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DEGLUTIÇÃO ATÍPICA E ADAPTADA

Profa. Fga. Patricia Cahú Lacerda do Nascimento


Especialização em MO- Disfagia/CEFAC.
• As crianças deglutem menos que os
adultos. Sua média é de 600 a 1000
vezes por dia, enquanto os adultos
deglutem entre 2400 a 2600 vezes.
• Não há concordância sobre estes
valores, variando de autor para autor.
• Deglutimos menos à noite e mais ao
falar e mastigar por serem funções que
necessitam de maior produção de
saliva;
• Produzimos, em média, um a um litro
e meio de saliva por dia. Os mais
idosos tem menos saliva, deglutindo
menos vezes.
DEGLUTIÇÃO ATÍPICA E
ADAPTADA
• Segundo o dicionário, atípico é o
que se afasta do normal, do
típico. Por sua vez, adaptar é
ajustar uma coisa a outra,
amoldar, apropriar, acomodar-
se ou ajustar-se.
ALTERAÇÕES NA FORMA DE
DEGLUTIR
• Com interposição lingual;
• Com presença de contração da
musculatura periorbicular;
• Sem contração do Masseter;
• Com contração do Mentalis e
interposição de lábio inferior;
• Com movimento de cabeça;
• Com ruídos;
• Com resíduos após deglutir.
DEGLUTIÇÃO ATÍPICA
• Corresponde à movimentação
inadequada da língua e/ou de outras
estruturas que participam do ato de
deglutir, durante a fase oral da
deglutição, sem que haja nenhuma
alteração, de forma, na cavidade oral.
• Seria, portanto, apenas uma alteração
da função de deglutir, não sendo
necessário tratamento dentário para
correção do posicionamento dos
dentes;
• Em geral, estas atipias ocorrem por
problemas de postura inadequada da
cabeça, por alteração do tônus, da
mobilidade ou da propriocepção dos
OFAs: língua, lábios, bochechas e
palato mole.
• Mesmo em casos onde a correção
ortodôntica já ocorreu, podemos
observar deglutição atípica. Este fato
ocorre pela grande automatização dos
hábitos adquiridos anteriormente a
esta correção.
• Nestas situações, é fundamental que
se reabilite a deglutição, evitando
possíveis recidivas;
• A deglutição, sendo atípica, também
pode levar a alterações de oclusão,
principalmente quando acompanhada
de postura interdental da língua.
• Os problemas de deglutição podem
vir acompanhados de alterações de
outras funções, fazendo parte,
portanto, de um quadro maior, o qual
podemos chamar de distúrbios orais
miofuncionais.
• O termo mais apropriado, portanto,
para estes casos, onde a deglutição
atípica é apenas uma parte da
problemática, deve ser DISTÚRBIOS
ORAIS MIOFUNCIONAIS , termo
este que se mostra mais abrangente e
adequado para dar conta de quadros
com um conjunto de alterações orais.
BINÔMIO FORMA X FUNÇÃO
• Influência genética e ambiental;

• “Os desvios na posição dentária, as


discrepâncias esqueléticas, tanto no
sentido vertical como horizontal e os
distúrbios neuromusculares, como
por exemplo as obstruções aéreas,
• levam a uma desarmonia
dentoesquelética com repercussão
muscular, uma vez que a morfologia
influencia a função, bem como a
função condiciona a morfologia.”
MOYERS (1991).
RETROGNATISMO- CLASSE II
• Vedamento labial: lábio inferior
ocluindo com incisivos superiores;
• Músculo mentoniano tensionado
(hipertônico);
• Posição habitual de repouso de
língua: ponta abaixada e dorso
elevado, devido ao espaço reduzido.
Repouso contra os incisivos.
• Palato mole: mais elevado;
• Mastigação: rápida, com reduzido
número de ciclos mastigatórios.
Movimentos mandibulares rotatórios e
verticais;
• Deglutição: projeção de língua
anterior. Vedamento labial ocorrendo
com grande tensão;
PROGNATISMO-CLASSE III
• Vedamento labial: lábio superior
ocluindo com incisivos inferiores;
• Hipotonia de lábio inferior e
hipertonia do mento;
• Posição habitual de repouso de
língua: mandíbula é maior e mais
profunda, por isso a língua ocupa o espaço
inferior, ficando plena no soalho da boca.
• A base da língua acaba ficando
hipotônica, em posição mais baixa,
sem tocar o palato mole;
• Palato mole: acaba ficando mais
verticalizado, devido a ausência de
contato com a base da língua;
• Mastigação: movimentos
mandibulares verticais.
• Deglutição: interposição lingual
anterior (projeção). Esse
posicionamento lingual é impossível
de ser corrigido somente com terapia,
sendo necessária a intervenção
cirúrgica antes.
CLASSIFICAÇÃO DE ANGLE
DEGLUTIÇÃO ADAPTADA
• Adaptação à alterações de oclusão,
alterações craniofaciais ou
características de funções existentes,
como no caso do respirador oral.
• (Marchesan, 2005)
• A adaptação pode intensificar ou
manter a má oclusão sendo, portanto,
necessário trabalharmos para evitar
maiores alterações;
• Fonoaudiólogo e Ortodontista.
•O Fonoaudiólogo trabalha,
produzindo novas adaptações quanto
ao modo de deglutir, minimizando a
problemática encontrada ou não
permitindo que o problema se agrave;
• Nem sempre, se alcança um padrão
ideal de deglutição. Se o paciente não
deseja se submeter a um tratamento
dentário, ou se já o fez e os resultados
foram somente parciais, temos que se
considerar as nossas reais condições
de trabalho.
• Nosso objetivo é o de melhorar,
ao máximo, as possibilidades do
paciente e procurar
conscientizá-lo a respeito disto.
O mesmo devemos pensar em
relação aos tratamentos
médicos.
• O fonoaudiólogo deve saber que nem
todas as recidivas são decorrentes de
anormalidades na deglutição.
• A deglutição pode ser consequência e
não a causa do problema.
• De qualquer forma, o trabalho,
mesmo quando a deglutição é
consequência e não a causa, pode ser
benéfico, pois evita a manutenção ou
piora do quadro.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
• Observamos que ao receber um
paciente com a queixa de “deglutição
atípica”, não devemos limitar nosso
exame na simples observação de
haver ou não projeção da língua entre
os dentes ou contra os mesmos.
• Antes de mais nada, devemos
procurar as possíveis razões destas
alterações para que possamos tratar
das causas e não da consequência
pura e simples, que é a projeção.
• Nas classes III, de Angle, podemos
observar que a língua ocupará o arco
inferior. Durante as trocas
dentárias a projeção anterior é
bastante frequente, por
ausência dos dentes anteriores.
• Passamos a observar a função
respiratória;
• O tônus;
• Observar hábitos e padrões familiares
é importante;
• Idade;
• Outras funções orais.
• O trabalho, em qualquer condição,
sempre será benéfico, mas as
expectativas finais devem estar
ajustadas às reais possibilidades do
indivíduo.
• Não importa que nome devemos usar
se atípica ou adaptada, mas o que
importa é saber que a língua se
adapta à forma, que outras funções
interferem no seu posicionamento,
que a idade traz modificações.
• Importa saber que cada um é um e,
assim sendo, os tratamentos
padronizados, com terapia igual para
todos, devem ser repensados.
(Marchesan,1998)
RESUMINDO
• A deglutição atípica corresponde à
movimentação inadequada da língua
e/ou outras estruturas que participam
do ato de deglutir durante a fase oral,
sem que haja nenhuma alteração
dentária ou estrutural na cavidade
oral.
• As causas deste tipo de deglutição
podem ser: posturas corporais
inadequadas, hipertrofia das
amígdalas, fatores alérgicos,
características genéticas, dietas
inadequadas, persistência da
deglutição infantil, etc.
• A deglutição adaptada corresponde a
uma deglutição que ocorre de forma
incorreta por consequência de algum
outro problema, como má oclusão
dentária ou respiração oral. A língua
adapta-se à forma da cavidade oral,
tipo facial do indivíduo ou às funções
inadequadas existentes.
• As causas podem ser: sucção digital,
uso de chupeta até tarde, má oclusão
dentária, respiração oral, atrofia dos
cornetos (no nariz), palato duro
estreito e ogival, mordida cruzada,
mordida aberta, alterações no
aparelho respiratório, postura
corporal alterada, entre outros.
• As consequências são variadas, mas
as mais visíveis serão, sem dúvida,
alterações oclusais. Colocando
aparelho resolverá o problema por
algum tempo, uma vez que mais
tarde, se a deglutição não for
reeducada, voltará tudo ao mesmo.
TRATAMENTO
• A terapia tem como objetivo a
reabilitação das funções do sistema
estomatognático, realizando
exercícios de motricidade orofacial,
conscientização, orientação e
reeducação.
• O trabalho com deglutição atípica/adaptada
pode requerer em alguns casos, a
participação de uma equipe multidisciplinar
para a obtenção de melhores resultados, tais
como, médico (atuando nos processos
alérgicos), fisioterapeuta (atuando nos
problemas posturais), ortodontista
(atuando na correção dos desvios do
crescimento facial e dos distúrbios oclusais).
• Baseado na prática clínica a média de
tempo de terapia é de 3 a 4 meses
(adulto) e 6 a 8 meses (crianças) e
que o paciente deve ser acompanhado
até o final do tratamento ortodôntico
(mensal ou bimensalmente),
controlando recidivas.
Referências:
• MARCHESAN, IQ. Fundamentos em
Fonoaudiologia: aspectos clínicos da
motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1998.
• COMITÊ DE MOTRICIDADE OROFACIAL DA
SBFA. Motricidade Orofacial: como
atuam os especialistas. São José dos
Campos: Pulso, 2004.

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