de quarto es-
lenticelas ou pelo ponto de emissão tádio (J4) são encontrados quase
das radicelas em crescimento. A re- que exclusivamente nas folhas de
produção ocorre por anfimixia e as proteção, sendo ausentes nas fo-
fêmeas depositam, geralmente, de lhas de reserva. As plantas infecta-
oito a dez ovos por dia, durante 25 das apresentam geralmente manchas
a 30 dias, totalizando cerca de 200 marrons ou amareladas devido a des-
a 500 ovos. Machos e fêmeas vivem colorações nos tecidos, além de in-
aproximadamente de 45 a 73 dias, a chaço acima do bulbo no pseudocau-
depender da temperatura e da umi- le, ficando com formato de charuto.
dade. Os bulbos de alho armazenados e
infectados normalmente apresentam
Em relação à dinâmica de movi-
aparência esbranquiçada e uma tex-
mentação de D. dipsaci, o bulbilho do
tura farinhenta.
alho possui, antes do plantio, 95%
dos nematoides na folha protetora e Em cebola, quando o bulbo se
o restante na região de abscisão com forma, os nematoides migram para
o disco. No início da brotação se des- baixo intercelularmente ou superfi-
locam até a nova planta, encontran- cialmente e entram nas túnicas dos
do-se aos 15 dias após o plantio cer- bulbos. Quando infectada, mostra

38
Capítulo 4 – Nematoide-do-amarelão-do-alho – Ditylenchus dipsaci

Ilustração: Vanessa Reyes


Figura 2. Ciclo de vida de Ditylenchus dipsaci na cultura do alho.

anéis descoloridos ou farináceos. Os toide se desenvolva e entre em ati-


juvenis podem sobreviver nos bulbos vidade normalmente. As condições
de alho e de cebola que restaram no adversas são superadas pelos nema-
campo (Figura 3). toides alojados em fragmentos de
tecidos, sementes ou solo, desde o
O juvenil de quarto estádio é o congelamento até a extrema seca,
principal estádio de sobrevivência, por longos períodos.
apesar de nematoides em outros es-
tádios do ciclo de vida possam entrar A umidade do solo parece afe-
em anidrobiose, ou seja, dormência tar tanto o movimento de nematoi-
e desidratação, com paralisação de des quanto a sua longevidade. Du-
suas atividades, até que condições rante períodos de precipitação ou
ideais voltem a ocorrer, e o nema- irrigação da cultura, os nematoides

39
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças

acompanham materiais de alho e de


Foto: Jadir Borges Pinheiro

cebola.

A disseminação de D. dipsaci
geralmente é mais lenta em solos
argilosos ao comparar com os solos
arenosos. As densidades populacio-
nais em solo flutuam ao longo do
tempo, a depender do tipo de solo,
condições climáticas, cultivar planta-
da e plantas hospedeiras presentes.
Geralmente, níveis de danos são de-
tectados com populações de dez ju-
venis e/ou adultos por 500 g de solo.

Ditylenchus dipsaci apresen-


ta um complexo de raças, as quais
são identificadas por plantas diferen-
ciadoras. Muitas são específicas de
determinado hospedeiro, enquanto
Figura 3. Plantas de alho atacadas por
outras têm uma ampla gama de hos-
Ditylenchus dipsaci.
pedeiros.

tornam-se ativos, movem-se até as De 11 a 30 raças biológicas


raízes da planta mediante película de de D. dipsaci já foram relatadas por
água e entram nas folhagens novas diversos autores (Seinhorst, 1956;
através dos estômatos. Sturhan, 1971; Metlitsky, 1972;
Decker, 1981; Gubina, 1988) (Ta-
Chuvas, água de irrigação, mo- bela 1), cada uma é denominada em
vimento de máquinas agrícolas e função do hospedeiro preferencial ou
beneficiamento do alho e de cebola devido à planta em que foi detectado
(restos do processamento do alho e pela primeira vez. Vale salientar que
da cebola), também, causam disse- misturas de duas ou mais raças po-
minação do nematoide de uma área dem ocorrer no mesmo campo.
para outra. Porém, a principal forma
de disseminação de D. dipsaci é por No Brasil, ocorre somente a
meio de tecidos vegetais (sementes, raça alho que eventualmente parasi-
bulbos e bulbilhos infectados), além ta a cebola. Todas as demais raças
de pequenas partículas de solo que são pragas quarentenárias.

40
Tabela 1. Hospedeiros diferenciadores de raças de Ditylenchus dipsaci, segundo Metlisky (1972).
Hospedeiros diferenciadores
Raças Cardo Trevo Alfafa Ervilha Batata Narciso Jacinto Tulipa Morango Flox Aveia
Vermelho
Cardo +++ -- 0 -- 0 - - 0 +++ 0 +++
Trevo 0 +++ ++ -- ++ + + + +++ 0 +
Vermelho
Trevo 0 -- + -- 0 + 0 ++ 0 -- +
Branco
Alfafa -- ++ +++ +++ + -- + +++ 0 -- +
Centeio ++ -- 0 +++ + -- -- -- 0 ++ +++
Aveia ++ ++ + +++ ++ - +++ +++ 0 0 +++
Cebola + + + +++ + ++ -- -- +++ 0 --
Batata I -- -- - +++ +++ 0 0 -- +++ 0 +++
Batata II -- -- 0 +++ +++ - 0 0 0 0 --

41
Jacinto 0 0 0 0 0 + +++ + ++ 0 --
Narciso -- ++ + 0 + +++ ++ ++ +++ -- ++
Tulipa 0 ++ ++ 0 0 +++ +++ +++ +++ +++ +++
Beterraba + 0 +++ +++ 0 0 0 0 -- ++ +++
Flox 0 ++ 0 ++ -- -- -- 0 -- +++ --
Morango -- ++ +++ ++ + + -- +++ -- --
Grau de infestação e multiplicação: (+++) infestação e multiplicação severas; (++) infestação e multiplicação moderadas; (+) infestação moderada, sem
multiplicação; (--) infestação e multiplicação fracas; (-) infestação fraca, sem multiplicação; (0) sem infestação.
Capítulo 4 – Nematoide-do-amarelão-do-alho – Ditylenchus dipsaci
Capítulo 5
Nematoide-da-casca-preta-do-inhame –
Scutellonema bradys

O
nematoide-da-casca-preta­­do- ocorre em outras culturas como
inhame, cuja espécie é Scu- feijão-caupi [Vigna unguiculata (L.)
tellonema bradys (Steiner; Walp], sorgo [Sorghum bicolor (L.)
Lehew) Andrassy (Figura 1), ocorre Moench.], feijão-guandu [Cajanus
amplamente no Continente Africa- cajan (L.) Millsp.] e gergelim (Sesa-
no, principalmente em países como mum indicum L.).
Nigéria, Camarões e outros. No Bra-
sil é bastante comum em cultivos na Foto: Jadir Borges Pinheiro
região Nordeste. É um problema po-
tencial em cultivos de inhame-cará
[Colocasia esculenta (L.) Schott.],
inhame-cará (Dioscorea alata L.) e
mandioquinha-salsa (Arracacia xan-
thorrhiza Bancr.), porém, pode ata-
car hortaliças como tomate (Sola-
num lycopersicum L.), quiabo [Abel-
moschus esculentus (L.) Moench.],
batata (Solanum tuberosum L.) e Figura 1. Nematoide-da-casca-preta­-do-
melão (Cucumis melo L.). Também inhame.

43
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças

Sua principal forma de disper- dicelas, dando início ao processo de


são é por meio das túberas contami- infecção (Figura 3).
nadas ou partes delas (Figura 2).
Um fator importante é que a
taxa de reprodução de S. bradys
pode ocorrer mesmo em túberas de
inhame já colhidas e armazenadas.
O principal sintoma da infecção são
as áreas necrosadas espalhadas por
toda túbera. Estas áreas são geral-
mente escuras e pouco profundas e
afeta principalmente a qualidade do
produto colhido. Em geral S. bradys
interage com outra espécie de ne-
matoide, Pratylenchus coffeae (Zim-
Figura 2. Lesões necróticas e escuras
em túberas de inhame devido à infesta-
mermann) Filipjev & Schuurmans
ção por Scutellonema bradys. Stekhoven, sendo comum a ocorrên-
cia simultânea destas duas espécies
na cultura do inhame.
A reprodução de S. bradys ge-
ralmente ocorre por anfimixia. O ci- Eupatorium L. (Eupatório), Sy-
clo de vida varia de 16 a 28 dias, nedrella Gaertn (Folha de feiticeira)
conforme temperatura e umidade do e Chromolaena L. (mata-pasto) são
solo. É um endoparasito migrador, gêneros de espécies de plantas da-
sendo todos os estádios de vida ca- ninhas excelentes hospedeiras de S.
pazes de penetrar nas túberas e ra- bradys (Steiner; Le Hew) Andrassy.

44
Capítulo 5 – Nematoide-da-casca-preta-do-inhame – Scutellonema bradys

Figura 3. Ciclo de vida de Scutellonema bradys.

45
PARTE 3
Hortaliças Folhosas e Frutos

Nesta parte serão apresentadas as principais espécies de hortaliças folhosas


e de frutos classificadas de acordo com suas partes comestíveis (Filgueira,
2003) e os seus principais gêneros e espécies de nematoides que são problemas.
Os capítulos foram agrupados com hortaliças pertencentes a mesma família
botânica, portanto, sujeitas aos mesmos problemas nematológicos.

47
Capítulo 1
Abóboras, morangas, pepino, chuchu e maxixe

A
família Cucurbitaceae com- As abóboras e morangas são
preende aproximadamente cultivadas em todo o Brasil. As ci-
100 gêneros com mais de dades de Cordisburgo e Paracatu no
800 espécies silvestres e cultivadas, estado de Minas Gerais destacam­ -
distribuídos em regiões tropicais, se pela produção do híbrido do tipo
subtropicais e temperadas. A maioria tetsukabuto ou kabutiá. Já a cidade
das espécies é de regiões quentes do de Paripiranga no estado da Bahia é
leste e do sul da África, mas o impor- grande produtora de abóboras de va-
tante gênero Cucurbita é nativo das riedade local tipo Maranhão, Sergipa-
Américas. na e Jacarezinho. No caso do pepino,
existem diversas cidades tradicionais
Dentre as espécies cultivadas produtoras nos estados de São Pau-
no Brasil destacam-se abóboras e lo, Minas Gerais e Paraná. O pepino
abobrinhas (Cucurbita moschata Du- japonês é muito produzido em cultivo
chesne ex Poir.), morangas (Cucur- protegido em São Paulo, com desta-
bita maxima Duchesne), abobrinhas­- que para a região de Santa Cruz do
de-árvore (Cucurbita pepo L.), pepino Rio Pardo.
(Cucumis sativus L.), maxixe (Cucu-
mis anguria L.) e chuchu [Sechium Entretanto, o cultivo intensivo
edule (Jacq.) Swartz]. deste grupo de hortaliças tem con-

49
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

tribuído para a ocorrência de diver- de infestação, ocorre seca das plan-


sas doenças, dentre estas a ocor- tas com posterior morte, além de
rência de nematoides, com prejuí- baixa qualidade dos frutos e redu-
zos significativos em cultivos com ção da produtividade. Em abóboras,
alta infestação. Apesar da pouca geralmente as galhas apresentam os
mobilidade natural dos nematoides, tecidos amolecidos, o que difere de
o constante movimento do solo nas outras hortaliças em que os tecidos
áreas de lavouras tem favorecido a das galhas são mais firmes. Após a
sua disseminação. penetração e o desenvolvimento do
nematoide no interior das raízes pode­­
Nematoide-das galhas – Meloi- se observar também extensas áreas
dogyne spp. necróticas no sistema radicular (Figu-
ras 1, 2 e 3).
Os nematoides-das-galhas do
gênero Meloidogyne spp. são bastan- Vale ressaltar, que mesmo na
te destrutivos para todas as espécies ausência dos nematoides é comum
de cucurbitáceas cultivadas. Galhas e em cucurbitáceas o murchamento
danos em raízes de cucurbitáceas fo- temporário das folhas entre as 11 e
ram primeiramente relatados em pepi- 15 horas em dias quentes. E que os
nos em cultivo protegido na Inglaterra sintomas na parte aérea não são ex-
em 1855 (BERKELEY, 1855). Espé- clusivos da infestação por nematoi-
cies do gênero Meloidogyne ocorrem des, porque outros micro-organismos
em todo o mundo com grande impor- ou a deficiência por algum nutriente
tância em áreas tropicais e subtropi- podem causar estes sintomas.
cais, com destaque para as espécies
Outro tipo de dano menos co-
M. incognita, M. javanica e M. are-
mum é a obstrução do sistema vas-
naria, as quais são as mais importan-
cular, que prejudica a absorção de nu-
tes em cultivos de cucurbitáceas e de
trientes pela planta. Dessa maneira,
maior ocorrência no Brasil.
plantas podem apresentar sintomas
Sintomas de deficiência de potássio ou, quan-
do severamente atacadas, podem
Em cucurbitáceas, na parte aé- morrer antes mesmo de produzir fru-
rea das plantas normalmente ocorrem tos. O nematoide-das-galhas também
clorose, redução no tamanho e na interage com outros patógenos em
quantidade de folhas, murchamen- cultivos de cucurbitáceas como bac-
to excessivo durante as horas mais térias e fungos que causam podridão
quentes do dia, e em casos severos radicular e murcha.

50
Capítulo 1 – Abóboras, morangas, pepino, chuchu e maxixe

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


A

Figura 1. Sintomas em abóboras devido à infestação pelo nematoide-das-galhas,


Meloidogyne incognita: A - abobrinha caserta ou italiana – Cucurbita pepo e
B -  abóbora – Cucurbita moschata.

Nematoide-reniforme – Roty-
Foto: Jadir Borges Pinheiro

lenchulus reniformis
O nematoide-reniforme, Roty-
lenchulus reniformis Linford & Oli-
veira, tem uma ampla gama de hos-
pedeiros e ocorre em muitas áreas
tropicais e subtropicais do mundo,
inclusive no Brasil.

Rotylenchulus reniformis preju-


dica o rendimento e a qualidade das
plantas cultivadas como abóboras e
abobrinhas, morangas, pepino e ma-
xixe, limitando o tamanho e a produ-
tividade destas culturas.
Figura 2. Sintomas em plantas jovens Sintomas
de abóbora (Cucurbita sp.) devido à
infestação por Meloidogyne incognita Áreas com manchas irregulares
em campo naturalmente infestado. (reboleiras) e plantas cloróticas den-

51
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

C D

Figura 3. Sintomas em raízes de cucurbitáceas causados por Meloidogyne spp.: A -


chuchu (Sechium edule); B - bucha (Luffa cylindrica); C - pepino (Cucumis sativus)
e D - maxixe (Cucumis anguria).

tro de um campo são sintomas dos Outras espécies de nematoides


danos causados pelo nematoide-re-
Outras espécies de nematoides
niforme. Este nematoide causa da-
são conhecidas por reproduzir em
nos no sistema radicular de cucurbi-
cucurbitáceas, tais como Belonolai-
táceas, resultando em crescimento
mus longicaudatus Rau, Ditylenchus
reduzido, amarelecimento da folha- spp., Hoplolaimus spp. von Daday,
gem e murcha sob estresse hídrico. Radopholus spp. Thorne, Paratylen-
Plantas altamente infectadas com chus projectus Jenkins, Paratricho-
sistemas radiculares danificados dorus spp. Siddiqi, Trichodorus spp.
comumente apresentam sintomas Cobb, Longidorus spp. (Micoletzky)
de deficiência de nitrogênio, potás- Filipjev e Xiphinema spp. (Cobb.) In-
sio, manganês e outros nutrientes glis. Entretanto, existe pouca informa-
devido à absorção limitada pelas ção sobre a importância econômica
raízes. dessas espécies em cucurbitáceas.

52
Capítulo 2
Alface e outras hortaliças folhosas

A
família Asteraceae engloba te alface, têm observado reduções
principalmente a alface (Lac- maiores em suas áreas, bem como
tuca sativa L.), o almeirão na qualidade das hortaliças. Devido à
(Cichorium intybus L.) e a chicória grande maioria das cultivares planta-
(Cichorium endivia L.). Durante a das apresentarem suscetibilidade aos
cadeia produtiva destas hortaliças, nematoides, este organismo multipli-
muitos são os fatores bióticos e abi- ca-se de forma exponencial durante
óticos que podem afetar a produti- ciclos sucessivos da cultura.
vidade. Dentre os fatores bióticos
destacam-se as doenças causadas No Brasil, os problemas em al-
por inúmeros agentes etiológicos, face e em outras hortaliças folhosas
como fungos, bactérias, vírus e ne- geralmente ocorrem devido à infes-
matoides. tação pelo nematoide-das-galhas
(Meloidogyne spp.), em especial M.
Embora as perdas na produti- incognita e M. javanica, que são as
vidade devido ao ataque de nema- espécies com maior distribuição nas
toides sejam relatadas em torno de regiões produtoras. A alta incidência
10% e 20%, muitos produtores de destas espécies é atribuída à capaci-
hortaliças folhosas, principalmen- dade de reprodução em regiões com

53
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

ampla variabilidade de temperatura gyne em temperaturas acima de 38


do solo, de 18 ºC a 32 ºC. Por outro ºC ou abaixo de 5 ºC. Em geral, os
lado, Meloidogyne hapla e M. are- limiares mínimos para a infecção de
naria ocorrem em áreas isoladas do raízes são de 10 ºC para M. hapla e
país e causam maiores problemas em de 15 ºC a 18 ºC para M. arenaria, M.
regiões tropicais e subtropicais. incognita e M. javanica. Em relação
ao tipo de solo, os danos causados
Outra espécie capaz de cau- pelo nematoide-das-galhas são mais
sar prejuízos na cultura da alface e graves em solos de textura arenosa
em outras hortaliças quando presen- em comparação a solos argilosos.
te em altos níveis populacionais é o
nematoide-reniforme (Rotylenchulus Sintomas
reniformis), uma espécie altamen-
te polífaga. Entretanto, as informa- O sintoma mais visível devido à
ções sobre os danos desta espécie infecção por nematoides é a presen-
no crescimento e no rendimento de ça de galhas e inchaços de formato
alface e de outras hortaliças folhosas arredondado nas raízes (Figura 1).
são limitadas. A observação da presença de galhas
no sistema radicular de plantas infec-
Nematoide-das-galhas – Meloi- tadas é a melhor forma de detectar
dogyne spp. a presença do nematoide-das-galhas
em áreas de cultivo de alface.
Quatro raças de M. incognita e
duas raças de M. arenaria ocorrem As galhas induzidas por M. ha-
em cultivos de folhosas. Contudo, pla tendem a ser menores e mais es-
as relações hospedeiro-parasita en- féricas em relação às induzidas por
tre estas diferentes raças em alface outras espécies de nematoide-das-
e em folhosas ainda não são conhe- -galhas, que muitas vezes se unem
cidas. ao longo das raízes. Raízes infecta-
das são geralmente mais curtas e
Dependendo da época do plan- com menor número de raízes laterais
tio e da temperatura, uma ou duas (Figura 2A).
gerações de Meloidogyne spp. por
estação de cultivo podem ocorrer. Sintomas adicionais na parte aé-
As faixas de temperatura ideais são rea, tais como nanismo das plantas,
de 15 ºC a 25 ºC para M. hapla e de amarelecimento, cabeças de alface
25 ºC a 30 ºC para M. arenaria, M. menores e mais leves, bem como fo-
incognita e M. javanica. Vale desta- lhas mais soltas e murchas podem
car que existe muito pouca atividade ocorrer. Em alguns casos, ocorre in-
para qualquer espécie de Meloido- tenso pendoamento sem haver a for-

54
Capítulo 2 – Alface e outras hortaliças folhosas

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 1. Galhas em raízes de alface causadas por Meloidogyne spp.

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 2. Sintomas em alface devido à infestação por Meloidogyne incognita:


A - raízes enfraquecidas devido ao intenso ataque e B - plantas com pendoamento
excessivo sem haver a formação de cabeças.

55
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

mação de cabeças (Figura 22B). Nor- a infecção e posterior progresso da


malmente, são observados no campo doença, pode haver o apodrecimento
sintomas em reboleiras com falhas no do sistema radicular devido à aber-
estande das plantas que não conse- tura de porta de entrada para outros
guem cobrir toda área dos canteiros patógenos como fungos e bactérias
(Figura 3). de solo.

Danos à alface estão direta- Outras espécies de nematoides


mente relacionados à população ini-
cial do nematoide no solo. Após a Outros nematoides como Aphe-
penetração do nematoide nas raízes, lenchoides avenae Bastian, Longido-
rus africanus Merny, Longidorus fas-
ciatus Roca & Lamberti, Radopholus
Foto: Silvio Calazans

similis (Cobb) Thorne, Scutellonema


bradys (Steiner; Lehew) Andrassy,
Pratylenchus penetrans (Cobb) Fili-
pjev & Schuurmans Stekhoven, He-
licotylenchus dihystera (Cobb) Sher,
Rotylenchus robustus de Man, Tri-
chodorus spp. Cobb e Xiphinema spp.
(Cobb.) Inglis, também ocorrem em
alface e em outras folhosas no Brasil.
Figura 3. Reboleiras e falhas no estande
em cultivos de alface devido à infestação Entretanto, não apresentam impor-
por Meloidogyne sp. tância econômica para esta cultura.

56
Capítulo 3
Berinjela e jiló

D
entre as solanáceas cultiva- à família Solanaceae. Mesmo assim,
das a berinjela (Solanum me- são suscetíveis a doenças que po-
longena L.) e o jiló (Solanum dem causar perdas consideráveis e
aethiopicum Raddi) configuram-se comprometer a qualidade do produ-
como culturas de grande importân- to. Dentre as doenças, o nematoide­
cia no cenário hortícola. A berinjela das-galhas (Meloidogyne spp.) tem
é cultivada em maior escala no esta- sido relatado como um dos patóge-
do de São Paulo, seguido de Minas nos mais importantes em berinjela e
Gerais e da região Sul do país. Já jiló. As espécies de maior ocorrência
o jiloeiro é cultivado principalmente nestas hortaliças são M. incognita,
na região Sudeste do Brasil e tem os
M. javanica, seguidas de M. entero-
estados do Rio de Janeiro e Minas
lobii e M. hapla.
Gerais como os principais produto-
res. Outros estados que apresentam A intensidade de danos causa-
expressiva produção no contexto na-
dos pelos nematoides em plantios
cional são: São Paulo e Espírito San-
comerciais de berinjela e jiló depende
to (CARVALHO et al., 2001).
de uma série de fatores, como a es-
Estas hortaliças são duas das pécie presente na área e sua densi-
espécies mais rústicas pertencentes dade populacional, a cultivar planta-

57
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

da, as condições climáticas prevale- visto que os nematoides afetam di-


centes, o tipo de solo e a fertilidade, retamente o desenvolvimento das
bem como as culturas anteriores ao plantas (Figuras 1 e 2).
plantio destas hortaliças e as práti-
cas agrícolas adotadas. Geralmente, as galhas em plan-
tas de berinjela e jiló são bem meno-
Nematoide-das-galhas – Meloi- res quando comparadas com as que
dogyne spp. ocorrem em outras hortaliças como o
tomateiro (Figura 3).
Sintomas
Outras espécies de nematoides
Sintomas de infecções causa-
dos pelos nematoides-das-galhas na Outros nematoides podem ser
parte aérea das plantas de berinjela e associados à cultura como: Aphelen-
jiló podem ser observados na forma chus avenae Bastian, Criconemoide
de nanismo, murcha e clorose, além onoensis (Luc) Luc & Raski, Dity-
de deficiência nutricional, tamanho lenchus sp. kuhn, Helicotylenchus
reduzido de frutos e consequente- dihystera (Cobb) Sher, Paratrichodo-
mente baixo rendimento da cultura, rus minor (Colbran) Siddiqi, Pratylen-
chus brachyurus (Godfrey) Filipjev
A & Stekhoven, P. zeae Graham, Psi-
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

lenchus sp. deMan, Tylenchorhyn-


chus contractus Loof, Xiphinema sp.
(Cobb.) Inglis.

Figura 1. Sintomas em cultivos de


berinjela causados por Meloidogyne
incognita: A - galhas; B - crescimento
reduzido e C - murcha.

58
Capítulo 3 – Berinjela e jiló

Fotos A, B e C: Jadir Borges Pinheiro. Foto D: Ailton Reis.


B

C D

Figura 2. Sintomas em cultivos de jiló causadas por Meloidogyne incognita:


A - galhas; B - amarelecimento e desfolha; C - galhas e descorticamento nas raízes
e D - clorose.

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


A B

Figura 3. Galhas em raízes de berinjela (A) comparadas a galhas em raízes de


tomateiro (B).

59
Capítulo 4
Brássicas

A
família Brassicaceae é cons- Sintomas
tituída principalmente pelo
agrião (Nasturtium officina- O sintoma mais visível devido à
le R. Br.), couve (Brassica oleracea infecção por nematoides em brássi-
L.), mostarda [Brassica juncea (L.) cas é a presença de galhas e incha-
Czern.], couve-chinesa (Brassica rapa ços de formato arredondado nas raí-
L. subsp. chinensis), repolho (Brassi- zes (Figura 1).
ca oleracea L. var. capitata), brócolis
A observação da presença de
(Brassica oleracea L. var. italica), cou-
galhas no sistema radicular de plan-
ve-flor (Brassica oleracea L. var. bo-
tas infectadas é a melhor forma de
trytis) e a rúcula (Eruca sativa Mill.).
detectar a presença do nematoide­ -
No Brasil, os problemas em das-galhas. As galhas induzidas por
brássicas geralmente ocorrem devido M. hapla tendem a ser menores e
à infestação pelo nematoide-das‑ga- mais esféricas em relação à induzi-
lhas, em especial M. incognita e M. das por outras espécies do gênero,
javanica, que são as espécies com que muitas vezes se unem ao longo
maior distribuição nas regiões produ- das raízes. Raízes infectadas são ge-
toras. ralmente mais curtas e com menor

61
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

número de raízes laterais. Normal- tema radicular devido à abertura de


mente, são observadas falhas no porta de entrada para outros patóge-
estande das plantas que não conse- nos, como fungos e bactérias de solo
guem cobrir toda área dos canteiros. (Figura 1B).

Após a penetração do nema- Deve-se ter o cuidado para não


toide­‑das-galhas nas raízes, infec- haver confusões em relação à diag-
ção e posterior progresso da doença, nose visual, pois em cultivos de brás-
pode haver o apodrecimento do sis- sicas podem ocorrer a presença da
hérnia, cujo agente etiológico é um
oomiceto denominado Plasmodio-
A
phora brassicae Woronin (Figura 2).
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 1. Sintomas em raízes de brócolos


e repolho roxo causados por Meloidogyne
incognita: A - galhas discretas em raízes
de brócolos; B - apodrecimento em
raízes de brócolos devido à invasão de
patógenos secundários e C - galhas em
raízes de repolho do tipo roxo.

62
Capítulo 4 – Brássicas

A B

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 2. Sintomas em raízes de brássicas devido à infestação pela hérnia das
crucíferas: A - raízes de brócolos e B - raízes de acelga.

No caso da hérnia, as galhas ge- mente, os principais nematoides que


ralmente são maiores e quebradiças causam prejuízos em brássicas, com
quando esmagadas com os dedos e a redução do crescimento e da pro-
não existe a presença de massa de dução, são Xiphinema spp. (Cobb.)
ovos. Vale salientar que tanto Me- Inglis, Longidorus africanus Merny,
loidogyne spp. quanto P. brassicae Pratylenchus penetrans (Cobb) Filip-
podem ocorrer na mesma área de jev & Schuurmans Stekhoven e Rot-
cultivo com intensificação dos danos ylenchus robustus de Man. Dois de-
à cultura, porém, com predominância les, L. africanus e R. robustus, são
de P. brassicae. ectoparasitas e não penetram nos
tecidos da raiz, porém, alimentam-se
Outras espécies de nematoides e causam injúrias na planta. Praty-
lenchus penetrans (Cobb) Chitwood
Muitos gêneros de nematoides & Oteifa é um endoparasita migrador
parasitas de plantas ocorrem em áre- que se alimenta e se move por entre
as de produção de brássicas, mas as células da raiz com destruição de
poucos têm sido estudados. Mundial- todo o tecido cortical. Outras espé-

63
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

cies de nematoides têm sido asso- Radopholus similis (Cobb) Thorne,


ciadas as brássicas em campo. Estes Rotylenchulus reniformis Linford &
incluem Aphelenchoides avenae Bas- Oliveira, Scutellonema bradys (Stei-
tian, Criconemella ornata (Raski) Luc ner; Lehew) Andrassy, Trichodorus
& Raski, Helicotylenchus dihystera spp. Cobb, e Tylenchorhynchus spp.
(Cobb) Sher, Longidorus fasciatus Cobb, também ocorrem em brássi-
Roca & Lamberti, Nacobbus aber- cas no Brasil. Entretanto, não apre-
rans (Thorne) Thorne & Allen, Para- sentam importância econômica para
trichodorus minor (Colbran) Siddiqi, estas culturas.

64
Capítulo 5
Coentro e salsinha

O
coentro (Coriandrum sati- cial na culinária dos estados do Su-
vum L.) é uma das principais deste e Sul.
hortaliças cultivadas nos es-
tados do Nordeste. O valor de mer- Em regiões produtoras de co-
cado referente à comercialização de entro do Nordeste, como Vitória de
sementes de coentro ultrapassou R$ Santo Antão em Pernambuco, os pro-
9,50 milhões (PESQUISA..., 2009). blemas decorrentes com a infestação
Além disso, sua importância se dá por Rotylenchulus reniformis Linford
nos âmbitos social e alimentar, sen- & Oliveira são frequentes com prejuí-
do cultivado, em sua maioria, por zos significativos para os produtores.
agricultores familiares. Também é Em regiões produtoras de salsinha do
um dos condimentos mais utilizados Sudeste e Sul os problemas maiores
por todas as classes sociais. são devidos à infestação pelo nema-
toide-das-galhas (Meloidogyne spp.).
A salsinha [Petroselinum cris-
pum (Mill.) Fuss] também apresenta Assim, os principais nematoi-
expressivo valor de venda de semen- des que atacam as culturas do coen-
tes, de mais de R$ 1,50 milhão, re- tro e da salsinha são representados
presentando um condimento essen- pelo nematoide-das-galhas, principal-

65
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

mente M. incognita e pelo nematoi-

Foto: Jadir Borges Pinheiro


de-reniforme (Rotylenchulus renifor-
mis).

Nematoide-das-galhas – Meloi-
dogyne spp.

Na cultura do coentro e da
salsinha predominam a raça 1 de Me-
loidogyne incognita.
Figura 1. Sintomas característicos de
Sintomas Meloidogynose em raízes de coentro.

A sintomatologia de Meloido-
gyne em coentro é peculiar. Na parte Nematoide-reniforme – Roty-
áerea as plantas apresentam nanis- lenchulus reniformis
mo, clorose e com o progresso da
doença ocorre seca e morte de plan- Rotylenchulus reniformis é um
tas. Geralmente observa-se galhas importante patógeno para a cultura
de pequenas dimensões ao longo das do coentro no Nordeste Brasileiro.
raízes (Figura 1). Em salsinha, as informações sobre a
infestação por R. reniformis são es-
Em salsinha, as galhas são mais cassas, porém, em coentro este ne-
numerosas e próximas ao longo da matoide pode causar danos econômi-
raiz (Figura 2). cos com perdas na produção.

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 2. Sintomas em raízes de salsinha devido à infestação por Meloidogyne


incognita.

66
Capítulo 5 – Coentro e salsinha

Sintomas ralmente por resíduos de solo. Outra


observação é a redução extrema do
Na parte aérea das plantas in-
volume de raízes.
festadas pode ocorrer clorose, ama-
relecimento e murcha. Sob altos ní- Outras espécies de nematoides
veis populacionais, as plantas apre-
sentam redução no crescimento. Outros nematoides podem
Como sinais nas raízes, fêmeas ima- ocorrer em coentro e salsinha, como
turas parasitam as raízes do coen- Aphelenchoides Fischer, Aphelen-
tro, modificam sua morfologia para chus avenae Bastian, Mesocriconema
fêmeas mais avolumadas e formam Andrassy, Helicotylenchus dihystera
massas de ovos externamente às ra- (Cobb) Sher e Tylenchus Bastian, po-
ízes atacadas que ficam cobertas ge- rém sem danos a estas culturas.

67
Capítulo 6
Melão e melancia

A
melancia [Citrullus lanatus cativas, com destaque para o nema-
(Thunb.) Matsum. & Nakai] toide-das-galhas (Meloidogyne spp.).
é cultivada de norte a sul
do Brasil, em épocas em que as Perdas na produtividade em
temperaturas variam de 20 °C a 30 melancia devido à infecção por ne-
ºC. Já o melão (Cucumis melo L.) é matoides ainda não foram estimadas
cultivado principalmente em regiões no Brasil, embora em outras espé-
de clima semiárido do nordeste do cies de cucurbitáceas como abóbo-
país. Apesar da pouca mobilidade ra, melão e pepino também tenham
natural, os nematoides podem ser sido estimadas entre 18% e 100%
disseminados nas lavouras por meio (Mello, 1958; Sasser; Taylor,
da movimentação do solo nas áreas 1978; Sasser, 1979, Tihohod
de cultivo. et al., 1993). No município de Açu,
pólo produtor de melão localizado no
Assim, na região Nordeste do estado do Rio Grande do Norte, es-
país, o cultivo intensivo da melancia pécies do nematoide-das-galhas têm
e do melão resultou no aumento da limitado a produção do melão, com
incidência de doenças, e consequen- perdas que podem chegar até 100%
temente perdas econômicas signifi- (Torres et al., 2006).

69
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

Outra espécie de nematoide de- deste e Centro-Oeste (Ponte et al.,


tectada na última década, que tem 1977; Lordello, 1978; Teixeira;
causado danos em plantios na região Moura, 1985; Charchar, 1995;
é o nematoide-reniforme (Rotylen- Lordello; Lordello, 1996).
chulus reniformis Linford & Oliveira).
A espécie M. arenaria já foi en-
Nematoide-das-galhas – Meloi- contrada ocasionalmente infectando
dogyne spp. melancia em pequenas áreas de cul-
tivos no estado de Goiás e no Distrito
Das quatro espécies mais co- Federal (Charchar, 1995). Entre-
muns de nematoides-das-galhas que tanto, segundo Ponte e Castro (1975)
ocorrem no Brasil, a melancia e o me- o meloeiro é relatado como hospedei-
lão são frequentemente infectados por ro de M. hapla no estado do Ceará.
M. incognita e M. javanica, sendo me-
nos infectada por M. arenaria, e con- Sintomas
siderada não hospedeira de M. hapla.
Os nematoides-das-galhas afe-
Em plantas de melancia, M. tam o sistema radicular das plantas
incognita raças 1 e 2 e M. javanica de melancia (Figura 1) e de melão
são as espécies mais comumente (Figura 2), formam galhas que coa-
encontradas nas regiões Nordeste, Su- lescem durante o ciclo da cultura, e

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 1. Sintomas
em raízes de melancia
causados por Meloi-
dogyne spp.: A - ga-
lhas; B - destruição do
parênquima cortical e
C - amarelecimento e
falhas no estande.

70
Capítulo 6 – Melão e melancia

A B

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


C D

Figura 2. Sintomas em raízes de melão causados por Meloidogyne javanica cultiva-


dos em cultivo protegido: A e B - galhas em melão pele lisa; C e D - galhas em raízes
de melão pele de sapo.

interferem na absorção de água e nu- áreas infestadas causa seca na parte


trientes minerais pelas raízes, redu- aérea das plantas (Figura 3).
zindo o tamanho dos frutos e o teor
de sólidos solúveis (°Brix). Nematoide-reniforme – Roty-
lenchulus reniformis
Os nematoides danificam as
Outra espécie detectada na últi-
raízes e favorecem a penetração
ma década, que tem causado danos
de fungos e de bactérias que con-
significativos em plantios de melão e
tribuem para o desenvolvimento de
de melancia na região Nordeste é o
complexos de doenças. Ademais,
nematoide-reniforme.
os danos podem ser potencializados
devido à presença de outros patóge- Sintomas
nos na área de cultivo. Por exemplo,
a interação de Didymella bryoniae Geralmente são observadas le-
(Fuckel) Rehm com M. javanica em sões nas raízes que resultam na redu-

71
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

Figura 3. Sintomas em meloeiro causados pela interação entre Didymella bryoniae e


Meloidogyne javanica.

ção do crescimento da planta, amare- sões-radiculares, parasita melancia e


lecimento da folhagem e murcha. várias outras espécies cultivadas em
outros países. Também, Pratylen-
Outras espécies de nematoides
chus brachyrus é relatado causando
Pratylenchus thornei Sher & redução na produtividade em culti-
Allen, espécie de nematoide-das-le- vos de meloeiro.

72
Capítulo 7
Pimentas e pimentão

A
s espécies de pimentas do sum (Heiser & Smith) Hunz (pimenta
gênero Capsicum pertencem cumari, cumari verdadeira ou pimen-
à família Solanaceae. Dentre ta de passarinho) e 25 espécies sil-
as espécies de Capsicum, cinco são vestres.
domesticadas e largamente cultiva-
No caso da cultura da pimenta
das e utilizadas pelo homem: Capsi-
e do pimentão, algumas espécies de
cum annuum L. var. annuum (pimen-
nematoides representam graves pro-
tão); C. baccatum L. var. pendulum
blemas para o cultivo. Estas ocorrem
(pimenta dedo-de-moça; pimenta-
por todo o mundo onde a pimenta é
-cambuci, chifre-de-veado); C. chi-
cultivada, bem como possuem ampla
nense Jacq. (pimenta-de-cheiro; pi-
gama de hospedeiros, principalmente
menta-de-bode; pimenta cumari-do-
plantas da família Solanaceae.
-Pará; pimenta-murupi, biquinho); C.
frutescens L. (pimenta-malagueta e No mundo, os maiores preju-
tabasco) e C. pubescens Rui & Pav. ízos na cultura da pimenta e do pi-
Destas, apenas C. pubescens não é mentão são atribuídos ao nematoide-
cultivada no Brasil. São dez espécies das-galhas (Meloidogyne). Entretan-
semi-domesticadas, em que se des- to, nos últimos anos, com a rápida
taca C. bacccatum var. praetermis- disseminação por diversos cultivos,

73
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

inclusive grandes culturas como a blemas em cultivos de pimentão no


soja e algodão, o nematoide-das-le- interior paulista, bem como em nú-
sões-radiculares tem causado danos cleos produtores desta hortaliça na
à cultura do pimentão, principalmente cidade de Planaltina, Distrito Federal
devido a longos períodos de plantio (PINHEIRO et al., 2015). Meloidogy-
em cultivo protegido sem a presença ne enterolobii quebra a resistência
de esquemas de rotação de culturas. conferida por cultivares de pimentão
resistentes a outras espécies do ne-
Nematoide-das galhas - Meloi- matoide-das-galhas, como M. incog-
dogyne spp. nita e M. javanica.
O nematoide-das-galhas, Me- Sintomas
loidogyne incognita, é uma das espé-
cies mais comumente relatadas que Em pimentas, geralmente, as
causa danos em pimentas e pimen- galhas são bem menores quando
tão. Entretanto, nos últimos anos, o comparados com galhas que ocor-
relatos de M. enterolobii em hortali- rem em outras hortaliças, como o to-
ças e sua rápida disseminação pelos mateiro e o pimentão. São discretas
país tem feito com que esta espécie e distribuídas de forma uniforme ao
seja uma das principais doenças de longo do sistema radicular. Na parte
preocupação para os produtores de aérea ocorre intensa clorose e mur-
pimentas e de pimentão. Meloido- cha nas horas mais quentes do dia
gyne enterolobii tem causado pro- (Figura 1).

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 1. Sintomas em pimenteira causados pela infestação por Meloidogyne


incognita: A - galhas e B - amarelecimento na parte aérea.

74
Capítulo 7 – Pimentas e pimentão

M. enterolobii e outras espécies Nematoide-das-lesões-radicula-


de nematoide-das-galhas em raízes res – Pratylenchus spp.
de pimentão causam grande núme-
Para o nematoide-das-lesões-
ro de galhas e com o aumento dos
-radiculares existem poucos relatos
níveis populacionais presentes evo-
luem para apodrecimento e redução em pimentas e pimentão. Em cul-
das raízes secundárias. Na parte aé- tivos sucessivos de pimentão em
rea ocorre desfolha, murcha e mor- ambiente protegido (estufas) este
te da planta, consequência da alta nematoide tem assumido grande im-
agressividade desta espécie de ne- portância, a exemplo no Núcleo Rural
matoide para a cultura, o que torna de Taquara, Distrito Federal, princi-
a absorção de nutrientes pela planta palmente devido à não adoção de um
bastante comprometida (Figura 2). sistema de rotação de culturas.

A B

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


C

Figura 2. Sintomas em pimentão em


cultivo protegido causados pela infesta-
ção por M. enterolobii e M. incognita.
A - galhas causadas por M. enterolobii;
B - desfolha, nanismo e morte de plantas
causadas por M. enterolobii e C - galhas
causadas por M. incognita.

As principais espécies que ocor- Sintomas


rem em cultivos de pimentão são
Pratylenchus brachyurus (Godfrey) Os principais sintomas em raí-
Filipjev & Stekhoven e P. penetrans zes de pimentão devido à infestação
(Cobb) Chitwood & Oteifa. pelo nematoide são as lesões escuras

75
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

e necróticas nas raízes parasitadas muitas vezes ocorrem juntamente


devido ao seu hábito de alimentação, com Belonolaimus longicaudatus em
que provoca destruição das células solos arenosos nos Estados Unidos.
no interior das raízes. Na parte aérea São transmissores de viroses como
ocorre murcha e desenvolvimento re- Pepper ringspot virus (PRV) na Amé-
duzido da planta e frutos (Figura 3). rica do Sul e Tobacco rattle virus
(TRV) em pimentão na Itália e nos
Outras espécies de nematoides
Estados Unidos (MCSORLEY et al.,
Mundialmente, outros nematoi- 2003).
des podem ocasionalmente causar
problemas em cultivos de pimentas O falso nematoide-das-galhas,
e pimentão. Paratrichodorus minor Nacobbus aberrans, tem sido relata-
(Colbran) Siddiqi e Trichodorus spp. do em pimenta em alguns países na
Cobb são de distribuição mundial e América Latina.

A C
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 3. Sintomas em pimentão em cultivo protegido causados pela infestação por


Pratylenchus brachyurus: A e B - lesões escuras e necróticas; C - plantas com porte
reduzido.

76
Capítulo 7 – Pimentas e pimentão

Existem poucos relatos so- são Aphelenchoides Fischer, Aphe-


bre o nematoide-reniforme Rotylen- lenchus avenae Bastian, Mesocri-
chulus reniformis Linford & Olivei- conema Andrassy, Helicotylenchus
ra em pimentas e pimentão, porém dihystera (Cobb) Sher, Mesocricone-
as pimentas são consideradas não ma spp. Andrassy, Radopholus simi-
hospedeiras deste nematoide. lis (Cobb) Thorne, Tylenchorynchus
Outros fitonematoides asso- Cobb., Tylenchus Bastian e Xiphine-
ciados com pimentas e pimentão ma spp. (Cobb.) Inglis.

77
Capítulo 8
Quiabeiro

O
quiabeiro [Abelmoschus es- novas cultivares com altas produtivi-
culentus (L.) Moench.] é uma dades ao longo de todo o ano, com
planta que produz um fruto qualidade de frutos, principalmente
cujo hábito de consumo vem desde baixa quantidade de fibras e resis-
o período colonial brasileiro. É mais tência às doenças de maior ocorrên-
consumido nos estados do Rio de Ja- cia, como o oídio, vírus do mosaico
neiro, Espírito Santo, Bahia, Minas Ge- e principalmente ao nematoide-das­
rais e São Paulo (FILGUEIRA, 2003). galhas (Meloidogyne spp.).

A cultivar Santa Cruz – 47 é Ademais, de origem africana,


uma das mais utilizadas pelos agri- a cultura do quiabeiro necessita de
cultores da região Centro Sul, porque temperaturas e umidade elevadas
apresenta boa adaptação, com plan- para o bom desenvolvimento e pro-
tas de hábito arbustivo, entrenós cur- dução. Porém, estas condições tam-
tos, prolíficas, porte medianamente bém favorecem o desenvolvimento
baixo e atende ao mercado consumi- e a multiplicação do nematoide-das­-
dor brasileiro, que tem a preferência galhas, que completam vários ciclos
por frutos cilíndricos e de coloração reprodutivos durante o desenvolvi-
verde escura. Contudo, os produto- mento da cultura. Com isso, o sis-
res nos últimos anos têm demandado tema radicular do quiabeiro é seve-

79
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

ramente afetado, o que compromete e os danos causados em cultivos de


a absorção de água e de nutrientes. quiabeiro são poucos quando compa-
Além disso, a textura do solo e o ní- rados com a importância desta cul-
vel de suscetibilidade das cultivares tura para determinadas regiões pro-
influenciam na dinâmica e nos níveis dutoras e a suscetibilidade desta aos
populacionais destes patógenos, au- nematoides.
mentando, consequentemente, os
prejuízos na cultura. Sintomas

Nematoide-das-galhas – Meloi- Os sintomas na parte aérea da


dogyne spp. planta podem ser observados pelo
desenvolvimento reduzido, murcha
As principais espécies de ne- nas horas mais quentes do dia, de-
matoide-das-galhas de ocorrência na clínio, queda de folhas e sintomas de
cultura do quiabeiro são Meloidogy- deficiência mineral (Figura 1), pois os
ne incognita, M. javanica, M. arena- nematoides afetam o sistema radicu-
ria e M. enterolobii. lar das plantas, prejudicando o trans-
porte de água e nutrientes das raízes
Devido à grande suscetibilida- para a parte aérea.
de das cultivares de quiabeiro aos
nematoides-das galhas, em determi- Nas raízes, que se desvitalizam
nas situações, estas plantas servem e param de crescer, as galhas e ra-
como indicadoras da existência dos chaduras são visíveis. Às vezes há
nematoides nas áreas de produção. formação de raízes laterais curtas,
Assim, estudos sobre a ocorrência mas a formação das galhas de ta-

A B C
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 1. Sintomas na parte aérea de plantas de quiabeiro infestadas naturalmente


no campo pela mistura populacional de M. incognita e M. javanica: A e B - plantas
com porte reduzido; C - mudas contaminadas.

80
Capítulo 8 – Quiabeiro

manhos variáveis são mais visíveis. Outras espécies de nematoides


Após várias invasões nas raízes por
Na literatura, as informações
inúmeros juvenis, as galhas forma-
são limitadas para a ocorrência de
das apresentam forma alongada e
outros nematoides na cultura do
aspecto de inchaços ao longo do sis- quiabeiro. Outros gêneros associa-
tema radicular (Figura 2). dos ao quiabeiro, em determinadas
condições ambientais, podem afetar
Geralmente estas galhas podem
significativamente o crescimento das
ser pequenas e discretas ou, na maio-
plantas, mas causam danos genera-
ria das vezes, grandes e irregulares.
lizados de pouca importância eco-
Como consequência, podem apodre- nômica. Estes são Aphelenchus sp.
cer rapidamente devido à invasão de Bastian, Mesocriconema Andrassy,
patógenos secundários, tais como Helicotylenchus spp. Steiner, Pra-
Sclerotium rolfsii Sacc., Fusarium sp. tylenchus brachyurus (Godfrey) Fili-
Link ex Grey, Verticillium sp. Nees e pjev & Stekhoven, P. coffeae (Zim-
outros patógenos de solo. mermann) Filipjev & Schuurmans
Stekhoven, Rotylenchulus reniformis
A principal forma de dissemi- Linford & Oliveira, Rotylenchus sp.
nação dos nematoides na cultura do Filipjev Tylenchus sp. Bastian e Ty-
quiabeiro é passiva, dada pela movi- lenchorhynchus sp. Cobb. Vale res-
mentação do solo por máquinas, água, saltar que o quiabeiro é bom multi-
implementos agrícolas contaminados, plicador de populações de Pratylen-
homem e animais nas áreas de culti- chus, porém registros de danos em
vo, bem como pode ser disseminada cultivos de quiabeiro devido à infes-
por mudas (Figura 1 C) em determina- tação pelo nematoide-das-lesões-ra-
dos casos, embora a semeadura direta diculares são escassos, motivo pelo
seja o método usualmente empregado qual se faz necessário o desenvolvi-
para a cultura do quiabeiro. mento de pesquisas nesse sentido.

A B C
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 2. Sintomas em raízes de quiabeiro em campo naturalmente infestado pela


mistura populacional de Meloidogyne incognita e M. javanica.

81
Capítulo 9
Tomate

O
principal gênero de nema- porém, geralmente não causam per-
toide que causa danos ex- das ou prejuízos estimáveis. Outras
pressivos à tomaticultura no espécies de nematoide-das-galhas
mundo é representado pelo gênero têm ocorrido também em áreas de
Meloidogyne. Todavia, outros gêne- tomaticultura como M. ethiopica e
ros podem assumir importância em M. morocciensis, embora os relatos
determinadas regiões tropicais e sub- de danos causados por estas espé-
tropicais como Belonolaimus, Praty- cies sejam escassos na literatura.
lenchus e Rotylenchulus. No Brasil,
os problemas com nematoides res- Nematoide-das-galhas – Meloi-
tringem-se ao nematoide-das-galhas, dogyne spp.
como Meloidogyne incognita, M. are-
Sintomas
naria, M. enterolobii e M. javanica.
Nos últimos anos, o nematoide-das- Os nematoides-das-galhas pe-
-lesões-radiculares tem ocorrido em netram nas raízes das plantas e es-
cultivo protegido em áreas isoladas timulam uma resposta, com hiper-
do país. Outros nematoides asso- trofia e hiperplasia das células que
ciados ao tomateiro (Solanum lyco- ocorrem nas raízes invadidas pelos
persicum L.) no Brasil são relatados, juvenis de segundo estádio (J2), for-

83
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

mando as galhas. Após várias inva- grandes e irregulares, responsáveis


sões nas raízes por inúmeros juve- pela intensificação dos danos e pelo
nis, as galhas formadas apresentam rápido apodrecimento em face da
forma alongada e com aspecto de invasão de patógenos secundários,
inchaços ao longo do sistema radi- tais como Sclerotium rolfsii Sacc.,
cular (Figura 1). Fusarium sp. Link ex Grey, Verticil-
lium sp. Nees e Ralstonia sp. Smith.
Meloidogyne hapla geralmen- O transporte de nutrientes e de sais
te produz galhas pequenas e dis- minerais das raízes para a parte aé-
cretas em tomateiro, enquanto M. rea das plantas é afetado, resultan-
incognita, M. arenaria, M. javani- do em murchas e deficiências nutri-
ca e M. enterolobii causam galhas cionais (Figura 2).

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

C D

Figura 1. Sintomas em raízes de tomateiro atacadas por Meloidogyne spp.: A, B e


C - galhas; D - massa de ovos (pontos escuros indicados pelas setas).

84
Capítulo 9 – Tomate

A B C

Fotos: A e C: Ailton Reis; B: Jadir Borges Pinheiro


Figura 2. Sintomas na parte aérea de plantas de tomateiro infestadas por Meloido-
gyne spp.: A - murcha; B e C - amarelecimento e seca.

Os sintomas no campo podem feijão, algodão, milho, especialmente


apresentar-se na forma de reboleiras na região de Cerrados. Recentemen-
(Figura 3) de formato irregular com te, vem sendo considerado como
plantas raquíticas, murchas e amare- grande ameaça a hortaliças, princi-
lecidas. palmente ao tomateiro.

Sintomas
Foto: Ailton Reis

Embora os sintomas causados


por nematoides do gênero Pratylen-
chus não sejam específicos, poden-
do ser facilmente confundidos com
sintomas causados por outros pató-
genos ou deficiências nutricionais,
o principal sintoma é a presença de
Figura 3. Reboleira devido ao ataque do intensas lesões escuras (necróticas)
nematoide-das-galhas (Meloidogyne ja- nas raízes e radicelas das plantas pa-
vanica). rasitadas. Fungos e bactérias podem
penetrar nestas lesões e potencializar
Nematoide-das-lesões-radicula- os danos nas raízes com consequen-
res – Pratylenchus spp. te apodrecimento destas. As plantas
infestadas formam reboleiras na la-
O nematoide-das-lesões-radicu- voura. Além disso, podem apresen-
lares tem sido relatado causando da- tar atraso no desenvolvimento, com
nos severos em diversas culturas de drástica redução de crescimento em
importância econômica, como soja, relação às demais.

85
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos

Nematoide-reniforme – Roty- em lesões necróticas pequenas, cres-


lenchulus reniformis cimento reduzido da planta, amarele-
cimento da folhagem e murcha. Plan-
O nematoide-reniforme, com tas altamente infestadas com siste-
ampla gama de hospedeiras, é relatado mas radiculares pobres desenvolvem
em áreas tropicais e subtropicais sintomas de deficiência de nitrogê-
de diversos países, inclusive no
nio, potássio, manganês e de outros
Brasil. Ocorre principalmente em
nutrientes, devido à sua absorção li-
áreas com cultivo de algodão, soja,
mitada pelas raízes infestadas.
maracujazeiro e, dentre as hortaliças,
pode causar problemas em alface Outras espécies de nematoides
(Lactuca sativa L.), batata-doce [Ipo-
moea batatas L. (Lam.)], melancia Outros gêneros de nematoides
[Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. associados ao tomate, em determi-
& Nakai], melão (Cucumis melo L.), nadas condições ambientais, podem
coentro (Coriandrum sativum L.) e afetar significativamente o cresci-
tomate. mento das plantas, mas causam da-
nos generalizados de pouca impor-
Sintomas
tância econômica. Estes são Helico-
Áreas com manchas irregulares tylenchus Steiner, Hemicycliophora
e plantas cloróticas dentro do De Man, Longidorus (Micoletzky) Fi-
campo são indícios da presença lipjev, Nacobbus (Thorne) Thorne &
deste patógeno. O nematoide causa Allen, Paratylenchus Micoletzky, Ra-
destruição de células da epiderme dopholus Thorne, Tylenchorhynchus
das raízes de plantas, o que resulta Cobb e Xiphinema (Cobb.) Inglis.

86
PARTE 4
Hortaliças Raízes,
Tubérculos e Bulbos

Nesta parte são apresentadas as principais espécies de hortaliças forma-


doras de raízes, tubérculos e bulbos classificadas de acordo com suas partes
comestíveis (Filgueira, 2003) e os principais gêneros e espécies de nema-
toides que são problemas para estas hortaliças.

87
Capítulo 1
Alho e cebola

O
Brasil destaca-se como um Catarina, São Paulo e Bahia. A área
dos países com o maior cultivada no país foi de aproximada-
consumo per capita de alho mente 58.000 ha (SANTOS et  al.,
(Allium sativum L.), aproximando­-se 2015).
de 1,5 kg por habitante por ano. Po-
rém, em 2013 a produção no país foi Muitos gêneros de fitonematoi-
de aproximadamente 107 mil tone- des ocorrem nos cultivos de cebola e
ladas equivalente apenas a um ter- alho. Contudo no Brasil apenas a es-
ço do consumo interno. Os estados pécie Ditylenchus dipsaci e algumas
do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, espécies do gênero Meloidogyne
Santa Catarina, Goiás e Bahia res- apresentam importância econômica,
pondem por cerca de 90% da produ- capazes de reduzir a qualidade e o
ção brasileira. Em relação à cebola, rendimento destas culturas. Nos últi-
de acordo com números do Instituto mos anos os problemas com o nema-
Brasileiro de Geografia e Estatística toide-das-galhas (Meloidogyne spp.)
(IBGE), a produção nacional foi de em cebola vêm aumentando princi-
aproximadamente 1,601 milhões de palmente em regiões produtoras da
toneladas, com destaque para os es- região Nordeste e Centro-oeste e no
tados do Rio Grande do Sul, Santa estado de Santa Catarina.

89
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

Nematoide-do-amarelão-do­- nados (Figura 1), que são utilizados


alho – Ditylenchus dipsaci como “alho semente”.

Esta espécie ocorre em prati- Sintomas


camente todo o mundo e pode pa-
Os sintomas em cebola e alho
rasitar inúmeras espécies de plantas
infectados incluem nanismo, incha-
de importância econômica, podendo
ço e extensa divisão longitudinal de
ocorrer em mais de 450 espécies
cotilédones e folhas, as quais ficam
pertencentes a mais de 40 famílias
curtas e espessas, ocasiões em que
botânicas (Goodey et al., 1965).
às vezes apresentam manchas mar-
No Brasil, D. dipsaci foi relata- rons ou amareladas devido a desco-
do pela primeira vez em 1980 nos lorações nos tecidos, além de incha-
estados de Minas Gerais e Santa ço acima do bulbo no pseudocaule,
Catarina (CHARCHAR et al., 1980). ficando com formato de charuto (Fi-
Após este ano, se disseminou para guras 2 e 3).
os estados do Espírito Santo, São
Mudas infectadas tornam-se re-
Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e ou-
torcidas, deformadas e frequentemen-
tras grandes regiões produtoras de
te morrem em áreas altamente infes-
alho. É um nematoide endoparasito
tadas por D. dipsaci. Ao longo do ciclo
migrador conhecido como o ‘nema-
da cultura, as folhagens da cebola e
toide dos bulbos e caules do alho’
do alho caem e os bulbos tornam-se
ou ‘nematoide-do-amarelão-do-alho’
chochos. Também ocorre o amareleci-
sendo uma ameaça constante em
mento foliar a partir das raízes.
cebola e alho tanto no Brasil quan-
to em áreas produtoras dos Estados Variações de cinza no bulbo
Unidos, principalmente em virtude aparecem de forma leve e suave, que
de sua ocorrência e disseminação posteriomente tornam-se frequente-
mediante lotes de bulbilhos contami- mente desidratados e leves em peso
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 1. Sintomas em bulbilhos de alho infectados por Ditylenchus dipsaci.

90
Capítulo 1 – Alho e cebola

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 2. Sintomas em bulbos de alho infectados por Ditylenchus dipsaci.

(bulbos chochos). No alho, os sinto-


Foto: Jadir Borges Pinheiro

mas em lotes de bulbilhos infectados


muitas vezes não são aparentes e a
ocorrência de plantas assintomáticas
não indica necessariamente a ausên-
cia de D. dipsaci.

Com o progresso da doença,


pode ocorrer podridão mole, que em
regra completa o processo de des-
truição, sendo esta acompanhada
por um odor característico.

Outros invasores secundários


podem ocorrer nos bulbos, tais como
bactérias, fungos, tripes e ácaros.
No campo ocorre o amarelecimento
Figura 3. Sintomas nas folhas e bulbos de das plantas em reboleiras, podendo
alho infectados por Ditylenchus dipsaci. ocorrer a morte antes da colheita.

91
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

Além disso, pode ocorrer o tomba- -galhas em cebola vêm aumentando


mento das plantas. Outro sintoma principalmente em regiões produto-
característico da presença de D. dip- ras como a de Irecê no estado da
saci em altos níveis populacionais é Bahia, onde se pratica erroneamente
o fácil desprendimento das plantas a rotação de culturas com cultivos
ao serem puxadas, ficando o ‘prato’ de cenoura, hospedeira favorável a
no solo e se destacando apenas a Meloidogyne. Ademais, existem rela-
parte áerea. tos de problemas com Meloidogyne
em cebola em regiões produtoras do
Durante a colheita, os bulbos estado de Santa Catarina e na região
de alho infestados podem tornar-se Centro-Oeste.
tão leves que raramente são aprovei-
tados. Os sintomas variam em fun- Sintomas
ção da densidade populacional do
nematoide. Os bulbos de alho arma- Os sintomas mais visíveis em
zenados normalmente apresentam cebola são a formação de galhas nas
aparência esbranquiçada e uma tex- raízes, porém estas são geralmente
tura farinhenta. menores, de 1 mm a 2 mm de diâme-
tro, comparados com outras culturas
Nematoide-das-galhas - Meloi- (Figura 4).
dogyne spp.
Os sistemas radiculares infecta-
No Brasil, nos últimos anos os dos tornam-se normalmente mais cur-
problemas com o nematoide-das- tos e apresentam menor quantidade
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 4. Sintomas em raízes de cebola causadas por Meloidogyne sp.

92
Capítulo 1 – Alho e cebola

de raízes que em plantas sadias. Sin- chitwoodii Golden, O’Bannon, San-


tomas adicionais podem ser observa- to & Finley, consideradas quarente-
dos na parte aérea das plantas, como nárias A1 para o Brasil e ocorrentes
estande irregular de plantas, nanismo nos países da Europa, Asia, África,
e amarelecimento, comumente se América do Norte e do Sul e Ocea-
manifestando em reboleiras. nia, representam séria ameaça à cul-
tura do alho.
Massas de ovos são frequente-
mente observadas nas superfícies de Outros gêneros e espécies de
raízes de cebola, mesmo quando ga- nematoides podem ocorrer na cultu-
lhas não são visíveis. Estas massas ra do alho e da cebola, mas danos
variam do branco ao marrom escuro significativos não foram relatados no
e possuem cerca de 0,5 mm a 1,0 Brasil. Dentre estes podem ser ci-
mm de diâmetro. tados Aphelenchoides spp. Fischer,
Mesocriconema Andrassy, Helicoty-
Outras espécies de nematoides lenchus Steiner, Pratylenchus zeae
Graham, Pratylenchus penetrans, Pa-
Outras espécies como Belono- ratichodorus minor (Colbran) Siddiqi,
laiumus longicaudatus, Ditylenchus Rotylenchulus reniformis Linford &
destructor Thorne e Meloidogyne Oliveira e Tylenchus spp.

93
Capítulo 2
Batata

A
batata (Solanum tuberosum brasileiros (MG, SP, PR, RS, SC, GO
L.) é a terceira cultura alimen- e BA) (EMBRAPA, 2013).
tar mais importante do plane-
ta e a primeira commodity não grão. Entretanto, os nematoides
Estima-se que mais de um bilhão de apresentam sérios problemas para
pessoas consomem batata diaria- o cultivo da batata em praticamen-
mente. Sua produção mundial anual te todas as regiões do mundo onde
supera 330 milhões de toneladas em ela é cultivada, com danos variáveis,
uma área de 18 milhões de hectares chegando até a comprometer toda a
(Scott et al., 2000). produção. Estes danos dependem da
densidade populacional do patógeno
No Brasil, a batata é a hortaliça presente no solo, da cultivar utilizada,
mais importante, com uma produção da espécie/raça de nematoide e das
anual de aproximadamente 3,5 mi- condições ambientais. No Brasil, os
lhões de toneladas em uma área de danos maiores são provocados pelo
cerca de 130 mil hectares. De acor- nematoide-das-galhas, Meloidogyne
do com Associação Brasileira da Ba- spp., em especial M. incognita e M.
tata (Abba), o agronegócio da batata javanica, que são as espécies com
envolve em torno de 5 mil produto- maior distribuição nas regiões produ-
res em 30 regiões de sete estados toras. A alta incidência destas duas

95
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

espécies é atribuída à capacidade de Existem outros nematoides


reprodução em regiões com ampla com alto poder destrutivo para a cul-
variabilidade de temperatura do solo tura da batata que ainda não foram
(18 °C a 32 ºC). Meloidogyne hapla relatados no Brasil e, por isso, detêm
e M. arenaria ocorrem em áreas iso- o status de praga quarentenária A1.
ladas do país, porém, causam maio- São estes os formadores de cistos
res problemas em regiões tropicais e ou nematoides-dourados, Globodera
subtropicais (Charchar, 2001). pallida (Stone) Behrens e G. rosto-
chiensis (Wollenweber) Behrens, que
O segundo gênero de nematoi- podem reduzir a produtividade em
des parasitos de cultivos de batata até 70%. Estes são de difícil erradi-
em importância para o país é Praty- cação das áreas infestadas, pois têm
lenchus, que tem destaque pela sua a capacidade de permanecer viáveis
vasta gama de hospedeiras e pela no solo, na forma de cistos, por lon-
sua ampla distribuição geográfica. gos períodos. Além disso, possuem
As principais espécies que causam elevado poder de reprodução na pre-
danos à bataticultura do país são sença de plantas hospedeiras. Exis-
P. brachyurus (Godfrey) Filipjev & tem evidências de que estas espécies
Stekhoven, P. coffeae (Zimmermann) se originaram nas regiões andinas do
Filipjev & Schuurmans Stekhoven e Peru, local de origem da batata (Te-
P. penetrans (Cobb) Chitwood & nente; Manso, 1983).
Oteifa, com predominância da pri-
meira sobre as demais (Santos, Outros nematoides de grande
2003; Silva; Santos, 2007). importância para a bataticultura e
que ainda são quarentenários para
Os danos causados por fito- o país são o falso nematoide-das
nematoides não estão associadas galhas, Naccobus aberrans (Thor-
somente à redução no peso nos tu- ne) Thorne & Allen, e o nematoide-
bérculos, mas também às alterações -da-podridão-da-batata, Ditylenchus
físico-químicas em resposta à in- destructor Thorne (Santos, 2003;
fecção, com interferência direta na Silva; Santos, 2007).
qualidade comercial dos tubérculos.
Nematoide-das-galhas – Meloi-
Além disso, sua importância se refle-
dogyne spp.
te na necessidade de aplicar nemati-
cidas de solo por ocasião do plantio, Sintomas
que resulta em custos adicionais de
produção e, principalmente, na con- O principal sintoma resultante
taminação ambiental e em riscos à da alimentação dos nematoides-das-
saúde do aplicador e do consumidor. galhas nos tecidos de batata é a for-

96
Capítulo 2 – Batata

mação de galhas, que são protube- condição de alta infestação do solo


râncias que ocorrem nas raízes e na e temperatura favorável (27 ºC) ao
superfície dos tubérculos. As galhas nematoide, as plantas afetadas po-
nos tubérculos variam de pequenas e dem murchar, mesmo que o solo es-
numerosas, dando aspecto áspero à teja úmido, e apresentar folhas com
superfície, podendo ser acompanha- tamanho reduzido. Sintomas de falta
das de rachaduras até grandes caro- de água e de nutrientes ocorrem em
ços isolados. Os tubérculos apresen- virtude do comprometimento da in-
tam aspecto “empipocado”, com fa- tegridade das raízes de plantas ata-
cilidade para o apodrecimento devido cadas.
à perda de amido no tecido em torno
das “pipocas”, em especial quando a Por isso, os sintomas de cam-
batata é lavada (Figura 1). po às vezes são mascarados pela
adubação, normalmente fornecida
Os sintomas de campo causa- em excesso, que compensa a baixa
dos por estes organismos normal- capacidade de absorção pelas raízes
mente ocorrem em reboleiras. Em com galhas. Em relação ao desenvol-

A B

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


C D

Figura 1. Sintomas em tubérculos de batata causados por Meloidogyne spp. A, B


e C - galhas e D - galhas com apodrecimento dos tubérculos devido à entrada de
outros patógenos.

97
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

vimento da planta, quanto mais cedo P. coffeae (Zimmermann) Filipjev &


ocorrer a infecção, maior será a se- Schuurmans Stekhoven, P. crenatus
veridade de ataque. O principal sin- Loof, P. minyus Sher & Allen, P. pe-
toma em plantas infectadas na fase netrans (Cobb) Chitwood & Oteifa,
inicial é uma clorose foliar em conse- P. scribneri Cobb, P. thornei Sher &
quência da localização de galhas no Allen, P. vulnus Allen & Jensen e P.
prolongamento da raiz, que obstruem zeae Graham (Mai et al., 1990).
a absorção de água e nutrientes do
Pratylenchus penetrans (Cobb)
solo. Como consequência, as plan-
Filipjev & Schuurmans Stekhoven
tas tornam-se amareladas, raquíticas
ocorre principalmente na região Sul,
e murchas. Mesmo em situações de
P. coffeae foi registrada em áreas
baixa densidade populacional de ne-
anteriormente cultivadas com café,
matoide no solo, apesar de sintomas
principalmente nas regiões Sudeste
aéreos não serem evidentes, as plan-
e Sul, enquanto P. brachyurus ocorre
tas apresentam redução na produtivi- nas regiões Centro-Oeste e Sudeste
dade (Winslow; Willis, 1972). do país (Charchar, 1999).
Os fitonematoides interagem Os danos causados por espé-
com outros patógenos de solo de cies do gênero Pratylenchus são de
grande importância em áreas com natureza diferente quando compa-
cultivo de batata, como Ralstonia so- rados com os dos nematoides-das­
lanacearum (Smith) Yabuuchi et al., galhas, pois estes nematoides têm
Verticillium albo-atrum e Rhizoctonia ciclos de vida bem distintos.
solani, pois a penetração de fungos e
bactérias por portas de entrada cau- Sintomas
sadas por nematoides contribuem Geralmente penetram nos tu-
para intensificação dos danos causa- bérculos pelas lenticelas e invadem
dos a cultura, além de serem vetores os tecidos em sua volta, produzin-
de importantes viroses. do lesões escuras e circulares de
tamanho variável, com necrose dos
Nematoide-das-lesões-radicula-
tecidos infectados. Estas lesões evo-
res - Pratylenchus spp.
luem com o passar dos dias, prejudi-
Dentre as várias espécies de cando o aspecto visual dos tubércu-
Pratylenchus que atacam a batata los, pois a presença de lesões ou de
no mundo, P. penetrans é a mais pústulas (Figura 2), aliadas à perda
importante. Outras espécies já rela- de peso e de turgescência dos tubér-
tadas em batata são: P. andinus Lor- culos no armazenamento, reduzem
dello, Zamith & Boock, P. brachyu- seu valor comercial e os tornam im-
rus (Godfrey) Filipjev & Stekhoven, próprios para batata-semente. Além

98
Capítulo 2 – Batata

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 2. Sintomas em tubérculos de batata causados por Pratylenchus brachyurus.

disso, estas lesões podem servir de vado destaque, pois existe relato de
porta de entrada para outros micro- sua ocorrência em nações vizinhas
-organismos presentes no solo, com como: Argentina, Venezuela, Peru,
aumento do grau de depreciação Colômbia, Chile, Equador e Bolívia
dos tubérculos para comercialização (DATA..., 2016). Dessa maneira,
(Mai et al., 1990). o Brasil vive sob constante amea-
ça da introdução destas espécies, o
As plantas infectadas formam
que provavelmente aumentaria ainda
reboleiras na lavoura. Um dos sinto-
mais a preocupação dos bataticulto-
mas iniciais do ataque de Pratylen-
res com problemas fitossanitários.
chus spp. é o atraso no desenvolvi-
mento das plantas infectadas, com Uma das características mar-
drástica redução de crescimento em
cantes na diferenciação destas duas
relação às demais. Em geral, as plan-
espécies refere-se à cor das fêmeas
tas apresentam florescimento tardio
e ocorre quando presas aos tecidos
e intensa necrose nas radicelas (SIL-
pela parte anterior. As fêmeas de G.
VA; SANTOS, 2007).
rostochiensis (Wollenweber) Behrens
Nematoides formadores de cis- desenvolvem-se passando por uma
tos - Globodera rostochiensis e G. fase amarelo-dourada antes de apre-
pallida sentarem coloração castanha, cuja
característica origina o nome comum
Embora haja grande risco de de “nematoide-dourado”. As fêmeas
transmissão via batata-semente, os de G. pallida (Stone) Behrens são de
nematoides-do-cisto até o momen- cor branca ou creme antes de ad-
to não foram detectados no Brasil. quirirem a cor castanha (Mai et al.,
Porém, trata-se de um grupo de ele- 1990).

99
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

A elevada densidade dos ne- podendo ser facilmente confundido


matoides formadores de cisto reduz com o nematoide-das-galhas (JA-
a produção de tubérculos e provoca TALA, 1986). Apresentam nomes
morte prematura das plantas. Tam- vulgares no Peru e na Bolívia onde o
bém é observado retardamento do mais comum é denominado de “ro-
crescimento, amarelecimento das fo- sário” (Mai et al., 1990; Scurrah
lhas, enfezamento e redução no siste- et al., 2005). Plantas parasitadas
ma radicular (Scurrah et al., 2005). apresentam nanismo, clorose pro-
gressiva, aumento da suscetibilida-
Falso nematoide-das-galhas - de ao estresse hídrico, senescência
Naccobus aberrans antecipada e redução no número e
na dimensão dos tubérculos (Silva;
A espécie do falso nematoide­
Santos, 2007).
das-galhas, Naccobus aberrans
(Thorne) Thorne & Allen, é nativa Nematoide-da-podridão-da-ba-
da região andina do Peru e da Bolí- tata - Ditylenchus destructor
via, e pode causar perdas de mais de
50% na cultura da batata em altitu- É um dos principais patógenos
des de 2.000 mm a 4.200 m. Ocorre da batata em praticamente todos os
na Argentina, Bolívia, Chile, Equa- países produtores da Europa, espe-
dor, Peru, EUA, México, Inglaterra, cialmente na Rússia. Ocorre também
Holanda, Índia e Rússia (Jatala; em alguns países da Ásia, América
Scurrah, 1975, Scurrah et al., do Norte, Oceania e algumas regiões
2005). A sua vasta dispersão na isoladas da América do Sul e da Áfri-
América do Sul é atribuída à ampla ca do Sul (Mai et al. 1990).
gama de hospedeiros e ao transpor-
Esta espécie de nematoide so-
te passivo em material propagativo,
brevive no solo em uma ampla fai-
como batata-semente e outras tube-
xa de temperatura que varia de 5 ºC
rosas (Scurrah et al., 2005). Da
a 34 ºC, porém, os maiores danos
mesma forma como acontece com o
ocorrem em temperaturas entre
gênero Globodera, no Brasil, não se
15°C a 20 ºC, com umidade relativa
conhece qualquer problema resultan-
de 90% a 100%. Nestas condições,
te de sua interferência (Charchar,
a duração de seu ciclo de vida é de
1990).
20 a 26 dias com uma fêmea pro-
Sintomas duzindo de 200 a 250 ovos (Silva;
Santos, 2007). Ditylenchus des-
O falso nematoide-das-galhas tructor Thorne não pode sobreviver
apresenta como principal sintoma ga- em condições de seca ou de umidade
lhas regulares em cadeia nas raízes, relativa menor que 40% (MAI et al.,

100
Capítulo 2 – Batata

1990), o que limita sua distribuição M. chitwoodi é praga quarente-


em várias partes do mundo. nária A1 no Brasil e ocorre em regi-
ões com condições de clima mode-
Sintomas rado a frio (Silva; Santos, 2007).
Tubérculos infectados, ao se- Trichodorus spp. Cobb e Para-
rem descascados, apresentam man- trichodorus spp. Siddiqi apresentam
chas de cor branca ou ligeiramente importância peculiar porque estão
coloridas. As partes afetadas são envolvidos na transmissão de viroses
destruídas, causando podridão seca, em batata (SCURRAH et al., 2005),
com aspecto granuloso (Jatala, principalmente o vírus Tobacco rat-
1986). O nematoide pode continuar tle virus – TRV, do gênero Tobravi-
seu ciclo de vida nos tubérculos já
rus. Além disso, causam danos dire-
colhidos, provocando portas de en-
tos no sistema radicular, retardam o
trada para outros patógenos, em es-
crescimento das plantas e provocam
pecial bactérias e fungos, que cau-
senescência precoce (JENSEN et al.,
sam podridões.
1979).
Outras espécies de nematoides
Belonolaimus longicaudatus
Outros importantes nematoi- Rau, Radopholus similis (Cobb) Thor-
des de batata em regiões tropicais ne e Rotylenchulus reniformis Lin-
e subtropicais são Thecavermicula- ford & Oliveira também são relatados
tus andinus Golden, Franco, Jatala como patógenos de batatas no mun-
& Astogaza, Meloidogyne chitwoodi do (JENSEN et al., 1979), porém,
Golden, O’Bannon, Santo & Finley, geralmente não causam grandes per-
Trichodorus spp. Cobb e Paratricho- das na produção. Belonolaimus lon-
dorus spp. Siddiqi. gicaudatus não apresenta registro no
Brasil, porém R. similis é de grande
A espécie Thecavermiculatus importância em cultivos de banana
andinus é importante na cultura da (Musa spp. L.) e R. reniformis, em
batata em algumas regiões andinas cultivos de algodão e grande núme-
do Peru, mas sua distribuição e os da- ro de culturas, sendo que a batata
nos econômicos ainda não são muito e outras solanáceas são hospedeiras
bem relatados (Jatala, 1987). desta espécie.

101
Capítulo 3
Batata-doce

A
batata-doce é uma hortaliça solo, adubação, utilização de mudas
muito importante e popu- de alta sanidade, uso de cultivar re-
lar, cujo plantio se expandiu gistrada, mecanização da lavoura,
por várias regiões do Brasil. A pro- processo e armazenamento pós-co-
dutividade média nas últimas safras lheita (Santos et al., 2015). Outro
tem-se mantido estável, próximo ponto importante é que seu cultivo
de 500 mil toneladas. Em 2013, os intensivo resulta em graves proble-
principais estados produtores foram mas fitossanitários, principalmente
Rio Grande do Sul (166,6 mil tonela- no que se refere às doenças associa-
das), São Paulo (71,4 mil toneladas), das a patógenos de solo, como os
Sergipe (44,3 mil toneladas), Minas nematoides.
Gerais (30,1 mil toneladas) e Paraná
(30,8 mil toneladas) (Santos et al., Muitos gêneros de fitonema-
2015). Entretanto, a produção atual toides estão associados aos cultivos
é baixa considerando a capacidade de batata-doce, porém, o nematoide-
produtiva de novos cultivares lança- -das-galhas (Meloidogyne spp.) e o
das no mercado nos últimos anos. O nematoide-reniforme (Rotylenchulus
sistema de produção, ainda neces- reniformis) foram estudados de forma
sita de melhorias, como adequação intensa. No entanto, dois gêneros de
de práticas como preparo correto do endoparasitos migradores, Pratylen-

103
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

chus (nematoide-das-lesões-radicu- casos, quando muito pequenas, difi-


lares) e Ditylenchus (nematoide-do- cultam sua visualização a olho nu.
-amarelão-do-alho), também são en-
contrados ocasionalmente, podendo, As fêmeas se concentram ge-
em determinadas situações, reduzir ralmente nas raízes secundárias (Fi-
a qualidade ou produção das plantas gura 1B), onde depositam as massas
infectadas. de ovos. Níveis populacionais altos
de fêmeas e grande quantidade de
Nematoide-das-galhas - Meloi- massa de ovos nas raízes secundá-
dogyne spp. rias reduzem a absorção de nutrien-
tes e água pela planta e, consequen-
Sintomas temente, reduz a produtividade.

O sintoma característico da in- As galhas, às vezes, não são


fecção por nematoide é a presença observadas nas raízes tuberosas,
de galhas nas raízes da batata-doce, com exceção de genótipos alta-
muitas vezes menores (1 mm a 2 mente suscetíveis, o que acaba por
mm de diâmetro) em relação às ga- depreciar o valor comercial destas
lhas observadas nas raízes de outras cultivares (CHARCHAR; RITSCHEL,
plantas hospedeiras. O tamanho das 2004). Devido a este fato, a cultura
galhas varia (Figura 1A) entre as cul- é considerada como “falsa hospedei-
tivares de batata-doce e, em muitos ra” deste nematoide. O sintoma mais

A B
Fotos: A: Jadir Borges Pinheiro e B: Paula Carmona

Figura 1. Sintomatologia em raízes de batata-doce causadas por Meloidogyne spp.:


A - galhas e B - fêmeas no interior dos tecidos das raízes (setas).

104
Capítulo 3 – Batata-doce

severo de infecção de batata-doce é como temperatura, sequência de


a ocorrência de rachaduras longitudi- cultivos, textura do solo, umidade,
nais nas raízes, similar às rachaduras material de propagação e a espécie
devido ao crescimento exagerado. de nematoide presente têm influên-
Estas rachaduras predispõem a raiz cia importante sobre a extensão dos
à infecção por agentes de podridões danos.
no armazenamento. Desta maneira,
o efeito indireto dos nematoides so- A temperatura influencia na
bre a produtividade ocorre pelo pre- distribuição geográfica e na sobre-
juízo ao desenvolvimento das raízes, vivência de Meloidogyne spp. Nes-
com redução na absorção de água, te sentido, M. hapla está restrito a
nutrientes e assimilados para a plan- regiões mais frias, sendo estas não
ta, circunstância em que pode ocor- coincidentes com os locais de culti-
rer a morte da planta (Charchar; vo de batata-doce. Por outro lado,
Ritschel, 2004). nas regiões frias, os danos devidos
ao ataque de M. incognita podem
Podem ocorrer outros sintomas ser significativamente reduzidos em
como redução no crescimento, ama- razão de sua incapacidade de sobre-
relecimento e produção abundante viver nestas condições.
de flores devido à perda de vigor do
sistema radicular. Danos mais severos podem
ocorrer em condições de seca mo-
As massas de ovos são fre- derada, devido aos seguintes efeitos
quentemente observadas na superfí- combinados: a menor disponibilida-
cie das raízes, mesmo quando galhas de de água e a capacidade reduzida
não são visíveis. A sua coloração é das raízes infectadas em absorvê-la.
translúcida, com tonalidade marrom O excesso de umidade no solo tam-
dourado e possuem cerca de 0,5 mm bém reduz as populações de nema-
– 1,0 mm de diâmetro. Quando as toides. É importante destacar que o
galhas ou segmentos de raízes são ataque de nematoides predispõe a
dessecadas, fêmeas de coloração batata-doce a um aumento da inci-
branco pérola podem ser observadas dência de rachaduras.
(Figura 1B).
Interações do nematoide-das­
Os danos ocasionados à bata- galhas com outros patógenos de
ta-doce estão diretamente relaciona- solo, como exemplos, mal do pé cau-
dos ao tamanho inicial da população sado por Plenodomus destruens Har-
do nematoide. Assim, fatores que ter e murcha de Fusarium causado
afetam a sua sobrevivência no solo por Fusarium oxysporum Schlecht,

105
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

também intensificam os danos cau- Dessa maneira, um dos méto-


sados pelo nematoide-das-galhas nas dos de diagnose visual em batata­ -
raízes de batata-doce. doce utilizado para o nematoide-re-
niforme é a detecção de massas de
Nematoide-reniforme - Rotylen-
ovos na superfície das raízes fibrosas
chulus reniformis
infectadas, pois as massas de ovos
O nematoide-reniforme é um ficam com o aspecto amarronzado
semi-endoparasita sedentário com devido à aderência do solo a estas.
uma extensa gama de hospedeiros. Em laboratório, o nematoide-renifor-
Nas últimas três décadas, este nema- me é melhor observado no sistema
toide foi considerado um importante radicular secundário, por meio de co-
patógeno da batata-doce, afetando o loração das raízes, onde se observa,
rendimento e a qualidade da cultura. externamente às raízes, o corpo da
fêmea em formato de rim. As mas-
Sintomas sas de ovos sujas de solo podem ser
visualizadas na parte posterior da fê-
O nematoide-reniforme pode
mea enquanto os juvenis estão nor-
causar danos sobre a batata-doce,
malmente presentes no solo ao redor
porém, os sintomas são difíceis de
das raízes das plantas infectadas.
distinguir daqueles causados por ou-
tros patógenos. O nematoide infecta Nematoide-das-lesões-radicula-
as raízes da batata-doce em qualquer res – Pratylenchus spp.
fase do desenvolvimento e não pro-
duz galhas ou outros sintomas dis- O nematoide-das-lesões-radicu-
tintos. No entanto, as raízes podem lares causa em batata-doce lesões es-
tornar-se mais curtas e apresentar curas ou podridão radicular. Nos Es-
menor número de raízes secundárias tados Unidos e no Brasil, P. brachyu-
em altas densidades populacionais. rus é a espécie de maior ocorrência.
Na estação de crescimento, as raízes Várias espécies de Pratylenchus têm
tuberosas atacadas podem tornar-se sido associadas à batata-doce no
necróticas. Os sintomas secundá- Japão, porém a principal espécie é
rios, resultantes de danos ao sistema P. coffeae (CLARK; MOYER, 1988).
radicular, incluem o amarelecimento
da folhagem e a murcha acentuada A gravidade do dano devido à
das plantas nas horas mais quentes penetração e à infecção por Pratylen-
do dia. As raízes de batata-doce pro- chus é favorecida por temperaturas
duzidas em solos infestados com o do solo entre 25 ºC a 30 ºC e teores
nematoide-reniforme tornam-se mui- de umidade do solo entre 60% e
tas vezes rachadas e distorcidas. 80%. Solos arenosos e adubação ni-

106
Capítulo 3 – Batata-doce

trogenada em excesso também agra- disso, as cultivares variam quanto a


vam os danos provocados. suscetibilidade a D. dipsaci.

Sintomas Belonolaimus longicaudatus

O nematoide causa pequenas Esta espécie é uma praga qua-


lesões necróticas na raiz que podem rentenária no Brasil e é causadora do
levar as plantas ao nanismo e a uma nanismo em plantas de batata-doce,
redução significativa na qualidade as quais podem morrer prematura-
das raízes tuberosas. mente e ocasionar baixos rendimen-
tos na cultura. As raízes severamen-
Fungos e bactérias secundárias
te afetadas ficam curtas e muitas ve-
podem invadir as lesões causadas
zes inchadas em suas extremidades.
pelo nematoide e aumentar o grau de
necrose das raízes. Inúmeras e pe- Paratrichodorus e Trichodorus
quenas lesões necróticas de colora-
ção preta a marrom também podem Os nematoides Paratrichodorus
ser observadas em raízes armazena- minor (Colbran) Siddiqi e Trichodorus
das, o que as tornam impróprias para spp. Cobb estão associados à cultura
a comercialização. da batata-doce. Esses nematoides
são ectoparasitas e são encontrados
Outras espécies de nematoides em solos arenosos em várias regiões
Ditylenchus dipsaci do mundo. Embora sejam mais pre-
judiciais em monocotiledôneas, seu
Raízes tuberosas infectadas por parasitismo incluem muitas dicotile-
D. dipsaci geralmente não se desen- dôneas.
volvem e quando abertas apresentam
coloração marrom a negra abaixo do Estes nematoides normalmente
córtex da periderme. Normalmente, se alimentam próximo às pontas de
o nematoide permanece confinado raízes e causam uma interrupção do
no tecido cortical afetado. Eventual- alongamento destas. Assim, os siste-
mente, toda a raiz torna-se apodreci- mas radiculares afetados se tornam
da, podendo ser invadida por patóge- encurtados e com menor número de
nos secundários. raízes secundárias. Além disso, as ra-
ízes tornam-se inchadas nas extremi-
Os danos são intensificados no dades e normalmente não há necrose.
armazenamento inadequado de bata-
ta-doce, em temperaturas de 22 ºC Outros gêneros de nematoides
a 27 ºC, que são superiores às re- têm sido associados com o nanismo
comendadas (13 ºC a 19 ºC). Além e a redução do vigor de plantas de

107
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

batata-doce no campo, porém, estes Fischer, Aphelenchus Bastian, Crico-


não foram suficientemente estudados nemoides Taylor, Hemicycliophora
de maneira a determinar sua influên- de Man, Longidorus (Micoletzky) Fi-
cia no crescimento e no rendimento lipjev, Paratylenchus Micoletzky, Ra-
da cultura. Nestes, incluem­‑se: Ho- dopholus Thorne, Tylenchus Cobb,
plolaimus von Daday, Helicotylen- Tylenchorhynchus Cobb e Xiphinema
chus spp. Steiner, Aphelenchoides (Cobb.) Inglis.

108
Capítulo 4
Beterraba

O
riginária da Europa, a beter- Pelo menos 29 espécies de ne-
raba (Beta vulgaris L.) é uma matoides pertencentes a 16 gêne-
raiz tuberosa pertencente ros do filo Nematoda são parasitas
à família Quenopodiaceae. Existem na cultura da beterraba açucareira
quatro biótipos de beterraba de im- e podem afetar a produção de be-
portância econômica significativa: a terraba para mesa (STEELE, 1991).
beterraba açucareira (Beta vulgaris As perdas na produção atribuída aos
var. maritima), utilizada para a extra- nematoides podem chegar a 100%,
ção de açúcar devido a altos teores dependendo do nível populacional da
de sacarose; a beterraba forrageira espécie presente, da suscetibilidade
(B. vulgaris var. rapa), cujas raízes e da cultivar e das condições ambien-
folhas são empregadas na alimenta- tais do local, como umidade, tempe-
ção animal; a beterraba de folhas ou ratura e tipo de solo.
acelga (B. vulgaris var. cicla), cujas
folhas são empregadas na alimenta- Existem outros nematoides
ção; e a beterraba hortícola (B. vul- com alto poder destrutivo para cul-
garis var. crassa, ex. B. vulgaris var. tivos de beterraba que ainda não fo-
canditiva), também conhecida como ram relatados no Brasil e, por isso,
beterraba vermelha ou beterraba de detêm o status de praga ausente. En-
mesa, cultivada no Brasil. tre estes destaca-se o nematoide-do-

109
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

-cisto, Heterodera schachtii Schmidt, A espécie M. chitwoodii Golden,


que causa danos severos à cultura, O’Bannon, Santo & Finley possui
principalmente em áreas com cultivos maior afinidade com a beterraba
de beterraba açucareira. A sua erra- açucareira em relação ao M. hapla
dicação de áreas infestadas é difícil, e é encontrada em várias regiões
pois tem a capacidade de permanecer produtoras dos Estados Unidos
viável no solo, na forma de cistos, por (STEELE, 1991).
longos períodos. Além disso, possui
elevado poder de reprodução na pre- Sintomas
sença de plantas hospedeiras.
Os principais sintomas são ga-
Outros nematoides de grande lhas na raíz principal ou galhas pro-
importância para a cultura e que são tuberantes nas raízes secundarias
ausentes no país são os falsos nema- (Figura 1A e B). As plantas mur-
toides-das-galhas, N. aberrans (Thor- cham durante o dia e os sintomas
ne) Thorne & Allen e N. dorsalis Thor- geralmente ocorrem em reboleiras
ne & Allen. Além disto, existem es- (Figura 2).
pécies dos gêneros Trichodorus Cobb
A B

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


e Longidorus (Micoletzky) Filipjev que
transmitem vírus a plantas de beterra-
ba como Tobacco rattle virus e Toma-
to black ring virus, respectivamente.

Nematoide-das-galhas – Meloi-
dogyne spp.

Das mais de 100 espécies des- C


critas de Meloidogyne, algumas pa-
rasitam a beterraba e são de impor-
tância econômica para a produção
da cultura. As mais importantes que
ocorrem no Brasil e podem causar
grandes perdas são: M. arenaria, M.
incognita, M. javanica e M. hapla,
que estão amplamente distribuídas
nas áreas produtoras dos Estados Figura 1. Sintomatologia em raízes de be-
Unidos (Steele, 1991), mas não são terraba infestadas por Meloidogyne sp.:
fatores importantes à produção, po- A - sintomas leves; B - sintomas severos
rém, causa danos em áreas produto- e C - fêmeas no interior dos tecidos das
ras de beterraba para mesa no Brasil. raízes da beterraba.

110
Capítulo 4 – Beterraba

Quando os níveis populacionais além disso, estes patógenos agra-


presentes estão altos, a planta não vam os prejuízos causados por ou-
consegue se desenvolver, produ- tros agentes patogênicos, tais como
zindo raízes pequenas para comer- Cercospora spp. Sacc. Rhizoctonia
cialização. Ao descascar as raízes, spp. D.C e viroses.
verificam-se fêmeas de coloração es-
branquiçada no interior dos tecidos Sintomas
(Figura 1C). Infestações de H. schachtii
podem ocorrer em 100% da área.
Quando ocorre de forma localizada,
Foto: Jadir Borges Pinheiro

pode formar reboleiras com formato


de circular a oval, onde o crescimen-
to das plantas é reduzido com sinto-
mas de clorose na parte aérea.

Em solo altamente infestado,


sintomas de tombamento podem
ocorrer e as plântulas podem morrer
antes mesmo de emergirem do solo.
Dependendo da infestação, pode
Figura 2. Sintomas em reboleira em
cultivo de beterraba infestado por
retardar o crescimento da cultura.
Meloidogyne spp. Mesmo com umidade adequada do
solo, as folhas das plantas infecta-
das geralmente murcham durante o
Nematoide-do-cisto-da-beterra- período quente do dia, com recupe-
ba-açucareira ração de sua turgescência durante
a noite. As folhas das plantas afe-
Na produção de beterraba açu- tadas podem permanecer verdes ou
careira no mundo o principal proble- apresentar pronunciado amareleci-
ma é a infestação da área de cultivo mento, dependendo da gravidade do
pelo nematoide-do-cisto Heterodera ataque. Apresentam geralmente raiz
schachtii Schmidt. Porém, é uma pivotante subdesenvolvida e forma-
espécie quarentenária para o Brasil. ção excessiva de raízes fibrosas, que
Esta espécie causa perdas de 25% a podem ter leve engrossamento com
50% ou mais, especialmente nos cli- lesões localizadas em locais de pene-
mas mais quentes ou quando ocorre tração do nematoide.
o plantio tardio da beterraba. As per-
das de açúcar na beterraba ocorrem No período de seis semanas
devido à redução do peso das raízes, após o plantio até a colheita, algu-

111
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

mas fêmeas adultas podem ser ob- No Brasil, as duas espécies


servadas presas às raízes da beterra- mais comuns são do gênero Paratri-
ba (Figura 1C). chodorus: P. minor (Colbran) Siddiqi
e P. porosus (Allen) Siddiqi.
Falso nematoide-das-galhas
Em relação ao gênero Longido-
Duas espécies do gênero Naco- rus (Micoletzky) Filipjev, as principais
bbus ocorrem em beterraba, produ- espécies de ocorrência em beterraba
zindo inchaços nas raízes. N. aber- são Longidorus attenuatus Hooper,
rans (Thorne) Thorne & Allen e N. L. elongatus (de Man) Micoletzky, L.
dorsalis Thorne & Allen são as prin- caespiticola Hooper e L. leptocepha-
cipais espécies do falso nematoide- lus Hooper.
-das-galhas, sendo que a primeira
causa maiores perdas econômicas. Estes nematoides são ectopara-
sitos migradores e os campos infes-
Sintomas tados podem apresentar manchas di-
fusas, em que as plantas apresentam
O falso nematoide-das-galhas porte reduzido e desuniformidade de
apresenta como principal sintoma estande. Também apresentam sinto-
galhas regulares em cadeia nas raí- mas de deficiência de nitrogênio ou
zes, podendo ser facilmente confun- de manganês.
dido com sintoma do nematoide-das­-
galhas. Após a penetração, infecção Trichodorus spp. Cobb e Para-
e progresso da doença, plantas para- trichodorus spp. Siddiqi alimentam-
sitadas apresentam nanismo, clorose -se na epiderme das raízes novas e
progressiva, murcha, e redução no causam a paralisação do crescimen-
número e tamanho das raízes. to apical, podendo ocorrer a morte
das raízes no início da fase de plân-
Nematoides do gênero Tricho- tula ou causar a formação de raízes
dorus e Longidorus laterais, que podem eventualmente
apresentar coloração marrom e mor-
As principais espécies de Tri- rer. Quando sobrevivem, as raízes
chodorus que ocorrem em cultivos engrossam e produzem sistema ra-
de beterraba são Trichodorus primi- dicular ramificado. Como o ataque
tivus (de Man) Micoletzky, T. viruli- concentra-se na parte apical das ra-
ferus Hooper, T. cylindricus Hooper, dicelas, o crescimento é paralisado,
Paratrichodorus anemones Loof, P. e as raízes mostram-se curtas e gros-
teres (Hooper) Siddiqi e P. pachyder- sas, sendo referidas como “stubby­-
mus (Seinhorst) Siddiqi. roots” ou raízes em coto.

112
Capítulo 4 – Beterraba

Tobacco rattle virus, transmi- tian, Belonolaimus gracilis Steiner,


tido por Trichodorus spp. Cobb, e Ditylenchus dipsaci (Kuhn) Filipjev,
Tomato black ring virus, transmitido Ditylenchus destructor Thorne, He-
por Longidorus spp. (Micoletzky) Fili- licotylenchus microlobus Perry, He-
pjev, estão associados a plântulas de licotylenchus dihystera (Cobb) Sher,
beterraba. Hemicycliophora similis Thorne, Ne-
otylenchus abulbosus Steiner, Para-
Outras espécies de nematoides
tylenchus projectus Jenkins, Praty-
Outras espécies de nematoi- lenchus scribneri Cobb, Radopholus
des podem atacar a cultura da be- similis (Cobb) Thorne, Rotylenchulus
terraba, porém, não são importantes reniformis Linford & Oliveira e Tylen-
para a cultura. Dentre eles desta- chorhynchus dubius (Buetschli) Fili-
cam-se: Aphelenchus avenae Bas- pjev.

113
Capítulo 5
Cará e inhame

O
inhame [Dioscorea spp.] é vido ao ataque dos nematoides, que
uma excelente fonte de car- continuam sua multiplicação.
boidrato, por isso possui ex-
trema importância econômica para Os principais nematoides cau-
os países Africanos, bem como para sadores de danos a cultura são re-
presentados pelo nematoide-da-cas-
algumas regiões da Ásia até a Índia,
ca-preta-do-inhame [Scutellonema
Japão e países do Caribe. No Brasil, é
bradys (Steiner; Lehew) Andrassy],
cultivado principalmente nas regiões
nematoide-das-lesões-radiculares
Nordeste e Sudeste, e se configura
(Pratylenchus spp.) e o nematoide-­
como excelente commodity para os
das-galhas (Meloidogyne spp.).
estados Nordestinos.
Nematoide-da-casca-preta-do­-
Durante o cultivo do inhame
inhame – Scutellonema bradys
inúmeros são os problemas fitossani-
tários, entre eles o ataque de pragas É considerado o de maior impor-
como lagartas e fungos, porém, os tância devido à sua ampla dissemina-
nematoides são os principais cau- ção e número de hospedeiros, além de
sadores de perdas para a cultura. continuar sua reprodução e multiplica-
Mesmo armazenadas, as túberas do ção nas túberas armazenadas, ocasião
inhame continuam a sofrer danos de- na qual pode ocorrer a maior taxa de

115
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

reprodução. As perdas na cultura do Na parte aérea da planta geral-


inhame podem variar de 20% a 30%. mente os sintomas são despercebi-
Machos são comuns na espécie e a dos, uma vez que são acentuados
reprodução se dá por anfimixia. apenas nas túberas.

Sintomas Nematoide-das-lesões-radicula-
res – Pratylenchus coffeae.
O principal sintoma devido ao
parasitismo dá-se com áreas necro- O nematoide-das-lesões-radicu-
sadas escuras por toda a túbera, em lares na cultura do inhame é repre-
geral estas áreas são profundas (1 sentando principalmente pela espécie
cm a 2 cm) com aspecto de podri- Pratylenchus coffeae (Zimmermann)
dão seca. Ao descascar o inhame, Filipjev & Schuurmans Stekhoven.
observa-se uma coloração creme a Todavia Pratylenchus brachyurus
amarelo clara logo abaixo da última (Godfrey) Filipjev & Stekhoven, pode
camada externa da túbera. Com o ocorrer causando danos a cultura.
passar do tempo e o progresso da do- Destaca-se a ocorrência de P. coffe-
ença, ocorre escurecimento interno ae juntamente a Scutellonema bra-
(lesões), podendo surgir rachaduras dys na mesma área de cultivo (Figu-
na parte externa da casca. O tecido ra 51). Embora haja o estabelecimen-
afetado abaixo da camada externa to de uma população sobre a outra.
torna-se escuro a preto, depreciando
toda túbera para a comercialização e Sintomas
o consumo (Figura 1).
Os sintomas são muito pareci-
dos com os causados pelo nematoide-
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

-da-casca-preta-do-inhame. Ocorrem
lesões escuras (pretas) e rachaduras.
Ao descascar o inhame nas camadas
abaixo da casca podem ser encon-
tradas lesões escuras que se tornam
esponjosas (Figura 2). Essa espécie
continua sua multiplicação e reprodu-
ção nas túberas armazenadas.

Nematoide-das-galhas – Meloi-
dogyne spp.
Figura 1. Sintomas em túberas de inha-
me causados pelo complexo Scutellone- Embora os dados relativos aos
ma bradys e Pratylenchus coffeae. danos causados pelo nematoide-das­­

116
Capítulo 5 – Cará e inhame
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 3. Sintomas em inhame causados
por Meloidogyne spp.
Figura 2. Sintomas em túberas de inha-
me causados por Pratylenchus coffeae.
das como Penicillium spp. Link, Mo-
nilia sp. Honey e Rhizopus nigricans
galhas na cultura do inhame sejam Ehrenberg. Em campo, pode haver o
poucos quando comparados com os aumento da incidência de Fusarium
outros nematoides descritos ante- sp. Link ex Grey, Sclerotium rolfssi
riormente, diversas espécies de Me- Sacc. e Rhizoctonia sp. D.C, os quais
loidogyne podem estar associados às podem contribuir para o rápido apo-
túberas de inhame, entre estas po- drecimento dos tecidos das raízes e
dem ocorrer Meloidogyne incognita, das túberas.
M. javanica e M. arenaria.
Outras espécies de nematoides
Sintomas
Outros nematoides podem
Ocorre deformação das túbe- ocorrer na cultura do inhame-cará,
ras, que ficam com um aspecto rugo- entretanto, os danos causados bem
so, o que reduz seu valor comercial como estudos da interação nematoi-
(Figura 3). de versus inhame necessitam ser elu-
cidados. Entre eles destacam-se He-
O nematoide destrói e reduz o licotylenchus dihystera (Cobb) Sher,
número de raízes secundárias impe- Rotylenchulus reniformis Linford &
dindo a absorção de nutrientes para Oliveira, Radopholus similis (Cobb)
a planta. Também com a infecção Thorne, Aphelenchoides besseyi
por Meloidogyne spp. outros fungos Christie e Paratrichodorus porosus
podem atacar as túberas armazena- (Allen) Siddiqi.

117
Capítulo 6
Cenoura

A
cenoura (Daucus carota L.) é dutores, sua contabilização torna-se
considerada uma das cinco difícil (SANTOS et al., 2015).
principais hortaliças consu-
midas pelo brasileiro, entretanto seu Dentre as principais característi-
consumo ainda é considerado bas- cas dos híbridos a serem desenvolvi-
tante baixo, cerca de 4,0 kg/habitan- dos pelos programas de melhoramen-
te/ano. to destacam-se a resistência a viro-
ses, bactérias e principalmente aos
Minas Gerais, Goiás, São Paulo, nematoides (Santos et al., 2015)
Paraná e Bahia são os grandes produ-
tores no país. No Brasil, as áreas de Os nematoides constituem um
produção, em municípios polos como dos principais problemas para o cul-
São Gotardo, MG, apresentam ren- tivo da cenoura em praticamente to-
dimento médio superior a 50 caixas das as regiões do mundo. As perdas
de 29 kg por hectare. Em lavouras de variam de 20% até 100%, depen-
alta tecnologia, a média pode superar dendo da densidade populacional, da
a 90 caixas de 29 kg. Nos plantios suscetibilidade da cultivar, da espé-
de baixa tecnologia pelo país, para cie de nematoide, do tipo de solo e
consumo nas propriedades ou comer- das condições ambientais (tempera-
cialização em feiras de pequenos pro- tura e umidade relativa).

119
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

Os nematoides causam grandes dias após a emergência, os danos em


perdas em cultivos de cenoura, pois regra são muito mais severos quando
reduzem a quantidade e a qualidade comparados com uma fase posterior.
do produto colhido. Em certas cir- O principal sintoma em plantas
cunstâncias, a perda de peso nas ra- infectadas na fase inicial, aos 25 a
ízes não é tão significativa quanto às 35 dias após a semeadura, é o ama-
alterações no formato, visto que esta relecimento foliar em consequência
parte da planta sofre alterações físicas da localização de galhas no prolonga-
e químicas em resposta ao ataque dos mento da raiz principal, que obstruem
nematoides, com interferência direta a absorção de água e de nutrientes
na classificação comercial do produto. do solo, principalmente o nitrogênio.
Além disso, é possível observar na
Nematoide-das-galhas – Meloi- lavoura regiões com reboleiras, apre-
dogyne spp. sentando plantas menores em relação
às demais (Figura 1). Assim, os sinto-
No Brasil, os danos mais signi-
mas devido ao ataque dos nematoide
ficativos em cultivos de cenoura são
em cenoura podem ser variáveis (Fi-
resultantes do ataque do nematoide-
guras 2 e 3).
-das-galhas, geralmente Meloidogy-
ne incognita e M. javanica, que são É importante salientar que
as espécies com maior distribuição outros fatores como solo compacta-
na cultura, embora outras espécies do e insetos de solo também podem
como M. hapla e M. arenaria sejam provocar má formação da raiz prin-
identificadas em áreas isoladas de cipal. Todavia, a presença de galhas
cultivos de cenoura pelo país. nas raízes é um indicativo de que o
nematoide-das-galhas é o causador
Sintomas da doença.
O principal sintoma resultante da Outras espécies de nematoides
alimentação dos nematoides nas raízes
de cenoura é a formação de galhas, Pratylenchus brachyrus Godfrey)
também chamada de “pipocas”, além Filipjev & Stekhoven, Helicotylenchus
de alterações no comprimento e no di- dihystera (Cobb) Sher, Rotylenchulus
âmetro da raiz principal. Também ocor- reniformis Linford & Oliveira, Scu-
rem como sintomas característicos tellonema spp. (de Germani, Baldwin,
bifurcações na cenoura, conhecidas Bell & Wu), Tylenchorhynchus Cobb
como “gancho” por alguns produtores. e Mesocriconema Andrassy podem
estar associados a cultura da cenou-
Quando ocorre o ataque do ra, porém, os danos e a interação ne-
nematoide-das-galhas na cultura da matoide versus planta necessitam de
cenoura em fases iniciais, até os 35 estudos mais aprofundados.

120
Capítulo 6 – Cenoura

A B

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 1. Falhas no estande de cenoura cultivadas com 35 dias após o plantio (A)
e detalhe das galhas nas raízes de plântulas de cenoura infectadas pelo nematoide­
das-galhas (B).

Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 2. Variação sintomatológica


em raízes de cenoura infectadas por
Meloidogyne incognita e M. javanica.

121
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 3. Sintomas em raízes de cultivares de cenoura infectadas pela mistura po-


pulacional de Meloidogyne incognita e M. javanica: A - Roxa Cosmic e B - Vermelha
Atomic.

122
Capítulo 7
Mandioquinha-salsa

O
cultivo de mandioquinha­ - tendência de crescimento, e no Norte
salsa (Arracacia xanthorrhi- e Nordeste é quase desconhecida.
za Bancr.) representa uma
Dentre os problemas fitossa-
ótima alternativa para pequenos e
nitários da cultura, destacam-se os
médios produtores, especialmente
nematoides, sendo que no Brasil, os
agricultores familiares, em função
mais comuns em mandioquinha-salsa
da considerável demanda por mão-
são o nematoide-das-galhas e o ne-
de­-obra, principalmente nas fases de
matoide-das-lesões-radiculares, per-
preparo de mudas, plantio e colheita,
tencentes aos gêneros Meloidogyne
operações que exigem critério e ca-
e Pratylenchus, respectivamente.
pricho no manuseio.
Dentre os nematoides do gê-
A mandioquinha-salsa atinge ele- nero Meloidogyne, verifica-se com
vadas cotações e a oscilação de pre- maior frequência a ocorrência das
ços é relativamente pequena ao longo espécies M. incognita e M. javani-
do ano quando comparada a outras ca. Em relação aos nematoides do
hortaliças. O consumo de mandioqui- gênero Pratylenchus, as espécies
nha-salsa é comum nas regiões Su- mais frequentes na cultura são P. pe-
deste e Sul. No Centro-Oeste, seu netrans, P. coffeae e P. brachyurus
consumo ainda é pequeno, mas existe (Godfrey) Filipjev & Stekhoven.

123
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

Estes patógenos de solo podem principais e laterais, além de defor-


reduzir a quantidade e a qualidade do mação e alteração na superfície das
produto colhido, com interferência raízes. Nesta cultura, além da forma-
direta na classificação comercial do ção de galhas, outro sintoma típico é
produto, podendo afetar até 100% a grande proporção de raízes longo­
da produção. afinadas, conhecidas como raízes
“palito” ou “rabichos” (Figura 1).
Vale salientar que nos últimos
anos Scutellonema bradys tem apa- Em determinadas situações, o
recido com frequência em áreas de grande número de galhas e a não for-
produtores da região do Distrito Fe- mação de raízes que se apresentam
deral causando prejuízos. em formato de palito, altera drastica-
mente a qualidade do produto bem
Nematoide-das-galhas - Meloi-
como a produção colhida (Figura 2).
dogyne spp.
Plantas de mandioquinha-sal-
As espécies de nematoide-das­
sa infectadas por estes nematoides
galhas M. incognita (LORDELLO; ZA-
também se tornam pequenas, com
MITH, 1960) e M. hapla (LORDELLO,
intenso amarelecimento aéreo e pou-
1970) já foram encontradas em ma-
teriais de mandioquinha-salsa prove- co crescimento, semelhante a plan-
nientes de São Paulo e Minas Gerais. tas com sintomas de deficiência mi-
Outras espécies como M. javanica, neral (Nozaki; Campos, 1991).
M. arenaria e M. ethiopica tem ocor- Cultivares suscetíveis favo-
rido em áreas de produção. recem a alta multiplicação dos
Sintomas nematoides na área de cultivo por
apresentarem ciclos vegetativos de-
Na cultura da mandioquinha- masiadamente longos em relação a
-salsa, as alterações na qualidade outras espécies de hortaliças. Tal
das raízes, na maioria das vezes, são fato possibilita maior número de ge-
mais importantes que a redução da rações de nematoides por ciclo de
produtividade. As raízes infectadas cultura, aumentando a população
apresentam menor tamanho e ficam do patógeno e as perdas, devido à
com a aparência comprometida por produção de raízes com baixo valor
defeitos, reduzindo drasticamente comercial (Santos; Silva, 1984).
seu valor comercial em virtude de al-
terações físicas (aparência) e quími- Nematoide-das-lesões-radicula-
cas (nutricionais). res – Pratylenchus spp.

Os sintomas típicos da doença O nematoide-das-lesões-radi-


são a presença de galhas nas raízes culares, Pratylenchus penetrans, foi

124
Capítulo 7 – Mandioquinha-salsa

A B

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 1. Galhas em raízes de mandioquinha-salsa causadas por Meloidogyne
incognita: A - galhas e B - galhas e formação de raízes palito.

relatado causando danos em mandio-


Foto: Jadir Borges Pinheiro

quinha-salsa em raízes provenientes


de Embú-Guaçu no estado de São
Paulo (Monteiro, 1980).

Em 1999, espécies de nema-


toides-das-lesões-radiculares, como
P. coffeae (Zimmermann) Filipjev
& Schuurmans Stekhoven e P. bra-
chyurus (Godfrey) Filipjev & Stekho-
ven foram constatados em lavouras
de mandioquinha-salsa nos municí-
pios de Domingos Martins, Marechal
Floriano e Vargem Alta, no estado do
Figura 2. Perdas na colheita de mandio- Espírito Santo, causando elevadas
quinha-salsa devido à grande infestação perdas na produção de raízes comer-
em campo causadas por Meloidogyne
ciais (Costa et al., 1998, 2000).
incognita.

125
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

Posteriormente, em 2001, P. Ao cortar as raízes, observa-se


penetrans foi relatado no municí- no cilindro central um anel escureci-
pio de Castro, no estado do Paraná do devido à destruição da lamela mé-
(Mendes et al., 2001). dia das células parasitadas, com con-
sequentes alterações bioquímicas no
Dessa maneira, sabe-se que em interior das raízes (Figura 4). Com o
cultivos de mandioquinha-salsa as processamento das raízes em labora-
espécies P. penetrans, P. coffeae e tório, observam-se formas vivas do
P. brachyurus podem ocorrer em di- nematoide que estavam presentes
ferentes regiões do país. no interior do tecido parasitado.

Sintomas Nematoide-da-casca-preta-do­
inhame – Scutellonema spp.
O principal sintoma da infec-
ção pelo nematoide-das-lesões-ra- Nos últimos 5 anos, a presença
diculares é a presença de lesões de de Scutellonema em mandioquinha­
coloração avermelhada nas raízes, salsa em áreas de produtores do Dis-
que com o passar do tempo evoluem trito Federal referente ao S. bradys
para coloração marrom escuro a pre- tem sido frequente. Na literatura, as
ta. Com o progresso da doença, as informações relativas à interação e à
raízes tornam-se apodrecidas. ocorrência de Scutellonema em man-
dioquinha-salsa são escassas.
Os sintomas na parte aérea não
são característicos, porém, incluem Sintomas
o nanismo, clorose e outros sinto-
Os sintomas provocados por
mas associados à deficiência nutri-
Scutellonema em mandioquinha-sal-
cional (Roberts; Mullens, 2002).
sa são diferentes dos sintomas de
Estes sintomas podem se manifestar Pratylenchus. Inicialmente, ocorrem
na forma de reboleiras com manchas pequenas depressões com manchas
características em determinados (pontos) de coloração avermelhada
pontos da lavoura. ao longo da raiz, ficando com um as-
pecto de ‘ralada’. Ao descascar as
Nas lesões das raízes doentes
raízes, na camada interna observa-se
podem ocorrer também rachaduras,
uma descoloração dos tecidos, que
geralmente longitudinais, que são
se tornam manchados de branco e
porta de entrada para bactérias, que
amarelo mais escuro.
aceleram o apodrecimento e tornam
as raízes sem valor comercial (Figu- Com o progresso da doença e
ra  3) (Costa et al., 2000). multiplicação dos nematoides, estas

126
Capítulo 7 – Mandioquinha-salsa

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


Figura 3. Sintomas em raízes de mandioquinha-salsa devido à infecção pelo nema-
toide-das-lesões-radiculares (Pratylenchus sp.).

lesões tornam-se escuras a pretas e,


Foto: Jadir Borges Pinheiro

em casos extremos, ocorre uma po-


dridão seca das raízes (Figura 5).

Outras espécies de nematoides


Outros nematoides podem estar
associados a cultura da mandioqui-
nha-salsa, porém, os danos e a inte-
ração entre o nematoide e a cultura
Figura 4. Anel escurecido no cilindro necessitam de estudos mais aprofun-
central devido à destruição da lamela dados. São estes: Hemicycliophora
média das células parasitadas por Pra- de Man, Helicotylenchus dihystera
tylenchus sp., com consequentes alte- (Cobb) Sher, Rotylenchulus reniformis
rações bioquímicas no interior das raízes Linford & Oliveira, Tylenchorhynchus
de mandioquinha-salsa.
Cobb e Mesocriconema Andrassy.

127
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos

Figura 5. Sintomas em raízes de mandioquinha-salsa devido à infecção por


Scutellonema bradys.

128
PARTE 5
Hortaliças não convencionais
ou tradicionais

Hortaliças não convencionais ou tradicionais são espécies de plantas


que ainda não receberam a devida atenção por parte da comunidade técnico-
científica e da sociedade como um todo, resultando em consumo restrito a al-
gumas localidades ou regiões, com dificuldades de expansão para as demais
regiões do país. Além disso, são culturas que não estão organizadas enquan-
to cadeia produtiva propriamente dita, não despertando o interesse por parte
de empresas de sementes, fertilizantes ou agroquímicos (MANUAL..., 2010).

129
Capítulo 1
Peixinho, coentrão, macaia,
chuchu de vento e bertalha

O
cultivo de hortaliças não con- Em relação às doenças, es-
vencionais ou tradicionais no tas hortaliças geralmente são afe-
Brasil é feito normalmente tadas por nematoides, podendo ser
por agricultores familiares, muito de- consideradas, em determinadas si-
les caracterizados como populações tuações, ótimas hospedeiras como
tradicionais. A maioria dos cultivos exemplo: peixinho (Stachys lanata
está estabelecida nos quintais para o Jacq.), coentrão (Eryngium cam-
consumo da própria família, sem ne- pestres L.), jacatupé [Pachirhyzus
nhum fim comercial, apesar de algu- tuberosus (Lam.) Spreng], chuchu-­
mas espécies possuírem grande ape- de-vento [Cyclanthera pedata (L.)
lo comercial, por exemplo, inhame Schrader] e bertalha (Basella rubra
[Dioscorea spp. (L.)] e maxixe (Cucu- L.). Estas se destacam como meios
mis anguria L.) (MANUAL..., 2010). de disseminação de nematoides para
Entretanto, estas espécies locais de outras áreas.
hortaliças tradicionais necessitam de
estudos a respeito de sua propaga- O principal nematoide de ocor-
ção, de seu consumo, bem como de rência nas hortaliças tradicionais é
seu comportamento em relação às representado pelo nematoide-da­ -
doenças. galhas, que se multiplica com rapi-

131
PARTE 5 - Hortaliças não convencionais ou tradicionais

dez, podendo inviabilizar áreas para ros são escassos, razão pela qual se
plantios subsequentes. Também faz necessária a realização de pes-
pode haver o ataque de nematoide­- quisas visando à implementação e ao
das-lesões-radiculares (Pratylenchus manejo de práticas consistentes para
spp.), bem como do nematoide-da-­ reduzir ou erradicar a ação destes pa-
casca-preta-do-inhame (Scutellone- tógenos.
ma bradys). Entretanto, a ocorrência
maior e os danos são representados Sintomas
por Meloidogyne.
Os principais sintomas do
Nematoide-das-galhas – Meloi- ataque do nematoide-das-galhas é o
dogyne spp. grande número de galhas nas raízes
causadas pela alimentação e pela pe-
Em hortaliças tradicionais, as netração no sistema radicular destas
principais espécies de Meloidogyne hortaliças (Figura 1). Na parte aérea
que ocorrem nestas culturas são M. pode ocorrer o amarelecimento das
incognita, M. javanica e M. arenaria. folhas e o ataque geralmente apre-
Porém, os estudos sobre a interações senta, como consequência, as rebo-
destas espécies com estes hospedei- leiras.

A B C
Foto: Jadir Borges Pinheiro

D E F
Figura 1. Nematoid­es-
das-galhas em hortaliças
não convencionais: A -
peixinho (Stachys lana-
ta); B - coentrão (Eryn-
gium campestres); C e
D - jacatupé (Pachirhyzus
tuberosus); E - chuchu­
-­­­­­de-vento (Cyclanthera
pedata) e F - bertalha
(Basella rubra).

132
PARTE 6
Amostragem para diagnose de
nematoides em cultivos
de hortaliças
O correto diagnóstico da espécie de nematoide envolvida é feito pela
análise de amostras de solo e de raízes em laboratório especializado, visando
conhecer as densidades populacionais destes organismos no solo, na fase de
pré-plantio e nas fases posteriores de desenvolvimento da cultura. Com isso,
pode-se preventivamente reduzir os prejuízos antes do plantio, bem como
amenizar as perdas em caso de o nematoide já estar instalado na lavoura.

Dessa maneira, nos próximos capítulos são apresentados os métodos


relativos à coleta de amostras tanto de solo quanto de parte dos vegetais com
o objetivo de identificar os possíveis ataques promovidos pelos nematoides.

133
Capítulo 1
Coleta de amostras de solo

N
a coleta de amostras de solo de solo homogeneizado. A amostra
para análise, pequenas por- composta deve ser identificada e en-
ções, em torno de 200 g, de- viada para um laboratório especiali-
verão compor cada amostra simples. zado. Para áreas extensas e irregu-
Recomenda-se coletar de 15 a 20 lares, é recomendável a sua divisão
amostras simples (subamostras) por em quadrantes e a retirada de uma
hectare (Figura 1). À medida que se amostra composta por quadrante.
caminha em zig-zag pela área suspei-
ta, as subamostras de solo deverão Caso não seja possível enviar
ser coletadas em profundidade de as amostras no mesmo dia, estas de-
20 cm a 30 cm ao redor das plantas vem ser armazenadas e mantidas em
e, posteriormente, homogeneizadas. temperaturas entre 10 °C e 15 °C,
Em seguida, a amostra composta é ou deixadas à sombra para que não
formada adicionando-se em saco de ocorra o ressecamento, que dificulta
polietileno, cerca de 400 g a 500 g o correto diagnóstico em laboratório.

135
Ilustração: Vanessa Reyes
PARTE 6 - Amostragem para diagnose de nematoides em cultivos de hortaliças

Figura 1. Esquema de amostragem em áreas cultivadas com cenoura suspeitas de


contaminação por fitonematoides.

136
Capítulo 2
Coleta de amostras de partes vegetais

P
ara a coleta e o envio de par- a amostra composta, que deverá ser
tes vegetais para um labora- colocada em um saco plástico com a
tório especializado, algumas identificação da área. Deve-se evitar
amostras de raízes, bulbos, túberas umidade em excesso para que não
e/ou tubérculos (3 a 5) e em torno haja a proliferação de fungos e apo-
de 100 g de radicelas deverão com- drecimento das amostras.
por cada amostra simples. Deve-se
coletar em torno de 8 a 10 amostras Também, é importante lembrar
simples (subamostras) por hectare. que as amostras com imperfeições
A coleta realizada em canteiros de- nas raízes, galhas e ou protuberân-
verá ser feita arrancando-se até 10 cias, lesões escuras, rachaduras e
plantas por m2 de alguns pontos do murchamento na parte aérea devem
canteiro, procedendo-se à coleta de ser escolhidas preferencialmente. No
solo no local em que as plantas fo- caso da cultura do alho (Allium sati-
ram arrancadas e descartando-se a vum L.) e da cebola é recomendável
camada dos 5 cm a 10 cm de solo a coleta da parte aérea. Se houver
superficial. Em seguida, estas amos- plantas daninhas na área, é reco-
tras devem ser homogeneizadas e re- mendado que se retire e se verifique
tiradas cerca de 3 a 5 raízes, bulbos, os sintomas nas raízes. Além disso,
túberas e/ou tubérculos para formar também é recomendável a coleta

137
PARTE 6 - Amostragem para diagnose de nematoides em cultivos de hortaliças

destas plantas principalmente se a ao acaso a cada mil mudas. Estas de-


área estiver limpa e sem algum cul- vem ser acondicionadas e enviadas a
tivo. um laboratório para análise.

É importante lembrar que no Caso não seja possível enviar


caso do nematoide-das-galhas a iden- estas amostras rapidamente, estas
tificação geralmente é feita com a fê- devem ser guardadas em ambien-
mea adulta, que se encontra alojada te frio entre 8 ºC e 10 ºC, para que
no interior das raízes. não ocorra o ressecamento, o que
dificulta o correto diagnóstico labo-
Em caso de viveiros de produção ratorial.
de mudas, deve-se coletar 10 mudas

138
PARTE 7
Manejo de nematoides
em hortaliças

Na prática, o controle dos nematoides em hortaliças não é tarefa


fácil. Isso porque esses micro-organismos são habitantes de solo onde, sob
condições favoráveis de temperatura e umidade, multiplicam-se com rapidez
e ficam protegidos da ação de substâncias tóxicas presentes nos agrotóxicos
ou produzidas por organismos antagônicos.

Além disso, para a maioria das hortaliças cultivadas o cultivo é intensivo


ao longo do ano e a sucessão de culturas suscetíveis pelo horticultor faz com
que o problema se agrave ano a ano. Outro ponto importante é que grande
parte dos produtores de hortaliças sobrevivem de plantios em pequenas áreas,
não dispondo de outras áreas para plantio durante a rotação de culturas.

Dessa maneira, para seu controle, é de grande importância a integração


de várias medidas que vão desde a escolha da área de plantio, das mudas até
a colheita. Dentre estas medidas, as principais são: utilização de cultivares
resistentes, prevenção, rotação de culturas, alqueive, uso de plantas
antagonistas, eliminação de restos culturais e tigueras, eliminação de plantas
daninhas, utilização de matéria orgânica como a manipueira, solarização,
variedades resistentes, controle biológico e, em último caso, recomenda-se o
controle químico.

139
Capítulo 1
Hortaliças folhosas e frutos

P
revenção praticamente impossível. Dessa for-
ma, os métodos usuais de controle
A prevenção é sempre a me- têm como objetivo principal reduzir
lhor forma de controle de patógenos ou manter as densidades populacio-
de solo, em especial os nematoides. nais dos nematoides em níveis bai-
Devido ao fato de os nematoides se xos, que não causem perdas econô-
moverem lentamente no solo, oca- micas (Charchar, 1999).
sião em que a distância percorrida
por eles, ao ano, provavelmente, não A utilização de jatos fortes de
exceda uns poucos metros (AGRIOS, água para remoção de solo aderido
2005), sua principal forma de disse- a máquinas e implementos antes da
minação é passiva, por meio da mo- entrada em outras áreas é eficiente
vimentação do solo, água da chuva medida para evitar disseminação des-
ou irrigação e mudas contaminadas. tes patógenos por meio de partículas
de solo aderidas aos pneus e demais
A prevenção preserva a área de partes do maquinário. Também deve
cultivo livre desses patógenos pois, se ter o cuidado na obtenção de mu-
uma vez introduzidos na proprieda- das isentas destes patógenos (Figu-
de, o produtor terá que conviver com ra 1), realizar amostragem sempre
o problema, já que sua erradicação é que for fazer o plantio em novas e/

141
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

fácil, pois M. incognita e M. javanica


Foto: Jadir Borges Pinheiro

apresentam mais de 1.000 espécies


de plantas hospedeiras conhecidas.
Meloidogyne incognita, por exemplo,
possui quatro raças (1, 2, 3 e 4), que
são caracterizadas por atacar diferen-
tes espécies de plantas. Rotacionar
cultivos de hortaliças com culturas
que não hospedem um determinado
Figura 1. Produção de mudas de pimen- patógeno tem como finalidade a elimi-
tão em bandejas suspensas.
nação total ou parcial destes organis-
mos pela subtração do seu alimento.
ou outras áreas e se informar sobre o
histórico da área, quais espécies ve- Assim, em áreas infestadas
getais foram cultivadas anteriormen- pela espécie M. javanica, sugere-se
te ao plantio, dentre outras medidas. a rotação com sorgo [Sorghum bico-
lor (L.) Moench.], mamona (Ricinus
Rotação de culturas communis L.), milheto [Pennisetum
glaucum (L.) R. Brown] e cultivares
A rotação de culturas é uma das de milho (Zea mays L.) resistentes a
práticas mais importantes e efetivas esta espécie (Figura 2).
na redução de patógenos de solo em
uma propriedade, inclusive os nema- Plantas da família Brassicaceae,
toides. A tarefa, entretanto, não é tão como couve-chinesa (Brassica rapa

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 2. Rotação de culturas com gramíneas para o manejo do nematoide-da­


s-
galhas (Meloidogyne spp.): A - milheto e B - milho.

142
Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos

L. subsp. chinensis), mostarda-preta cultivares de milho podem reduzir a


[Brassica nigra (L.) Kosh] e repolho população de Meloidogyne spp. e de
(Brassica oleracea L. var. capitata) Rotylenchulus reniformis Linford &
apresentam bons níveis de tolerância Oliveira e aumentar a de P. brachyu-
ao nematoide-das-galhas. A mostar- rus (Godfrey) Filipjev & Stekhoven.
da (Sinapis alba L.), tolerante a M. in-
cognita e M. javanica, também pode Em relação ao nematoide-reni-
viabilizar os cultivos subsequentes forme, R. reniformis, a rotação de cul-
de hortaliças (Charchar, 1999). turas pode ser útil no seu manejo em
coentro, melancia e em outras cucur-
É importante escolher a espécie bitáceas. Plantas não hospedeiras,
e a cultivar correta para plantio em como crotalárias e cravo-de­ defunto,
sucessão ao cultivo de hortaliças, quando incorporadas em esquemas de
pois existem outras espécies de ne- rotação no sistema de cultivo de hor-
matoides, como Pratylenchus spp., taliças que são hospedeiras desta es-
que podem tornar-se grave problema pécie, podem auxiliar na redução dos
em algumas hortaliças, como toma- níveis populacionais desse patógeno.
te, pimentão dentre outras, elevando
seus níveis populacionais durante o Alqueive
ciclo vegetativo destas hospedeiras.
Outra prática cultural de grande
Espécies deste gênero apresentam
importância é o alqueive, que cons-
menor número de plantas hospedei-
titui em manter o terreno limpo sem
ras em relação ao nematoide-das-
a presença de culturas ou plantas
-galhas. Entretanto, multiplicam-se e
daninhas. O solo permanece sem
aumentam seus níveis populacionais
vegetação por determinado período,
de forma rápida em algumas espé-
mediante a adoção de práticas como
cies de gramíneas como capim-jara-
capinas manuais, arações, gradagens
guá [Hyparrhenia rufa (Ness) Stapf.],
e aplicação de herbicidas (Figura 3).
capim-colonião (Panicum maximum
Jacq.) e braquiárias [Brachiaria spp. Resultados de ensaios de pes-
(Trin.) Griseb], com danos expres- quisa demonstram redução acima de
sivos quando o cultivo de algumas 75% da população de nematoides­-
hortaliças, como tomate, pimentão, das-galhas no campo durante os dois
mandioquinha-salsa (Arracacia xan- primeiros meses de alqueive e menos
thorrhiza Bancr.), batata-doce [Ipo- de 10% de sobrevivência após três
moea batatas (L.) Lam.] e batata meses (Santos, 2004; Dutra et
(Solanum tuberosum L.), é realizado al., 2006). O alqueive reduz a popula-
em áreas que foram utilizadas como ção não só dos nematoides­das-galhas,
pastagens. E é fato que algumas como de outras espécies destes para-

143
Foto: Jadir Borges Pinheiro
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

Figura 3. Alqueive reduz a população de nematoides pela falta de alimentação e


exposição destes organismos aos raios solares.

sitos pela ação dos raios solares. A luz dem sobreviver no solo por pelo menos
solar apresenta efeito nematicida de- 6 meses em temperaturas variando
vido à fração ultravioleta do espectro. de -4 °C a 25 ºC (Heald; Inserra,
A eficiência do alqueive vai depender 1988). Assim, a utilização de alqueive
de sua duração, da temperatura e como medida de controle não pode ser
da umidade do solo, e da espécie de considerada uma opção viável para
nematoide envolvida. É recomendável este caso.
deixar certo nível de umidade no solo
Vale lembrar que o alqueive é
(alqueive úmido) (DUTRA et al., 2006),
uma prática que possui o inconve-
que permite a eclosão dos juvenis e o
niente do custo de manter o solo
movimento destes. Com esta movi-
limpo por determinado tempo, com
mentação, os espécimes consumirão
redução de lucro para o produtor e o
mais suas reservas energéticas e mor-
favorecimento de erosões em regiões
rerão por inanição.
onde ocorrem chuvas elevadas.
Em hortaliças cujo nematoide­- Uso de plantas antagonistas
reniforme causa problemas, o manejo é
dificultado porque persistem por longos O plantio de plantas antagonis-
períodos no solo sem um hospedeiro. tas causa redução dos níveis popula-
Estádios móveis de R. reniformis po- cionais de nematoides em diferentes

144
Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos

culturas. Crotalárias (Crotalaria spec- talárias, as células gigantes foram


tabilis Roth), C. juncea L.), cravo-de­- menores e em menor número quando
defunto (Tagetes patula L.) T. minuta comparadas com as raízes de toma-
L., T. erecta L. e mucunas [Mucuna teiro infectadas por M. javanica. Isto
aterrima (Piper & Tracy) Holland] são evidencia que, C. spectabilis e C.
exemplos de plantas antagonistas juncea são menos eficientes em su-
que são utilizadas com sucesso no prir as necessidades do nematoides
controle de nematoides. Merece des- em relação ao tomateiro suscetível.
taque o fato de que a mucuna-preta
[M. aterrima (Piper & Tracy) Holland] Segundo os autores, estas ob-
tem comprovada eficácia para M. in- servações podem explicar o lento
cognita, mas não funciona para M. ja- desenvolvimento de M. javanica nas
vanica. Para o controle das espécies raízes das crotalárias devido à inefi­
de Pratylenchus as opções são meno- ciência das células gigantes forma-
res. Neste caso, indica-se apenas o das em relação às formadas nas raí-
plantio de C. spectabilis e de cravo­- zes de tomateiro.
de-defunto. Outro ponto que deve ser leva-
do em consideração é que as crota-
As plantas antagonistas podem
lárias produzem substâncias tóxicas,
permitir a invasão de nematoides, po-
como a monocrotalina, que inibe o
rém, não permitem seu desenvolvi-
movimento dos juvenis. Assim, é re-
mento até a fase adulta. Em trabalho
comendável seu cultivo até aproxi-
realizado por Silva et al. (1990), os
madamente 80 dias, seguidos da in-
autores realizaram estudos histopato-
corporação da massa verde, pois se
lógicos em raízes de Crotalaria spec-
deve evitar o início da floração para
tabilis e C. juncea, parasitadas por
não dificultar o processo de decom-
M. javanica, e demonstraram que o
posição pela formação de alto volu-
nematoide provoca a formação de cé-
me de materiais fibrosos.
lulas gigantes em ambos hospedeiros.
No caso do cravo-de-defunto,
Entretanto, na comparação ocorre liberação de exsudatos radi-
com raízes de tomateiro cultivar Ru- culares que possuem ação tóxica so-
tgers infectadas pela mesma espécie bre os nematoides. Esta planta libera
de nematoide, foi observado que nas uma substância tóxica aos nematoi-
crotalárias as células gigantes apre- des denominada de α-tertienil.
sentaram citoplasma mais denso, de
aspecto granuloso, com menor nú- As plantas antagonistas, cro-
mero de núcleos e, em muitas delas, talárias e mucunas, podem ser utili-
ausência de grandes vacúolos. Nas zadas como cultura de cobertura ou
raízes destas duas espécies de cro- serem incorporadas ao solo na forma

145
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

de adubo verde, com melhoria tam- lizar os métodos usuais de controle,


bém nas condições físicas e químicas considerando que os nematoides alo-
do solo por torná-lo mais friável e des- jados nos restos de raízes nas áreas
compactado estruturalmente, e pela de plantio tornam-se protegidos da
incorporação de fertilizantes naturais. ação de nematicidas e outros agen-
tes físicos e biológicos de controle.
No caso de cravo-de-defunto,
Nos sistemas radiculares que fi-
apesar do seu potencial efeito nemati-
cam no solo, o nematoide-das-galhas
cida, esta planta não constitui adubo
sobrevive principalmente na forma
verde e as sementes comerciais para
de ovos, que ficam protegidos dentro
aquisição são adquiridas em envelo- da massa de ovos aderidas às fême-
pes com pequenas quantidades. Por- as no interior das raízes ou mesmo
tanto, em determinas situações, prin- externamente ao sistema radicular.
cipalmente para pequenas áreas con-
taminadas, seu uso pode ser viável. Dessa maneira, o ideal é a re-
tirada de todo sistema radicular de
Eliminação de restos culturais e plantios anteriores e efetuar a des-
tigueras truição destes restos, principalmente
dos sistemas radiculares. Evitar tam-
Não é recomendada a manuten- bém a utilização de tutoramento com
ção e a incorporação de restos cultu- restos de culturas é fundamental
rais e tigueras infectados por nema- para que não ocorra infestação por
toides na área cultivada, por inviabi- nematoides na área (Figura 4).

A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 4. Restos de culturas: A - cultivo protegido com pimentão e B - restos de


raízes e caule de tomateiro em área infestada com Meloidogyne spp. aproveitadas
como tutoramento para o plantio de pepino, prática errônea.

146
Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos

Eliminação de plantas daninhas viola [Ipomoea nil (L.) Roth], capim­-


gordura (Melinis minutiflora Beav.) e
A eliminação de plantas dani-
beldoegra (Portulaca oleracea L.) são
nhas na safra e entressafra impede
boas hospedeiras de P. brachyurus
o aumento e a manutenção do nema-
toide nas áreas cultivadas. Por exem- (Godfrey) Filipjev & Stekhoven (Man-
plo, carrapicho-rasteiro [Acanthos- so et al., 1994), enquanto falsa-­
permum australe (Loefl.) Kuntze], serralha (Emilia fosbergii Nicolson)
picão-preto (Bidens pilosa L.), ca- e juá-bravo (Solanum sisymbrifolium
pim-marmelada [Brachiaria plantagi- Lam.) são boas hospedeira dos ne-
nea (Link.) Hitch], capim-carrapicho matoides-das-galhas (Charchar,
(Cenchrus echinatus L.), corda-de­ - 1999) (Figura 5).

A B

Fotos: Jadir Borges Pinheiro


C D E

Figura 5. Raízes de plantas daninhas infectadas por Meloidogyne spp.: A - beldoegra


(Portulaca oleraceae); B - caruru (Amaranthus hybridus var. patulus [Bert.] Thell.);
C - mentrasto (Ageratum conyzoides L.); D – joá-de-capote [Nicandra physaloides L.
(Pers.)] e E – erva-de-macaé (Leonorus sibiricus L.).

147
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

As plantas daninhas são exce- como a contaminação de manan-


lentes formas de disseminação e de ciais de água pelo ácido cianídrico
sobrevivência destes nematoides. devem ser destacados. Outro ponto
Embora os estudos sobre a hospeda- importante é que a manipueira pode
bilidade em plantas daninhas sejam ser aplicada via irrigação por goteja-
poucos, sabe-se que em áreas infes- mento, lembrando-se sempre de coar
tadas por nematoides a proliferação bem a solução para que não ocorra o
destas plantas daninhas dificulta entupimento das mangueiras.
bastante o manejo que o produtor irá
adotar, por exemplo, o uso do alquei- Utilização de matéria orgânica
ve e de cultivares resistentes a mé-
A utilização de matéria orgâni-
dio prazo é inviabilizado na presença
ca funciona como condicionador do
destas hospedeiras.
solo, favorecendo suas propriedades
Uso da manipueira físicas, além de contribuir para o for-
necimento de determinados nutrien-
Na composição da manipueira, tes, como nitrogênio. As plantas são
resíduos do processamento da man- favorecidas em relação ao ataque
dioca de fábricas de farinha, são en- dos nematoides pelo seu crescimen-
contrados macro e micronutrientes, to mais vigoroso. Ademais, a maté-
além de glicosídeos cianogênicos, ria orgânica estimula o aumento da
principalmente linamarina, que quan- população de micro-organismos de
do hidrolisada libera o gás cianeto,
tóxico às mais variadas formas de
vida, incluindo os nematoides (Pon-

Foto: Jadir Borges Pinheiro


te, 2001).

A manipueira (Figura 6) apre-


senta eficiência para o controle de
nematoides, sendo a dose geral-
mente utilizada no campo de 4,0 L a
50% (2,0 L de manipueira + 2,0 L
de água) por metro quadrado, ou 2,0
L de manipueira a 50% por metro de
sulco de plantio (Ponte, 2001).

Porém, os estudos sobre os


Figura 6. Manipueira. Resíduos da pro-
efeitos da manipueira para hortaliças dução de farinha de mandioca utilizadas
são escassos, e os cuidados com a para o manejo de nematoides em solos
fitotoxicidade nestas plantas, bem infestados.

148
Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos

solo, em especial de inimigos natu- nas áreas, em razão do alto custo do


rais dos nematoides, além de liberar plástico.
substâncias nematicidas com sua de-
composição. Esta prática consiste em cobrir
o solo úmido com uma camada de
Resíduos de plantas da fa- lona transparente, geralmente de po-
mília das brássicas, como repolho lietileno (25 µm a 50 µm), permitin-
(Brassica oleracea L. var. capitata), do a entrada dos raios solares, que
couve-flor (Brassica oleracea L. var. promovem o aquecimento do solo
botrytis), couve (Brassica oleracea nas camadas mais superficiais. Este
L.), brócolis dentro outras, sorgo aquecimento reduz significativamen-
[Sorghum bicolor (L.) Moench.], nim te a população dos nematoides e
(Azadirachta indica Juss.), mucunas de outros patógenos do solo, além
[Mucuna aterrima (Piper & Tracy) de promover um controle parcial de
Holland], bagaço de cana de açúcar, plantas daninhas.
palha de café, torta de mamona, ma-
nipueira (resíduos do processamento A eficiência e a temperatura
da mandioca), feijão-de-porco [Ca- do solo reduzem com a profundida-
navalia ensiformis (L.) DC.], tagetes de, mas efeitos positivos são obtidos
(Tagetes spp. L.) e esterco bovino com a cobertura do solo por um pe-
são exemplos de materiais orgâni- ríodo de 3 a 8 semanas, condições
cos. Seu uso tem sido explorado na em que a temperatura do solo chega
agricultura orgânica e é recomenda- a atingir de 35 °C a 50 °C até os
do para a exploração de pequenas 30 cm de profundidade, dependendo
áreas. A compostagem, principal- do tipo de solo. Esta prática também
mente para os estercos de animais, pode ser adotada nas reboleiras iden-
deve ser feita em áreas novas de tificadas e em estufas na entressafra.
cultivo, pois estes materiais podem
constituir-se como fonte de disse- Cultivares resistentes
minação de fitopatógenos, inclusive
A utilização de cultivares resis-
nematoides na forma de ovos.
tentes para o manejo de nematoides
Solarização em hortaliças é uma das práticas
mais importantes para o controle
A solarização tem sido empre- destes patógenos (Figura 7). Cultiva-
gada na desinfestação de solos com res resistentes eliminam o uso de ne-
altas populações de nematoides, maticidas, os quais podem oferecer
principalmente em regiões quentes e riscos à saúde humana, são de custo
de alta radiação solar. É uma prática relativamente elevado, além de poluir
com maior viabilidade para peque- o meio ambiente.

149
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

A B C
Fotos: Jadir Borges Pinheiro

Figura 7. Cultivares de hortaliças desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças com tole-


rância ao nematoide-das-galhas: A - pimenta cultivar BRS Sarakura; B - tomateiro
cultivar BRS Nagai e C - cenoura cultivar Brasília.

Em tomateiro (Solanum lyco- de tomateiro e em outras espécies


persicum L.), a resistência aos ne- cultivadas. Contudo, essa resistência
matoides-das-galhas foi identificada pode ser ineficaz em temperaturas
há mais de 60 anos em um acesso elevadas do solo (acima de 30 ºC),
de tomateiro selvagem Solanum pe- e muitas vezes não conferem resis-
ruvianum (L.) Mill. (PI 128657). Na tência a populações geograficamente
ocasião, o gene relatado denominado isoladas do nematoide.
de gene Mi (Watts, 1947).
Vale ressaltar que apesar da
O gene Mi apresenta oito ale- existência de cultivares de tomateiros
los (Mi1 a Mi8), sendo que o alelo resistentes, as espécies de nematoi-
Mi1 é o mais usado nos cruzamen- des-das-galhas prevalecentes no Bra-
tos com cultivares comerciais de sil ainda causam prejuízos à cultura.
Solanum lycopersicum. Cultivares Em tomateiro para processamento
de tomateiro portadoras do gene Mi industrial no Brasil, cuja totalidade
com resistência a M. incognita, M. são híbridos importados, a grande
javanica e M. arenaria devem ser uti- maioria disponível são resistentes,
lizadas sempre que disponível, pois mas algumas espécies e raças de
este gene limita a reprodução destas Meloidogyne possuem a habilidade
espécies de Meloidogyne em plantas de “quebrar” a resistência conferi-

150
Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos

da pelo gene Mi, como exemplo M. de resistência. Esse fenômeno tem


enterolobii, com disseminação por ocorrido geralmente 12 horas após
praticamente todo território brasilei- a tentativa de estabelecimento do
ro e responsável por danos em di- nematoide no interior da raiz (Dro-
versas culturas, principalmente em pkin, 1969).
cultivares de tomateiro portadoras
do gene Mi. Assim, faz-se necessário pros-
seguir na busca de novas fontes de
As cultivares de tomate ‘Débo- resistência a espécies de Meloidogy-
ra Plus’ e ‘Débora VFN’ (para mesa), ne que infectam tomateiros no Brasil.
‘BRS Sena e ‘Viradoro’ (para proces- Na avaliação de 83 acessos e três
samento industrial) são exemplos de cultivares (‘Rossol’, ‘Tospodoro’ e
cultivares com resistência a M. incog- ‘Anahu’) de tomateiro (Solanum sec-
nita raça 1 e M. javanica. Contudo, ção Lycopersicon) em casa-de-vege-
são suscetíveis a M. enterolobii. Esta tação para resistência a M. entero-
espécie apresenta ampla polifagia e lobii, realizada pela Embrapa Horta-
comportamento altamente agressivo liças, foi observado que os acessos
para a maioria das espécies oleríco- ‘CNPH-0854’, ‘CNPH-1510’, ‘CNPH-
las quando comparada com as duas 0378’, ‘Rossol’ (com o locus Mi) e
espécies prevalecentes no país (M. ‘CNPH-0969’ foram resistentes a M.
incognita e M. javanica). enterolobii, enquanto ‘CNPH-1543’
foi altamente resistente. Todos os
Existem relatos de populações demais acessos testados apresenta-
de M. enterolobii causando danos ram elevada suscetibilidade à espé-
em plantas resistentes a outras es- cie inoculada.
pécies de Meloidogyne, como o to-
mate ‘Rossol’, a soja ‘Forest’ e a ba- A confirmação de acessos de
tata-doce ‘CDH‘ no Oeste da África. tomateiro apresentando níveis ele-
Dessa forma, M. enterolobii constitui vados de resistência a M. enterolobii
séria ameaça para plantio de toma- abre a perspectiva de descobertas de
teiro no Brasil. novos genes (ou alelos) de resistên-
cia em Solanum (secção Lycopersi-
Em plantas portadoras do gene con) (Pinheiro et al., 2009a).
Mi é a reação de hipersensibilidade
(RH) que provoca mudanças histo- Existem algumas cultivares e
lógicas, como a morte celular pró- híbridos de tomateiro industrial de di-
xima ao sítio de infecção do juvenil ferentes empresas, a maioria impor-
de segundo estádio de Meloidogyne tadas, que estão sendo plantadas ou
spp. desencadeando o mecanismo que se encontram em fase de testes

151
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

com relação à resistência a princi- É importante dar seguimento


pais espécies de nematoide-das-ga- a programas de melhoramento que
lhas prevalecentes no país. Porém, buscam por fontes de resistência
as especificações de resistência não a Meloidogyne spp. devido ao apa-
são tão claras em relação às espé- recimento de algumas espécies de
cies e raças em que as cultivares são nematoide-das-galhas, como M. en-
resistentes, indicando apenas que a terolobii.
resistência contempla nematoides ou
designa a espécie sem identificar que Em cucurbitáceas, existem al-
tipo de raça é contemplada. guns resultados no Brasil que de-
monstraram que a abóbora Goia-
Na cultura do tomateiro, ape- ninha, o melão redondo amarelo, a
sar da maioria das cultivares comer- melancia Charleston Gray e a Bucha
ciais apresentarem resistência ao apresentam resistência a M. incogni-
nematoide-das-galhas, por serem ta (Franco et al., 2008).
portadoras do gene Mi, destaca-se a
Entretanto, existem divergên-
importância de se manter essa carac-
cias nos resultados em relação a
terística em cultivares lançadas cons-
outros e estes ainda são inconclusi-
tantemente por empresas e também
vos. A Embrapa Hortaliças trabalha
agregar outras características de
na busca por fontes de resistência
interesse em cultivares comerciais,
ao nematoide-das-galhas em melão
como resistência a outras doenças. (Cucumis melo L.) e abóboras em
Dessa maneira, na avaliação de 25 acessos dos bancos ativos de ger-
linhagens de tomateiro para o seg- moplasma, com o intuito de desen-
mento indústria, pertencentes a 10 volver porta-enxerto resistente ao
progênies do programa de melhora- nematoide-das-galhas. Empresas do
mento da Embrapa Hortaliças, foi ob- setor privado e algumas instituições
servado que as linhagens 629(F7)Mi, públicas também têm buscado alter-
640(F7)Mi, 512(OP)PST e 512(OP) nativas como a utilização de porta­-
Mi comportaram-se como resistentes enxerto de pepino com resistência ao
a M. incognita raça 1. Já as linha- nematoide-das-galhas.
gens 634(F7), 640(F7)Mi, 647(F7)
Mi 554(F8), 551(F8), 548(OP)Mi, A busca por porta-enxertos re-
536(F9), 512(OP)PST e 512(OP)Mi sistentes de cucurbitáceas se deve
apresentaram reações de resistên- ao fato de que em ambiente prote-
cia à M. javanica (PINHEIRO et al., gido os problemas de contaminação
2009b), demonstrando a importân- por patógenos de solo são cada vez
cia da incorporação do gene Mi nos mais difíceis de solucionar por meio
programas de melhoramento. de métodos tradicionais de controle,

152
Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos

o que tem levado produtores a aban- Em melancia, pesquisas de-


donarem suas áreas devido à alta monstraram que as cultivares de me-
suscetibilidade de plantas pertencen- lancia Crimson Sweet, Charleston
tes a esta família. Gray, Sugar Baby e Omaru Yamato
e os acessos MO-1, MO-2, MO-3 e
A utilização de porta-enxertos MO-4 foram resistentes a R. renifor-
resistentes, além de reduzir a inci- mis (Torres et al., 2008). Por outro
dência de outros patógenos de solo lado, alguns trabalhos afirmam que
como fungos e bactérias, também a melancia é uma boa hospedeira
diminuem os níveis populacionais de de R. reniformis, embora sem desig-
Meloidogyne presentes. nar quais as cultivares (Robinson
et al., 1997). Torres et al. (2005;
No Brasil, alguns produtores de
2006) afirmaram que a cultivar de
pepino japonês já utilizam a enxertia
melancia Sugar Baby é suscetível a
como uma alternativa de produção,
este nematoide. Diante destes resul-
reduzindo as perdas ocasionadas por
tados, faz-se necessária a realização
fungos de solo e por nematoides,
de estudos adicionais.
pois melhoram a qualidade visual dos
frutos. Ensaios de casa-de-vegetação
indicaram que espécies silvestres de
Vale salientar que plan- pepino apresentaram resistência a
tas da família das cucurbitáceas algumas espécies de Meloidogyne.
são comumente enxertadas, pois O pepino africano (Cucumis metuli-
apresentam características morfofi- ferus E. Mey. ex Naud.) é altamente
siológicas que possibilitam a técnica resistente a M. hapla, M. incognita,
(Peil, 2003). M. javanica e M. arenaria, porém, as
tentativas de desenvolver híbridos in-
O uso de cultivares resistentes
terespecíficos entre o pepino africa-
de melancia é o método mais eco-
no e Cucumis spp. não apresentaram
nômico e eficiente, entretanto, resis-
sucesso. Resistência à M. javanica e
tência ao “complexo Meloidogyne”
M. arenaria raças 1 e 2 foi verificada
não é encontrada nas cultivares de
em Cucumis sativus var. hardwickii
melancia disponíveis no Brasil. Deve
linha LJ 90430 (Robison; Decker­
ser levado em conta, ainda, que a re-
Walters, 1996). Cultivares resis-
sistência é espécie-específica e mes-
tentes ao “complexo Meloidogyne”
mo raça-específica. Por exemplo, a
estão sendo desenvolvidas em ou-
cultivar Charleston Gray é suscetível
tros países.
a M. incognita raças 1, 2, 3 e 4, a
M. javanica e M. arenaria, porém, Em maxixe (Cucumis anguria L.),
é resistente a M. hapla (Taylor; fontes de resistência a M. incognita
Sasser, 1978). e M. arenaria também foram identifi-

153
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

cadas e em algumas espécies selva- Em berinjela e jiló, apesar da im-


gens de Cucumis (THIES, 1996). portância do nematoide-das-galhas,
os bancos ativos de germoplasma
Em estudo para verificar a re- destas culturas ainda não foram devi-
ação de 21 cultivares de melão e damente avaliados em relação à resis-
linhagens na Flórida, nenhuma culti- tência às principais espécies de Me-
var comercial de melão e linhagens loidogyne spp. Fontes de resistências
que foram utilizadas no ensaio apre- economicamente importantes ao ne-
sentaram resistência (THIES, 1996). matoide-das-galhas foram identifica-
O pepino africano (Cucumis metuli-
das em algumas espécies selvagens
ferus E. Mey. ex Naud.) é altamen-
de berinjela, tais como S. stramoni-
te resistente a M. hapla, M. incog-
folium Jacq., S. khasianum Clarke,
nita, M. javanica e M. arenaria, mas
S. torvum S.W. e S. sisymbriifolium
as tentativas de desenvolver híbri-
Lam. (Daunay; Dalmasso, 1985;
dos interespecíficos cultivados com
Ali et al., 1992; Di Vito et al., 1992;
Cucumis spp. falharam. Resistência
Boiteux; Charchar, 1996). Ge-
à M. javanica e M. arenaria raças 1 e
nes de resistência de amplo espectro
2 foi verificada em Cucumis sativus
contra espécies do nematoide-das­
var. hardwickii linhagem LJ 90430.
galhas são de extrema importância,
Pepinos resistentes a essas espécies
especialmente em áreas tropicais,
ou raças atualmente estão sendo de-
senvolvidas em outros países. onde as infestações múltiplas de solos
com distintas espécies de Meloidogy-
Em hortaliças folhosas, a busca ne é uma condição prevalecente (Mai,
por fontes de resistência na cultura 1985).
da alface (Lactuca sativa L.) tem sido
objeto de estudo de alguns pesquisa- Vale destacar que contribui-
dores nas últimas décadas, devido a ções no sentido de identificar fontes
sua importância no manejo dos ne- de resistência em jiló e berinjela são
matoides. Apesar de existir pouca in- importantes, pois uma vez o nema-
formação sobre a resistência à infec- toide-das-galhas introduzido e disse-
ção entre variedades de alface, ge- minado em áreas de produção, sua
ralmente as alfaces do tipo crespas erradicação é praticamente impossí-
tendem a apresentar maior tolerância vel. Nesse sentido, a Embrapa Horta-
que as alfaces do tipo lisas. No caso liças tem desenvolvido alguns traba-
da cultura da alface, a resistência é lhos na busca por fontes de resistên-
monogênica e dominante, apesar de cia ao nematoide-das-galhas em jiló
ser descrito o gene Me não se sabe e berinjela, porém, os resultados até
qual é o mecanismo de resistência, o presente momento são prelimina-
se morfológico ou fisiológico. res, sendo necessária a avaliação de

154
Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos

maior número de genótipos do banco outras variedades de pimenta resis-


de germoplasma. tentes no futuro próximo.
No mundo, pesquisas com Para a cultura do quiabeiro
plantas de pimentões e pimentas vi- [Abelmoschus esculentus (L.) Moen-
sando resistência ao nematoide-das­­­­­­ ch.], o desenvolvimento de cultiva-
­­
galhas têm sido realizadas desde res resistentes aos nematoides deve
1956 (Hare, 1956). Existem algumas
ser uma preocupação de importância
cultivares resistentes a uma ou mais
nos programas de melhoramento,
espécies de nematoide-das-galhas. A
pois, o alto grau de suscetibilidade
resistência em cultivares de pimenta
do quiabeiro faz deste uma cultura
é atribuída a único gene dominante,
o gene N. Cultivares que expressam indicadora de solos infestados por
o gene N são resistentes às raças de nematoides.
M. arenaria e M. javanica, bem como
Entretanto, não existem culti-
a todas as quatro raças de M. incog-
vares comerciais de quiabeiro com
nita, mas são suscetíveis a M. hapla.
tolerância ou resistência ao nematoi-
No caso das pimentas, dentre de-das-galhas, portanto, todas são
as principais demandas levantadas altamente suscetíveis e com capaci-
pelos produtores, extensionistas e dade para elevar os níveis populacio-
pesquisadores no Brasil destaca-se nais de juvenis no solo em apenas
o desenvolvimento de cultivares de um ciclo da cultura.
pimenta com resistência a doenças
(Reifschneider; Ribeiro, 2008). Controle biológico
O melhoramento de Capsicum
Vários organismos presentes
visando resistência a nematoides
no solo são parasitos de nematoi-
tem papel importante no seu mane-
des, principalmente fungos e bacté-
jo. Nesse contexto, a Embrapa Hor-
rias, que são os mais promissores
taliças vem trabalhando desde 2008,
em seu banco de germoplasma, na organismos de utilização no controle
busca por fontes de resistência ao biológico. Existem fungos que pro-
nematoide-das-galhas. Os resultados duzem armadilhas que capturam os
obtidos até o momento são bastante nematoides, denominados de fungos
promissores, com detecção de fontes predadores. Estes organismos tem
de resistência a algumas espécies de sido alvo de estudos realizados por
Meloidogyne em cultivares lançadas algumas instituições públicas e priva-
e perspectivas de lançamentos de das no país.

155
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

A bactéria Pasteuria penetrans nas condições brasileiras devido à


é um parasito obrigatório de várias utilização indiscriminada de nematici-
espécies de Meloidogyne. Produtos das em áreas produtoras. Esta utiliza-
biológicos já existem no mercado ção de nematicidas permite que quan-
com diferentes agentes de biocon- tidades significativas lixiviem pelo
trole (Figura 8), e se espera que em solo, podendo contaminar lençóis
futuro não muito distante sejam am- freáticos que, em muito dos casos,
plamente utilizados pelos agriculto- são fontes de água para o consumo
res como tecnologia incremental na humano e animal.
integração das medidas de controle
de nematoides em área com cultivos Em terrenos com alta popula-
de hortaliças. ção de nematoides, após vários culti-
vos de plantas suscetíveis, pode ser
Controle químico necessária a aplicação de nematici-
das, visando à redução da população
No caso de hortaliças exsitem
em curto prazo. Recomenda-se, nes-
poucos produtos registrados no Mi-
nistério da Agricultura, Pecuária e te caso, para maior eficiência, que a
Abastecimento (MAPA, 2016). Po- aplicação de produtos seja integrada
rém, as perdas de produção induzidas com outras medidas de manejo, e
pela infecção pelo nematoide-das­ - sob a supervisão próxima de um en-
galhas são geralmente subestimadas genheiro agrônomo.
Além disso, o uso de nematici-
Foto: Jadir Borges Pinheiro

das atualmente em hortaliças, além


de ser oneroso e não apresentar re-
gistro para a maioria das culturas, é
ambientalmente incorreto e não se
enquadra dentro do contexto de sus-
tentabilidade nos dias atuais. Outro
fator importante é que a maioria das
hortaliças, principalmente as folho-
sas, apresentam ciclos curtos e são
consumidas in natura, o que aumen-
ta os riscos de contaminação com
Figura 8. Colônias de Paecilomyces lila- resíduos pelo consumidor. Não deve
cinus em meio de cultura. Fungo utiliza- ser negligenciado o fato de que são
do como agente de biocontrole a nema- produtos altamente tóxicos ao ho-
toides. mem e ao ambiente.

156
Capítulo 2
Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos

P
revenção são de ocorrência em países vizinhos
do Brasil como Argentina, Venezue-
No caso da cultura da bata- la, Peru, Colômbia, Chile, Equador e
ta (Solanum tuberosum L.), o uso de Bolívia, representando sérios riscos
batata-semente certificada, livre de de introdução no Brasil (Santos,
nematoides fitoparasitos, é essencial 2003; Silva; Santos, 2007).
para manter este grupo de patóge-
no fora da área de cultivo. Com isso, A não constatação destes nema-
reduz-se drasticamente a possibilida- toides no Brasil e a facilidade com que
de de se introduzir na lavoura tanto se disseminam por meio de tubércu-
nematoides já presentes no Brasil, los infestados ou solo aderente a eles
mas principalmente os nematoides fazem com que o exame da batata
quarentenários, pois estes apresen- importada seja cuidadosamente cer-
tam alto risco de introdução em caso tificadas por autoridades competen-
de desvio de batata-consumo, even- tes para tal. Órgãos governamentais
tualmente importada, para uso como como a Embrapa Quarentena Vegetal
batata-semente. Apesar de quarente- e o Mapa funcionam como barreira
nários, os nematoides formadores de à introdução de novos patógenos no
cistos, falso nematoide-das-galhas e país, por meio de análises nematoló-
o nematoide-da-podridão-da-batata, gicas e determinação de medidas de

157
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

quarentena aplicadas ao germoplas- Em relação a mandioquinha-


ma proveniente do exterior (Tenen- -salsa, os produtores utilizam como
te; Manso, 1983). prevenção antes do plantio o trata-
mento das mudas, que são lavadas
Mesmo fazendo-se o uso de ba-
primeiramente em água corrente
tata-semente de boa qualidade, de-
para retirada do excesso de impure-
ve-se evitar o plantio em épocas em
zas e imersas por 10 min em solução
que ocorram temperaturas elevadas
de água sanitária a 10% (0,2% de
e chuvas, pois a maioria das espé-
hipoclorito de sódio) (SANTOS; MA-
cies de ocorrência no país se multipli-
DEIRA, 2008). Após esse tratamen-
ca bem nestas condições. Tecnica-
to, as mudas são enxaguadas para
mente, o ideal é que o plantio ocorra
retirada do excesso de cloro e secas
em épocas mais secas e frias (plantio
ao ambiente, antes de se iniciar o
de inverno). Plantios realizados em
corte final para preparo das mudas.
climas mais favoráveis ao patógeno,
embora economicamente possam ser Tem-se preferido trabalhar com so-
desejáveis, requerem cuidados espe- lução de água sanitária a 5% (0,1%
ciais para evitar que perdas econô- de hipoclorito de sódio) por 10 min,
micas ocorram, além da infestação para maior segurança, a fim de evitar
indesejável das áreas. a queima dos brotos das mudas.

A semeadura de cenoura em No caso de pré-brotação de


solo não contaminado é uma medida mudas em água, deve-se atentar
desejável. Porém, os solos cultivados para a sua qualidade, devendo estar
com cenoura também são intensiva- isenta de contaminação por solo com
mente plantados com outras culturas nematoides. No caso do pré-enraiza-
que geralmente são suscetíveis ao mento em canteiros, atenção espe-
ataque de nematoides, por exemplo, cial ao histórico de cultivo na área
a cultura da beterraba. dos canteiros (Figura 1).

A B
Fotos: Nuno Rodrigo Madeira

Figura 1. Tratamento e produção de mudas de mandioquinha-salsa: A - tratamento


de mudas e B - obtenção de mudas em areia esterelizada.

158
Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos

A utilização de semente certi- para a cultura é a termoterapia, que


ficada, no caso da cebola, e bulbi- é realizada pela imersão de túberas-
lhos, no caso do alho (Allium sati- sementes em água quente, que
vum L.), isentos do nematoide, bem provoca a redução das populações
como o plantio em solos não infes- de S. bradys nas túberas infectadas.
tados são medidas preventivas de Temperaturas entre 50 ºC a 55 ºC
extrema importância. Outra medida por um período de 40 min apresenta
preventiva de eficácia no controle efeito sobre os níveis populacionais
de nematoides na cultura do alho é de S. bradys sem danificar as túbe-
o plantio obtido por meio de cultura ras (Kwoseh et al., 2002). O tempo
de meristemas. Vale destacar as me- de duração do tratamento não deve-
didas quarentenárias, como o refor- rá ultrapassar 40 min, pois poderá
ço ao intercâmbio de material sadio haver redução da brotação, como
de alho e a realização de análises em também da produção.
material recém-chegado ao Brasil de
outros países, evitando os riscos de Rotação de culturas
introdução de outras raças biológicas
deste parasita no país. A rotação de culturas é uma
das práticas mais importantes e efe-
Para a cultura da batata-doce tivas na redução dos nematoides em
[Ipomoea batatas (L.) Lam.], o uso uma propriedade.
de mudas não infectadas ou ramas
de batata-doce no transplantio para Para a cultura da batata, as gra-
o campo é essencial. O corte das ra- míneas são recomendadas em rota-
mas bem acima da linha do solo re- ção com batata para o controle de
duz muito as chances de transmissão vários patógenos de solo, como os
do nematoide-das-galhas, bem como agentes causadores da murchadeira,
de outras pragas de solo. da rizoctoniose, das podridões mo-
No caso da cultura do inhame les e das sarnas. Porém, gramíneas
[Dioscorea spp. (L.) ], também deve como milho (Zea mays L.), milheto
se ter o cuidado na obtenção de tú- [Pennisetum glaucum (L.) R. Brown]
beras isentas destes patógenos. Tú- e sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moen-
beras com escurecimento superficial ch.] são excelentes multiplicadores
na camada interna devem ser evi- de Pratylenchus brachyrus, que é
tadas. Entretanto, é recomendável uma importante espécie para a cultu-
que seja feita a análise em laborató- ra da batata, responsável por causar
rio de túberas destinadas ao plantio. danos em diferentes regiões de culti-
Outra medida preventiva utilizada vo no Brasil.

159
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

É importante escolher a espécie Para a cenoura, rotacionar a cul-


e a cultivar correta para plantio em tura com culturas que não hospedam
sucessão ao cultivo da batata, pois o nematoide-das-galhas contribui para
existem outras espécies de nematoi- a morte destes organismos por falta
des, como Pratylenchus spp., que de alimento. Entretanto, é importante
podem elevar seus níveis populacio- salientar que produtores da região de
nais durante o ciclo vegetativo des- Irecê, BA, uma das maiores regiões
tas hospedeiras, tornando-se sério quentes produtoras desta raiz, tem
problema quando a cultura da batata feito rotações erradas em suas áre-
voltar a ser plantada. Espécies des- as, gerando aumento na população
te gênero apresentam menor número de nematoides presentes. Geralmen-
de plantas hospedeiras em relação te, os produtores utilizam em rotação
ao nematoide-das-galhas. Entretan- culturas como beterraba, feijão, cebo-
to, multiplicam-se e aumentam seus la, melancia e tomate, todos excelen-
níveis populacionais de forma rápida tes hospedeiros do nematoide.
em algumas espécies de gramíneas,
como capim-jaraguá [Hyparrhenia Uma excelente opção utilizada
rufa (Ness) Stapf.], colonião (Pani- nesta região em rotação de culturas
cum maximum Jacq.) e braquiárias com a cenoura é o cultivo do capim­
[Brachiaria spp. (Trin.) Griseb], com elefante (Pennisetum purpureum
danos expressivos quando o cultivo Schum.), milheto [Pennisetum glau-
de batata é realizado em áreas que cum (L.) R. Brown], sorgo [Sorghum
foram utilizadas como pastagens. E é bicolor (L.) Moench.] e braquiárias
fato que algumas cultivares de milho (Brachiaria decumbens Stapf e B. ru-
podem reduzir a população de Meloi- ziziensis Germain et Evrard). No caso
dogyne spp. e de Rotylenchulus reni- de alta infestação e da disposição de
formis Linford & Oliveira, no entanto,
mais área para o plantio, realizar a ro-
podem aumentar a de P. brachyurus.
tação com gramíneas por no mínimo
A rotação de culturas para 2 anos, enquanto utilizam outra área
evitar a multiplicação de Globode- para o plantio, é importante medida
ra rostochiensis e G. pallida (Stone) de manejo. Além disso, essas gramí-
Behrens nos países de sua ocorrência neas são excelentes fontes para ali-
é viável, mas o longo período neces- mentação do gado e de outros ani-
sário para o replantio da batata tor- mais na região, que é compreendida
na a prática antieconômica. Plantas por cerca de mais de 4,0 mil peque-
hospedeiras não devem ser introdu- nos produtores.
zidas na área infestada por um perío-
do de 3 anos, no mínimo (Tenente; Para a cultura do inhame, Silva
Manso, 1983). et al. (2014) avaliaram o efeito da

160
Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos

sucessão de culturas durante 2 anos com alho ou cebola por quatro anos,
sobre uma população mista de S. como milho em campos infestados,
bradys e P. coffeae. No primeiro ano apresenta ótimos resultados.
os tratamentos foram compostos por
parcelas cultivadas com Brachiaria Alqueive
humidicola (Rendle) Schweick., Ca-
O alqueive para o contro-
navalia ensiformis, Crotalaria juncea,
le de nematoides em hortaliças raí-
C. ochroleuca, C. spectabilis, Digita-
zes, tuberosas e bulbos é o mesmo
ria decumbens (capim-pangola), Ipo-
procedimento recomendado para as
moea batatas (cultivar Sergipana),
hortaliças folhosas e frutos, portanto
Manihot esculenta Crantz (cultivar
encontra-se descrito no capítulo 26.
Rosinha), Pennisetum purpureum
(cultivar Roxo), Phaseolous lunatus Uso de plantas antagonistas
L. (cultivar Branca), Phaseolus vul-
garis L. (cultivar Mulatinho), Vigna Na região andina do Peru, plan-
unguiculata (cultivar Corujinha), Zea tas como canola (Brassica napus L.)
mays (cultivar BR 106) e Dioscorea e mostarda (Sinapis alba L.) têm sido
cayenensis (inhame-da-Costa). Ao utilizadas como supressoras para
final do ciclo das culturas foram ava- Meloidogyne spp. e Pratylenchus
liadas as amostras de solo e de raízes spp. na cultura da batata (Solanum
em relação à população de nematoi- tuberosum L.). Quando se incorpora
des e, em seguida, cultivados o inha- a parte aérea destas plantas, com
me durante um período de 9 meses. a decomposição, ocorre liberação
Observaram que a maior produção de substâncias que são tóxicas aos
de túberas sadias foi constatada nas nematoides. Estas substâncias apre-
parcelas cultivadas previamente com sentam propriedades similares ao
Crotalaria spp. e P. lunatus. Dessa nematicida metham sodium (Scur-
maneira, os autores concluíram que rah, 2008). Demais informações
o plantio dessas espécies vegetais e, sobre a utilização de plantas anta-
principalmente de C. spectabilis, em gonistas encontram-se descritas no
área com população mista das duas capítulo 1.
espécies de nematoides, é uma tec-
nologia viável de controle do nema- Eliminação de restos culturais e
toide-da-casca-preta do inhame. tigueras

Vale salientar que apesar de D. A remoção de tubérculos de ba-


dipsaci possuir grande número de ra- tata, raízes de cenoura, batata-doce
ças, pode ser controlado por rotação e mandioquinha-salsa, bulbos de alho
de culturas. Esta prática em áreas e cebola, e túberas de inhame infec-

161
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

tados após a colheita também é prá- hortaliças cultivadas encontra-se no


tica que contribui para redução dos capítulo 1.
níveis populacionais antes do próxi-
mo plantio. Estes devem ser retira- Variedades resistentes
dos da área, amontoados e secados A utilização de variedades re-
para finalmente serem queimados. sistentes constitui, juntamente com
as práticas culturais citadas anterior-
Eliminação de plantas daninhas
mente, uma prática de grande rele-
e remanescentes
vância para o controle de nematoides.
A eliminação de plantas rema-
Para a cultura da batata, o me-
nescentes de cebola ou alho após a
lhoramento visando à resistência a
colheita e plantas daninhas hospe-
nematoides tem papel importante no
deiras como a serralha (Sonchus ole-
seu manejo. Infelizmente, ainda não
raceus L.) é necessária para garantir
é conhecida fonte de resistência em
a eficiência de um sistema de rota-
batata aos nematoides-das-galhas e
ção de culturas na cultura do alho e
das lesões-radiculares no país. A cul-
cebola.
tivar Achat apresentou tolerância à
Ademais, a importância das M. incognita e M. javanica, e durante
plantas daninhas como agente disse- o período de crescimento desta cul-
minador e multiplicador para cultivos tivar as raízes apresentam aumento
de hortaliças encontra-se descrita no na dureza de seus tecidos, resultan-
capítulo 1. do no retardamento da penetração,
desenvolvimento e produção de ovos
Utilização de manipueira pelo nematoide (Charchar, 1999).
Mesmo com este grau de tolerância,
O uso da manipueira para as di- as perdas em cultivos de batata com
ferentes espécies de hortaliças culti- esta cultivar podem chegar a 35%,
vadas encontra-se no capítulo 1. se outras medidas não forem utiliza-
das preventivamente (Charchar;
Utilização de matéria orgânica
Moita, 2001).
O uso da matéria orgânica para
No Centro Internacional de La
as diferentes espécies de hortaliças
Papa (CIP)-Peru, foram identificados
cultivadas encontra-se no capítulo 1.
genes de resistência a M. incognita,
Solarização M. javanica e M. arenaria na espécie
silvestre Solanum sparsipilum (Bitter)
A utilização da prática de solari- Juz. & Bukasov e outras espécies não
zação para as diferentes espécies de cultivadas do gênero. Atualmente,

162
Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos

este material tem sido utilizado em S. sparsipilum (Bitter) Juz. & Buka-
programas avançados de melhora- sov apresentam bons níveis de re-
mento na França e em outros países, sistência a Naccobus aberrans (Mai
com perspectivas de lançamento fu- et al., 1990).
turo de materiais com resistência ao
nematoide-das-galhas. A espécie S. No Brasil, em relação à cenou-
tuberosum L. subsp. andigena tem ra, avanços significativos têm sido
sido utilizada para resistência a M. obtidos no que se refere ao nema-
hapla (Scurrah, 2008). toide-das-galhas em virtude das
pesquisas realizadas pela equipe da
Não são conhecidas fontes de Embrapa Hortaliças. As progênies e
resistência para os nematoides-das­- cultivares de cenoura desenvolvidas
lesões-radiculares em batata. Porém, pela Embrapa Hortaliças vêm sendo
existem algumas cultivares, como avaliadas para a resistência ao nema-
Peconic e Hudson, que são mais to- toide-das-galhas desde 1978. Nesse
lerantes a P. penetrans (Cobb) Chi- contexto, em 1981 a Embrapa Hor-
twood & Oteifa que outros, mas os taliças lançou a cultivar Brasília, que
resultados são ainda inconclusivos e apresenta como uma das principais
as pesquisas em relação à procura de características a elevada tolerância a
fontes de resistência a Pratylenchus Meloidogyne incognita e M. javanica.
spp. são escassas (Mai et al., 1990). Desde então, a Unidade vem traba-
lhando no intuito de buscar outras
Para os nematoides forma- fontes de resistência derivadas da
dores de cisto (Globodera spp.), o cultivar Brasília. Em 2009 houve a
emprego de variedades resistentes liberação da cultivar BRS Planalto,
nos países de sua ocorrência reduz a que apresenta também elevado ní-
população do nematoide no solo em vel de tolerância ao nematoide-das-
cultivos de batata em torno de 95%. galhas. Entretanto, não é conhecida
Entre as variedades comerciais da ainda fonte de resistência alta ou
Europa e América do Norte, há dis- imunidade aos nematoide-das-galhas
ponibilidade de excelentes fontes de em cenoura.
resistência a G. rostochiensis (Wol-
lenweber) Behrens. Tem-se encon- Para a cultura da batata-doce,
trado também boa resistência para esforços consideráveis têm sido re-
algumas raças de G. pallida (Mai alizados para desenvolver ou sele-
et al., 1990). cionar cultivares de batata-doce re-
sistentes ao nematoide-das-galhas.
Cultivares nativas como Sola- No Brasil, algumas instituições de
num tuberosum L. subsp. andigena e pesquisa têm buscado fontes de re-

163
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

sistência em seus bancos de germo- Roxa como resistente a Meloidogyne


plasma. Neste sentido, na seleção spp.
de clones de batata-doce para resis-
tência a M. enterolobii, Gonçalves et Para Rotylenchulus reniformis
al. (2011) testaram 142 genótipos em batata-doce, diferentes genóti-
em casa-de-vegetação e considera- pos de batata-doce já foram avalia-
ram 31 genótipos como promissores dos em alguns programas de melho-
para a continuidade no programa de ramento no mundo quanto à reação
melhoramento genético da Univer- ao nematoide-reniforme, porém sem
sidade Federal de Lavras (Ufla). Na sucesso na identificação de fontes
seleção de genótipos de batata-doce de resistência. Infelizmente, embora
para resistência a M. javanica, Silva ocorram diferenças em relação à ca-
et al. (2011) avaliaram 25 genótipos pacidade reprodutiva do nematoide
em casa-de-vegetação e apenas um em alguns genótipos, muitos deles,
genótipo, BDFMI-04, foi classificado apesar de apresentarem aparente-
como altamente resistente. mente menores taxas de reprodu-
ção do nematoide, são intolerantes
Para M. incognita raça 2, foram a estes e gravemente danificados em
avaliados 25 genótipos de batata­ - campo.
doce em casa-de-vegetação, sendo
20 genótipos experimentais oriun- Cultivares de batata-doce de-
dos de sementes botânicas obtidos senvolvidas nos Estados Unidos
de um campo de policruzamento e com diferentes níveis de resistência
cinco testemunhas comerciais, toda- a Meloidogyne têm se mostrado útil
via apenas o genótipo experimental no controle da doença. No entanto,
BDFMI-16 foi considerado altamente estas cultivares não são imunes e
resistente (Chaves et al., 2011). podem ser gravemente afetadas em
áreas com altos níveis populacionais
Em outro ensaio para reação à (CLARK; MOYER, 1988). Assim, é
mesma espécie, porém para raça 1, importante salientar que cultivares
Massaroto et al. (2008) avaliaram a resistentes devem ser consideradas
reação de 45 acessos do programa como componentes de um progra-
de melhoramento da Ufla juntamen- ma de controle integrado, não como
te com cinco cultivares comerciais e medida isolada.
observaram que a cultivar Brazlândia
Roxa e 13 acessos foram altamen- Em relação a cultura do alho,
te resistentes a M. incognita raça 1. nos EUA, a resistência genética a D.
Charchar e Ritschel (2004) também dipsaci foi encontrada em uma cul-
classificaram a cultivar Brazlândia tivar de A. sativum e outras fontes

164
Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos

de resistência têm sido estudadas. de da baixa aceitação dos consumi-


No Brasil, em experimento realizado dores ao sabor e a coloração das raí-
em casa-de-vegetação para verificar zes. No Registro Nacional de Cultiva-
a reação de 26 cultivares de alho a res (RNC) do Ministério da Agricultu-
D. dipsaci, Charchar et al. (2003) ve- ra, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
rificaram que as cultivares Alho do existem três cultivares registradas
Reino, Canela de Ema, Cajurú, Juiz com a denominação de Amarela de
de Fora, Juréia, Mexicano e Perua- Senador Amaral, BRS Catarina 64 e
no foram resistentes. Porém, as in- BRS Rubia 41 tendo como mantene-
formações a respeito da tolerância dora a Embrapa (BRASIL, 2016).
e resistência em cultivares de alho
a D. dipsaci são bastantes escassas Controle químico
devido à dificuldade de manutenção O controle químico, conforme
desta espécie em condições contro- já descrito no capítulo 26, não deve
ladas. ser visto como única e nem a mais
eficaz medida de redução dos níveis
Em mandioquinha-salsa, fontes
populacionais dos nematoides (Figu-
de resistência em cultivares comer-
ra 2).
ciais ainda são escassas. Entretanto,
já é conhecido que clones de raízes

Foto: Jadir Borges Pinheiro


brancas apresentam maior tolerância
a nematoides-das-galhas em relação
a clones ou cultivares comerciais de
raízes amarelas (Carvalho et al.,
2012). Entre clones de raízes amare-
las, os mais precoces tendem a ser
menos suscetíveis a danos de nema-
toides pelo menor período do plantio
a colheita e consequente menor nú-
mero de gerações de nematoides.

As cultivares de mandioquinha­
salsa para consumo plantadas no
Brasil são preferencialmente de ra-
ízes amarelas, mas são altamente
suscetíveis ao nematoide-das-galhas.
Os clones de raiz branca, com resis- Figura 2. Aplicação de nematicida du-
tência ao nematoide-das-galhas, são rante a semeadura de cenoura em São
pouco consumidos no país em virtu- Gotardo, MG.

165
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

Produtos como carbofuran e al- Em relação a cultura do alho, o


dicarbe são os mais utilizados para tratamento primário para controle de
o controle de nematoides na batata D. dipsaci consiste em mergulhar os
por serem registrados para cultura e bulbilhos em água quente, processo
não exigirem equipamentos especiais chamado termoterapia. O procedi-
para sua aplicação no solo. mento padrão é de 30 min a 45 min
a 38 ºC, 20 min a 49 ºC, e em se-
A utilização dos carbamatos guida, 10 min a 20 min em água cor-
aldicarbe e carbofuran é prática co- rente a 18 ºC a 22 ºC. Os bulbilhos
mum entre produtores, principalmen- devem ser plantados o mais rápido
te na época chuvosa, quando até possível após o tratamento. Nes-
duas aplicações dos produtos são se contexto, para o controle de D.
feitas. Na batata, muitos produto- dipsaci na cultura do alho, produtos
res usam uma dose de aldicarbe no químicos para a parte do processo
plantio e outra aos 40 dias após, por de imersão em 49 ºC pode aumentar
ocasião da amontoa, com o objetivo significativamente a eficiência do
de proteger os tubérculos da infec- tratamento. Isso porque alguns pro-
ção por nematoides e obter melhores dutos, incluindo hipoclorito de sódio
preços na comercialização (Char- a 1,0% e abamectin (250 mL 100 L
char et al., 2003). O problema na de água), são aditivos eficazes no
utilização de carbamatos é que estes tratamento juntamente a termotera-
produtos acumulam como resíduos pia.
nos tubérculos e estes são consumi-
dos pelo homem. A dose de 1,5 kg Finalmente, é importante ressal-
ha-1 de aldicarb, aplicada na fase de tar que a utilização de apenas uma
amontoa das batatas ‘Achat’ e ‘Ba- medida de controle dificilmente trará
ronesa’ resultou no acúmulo de até resultados satisfatórios. Por outro
0,24 ppm de aldicarb em tubérculos lado, a integração das diferentes prá-
precoces colhidos aos 70 dias após ticas certamente levará o produtor de
a aplicação do produto, sendo que hortaliças a obter produtos de quali-
o nível máximo permitido é de 0,05 dade, com vantagens econômicas e
ppm (Charchar et al., 2003). Por com respeito ao consumidor e ao meio
isso, devem ser evitados e não são ambiente.
permitidos em sistemas de produção
integrada da batata.

166
Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos

Tabela 1. Resumo da eficiência relativa das medidas integradas de controle das prin-
cipais doenças causadas por nematoides em hortaliças no Brasil.

Medidas de controle Nematoide


Galhas Lesões- Reniforme Casca- Amarelão-
radiculares Preta do-Alho
Prevenção O O O O O
Quarentena O O O O O
Evitar trânsito em áreas
O O O O O
infestadas
Descontaminação de
B B O B B
implementos agrícolas
Época de plantio R R R R R
Escolha da área de plantio B B B B B
Mudas e tubérculos certificados O O O O O
Rotação de culturas O O R O O
Alqueive B B B B B
Plantas antagonistas B R R R R
Eliminação de restos culturais e
B B B B B
tigueras
Eliminação de plantas daninhas B B B B B
Utilização de manipueira B B B B B
Utilização de matéria orgânica B B R B R
Solarização R R – – –
Variedades resistentes O O O O O
Controle biológico O O O O O
Controle químico B B B B R
*Eficiência relativa: O = Ótima; B = Boa; R = Regular; – Sem aplicação.

167
Capítulo 3
Desafios e perspectivas

A
tualmente, dentre os grandes DF, causando danos em plantas de
desafios da nematologia na pimentão resistentes a M. incogni-
olericultura, destaca-se o de- ta e M. javanica (PINHEIRO et al.,
senvolvimento de métodos de contro- 2015). A partir destas constatações,
le do nematoide-das-galhas, M. ente- os problemas surgidos em hortaliças
rolobii. Esta espécie foi relatada pela pela ocorrência de M. enterolobii são
primeira vez no Brasil na cultura da cada vez mais frequentes devido à
goiaba nos estados de Pernambuco sua rápida disseminação constituin-
e Bahia, com danos nos plantios co- do-se em séria ameaça as hortaliças
merciais desta frutífera (Carneiro cultivadas.
et al., 2001). Em 2006, esta espécie
foi relatada atacando porta-enxertos M. enterolobii encontra-se pre-
de pimentão ‘Silver’ e tomateiros das sente na maioria dos estados brasi-
cultivares Andrea e Débora no esta- leiros. Contudo, poucas são as infor-
do de São Paulo, materiais estes que mações sobre o comportamento de
apresentam resistência a outras es- hortaliças em relação a esta espécie.
pécies de nematoides prevalecentes Dessa maneira, é de extrema impor-
no país (Carneiro et al., 2006). No tância o desenvolvimento de cultiva-
ano de 2015, esta espécie foi rela- res resistentes para o manejo de M.
tada no Núcleo Rural de Planaltina, enterolobii, uma vez que a utilização

169
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças

destas cultivares promove pequena real importância de alguns nematoi-


ou nenhuma modificação das práti- des que sempre estão associados a
cas de manejo convencionalmente amostras coletadas em regiões pro-
utilizadas, além de não causar impac- dutoras de hortaliças, por exemplo, a
to ambiental. As fontes de resistên- importância de Pratylenchus para as
cia a nematoides identificadas são culturas do quiabeiro [Abelmoschus
poucas estudadas quando compara- esculentus (L.) Moench.] e da cenou-
das à diversidade genética existente, ra, e de Helicotylenchus em cultivos
principalmente em hortaliças (Trud- de hortaliças, em relação a sua im-
gill, 1991). portância primária ou secundária.

Nesse contexto, a descoberta É relevante lembrar que o es-


de genes análogos ao Mi em tomatei- tudo da reação de espécies de hor-
ro para o desenvolvimento de novas taliças a outras espécies de Meloi-
cultivares de hortaliças com resistên- dogyne de grande importância na
cia ao nematoide-das-galhas, o de- agricultura como potenciais ameaças
senvolvimento de marcadores mole- às hortaliças como M. paranaensis
culares e o uso de plantas da família Carneiro et al., M. exigua Goeldi, M.
das solanáceas como porta-enxertos ethiopica Whitehead e M. moroscien-
resistentes abrem novas perspecti- sis Rammah & Hirschmann, abre no-
vas para o manejo correto e susten- vas perspectivas para a elucidação
tável de nematoides em hortaliças. do comportamento dessas hortaliças
a estes nematoides, bem como na
Outros desafios incluem o le- prospecção de fontes de resistência
vantamento das principais espécies a estas espécies.
de nematoides que ocorrem nas hor-
taliças cultivadas, pesquisas com Outro ponto importante que
outras espécies de plantas antago- se pode destacar aqui é o incentivo e
nistas a Meloidogyne spp., estudos o fomento a pesquisa na área de ne-
de sucessão e rotação no manejo de matologia, com perspectivas de que
M. enterolobii, bem como de outras novos nematologistas venham a ser
práticas que possam ser empregadas formados para atuarem na área, em
em áreas infestadas para o manejo razão do baixo número de profissio-
correto e sustentável desses patóge- nais que atuam especificamente no
nos. estudo de nematoides em hortaliças
quando comparado ao número de ne-
Vale destacar também os estu- matologistas que atuam em grandes
dos de perdas causadas por nema- culturas como algodão, milho, soja e
toides em hortaliças, bem como a outras culturas.

170
Capítulo 3 – Desafios e perspectivas

Ademais, o universo nemato- prazo viabilizar soluções tecnológi-


lógico em hortaliças a ser explorado cas e práticas para que o agricultor
é vasto e necessita de novos profis- possa produzir de forma satisfatória
sionais para atuarem na área, seja e econômica dentro das suas pro-
de instituições públicas ou privadas, priedades, contribuindo para uma
para que se possa a médio e longo agricultura rentável e sustentável.

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