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Resposta do Humicbor no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da

cultura da soja (Glycine max (L.) Merrill) em Jataí (GO)

Ederson Antonio Civardi, Pesquisador, Eng. Agr. Dr.


Thiago Moisés Costa Pereira, Pesquisador, Eng. Agr. Me.

1. INTRODUÇÃO

A soja é a principal cultura do Brasil, gerando renda e empregos tanto direta como
indiretamente, sendo fator indispensável pra atual conjuntura econômica do país. A
produtividade estimada para a safra 2018/2019 é de 113,5 milhões de toneladas, apresentando
uma média de 52,8 sacas por hectare (CONAB, 2019).
O Boro é um micronutriente que atua na divisão e elongação celular, formação da parede
celular, translocação de açúcares, metabolismo de carboidratos, na germinação do pólen,
elongação do tubo polínico e fecundação, garantindo a formação dos grãos, sendo assim fator
determinante da produção (FURLANI et. al., 2001). Ele é imóvel na planta, o que torna
desejável que ele fique disponível no solo durante todo o desenvolvimento da cultura e os
sintomas de deficiência são vistos primeiramente nas folhas jovens.

2. OBJETIVO

Avaliar a eficácia agronômica do produto comercial Humicbor no desenvolvimento


vegetativo e produtivo da soja (Glycine max) na safra 2018/2019 na região de Jataí (GO).

3. MATERIAL E MÉTODOS

O projeto de pesquisa foi desenvolvido pelo Instituto Agrociência P&D e implantado


na Estação Experimental, no Município de Jataí (GO) cujas coordenadas geográficas são:
latitude 17° 46’ 14,71" S, longitude 51° 28’ 04,53" O e altitude de 778 m. O solo apresenta
textura argilosa, pH de 5,3 e 3,34% de matéria orgânica. A área foi cultivada no sistema de
plantio direto, sob palhada de milho safrinha. A adubação de semeadura consistiu em 262,2
kg.ha-1 do formulado 02-20-18.

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Iniciou-se o experimento no dia 16 de novembro de 2018, com a dessecação, para
controlar as plantas daninhas e fornecer juntamente o nutriente boro ao solo. Foi utilizado para
aplicação um pulverizador costal pressurizado a CO2, utilizando ponta do tipo leque amarelo,
barra de 6 pontas espaçadas com 0,5 m e vazão ajustada para 120 l.ha-1 . Foi aplicado em todos
os tratamentos os seguintes produtos: Ftmax (30 ml.ha-1) + Soldier (2,0 kg.ha-1) + Aminol (0,9
l.ha-1) + os respectivos produtos e doses constantes na Tabela 01. Essa aplicação antecedeu a
semeadura da soja em nove dias e foi aplicado visando a dessecação pré-plantio.
O tratamento de sementes foi igual para todas as parcelas (realizado em 24/11/18) e foi
utilizando: 250 ml de Imidacloprid Nortox (48%), 200 ml de Shelter (25%) por 100 kg de
sementes e 300 ml.ha-1 de Biocross CoMo.
A semeadura da soja ocorreu no dia 25 de novembro de 2018, utilizando a cultivar GC
Speed Ipro, com ciclo de 105 dias e a emergência ocorreu cinco dias após a semeadura.
Empregou-se o espaçamento de 0,5 m entre linhas e foram semeados 22,5 grãos por metro.
O delineamento utilizado foi em blocos casualizados (DBC) com quatro repetições.
Cada parcela foi constituída de 6 linhas de 7 metros, sendo utilizadas como área útil as 2 linhas
centrais com comprimento de 5 metros (5,0 m2).
Os tratamentos utilizados nesse experimento estão presentes na Tabela 01 e a seguir, na
Tabela 02, a composição dos produtos utilizados.

Tabela 01. Identificação dos tratamentos (TRAT) associados aos respectivos produtos, doses e
forma de aplicação. Jataí (GO).
TRAT PRODUTOS DOSE ESTÁDIO
1 Testemunha - -
2 Humicbor 0,5 l.ha-1 Pré-plantio
3 Humicbor 1,0 l.ha-1 Pré-plantio
4 Humicbor 2,0 l.ha-1 Pré-plantio
5 Humicbor 0,5 + 0,5 l.ha-1 Pré-plantio e V2
6 Evo Bor Solo 1,0 l.ha-1 Pré-plantio

Tabela 02. Nome e composição dos produtos utilizados no experimento.


PRODUTO COMPOSIÇÃO
Fertilizante organomineral com 9% (p/p) de Boro solúvel + K2O 1% (p/p) + COT
Humicbor 6% (p/p) e densidade 1,41 g.ml-1. Enriquecido com substâncias húmicas, extrato de
algas e polióis.
Fertilizante organomineral exclusivo para aplicação no solo com 10% (p/p) de Boro
Evo Bor Solo
e densidade de 136 g.L-1.

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Na Tabela 03 encontra-se as condições ambientais no momento de cada aplicação dos
produtos relacionados ao experimento (tratamentos). Nas Tabelas 04 e 05 encontramos as
condições de aplicação, doses e produtos usados para a manutenção do experimento.

Tabela 03. Experimento: data de aplicação dos produtos aos seus respectivos tratamentos,
condições climáticas da aplicação, horário e estádio da cultura da soja. Safra
2018/2019, Jataí (GO).
Condições da aplicação Estádio
Data Tratamentos
Temperatura (°C) U.R. (%) Vento (m.s-1) Horário (h)
16/11/18 1 ao 6 28,6 a 34,5 64 a 71 0,33 a 0,66 10:38 a 11:23 Dessecação*
24/11/18 1 ao 6 32,0 71,0 0,52 15:00 às 16:00 TS
10/12/18 5 31,2 48,0 1,15 16:30 às 16:50 V2*
*Pulverizador costal (CO2), ponta leque (BD11002), a 2,5 bar e vazão de 120 l.ha-1. TS = tratamento de sementes.

Tabela 04. Manutenção: data de aplicação, condições climáticas, horário e estádio da cultura
da soja, referente aos produtos usados em todo experimento. Safra 2018/2019, Jataí
(GO).
Condições da aplicação
Data Tratamentos
Temperatura (°C) U.R. (%) Vento (m.s-1) Horário (h) Estádio
*
04/12/18 Todos 29,6 72 0,8 11:00 as 11:35 V1
22/12/18 Todos* 31,8 60.5 0.6 16:30 as 16:55 V4
24/01/19 Todos* 28,6 59,5 1,24 11:40 as 12:00 -
02/02/19 Todos* 33,7 43,5 0,92 11:35 às 12:00 -
11/02/19 Todos* 28,2 66,5 0,84 16:30 às 16:55 -
*Pulverizador de barra tratorizado, vazão de 80 l.ha-1, ponta cônica (amarela).

Tabela 05. Datas das aplicações de produtos, estádio e com suas doses, destinados a
manutenção da cultura da soja. Safra 2018/2019, Jataí (GO).
Data Produtos Doses Unidade Estádio
04/12/18 TA35 + Cletodim + Roundup WG + Nimbus 0,03 + 0,5 + 2,0 + 0,5 L ou kg.ha-1 V1
TA-35 + Roundup WG + Galil + Helmstar Plus + 0,05 + 1,2 + 0,2 + 0,33
22/12/18 L ou Kg.ha-1 V4
Nimbus + 0,33
24/01/19 ActionSil + Roundup WG 0,05 + 2,4 L ou Kg.ha-1 -
ActionSil + Roundup WG + Cyptrin Prime + Helmstar 0,03 + 2,0 + 0,1 + 0,4
02/02/19 L ou Kg.ha-1 -
Plus + Aureo + Galil + 0,6 + 0,3
-1
11/02/19 TA-35 + Fox + Galil + Aureo 0,03 + 0,4 + 0,35 + 0,2 l.ha -

4. RESULTADOS

As plantas daninhas, com seus nomes comuns, com maior representatividade no


momento da dessecação eram: trapoeraba, erva de Santa Luzia, buva, erva-quente, pé-de-
galinha, milho RR e milhã. Já outras plantas daninhas, presentes, porém em menor número
eram: fedegoso, joá de capote, braquiária, dormideira, crotalária, corda de viola, guanxuma,
erva de touro, maria pretinha e poaia. A proporção destas infestantes variou de 80% a 100%
dentro de cada parcela. Cada parcela possuía suas infestantes com suas respectivas variações

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em quantidade e espécies. O efeito do controle obtido com a dessecação, foi avaliada no dia
24/11/18 (10 dias após a dessecação) e pode ser visualizado na Tabela 06.
Foram coletadas 10 folhas de soja em R1, de cada parcela, da metade inferior e superior
da soja para determinação dos teores foliares de boro (B). Também em R1 (09/01/19), foram
coletadas 20 g flores de soja por parcela para determinar os níveis de boro na inflorescência da
soja (Tabela 06).

Tabela 06. Resultado do controle de plantas daninhas (PD) 10 dias após a dessecação (%),
concentração de boro (B) na metade inferior e na metade superior das plantas (R1)
e, concentração de boro nas flores (R1); para a testemunha (Test) e mais cinco
tratamentos (TRAT) na cultura da soja. Jataí (GO). Safra 2018/2019.
TRAT PD - Controle Boro (Metade Inf.) Boro (Metade Sup.) Boro (Flor)
(%) (mg.kg) (mg.kg) (mg.kg)
Ns Ns Ns
Test 41,25 35,87 33,92 41,70 b
2 37,50 36,35 33,92 43,64 b
3 42,50 35,87 35,87 47,53 a
4 40,00 35,87 34,90 48,50 a
5 36,25 36,84 35,87 45,10 b
6 47,50 35,87 35,38 44,62 b
CV (%) 18,21 4,67 4,82 4,57
Ns: Não significativo ao teste F à 5% de probabilidade. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem
estatisticamente pelo teste de Skott-Knott à 5% de probabilidade.

Na Tabela 06 pode-se observar que a dessecação foi homogênea para todos os


tratamentos, apesar que ainda o controle encontrado foi baixo. Provavelmente com 20-25 dias
após a dessecação o controle das plantas daninhas estará melhor.
As concentrações de boro foliar, na metade superior e na metade inferior das plantas,
não mostraram diferença estatística para estas variáveis. É possível notar que, para as folhas da
metade superior, que são mais jovens, houve diferença quantitativa e não estatística entre a
testemunha (e tratamento 2), com os demais tratamentos em que o teor foi maior. Indicando
que no decorrer do desenvolvimento da cultura os produtos utilizados deixaram uma maior
quantidade de boro disponível e por um período mais longo do que quando não foi utilizado
nenhum tratamento ou o tratamento com 0,5 l.ha-1. De acordo com Gitti e Roscoe (2017), os
teores adequados de Boro no terço superior em R2 variam em torno de 37 a 56 mg.kg.
Observando os teores de boro nas flores de soja podemos afirmar que quando se usa
dose de 1,0 e 2,0 litros por hectare de Humicbor (tratamentos 3 e 4) houve uma maior
concentração de boro nas flores, diferindo estatisticamente dos tratamentos 1, 2 e 5 e 6. Nota-

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se que a testemunha apresentou média inferior a todos os tratamentos que utilizaram alguma
fonte suplementar de boro, porém não difere estatisticamente aos tratamentos 2, 5 e 6 (Tabela
06).
Na Tabela 07, verificamos o estande final das plantas de soja por tratamento, bem como
o número médio de grãos por vagem, ambos em R8. Podemos também verificar os níveis de
boro no solo, coletado 18 dias após a aplicação e coletados em 5 pontos, na profundidade de 0
a 20 cm para cada parcela.

Tabela 07. População final de plantas de soja (R8), número de grãos por vagens (R8) e nível de
boro no solo, coletado em 04/12/18; para a testemunha (Test) e mais cinco
tratamentos (TRAT) na cultura da soja. Jataí (GO). Safra 2018/2019.
TRAT Estande final Grãos/Vagem Boro solo
(pl.ha-1) (n°) (mg.dm-3)
Ns Ns
Test 357.000 2,30 0,175 Ns
2 381.500 2,25 0,185
3 366.000 2,31 0,183
4 374.000 2,27 0,185
5 383.500 2,31 0,183
6 375.000 2,35 0,190
CV (%) 4,65 5,21 9,46
Ns: Não significativo ao teste F à 5% de probabilidade.

Na Tabela 08 verificamos os componentes de rendimento da cultura da soja. Consta o


número de grãos por planta, vagens por planta, altura de plantas, massa de mil grãos e
produtividade, já corrigidos a 13% de umidade.

Tabela 08. Médias de Vagens por Planta, Grãos por Vagem, Altura de Planta, Massa de Mil
Grãos e Produtividade para Testemunha mais 5 tratamentos em soja. Jataí-GO.
2019.
Vagens/Planta Grãos/Planta Altura MMG Produtividade
TRAT
(n°) (n°) (cm) (g) (sc.ha-1)
Ns Ns Ns Ns Ns
Test 33,65 77,20 77,10 120,51 50,95
2 35,93 80,85 78,70 125,51 53,53
3 35,75 82,30 81,48 122,86 53,88
4 35,10 79,35 78,10 123,53 53,81
5 34,90 80,40 79,40 121,08 51,06
6 35,85 84,18 80,98 125,22 50,56
CV (%) 8,89 8,16 6,02 2,42 7,87
Ns: Não significativo ao teste F à 5% de probabilidade.

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Para todas as variáveis descritas na Tabela 08 não houve diferença significativa entre
tratamentos. Quando se olha a produtividade há um acréscimo de 2,58 sacas por hectare quando
se compara a média da testemunha com o tratamento 2, no qual foi utilizada a menor dose (0,5
l.ha-1) de Humicbor.
No Anexo 01 temos as condições climáticas ocorridas no período de 01/10/2018 a
30/03/2019.

5. CONCLUSÃO

Nas condições em que o experimento foi conduzido e com os resultados obtidos, se


mostra necessário continuar os estudos ao longo do tempo, com outras cultivares, em condições
ambientais distintas, para que se possa afirmar ou não, respostas produtivas com o uso do
produto Humicbor na cultura da soja.
Este estudo mostra que, o produto comercial Humicbor, tem indícios que poderá ter
ganhos no rendimento de grãos da soja, possivelmente devido a complementação de boro via
solo e foliar, como já podemos comprovar pela análise estatística significativa através da
concentração de boro nas flores (tratamento 3 e 4).

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONAB – Acompanhamento da safra brasileira de grãos. v.6 - Safra 2018/19, n.6 – Sexto
levantamento, março 2019. p.19

FURLANI, A. M. C., TANAKA, R. T., TARALLO, M., VERDIAL, M. F., MASCARENHAS,


H. A. A. Exigência a Boro em Cultivares de Soja. Revista Brasileira de Ciência do Solo.
2001. 25 (Consulta: 2 de junho de 2019) Disponível em:
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=180218240016> ISSN 0100-0683

GITTI, D. de C., ROSCOE, R. Manejo e Fertilidade do Solo para a Cultura da Soja. In:
LOURENÇÃO, A. L. F., BEZERRA, A. R. G., GRIGOLLI, J. F. J., GITTI, D. de C.,
MELOTTO, A. M. Tecnologia e Produção: Soja 2016/2017. Fundação MS. Cap 1, p 16-45

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120 160

140
100
Temperatura (°C) e Umidade (%)

120
80

Precipitação (mm)
100

60 80

60
40
40
20
20

0 0
20/12/18

30/12/18

09/01/19

19/01/19
01/10/18
06/10/18
11/10/18
16/10/18
21/10/18
26/10/18
31/10/18
05/11/18
10/11/18
15/11/18
20/11/18
25/11/18
30/11/18
05/12/18
10/12/18
15/12/18

25/12/18

04/01/19

14/01/19

24/01/19
29/01/19
03/02/19
08/02/19
13/02/19
18/02/19
23/02/19
28/02/19
05/03/19
10/03/19
15/03/19
20/03/19
25/03/19
30/03/19
Chuva (mm) T °C - Máx T °C - Mín UR % Máxima UR % Mínima

Anexo 01. Precipitação (mm), temperatura (máxima e mínima) e a umidade relativa (%, máxima e mínima) ocorrida na Fazenda Bom Jardim das
Perobas entre 01/10/2018 a 30/03/2019 em Jataí (GO). Fonte: INMET (2019), Jataí (GO).

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