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INTRODUÇÃO

Panorama atual

o Redução da prevalência da cárie dental em crianças e adolescentes;

o Uso seguro dos fluoretos;

o Prevenção e controle da cárie dentária;

o Pouca informação dos profissionais de saúde sobre o uso de fluoretos.


Breve histórico

“Os fluoretos, forma iônica do elemento químico flúor, são os


principais responsáveis pelo declínio da cárie dentária em países
desenvolvidos e também no Brasil. Além da redução da
prevalência da cárie, o F age reduzindo a velocidade de
progressão de novas lesões”.

Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria


de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
Breve histórico

EUA
o 1945 e 1946 – fluoretação das águas de abastecimento público;
o Recomendada pela OMS;
o Duas em cada três pessoas consomem água fluoretada.

Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria


de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
Breve histórico
Brasil
o 1953 - Fluoretação no município capixaba de Baixo Guandu;
o Lei federal (BRASIL, 1974);
o 1960 – Início do uso de denXfrícios na Europa;
o 1989 – Uso em escala populacional no Brasil;
o Fluoretos por meio de bochechos, soluções, géis e vernizes.
Fluorose?

Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de


Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
Mecanismo de ação do Flúor

“O objeXvo final de todos os meios de uXlização de F é a


manutenção do íon flúor na cavidade bucal, para interferir no
desenvolvimento da cárie dentária”.

Cury , J. A.; Tenuta , L. M. A. How drinking water or denXfrice maintain a cariostaXc fluoride
concentraXon in the oral environment. Advances in Dental Research [S.l.], v. 20, p. 13-16, 2008.
Mecanismo de ação do Flúor

Relacionado à:
o interferência no processo de adesão bacteriana;
o esXmulação do processo de remineralização por formação
de cristais de fluoropaXta.
o inibição do processo de desmineralização;

Jardim et al. 2005


Mecanismo de ação do Flúor

Inibição da ação da placa bacteriana

“O flúor apresenta capacidade para atravessar a parede


celular das bactérias cariogênicas sob a forma de HF (Fluoreto de
hidrogênio)”.
Aoba T 2002
Mecanismo de ação do Flúor

o Uma vez no interior das bactérias, o flúor dissocia-se e


interfere no processo enzimático da bactéria.

o O alvo do flúor é a enolase, uma enzima glicolítica responsável


pela produção de ácido láctico.

o Esta ação antimicrobiana sobre as bactérias cariogênicas é


uma das principais ações benéficas associadas ao uso de flúor.
Estimulação do processo de remineralização por formação
de cristais de fluoropatita

Paula M. Koenigs and Robert V. Faller in hrps://www.dentalcare.com/en-us/professional-educaXon/robert-v-faller


Paula M. Koenigs and Robert V. Faller in hrps://www.dentalcare.com/en-us/professional-educaXon/robert-v-faller
Mecanismo de ação do Flúor
Meios de uXlização do Flúor
Meios cole7vos - U7lização Sistêmica
Meios individuais - U7lização Tópica

MEDEIROS
Meios coleXvos – UXlização sistêmica

o Fluoretação das águas de abastecimento público


o Fluoretação escolar ou domésXca
o Comprimidos ou gotas fluoretadas
o Fluoretação do sal para consumo humano
o Outros veículos

MEDEIROS
Mecanismo de Ação Sistêmica
o Proteção - subsXtuição da hidroxiapaXta (HA) pela fluorapaXta
(FA) durante a formação do esmalte dentário.

o Composição básica do esmalte - material cristalino (Ca + fosfato)


HidroxiapaXta

o Íons fluoretos - durante a formação do esmalte subsXtuem a


hidroxila - FluorapaXta
Pal Arneberg
Mecanismo de Ação Sistêmica
HidroxiapaXta e fluorapaXta são solúveis em baixo pH
Solubilidade da fluorapaXta é bem menor!

Esmalte com fluorapaXta e fórmulas intermediárias como a


fluorhidroxiapaXta - menos solúvel em baixo pH.
Pal Arneberg

MEDEIR
Fluoretação ArXficial das águas de abastecimento

Finalidade

Reduzir a ocorrência de cárie dentária, sem produzir fluorose


Fluoretação ArXficial das águas de abastecimento

ESTUDOS
1944: Estudos em Grand Rapids, Muskegon e Aurora (USA)

Grand Rapids (Michigan) - 1,0 ppmF = Experimental


Muskegon (Michigan) - Controle não fluoretado
Aurora (Illinois) - 1,2 ppmF (ocorrência natural) = controle fluoretado

5 anos – Muskegon abandonou a pesquisa e adicionou F


MEDEIR
Brasil
Estudos experimentais
Baixo Guandú (ES) - Experimental
adição de Flúor Silicato de Sódio (0,8 ppmF)
Aimorés (MG) - Controle não fluoretado

Resultados
Baixo Guandú (1953 a 1967)
Redução de 65,4% em crianças de 06 a 12 anos
Aimorés - situação permaneceu inalterada

MEDEIROS
MEDEIROS
MEDEIROS
Fluoretação das Águas
É um método:
o Adequado - aXnge toda a população que possui rede de água;
o Eficiente - estudos mostram reduções significantes na
prevalência de cárie;
o Seguro - nas dosagens recomendadas não causa nenhum efeito
deletério ao ser humano;
o Econômico - custa U$0,50 por pessoa/ano.

MEDEIR
Problemas
o Inexistência de rede de abastecimento de água
em algumas regiões (interior do Norte,
Nordeste e Centro Oeste);

o Problemas políXcos - fluoretar água de


abastecimento não rende dividendos políXcos;

o Problemas sócio-culturais: falsas informações


de que flúor produz câncer, impotência,
MEDEIR problemas cardíacos, etc...
OS
Problemas
o Diminuição de QI em crianças expostas ao F no
útero?
Green, R. et al. JAMA Pediatr. 173, 940–948 (2019)
Bashash, M. et al. Environ. Health. Perspect. 125, 097017
(2017)
o Se as pastas de dentes com F se mostram
eficazes, por que conXnuar com a fluoretação
das águas de abastecimento?

MEDEIR
OS
Aspectos Legais
Lei Federal 6.050, de 24 de maio de 1974:

o Obrigatoriedade da implantação de sistemas de fluoretação das


águas, seja em locais com estação de tratamento, ou seja em
locais onde o abastecimento de água é feito por meio de poços
profundos.

o O Ministério da Saúde, em ação conjugada com as secretarias de


saúde ou órgãos equivalentes, exercerá a fiscalização do
cumprimento
MEDEIR da Lei.
LIMITES RECOMENDADOS PARA A CONCENTRAÇÃO DE ÍON FLUORETO EM
FUNÇÃO DA MÉDIA DAS TEMPERATURAS MÁXIMAS DIÁRIAS

Média das Limites recomendados para a


temperaturas (oC) concentração do íon fluoreto (mg/l)
máximas diárias do ar

mínimo máximo ótimo


10,0 – 12,1 0,9 1,7 1,2
12,2 – 14,6 0,8 1,5 1,1
14,7 – 17,7 0,8 1,3 1,0
17,8 – 21,4 0,7 1,2 0,9
21,5 – 26,3 0,7 1,0 0,8
26,4 – 32,5 0,6 0,8 0,7

MEDEIROS
MEDEIROS
MEDEIROS
Evidências científicas

Objetivo – avaliar o efeito da fluoretação da água


Amostra - 20 estudos sobre água fluoretada (2015)
Resultados
! Redução dos níveis de cáries em crianças (35% em decíduos e
26% em permanentes).
! Aumento de crianças sem cárie (15% em decíduos e 14% em
permanentes
! 97% dos estudos possuem alto risco de viés
MEDEIROS
Fluoretação Escolar
o UXlizada quando a escola está em uma região onde não existe
ocorrência natural de flúor e também a água para consumo
não é fluoretada arXficialmente;

o ObjeXva-se levar o beneÇcio do flúor a um grande número de


crianças reunidas no ambiente escolar;

o O mesmo princípio também pode ser uXlizado para a


fluoretação domiciliar e, também, para pessoas confinadas
socialmente: orfanatos, asilos, prisões, etc...
MEDEIROS
MEDEIROS
Comprimidos ou Gotas Fluoretadas
o Método de aplicação sistêmica que exige colaboração dos
responsáveis;
o Só deve ser o método de escolha quando houver impossibilidade
de aplicarmos outro método menos dependente da vontade do
usuário;
o Não possuem indicação para mulheres gestantes, se a intenção
for proteger a saúde bucal do futuro bebê.

MEDEIROS
Comprimidos ou Gotas Fluoretadas
o Não deve ser uXlizado em locais onde a água
possua ocorrência natural ou arXficial de
fluoreto.

o A redução da ocorrência de cárie está na estreita


dependência da conXnuidade de uso.

o Início de ingestão: 1 ano de idade.

MEDEIROS
Comprimidos ou Gotas Fluoretadas
o Os comprimidos devem ser masXgados,
bochechados e degluXdos para aproveitar,
também, a ação tópica do fluoreto;

o Prescrição - considerar a idade da criança:


1 ano - 0,25 mg de NaF;
A cada ano acrescentar 0,25 mg, até completar 1 gr;

o Crianças pequenas: uXlização de gotas.


Fluoretação do Sal

! Recomendação - impossibilidade de fluoretação da água;


! Prevenção efeXva em relação à cárie dental;
! Custo reduzido;
! Pequena aceitação do método - dificuldades práXcas
quanto à dosagem adequada;
! Controle problemáXco em países com múlXplas fontes
produtoras de sal e com áreas onde a água já é
naturalmente fluoretada.
Fluoretação do Sal
Exige a necessidade de estudos:

o Qualidade do sal produzido

o Consumo de sal pela população

o Variações regionais no uso do sal

o Conhecimento das variações da ocorrência natural de flúor


MEDEIROS
Fluoretação do Sal
o Teor de fluoreto no sal : entre 90 a 350 ppm por quilo de sal;

o Redução de cárie dentária: variações entre 10 a 60 %


dependendo da concentração de fluoreto e continuidade de
uso;

MEDEIROS
Fluoretação do Sal
“A fluoretação do sal deve ser considerada onde a fluoretação da
água não for facÉvel devido a razões técnicas, econômicas ou
sócio-culturais; a concentração óXma deve ser determinada com
base em estudos de ingestão de sal; são necessários estudos
periódicos sobre cárie dental e fluorose.” (WHO - 1998)

MEDEIROS
Evidências científicas

Objetivo – avaliar a eficácia de suplementos de fluoreto para a


prevenção de cáries em crianças.
Amostra - 11 estudos (2011)
Resultados
! Redução dos níveis de CPO em permanentes (24%)
! Não foi claro o efeito nos decíduos
! Não houve diferença - suplementos X fluoretos tópicos
! 10 estudos com risco de viés não claro e um com alto risco de viés
MEDEIROS
Outros Veículos
Leite, açúcar, gomas de mascar, cereais, sucos de frutas,
farinha de mandioca, etc...

São de uso generalizado difícil - poucos estudos disponíveis,


não permitindo conclusões precisas.

MEDEIROS
Bibliografia
1. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil / Ministério
da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
2. Iheozor-Ejiofor Z, Worthington HV, Walsh T, O'Malley L,
Clarkson JE, Macey R, Alam R, Tugwell P, Welch V, Glenny AM.
Water fluorida7on for the preven7on of dental caries. Cochrane
Database of Systema7c Reviews 2015, Issue 6. Art. No.: CD010856.
DOI: 10.1002/14651858.CD010856.pub2. Accessed 25 August 2021.
3. Tubert-Jeannin S, Auclair C, Amsallem E, Tramini P, Gerbaud L,
Ruffieux C, Schulte AG, Koch MJ, Rège-Walther M, Ismail A.
Fluoride supplements (tablets, drops, lozenges or chewing gums) for
preven7ng dental caries in children. Cochrane Database of Systema7c
Reviews 2011, Issue 12. Art. No.: CD007592. DOI:
10.1002/14651858.CD007592.pub2. Accessed 25 August 2021.

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