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Odontologia em Saúde Coletiva 1 (OSC 1) – 4º Semestre – 3ª Unidade – Aula 1 - Fluoretos

 Objetivo da 3ª Unidade:

 Discutir as abordagens preventivas voltadas para as principais doenças bucais: cárie dentária,
doença periodontal, oclusopatias, traumas dentários e câncer bucal.

 Fluoretos:
 O que são?
 São a forma iônica do íon flúor;
 Para que servem?
 Como agem?
 O flúor se acumula nos tecidos duros, nos dentes e nos ossos;
 A preocupação a ser entendida nesta aula é: de que forma os fluoretos ajudam na prevenção.

 Brasil:
 Prevalência (doenças crônicas ex.: cárie) e gravidade da cárie  A prevalência da cárie no Brasil vem
caindo, no entanto ocorre uma polarização da cárie, que é apesar da prevalência estar diminuindo
ainda existem determinadas regiões que a cárie ainda persiste, logo a redução da cárie não é “justa”,
não é geral.
 Consumo de dentifrícios (pasta de dente) fluoretados  O Brasil é um dos maiores nesse consumo;
 Fluoretação dos sistemas de abastecimento  O Brasil tem um dos maiores sistemas de Fluoretação
da água do mundo.
 Exposição múltipla  na água, na pasta de dente, nos alimentos...

 Toxicidade:
 Dose Provavelmente Tóxica (DPT): 5 mg/kg  teria que ingerir uma alta quantidade para se tornar
tóxico;
 Doses inferiores: mal estar, vômitos, cólicas, eventualmente dor de cabeça;
 Doses maiores: internação hospitalar, cuidados específicos;
 Maioria dos casos: leves.

 Doenças e flúor (excesso de flúor):


 Osteoporose: flúor ineficaz (FDA)  não há evidências científicas que flúor serve para tratar
osteoporose;
*FDA: é o órgão de controle americano de drogas e alimentos que é similar com a ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) do Brasil;
* O flúor se acumula nos tecidos duros, nos dentes e nos ossos, e a FDA ela diz que é ineficaz.
 Flúor e fraturas: NaF e fratura benefícios controversos;
 Flúor e osteossarcoma: sem comprovação em humanos;
 Flúor e fluorose óssea: somente acima de 15 mg F/dia que vai causar deformidade esquelética;
 Flúor e cárie dental: há muitos estudos apontando o benefício do F (flúor) na prevenção da cárie;
 Associação de água fluoretada a outras formas de exposição – redução de 50% da prevalência da
cárie;

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 CDC (Center for Disease Control): Disse que o flúor está entre as 10 principais medidas de saúde
pública do século XX. Então o flúor ao lado da vacinação, ao lado de outras medidas de prevenção,
está entre as 10 maiores estratégias de prevenção.
*CDC: órgão mais respeitado do mundo em termo de epidemiologia.

 Preocupação:
 Fluorose nas crianças durante a formação dos dentes;
 Uso seguro, consciente e parcimonioso;
 Práticas de vigilância em saúde  A vigilância ficar acompanhando os casos de fluorose na
população, principalmente nas regiões que usam águas de poços, com alta concentração de flúor, e
a vigilância sanitária ficar controlando o teor de flúor na água. Entretanto não é sabido que o teor de
flúor que está-se colocando na água que é 0,7 geralmente, se está efetivo, pois não se tem um
acompanhamento. Muitas vezes para as cidades do interior a empresa responsável pela fluoretação
constante na água não a realiza direito, o que acaba por aumentar o índice de cárie naquela
população.

 Fluorose:
 Hipomineralização do esmalte e da dentina;
 Esmalte fica mais poroso  Porosidade do esmalte;
 Leve, moderada e grave.

 Fluoretos:
 Forma iônica do elemento químico flúor  Quando está carregado de forma negativa
 Principais responsáveis pelo declínio da cárie dentária em países desenvolvidos;
 Eficaz e seguro na prevenção e controle da cárie dentária;
 Redução da prevalência da cárie;
 Redução da velocidade de progressão de novas lesões.
 OBS: A cárie inicial da para paralisar com o flúor, e isso é muito importante na dentição decídua,
quando a criança ainda não colabora para a restauração do dente.

 Histórico:
 1945 e 1946: EUA e Canadá – Fluoretação das água de abastecimento público;
 1953: Fluoretação em Baixo Guandu, ES (Começou no Brasil na década de 50)
 1974: Lei Federal 6.050  Obriga todo o sistema de abastecimento de água ter flúor, só que essa lei
não é seguida integralmente, pois muitas populações rurais não tem acesso à água fluoretada.
 2006: água fluoretada – Mais de 100 milhões de pessoas;
 1989: dentifrícios fluoretados, comercializados em escala populacional;
*As indústrias são obrigadas a colocar flúor no creme dental, mas elas também podem oferecer os
produtos sem flúor.
 Brasil: terceiro em consumo per capita de dentifrícios – superado por Estados Unidade e Japão.

 Formas de utilização:
 Outras formas de utilização: creme dental, bochechos, soluções, géis e vernizes;
 O flúor é tanto para o âmbito individual, pode-se aplicar no consultório, e para o âmbito
populacional que é o caso do creme dental, água com flúor que atinge muitas pessoas.

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 Fluoreto na cavidade bucal:
 Aumento da concentração do flúor na cavidade bucal, independe da forma de utilização sistêmica
ou tópica.
 O F ingerido é absorvido e, do sangue, retorna à cavidade bucal pela secreção salivar;
 Beber regularmente água fluoretada aumenta concentração de F na saliva – eficácia.

 Mecanismo de ação:
 O flúor vai agir na boca, em específico no dente, interferindo no desenvolvimento da cárie;
 Carboidrato no dente, após a bactéria se instalar vai liberar ácido que vai causar uma
desmineralização, e o nosso dente passa por processo constante de desmineralização e
remineralização, com a Hidroxiapatita se transformando em Fluorapatita;
 Quando faz-se a ingestão de flúor ou quando coloca o flúor sobre o dente de forma tópica, vai
aumentar o flúor na cavidade bucal. O flúor vai ser absorvido através da corrente sanguínea, e vai
voltar pela secreção salivar, então quando se ingere água com flúor, a água que atravessou a boca
naquele momento, está incorporando ao esmalte, só que a maior parte passa rapidamente. Então o
efeito do flúor ele é local, é na boca, por isso que beber água fluoretada aumenta a concentração de
flúor na saliva;
 Manutenção de íon flúor na cavidade bucal;
 Interferência no desenvolvimento da cárie dentária;
 O conhecimento desse mecanismo de ação é imprescindível para nortear a correta indicação de uso
de F a partir de diferentes meios.
 Carboidratos  Ácidos (bactéria – biofilme)  Desmineralização  Remineralização
 Hidroxiapatita (HA)  Fluorapatita (FA)
 F constante  des -> remineralização  saturação do meio com os íons da FA  Principal
mecanismo de ação na prevenção da cárie.

 Associação de métodos:
 A associação de métodos é positiva, só que não pode-se utilizar dois métodos sistêmicos ao mesmo
tempo;
 Pode-se associar um método sistêmico e um método tópico;
 Se tem-se baixos índices de cárie só é necessária a água fluoretada e o dentifrício fluoretado, já se
tiver um alto índice de cárie, é necessária utilização de verniz, flúor gel...
 Avaliar em cada contexto a oportunidade e consequência da associação de um método sistêmico
com vários métodos tópicos;
 Associação de métodos é positiva;
 Métodos tópicos (bochechos, géis ou vernizes) em conjunto ao uso regular de dentifrício fluoretado
tem pouco efeito adicional na redução de cáries;
 Não associar métodos sistêmicos (Ex.: F na água e sal).

 Ausência de água fluoretada:


 Recomenda-se o uso regular de dentifrícios fluoretados em conjunto com uma forma de uso tópico
(bochecho, gel ou verniz);
 A opção pelo uso do método tópico adicional deve levar em consideração aspectos operacionais de
custos, já que a eficácia desses métodos é semelhante.

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 Quando não há flúor na água ou quando se interrompe a Fluoretação ocorre aumento da
prevalência de cárie.

 Eficiência:
 A eficácia vai depender da concentração de flúor;
 O flúor constante vai agir no processo des-remineralização, há uma saturação feito com íons flúor.
Então esse íon flúor que vai ser incorporado ao esmalte dentário, sendo na dentina uma
concentração menor, é o principal mecanismos na prevenção da cárie;
 O flúor age localmente independente de fazer o uso sistêmico ou o uso tópico, sendo o uso tópico o
gel, bochecho, a escovação e o uso sistêmico no Brasil é a água fluoretada;
 A eficiência (custo-benefício) do gel fluoretado é maior que a dos bochechos e verniz, apresentando
eficácia e efetividade semelhantes.

 Meios coletivos:
Água de abastecimento público
 Essencial na estratégia de promoção da saúde;
 Baixo custo;
 Forma mais abrangente e socialmente justa de acesso ao flúor;
 Efetividade: Redução do CPOD  Índice que mede os dentes cariados, perdidos e obturados. Esse
índice é internacional, e mede o índice na população.
 Eficiência: relação custo-benefício;
 Inquéritos epidemiológicos (a cada cinco anos);
 Populações sem Fluoretação das água apresentam valor 34,3% maior para o índice CPOD;
 Sofre resistência de grupos opositores: prevalece interesse da saúde pública.

 Vigilância:
 O valor máximo permitido – VMP de fluoreto é 1,5 ppm = 1,5 mg de fluoreto por litro de água;
 Na maior parte do Brasil o teor ideal de flúor é 0,7 ppm ou 0,7 mg de flúor por litro;
 Na maior parte da Região Sul, o teor ideal é 0,8 ppm ou 0,8 mg de flúor por litro.
 Vigilância Sanitária: monitora os teores de flúor oferecidos pelas operadoras dos sistemas de
abastecimento.
*Na Bahia não monitora o teor de flúor pois não tem o laboratório para fazer isso.

 Dentifrícios:
 Um dos métodos mais racionais de prevenção das cáries  Remove o biofilme e eleva o flúor aos
dentes;
 Alia a remoção do biofilme dental à exposição constante ao flúor;
 Responsável pela diminuição nos índices de cárie observados em todo mundo, mesmo onde não há
água fluoretada.

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 Aumenta a concentração de flúor na saliva por cerca de 40 minutos após a escovação;
 Forma fluoreto de cálcio na superfície do esmalte-dentina;
 F se difunde no biofilme e se deposita na forma de reservatórios com Ca;
 Eficácia na redução da prevalência de cárie: 21% a 28%;
 Dentifrícios com baixa concentração de fluoretos (cerca de 500 ppm Flúor)  Não reduz cárie;
 Prevenção da fluorose em idade pré-escolar;
 Reduz a eficácia na prevenção de cárie;
 Não recomendados com baixa concentração de flúor
 Utilizar o convencional em relação a concentração de flúor  1100/1200 ppm flúor;
 Pequena quantidade (técnica transversal);
 Redução da ingestão

 Escovação dental supervisionada:


 Indicada a evidenciação do biofilme previamente à escovação
 Direta:
 Profissional de saúde  atuam diretamente no planejamento, execução e avaliação das ações
 Objetivos: melhorar a qualidade da desorganização do biofilme, levar flúor á cavidade bucal e
consolidar o hábito da escovação;
 Semestral, quadrimestral ou trimestral.
 Indireta:
 Profissionais de saúde ou outro agente;
 Geralmente feita pelos professores nas escolas, para que a criança consolide o hábito de
higienização;
 Objetivos: levar flúor à cavidade bucal e consolidar o hábito da escovação.
 Semanal, quinzenal, mensal...
 OBS:. A ASB pode ir para a escola sozinha, pois a escovação é um procedimento preventivo, educativo, não
tem problema;

 Evidenciadores de placa
 É indicado evidenciar o biofilme previamente à escovação

 Enxaguatórios (Bochechos):

 Diário: fluoreto de sódio (NaF a 0,05%);


 Mais recomendado para uso individual, domiciliar;
 Semanal ou quinzenalmente: (NaF a 0,2%). Mais usado em programas de saúde coletiva.
 Redução de cárie: 23% a 30%;
 Uso semanal regular de NaF 0,2% (2 gramas de fluoreto de sódio em 1 litro de água). Bochechar 10
ml de solução, vigorosamente, por um minuto, seguida de expectoração (PINTO, 2001);
 Facilidade de aplicação e baixo custo;
 Contraindicado em crianças em idade pré-escolar devida ao risco de ingestão;
 Exigem-se pelo menos 25 bochechos semanais por ano, sem interrupções prolongadas (PINTO,
2001);

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 Quando usar o bochecho?
Coletivo:
 Água de abastecimento sem flúor;
 Água de abastecimento com teores de fluoretos abaixo da concentração indicada (até 0,54 ppm F);
 CPOD médio maior que 3 aos 12 anos de idade;
* O CPOD recomendado é de no máximo 3;
 Menos de 30% dos indivíduos livre de cárie aos 12 anos de idade;
 Populações com condições sociais e econômicas que indiquem baixa exposição a dentifrícios
fluoretados;
 Bochechos diários de NaF a 0,05% em combinação com dentifrícios fluoretados, são recomendadas
para indivíduos de alto risco de cárie, por exemplo, aqueles usando aparelhos ortodônticos fixos.

 GÉIS (Flúor Gel)


 Aplicação tópica no consultório;
 Procedimento coletivo em escolas e outros espaços (semestral ou quadrimestral);
 Redução da cárie: 19 a 37%;
 Gel de flúor-fosfato acidulado (FFA), 1,23% por quatro minutos. Não beber água ou comer por até 30
minutos;
 Vantagens: possibilita maior cobertura, comparado aos bochechos;
 Não há risco de fluorose dentário, pois apesar da alta concentração, a frequência é baixa;
 Cuidado: supervisão, em espacial quando aplicado com moldeiras e em crianças em idade pré-
escolar, devido ao risco de ingestão.

 Recomendações para aplicação tópica segundo risco de cárie:


 Antigamente era utilizado na faculdade, principalmente para crianças com alto índice de cárie;
 Para crianças menores de 6 à 18 meses, para menores de 6 meses, utiliza-se a cada 6 meses;
 Para quem tem alto índice de cárie utiliza-se o verniz a cada 3 meses ou 6 meses o verniz e de 6 à 18
anos a mesma coisa;
 Quem tem baixo índice de cárie não precisa fazer flúor tópico no consultório, é só fazer o uso de
dentifrícios com flúor, já é suficiente.

 Suplementos na gestação:
 Suplementos para uso individual na gestação e infância;
 Não recomendados – medida não racional;
 A prescrição de medicamentos fluoretados no período pré-natal não traz nenhum benefício que
justifique sua indicação e o pós-natal tem indicação muito limitada;
 Antigamente recomenda comprimido de flúor para gestante, porém nos dias de hoje não há
evidências científicas que medicamentos com flúor vai trazer benefícios para o bebê, logo não
justifica o seu uso.

 Vernizes:
 Materiais aderente á superfície dentária;
 Liberam flúor, por mais tempo;
 Bastante eficaz;
 Duas aplicações anuais;
 Pacientes com atividade de cárie ou com história passada de alta experiência de cárie;
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 Materiais dentários liberadores de flúor:
 Usos: Prevenção da cárie secundária, selante de fóssulas e fissuras, colagem de aparelhos
ortodônticos e ART (Tratamento Restaurador Atraumático);
 Maior potencial anticárie: Cimentos de ionômero de vidro (CIV) e cimentos de ionômero de vidro
modificados por resina (CIVMR).
 Selante com Flúor e ionômero de vidro com flúor, liberam flúor, servindo para a prevenção da cárie
recorrente, da cárie secundária.

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