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Módulo 7 : Quando o espessamento da

dieta não é suficiente...


Conteúdo
1. Conteúdo
2. Objetivos
3. Apresentação
4. Gastrostomia
1. Indicações de Gastrostomia
2. Técnicas de Gastrostomia
3. Benefícios e complicações da Gastrostomia
5. Condutas Fonoterapêuticas
6. Gerenciamento da Alimentação
7. Verificação do conhecimento
1. Resposta
8. Referências

Objetivos
Avaliar as indicações da gastrostomia
Conhecer as condutas fonoterapêuticas

Apresentação
Vocês já estudaram no decorrer do curso sobre a disfagia neonatal. Agora iniciaremos o
módulo falando sobre quando o espessamento da dieta não é o suficiente, e a alimentação pela
via oral não é mais viável... O que devemos fazer?
Maria Carolina Muzzio

Fonoaudióloga

Coordenação Técnica Fonoaudiologia – IFF

Gastrostomia
Quando a alimentação por via oral não é mais possível indicamos uma via alternativa que é a
gastrostomia (GTT). Devemos entender que a gastrostomia é uma aliada, um recurso
terapêutico, e não um obstáculo, pois, muitas vezes é devido a esta via alternativa que os bebês
conseguem receber alta da UTI neonatal.

O que é uma Gastrostomia?

A gastrostomia é um procedimento no qual um tubo é inserido diretamente no estômago


através de uma abertura na parede abdominal anterior. Ela consiste em um método alternativo
de alimentação de curto ou longo prazo, com o objetivo de garantir aporte nutricional e/ou
hídrico, evitando assim a desnutrição e/ou desidratação do paciente.

Indicações de Gastrostomia
As indicações de gastrostomia podem ser por:

Disfagia ou distúrbios da deglutição:

Como já mencionado, a deglutição consiste em um processo neurofisiológico complexo


onde áreas do cérebro estão envolvidas para que a deglutição ocorra de forma adequada,
são elas: córtex cerebral, cerebelo, núcleos da base e tronco cerebral.

Quando há um comprometimento nessas áreas que impeça a deglutição de forma segura, a


gastrostomia é indicada.
Necessidade de manter a via alternativa de alimentação enteral por mais de um
mês, após várias tentativas terapêuticas:

A utilização desta via é para um curto prazo de tempo, uma vez que a longa duração pode
causar desconforto nasal, obstrução ou deslocamento do tubo.

Tempo prolongado de alimentação:

Quando a alimentação é trabalhosa, lenta e angustiante para o bebê e o cuidador, ela pode
repercutir no estado nutricional da criança.

Pneumonias de repetição.

Técnicas de Gastrostomia
Atualmente, na literatura são descritas três técnicas de gastrostomia:

Gastrostomia percutânea por fluoroscopia;


Gastrostomia endoscópica percutânea (PEG);
Gastrostomia cirúrgica: via laparotomia e via laparoscópica;

Há relato na literatura que a gastrostomia endoscópica percutânea (PEG) é mais segura do que
a gastrostomia cirúrgica.

A gastrostomia cirúrgica pode ser realizada basicamente de duas formas:

1. Via laparotomia: a forma mais frequentemente realizada na maioria dos hospitais no


Brasil;
2. Via laparoscópica;

Quando pensar em Fundoplicatura?

Com a colocação da gastrostomia há uma predisposição à ocorrência de refluxo


gastroesofágico. A fundoplicatura consiste em um procedimento cirúrgico realizado para tratar
a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).

A Fundoplicatura é mais frequentemente indicada em crianças maiores e naquelas com risco


para DRGE grave, entre elas, encefalopatas crônicos, e em particular devido a encefalopatia
crônica não progressiva.

Benefícios e complicações da Gastrostomia


PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES COM A GASTROSTOMIA

As principais complicações são:

Saída acidental da sonda;


Hiperemia;
Formação de granuloma;
Vazamento de resíduo gástrico ao redor da sonda;
Rompimento do balão;
Alargamento e/ou fechamento do óstio.

A presença deste dispositivo causa medo e insegurança, especialmente na realização dos


primeiros cuidados. Sendo assim, a atuação do enfermeiro é essencial junto aos pacientes
gastrostomizados, pois esse profissional presta uma assistência de forma especializada, tanto
para o paciente como para a família. Em nosso serviço temos um ambulatório especializado em
Estomaterapia com profissionais capacitados no atendimento a esses pacientes.
A colocação de um tubo de gastrostomia é uma tomada de decisão difícil para os cuidadores,
pois eles sentem medo do desconhecido e em decorrência disso, passam a ter resistência.
Também sentem dificuldades em aceitar que a criança não se alimentará exclusivamente pela
via oral. Por isso, o trabalho em equipe, no qual o fonoaudiólogo tem um papel fundamental, é
uma estratégia importante no momento de abordar esse tema com os familiares e cuidadores
desses pacientes.

BENEFÍCIOS DA COLOCAÇÃO DA GASTROSTOMIA

Em relação aos benefícios da colocação da gastrostomia podemos destacar:

Ganho de peso;
Diminuição dos problemas respiratórios;
Redução de internações.

Um dos principais objetivos deste procedimento é o bem estar físico do paciente.

Condutas Fonoterapêuticas
Caberá ao fonoaudiólogo realizar orientações a família e a equipe multiprofissional responsável
pela criança, pois, a decisão da possibilidade de alimentação por via oral ou exclusiva por
gastrostomia é revista, já que trata-se de um processo dinâmico e transitório, possível de
mudança no decorrer da terapia.

Iremos dividir as técnicas de fonoterapia em:

Terapia indireta: sem a presença do alimento, investindo em recursos terapêuticos que


maximizem a aprendizagem do sabor, as percepções orais e realizando exercícios para
fortalecimento da musculatura orofacial e faríngea;
Terapia direta: utilizando o alimento de forma parcial e segura, definindo consistência e
volume, junto a equipe de nutrição e médica;

Gerenciamento da Alimentação
Nos pacientes possíveis de alimentação por via oral deve ser realizado um gerenciamento desta
alimentação, sendo este dividido em:

Dieta assistida;
Ofertante (cuidador);
Constância.

Ou seja, se a alimentação está liberada somente na presença do fonoaudiólogo ou se esse


treino da deglutição está liberado para a família realizar, e com qual constância essa família
pode oferecer ao dia.

Em relação a necessidade de manter a via alternativa, é o fonoaudiólogo que avalia e reabilita


os pacientes com disfagia que necessitam ser gastrostomizados, podendo ter indicação desta
via de curta permanência ou longa permanência.

Por fim, cabe destacar que por meio da reabilitação fonoaudiológica com enfoque na
deglutição, parte dos pacientes, mesmo com comprometimento neurológico, podem recuperar
a totalidade ou parte da ingesta oral.

O acompanhamento longitudinal pela equipe multiprofissional torna-se fundamental para


revisão das tomadas de decisões.

Verificação do conhecimento
Com relação a Fundoplicatura é correto afirmar que:
A. É mais frequentemente indicada em crianças tempo prolongado de
alimentação tornando a alimentação é trabalhosa e lenta repercutindo no estado
nutricional da criança;

B. Ela é frequentemente indicada em crianças com necessidade de manter a via


alternativa de alimentação enteral por mais de um mês, após várias tentativas
terapêuticas;

C. Este procedimento está indicado, principalmente, quando há falha do


tratamento clínico ou na presença da doença do refluxo gastroesofágico
complicada e é mais frequentemente indicada em crianças maiores e naquelas
com risco para DRGE grave, entre elas, encefalopatas crônicos, em particular a
encefalopatia crônica não progressiva;

D. É mais frequentemente indicada em crianças com necessidade de manter a via


alternativa de alimentação enteral por mais de um mês e sem a presença da
doença do refluxo gastrosesofágico.

Resposta:

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Resposta

C. Este procedimento está indicado, principalmente, quando há falha do tratamento


clínico ou na presença da doença do refluxo gastroesofágico complicada e é mais
frequentemente indicada em crianças maiores e naquelas com risco para DRGE
grave, entre elas, encefalopatas crônicos, em particular a encefalopatia crônica não
progressiva.

Referências
1. Barbosa L, Sukiennik R, Silva G, Deptula A, Vargas C. Trabalho Interdisciplinar com Crianças
Gastrostomizadas. In: Levy D, Almeida S. Disfagia Infantil. Rio de Janeiro: Thieme Revinter;2018.
p. 231-237.

2. Susin FP, Bortolini V, Sukiennik R, Mancopes R, Barbosa LD. Perfil de pacientes com paralisia
cerebral em uso de gastrostomia e efeito nos cuidadores. Revista CEFAC. 2012 Oct;14(5):933-
42.

3. Rodrigues LD, Silva AM, Xavier MD, Chaves EM. Complicações e cuidados relacionados ao uso
do tubo de gastrostomia em pediatria. • Braz. J. Enterostomal Ther2018; v16: 1-6.

4. da Costa EC, do Vale DS, Luz MH. Perfil das Crianças Estomizadas em um Hospital Público de
Teresina, Piauí. Estima–Brazilian Journal of Enterostomal Therapy. 2016 Dec 20;14(4).

5. Anselmo CB, Tercioti Junior V, Lopes LR, Neto C, de Souza J, Andreollo NA. Gastrostomia
cirúrgica: indicações atuais e complicações em pacientes de um hospital universitário. Revista
do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. 2013 Dec 1.

6. Faria TF. Complicações de estomias em crianças: frequência e fatores associados. [Mestrado


em Enfermagem]. Brasília: Universidade de Brasília; 2016.
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