O documento discute as funções dos órgãos fono-articulatórios, incluindo respiração, mastigação, deglutição e fala. Ele explica como cada uma dessas funções deve ser avaliada corretamente, observando o processo natural e buscando as causas subjacentes de qualquer irregularidade, em vez de apenas diagnosticar sintomas.
O documento discute as funções dos órgãos fono-articulatórios, incluindo respiração, mastigação, deglutição e fala. Ele explica como cada uma dessas funções deve ser avaliada corretamente, observando o processo natural e buscando as causas subjacentes de qualquer irregularidade, em vez de apenas diagnosticar sintomas.
O documento discute as funções dos órgãos fono-articulatórios, incluindo respiração, mastigação, deglutição e fala. Ele explica como cada uma dessas funções deve ser avaliada corretamente, observando o processo natural e buscando as causas subjacentes de qualquer irregularidade, em vez de apenas diagnosticar sintomas.
Funções realizadas pelos Órgãos Fono-Articulatórios
Embora sejam várias as funções que as partes moles e duras
dos órgãos fono-articulatórios podem realizar, nos limitaremos, no decorrer deste capítulo, a abordar a respiração, a mastigação, a deglutição e o ato de fala.
Respiração
Os seres humanos nascem respirando pelo nariz e, a não ser que
ocorram impedimentos mecânicos, assim continuará até a morte. Isto significa que ao encontrarmos um paciente com respiração bucal devemos buscar compreender o por que ele não está realizando esta função de forma normal. Devemos nos lembrar que, a maior parte das vezes, a respiração não é puramente bucal, mas sim mista, isto é, dá- se pelo nariz e pela boca. As causas mais freqüentes de uma 10 respiração inadequada referem-se a problemas mecânicos. Eles podem estar ao nível da nasofaringe, da adenóide, da orofaringe, das amígdalas, ou do próprio nariz, como um desvio de septo ou mais comumente, as hipertrofias de conchas que impedem ou diminuem a entrada do ar. Para conhecermos de forma correta qual a razão da respiração estar ocorrendo por via inadequada, uma consulta ao otorrinolaringologista é fundamental sendo que a mesma deve acontecer antes de iniciarmos nosso tratamento. Caso o médico nos informe que, do ponto de vista clínico, não existem problemas, devemos ainda considerar se o paciente tem possibilidade de oclusão labial para que a respiração possa ocorrer pelo nariz. Se existir uma tipologia desfavorável, ou mesmo uma oclusão que não permita o correto selamento, outra indicação, agora para a ortodontia, será necessária antes do nosso tratamento. Verificar que nosso paciente não respira pelo nariz é muito fácil. Descobrir as possíveis causas, encaminhá-lo corretamente e tratá-lo no momento adequado é mais difícil e precisa de um conhecimento maior do que o óbvio comentário de que ele não respira pela via correta. Como sempre, precisamos nos preparar para inferir causas, estabelecer relações e prioridades de tratamento.
Mastigação
Para avaliarmos esta função precisamos, em primeiro lugar,
conhecer os dentes e como eles se relacionam. A oclusão e a tipologia facial determinam a força e o modo de mastigar. Em segundo lugar, vamos pesquisar, com bastante detalhamento, os hábitos alimentares, não só do paciente mas, principalmente, de sua família. Hábito alimentar não é só o que se come. É necessário saber o como, o quando, o tempo disponível, valores que se dá para a alimentação, dinheiro que se investe nisto, etc... Normalmente, o problema alimentar não é só do paciente mas é da família, ou do meio no qual aquele indivíduo vive. Como prova específica, pode-se utilizar, em todas as avaliações, um mesmo alimento para que se possa criar um padrão de exame. O pão francês é uma boa opção pois é fácil de encontrar e, praticamente, todos o comem. Filmar o exame também é aconselhável para que seja possível fazer comparação posteriores com maior objetividade. Lembrar que os limites de mastigação impostos pela oclusão só serão resolvidos após o tratamento da oclusão. Como prova específica podemos sugerir que o paciente coma o pão normalmente, como está acostumado. Após duas ou três dentadas, perguntamos onde está mastigando melhor, ou seja, qual é o lado de preferência mastigatória e por que prefere este lado. Caso o paciente não saiba identificar, devemos sugeri-lhe que coma mais alguns pedaços para observar como ele sente a mastigação acontecendo. Em seguida, devemos pedir que mastigue apenas de um lado e observe relatando, em seguida, como foi. Depois repetimos a mesma prova, usando o outro lado da boca. Por fim, sugerimos que volte a mastigar como o faz normalmente. Lembrar que, após cada prova, devemos pedir ao próprio paciente que descreva como se sentiu, se foi fácil e quais foram as dificuldades encontradas. Esta forma de avaliar faz com que possamos ter a nossa visão e também a do próprio paciente sobre como está se processando sua função mastigatória. Mesmo que o paciente não saiba nada, ou só tenha uma visão parcial daquilo que ocorre, isto não é importante. Agindo desta maneira podemos saber o que o paciente 11 percebe e já o estaremos ajudando a ficar mais atento, deste momento para a frente, em relação à sua mastigação. Praticamente iniciamos o processo terapêutico durante a avaliação. Estes procedimentos de anamnese, exame e a própria terapia devem ser contínuos e interligados. Não podemos ter momentos estanques onde a anamnese segue uma linha, o exame outra, e ambos estão desvinculados da terapia. Com muita freqüência, observamos que anamneses e exames com uma riqueza de dados são simplesmente arquivados para todo o sempre sem nenhuma ligação ou importância para a terapia.
Deglutição
Esta função dá continuidade ao processo de mastigação e, como
tal, não pode e nem deve ser avaliada em separado da mesma. Ao observarmos a mastigação também observaremos o paciente deglutindo, pois esta seqüência é natural. Nada mais lógico do que olharmos, ao mesmo tempo, as duas funções. Assim, como não vamos pedir para que o paciente faça um bolo alimentar e nos mostre antes de deglutir, não pediremos que abra os lábios a fim de olharmos dentro da sua boca enquanto deglute. Estas duas formas de avaliar levam a atipias alterando, evidentemente, o processo natural. Seria bastante interessante que os terapeutas fizessem as provas neles próprios e em pessoas normais para avaliar a eficácia e os resultados de tais procedimentos, antes de aplicá-los ao paciente. Normalmente, vamos mastigando e engolindo. Não fazemos um único e grande bolo de tudo o que está sendo mastigado para então deglutir. Quando isto ocorre, tendemos a realizar um movimento de cabeça para trás, na tentativa de aumentar o espaço orofaríngeo para que todo o alimento possa passar de uma só vez. Isto acaba sendo classificado como “deglutição atípica”, quando na verdade, foi algo que provocamos ao pedirmos uma forma de mastigação que é antinatural. Assim como esta atipia, muitas outras são provocadas pelos examinadores. Até o dentista, quando pede para que o paciente degluta os lábios entreabertos, numa posição em que o corpo está reclinado dificultando a deglutição, também causa uma atipia. Sugiro ao leitor atento experimentar deglutir nessas circunstâncias, não se esquecendo de um babador. Sabemos que os sujeitos Classes II de Angle, com grandes desproporções maxilo-mandibulares, deglutem com os lábios separados e, mesmo assim, procuram fazer um selamento compensatório que é o do lábio inferior com os dentes superiores. O selamento anterior é necessário para manter uma pressão negativa no interior da boca e todas as pessoas procuram obtê-la de alguma maneira. Às vezes, vamos ter, de fato, a projeção anterior da língua no momento da deglutição. Ao invés de apenas apontar tal fato tentaremos compreender suas razões. Pode haver uma mordida aberta anterior; pode existir amígdalas hipertrofiadas, trazendo a língua para a frente para criar um espaço posterior de passagem; outras vezes, em função da respiração bucal, encontramos a língua posicionada embaixo e com sua força diminuída. Ou seja, sempre há ou houve, no passado, uma razão para que a deglutição não se processasse de forma normal. Ninguém deglute errado porque assim o quer. Em geral, deglutimos da maneira que nos é possível. O nosso papel é mais do que repetir o diagnóstico pobre de “deglutição atípica”. Devemos descobrir qual é a causa da inadequação deste modo de deglutir e, mais do que a causa, tentar verificar quais são as possibilidades que o paciente tem de deglutir de uma outra maneira que não aquela por nós encontrada.
Fala
Avaliar a fala, em geral, requer procedimentos mais simples.
Podemos verificar como o paciente fala e que tipos de trocas apresenta, apenas conversando com ele. Em geral, os pais sabem quais os fonemas que os filhos omitem ou trocam. Muitas vezes, já na anamnese, podemos ficar conhecendo, com certa margem de segurança, quais são os problemas de fala existentes. No entanto, para uma avaliação mais precisa é importante não só sabermos quais são as trocas ou omissões mas, mais uma vez, tentar compreender a razão destas trocas e quais as possibilidades de correção. Com muita freqüência encontramos problemas de fala que fazem parte de problemas de linguagem. Infelizmente, muitas vezes, acabamos simplificando e realizando análises somente parciais, reduzindo problemas de desenvolvimento de linguagem em meras trocas ou omissões de fonemas. As distorções por sua vez, podem estar relacionadas a problemas de forma, ou seja, a características anatômicas das estruturas que produzem fala.
O processo de aquisição da linguagem de crianças surdas com implante coclear em dois diferentes contextos: aplicação do método Extensão Média do Enunciado (EME) e apresentação de estudos dos estágios de aquisição com dados em Língua de Sinais