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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE AGRONOMIA
PRODUÇÃO E TECNOLOGIA DE SEMENTES

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA


QUEBRA DE DORMÊNCIA E GERMINAÇÃO DE SEMENTES

Goiânia, 29 de julho de 2022


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE AGRONOMIA
PRODUÇÃO E TECNOLOGIA DE SEMENTES

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA


QUEBRA DE DORMÊNCIA E GERMINAÇÃO DE SEMENTES

Alunos: Hellen Aparecida Vidal Lima (201903874)


Moisés Rodrigues Silva (202107823)
Iago Navega de Paiva Cozac (201801201)
Bruna da Silva Souza (201903842)
Isadora de Lima Araújo (201903881)
Eduardo Chagas Pereira (201903857)

Goiânia, 29 de julho de 2022


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................
2 MATERIAS E MÉTODOS..........................................................................................
2.1 MATERIAIS.............................................................................................................
2.2 METODOLOGIA......................................................................................................
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES..............................................................................
4 CONCLUSÕES........................................................................................................
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Tabebuia heptaphylla, popularmente conhecido por ipê-roxo, é uma


espécie lenhosa da família Bignoniaceae. Apresenta altura entre dez e vinte
metros, folhas compostas palmadas, florescimento denso e abundante com
senescência de folhas, sendo frequentemente indicada para projetos
paisagísticos, florestais e como repositor de mata de galeria em local de solo
não saturado (Lorenzi, 2002).
Em geral, espécimes do gênero Tabebuia apresentam sementes com
viabilidade efêmera, o que dificulta a produção de mudas (Cabral et al., 2003).
Todavia, segundo Degan et al. (2001) e Marques et al. (2004), se forem
adequadamente armazenadas as sementes podem se manter viáveis por
períodos extensos.
Vitex montevidensis, no dialeto popular chamado de tarumã, é uma
espécie frutífera oriunda do oeste paranaense, pertencente à família das
Verbenaceae. Produtora de boa madeira, é uma ótima indicação para
reflorestamento projetado, uma vez que seu porte varia de doze a vinte metros,
suas flores são melíferas e seus frutos apresentam propriedades medicinais
(DIAS et al., 2013). De acordo com Lorenzi (1992), as taxas de germinação de
sementes de tarumã são baixas. Os frutos são fonte de alimento para aves e
outros animais (CARDOSO, 2004).
A dormência é importante para bloquear a germinação quando a
semente está sob condições ambientais desfavoráveis, visto que a iminente
plântula estará vulnerável, o que diminui as suas chances de estabelecimento.
Por outro lado, uma germinação variável favorece a distribuição da espécie
(Eira & Caldas, 2000). As sementes da maioria das espécies germinam quando
estão sob condições ambientais favoráveis (Popinigis, 1977; Carvalho &
Nakagawa, 2000). Entretanto, Kramer & Kozlowisk (1972) demonstram que
cerca de sessenta e seis por cento das espécies arbóreas possuem dormência,
cuja pode ser vencida pelo emprego de tratamentos específicos.
A quebra de dormência com uso de ácido sulfúrico é um método
amplamente difundido. Hartmann & Kester (1975) apresentam as etapas que
precisam ser observadas quando o procedimento é realizado.
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A escarificação mecânica, também muito difundida, é um método simples e
eficiente (Hermansen et al., 2000), mas deve ser efetuada com cautela, uma
vez que o tegumento pode ser degenerado com o excesso de escarificação, o
que compromete o percentual germinativo (McDonald & Copeland, 1997).
Carvalho & Nakagawa (1987) demonstraram que é recomendável utilizar
nitrato de potássio (KNO3) para quebrar dormência e estimular germinação.
Além do tratamento químico, pode-se empregar também métodos físicos. A
escarificação física feita com água quente foi realizada em sementes de
Delonix regia e obteve boas taxas de germinação (Murakami, 1976). Bianchetti
e Ramos (1981) e Cândido et al. (1981) apontam recomendação do mesmo
método para sementes de Schyzolobium parahybum, o que evidencia um
amplo espectro de espécies para as quais a escarificação com água a altas
temperaturas podem ser testada.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Materiais
- Sementes de Ipê Roxo
- Sementes de Tarumã
- Lixa
- Ácido Sulfúrico PA 80%
- Solução KNO3
- Peneiras
- Água quente
- Papel germiteste
- Elástico
- Lápis azul
- Béquer 400ml
- Panela
- Fogão
- Câmara de Germinação

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2.2 Metodologia
Na aula prática do dia 21 de junho de 2022 procederam-se os
métodos para quebra de dormência de sementes recalcitrantes e ortodoxas,
utilizamos duas espécies, sementes de Tarumã (Vitex montevidensis) e Ipê
Roxo (Tabebuia heptaphylla). Em uma amostra de 150 sementes de Tarumã,
por seu tegumento ser impermeável -semente ortodoxa- foram submetidas à
escarificação mecânica e química. Na mecânica as sementes foram sujeitas a
um método de abrasão, que é causar um ferimento no tegumento na semente
para que ela tenha a capacidade de absorver água e começar sua germinação,
onde utilizamos a lixa para realizar tal ato, sendo usadas 50 sementes para
este método.
Já na escarificação química outras 50 sementes foram colocadas
num béquer de 400 mL contendo Ácido sulfúrico PA 80%, por 15 minutos, onde
seu tegumento será deteriorado para que, assim como na escarificação
mecânica, a semente tenha capacidade de absorver água. Em seguida as
sementes foram retiradas da solução e lavadas em água corrente por 5
minutos, até que sua coloração fique mais clara (Figura 1).

A B

Figura 1. Sementes de Tarumã no ácido sulfúrico (A) e, posteriormente sendo lavadas (B).

As sementes submetidas aos dois métodos citados acima, foram


colocadas num papel germitest para que germinassem e mostrassem a
eficácia/ineficácia de cada teste. As 50 sementes que restaram serão as
testemunhas, ou seja, não serão submetidas a nenhum método, apenas
colocadas em um papel germitest e alocadas para câmara de germinação junto
as outras sementes para germinar.
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Os três pacotes foram lacrados com elástico, identificados com um
lápis azul e armazenados na câmara de germinação (Figura 2).

A B C

D E

Figura 2. Os dois testes de escarificação realizados e a testemunha (A), as sementes sendo dispostas no
papel germitest (B) e, poesteriormente, transferidas para o germinador (C). Pacotes de escarificação
mecânica (D) e química (E).

Na amostra de 150 sementes de Ipê Roxo, foram utilizados outros 2


métodos diferentes para quebrar a dormência. O primeiro foi o método de
escarificação química, que consiste em dispor as 50 sementes em papel
germitest embebecido com solução de KNO3. O segundo método consistiu em
pegar 50 sementes e mergulhá-las por 3 minutos em água quente a 80ºC. Logo
após a retirada das sementes, foram colocadas em papel germitest, enroladas
e identificadas antes de irem para a câmara de germinação (Figura 3). O resto
das sementes de Ipê não foram submetidas a nenhum método (testemunha),
para verificar a eficácia de cada teste.

7
A B C

D E

Figura 3. Sementes de Ipê Roxo (A), no método de água quente (B) e KNO3 (C). Pacotes já lacrados e
identificados (D), e posteriormente, dispostos no germinador (E).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a aplicação das metodologias, avaliações periódicas foram
feitas para averiguar a eficiência ou ineficiência dos testes. A cada 7 dias, os
pacotes eram abertos e as sementes germinadas eram retiradas e contadas
(Figura 4 A-B). As informações e quantidades de sementes que entraram em
processo de germinação foram anotadas e inclusas em uma tabela (Tabela1).
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É importante salientar, que antes da aplicação das metodologias, as
sementes não passaram por um tratamento fitossanitário, e por isso, muitas
delas estavam contaminadas por fungos (Figura 4-C).

A B C

Figura 4. Sementes de tarumã (A) e ipê roxo (B) no processo de germinação. Sementes contaminadas
por fungos (C).

Tabela1. Número de sementes germinadas por tratamento.


Tarumã Ipê Roxo
Semana Esc. Ácido Água
Test.1 Test.1 KNO3
Mecânica Sulfúrico Quente
1 0 0 0 2 4 0
2 0 0 0 37 39 34
3 1 0 2 1 3 9
4 0 1 0 0 0 2
Total germinadas 1 1 2 40 46 45
Não germinadas 49 49 48 10 4 5
1
Testemunha

Para as sementes de ipê roxo, os dois tratamentos (água quente e


KNO3) foram eficientes já que a grande maioria das sementes tiveram suas
dormências quebradas. No caso do tarumã, pouquíssimas sementes
germinaram, e isso pode ter acontecido por vários motivos, como: 1) As
sementes eram muito antigas e podem já ter entrado em processo de
deterioração; 2) Presença de muitos fungos; e 3) Ineficiência dos métodos
aplicados.
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4 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que o processo de quebra de dormência e
germinação de sementes foi um sucesso nas sementes de Ipê Roxo, já que
elas obtiveram 80% de germinação nas testemunhas, 90% na escarificação por
água quente, e 92% de germinação nas estratificadas com KNO3. Com isso,
conclui-se que as sementes de Ipê Roxo, que passaram por escarificação
tiveram um aumento de até 12% na sua taxa de germinação.
Já as sementes de tarumã só germinaram 4 ao todo, sendo uma
testemunha (não passou por nenhum processo), uma que passou por
estratificação física, e duas que passaram por estratificação química com ácido
sulfúrico. Contudo, pode-se concluir que as sementes de tarumã não
apresentaram dados significativos, que comprovassem que a quebra de
dormência por estratificação física ou por ácido sulfúrico são eficientes.
Outra conclusão que é possível identificar é que realmente as taxas
de germinação de sementes de tarumã são baixas, o que entra em acordo com
Lorenzi (1992). Por fim, é correto afirmar que as sementes recalcitrantes,
responderam melhor aos métodos implementados, enquanto as ortodoxas não.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINS, Leila; LAGO, Antonio A.; CÍCERO, Silvio M. Conservação de


sementes de ipê-roxo. SciELO, 2012. Disponível em: SciELO - Brasil -
Conservação de sementes de ipê-roxo Conservação de sementes de ipê-roxo.
Acesso em: 28 de jul. 2022.
DIAS, Gláucia Bravo. et al. Aspectos morfométricos de frutos e
morfológicos de plântulas de Vitex montevidensis Cham. Sumário, 2013.
Disponível em: SUMÁRIO (ufs.br). Acesso em: 28 de jul. 2022.
SANTOS, Taciana Oliveira; MORAIS, Tarciana Gomes de Oliveira; MATOS,
Valderez Pontes. Escarificação mecânica em sementes de chichá
(Sterculia foetida L.). SciELO, 2004. Disponível em: SciELO - Brasil -
Escarificação mecânica em sementes de chichá (Sterculia foetida L.)
Escarificação mecânica em sementes de chichá (Sterculia foetida L.) . Acesso
em: 28 de jul. 2022.
CARPANEZZI, Antonio Aparecido; MARQUES, Luciano Carlos Tavares.
GERMINAÇAO DE SEMENTES DE JUTA~-AÇU [Hymenaea courbaril L.) E
DE JUTAI-MIRIM [H. parvifolia Huber) ESCARIFICADAS COM ACIDO
SULFÚRICO COMERCIAL. Infoteca, 1981. Disponível em:
CPATUCirTec192.pdf (embrapa.br). Acesso em: 28 de jul. 2022.
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SILVA, Paulo Eduardo de Menezes. et al. Quebra de dormência em


sementes de Sesbania virgata (Cav.) Pers. SciELO, 2011. Disponível em:
Quebra de dormência em sementes de Sesbania virgata (Cav.) Pers (scielo.cl).
Acesso em: 28 de jul. 2022.
CUQUEL, F.L.; CARVALHO, M.L.M.; CHAMMA, H.M.C.P. Avaliação de
métodos de estratificação para a quebra de dormência de sementes de
erva-mate. SciELO, 1994. Disponível em: SciELO - Brasil - Avaliação de
métodos de estratificação para a quebra de dormência de sementes de erva-
mate Avaliação de métodos de estratificação para a quebra de dormência de
sementes de erva-mate. Acesso em: 28 de jul. 2022.
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