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ENSAIO REDE EMBRAPA: FUNGICIDAS SISTÊMICOS PARA

CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA SAFRA 2017/2018


VIANA, Michael Deyvid da Silva1; PARREIRA, Jeanny Beraldo2; MARTINS, Crislaine Cristina
Souza3; GOUSSAIN, Rita de Cassia Santos4; GOUSSAIN JR, Marcio Marcos Goussain5

Resumo: A distribuição da cultura da soja (Glycine max) iniciou-se em 1739 na Europa, chegando no
Brasil em 1882 no estado da Bahia. Na safra atual (2017/2018), a área plantada de soja, chegou a
35,2 milhões de hectares com produtividade de 3.385 Kg/ha. Alguns fatores limitam e interferem na
exploração do potencial de cada variedade. Dentre esses fatores, pode-se citar as doenças que afetam
a soja, destacando a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) que, se não controlada, pode reduzir
a produtividade em até 100%. Desta forma, o presente trabalho, objetivou avaliar a severidade da
ferrugem asiática e eficiência de fungicidas no controle da doença na safra 2017/18. A condução do
ensaio foi em condições de campo, em delineamento em blocos casualizados, na Estação
Experimental da Assist Consultoria e Experimentação Agronômica, na Zona Rural do município de
Campo Verde – MT. Foram feitas 4 aplicações e 4 avaliações, sendo somente o tratamento 20 S-2399
T 260 SC que apresentou melhor resultado diante a pressão da doença.

Palavras-chave: Eficiência, Fungicida, Produtividade, Severidade, Soja

1. INTRODUÇÃO
A distribuição da cultura da soja (Glycine max) iniciou-se em 1739 na Europa, nos
Estados Unidos da América em 1765 e chegando no Brasil em 1882 no Estado da Bahia
(MUNDSTOCK e THOMAS, 2005). A partir de então, programas de melhoramento de soja
no Brasil, visando desenvolvimento de cultivares adaptadas a regiões de baixas latitudes,
começarem a ganhar espaço por meio da incorporação de genes que atrasam o florescimento.
Com isso possibilitou o estabelecimento da cultura na região do cerrado brasileiro que hoje
compreende uma das principais regiões produtoras de soja do país (KIIHL e GARCIA, 1989).
Na safra atual (2017/2018), a área plantada de soja, chegou a 35,2 milhões de ha
(hectares) com produtividade de 3.385 Kg/ha (CONAB, 2018). Alguns fatores limitam e
interferem na exploração do potencial de cada variedade. Dentre esses fatores, as doenças
ocupam lugar de destaque e entre elas a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) que, se
não controlada, pode causar grandes perdas na produção (YORINORI, 2015). As perdas de
produtividade da soja devido a ocorrência da ferrugem podem chegar a 100% como
observado em cultivo safrinha, em Chapadão do Sul – MS (ANDRADE e ANDRADE, 2002).
De acordo com Henning e Godoy (2006), na safra 2002/2003 as perdas chegaram a $
737.453.718,15.
A partir do estabelecimento do vazio sanitário da soja, os danos ficaram menos
expressivos. Entretanto, o controle químico ainda é uma prática essencial no manejo da
ferrugem. Os fungicidas podem variar quanto a forma de aplicação, sendo preventivo ou
curativo (FIALLOS, 2011). Dentre os grupos químicos de preventivos os ditiocarbamatos e
cloronitrilas (orgânicos) e cobre (inorgânico) são os mais utilizados. Já os grupos químicos
pertencentes aos curativos estão triazóis, estrobilurinas e carboxamidas (YORINORI, 2015).
Desta forma, o presente trabalho, objetivou avaliar a severidade da ferrugem asiática e
eficiência de fungicidas no controle da doença na safra 2017/18.
1
Discente do Instituto Federal de Mato Grosso – Centro de Referência de Campo Verde. michaelpf2013@gmail.com
2
Coordenadora do Assist Laboratório de Fitopatologia e Nematologia
3
Assistente do Assist Laboratório de Fitopatologia e Nematologia
4
Docente do Instituto Federal de Mato Grosso – Centro de Referência de Campo Verde.
5
Sócio Diretor da Assist Consultoria e Experimentação Agronômica.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em 15/01/2018 e finalizado em 26/03/2018. A condução do ensaio
foi em condições de campo, na Estação Experimental da Assist Consultoria e Experimentação
Agronômica, na Zona Rural do município de Campo Verde – MT segundo as coordenadas
geodésicas Latitude: 15°31’54,8094’’ S e Longitude: 55°18’04,2126’’ W e Elevação (m)
759,43. A variedade de soja utilizada foi TMG 2185 IPRO.
O ensaio foi conduzido em delineamento em blocos casualizados com 25 tratamentos e
quatro repetições. Cada parcela experimental foi constituída de 6 linhas de soja com 6 m.
Foram feitas quatro aplicações dos fungicidas (Tabela 1). Os fungicidas foram aplicados nos
estádios R1, R4, R5.1 e R5.3 com auxílio de um pulverizador costal de pressão constante,
dotado de cilindro de CO2.

TABELA 1. Fungicidas utilizados para controle da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) na


cultura da soja, safra 2017.2018. Campo Verde – MT, 2018.

Tratamento/produto Princípio ativo Tratamento/produto Princípio ativo


comercial comercial
1. Testemunha 14. Ativum + Assist Piraclostrobina +
Epoxiconazol +
Fluxapiroxade
2. Folicur Tebuconazol 15. Triziman + Áureo Mancozeb +
Azoxistrobina +
Ciproconazol
3. Alto 100 Ciproconazol 16. Fezan Gold + Clorotalonil +
Agril Super Tebuconazol
4. Priori + Nimbus Azoxistrobina 17. Fox Xpro + Bixafen +
Áureo Protioconazol +
Trifloxistrobina
5. Priori Xtra + Nimbus
Azoxistrobina + 18. DPX-RUU94 Picoxistrobina +
Ciproconazol Ciproconazol
6. Aproach prima + Picoxistrobina + 19. OXI 0091 BF + Fluxapiroxade +
Nimbus Ciproconazol óleo mineral ORIX oxicloreto de cobre
7. Sphere max + Aureo Trifloxistrobina + 20. S-2399T 260 SC Impirfluxam +
Ciproconazol + Nimbus Tebuconazol
8. Fox + Aureo Trifloxistrobina + 21. EXF14475 + Benzovindiflupir +
Protioconazol Nimbus Ciproconazol +
Difenoconazol
9. Horos + Rumba Picoxistrobina + 22. ADAFF0059-16 Mancozeb +
Tebuconazol + Rumba Picoxistrobina +
Tebuconazol
10. Fusão + Iharol gold Metominostrobina + 23. A19487 + Azoxistrobina +
Tebuconazol Nimbus Benzovindiflupir +
Difenoconazol
11. Orkestra +Assist Piraclostrobina + 24. IRF 207-1 + Tetraconazol +
Fluxapiroxade Nimbus Fluindapir
12. Elatus + Nimbus Azoxistrobina + 25. IR 9792 + Lanzar Protioconazol +
Benzovindiflupir Fluindapir
13. Vessarya Picoxistrobina +
Benzovindiflupir
A avaliação da doença foi feita pela análise visual da porcentagem de área foliar lesionada
em 10 folhas coletadas na área útil da parcela conforme escala diagramática sugerida por
CANTERI e GODOY (2003). Foram quatro avaliações da doença. Para a análise de
produtividade, foram colhidas as duas linhas centrais com 3 metros de comprimento.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de
agrupamento de Scott e Knott a 5% de probabilidade. Foi usada a Fórmula de Abbott (1925)
para o cálculo das porcentagens de eficiência (E%).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na primeira avaliação, foi possível observar que os tratamentos à base de mistura dupla de
Triazol + Estrobilurina ou mistura tripla com Carboxamida, além de Triazol + Estrobilurina +
Mancozeb (6 a 25) foram semelhantes entre si e diminuíram estatisticamente a severidade da
ferrugem em comparação aos tratamentos 2, 3, 4 e 5 (Triazol isolado, Estrobilurina isolado e
mistura dupla de Triazol + Estrobilurina) que tiveram o mesmo comportamento que a
testemunha. (Tabela 2).

TABELA 2. Severidade média (%) da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) e eficiência de


controle após aplicação de diferentes fungicidas na cultura da soja. Campo Verde - MT, safra 17/18.
Severidade da Doença (%) / Folha e Eficiência de Controle (%)
Tratamentos
E E E E
Av 1 Av 2 Av 3 Av 4
(%) (%) (%) (%)
1 Testemunha 4,68 a   34,58 a   82,40 a   100,0 a  
2 Folicur 3,69 a 21 25,73 b 26 55,10 c 33 89,80 a 10
3 Alto 100 3,74 a 20 30,85 a 11 70,20 b 15 94,90 a 5
4 Priori + Nimbus 5,04 a   37,18 a   77,90 a 5 97,50 a 3
5 Priori xtra + Nimbus 4,14 a 12 28,15 b 19 64,9 b 21 100,0 a  
6 Aproach Prima + Nimbus 1,50 b 68 23,85 b 31 47,20 c 43 71,20 b 29
7 Spheremax + Áureo 1,07 b 77 11,55 c 67 45,70 c 45 70,70 b 29
8 Fox + Áureo 1,26 b 73 17,81 c 48 45,40 c 45 77,10 b 23
9 Horos + Rumba 1,13 b 76 15,28 c 56 38,00 d 54 58,70 c 41
1
0,57 b
0 Fusão + 0,25% iharol gold 88 23,28 b 33 54,30 c 34 66,40 b 34
1
0,59 b
1 ORKESTRA SC + Assist 87 5,17 d 85 25,50 e 69 36,70 e 63
1
0,53 b
2 Elatus + Nimbus 89 5,86 d 83 24,90 e 70 43,60 d 56
1
1,10 b
3 Vessarya 77 4,66 d 87 14,40 f 83 33,60 e 66
1
1,50 b
4 ATIVUM + Assist 68 9,14 c 74 18,20 f 78 38,80 e 61
1
0,39 b
5 Trimizan + Áureo 0,25% 92 8,3 d 76 44,40 c 46 53,30 c 47
1
0,99 b
6 Fezan Gold + Agril Super 79 5,20 d 85 27,00 e 67 40,80 d 59
1
0,93 b
7 FOX XPRO + Áureo 80 10,75 c 69 39,20 d 52 48,30 d 52
1
0,72 b
8 DPX-RUU94 85 10,84 c 69 35,70 d 57 57,00 c 43
1
0,54 b
9 OXI 0091 BF + óleo mineral 88 3,72 b 89 16,60 f 80 32,40 e 68
2
0,33 b
0 S-2399T 260 SC + Nimbus 93 1,43 d 96 3,70 g 96 13,70 g 86
2
0,42 b
1 EXF14475 + Nimbus 91 1,64 d 95 11,00 g 87 22,60 f 77
2
0,52 b
2 ADAFF0059-16 + Rumba 89 4,65 d 87 21,30 f 74 29,40 e 71
2
0,57 b
3 A19487 + Nimbus 88 5,94 d 83 30,20 e 63 43,60 d 56
2
0,49 b
4 IRF 207-1 + Nimbus 89 7,97 d 77 32,40 d 61 44,80 d 55
2
0,95 b
5 IR 9792 + Lanzar 80 7,70 d 78 27,00 e 67 36,70 e 63

Já na segunda avaliação feita aos 12 DA3A, houve a formação de quatro grupos de


controle. O grupo mais eficiente no controle da severidade da doença foi anotado pelos
tratamentos 11, 12, 13, 15, 16, 19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25 à base de Triazol + Estrobilurina e
Triazol + Estrobilurina + Carboxamida, que diferiram significativamente dos tratamentos 7, 8,
9, 14, 17, 18 que demonstraram controle intermediário e diferenciaram dos tratamentos 2, 5 e
6 que contrastaram dos tratamentos 3 e 4 que tiveram o mesmo resultado que a testemunha.
Aos 6 DA4A, sendo a terceira avaliação, os tratamentos 20 e 21 (Carboxamida + Triazol e
Carboxamida + Triazol duplo, respectivamente), promoveram a maior eficácia de controle da
ferrugem, seguido dos tratamentos 13, 14, 19 e 22, distinguindo estatisticamente dos
tratamentos 11, 12, 16, 23 e 25 que contrastaram dos tratamentos 9, 17, 18 e 24 que
diferenciaram dos tratamentos 2, 6, 7, 8, 10 e 15 que foram superiores no controle dessa
doença em relação aos tratamentos 3 e 5 que diferiram do tratamento 4 e da testemunha.
Na última avaliação realizada aos 13 DA4A, o melhor tratamento no controle da ferrugem
foi o 20 (Carboxamida + Triazol), que distinguiu do tratamento 21, que foi superior aos
tratamentos 11, 13, 14, 19, 22 e 25 que contrastaram dos tratamentos 12, 16, 17, 23 e 24 que
diferenciaram dos tratamentos 9, 15 e 18 que diferiram dos tratamentos 6, 7, 8 e 10 que
apresentaram melhor controle que os tratamentos 2, 3, 4 e 5 que foram iguais a testemunha.

4. CONSIDERÇÕES FINAIS
Em condições de baixa pressão da doença, a maioria dos tratamentos obtiveram boa
eficiência em relação a ferrugem asiática. Conforme a pressão aumenta há um declínio da
eficiência.
Em condições de alta pressão de severidade da doença, apenas o tratamento 20 S-2399 T
260 SC, se manteve acima da porcentagem de eficiência considerada, mantendo apenas 13,7%
da área contaminada pelo fungo.

Agradecimentos
Agradecemos a Assist Consultoria e Experimentação Agronômica por fornecer o espaço
para condução do ensaio e ao apoio prestado para que o ensaio fosse concluído com sucesso.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, P. J. M., e ANDRARDE, D. F. A. 2002. Ferrugem asiática: uma ameaça a sojicultora


brasileira. Dourados, EMBRAPA. (Circular técnica, 11).
CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Décimo primeiro levantamento da safra 2017/18.
Brasília, 2018. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos> Acesso em: 04 set.
2018.
FIALLOS, F. R. G.; A ferrugem asiática da soja causada por Phakopsora pachyrhyzi Sydow e Sydow,
2011.
HARTMAN, G. L., J. B. Sinclair, and J. C. Rupe. 1999. Compendium of Soybean Diseases (4ta Ed.).
APS Garcés Press, Minnesota.
HENNING, A. A., e C. V. GODOY. 2006. Situação da ferrugem da soja no Brasil e no mundo. Em:
Zambolim, L. (Org.). Ferrugem Asiática da Soja. Suprema Gráfica e Editora, Visconde do Rio Branco.
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KIIHL, R.A.S.; GARCIA, A. The use of the long-juvenile trai in breeding soybean cultivars. In:
WORLD SOYBEAN RESERACH CONFERENCE, 4., p. 994-1000, 1989.
MUNDSTOCK, C. M.; THOMAS, A. L. Soja: fatores que afetam o crescimento e o rendimento de
grãos. Porto Alegre: Departamento de plantas de lavouras da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul: Evangraf, 2005.
YORINORI, José Tadashi. YUAMA, Márcia Midori. SIQUEIRA, Fabiano Victor. JÚNIOR, Ivan
Pedro de Araújo. Boletim de pesquisa. Santa Cruz do Sul – RS: Editora Gazeta, 2015. p. 310-337.

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