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E-BOOK

PROCESSO DE FENAÇÃO
DE FORRAGEIRAS
Autor: Murilo Salvador de Lorenci
Diagramação: Thierry Rocha

A fenação é o processo que utiliza a energia solar para fazer a desidratação


das forrageiras, com pequena alteração no valor nutritivo e possibilidade de
armazenamento por longos períodos.

O feno é uma alternativa para suprir as deficiências quantitativas e


qualitativas das pastagens durante a época seca. Podem ser obtidas através
do excedente de pasto em áreas de pastejo ou em áreas exclusivas.

A fenação tem por objetivo propiciar a perda rápida de água na planta


forrageira, conservando ao máximo seu valor nutritivo, pois quanto mais
rápido for o processo de desidratação, mais rapidamente se detém a
respiração das plantas, bem como a dos microrganismos, obtendo-se um
produto final de melhor qualidade.
A qualidade está associada:

À planta;
Ao manejo;
Às condições climáticas durante o processo de secagem;
Ao sistema de armazenamento empregado;

As vantagens da fenação incluem:

Pode ser colhido, armazenado e fornecido aos animais


manualmente ou por processos inteiramente mecanizados;

Maior número de animais por unidade de área;


Facilmente comercializável e de bom valor comercial;
Não depende de processos fermentativos;
Não estraga no fornecimento;
Armazenamento de forragem por longos períodos;
Inúmeras plantas forrageiras podem ser utilizadas no processo;
Pode ser produzido e utilizado em grande e pequena escala;
Aumenta a produção de forragem por área, quando o corte
é realizado na época certa;
Economiza a utilização de concentrados.

Como desvantagens podemos citar:

O elevado custo de aquisição de máquinas adequadas;


Elevado custo com mão-de-obra por quilo de feno produzido
em pequenas propriedades.

São características desejáveis de espécies forrageiras


para fenação:

Alta produção de forragem e ótimo valor nutritivo;


Tolerância a cortes baixos;
Elevado vigor de rebrotação após o corte;
Facilidade para a desidratação;
Reduzida perda de folhas.
Espécies de crescimento
cespitoso de porte elevado e
que formam touceiras
podem ter seu processo de
rebrotação prejudicado
pelos cortes em função de
danos às touceiras e
perfilhos.

Plantas com colmos


c u m p r i d o s e /o u g r o s s o s
apresentam menor
velocidade de perda de água
durante o processo de
desidratação, o que resulta
em fenos de pior valor
nutritivo.

O terreno deve ser:

Fértil;

De preferência plano ou
com declividade favorável
à mecanização;

Livre de inundações;

Livre de tocos, cupins ou


pedras, para facilitar os
tratos culturais, o corte
e depois a fenação;
Corte das Forrageiras

Ao processo de fenação, tradicionalmente abrange quatro


etapas principais: corte, desidratação ou secagem, enfardamento
e armazenamento.

Em cada etapa, deve-se adotar procedimentos corretos, em


função do tipo de maquinário, da espécie forrageira, manejo e das
condições climáticas.

O período mais indicado para a prática de fenação é na estação


das águas, pois com o solo úmido, as forrageiras apresentam uma
elevada concentração de nutrientes, além de um bom
rendimento de forragem. Isso ocorre geralmente ainda no
estágio vegetativo, quando a maior proporção de folhas.

A planta deve ser cortada quando ocorrer equilíbrio entre


produtividade por hectare e valor nutritivo.
A qualidade da forragem à época do corte é de importância
primária na qualidade do feno, sendo que, a ocorrência de chuva é o
fator mais prejudicial de feno.

O manejo do corte, deve-se também levar em conta as condições


que asseguram a persistência da forrageira, tais como a
frequência e a altura de corte.

Altura da planta:

Capim tifton 85, pode ser


cortado quando tiver uma
altura de 45 a 50 cm;

Capim elefante, numa


altura de 1,80 m;

Brachiarias, numa altura


de 50 a 60 cm;

Panicum maximum, numa


altura de 80 a 90 cm;
Altura do corte:

Capins do gênero Brachiaria


podem ser cortados de
10 a 15 cm do solo;

Capins do gênero Cynodon


podem ser cortados de
5 a 10 cm do solo;

Ave n a , Pa n i c u m e
Pennisetum, podem ser
c o r ta d o s d e 1 0 a 2 0 c m
do solo;

Leguminosas, podem ser


cortadas de 8 a 10 cm do
nível do solo;

O corte deve ser realizado em


dias ensolarados, com pouca
nebulosidade, baixa umidade
relativa do ar, ocorrência de
ventos e temperaturas elevadas.

Pode ser manual ou mecânico, e


deve ser feito nas primeiras
horas da manhã, após o orvalho,
com a planta seca.

O corte manual pode ser feito


com alfange, foice ou roçadeira
costal. O corte mecânico pode
ser feito com: Segadeira de
barra (alternativa); Segadeira de
t a m b o r ; S e g a d e i r a
condicionadora; Segadeira de
discos; Microtratores com
lâminas frontais; Colhedora de
forragem.
Secagem das Forrageiras

Fase que implica na evaporação de grande quantidade de água(2 a 3


t para 1 t de feno).

Condições ambientais que favorecem a secagem são: dias


ensolarados, pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do ar,
ocorrência de ventos e temperaturas elevadas.

O processo de secagem a campo pode ser dividido em três fases:

1ª fase - inicia-se após o corte da planta forrageira no campo


onde o teor de umidade encontra-se em torno de 80 a 90%,
caindo para uma faixa de 60 a 65%;

2ª fase – o teor de umidade está em torno de 60 a 65%, caindo


para uma faixa de 45% de umidade;

3ª fase – o teor de umidade está em torno de 45% até atingir


entre 10 a 20% - nesta fase tem maiores perdas por oscilações
climáticas;
O adequado processamento da forragem, espalhamento, viragem e
enleiramento, contribuem para acelerar e uniformizar a desidratação.

Nessas condições e com tempo bom, dois ou três dias serão


suficientes para se produzir um feno de boa qualidade, desde que a forrageira
seja colhida no momento ideal.

De 02 a 03 horas após o corte deve-se realizar a viragem, a segunda


e terceira nos dias posteriores. O maior número de reviragens no dia acelera o
processo de desidratação.

Se o material permanecer no campo por mais de um dia, este


deverá ser enleirado à tarde e esparramado no dia seguinte, para
melhorar a homogeneidade da desidratação. Se ocorrer chuva
durante o dia, o material também deverá estar enleirado.

Evitar o uso de ancinhos em leguminosas. Na desidratação final, a forrageira


deve ser enleirada.

Em forragens com maior quantidade de colmo a picagem é fundamental


para facilitar a desidratação da planta através da picagem (partículas
entre 2,5 a 3,0 cm).

O material picado deve ser colocado sobre uma lona plástica ou


solários de cimento liso em camadas não superiores a 10 cm.
A viragem do material deve iniciar logo após o corte e, ser repetida
tantas vezes quanto possível.

A determinação do ponto de feno


pode ser feita por equipamento
adequados ou por maneiras práticas,
sendo que a umidade final deverá
estar entre 10 a 20%.
O processo de
torcer um feixe
de forragem e
observar:

Se voltar
rapidamente,
não está no
ponto;

S e d e m o r a r,
está no ponto;

Se houver
ro m p i m e n to
das hastes,
passou do
ponto.

Cravar unha nos nós dos talos: o nó deve apresentar


consistência de farinha, sem umidade.

Plantas que precisam ser picadas antes de serem


desidratadas, o ponto de feno é dado esfregando-se um
pouco do material entre as mãos, se desprender fácil da
mão está no ponto.
Secagem das Forrageiras

Podem ser aproveitadas as construções já existentes na


propriedade, ou construir galpões rústicos, levando-se
em consideração que devem ser locais ventilados e livres
de umidade.

O feno pode ser armazenado solto, medas ou enfardado.

O armazenamento do feno solto pode ser usado no caso de


forrageiras mais grosseiras que precisam ser picadas,
sendo que, o galpão deve ser exclusivo para este fim.

As medas podem ser feitas em diversos formatos, sendo o


cônico um dos mais comuns. O armazenamento é feito no
próprio campo, em locais altos, planos e de fácil acesso
aos animais. É indicado para as criações semiextensivas e
extensivas.

Coloca-se um tutor de 3 a 6 m, marca-se uma


circunferência com um diâmetro de 2/3 da altura, se
limitando a uma altura de 4 m.

Sempre tampar com uma lona plástica pelo motivo de


eventuais chuvas e construir uma pequena canaleta para
proteger de eventuais enxurradas.
Na forma de fardos, ocupa
menor espaço, tem melhor
conservação, facilita o
transporte e possibilita o
controle da disponibilidade
do feno.

Os fardos precisam ficar


guardados em galpões ou
serem cobertos por lona se
ficarem no campo, sobre
estrados. O enfardamento
pode ser feito de forma
manual ou mecânica. Os
fardos em geral têm em
média 13 a 15 kg.

Em regiões com baixa


possibilidade de chuvas,
pode-se usar enfardadeiras
que confeccionam rolos de
feno prensado, com peso
superior a 500 kg, que são
a r m a z e n a d o s n o c a m p o,
podendo os animais terem
acesso direto.

Esse tipo de equipamento só


é justificável para grandes
produções.
Bom feno precisa:

Alta relação folha: caule;


Caules finos e macios;
Coloração esverdeada;
Estágio vegetativo ideal;
Sem substâncias estranhas;
Sem fungos;
Cheiro agradável;
Boa palatabilidade.
Referências Bibliográficas

DA FONSECA, Dilermando Miranda; MARTUSCELLO, Janaina Azevedo.


Plantas Forrageiras. 2ª ed. Viçosa – MG: UFV, 2022;

PEREIRA, Lilian Elgalise Techio; BUENO, Ives Cláudio da Silva; PEREIRA,


Lilian Elgalise Techio; HERLING, Valdo Rodrigues. Tecnologias para
conservação de forragens: fenação e ensilagem. 1ª ed. Pirassununga –
SP: GEFEP, 2017;

REIS, Ricardo Andrade; BERNARDES, Thiago Fernandes; SIQUEIRA,


Gustavo Rezende. Forragicultura - Ciência, tecnologia e gestão dos
recursos forrageiros. 1ª ed. Jaboticabal - SP: Funep, 2014.

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