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UNICSUL – UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

Curso de Odontologia – Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva

São Paulo, Setembro de 2021


ODONTOLOGIA PREVENTIVA
Histórico

O uso dos Fluoretos como meio de prevenção da


cárie dentária iniciou-se em 1945 nos EUA e
Canadá, com a fluoretação das águas de
abastecimento público (Brasil em meados de
1950).

No Brasil, os dentifrícios fluoretados passaram a


ser comercializados em escala populacional a
partir de 1989. Atualmente é o terceiro país em
consumo per capita;
FLÚOR
Mecanismo de Ação

Flúor não é capaz de interferir nos fatores


responsáveis pela doença, isto é:

• A formação de placa dental


• Transformação de açúcares em ácido

Isto mostra a importância dos controles da


placa dental e/ou dieta para que um efeito
máximo seja obtido.
ODONTOLOGIA PREVENTIVA
Saúde pública e Flúor

Consenso de que o flúor na cavidade bucal é


capaz de interferir com a dinâmica do
processo de cárie;

Redução da quantidade de minerais perdidos


na desmineralização e ativando a quantidade
reposta na remineralização salivar;
Desenvolvimen
to da doença

Flúor
FLÚOR
Mecanismo de Ação

O flúor não impede a iniciação da doença,


porém ele é extremamente eficiente em
reduzir sua progressão.

Quando o açúcar é convertido em ácidos


pela placa dental, atinge-se pH crítico para
a dissolução dos minerais à base de apatita.
Na presença de flúor uma certa quantidade
desses minerais é simultaneamente reposta
na forma de fluorapatita.
FLÚOR
Mecanismo de Ação
Paralização das lesões de cárie
FLÚOR SISTÊMICO
Tipos

A ação sistêmica se refere ao fluoreto ingerido


e metabolizado pelo organismo, atingindo o
tecido dentário em desenvolvimento, levando à
formação de um tecido mais resistente.
FLÚOR TÓPICO
Tipos

A ação tópica reflete a interação local do


fluoreto com o tecido dentário, no momento da
aplicação.
FLÚOR SISTÊMICO
ODONTOLOGIA PREVENTIVA
FLÚOR SISTÊMICO

✘ Atualmente, é reconhecido que a fluoretação da


água é um dos meios de saúde pública para
manter flúor constante na cavidade bucal.

✘ Lei 5060/75
FLÚOR SISTÊMICO
✘ Cabe enfatizar que quando se interrompe a
ingestão de flúor, o organismo não tem
mecanismos para manter sua constância em
qualquer dos seus compartimentos.

✘ Assim, quando da interrupção ou paralisação da


agregação de flúor ao tratamento da água, a
concentração de flúor na saliva não é mais
mantida constante.
ÁGUA FLUORETADA

✘ Trata-se de um método de uso coletivo do


flúor, consagrado no século XX como uma
das principais medidas de saúde pública,
em função do seu impacto em reduzir os
níveis de cárie na população.
https://doi.org/10.1590/S1413-
81232007000400027
ÁGUA FLUORETADA

O uso isolado de flúor pela água, de 1970 a 1990, foi capaz de reduzir em 50% a
manifestação da doença.
ÁGUA FLUORETADA
✘ Diminuição do índice CPOD se deve além
da água fluoretada:

✘ A implantação de programas para o


controle da doença.
✘ A educação para a saúde bucal com
escovação com dentifrício fluoretado foi
uma conquista do Sistema Único de Saúde
(SUS).
ÁGUA FLUORETADA
✘ De acordo com análise feita por Capel et
al. (1999), a combinação:

✘ Fluoretação da água + dentifrícios


fluoretados + programas de educação

✘ Explicaria a redução de cárie em termos de


Brasil.
ÁGUA FLUORETADA
SAL FLUORETADO

✘ Este método tem sido enfaticamente sugerido


pela Organização Pan-Americana de Saúde
como ideal para os países das Américas,
considerados de economia de mercado não-
estabilizada.
SAL FLUORETADO
✘ 1990  uma tentativa de implementação
desta estratégia de prevenção no Brasil.

✘ Aproximadamente 50% do sal das regiões Norte–


Nordeste não poderia ser fluoretado para se atingir
a concentração “ótima” estimada de 250 mg
F/kg(+10%), pois não é refinado.

✘ Este sal é simplesmente moído e em condições


técnicas que inviabilizam a agregação de flúor.
OUTROS
Pin et al, 2000 (apud Anzai, 2003)- Avaliou a concentração de flúor em leite, refrigerantes,
sucos, e alimentos consumidos por crianças em Bauru/SP

Coca-cola light – 1,3 ppm

Toddynho – 1,6 ppm


Buzalaf et al, 2002 (apud Anzai, 2003)- Avaliou a concentração de flúor em
diferentes alimentos consumidos por crianças

Mucilon – 2,4 ppm

Neston – 6,2 ppm

Profa. Dra. Ana Daniela Silva da Silveira


FLÚOR TÓPICO
ODONTOLOGIA PREVENTIVA
FLÚOR TÓPICO

✘ Dos meios de usar flúor tópico, o que melhor se


enquadra em termos do controle da cárie como doença
é o dentifrício fluoretado
FLÚOR TÓPICO

✘ A expressão “flúor tópico” é ainda hoje


utilizada não para diferenciar o efeito do flúor
no controle da cárie, mas simplesmente para
indicar que ele não precisa ser ingerido para
ter ação na cavidade bucal.
FLÚOR TÓPICO

✘ Assim, toda vez que os dentes são escovados


com dentifrício fluoretado, a concentração de
flúor na saliva aumenta, permanece elevada
por um tempo de 30-40 minutos e volta ao
normal.
FLÚOR TÓPICO
DENTIFRÍCIO FLUORETADO
✘ Má higiene bucal + Flúor = Proteção
parcial.

✘ Isto pode ser explicado pelo fato de uma


placa espessa ser mais cariogênica e
limitar o efeito remineralizante da saliva.
DENTIFRÍCIO FLUORETADO
✘ Higiene bucal regular + Flúor = Proteção total.

✘ Isto implica dizer que mesmo o indivíduo não


consiga uma escovação perfeita, o fato de
desorganizar a placa periodicamente já diminui
seu potencial patogênico e aperfeiçoa o efeito
do flúor.
DENTIFRÍCIO FLUORETADO

✘ A concentração de flúor de um dentifrício deve


estar entre 1000-1100 ppm, pois, em termos de
eficiência, há pouca justificativa para uma
concentração maior.
DENTIFRÍCIO FLUORETADO CRIANÇAS
DENTIFRÍCIO FLUORETADO CRIANÇAS

Dosagem
Métodos coletivos
- Uso tópico:
- Dentifrícios
- Geis fluoretados
- Aplicação profissional
- Uso: semestral / anual
- Tempo de aplicação: 1 minuto
TOXICIDADE DOS FLUORETOS
ODONTOLOGIA PREVENTIVA
TOXICIDADE DOS FLUORETOS

Altas Doses

Intoxicação Aguda
INTOXICAÇÃO AGUDA
Poucas fatalidades causadas por fluoretos podem ser
relacionadas ao uso de produtos odontológicos

- A dose de 5 mg F/Kg de peso corporal pode levar uma


criança de baixo peso a morte, sendo esta
denominada de dose provavelmente tóxica (DPT)
SINTOMAS
- Gastrintestinais: náusea, vômito, dor difusa no abdômen,
diarreia;
- Neurológicos: bloqueia o impulso nervoso e sua
transmissão;
- Cardiovasculares: fibrilação;
- Bioquímica sanguínea: hipocalcemia.
TRATAMENTO EMERGENCIAL

Esvaziar o estômago induzindo vômito


- Administrar cálcio solúvel (água ou leite)
- Lavagem gástrica
- Manter o paciente em observação em ambiente hospitalar
TOXICIDADE DOS FLUORETOS

Baixas Doses

Intoxicação Crônica
INTOXICAÇÃO CRÔNICA
- Opacidade do esmalte provocada pela ingestão
prolongada de fluoretos durante a formação dentária

- Os aspectos clínicos variam desde linhas


esbranquiçadas até perdas de esmalte
FLUOROSE
A fluorose dental é decorrente da ingestão de flúor
durante a formação dos dentes.

O ameloblasto, primeiro sintetiza uma matriz


contendo 25% de proteínas. Em seguida, ao mesmo
tempo em que essa matriz é reabsorvida, o esmalte
se mineraliza. O produto final é uma estrutura
contendo 95% de minerais, 4% de água e menos de
1% de proteínas.
FLUOROSE
Porém, quando o flúor é ingerido, ele circula pelo
sangue sendo distribuído para todos os tecidos.
Presente na matriz do esmalte, o flúor inibe a
reabsorção de proteínas.
FLUOROSE
✘ Diagnóstico.

✘ As opacidades são simétricas, pois os dentes


formados no mesmo período deverão ter a
mesma alteração. As opacidades fluoróticas
são difusas e transversais.
FLUOROSE
✘ Severidade.

✘ Os defeitos de formação dependem


diretamente da dose a que o indivíduo é
submetido.
FLUOROSE
Período de risco.

Haverá risco de desenvolvimento de fluorose


dental durante toda a formação do esmalte,
mesmo nos períodos de mineralização mais
tardia.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
INTOXICAÇÃO
A monitoração constante dos equipamentos de
fluoretação, bem como da manutenção da
concentração de flúor dentro dos padrões
recomendado
EDUCAÇÃO EM SAÚDE
ODONTOLOGIA PREVENTIVA
EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Definição

Papel relevante na
prevenção dos problemas
bucais, pois leva o
indivíduo a ter consciência
das doenças que podem
acometer a boca e das
medidas preventivas para
sua prevenção.
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Tradicionais x Atuais

Praticas Tradicionais Práticas Atuais

• Programas partem do diagnóstico • Utilizar o diálogo como ponto de


técnico-estatístico da doença, partida
desconsiderando o diagnóstico social.
• Mensagens prontas, aplicáveis em todos • Considerar a realidade do indivíduo.
os lugares, todas as faixas etárias e • Superar a tradicional regra do reforço
camadas sociais
punitivo onde a doença é vista como
não cumprimento de regras
• Caracteriza o indivíduo apenas através
de seus dentes, bactérias, esquecendo-
se de sua boca, seu corpo, seus
prazeres, seus afetos.
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Processo educativo: etapas

Criação ou mudança de percepções

O modo pelo qual vemos as pessoas, situações e


objetos em nossa vida é chamado percepção.

O comportamento é influenciado pelas crenças,


valores, atitudes = cultura da população.

Se as pessoas possuem experiências diferentes, terão


percepções diferentes.

Se as pessoas são isentas de experiência, temos que


criar percepções.
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Processo educativo: etapas

Utilização de forças motivadoras

“Você pode conduzir um cavalo à agua, mas não pode


OBRIGÁ-LO a beber”

Pode-se falar várias vezes às pessoas sobre práticas mais


eficientes de saúde, documentadas com fatos e números
irrefutáveis, e mesmo assim elas se recusam a mudar
padrões antigos de comportamento.

Fatos e números mudam o comportamento quando estão


relacionados com as necessidades básicas humanas.

Depende do próprio desejo de querer mudar ou agir.


ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Processo educativo: etapas

Tomada de decisão para a ação

Intenção + ação = mudança de comportamento

Métodos para conseguir mudança:


1. Organização da comunidade
2. Educação individual
3. Educação coletiva
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Comunicação no processo educativo

Ruídos de comunicação: qualquer coisa que atrapalhe o processo fazendo com a


mensagem não seja transmitida da maneira adequada. Podem ser de ordem social,
econômico, religioso, cultural...
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Processo educativo: etapas

O que deve ser transmitido?

Conclusão: só conseguimos transmitir qualquer


coisa através de um processo educativo que
promova mudança de comportamento.

Exemplo: higiene corporal, ambiental e alimentar,


higiene bucal, utilização de métodos de auto
aplicação...

Aplicações diretas no dia-a-adia


ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Processo educativo: etapas

Trabalha-se a doença, pensando na saúde.


• O que é a doença?
• Como ela interfere na vida do indivíduo?
• Como ela ocorre?
• Como preveni-la?
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Processo educativo: etapas

Avaliação:

Todo programa educativo deve ser avaliado para


verificar se está existindo resposta satisfatória.

1. Pré-teste com grupo experimental;


2. Correções ao longo do programa;
3. Avaliação final: se atingiu ou não o objetivo.
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Público

A quem transmitir?

Identificação da população alvo.

Por exemplo, em uma escola a população alvo


será composta de:
1. Autoridades e líderes
2. Pré escolar, escolar, adolescente
3. Adultos: família, professores, gestantes,
outros grupos motivados
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Público

Autoridades e líderes: não ficar contra o programa,


não criar barreira.

Deixar claro o papel do Cirurgião Dentista como


promotor de saúde e a importância da saúde bucal
como investimento (informações de caráter geral).

Ação: liberar verbas, recursos, área física, etc...


ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Público

Pré escolar: fácil quando se utiliza o professor


como agente multiplicador de informações.

Recursos audiovisuais: teatro de fantoches,


teatrinhos, músicas adaptadas, joguinhos, etc..

Transmitir: promoção de hábitos de higiene e


promoção da imagem do CD.
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Público

Escolar: É receptivo às informações e


susceptível de ser trabalhado.

As maiores dificuldades se encontram na


manipulação do ambiente familiar.

Recursos: jogos, cartazes, painéis, macro


modelos, cartilhas, etc...
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Público

Adolescente: processo psicológico de


contestação.

Choque entre os valores infantis x adultos.

Recurso: abordagem clara e direta,


games, etc...
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Público

População adulta

Família: Já possuem ideias formadas. Melhorar os


valores da família em relação à saúde bucal.

Professores: a maioria é receptiva. Possuem


influência sobre a comunidade.
Devem ser corretamente informados sobre a saúde
bucal.

Gestantes: grupo naturalmente motivado em relação


à saúde.
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Público

Meios audiovisuais

Finalidades:
• Destacar os pontos chave;
• Despertar o interesse;
• Fixar ideias;
• Reforçar a mensagem.

Requisitos: simplicidade, clareza, brevidade


exatidão.

Tipos: Datashow, dvd’s, filmes, cartazes isolados,


cartilhas, painéis, álbuns, seriados, fantoches,
músicas, flanelógrafo, personagens, etc...
ODONTOLOGIA PREVENTIVA E SOCIAIS
Conclusão

• Abordagem: individual/coletiva
• Diálogo
• Interação
• Atividades curtas
• Cuidado com linguagem
• Reforço positivo
• Não ser repetitivo
• Não subestimar as condições do paciente
OBRIGADO
pela atenção!

Wellington Hideaki Yanaguizawa


Email: wellington.yanaguizawa@cruzeirodosul.edu.br

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