Especialização em MO- Disfagia/CEFAC. • As crianças deglutem menos que os adultos. Sua média é de 600 a 1000 vezes por dia, enquanto os adultos deglutem entre 2400 a 2600 vezes. • Não há concordância sobre estes valores, variando de autor para autor. • Deglutimos menos à noite e mais ao falar e mastigar por serem funções que necessitam de maior produção de saliva; • Produzimos, em média, um a um litro e meio de saliva por dia. Os mais idosos tem menos saliva, deglutindo menos vezes. DEGLUTIÇÃO ATÍPICA E ADAPTADA • Segundo o dicionário, atípico é o que se afasta do normal, do típico. Por sua vez, adaptar é ajustar uma coisa a outra, amoldar, apropriar, acomodar- se ou ajustar-se. ALTERAÇÕES NA FORMA DE DEGLUTIR • Com interposição lingual; • Com presença de contração da musculatura periorbicular; • Sem contração do Masseter; • Com contração do Mentalis e interposição de lábio inferior; • Com movimento de cabeça; • Com ruídos; • Com resíduos após deglutir. DEGLUTIÇÃO ATÍPICA • Corresponde à movimentação inadequada da língua e/ou de outras estruturas que participam do ato de deglutir, durante a fase oral da deglutição, sem que haja nenhuma alteração, de forma, na cavidade oral. • Seria, portanto, apenas uma alteração da função de deglutir, não sendo necessário tratamento dentário para correção do posicionamento dos dentes; • Em geral, estas atipias ocorrem por problemas de postura inadequada da cabeça, por alteração do tônus, da mobilidade ou da propriocepção dos OFAs: língua, lábios, bochechas e palato mole. • Mesmo em casos onde a correção ortodôntica já ocorreu, podemos observar deglutição atípica. Este fato ocorre pela grande automatização dos hábitos adquiridos anteriormente a esta correção. • Nestas situações, é fundamental que se reabilite a deglutição, evitando possíveis recidivas; • A deglutição, sendo atípica, também pode levar a alterações de oclusão, principalmente quando acompanhada de postura interdental da língua. • Os problemas de deglutição podem vir acompanhados de alterações de outras funções, fazendo parte, portanto, de um quadro maior, o qual podemos chamar de distúrbios orais miofuncionais. • O termo mais apropriado, portanto, para estes casos, onde a deglutição atípica é apenas uma parte da problemática, deve ser DISTÚRBIOS ORAIS MIOFUNCIONAIS , termo este que se mostra mais abrangente e adequado para dar conta de quadros com um conjunto de alterações orais. BINÔMIO FORMA X FUNÇÃO • Influência genética e ambiental;
• “Os desvios na posição dentária, as
discrepâncias esqueléticas, tanto no sentido vertical como horizontal e os distúrbios neuromusculares, como por exemplo as obstruções aéreas, • levam a uma desarmonia dentoesquelética com repercussão muscular, uma vez que a morfologia influencia a função, bem como a função condiciona a morfologia.” MOYERS (1991). RETROGNATISMO- CLASSE II • Vedamento labial: lábio inferior ocluindo com incisivos superiores; • Músculo mentoniano tensionado (hipertônico); • Posição habitual de repouso de língua: ponta abaixada e dorso elevado, devido ao espaço reduzido. Repouso contra os incisivos. • Palato mole: mais elevado; • Mastigação: rápida, com reduzido número de ciclos mastigatórios. Movimentos mandibulares rotatórios e verticais; • Deglutição: projeção de língua anterior. Vedamento labial ocorrendo com grande tensão; PROGNATISMO-CLASSE III • Vedamento labial: lábio superior ocluindo com incisivos inferiores; • Hipotonia de lábio inferior e hipertonia do mento; • Posição habitual de repouso de língua: mandíbula é maior e mais profunda, por isso a língua ocupa o espaço inferior, ficando plena no soalho da boca. • A base da língua acaba ficando hipotônica, em posição mais baixa, sem tocar o palato mole; • Palato mole: acaba ficando mais verticalizado, devido a ausência de contato com a base da língua; • Mastigação: movimentos mandibulares verticais. • Deglutição: interposição lingual anterior (projeção). Esse posicionamento lingual é impossível de ser corrigido somente com terapia, sendo necessária a intervenção cirúrgica antes. CLASSIFICAÇÃO DE ANGLE DEGLUTIÇÃO ADAPTADA • Adaptação à alterações de oclusão, alterações craniofaciais ou características de funções existentes, como no caso do respirador oral. • (Marchesan, 2005) • A adaptação pode intensificar ou manter a má oclusão sendo, portanto, necessário trabalharmos para evitar maiores alterações; • Fonoaudiólogo e Ortodontista. •O Fonoaudiólogo trabalha, produzindo novas adaptações quanto ao modo de deglutir, minimizando a problemática encontrada ou não permitindo que o problema se agrave; • Nem sempre, se alcança um padrão ideal de deglutição. Se o paciente não deseja se submeter a um tratamento dentário, ou se já o fez e os resultados foram somente parciais, temos que se considerar as nossas reais condições de trabalho. • Nosso objetivo é o de melhorar, ao máximo, as possibilidades do paciente e procurar conscientizá-lo a respeito disto. O mesmo devemos pensar em relação aos tratamentos médicos. • O fonoaudiólogo deve saber que nem todas as recidivas são decorrentes de anormalidades na deglutição. • A deglutição pode ser consequência e não a causa do problema. • De qualquer forma, o trabalho, mesmo quando a deglutição é consequência e não a causa, pode ser benéfico, pois evita a manutenção ou piora do quadro. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES • Observamos que ao receber um paciente com a queixa de “deglutição atípica”, não devemos limitar nosso exame na simples observação de haver ou não projeção da língua entre os dentes ou contra os mesmos. • Antes de mais nada, devemos procurar as possíveis razões destas alterações para que possamos tratar das causas e não da consequência pura e simples, que é a projeção. • Nas classes III, de Angle, podemos observar que a língua ocupará o arco inferior. Durante as trocas dentárias a projeção anterior é bastante frequente, por ausência dos dentes anteriores. • Passamos a observar a função respiratória; • O tônus; • Observar hábitos e padrões familiares é importante; • Idade; • Outras funções orais. • O trabalho, em qualquer condição, sempre será benéfico, mas as expectativas finais devem estar ajustadas às reais possibilidades do indivíduo. • Não importa que nome devemos usar se atípica ou adaptada, mas o que importa é saber que a língua se adapta à forma, que outras funções interferem no seu posicionamento, que a idade traz modificações. • Importa saber que cada um é um e, assim sendo, os tratamentos padronizados, com terapia igual para todos, devem ser repensados. (Marchesan,1998) RESUMINDO • A deglutição atípica corresponde à movimentação inadequada da língua e/ou outras estruturas que participam do ato de deglutir durante a fase oral, sem que haja nenhuma alteração dentária ou estrutural na cavidade oral. • As causas deste tipo de deglutição podem ser: posturas corporais inadequadas, hipertrofia das amígdalas, fatores alérgicos, características genéticas, dietas inadequadas, persistência da deglutição infantil, etc. • A deglutição adaptada corresponde a uma deglutição que ocorre de forma incorreta por consequência de algum outro problema, como má oclusão dentária ou respiração oral. A língua adapta-se à forma da cavidade oral, tipo facial do indivíduo ou às funções inadequadas existentes. • As causas podem ser: sucção digital, uso de chupeta até tarde, má oclusão dentária, respiração oral, atrofia dos cornetos (no nariz), palato duro estreito e ogival, mordida cruzada, mordida aberta, alterações no aparelho respiratório, postura corporal alterada, entre outros. • As consequências são variadas, mas as mais visíveis serão, sem dúvida, alterações oclusais. Colocando aparelho resolverá o problema por algum tempo, uma vez que mais tarde, se a deglutição não for reeducada, voltará tudo ao mesmo. TRATAMENTO • A terapia tem como objetivo a reabilitação das funções do sistema estomatognático, realizando exercícios de motricidade orofacial, conscientização, orientação e reeducação. • O trabalho com deglutição atípica/adaptada pode requerer em alguns casos, a participação de uma equipe multidisciplinar para a obtenção de melhores resultados, tais como, médico (atuando nos processos alérgicos), fisioterapeuta (atuando nos problemas posturais), ortodontista (atuando na correção dos desvios do crescimento facial e dos distúrbios oclusais). • Baseado na prática clínica a média de tempo de terapia é de 3 a 4 meses (adulto) e 6 a 8 meses (crianças) e que o paciente deve ser acompanhado até o final do tratamento ortodôntico (mensal ou bimensalmente), controlando recidivas. Referências: • MARCHESAN, IQ. Fundamentos em Fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. • COMITÊ DE MOTRICIDADE OROFACIAL DA SBFA. Motricidade Orofacial: como atuam os especialistas. São José dos Campos: Pulso, 2004.
O processo de aquisição da linguagem de crianças surdas com implante coclear em dois diferentes contextos: aplicação do método Extensão Média do Enunciado (EME) e apresentação de estudos dos estágios de aquisição com dados em Língua de Sinais