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Embrapa Hortaliças
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
NEMATOIDES
EM HORTALIÇAS
Embrapa
Brasília, DF
2017
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Hortaliças
Rodovia BR-060, trecho Brasília-Anápolis, Km 9
Caixa Postal 218
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www.embrapa.br
www.embrapa.br/fale-conosco/sac
1ª edição
1ª impressão (2017): 1.000 exemplares
Pinheiro, Jadir Borges.
ISBN 978-85-7035-685-7
©
Embrapa, 2017
Autor
O
manejo de nematoides repre- deste livro. Assim, o objetivo desta
senta uma etapa extrema- publicação foi o de apresentar infor-
mente importante no sistema mações sobre os diferentes gêneros
produtivo de hortaliças. O conheci- de nematoides que ocorrem com
mento das principais espécies que maior frequência em hortaliças, os
ocorrem em hortaliças, sua diagnose sintomas resultantes do ataque des-
e as medidas de manejo, é essencial tes patógenos, bem como as medi-
para a sustentabilidade do setor pro- das de manejo a serem empregadas
dutivo. no manejo correto e sustentável em
A escassez de informações áreas de produção de hortaliças.
compatibilizadas sobre nematoides O livro é composto de sete partes,
em hortaliças motivou a elaboração totalizando em 28 capítulos, utilizan-
do as experiências acumuladas com do conhecimento na área da Nema-
a pesquisa na Embrapa Hortaliças, tologia, de modo a disponibilizar in-
com abordagem ilustrativa e prática. formações sobre os nematoides em
Espera-se que as informações conti- hortaliças de forma prática, clara e
das neste livro sejam de grande valia compatibilizada. Cientes da impor-
a todos que tenham algum vínculo tância desta atividade, é com grande
ou interesse pela nematologia das satisfação que apresentamos o livro
hortaliças, em especial, produtores, Nematoides em hortaliças.
pesquisadores, extensionistas, téc-
nicos, professores e estudantes. A
expectativa é que de que esta obra Warley Marcos Nascimento
venha a contribuir para o avanço Chefe-Geral da Embrapa Hortaliças
Prefácio
É
com prazer que apresento o sobre o ciclo de vida, sobrevivência
livro Nematoides em hortali- e disseminação dos principais gê-
ças. Esta publicação se mate- neros de nematoides em hortaliças:
rializa como a possibilidade de reunir nematoides-das-galhas, das lesões
em uma obra os conhecimentos ge- radiculares, reniforme, do amarelão
rados pela pesquisa e toda experiên- do alho e da casca-preta-do-inhame.
cia acumulada no tema nos últimos Na terceira, quarta e quinta partes
anos. O livro está dividido em sete são contemplados 17 capítulos que
partes. A primeira, composta pelo pa- tratam da ocorrência de nematoides
norama atual de nematoides em hor- e dos principais sintomas resultantes
taliças. A segunda parte é composta do ataque destes patógenos nas hor-
de cinco capítulos e traz informações taliças folhosas e frutos (abóboras,
morangas, pepino, chuchu e maxixe; capítulos sobre o manejo de nema-
alface e outras hortaliças folhosas; toides em hortaliças folhosas e fru-
berinjela e jiló, brássicas, coentro e tos e hortaliças raízes, tubérculos e
salsinha; melão e melancia; pimen- bulbos. Finalmente, no último capí-
ta e pimentão, quiabeiro e tomate), tulo são enfatizados os desafios e as
hortaliças raízes, tubérculos e bulbos perspectivas em relação ao manejo
(alho e cebola, batata, batata-doce, de nematoides, bem com as princi-
beterraba, cara e inhame, cenoura pais demandas em relação aos estu-
e mandioquinha-salsa) e não con- dos na área.
vencionais ou tradicionais (peixinho,
coentrão, macaia, chuchu de vento e Acredito que esta publicação
bertalha). Na sexta parte, distribuída poderá contribuir de forma bastan-
em dois capítulos, explora-se de for- te útil no manejo de nematoides em
ma prática, a coleta de amostras de hortaliças, tornando-se uma referên-
solo e de partes vegetais para diag- cia como base de consulta.
nose de nematoides em cultivos de
hortaliças. A sétima parte perfaz dois O Autor
Sumário
Referências ................................................................................173
Literatura recomendada....................................................................186
PARTE 1
Nematoides em hortaliças
11
Capítulo 1
Panorama atual
O
nematoide-das-galhas assu- As espécies do gênero Meloi-
me importância econômica dogyne Goeldi de maior importância
por causar danos expressi- em hortaliças são M. incognita (Ko-
vos na maioria das hortaliças culti- foid; White) Chitwood, M. javanica
vadas como alface (Lactuca sativa (Treub) Chitwood, M. arenaria (Neal)
L.), batata (Solanum tuberosum L.), Chitwood e M. hapla Chitwood.
batata-doce [Ipomoea batatas (L.)
Lam.], berinjela (Solanum melogena Em culturas como o coentro
L.), cenoura (Daucus carota L.), jiló (Coriandrum sativum L.), outras espé-
(Solanum aethiopicum Raddi), man- cies de nematoides como Rotylenchu-
dioquinha-salsa (Arracacia xanthor- lus reniformis Linford & Oliveira têm
rhiza Bancr.), pimenta e pimentão causado prejuízos significativos na
(Capsicum spp. L.), tomate e cucur- produção, principalmente no Nordes-
bitáceas {melão (Cucumis melo L.), te do Brasil. Em mandioquinha-salsa
melancia [Citrullus lanatus (Thunb.) e batata, o nematoide-das-lesões-ra-
Matsum. & Nakai], abóboras (Cucur- diculares, Pratylenchus spp. Filipjev,
bita moschata Duchesne ex Poir.) tem sido responsável por significati-
e morangas (Cucurbita maxima Du- vas perdas na produção, assim como
chesne)}. Ditylenchus dipsaci (Kuhn) Filipjev
13
PARTE 1 – Nematoides em hortaliças
A B C D
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
E F G H
14
Capítulo 1 – Panorama atual
15
PARTE 1 – Nematoides em hortaliças
A
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
Chitwood (1951);
Sayre; Tayama, (1964); Barker et al. (1976);
Tomate 30 a 80 Lordello (1978); Sasser, (1979);
Ferraz; Churata-Masca, (1983);
Roberts; May (1986); Charchar, (1995)
16
Capítulo 1 – Panorama atual
Número de produtos
Cultura Ingredientes Ativos
comerciais
Batata 8 Metam-sódico, carbofurano e fenamifós
Cenoura 7 Metam sódico, carbofurano e fostiazato
Metam sódico, carbofurano e
Tomate 3
fenamifós
Fonte: Brasil (2016).
17
PARTE 1 – Nematoides em hortaliças
Espécies de
Hortaliças Genes Referências
Meloidogyne
M. incognita raças
Alface Me Gomes (1999)
1, 2, 3 e 4
Rmc1 (Solanum Brown et al. (1996);
M. chitwoodi;
bulbocastanum) Janssen et al.
Batata M. hapla; M. fallax;
MfaXIIspl (Solanum (1997); Kouassi et al.
M. incognita
sparsipilum) (2006).
M. incognita;
Cenoura Mj-1 Boiteux et al. (2000)
M. javanica
Me1; Me3; Me4; M. arenaria;
Pimenta e Djian-Caporalino et
Me7; Mech1; M. incognita;
pimentão al. (2007)
Mech2, N M. javanica
M. arenaria, Watts (1947);
Tomate Mi-1-Mi-9 M. incognita e Yaghoobi et al.
M. javanica (1995)
18
Capítulo 1 – Panorama atual
19
PARTE 1 – Nematoides em hortaliças
Espécie Hortaliças
Belonolaimus longicaudatus
Ditylenchus destructor, D. dipsaci (todas as raças,
exceto as do alho)
Globodera rostochiensis, G. pallida Batata, Batata-doce,
Beterraba, Melão e Tomate
Heterodera schachtii
M. fallax, M. chitwwodi
Nacobbus aberrans, N. dorsalis
P. scribneri
Fonte: Brasil (2008).
20
PARTE 2
Ciclo de Vida,
Sobrevivência e Disseminação dos
Principais Gêneros de Nematoides
em Hortaliças
21
Capítulo 1
Nematoide-das-galhas – Meloidogyne spp.
M
ais de 100 espécies do ne- são representadas por Meloidogyne
matoide-das-galhas já fo- incognita, M. javanica, M. arenaria,
ram descritas no mundo, M. hapla, M. ethiopica e M. enterolo-
algumas com a presença de raças bii. M. hapla, que ocorrem em áreas
(Karssen, 2013). Variações de pa- isoladas do país, mais precisamen-
togenicidade são observadas em po- te em regiões de temperaturas mais
pulações geograficamente isoladas amenas e frias.
de Meloidogyne. Aspectos morfoló-
gicos, como a configuração perineal O nematoide-das-galhas apre-
da fêmea, o comprimento do estile- senta atividade durante todo o ano
te, a região labial dos machos, a ca- em climas quentes e solos úmidos,
racterização isoenzimática e outros já em climas mais frios o ciclo de
caracteres moleculares, bem como a vida é mais longo. As espécies do
planta hospedeira e o local de coleta nematoide-das-galhas são parasitas
da espécie, são propriedades impor- obrigatórios de raízes e de caules
tantes para a sua identificação. subterrâneos. Os estádios de desen-
volvimento vermiformes ou juvenis
Porém, as espécies que causam de segundo estádio (J2) (Figura 1D)
danos severos em hortaliças no Brasil são as formas de vida móveis no solo
23
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
C D
24
Capítulo 1 – Nematoide-das-galhas – Meloidogyne spp.
A B C D E
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
Figura 3. Sintomas
em raízes infectadas
pelo nematoide-das-
galhas (Meloidogyne
sp.): A - galhas e B -
massa de ovos (setas
brancas nos pontos
vermelhos).
25
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças
26
Capítulo 1 – Nematoide-das-galhas – Meloidogyne spp.
27
Capítulo 2
Nematoide-das-lesões-radiculares –
Pratylenchus spp.
E
xistem mais de 70 espécies de chus spp., causando danos severos
Pratylenchus distribuídas mun- em diversas culturas de importância
dialmente com parasitismo em econômica, como soja, feijão, algo-
diferentes culturas (CASTILLO; VO- dão, milho, especialmente na região
VLAS, 2007). Essas espécies apre- do Cerrados. Recentemente, vem re-
sentam ampla gama de hospedeiros presentando como grande ameaça a
e distribuição generalizada nas diver- hortaliças, principalmente a cultivos
sas regiões de clima tropical, subtro- de tomate, pimentão, mandioquinha-
pical e temperado. No Brasil, as mais -salsa e batata.
importantes em hortaliças são P. bra-
A intensificação dos cultivos, o
chyurus (Godfrey) Filipjev & Stekho-
plantio em extensas áreas no país, a
ven, P. penetrans (Cobb) Chitwood
ausência de rotação de culturas e a
& Oteifa e P. coffeae, considerando
rotação ou sucessão de plantas hos-
a distribuição geográfica e o número
pedeiras têm contribuído para sua
de espécies vegetais hospedeiras.
importância nos últimos anos.
Mais de 300 plantas de diferen- Os sintomas causados por ne-
tes famílias botânicas já foram rela- matoides do gênero Pratylenchus não
tadas como hospedeiras de Pratylen- são específicos, podendo ser facil-
29
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
30
Capítulo 2 – Nematoide-das-lesões-radiculares – Pratylenchus spp.
A B C
31
Ilustração: Vanessa Reyes
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças
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Capítulo 3
Nematoide-reniforme – Rotylenchulus reniformis
R
otylenchulus reniformis Lin- persicum L.) e em casos isolados
ford & Oliveira, conhecido atacar outras hortaliças cultivadas.
vulgarmente pelo nome de ne-
O nematoide-reniforme se re-
matoide-reniforme devido ao aspecto
produz por anfimixia, ou seja, por re-
morfológico que a fêmea adulta pos-
produção cruzada. Todas as formas
sui, ou seja, formato de um ‘rim’, é
de vida de R. reniformis como ovos,
o nematoide que apresenta grande
juvenis, machos (Figura 1) e fêmeas
importância para a cultura do algo-
imaturas são encontradas no solo.
doeiro (Gossypium hirsutum L.), soja
[Glycine max (L.) Merril] e maracujá A fêmea é semi-endoparasita
(Passiflora edulis Sims). Esta espé- sedentária com parasitismo na su-
cie apresenta ampla gama de plantas perfície externa das raízes. Juvenis
hospedeiras podendo causar danos de segundo estádio (J2) eclodem do
em hortaliças como melão (Cucumis ovo e se movimentam no solo até so-
melo L.), melancia [Citrullus lanatus frerem mais três ecdises. Depois da
(Thunb.) Matsum. & Nakai], batata- última ecdise, fêmeas imaturas ver-
-doce [Ipomoea batatas (L.) Lam.], miformes encontram as raízes e se
quiabo [Abelmoschus esculentus (L.) inicia o parasitismo, constituindo-se
Moench.] e tomate (Solanum lyco- a forma infectiva para essa espécie.
33
PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças
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Capítulo 3 – Nematoide-reniforme – Rotylenchulus reniformis
35
Capítulo 4
Nematoide-do-amarelão-do-alho –
Ditylenchus dipsaci
D
itylenchus dipsaci (Figura 1) A B
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PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças
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Capítulo 4 – Nematoide-do-amarelão-do-alho – Ditylenchus dipsaci
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PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças
cebola.
A disseminação de D. dipsaci
geralmente é mais lenta em solos
argilosos ao comparar com os solos
arenosos. As densidades populacio-
nais em solo flutuam ao longo do
tempo, a depender do tipo de solo,
condições climáticas, cultivar planta-
da e plantas hospedeiras presentes.
Geralmente, níveis de danos são de-
tectados com populações de dez ju-
venis e/ou adultos por 500 g de solo.
40
Tabela 1. Hospedeiros diferenciadores de raças de Ditylenchus dipsaci, segundo Metlisky (1972).
Hospedeiros diferenciadores
Raças Cardo Trevo Alfafa Ervilha Batata Narciso Jacinto Tulipa Morango Flox Aveia
Vermelho
Cardo +++ -- 0 -- 0 - - 0 +++ 0 +++
Trevo 0 +++ ++ -- ++ + + + +++ 0 +
Vermelho
Trevo 0 -- + -- 0 + 0 ++ 0 -- +
Branco
Alfafa -- ++ +++ +++ + -- + +++ 0 -- +
Centeio ++ -- 0 +++ + -- -- -- 0 ++ +++
Aveia ++ ++ + +++ ++ - +++ +++ 0 0 +++
Cebola + + + +++ + ++ -- -- +++ 0 --
Batata I -- -- - +++ +++ 0 0 -- +++ 0 +++
Batata II -- -- 0 +++ +++ - 0 0 0 0 --
41
Jacinto 0 0 0 0 0 + +++ + ++ 0 --
Narciso -- ++ + 0 + +++ ++ ++ +++ -- ++
Tulipa 0 ++ ++ 0 0 +++ +++ +++ +++ +++ +++
Beterraba + 0 +++ +++ 0 0 0 0 -- ++ +++
Flox 0 ++ 0 ++ -- -- -- 0 -- +++ --
Morango -- ++ +++ ++ + + -- +++ -- --
Grau de infestação e multiplicação: (+++) infestação e multiplicação severas; (++) infestação e multiplicação moderadas; (+) infestação moderada, sem
multiplicação; (--) infestação e multiplicação fracas; (-) infestação fraca, sem multiplicação; (0) sem infestação.
Capítulo 4 – Nematoide-do-amarelão-do-alho – Ditylenchus dipsaci
Capítulo 5
Nematoide-da-casca-preta-do-inhame –
Scutellonema bradys
O
nematoide-da-casca-pretado- ocorre em outras culturas como
inhame, cuja espécie é Scu- feijão-caupi [Vigna unguiculata (L.)
tellonema bradys (Steiner; Walp], sorgo [Sorghum bicolor (L.)
Lehew) Andrassy (Figura 1), ocorre Moench.], feijão-guandu [Cajanus
amplamente no Continente Africa- cajan (L.) Millsp.] e gergelim (Sesa-
no, principalmente em países como mum indicum L.).
Nigéria, Camarões e outros. No Bra-
sil é bastante comum em cultivos na Foto: Jadir Borges Pinheiro
região Nordeste. É um problema po-
tencial em cultivos de inhame-cará
[Colocasia esculenta (L.) Schott.],
inhame-cará (Dioscorea alata L.) e
mandioquinha-salsa (Arracacia xan-
thorrhiza Bancr.), porém, pode ata-
car hortaliças como tomate (Sola-
num lycopersicum L.), quiabo [Abel-
moschus esculentus (L.) Moench.],
batata (Solanum tuberosum L.) e Figura 1. Nematoide-da-casca-preta-do-
melão (Cucumis melo L.). Também inhame.
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PARTE 2 – Ciclo de Vida, Sobrevivência e Disseminação dos Principais Gêneros de Nematoides em Hortaliças
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Capítulo 5 – Nematoide-da-casca-preta-do-inhame – Scutellonema bradys
45
PARTE 3
Hortaliças Folhosas e Frutos
47
Capítulo 1
Abóboras, morangas, pepino, chuchu e maxixe
A
família Cucurbitaceae com- As abóboras e morangas são
preende aproximadamente cultivadas em todo o Brasil. As ci-
100 gêneros com mais de dades de Cordisburgo e Paracatu no
800 espécies silvestres e cultivadas, estado de Minas Gerais destacam -
distribuídos em regiões tropicais, se pela produção do híbrido do tipo
subtropicais e temperadas. A maioria tetsukabuto ou kabutiá. Já a cidade
das espécies é de regiões quentes do de Paripiranga no estado da Bahia é
leste e do sul da África, mas o impor- grande produtora de abóboras de va-
tante gênero Cucurbita é nativo das riedade local tipo Maranhão, Sergipa-
Américas. na e Jacarezinho. No caso do pepino,
existem diversas cidades tradicionais
Dentre as espécies cultivadas produtoras nos estados de São Pau-
no Brasil destacam-se abóboras e lo, Minas Gerais e Paraná. O pepino
abobrinhas (Cucurbita moschata Du- japonês é muito produzido em cultivo
chesne ex Poir.), morangas (Cucur- protegido em São Paulo, com desta-
bita maxima Duchesne), abobrinhas- que para a região de Santa Cruz do
de-árvore (Cucurbita pepo L.), pepino Rio Pardo.
(Cucumis sativus L.), maxixe (Cucu-
mis anguria L.) e chuchu [Sechium Entretanto, o cultivo intensivo
edule (Jacq.) Swartz]. deste grupo de hortaliças tem con-
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PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
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Capítulo 1 – Abóboras, morangas, pepino, chuchu e maxixe
Nematoide-reniforme – Roty-
Foto: Jadir Borges Pinheiro
lenchulus reniformis
O nematoide-reniforme, Roty-
lenchulus reniformis Linford & Oli-
veira, tem uma ampla gama de hos-
pedeiros e ocorre em muitas áreas
tropicais e subtropicais do mundo,
inclusive no Brasil.
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PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
C D
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Capítulo 2
Alface e outras hortaliças folhosas
A
família Asteraceae engloba te alface, têm observado reduções
principalmente a alface (Lac- maiores em suas áreas, bem como
tuca sativa L.), o almeirão na qualidade das hortaliças. Devido à
(Cichorium intybus L.) e a chicória grande maioria das cultivares planta-
(Cichorium endivia L.). Durante a das apresentarem suscetibilidade aos
cadeia produtiva destas hortaliças, nematoides, este organismo multipli-
muitos são os fatores bióticos e abi- ca-se de forma exponencial durante
óticos que podem afetar a produti- ciclos sucessivos da cultura.
vidade. Dentre os fatores bióticos
destacam-se as doenças causadas No Brasil, os problemas em al-
por inúmeros agentes etiológicos, face e em outras hortaliças folhosas
como fungos, bactérias, vírus e ne- geralmente ocorrem devido à infes-
matoides. tação pelo nematoide-das-galhas
(Meloidogyne spp.), em especial M.
Embora as perdas na produti- incognita e M. javanica, que são as
vidade devido ao ataque de nema- espécies com maior distribuição nas
toides sejam relatadas em torno de regiões produtoras. A alta incidência
10% e 20%, muitos produtores de destas espécies é atribuída à capaci-
hortaliças folhosas, principalmen- dade de reprodução em regiões com
53
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
54
Capítulo 2 – Alface e outras hortaliças folhosas
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
55
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
56
Capítulo 3
Berinjela e jiló
D
entre as solanáceas cultiva- à família Solanaceae. Mesmo assim,
das a berinjela (Solanum me- são suscetíveis a doenças que po-
longena L.) e o jiló (Solanum dem causar perdas consideráveis e
aethiopicum Raddi) configuram-se comprometer a qualidade do produ-
como culturas de grande importân- to. Dentre as doenças, o nematoide
cia no cenário hortícola. A berinjela das-galhas (Meloidogyne spp.) tem
é cultivada em maior escala no esta- sido relatado como um dos patóge-
do de São Paulo, seguido de Minas nos mais importantes em berinjela e
Gerais e da região Sul do país. Já jiló. As espécies de maior ocorrência
o jiloeiro é cultivado principalmente nestas hortaliças são M. incognita,
na região Sudeste do Brasil e tem os
M. javanica, seguidas de M. entero-
estados do Rio de Janeiro e Minas
lobii e M. hapla.
Gerais como os principais produto-
res. Outros estados que apresentam A intensidade de danos causa-
expressiva produção no contexto na-
dos pelos nematoides em plantios
cional são: São Paulo e Espírito San-
comerciais de berinjela e jiló depende
to (CARVALHO et al., 2001).
de uma série de fatores, como a es-
Estas hortaliças são duas das pécie presente na área e sua densi-
espécies mais rústicas pertencentes dade populacional, a cultivar planta-
57
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
58
Capítulo 3 – Berinjela e jiló
C D
59
Capítulo 4
Brássicas
A
família Brassicaceae é cons- Sintomas
tituída principalmente pelo
agrião (Nasturtium officina- O sintoma mais visível devido à
le R. Br.), couve (Brassica oleracea infecção por nematoides em brássi-
L.), mostarda [Brassica juncea (L.) cas é a presença de galhas e incha-
Czern.], couve-chinesa (Brassica rapa ços de formato arredondado nas raí-
L. subsp. chinensis), repolho (Brassi- zes (Figura 1).
ca oleracea L. var. capitata), brócolis
A observação da presença de
(Brassica oleracea L. var. italica), cou-
galhas no sistema radicular de plan-
ve-flor (Brassica oleracea L. var. bo-
tas infectadas é a melhor forma de
trytis) e a rúcula (Eruca sativa Mill.).
detectar a presença do nematoide -
No Brasil, os problemas em das-galhas. As galhas induzidas por
brássicas geralmente ocorrem devido M. hapla tendem a ser menores e
à infestação pelo nematoide-das‑ga- mais esféricas em relação à induzi-
lhas, em especial M. incognita e M. das por outras espécies do gênero,
javanica, que são as espécies com que muitas vezes se unem ao longo
maior distribuição nas regiões produ- das raízes. Raízes infectadas são ge-
toras. ralmente mais curtas e com menor
61
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
62
Capítulo 4 – Brássicas
A B
63
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
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Capítulo 5
Coentro e salsinha
O
coentro (Coriandrum sati- cial na culinária dos estados do Su-
vum L.) é uma das principais deste e Sul.
hortaliças cultivadas nos es-
tados do Nordeste. O valor de mer- Em regiões produtoras de co-
cado referente à comercialização de entro do Nordeste, como Vitória de
sementes de coentro ultrapassou R$ Santo Antão em Pernambuco, os pro-
9,50 milhões (PESQUISA..., 2009). blemas decorrentes com a infestação
Além disso, sua importância se dá por Rotylenchulus reniformis Linford
nos âmbitos social e alimentar, sen- & Oliveira são frequentes com prejuí-
do cultivado, em sua maioria, por zos significativos para os produtores.
agricultores familiares. Também é Em regiões produtoras de salsinha do
um dos condimentos mais utilizados Sudeste e Sul os problemas maiores
por todas as classes sociais. são devidos à infestação pelo nema-
toide-das-galhas (Meloidogyne spp.).
A salsinha [Petroselinum cris-
pum (Mill.) Fuss] também apresenta Assim, os principais nematoi-
expressivo valor de venda de semen- des que atacam as culturas do coen-
tes, de mais de R$ 1,50 milhão, re- tro e da salsinha são representados
presentando um condimento essen- pelo nematoide-das-galhas, principal-
65
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
Nematoide-das-galhas – Meloi-
dogyne spp.
Na cultura do coentro e da
salsinha predominam a raça 1 de Me-
loidogyne incognita.
Figura 1. Sintomas característicos de
Sintomas Meloidogynose em raízes de coentro.
A sintomatologia de Meloido-
gyne em coentro é peculiar. Na parte Nematoide-reniforme – Roty-
áerea as plantas apresentam nanis- lenchulus reniformis
mo, clorose e com o progresso da
doença ocorre seca e morte de plan- Rotylenchulus reniformis é um
tas. Geralmente observa-se galhas importante patógeno para a cultura
de pequenas dimensões ao longo das do coentro no Nordeste Brasileiro.
raízes (Figura 1). Em salsinha, as informações sobre a
infestação por R. reniformis são es-
Em salsinha, as galhas são mais cassas, porém, em coentro este ne-
numerosas e próximas ao longo da matoide pode causar danos econômi-
raiz (Figura 2). cos com perdas na produção.
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
66
Capítulo 5 – Coentro e salsinha
67
Capítulo 6
Melão e melancia
A
melancia [Citrullus lanatus cativas, com destaque para o nema-
(Thunb.) Matsum. & Nakai] toide-das-galhas (Meloidogyne spp.).
é cultivada de norte a sul
do Brasil, em épocas em que as Perdas na produtividade em
temperaturas variam de 20 °C a 30 melancia devido à infecção por ne-
ºC. Já o melão (Cucumis melo L.) é matoides ainda não foram estimadas
cultivado principalmente em regiões no Brasil, embora em outras espé-
de clima semiárido do nordeste do cies de cucurbitáceas como abóbo-
país. Apesar da pouca mobilidade ra, melão e pepino também tenham
natural, os nematoides podem ser sido estimadas entre 18% e 100%
disseminados nas lavouras por meio (Mello, 1958; Sasser; Taylor,
da movimentação do solo nas áreas 1978; Sasser, 1979, Tihohod
de cultivo. et al., 1993). No município de Açu,
pólo produtor de melão localizado no
Assim, na região Nordeste do estado do Rio Grande do Norte, es-
país, o cultivo intensivo da melancia pécies do nematoide-das-galhas têm
e do melão resultou no aumento da limitado a produção do melão, com
incidência de doenças, e consequen- perdas que podem chegar até 100%
temente perdas econômicas signifi- (Torres et al., 2006).
69
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
Figura 1. Sintomas
em raízes de melancia
causados por Meloi-
dogyne spp.: A - ga-
lhas; B - destruição do
parênquima cortical e
C - amarelecimento e
falhas no estande.
70
Capítulo 6 – Melão e melancia
A B
71
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
72
Capítulo 7
Pimentas e pimentão
A
s espécies de pimentas do sum (Heiser & Smith) Hunz (pimenta
gênero Capsicum pertencem cumari, cumari verdadeira ou pimen-
à família Solanaceae. Dentre ta de passarinho) e 25 espécies sil-
as espécies de Capsicum, cinco são vestres.
domesticadas e largamente cultiva-
No caso da cultura da pimenta
das e utilizadas pelo homem: Capsi-
e do pimentão, algumas espécies de
cum annuum L. var. annuum (pimen-
nematoides representam graves pro-
tão); C. baccatum L. var. pendulum
blemas para o cultivo. Estas ocorrem
(pimenta dedo-de-moça; pimenta-
por todo o mundo onde a pimenta é
-cambuci, chifre-de-veado); C. chi-
cultivada, bem como possuem ampla
nense Jacq. (pimenta-de-cheiro; pi-
gama de hospedeiros, principalmente
menta-de-bode; pimenta cumari-do-
plantas da família Solanaceae.
-Pará; pimenta-murupi, biquinho); C.
frutescens L. (pimenta-malagueta e No mundo, os maiores preju-
tabasco) e C. pubescens Rui & Pav. ízos na cultura da pimenta e do pi-
Destas, apenas C. pubescens não é mentão são atribuídos ao nematoide-
cultivada no Brasil. São dez espécies das-galhas (Meloidogyne). Entretan-
semi-domesticadas, em que se des- to, nos últimos anos, com a rápida
taca C. bacccatum var. praetermis- disseminação por diversos cultivos,
73
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
74
Capítulo 7 – Pimentas e pimentão
A B
75
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
A C
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
76
Capítulo 7 – Pimentas e pimentão
77
Capítulo 8
Quiabeiro
O
quiabeiro [Abelmoschus es- novas cultivares com altas produtivi-
culentus (L.) Moench.] é uma dades ao longo de todo o ano, com
planta que produz um fruto qualidade de frutos, principalmente
cujo hábito de consumo vem desde baixa quantidade de fibras e resis-
o período colonial brasileiro. É mais tência às doenças de maior ocorrên-
consumido nos estados do Rio de Ja- cia, como o oídio, vírus do mosaico
neiro, Espírito Santo, Bahia, Minas Ge- e principalmente ao nematoide-das
rais e São Paulo (FILGUEIRA, 2003). galhas (Meloidogyne spp.).
79
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
A B C
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
80
Capítulo 8 – Quiabeiro
A B C
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
81
Capítulo 9
Tomate
O
principal gênero de nema- porém, geralmente não causam per-
toide que causa danos ex- das ou prejuízos estimáveis. Outras
pressivos à tomaticultura no espécies de nematoide-das-galhas
mundo é representado pelo gênero têm ocorrido também em áreas de
Meloidogyne. Todavia, outros gêne- tomaticultura como M. ethiopica e
ros podem assumir importância em M. morocciensis, embora os relatos
determinadas regiões tropicais e sub- de danos causados por estas espé-
tropicais como Belonolaimus, Praty- cies sejam escassos na literatura.
lenchus e Rotylenchulus. No Brasil,
os problemas com nematoides res- Nematoide-das-galhas – Meloi-
tringem-se ao nematoide-das-galhas, dogyne spp.
como Meloidogyne incognita, M. are-
Sintomas
naria, M. enterolobii e M. javanica.
Nos últimos anos, o nematoide-das- Os nematoides-das-galhas pe-
-lesões-radiculares tem ocorrido em netram nas raízes das plantas e es-
cultivo protegido em áreas isoladas timulam uma resposta, com hiper-
do país. Outros nematoides asso- trofia e hiperplasia das células que
ciados ao tomateiro (Solanum lyco- ocorrem nas raízes invadidas pelos
persicum L.) no Brasil são relatados, juvenis de segundo estádio (J2), for-
83
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
C D
84
Capítulo 9 – Tomate
A B C
Sintomas
Foto: Ailton Reis
85
PARTE 3 - Hortaliças Folhosas e Frutos
86
PARTE 4
Hortaliças Raízes,
Tubérculos e Bulbos
87
Capítulo 1
Alho e cebola
O
Brasil destaca-se como um Catarina, São Paulo e Bahia. A área
dos países com o maior cultivada no país foi de aproximada-
consumo per capita de alho mente 58.000 ha (SANTOS et al.,
(Allium sativum L.), aproximando-se 2015).
de 1,5 kg por habitante por ano. Po-
rém, em 2013 a produção no país foi Muitos gêneros de fitonematoi-
de aproximadamente 107 mil tone- des ocorrem nos cultivos de cebola e
ladas equivalente apenas a um ter- alho. Contudo no Brasil apenas a es-
ço do consumo interno. Os estados pécie Ditylenchus dipsaci e algumas
do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, espécies do gênero Meloidogyne
Santa Catarina, Goiás e Bahia res- apresentam importância econômica,
pondem por cerca de 90% da produ- capazes de reduzir a qualidade e o
ção brasileira. Em relação à cebola, rendimento destas culturas. Nos últi-
de acordo com números do Instituto mos anos os problemas com o nema-
Brasileiro de Geografia e Estatística toide-das-galhas (Meloidogyne spp.)
(IBGE), a produção nacional foi de em cebola vêm aumentando princi-
aproximadamente 1,601 milhões de palmente em regiões produtoras da
toneladas, com destaque para os es- região Nordeste e Centro-oeste e no
tados do Rio Grande do Sul, Santa estado de Santa Catarina.
89
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
90
Capítulo 1 – Alho e cebola
91
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
92
Capítulo 1 – Alho e cebola
93
Capítulo 2
Batata
A
batata (Solanum tuberosum brasileiros (MG, SP, PR, RS, SC, GO
L.) é a terceira cultura alimen- e BA) (EMBRAPA, 2013).
tar mais importante do plane-
ta e a primeira commodity não grão. Entretanto, os nematoides
Estima-se que mais de um bilhão de apresentam sérios problemas para
pessoas consomem batata diaria- o cultivo da batata em praticamen-
mente. Sua produção mundial anual te todas as regiões do mundo onde
supera 330 milhões de toneladas em ela é cultivada, com danos variáveis,
uma área de 18 milhões de hectares chegando até a comprometer toda a
(Scott et al., 2000). produção. Estes danos dependem da
densidade populacional do patógeno
No Brasil, a batata é a hortaliça presente no solo, da cultivar utilizada,
mais importante, com uma produção da espécie/raça de nematoide e das
anual de aproximadamente 3,5 mi- condições ambientais. No Brasil, os
lhões de toneladas em uma área de danos maiores são provocados pelo
cerca de 130 mil hectares. De acor- nematoide-das-galhas, Meloidogyne
do com Associação Brasileira da Ba- spp., em especial M. incognita e M.
tata (Abba), o agronegócio da batata javanica, que são as espécies com
envolve em torno de 5 mil produto- maior distribuição nas regiões produ-
res em 30 regiões de sete estados toras. A alta incidência destas duas
95
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
96
Capítulo 2 – Batata
A B
97
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
98
Capítulo 2 – Batata
disso, estas lesões podem servir de vado destaque, pois existe relato de
porta de entrada para outros micro- sua ocorrência em nações vizinhas
-organismos presentes no solo, com como: Argentina, Venezuela, Peru,
aumento do grau de depreciação Colômbia, Chile, Equador e Bolívia
dos tubérculos para comercialização (DATA..., 2016). Dessa maneira,
(Mai et al., 1990). o Brasil vive sob constante amea-
ça da introdução destas espécies, o
As plantas infectadas formam
que provavelmente aumentaria ainda
reboleiras na lavoura. Um dos sinto-
mais a preocupação dos bataticulto-
mas iniciais do ataque de Pratylen-
res com problemas fitossanitários.
chus spp. é o atraso no desenvolvi-
mento das plantas infectadas, com Uma das características mar-
drástica redução de crescimento em
cantes na diferenciação destas duas
relação às demais. Em geral, as plan-
espécies refere-se à cor das fêmeas
tas apresentam florescimento tardio
e ocorre quando presas aos tecidos
e intensa necrose nas radicelas (SIL-
pela parte anterior. As fêmeas de G.
VA; SANTOS, 2007).
rostochiensis (Wollenweber) Behrens
Nematoides formadores de cis- desenvolvem-se passando por uma
tos - Globodera rostochiensis e G. fase amarelo-dourada antes de apre-
pallida sentarem coloração castanha, cuja
característica origina o nome comum
Embora haja grande risco de de “nematoide-dourado”. As fêmeas
transmissão via batata-semente, os de G. pallida (Stone) Behrens são de
nematoides-do-cisto até o momen- cor branca ou creme antes de ad-
to não foram detectados no Brasil. quirirem a cor castanha (Mai et al.,
Porém, trata-se de um grupo de ele- 1990).
99
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
100
Capítulo 2 – Batata
101
Capítulo 3
Batata-doce
A
batata-doce é uma hortaliça solo, adubação, utilização de mudas
muito importante e popu- de alta sanidade, uso de cultivar re-
lar, cujo plantio se expandiu gistrada, mecanização da lavoura,
por várias regiões do Brasil. A pro- processo e armazenamento pós-co-
dutividade média nas últimas safras lheita (Santos et al., 2015). Outro
tem-se mantido estável, próximo ponto importante é que seu cultivo
de 500 mil toneladas. Em 2013, os intensivo resulta em graves proble-
principais estados produtores foram mas fitossanitários, principalmente
Rio Grande do Sul (166,6 mil tonela- no que se refere às doenças associa-
das), São Paulo (71,4 mil toneladas), das a patógenos de solo, como os
Sergipe (44,3 mil toneladas), Minas nematoides.
Gerais (30,1 mil toneladas) e Paraná
(30,8 mil toneladas) (Santos et al., Muitos gêneros de fitonema-
2015). Entretanto, a produção atual toides estão associados aos cultivos
é baixa considerando a capacidade de batata-doce, porém, o nematoide-
produtiva de novos cultivares lança- -das-galhas (Meloidogyne spp.) e o
das no mercado nos últimos anos. O nematoide-reniforme (Rotylenchulus
sistema de produção, ainda neces- reniformis) foram estudados de forma
sita de melhorias, como adequação intensa. No entanto, dois gêneros de
de práticas como preparo correto do endoparasitos migradores, Pratylen-
103
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
A B
Fotos: A: Jadir Borges Pinheiro e B: Paula Carmona
104
Capítulo 3 – Batata-doce
105
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
106
Capítulo 3 – Batata-doce
107
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
108
Capítulo 4
Beterraba
O
riginária da Europa, a beter- Pelo menos 29 espécies de ne-
raba (Beta vulgaris L.) é uma matoides pertencentes a 16 gêne-
raiz tuberosa pertencente ros do filo Nematoda são parasitas
à família Quenopodiaceae. Existem na cultura da beterraba açucareira
quatro biótipos de beterraba de im- e podem afetar a produção de be-
portância econômica significativa: a terraba para mesa (STEELE, 1991).
beterraba açucareira (Beta vulgaris As perdas na produção atribuída aos
var. maritima), utilizada para a extra- nematoides podem chegar a 100%,
ção de açúcar devido a altos teores dependendo do nível populacional da
de sacarose; a beterraba forrageira espécie presente, da suscetibilidade
(B. vulgaris var. rapa), cujas raízes e da cultivar e das condições ambien-
folhas são empregadas na alimenta- tais do local, como umidade, tempe-
ção animal; a beterraba de folhas ou ratura e tipo de solo.
acelga (B. vulgaris var. cicla), cujas
folhas são empregadas na alimenta- Existem outros nematoides
ção; e a beterraba hortícola (B. vul- com alto poder destrutivo para cul-
garis var. crassa, ex. B. vulgaris var. tivos de beterraba que ainda não fo-
canditiva), também conhecida como ram relatados no Brasil e, por isso,
beterraba vermelha ou beterraba de detêm o status de praga ausente. En-
mesa, cultivada no Brasil. tre estes destaca-se o nematoide-do-
109
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
Nematoide-das-galhas – Meloi-
dogyne spp.
110
Capítulo 4 – Beterraba
111
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
112
Capítulo 4 – Beterraba
113
Capítulo 5
Cará e inhame
O
inhame [Dioscorea spp.] é vido ao ataque dos nematoides, que
uma excelente fonte de car- continuam sua multiplicação.
boidrato, por isso possui ex-
trema importância econômica para Os principais nematoides cau-
os países Africanos, bem como para sadores de danos a cultura são re-
presentados pelo nematoide-da-cas-
algumas regiões da Ásia até a Índia,
ca-preta-do-inhame [Scutellonema
Japão e países do Caribe. No Brasil, é
bradys (Steiner; Lehew) Andrassy],
cultivado principalmente nas regiões
nematoide-das-lesões-radiculares
Nordeste e Sudeste, e se configura
(Pratylenchus spp.) e o nematoide-
como excelente commodity para os
das-galhas (Meloidogyne spp.).
estados Nordestinos.
Nematoide-da-casca-preta-do-
Durante o cultivo do inhame
inhame – Scutellonema bradys
inúmeros são os problemas fitossani-
tários, entre eles o ataque de pragas É considerado o de maior impor-
como lagartas e fungos, porém, os tância devido à sua ampla dissemina-
nematoides são os principais cau- ção e número de hospedeiros, além de
sadores de perdas para a cultura. continuar sua reprodução e multiplica-
Mesmo armazenadas, as túberas do ção nas túberas armazenadas, ocasião
inhame continuam a sofrer danos de- na qual pode ocorrer a maior taxa de
115
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
Sintomas Nematoide-das-lesões-radicula-
res – Pratylenchus coffeae.
O principal sintoma devido ao
parasitismo dá-se com áreas necro- O nematoide-das-lesões-radicu-
sadas escuras por toda a túbera, em lares na cultura do inhame é repre-
geral estas áreas são profundas (1 sentando principalmente pela espécie
cm a 2 cm) com aspecto de podri- Pratylenchus coffeae (Zimmermann)
dão seca. Ao descascar o inhame, Filipjev & Schuurmans Stekhoven.
observa-se uma coloração creme a Todavia Pratylenchus brachyurus
amarelo clara logo abaixo da última (Godfrey) Filipjev & Stekhoven, pode
camada externa da túbera. Com o ocorrer causando danos a cultura.
passar do tempo e o progresso da do- Destaca-se a ocorrência de P. coffe-
ença, ocorre escurecimento interno ae juntamente a Scutellonema bra-
(lesões), podendo surgir rachaduras dys na mesma área de cultivo (Figu-
na parte externa da casca. O tecido ra 51). Embora haja o estabelecimen-
afetado abaixo da camada externa to de uma população sobre a outra.
torna-se escuro a preto, depreciando
toda túbera para a comercialização e Sintomas
o consumo (Figura 1).
Os sintomas são muito pareci-
dos com os causados pelo nematoide-
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
-da-casca-preta-do-inhame. Ocorrem
lesões escuras (pretas) e rachaduras.
Ao descascar o inhame nas camadas
abaixo da casca podem ser encon-
tradas lesões escuras que se tornam
esponjosas (Figura 2). Essa espécie
continua sua multiplicação e reprodu-
ção nas túberas armazenadas.
Nematoide-das-galhas – Meloi-
dogyne spp.
Figura 1. Sintomas em túberas de inha-
me causados pelo complexo Scutellone- Embora os dados relativos aos
ma bradys e Pratylenchus coffeae. danos causados pelo nematoide-das
116
Capítulo 5 – Cará e inhame
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
117
Capítulo 6
Cenoura
A
cenoura (Daucus carota L.) é dutores, sua contabilização torna-se
considerada uma das cinco difícil (SANTOS et al., 2015).
principais hortaliças consu-
midas pelo brasileiro, entretanto seu Dentre as principais característi-
consumo ainda é considerado bas- cas dos híbridos a serem desenvolvi-
tante baixo, cerca de 4,0 kg/habitan- dos pelos programas de melhoramen-
te/ano. to destacam-se a resistência a viro-
ses, bactérias e principalmente aos
Minas Gerais, Goiás, São Paulo, nematoides (Santos et al., 2015)
Paraná e Bahia são os grandes produ-
tores no país. No Brasil, as áreas de Os nematoides constituem um
produção, em municípios polos como dos principais problemas para o cul-
São Gotardo, MG, apresentam ren- tivo da cenoura em praticamente to-
dimento médio superior a 50 caixas das as regiões do mundo. As perdas
de 29 kg por hectare. Em lavouras de variam de 20% até 100%, depen-
alta tecnologia, a média pode superar dendo da densidade populacional, da
a 90 caixas de 29 kg. Nos plantios suscetibilidade da cultivar, da espé-
de baixa tecnologia pelo país, para cie de nematoide, do tipo de solo e
consumo nas propriedades ou comer- das condições ambientais (tempera-
cialização em feiras de pequenos pro- tura e umidade relativa).
119
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
120
Capítulo 6 – Cenoura
A B
121
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
122
Capítulo 7
Mandioquinha-salsa
O
cultivo de mandioquinha - tendência de crescimento, e no Norte
salsa (Arracacia xanthorrhi- e Nordeste é quase desconhecida.
za Bancr.) representa uma
Dentre os problemas fitossa-
ótima alternativa para pequenos e
nitários da cultura, destacam-se os
médios produtores, especialmente
nematoides, sendo que no Brasil, os
agricultores familiares, em função
mais comuns em mandioquinha-salsa
da considerável demanda por mão-
são o nematoide-das-galhas e o ne-
de-obra, principalmente nas fases de
matoide-das-lesões-radiculares, per-
preparo de mudas, plantio e colheita,
tencentes aos gêneros Meloidogyne
operações que exigem critério e ca-
e Pratylenchus, respectivamente.
pricho no manuseio.
Dentre os nematoides do gê-
A mandioquinha-salsa atinge ele- nero Meloidogyne, verifica-se com
vadas cotações e a oscilação de pre- maior frequência a ocorrência das
ços é relativamente pequena ao longo espécies M. incognita e M. javani-
do ano quando comparada a outras ca. Em relação aos nematoides do
hortaliças. O consumo de mandioqui- gênero Pratylenchus, as espécies
nha-salsa é comum nas regiões Su- mais frequentes na cultura são P. pe-
deste e Sul. No Centro-Oeste, seu netrans, P. coffeae e P. brachyurus
consumo ainda é pequeno, mas existe (Godfrey) Filipjev & Stekhoven.
123
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
124
Capítulo 7 – Mandioquinha-salsa
A B
125
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
Sintomas Nematoide-da-casca-preta-do
inhame – Scutellonema spp.
O principal sintoma da infec-
ção pelo nematoide-das-lesões-ra- Nos últimos 5 anos, a presença
diculares é a presença de lesões de de Scutellonema em mandioquinha
coloração avermelhada nas raízes, salsa em áreas de produtores do Dis-
que com o passar do tempo evoluem trito Federal referente ao S. bradys
para coloração marrom escuro a pre- tem sido frequente. Na literatura, as
ta. Com o progresso da doença, as informações relativas à interação e à
raízes tornam-se apodrecidas. ocorrência de Scutellonema em man-
dioquinha-salsa são escassas.
Os sintomas na parte aérea não
são característicos, porém, incluem Sintomas
o nanismo, clorose e outros sinto-
Os sintomas provocados por
mas associados à deficiência nutri-
Scutellonema em mandioquinha-sal-
cional (Roberts; Mullens, 2002).
sa são diferentes dos sintomas de
Estes sintomas podem se manifestar Pratylenchus. Inicialmente, ocorrem
na forma de reboleiras com manchas pequenas depressões com manchas
características em determinados (pontos) de coloração avermelhada
pontos da lavoura. ao longo da raiz, ficando com um as-
pecto de ‘ralada’. Ao descascar as
Nas lesões das raízes doentes
raízes, na camada interna observa-se
podem ocorrer também rachaduras,
uma descoloração dos tecidos, que
geralmente longitudinais, que são
se tornam manchados de branco e
porta de entrada para bactérias, que
amarelo mais escuro.
aceleram o apodrecimento e tornam
as raízes sem valor comercial (Figu- Com o progresso da doença e
ra 3) (Costa et al., 2000). multiplicação dos nematoides, estas
126
Capítulo 7 – Mandioquinha-salsa
127
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
PARTE 4 - Hortaliças Raízes, Tubérculos e Bulbos
128
PARTE 5
Hortaliças não convencionais
ou tradicionais
129
Capítulo 1
Peixinho, coentrão, macaia,
chuchu de vento e bertalha
O
cultivo de hortaliças não con- Em relação às doenças, es-
vencionais ou tradicionais no tas hortaliças geralmente são afe-
Brasil é feito normalmente tadas por nematoides, podendo ser
por agricultores familiares, muito de- consideradas, em determinadas si-
les caracterizados como populações tuações, ótimas hospedeiras como
tradicionais. A maioria dos cultivos exemplo: peixinho (Stachys lanata
está estabelecida nos quintais para o Jacq.), coentrão (Eryngium cam-
consumo da própria família, sem ne- pestres L.), jacatupé [Pachirhyzus
nhum fim comercial, apesar de algu- tuberosus (Lam.) Spreng], chuchu-
mas espécies possuírem grande ape- de-vento [Cyclanthera pedata (L.)
lo comercial, por exemplo, inhame Schrader] e bertalha (Basella rubra
[Dioscorea spp. (L.)] e maxixe (Cucu- L.). Estas se destacam como meios
mis anguria L.) (MANUAL..., 2010). de disseminação de nematoides para
Entretanto, estas espécies locais de outras áreas.
hortaliças tradicionais necessitam de
estudos a respeito de sua propaga- O principal nematoide de ocor-
ção, de seu consumo, bem como de rência nas hortaliças tradicionais é
seu comportamento em relação às representado pelo nematoide-da -
doenças. galhas, que se multiplica com rapi-
131
PARTE 5 - Hortaliças não convencionais ou tradicionais
dez, podendo inviabilizar áreas para ros são escassos, razão pela qual se
plantios subsequentes. Também faz necessária a realização de pes-
pode haver o ataque de nematoide- quisas visando à implementação e ao
das-lesões-radiculares (Pratylenchus manejo de práticas consistentes para
spp.), bem como do nematoide-da- reduzir ou erradicar a ação destes pa-
casca-preta-do-inhame (Scutellone- tógenos.
ma bradys). Entretanto, a ocorrência
maior e os danos são representados Sintomas
por Meloidogyne.
Os principais sintomas do
Nematoide-das-galhas – Meloi- ataque do nematoide-das-galhas é o
dogyne spp. grande número de galhas nas raízes
causadas pela alimentação e pela pe-
Em hortaliças tradicionais, as netração no sistema radicular destas
principais espécies de Meloidogyne hortaliças (Figura 1). Na parte aérea
que ocorrem nestas culturas são M. pode ocorrer o amarelecimento das
incognita, M. javanica e M. arenaria. folhas e o ataque geralmente apre-
Porém, os estudos sobre a interações senta, como consequência, as rebo-
destas espécies com estes hospedei- leiras.
A B C
Foto: Jadir Borges Pinheiro
D E F
Figura 1. Nematoides-
das-galhas em hortaliças
não convencionais: A -
peixinho (Stachys lana-
ta); B - coentrão (Eryn-
gium campestres); C e
D - jacatupé (Pachirhyzus
tuberosus); E - chuchu
-de-vento (Cyclanthera
pedata) e F - bertalha
(Basella rubra).
132
PARTE 6
Amostragem para diagnose de
nematoides em cultivos
de hortaliças
O correto diagnóstico da espécie de nematoide envolvida é feito pela
análise de amostras de solo e de raízes em laboratório especializado, visando
conhecer as densidades populacionais destes organismos no solo, na fase de
pré-plantio e nas fases posteriores de desenvolvimento da cultura. Com isso,
pode-se preventivamente reduzir os prejuízos antes do plantio, bem como
amenizar as perdas em caso de o nematoide já estar instalado na lavoura.
133
Capítulo 1
Coleta de amostras de solo
N
a coleta de amostras de solo de solo homogeneizado. A amostra
para análise, pequenas por- composta deve ser identificada e en-
ções, em torno de 200 g, de- viada para um laboratório especiali-
verão compor cada amostra simples. zado. Para áreas extensas e irregu-
Recomenda-se coletar de 15 a 20 lares, é recomendável a sua divisão
amostras simples (subamostras) por em quadrantes e a retirada de uma
hectare (Figura 1). À medida que se amostra composta por quadrante.
caminha em zig-zag pela área suspei-
ta, as subamostras de solo deverão Caso não seja possível enviar
ser coletadas em profundidade de as amostras no mesmo dia, estas de-
20 cm a 30 cm ao redor das plantas vem ser armazenadas e mantidas em
e, posteriormente, homogeneizadas. temperaturas entre 10 °C e 15 °C,
Em seguida, a amostra composta é ou deixadas à sombra para que não
formada adicionando-se em saco de ocorra o ressecamento, que dificulta
polietileno, cerca de 400 g a 500 g o correto diagnóstico em laboratório.
135
Ilustração: Vanessa Reyes
PARTE 6 - Amostragem para diagnose de nematoides em cultivos de hortaliças
136
Capítulo 2
Coleta de amostras de partes vegetais
P
ara a coleta e o envio de par- a amostra composta, que deverá ser
tes vegetais para um labora- colocada em um saco plástico com a
tório especializado, algumas identificação da área. Deve-se evitar
amostras de raízes, bulbos, túberas umidade em excesso para que não
e/ou tubérculos (3 a 5) e em torno haja a proliferação de fungos e apo-
de 100 g de radicelas deverão com- drecimento das amostras.
por cada amostra simples. Deve-se
coletar em torno de 8 a 10 amostras Também, é importante lembrar
simples (subamostras) por hectare. que as amostras com imperfeições
A coleta realizada em canteiros de- nas raízes, galhas e ou protuberân-
verá ser feita arrancando-se até 10 cias, lesões escuras, rachaduras e
plantas por m2 de alguns pontos do murchamento na parte aérea devem
canteiro, procedendo-se à coleta de ser escolhidas preferencialmente. No
solo no local em que as plantas fo- caso da cultura do alho (Allium sati-
ram arrancadas e descartando-se a vum L.) e da cebola é recomendável
camada dos 5 cm a 10 cm de solo a coleta da parte aérea. Se houver
superficial. Em seguida, estas amos- plantas daninhas na área, é reco-
tras devem ser homogeneizadas e re- mendado que se retire e se verifique
tiradas cerca de 3 a 5 raízes, bulbos, os sintomas nas raízes. Além disso,
túberas e/ou tubérculos para formar também é recomendável a coleta
137
PARTE 6 - Amostragem para diagnose de nematoides em cultivos de hortaliças
138
PARTE 7
Manejo de nematoides
em hortaliças
139
Capítulo 1
Hortaliças folhosas e frutos
P
revenção praticamente impossível. Dessa for-
ma, os métodos usuais de controle
A prevenção é sempre a me- têm como objetivo principal reduzir
lhor forma de controle de patógenos ou manter as densidades populacio-
de solo, em especial os nematoides. nais dos nematoides em níveis bai-
Devido ao fato de os nematoides se xos, que não causem perdas econô-
moverem lentamente no solo, oca- micas (Charchar, 1999).
sião em que a distância percorrida
por eles, ao ano, provavelmente, não A utilização de jatos fortes de
exceda uns poucos metros (AGRIOS, água para remoção de solo aderido
2005), sua principal forma de disse- a máquinas e implementos antes da
minação é passiva, por meio da mo- entrada em outras áreas é eficiente
vimentação do solo, água da chuva medida para evitar disseminação des-
ou irrigação e mudas contaminadas. tes patógenos por meio de partículas
de solo aderidas aos pneus e demais
A prevenção preserva a área de partes do maquinário. Também deve
cultivo livre desses patógenos pois, se ter o cuidado na obtenção de mu-
uma vez introduzidos na proprieda- das isentas destes patógenos (Figu-
de, o produtor terá que conviver com ra 1), realizar amostragem sempre
o problema, já que sua erradicação é que for fazer o plantio em novas e/
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PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças
A B
Fotos: Jadir Borges Pinheiro
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Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos
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Foto: Jadir Borges Pinheiro
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças
sitos pela ação dos raios solares. A luz dem sobreviver no solo por pelo menos
solar apresenta efeito nematicida de- 6 meses em temperaturas variando
vido à fração ultravioleta do espectro. de -4 °C a 25 ºC (Heald; Inserra,
A eficiência do alqueive vai depender 1988). Assim, a utilização de alqueive
de sua duração, da temperatura e como medida de controle não pode ser
da umidade do solo, e da espécie de considerada uma opção viável para
nematoide envolvida. É recomendável este caso.
deixar certo nível de umidade no solo
Vale lembrar que o alqueive é
(alqueive úmido) (DUTRA et al., 2006),
uma prática que possui o inconve-
que permite a eclosão dos juvenis e o
niente do custo de manter o solo
movimento destes. Com esta movi-
limpo por determinado tempo, com
mentação, os espécimes consumirão
redução de lucro para o produtor e o
mais suas reservas energéticas e mor-
favorecimento de erosões em regiões
rerão por inanição.
onde ocorrem chuvas elevadas.
Em hortaliças cujo nematoide- Uso de plantas antagonistas
reniforme causa problemas, o manejo é
dificultado porque persistem por longos O plantio de plantas antagonis-
períodos no solo sem um hospedeiro. tas causa redução dos níveis popula-
Estádios móveis de R. reniformis po- cionais de nematoides em diferentes
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Capítulo 1 – Hortaliças folhosas e frutos
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PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças
156
Capítulo 2
Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos
P
revenção são de ocorrência em países vizinhos
do Brasil como Argentina, Venezue-
No caso da cultura da bata- la, Peru, Colômbia, Chile, Equador e
ta (Solanum tuberosum L.), o uso de Bolívia, representando sérios riscos
batata-semente certificada, livre de de introdução no Brasil (Santos,
nematoides fitoparasitos, é essencial 2003; Silva; Santos, 2007).
para manter este grupo de patóge-
no fora da área de cultivo. Com isso, A não constatação destes nema-
reduz-se drasticamente a possibilida- toides no Brasil e a facilidade com que
de de se introduzir na lavoura tanto se disseminam por meio de tubércu-
nematoides já presentes no Brasil, los infestados ou solo aderente a eles
mas principalmente os nematoides fazem com que o exame da batata
quarentenários, pois estes apresen- importada seja cuidadosamente cer-
tam alto risco de introdução em caso tificadas por autoridades competen-
de desvio de batata-consumo, even- tes para tal. Órgãos governamentais
tualmente importada, para uso como como a Embrapa Quarentena Vegetal
batata-semente. Apesar de quarente- e o Mapa funcionam como barreira
nários, os nematoides formadores de à introdução de novos patógenos no
cistos, falso nematoide-das-galhas e país, por meio de análises nematoló-
o nematoide-da-podridão-da-batata, gicas e determinação de medidas de
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PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças
A B
Fotos: Nuno Rodrigo Madeira
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Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos
159
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças
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Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos
sucessão de culturas durante 2 anos com alho ou cebola por quatro anos,
sobre uma população mista de S. como milho em campos infestados,
bradys e P. coffeae. No primeiro ano apresenta ótimos resultados.
os tratamentos foram compostos por
parcelas cultivadas com Brachiaria Alqueive
humidicola (Rendle) Schweick., Ca-
O alqueive para o contro-
navalia ensiformis, Crotalaria juncea,
le de nematoides em hortaliças raí-
C. ochroleuca, C. spectabilis, Digita-
zes, tuberosas e bulbos é o mesmo
ria decumbens (capim-pangola), Ipo-
procedimento recomendado para as
moea batatas (cultivar Sergipana),
hortaliças folhosas e frutos, portanto
Manihot esculenta Crantz (cultivar
encontra-se descrito no capítulo 26.
Rosinha), Pennisetum purpureum
(cultivar Roxo), Phaseolous lunatus Uso de plantas antagonistas
L. (cultivar Branca), Phaseolus vul-
garis L. (cultivar Mulatinho), Vigna Na região andina do Peru, plan-
unguiculata (cultivar Corujinha), Zea tas como canola (Brassica napus L.)
mays (cultivar BR 106) e Dioscorea e mostarda (Sinapis alba L.) têm sido
cayenensis (inhame-da-Costa). Ao utilizadas como supressoras para
final do ciclo das culturas foram ava- Meloidogyne spp. e Pratylenchus
liadas as amostras de solo e de raízes spp. na cultura da batata (Solanum
em relação à população de nematoi- tuberosum L.). Quando se incorpora
des e, em seguida, cultivados o inha- a parte aérea destas plantas, com
me durante um período de 9 meses. a decomposição, ocorre liberação
Observaram que a maior produção de substâncias que são tóxicas aos
de túberas sadias foi constatada nas nematoides. Estas substâncias apre-
parcelas cultivadas previamente com sentam propriedades similares ao
Crotalaria spp. e P. lunatus. Dessa nematicida metham sodium (Scur-
maneira, os autores concluíram que rah, 2008). Demais informações
o plantio dessas espécies vegetais e, sobre a utilização de plantas anta-
principalmente de C. spectabilis, em gonistas encontram-se descritas no
área com população mista das duas capítulo 1.
espécies de nematoides, é uma tec-
nologia viável de controle do nema- Eliminação de restos culturais e
toide-da-casca-preta do inhame. tigueras
161
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças
162
Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos
este material tem sido utilizado em S. sparsipilum (Bitter) Juz. & Buka-
programas avançados de melhora- sov apresentam bons níveis de re-
mento na França e em outros países, sistência a Naccobus aberrans (Mai
com perspectivas de lançamento fu- et al., 1990).
turo de materiais com resistência ao
nematoide-das-galhas. A espécie S. No Brasil, em relação à cenou-
tuberosum L. subsp. andigena tem ra, avanços significativos têm sido
sido utilizada para resistência a M. obtidos no que se refere ao nema-
hapla (Scurrah, 2008). toide-das-galhas em virtude das
pesquisas realizadas pela equipe da
Não são conhecidas fontes de Embrapa Hortaliças. As progênies e
resistência para os nematoides-das- cultivares de cenoura desenvolvidas
lesões-radiculares em batata. Porém, pela Embrapa Hortaliças vêm sendo
existem algumas cultivares, como avaliadas para a resistência ao nema-
Peconic e Hudson, que são mais to- toide-das-galhas desde 1978. Nesse
lerantes a P. penetrans (Cobb) Chi- contexto, em 1981 a Embrapa Hor-
twood & Oteifa que outros, mas os taliças lançou a cultivar Brasília, que
resultados são ainda inconclusivos e apresenta como uma das principais
as pesquisas em relação à procura de características a elevada tolerância a
fontes de resistência a Pratylenchus Meloidogyne incognita e M. javanica.
spp. são escassas (Mai et al., 1990). Desde então, a Unidade vem traba-
lhando no intuito de buscar outras
Para os nematoides forma- fontes de resistência derivadas da
dores de cisto (Globodera spp.), o cultivar Brasília. Em 2009 houve a
emprego de variedades resistentes liberação da cultivar BRS Planalto,
nos países de sua ocorrência reduz a que apresenta também elevado ní-
população do nematoide no solo em vel de tolerância ao nematoide-das-
cultivos de batata em torno de 95%. galhas. Entretanto, não é conhecida
Entre as variedades comerciais da ainda fonte de resistência alta ou
Europa e América do Norte, há dis- imunidade aos nematoide-das-galhas
ponibilidade de excelentes fontes de em cenoura.
resistência a G. rostochiensis (Wol-
lenweber) Behrens. Tem-se encon- Para a cultura da batata-doce,
trado também boa resistência para esforços consideráveis têm sido re-
algumas raças de G. pallida (Mai alizados para desenvolver ou sele-
et al., 1990). cionar cultivares de batata-doce re-
sistentes ao nematoide-das-galhas.
Cultivares nativas como Sola- No Brasil, algumas instituições de
num tuberosum L. subsp. andigena e pesquisa têm buscado fontes de re-
163
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças
164
Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos
As cultivares de mandioquinha
salsa para consumo plantadas no
Brasil são preferencialmente de ra-
ízes amarelas, mas são altamente
suscetíveis ao nematoide-das-galhas.
Os clones de raiz branca, com resis- Figura 2. Aplicação de nematicida du-
tência ao nematoide-das-galhas, são rante a semeadura de cenoura em São
pouco consumidos no país em virtu- Gotardo, MG.
165
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças
166
Capítulo 2 – Hortaliças raízes, tubérculos e bulbos
Tabela 1. Resumo da eficiência relativa das medidas integradas de controle das prin-
cipais doenças causadas por nematoides em hortaliças no Brasil.
167
Capítulo 3
Desafios e perspectivas
A
tualmente, dentre os grandes DF, causando danos em plantas de
desafios da nematologia na pimentão resistentes a M. incogni-
olericultura, destaca-se o de- ta e M. javanica (PINHEIRO et al.,
senvolvimento de métodos de contro- 2015). A partir destas constatações,
le do nematoide-das-galhas, M. ente- os problemas surgidos em hortaliças
rolobii. Esta espécie foi relatada pela pela ocorrência de M. enterolobii são
primeira vez no Brasil na cultura da cada vez mais frequentes devido à
goiaba nos estados de Pernambuco sua rápida disseminação constituin-
e Bahia, com danos nos plantios co- do-se em séria ameaça as hortaliças
merciais desta frutífera (Carneiro cultivadas.
et al., 2001). Em 2006, esta espécie
foi relatada atacando porta-enxertos M. enterolobii encontra-se pre-
de pimentão ‘Silver’ e tomateiros das sente na maioria dos estados brasi-
cultivares Andrea e Débora no esta- leiros. Contudo, poucas são as infor-
do de São Paulo, materiais estes que mações sobre o comportamento de
apresentam resistência a outras es- hortaliças em relação a esta espécie.
pécies de nematoides prevalecentes Dessa maneira, é de extrema impor-
no país (Carneiro et al., 2006). No tância o desenvolvimento de cultiva-
ano de 2015, esta espécie foi rela- res resistentes para o manejo de M.
tada no Núcleo Rural de Planaltina, enterolobii, uma vez que a utilização
169
PARTE 7 – Manejo de nematoides em hortaliças
170
Capítulo 3 – Desafios e perspectivas
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