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Universidade Federal de Viçosa

Disciplina: Patologia da Nutrição e Dietoterapia I


Professoras: Carla de Oliveira Barbosa Rosa
Sônia Machado Rocha Ribeiro

DOENÇAS ORAIS

• Tecidos orais são suscetíveis às lesões

Função:
Adaptação à temperatura interna
Trituração mecânica
Umidificação
Movimentos para deglutição
Hidrólise química

• Há um sinergismo entre saúde oral e eutrofia

Saúde oral → Eutrofia

Lesões orais → Deficiências nutricionais

Lesões orais podem:

 Alterar a seleção de alimentos


 Dificultar a ingestão

Na boca, os dentes trituram e esmagam os alimentos em partículas pequenas. O


bolo alimentar é simultaneamente umedecido e lubrificado pela saliva. Três pares
de glândulas salivares – parótida, submaxilar e sublingual – produzem cerce de
1,5L de saliva diariamente. Uma secreção serosa contendo amilase (ptialina) inicia
a digestão do amido. A digestão do amido é mínima e a amilase se torna inativa
quando alcança o conteúdo ácido do estômago. (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010)
Aspectos gerais da dietoterapia nas doenças ou lesões orais

Objetivos
• Facilitar e viabilizar ingestão e deglutição
• Evitar ingestão alimentar inferior às necessidades para evitar desnutrição
• Evitar dor, quando há lesões
• Corrigir deficiências de nutrientes que levaram às lesões

Estratégias para alcançar os objetivos

• Modificação de consistência
• Enriquecimento de preparações líquidas/semi-líquidas
• Fracionamento adequado para alcançar o teor calórico
• Adequação de temperatura e da consistência
• Evitar preparações picantes (tempero, acidez)
• Adequação de técnica de alimentação, após avaliação criteriosa do estado
nutricional e condições de ingestão
• Estímulo através de técnicas gastronômicas

1. Tipos de lesões/problemas

A. Alterações congênitas

A.1. Lábio leporino e fenda palatina


Fissuras congênitas resultantes da fusão incompletas dos segmentos faciais
embrionários.
50% das crianças que nascem com lábio leporino também apresentam a fenda palatina.
Torna-se necessária a reabilitação, que inclui orientações nutricional, odontológica,
fonoaudióloga, médica e psicológica, podendo haver necessidade de intervenção
cirúrgica.
Afetam uma a cada 700 crianças, sendo mais frequentes entre crianças asiáticas e
índias americanas. Nas crianças afro-americanas a incidência de casos de lábio leporino
é significativamente menor.
Não há necessariamente associação com outro problema físico ou mental.
História familiar positiva
Fatores ambientais: xenobióticos e deficiência de vitaminas podem interferir no
fechamento normal do palato e também no desenvolvimento dos lábios da criança.

De que maneira podem interferir com a alimentação?

 Altera a capacidade de sucção


 Predispõe à regurgitação pelo nariz
 Predispõe às infecções da nasofaringe e órgãos auditivos
A terapia nutricional em termos de oferta deverá ser adaptada às necessidades
nutricionais no período perinatal. A preocupação maior será com a forma de
administração. Os principais problemas podem decorrer de sucção ineficiente
devido às alterações anatômicas ou pela regurgitação de leite para a cavidade
nasal, com risco de aspiração pulmonar e otite.

Soluções se não conseguir amamentar ao seio


 Ordenha de leite materno e uso de bicos apropriados
 Quando é adotado o aleitamento artificial, também há necessidade de escolha de
bico adequado, tamanho do furo e da melhor posição para acomodar na cavidade
oral. No mercado estão disponíveis diferentes tipos de bico em formato
ortodônticos, mais favoráveis aos movimentos de sucção, com sistema que previne
colabamento do bico e deglutição de ar durante a mamada (Man Vented®), bico
em base larga, que auxilia na vedação da fenda labial (Nuk®), bico grande e largo
para fissuras de palato (Nuk®). Também estão disponíveis diferentes tipos de
mamadeiras, mais maleáveis, que requerem menor esforço à sucção.
OBS: Considerando que a alimentação por via oral estimula os reflexos de sucção e o
desenvolvimento proprioceptivo da cavidade oral, a indicação da via enteral, com uso de
sondas nasogástricas deve ser limitada aos casos nos quais existe dificuldade extrema
para alimentação oral com ganho de peso, comprometendo o crescimento e
desenvolvimento. (SILVA E MURA, 2011)

B) CÁRIE DENTÁRIA
Ácido (metabolismo microorganismos) /desmineralização esmalte /destruição
proteolítica da estrutura dentária.

* A cárie dentária é uma das doenças orais infecciosas, preveníveis, dos dentes, na qual
os ácidos orgânicos produzidos pelos micro-organismos orais leva à desmineralização
gradual do esmalte do dente, seguida por rápida destruição proteolítica da estrutura do
dente, e é a principal causa de perda de dentes em crianças e adultos (MAHAN,
ESCOTT-STUMP, 2010; SHILS, 2009).

Fisiopatologia
* A etiologia das cáries dentárias envolvem vários fatores. Quatro devem estar presentes
simultaneamente: (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010)

(1) Hospedeiro ou superfície dental susceptível (composição do esmalte e dentina,


qualidade e quantidade de saliva, seleção alimentar, padrões de higiene,
influências genéticas). – A composição da também é importante. Saliva alcalina
(produzida após o consumo de queijo, por exemplo) pode exercer efeito protetor,
enquanto a saliva ácida aumenta a suscetibilidade à cárie (MAHAN, ESCOTT-
STUMP, 2010). O desenvolvimento dos dentes e das glândulas salivares está
intimamente associado ao suprimento de nutrientes. Os dentes submetidos a
problema nutricional durante os estágios críticos do desenvolvimento apresentam
uma capacidade diminuída de resistir às cáries e estão, portanto, sujeitos a maior
risco. (SHILS, 2009)

(2) Micro-organismos (Streptococcus mutans, Lactobacillus casein, Streptococcus


sanguis) na placa dentária ou na cavidade oral.
* A placa é uma massa pegajosa, sem cor (formada por microorganismos, proteínas
salivares e polissacarídeos que aderem aos dentes e gengivas. Ela abriga as bactérias
que formam os ácidos e mantém os produtos orgânicos de seu metabolismo em
contato com a superfície do esmalte (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).

(3) Dieta com carboidratos fermentáveis, que serve como substrato para a bactéria. Os
ácidos produzidos pelo seu metabolismo causam uma queda no pH salivar de <
5,5, criando um ambiente para a cárie.(MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).O
intervalo entre a ingestão de lanches e refeições também influenciam a formação
de cáries. À medida que aumenta a frequência e a exposição ao açúcar e ao
amido, aumenta também o risco da cárie. Quanto maior for a frequência de
consumo de carboidratos fermentáveis, maior será o número de vezes que o pH da
placa cairá a níveis ácidos; e como as quedas de pH podem durar até 30 minutos
após cada “agressão”, quanto maior for a freqüência dos episódios alimentares,
maior será o risco de desmineralização. (SHILS, 2009)

(4) Tempo (duração) na boca para a bactéria metabolizar os carboidratos


fermentáveis, produzir ácidos e causar uma redução do pH salivar para menos de
5.5 – A partir da redução do pH salivar para menos de 5,5, a bactéria pode iniciar o
processo de desmineralização. O pH da placa pode reduzir em apenas 5 minutos e
pode demorar até 2 horas para retornar ao nível neutro se nenhuma medida de
higiene oral for introduzida.(MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).
Funções da Saliva
 Limpa os resíduos alimentares da cavidade oral
 Fornece ação de tamponamento – para neutralizar o metabolismo ácido bacteriano
 Lubrifica a mucosa e os dentes
 Facilita a mastigação e deglutição
 Estímulos gustatórios
 Inicia a 1ª fase da digestão (ptialina)

* A mastigação, o ácido cítrico das frutas e os açúcares estimulam o fluxo salivar.


* A saliva é supersaturada com cálcio e fósforo. Uma vez que sua ação tamponante tenha
restaurado o pH da placa acima do ponto crítico (5,5), pode ocorrer remineralização. Se o
fluoreto estiver presente na saliva, os minerais são depositados no esmalte e dentina na
forma de fluorapatita (e não como hidroxiapatita, menos resistente aos ataques ácidos,
como no caso de chupar um limão ou na ocorrência de vômitos), que é mais resistente à
erosão.
* O fluoreto contribui para a resistência dos dentes através de 3 mecanismos: 1 –
formação da fluorapatita; 2 – remineralização das superfícies dentais com lesões de cárie
iniciais; 3 – interferência na produção de ácidos pela célula bacteriana.
(MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010; SHILS, 2009).

* Mecanismos protetores da saliva:


- Evita a agregação bacteriana na superfície do dente e acelera a eliminação de
partículas de alimentos e açúcares da boca
- Contém proteínas, bicarbonatos e fosfatos que diluem e neutralizam os ácidos
da placa
- Imunoglobulinas presentes na saliva protegem os dentes deprimindo a atividade
bacteriana
- Contém íons cálcio, fosfato e fluoreto que promovem a remineralização do
esmalte do dente
OBS: A saliva e os componentes protetores dos alimentos alteram o efeito dos
carboidratos fermentáveis sobre os dentes. A melhor demonstração da
importância da saliva na prevenção das cáries talvez seja a grande quantidade
de cáries que se desenvolvem em pacientes xerostômicos.
(SHILS, 2009)
Prevenção:
1) Formação dos dentes (proteína, vitaminas A, D, C, cálcio e fósforo, flúor, iodo, ferro)
* Proteína  Manter balanço nitrogenado adequado
Vitamina A  Odontogênese
Vitamina D  Deposição do cálcio e fósforo nos cristais de hidroxiapatita
Vitamina C  Formação do colágeno
Cálcio e fósforo  Formação dos cristais de hidroxiapatita
Flúor  Formação do fluoreto
Iodo  Deficiência de iodo na vida intra-uterina retarda a erupção dos dentes
Ferro  Hemooxigenação dos tecidos
OBS: Já foi comprovado que a desnutrição protéico-calórica, as deficiências de
vitamina A, ácido ascórbico, vitamina D e iodo e o excesso de flúor afetam a dentição
humana. (Shils, 2009)
2) Ação cariogênica dos carboidratos (sacarose)
3) Higienização oral

Cariogenicidade de alimentos

É importante diferenciar alimentos cariogênicos, cariostáticos e anticariogênicos


 Alimentos Cariogênicos: CHO fermentáveis* / PH  5,5 – Alimentos cariogênicos
são aqueles que contêm CHO fermentáveis, que, quando em contato com os micro-
organismo na boca podem causar uma queda no pH salivar de < 5,5 e estimulam o
processo das cáries (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).
*Carboidratos fermentáveis são aqueles carboidratos susceptíveis às ações da
amilase salivar, e o substrato ideal para o metabolismo bacteriano. Os carboidratos
fermentáveis são encontrados em quatro grupos alimentares: 1- grãos; 2 – frutas; 3-
laticínios e 4- açúcar.
 Caramelos, farináceos, biscoitos, batata frita, cereais, frutas secas (durante
as refeições)
 Bebidas açucaradas
 A sacarose é mais levemente cariogênica que outros açúcares, mas a
glicose, frutose, maltose e sacarose também estimulam a atividade bacteriana (a
lactose é o menos cariogênico destes açúcares) (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).
 Todas as formas dietéticas de açúcar (inclusive o mel, melaço, açúcar
mascavo e xarope de milho) têm potencial cariogênico. (MAHAN, ESCOTT-STUMP,
2010)
 O amido só inicia o processo de cárie quando sofre ação da amilase salivar,
que hidrolisa o amido em maltose, tal como acontece quando as partículas de
alimentos permanecem tempo suficiente alojadas entre os dentes ou quando se ingere
alimentos com amidos modificados por técnicas de processamento que os tornam
mais rapidamente fermentáveis, seja pela hidrólise parcial ou pela redução do
tamanho da partícula (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).

Fatores que afetam a cariogenicidade dos alimentos(MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).


1- Frequência no consumo de carboidratos fermentáveis
2- Forma do alimento (líquido, sólido, dissolução lenta)
3- Sequência na ingestão de alimentos e bebidas
4- Combinação de alimentos
5- Composição nutricional de alimentos e bebidas
6- Duração da exposição de alimentos e bebidas nos dentes

 Alimentos cariostáticos: ou alimentos que não contribuem para a cárie, não são
metabolizados por mo na placa e não causam redução no pH salivar para 5,5 ou
menos em 30 minutos (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).
 Exemplos: alimentos protéicos (ovos, peixes, carnes e aves), maioria das
hortaliças, gorduras (formação de película oleosa como cobertura – REIS, 2003), gomas
de mascar e doces sem açúcar
 Adoçantes sem CHO (aspartame, ciclamato, sucralose, sacarina) – podem
inibir a ação bacteriana porque nenhuma delas fornece um substrato utilizável pela
bactéria. (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).

 Alimentos anticariogênicos: são aqueles que impedem a placa reconheça um


alimento acidogênico logo que ele é ingerido.
 Xilitol – não é quebrado pela amilase salivar e não está sujeito a
degradação bacteriana. O seu mecanismo de ação inclui uma atividade
antimicrobiana contra o S. mutans e o impacto da goma de mascar na
salivação
 Higienização: deve-se orientar o paciente sobre os cuidados com os dentes, como uso
do fio dental, escovação após as refeições e visita regular ao dentista para aplicação
de flúor.

Dietoterapia
 Valor calórico: adequado para atingir ou manter o “peso ideal” (cobrindo todas as
necessidades fisiológicas)
 Consistência – Verificar comprometimento/ tolerância
 A dieta líquida é menos cariogênica que a normal, pois é menor o tempo de
retenção e aderência na boca (REIS, 2003)
 PTN: 1.0 – 1.5g/Kg (restauração celular / função cariostática) – hiperprotéica para
restauração das células epiteliais e por ter função cariostática (REIS, 2003)
 CHO: 50% a 60% (atenção especial à sacarose) – normo a hipoglicídica sem
concentração de dissacarídeos, especialmente da sacarose, que é cariogênica (REIS,
2003)
 LIP: 25% a 35% (cariostático) – normo a hiperlipídica???, pois têm função cariostática
e colaboram na lubrificação da cavidade (REIS, 2003)
Sat/PUFA/MUFA
 VIT e MIN – adequados às necessidades (DRIs)
1. Vitamina A (reepitelização e ativação da dentina) – Ativação de odontoblastos
2. Vitamina D – Absorção de cálcio e fósforo, importantes para a dentina e a
síntese dos tecidos ósseos (REIS, 2003)
3. Vitaminas do complexo B – Metabolismo energético e de macronutrientes
(REIS, 2003)
4. Folato – Multiplicação celular
5. Ferro – Oxigenação
6. Vitamina C (colágeno) – Absorção do ferro
7. Flúor – Formação da fluorapatita
 Fibras: 20 – 30g (celulose: limpeza /aumento do fluxo salivar) – Favorecimento na
irrigação (REIS, 2003)
 Água: > 1ml /Kcal (hidratação e limpeza)
 Fracionamento/Volume
 Educação nutricional: Aspectos qualitativos e quantitativos na escolha dos
alimentos

 Cárie de Mamadeira – Cárie nos dentes anteriores superiores dos bebês e crianças
pequenas. Ela é devida a à amamentação prolongada com mamadeira, especialmente
à noite, com suco, leite, fórmula ou outras bebidas adoçadas. O tempo de contato
prolongado com bebidas que contenham CHO fermentáveis e a posição da língua
contra o mamilo causa estagnação do líquido ao redor dos incisivos maxilares,
particularmente quando a criança dorme. Os dentes anteriores inferiores são
usualmente poupados pela posição protetora do lábio e da língua. Diretrizes dietéticas
para o tratamento: remoção da mamadeira na hora de dormir, modificação na
freqüência e conteúdo das mamadeiras, limitar os conteúdos das mamadeiras a água,
fórmulas, leite e suco de fruta diluído, desmamar a criança da mamadeira em torno
dos 2 anos de idade. (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).

C) DOENÇA PERIODONTAL
“Doença periodontal” é a expressão geral que descreve as infecções bacterianas
da gengiva (a parte da mucosa oral que recobre a raiz e a porção apical da coroa) ou da
gengiva e das estruturas de fixação (conexão ligamento do dente ao osso alveolar
circundante). (SHILS, 2009)
* A gengivite (forma precoce de doença periodontal) é uma inflamação e infecção
da gengiva, o tecido oral componente do periodonto (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).

Fisiopatologia
 Placa no sulco gengival (a placa com o tempo se combinacom o cálcio e
endurece para formar um cálculo) (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2010).
 Cálculo dentário, age como um irritante local do periodonto, que fica
inflamado.
 Toxinas (produzidas pela placa no sulco gengival) destroem o tecido e
provocam a perda dos dentes.
Fases do Desenvolvimento da Doença Periodontal

1º Estágio: Gengivite
Inflamação da gengiva causada pelo acúmulo de PB (Placa Bactariana) e pode ser
resolvido apenas com higienização correta.
2º Estágio: Periodontite
Inflamação e posterior perda dos tecidos de sustentação do dente, como o osso e o
ligamento periodontal. É causado pelo acúmulo de tártaro (PB endurecida) e deve ser
tratada pelo dentista.
Em estágios mais avançados, a Doença Periodontal pode evoluir para a perda do
dente.

Fatores importantes na defesa da gengiva contra invasão bacteriana:


 Higiene oral
 Integridade do sistema imune
 Nutrição adequada – Afeta o tecido epitelial e saliva, que são os
mecanismos de defesa do tecido gengival. O betacaroteno, folato,
vitamina A, C e E, zinco e proteína têm um papel na manutenção da
integridade gengival e do sistema imunológico.

Tratamento
1. Farmacológico
2. Cirúrgico
3. Dietoterápico

Dietoterapia
 Valor calórico: adequado para atingir ou manter o “peso ideal” (cubrindo todas as
necessidades fisiológicas)
 Consistência: líquida completa a pastosa (tolerância)
 PTN: 1,5 – 2,0g/Kg (regeneração)
 CHO: 50% a 60% (tendendo ao limite inferior: fermentação)
 LIP: 25% a 35%
 VIT e MIN – valores mais elevados (vitamina A, B, C, ácido fólico, zinco, Ferro). Sódio.
– Alto teor de sódio provoca ardência (Anotações Bruna)
* Vitaminas – Reepitelização, metabolismo de macronutrientes, ação antiinflamatória
cicatrizante e equilíbrio da barreira gengival, diminuindo à suscetibilidade à doença
periodontal (REIS, 2003)
* Minerais – CicatrizaçÃo e prevenção da anemia. A deficiência de zinco aumenta a
permeabilidade gengival e a suscetibilidade à doença periodontal (REIS, 2003)
 Fibras – 20 – 30g/d modificadas por cocção – evitar desconforto e dor durante a
mastigação (REIS, 2003)
 Fracionamento/volume: maior / menor para evitar saciedade precoce

D) ALTERAÇÕES DAS GLÂNDULAS SALIVARES

* Glândulas salivares  classificadas em menores (labiais, genianas, linguais) e maiores


(parótidas, submandibulares, sublinguais)
* Secreção salivar  Ocorre com a estimulação de zonas da região pré-motora do córtex
cerebral (centro da mastigação) e do hipotálamo (controle neural: parassimpático e
simpático)
* Normalmente a secreção salivar varia de 1 a 1,5 L/dia e a composição depende da
natureza do agente de estimulação química ou mecânica das terminações nervosas
* O pH da secreção salivar varia de 6,2 a 7,6
(REIS, 2003)

D.1. Ptialismo
Excesso de secreção salivar. Acompanha um grande número de doenças como:
estomatites, irritações provocadas pelo fumo.
Sialorréia (excesso de saliva na cavidade oral) (Anotações Bruna)

Dietoterapia
Evitar dietas líquidas para o paciente não engasgar e evitar sólidos para não
estimular mais ainda. Dieta branda é mais bem sucedida. Observar conteúdo de açúcar
devido à diminuição da concentração das amilases.
* Intervenção pode ser cirúrgica
* Dieta pastosa ou branda
D.2. Aptialismo
Diminuição ou ausência total da secreção salivar observada nas doenças febris,
distúrbios neuropsíquicos, doenças das glândulas salivares (cálculos), desidratação.
Xerostomia (Propensão maior a cárie, disfagia)

Dietoterapia
Em caso de diminuição da saliva, oferecer alimentos saborosos e crocantes para
estimular a salivação (condimentos, biscoitos salgados)
* Uso de saliva artificial (SHILS, 2009)

E. Tipos de lesões X desconfortos

Agudas: traumatismo mecânico, infecções virais, bacterianas, fúngicas (uso de


antibióticos, redução da secreção salivar por medicamentos, doenças sistêmicas,
imunossupressão)
Crônicas/recorrentes: aftas, gengivo-estomatite, xerostomia por medicamentos ou
radioterapia, lesões orais por carências nutricionais.

Terapias utilizadas em câncer de cabeça e pescoço interferem no estado nutricional


________________________________________________________________________
Terapia Possíveis problemas
________________________________________________________________________
Ressecção cirúrgica limita a ingestão oral

Radiação mucosite, disgeusia, xerostomia,


alteração da viscosidade da saliva

Quimioterapia limita a ingestão oral (náuseas,


vômitos,mucosite*)

Terapias combinadas combinação de problemas


________________________________________________________________________
Nutriton Reviews, v. 49., n. 11, 1991.

*Mucosite

• É causada pela ação da quimioterapia no ciclo celular das células da mucosa do


TGI, que se renovam a cada 7 a 14 dias, apresentando um alto índice mitótico.
Estas lesões são mais frequentes em cavidade oral e geralmente, associadas a
dor, sangramento e infecções.
• TMO – Transplante de Medula Óssea – casos mais graves de mucosite pela
quimioterapia.
• NE ou NP

Recomendações nutricionais para pacientes com mucosite

• É necessário o alívio da dor antes das refeições


• Evitar alimentos irritantes (especiarias, secos, duros e ácidos);
• Evitar alimentos quentes;
• Modificar a consistência da dieta para pastosa ou semi-líquida, dependendo do
grau de comprometimento da mucosa oral;
• Cuidados com a higiene oral;
• Evitar bebidas alcoólicas, cafeína e tabaco.

Recomendações nutricionais para pacientes com alteração do paladar (disgeusia)

• Usar ensaio e erro para determinar os alimentos mais adequados;


• Manter a temperatura das refeições conforme melhor aceitação;
• Substituir alimentos pouco tolerados por aqueles nutricionalmente similares e de
melhor aceitação;
• Melhorar a apresentação dos pratos

A seguir são relacionadas algumas das doenças que podem ocorrer na cavidade oral, que
geralmente estão associadas a quadros infecciosos: (SILVA E MURA, 2011)

 Monilíase oral: são lesões esbranquiçadas, que não se desprendem com


facilidade –“ sapinho”. Trata-se de uma candidíase que pode ocorrer isoladamente
ou associada a uma doença imunossupressora, como síndrome da
imunodeficiência adquirida, ou ainda em pacientes com neoplasias em tratamento
quimioterápico.
 Estomatite: são lesões ulcerosas na cavidade oral, de ocorrência comum. “Aftas”.
Origina-se de traumas, reações imunomediadas ou ainda de infecções bacterianas
ou virais.
 Glossite: também conhecida como glossite rômbica mediana, atrofia papilar
central, candidíase hiperplásica ou glossite mediana crônica. Consiste numa lesão
numa área central bem demarcada, não ulcerada, com discreta sintomatologia, no
terço médio da língua, sendo considerada benigna.
OBS: Essas doenças têm em comum o processo inflamatório da mucosa oral, que
pode resultar em dor à mastigação.

Sugestões para enriquecer as preparações e aumentar a oferta nutricional, quando há


necessidade:

 Leite: acrescentar leite em pó, mel, creme de leite e sorvete.


 Sopas: acrescentar azeite ou óleo vegetal, margarina, queijo ralado ou picado,
requeijão.
 Carnes: incluir ovos, queijo, molhos à base de leite.
 Frutas: enriquecer com farinhas, leite condensado, mel, aveia, leite em pó,
chocolate, sorvete.
 Pães e cereais: adicionar geléia, mel, manteiga ou margarina, queijos derretidos.
 Oferecer complementos calóricos e/ou protéicos disponíveis no mercado.

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