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humano.
Conteúdo
1. Conteúdo
2. Objetivos
3. Apresentação
4. De que é composto o leite humano?
1. Análise mais detalhada
5. Composição do leite da mãe de pré-termo
1. Fração solução
2. Fração suspensão
3. Fração emulsão
6. Propriedades do leite humano
1. Propriedades microbiológicas do leite humano
2. Propriedades nutricionais do leite humano
3. Propriedades bioquímicas do leite humano
4. Propriedades imunológicas do leite humano
7. Verificação do conhecimento
1. Resposta
8. Referências
Objetivos
Identificar a composição e as propriedades do leite humano
Compreender a importância do Leite Humano como um alimento padrão ouro
Apresentação
Vimos anteriormente a importância da manutenção do aleitamento materno para o recém-
nascido (RN) de risco. Neste Módulo vamos estudar o Leite Humano (LH) na perspectiva de ser
um alimento padrão ouro, espécie-específico e a primeira escolha para alimentação de recém-
nascidos, pois proporciona uma combinação única de proteínas, lipídios, carboidratos, minerais,
vitaminas, enzimas e células vivas, bem como benefícios nutricionais, imunológicos, psicológicos
e econômicos reconhecidos e inquestionáveis.
Nesse sentido, a proposta é de iniciarmos nossa compreensão sobre esse fluido vivo, que possui
variações em suas propriedades que estão ligadas diretamente às necessidades do recém
nascido.
Jonas Borges da Silva
Isso tudo pode acontecer para suprir todas as necessidades do recém-nascido e lactente.
Podemos dizer que não existe “O Leite Humano”! Existem l-e-i-t-e-s humanos.
O colostro já está presente no último trimestre da gestação sendo produzido pela mãe do RN a
termo até sete (7) dias após o parto. Possui um conteúdo proteico maior (2,5 a 4,0g/100mL),
grande quantidade de imunoglobulinas (principalmente IgA secretora), além da lactoferrina. O
teor de gordura fica em torno de 2g/100mL e lactose de 4g/100mL.
Lipídeos;
Lactose;
O colostro possui efeito laxante que contribui na eliminação do mecônio, ajudando a prevenir a
icterícia, e contém fatores de crescimento que ajudam o intestino do RN a se desenvolver após
o nascimento.
O volume produzido na fase de colostro varia entre 2 e 20 ml por mamada nos primeiros 3 dias
após o parto, estabelecendo assim uma união perfeita em termos de quantidade de colostro
por mamada e capacidade gástrica do RN.
LEITE DE TRANSIÇÃO
É o leite produzido entre o colostro e o leite maduro que vai do 7° ao 15° dia após o parto, onde
modificações da composição ocorrem de forma gradual e progressiva. Observamos
principalmente a diminuição da concentração de imunoglobulinas e proteínas totais, quando
comparado ao colostro, e o aumento gradual da lactose, gorduras e consequentemente do
aporte calórico.
LEITE MADURO
Na fase do leite maduro, que é produzido após o 15o dia do nascimento do RN, o volume médio
produzido é de 800 a 1000 mL/dia, o teor de lactose é de 7g/100mL, e conteúdo protéico menor
que o colostro, em torno de 1,5 1,8g/100mL.
Composição do leite da mãe de pré-termo
Vamos abordar agora alguns pontos interessantes da composição do leite da mãe de pré-
termo.
O leite humano está estruturado em um sistema composto de três (3) subsistemas ou frações:
Fração solução
A fração solução, também chamada de SORO DO LEITE, é predominantemente composta de
constituintes hidrossolúveis, progressivamente substituídos pelos integrantes da fração
suspensão e componentes lipossolúveis da fração emulsão.
A fração solução corresponde ao leite do início da mamada, cujo teor calórico varia de 589,9
±125,9 kcal/L e o de gordura de 2,7 ± 1,3g%. Seu principal componente é água livre, visando
atender às necessidades hídricas do RN. Evitando-se assim a sobrecarga de soluto renal devido
à sua composição de minerais e o equilíbrio osmolar que se estabelece com o sangue.
Na fração solução se concentra a grande maioria dos fatores de proteção presentes no leite: as
imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM, IgD e IgE), a lactoferrina, o interferon, os fatores do
complemento (C3 e C4), a lisozima, o fator bífidus, o fator anticólera e a lactoperoxidase.
Fração suspensão
A fração suspensão contém a caseína e a quase totalidade do cálcio e fósforo. Os níveis mais
baixos de cálcio do LH são compensados pela maior biodisponibilidade sendo a proporção entre
o cálcio e fósforo de 2:1, o que favorece a incorporação do cálcio, uma vez que o fósforo
compete com o cálcio no momento de sua absorção.
Estes minerais encontram-se ligados quimicamente à caseína e com ela compõem a micela
estável; sua absorção depende do processo de digestão das proteínas. Possui baixo poder de
tamponamento, diminuindo-se assim a possibilidade de proliferação de microrganismos
patogênicos no estômago do prematuro.
Fração emulsão
Os lipídios constituem a principal fonte energética da fração emulsão e cobrem até 50% das
necessidades diárias de energia do RN. No entanto, sua concentração apresenta variações
conforme:
Idade gestacional;
Decorrer da mamada;
Período de lactação;
Alimentação materna;
Além disso, temos a presença da lipase, outras enzimas e cofatores na membrana do glóbulo.
Esses glóbulos por sua vez são muito pequenos e estão regularmente distribuídos pelo leite,
aumentando-se assim a superfície de contato, melhorando a digestibilidade e estabilidade da
gordura.
A fração emulsão é o maior componente do leite no final da mamada. Seu valor calórico varia
de 964,6 ± 215,9 kcal/L e o teor de gordura de 6,5 a ± 2,2 g%.
A palavra probiótico deriva do grego e significa “para vida”, sendo o antônimo de antibiótico,
“contra vida”. A presença de bactérias probióticas como bifidobactérias e lactobacilos no leite
humano são importantes na maturação do sistema imune e na proteção do RN contra a
proliferação de microrganismos patogênicos.
Isso ocorre por meio da produção de compostos inibidores como ácidos orgânicos e
bacteriocinas, competição por nutrientes e sítios de ligação no epitélio intestinal, e modulação
da resposta imune.
Caseína;
α-lactalbumina;
Lactoferrina;
sIgA;
Lisozima;
Albumina sérica;
Ácidos palmítico;
Oleico;
A menor concentração de sódio no leite materno impede a sobrecarga renal e diminui o risco
de desidratação hipertônica frente a qualquer tipo de agravo. O ferro está em baixa
concentração em ambos os leites (de vaca e humano), porém, a biodisponibilidade do ferro do
leite humano alcança 50%, sendo apenas 10% do ferro do leite de vaca absorvido.
IgA secretória: não é digerida pelas secreções gástrica e intestinal por isso não é
absorvida.
Ig A específica: atua contra patógenos os quais a mãe é exposta e será transferida para
o RN. Reveste a mucosa intestinal impedindo a agressão por bactérias, toxinas ou
antígenos estranhos.
Fator bífido: é um carboidrato nitrogenado, substrato para o crescimento do lactobacillus
bifidus, bacilos anaeróbio facultativo que compõem a microbiota intestinal do RN que
amamenta. Tem como importante função impedir a proliferação de micro-organismos
patogênicos.
Lisozima: é produzida por macrófagos e neutrófilos e age através da lise da parede
celular de bactérias patogênicas Gram – e +.
Lactoferrina: é uma proteína carreadora de ferro que, por quelação diminui a
biodisponibilidade de ferro para os patógenos principalmente Staphylococcus sp., E. coli e
Candida sp. e aumenta biodisponibilidade de Fe++ para o RN.
Alfa-lactoalbumina: é a principal proteína do leite materno, representando 10-20% da
proteína total. Foi descoberto então que quando a alfa-lactoalbumina se mescla com
ácidos (presentes no próprio leite materno ou no estômago de lactentes) se transforma
num composto chamado de HAMLET (sigla em inglês para Alfa-lactoalbumina Humana
Transformada em Letal para Células Tumorais), que evita o processo da oncogênese.
Células Tronco: estudos recentes mostram que o LH contém células-tronco pluripotentes.
Estas células têm uma notável capacidade de converterem-se em tipos diferentes de
células no corpo, que por sua vez atuam como uma espécie de “sistema de reparação
interna”.
Linfócitos T: é conhecida a transferência de linfócitos T maternos para o lactente via
amamentação. Linfócitos T CD8+ são importantes na resposta imune citotóxica,
eliminando células infectadas por vírus ou células tumorais, por exemplo. Já os linfócitos T
CD4+ são um subgrupo de linfócitos que se encarregam de coordenar a resposta imune
celular. Estas células são peculiares pois não atuam diretamente destruindo células
infectadas ou patógenos, e sim interagem com outras células do sistema imune, ativando-
as e coordenando-as.
Macrófagos e Neutrófilos: são os leucócitos (glóbulos brancos) mais comuns no leite
humano e atuam rodeando e destruindo bactérias patológicas. Os macrófagos também
fabricam a lisozima, uma enzima que destrói bactérias mediante a desorganização de sua
parede celular. Os macrófagos no trato digestivo podem recrutar linfócitos para atuação
contra patógenos.
Citocinas: participam de um importante papel da modulação e da proteção do sistema
imune do leite humano. A maioria das citocinas que são deficientes no RN se encontra em
quantidades significativas no LH. A principal citocina é a interleucina 7, relacionada com o
tamanho do timo, um dos órgãos centrais no sistema imunológico.
Defensinas: são peptídeos antimicrobianos inatos que participam de maneira importante
na defesa contra invasão microbiana. As Beta-defensinas são encontradas no leite
materno e podem proteger os lactentes contra infecções.
Fatores de Crescimento: fatores como o de crescimento epidérmico, estimulador da
colonização de macrófagos, e fator de transformação de crescimento são encontrados no
leite humano contribuindo para a maturação de sistemas fisiológicos do organismo do RN,
como no desenvolvimento da mucosa intestinal e na imunomodulação, reduzindo
drasticamente a taxa de Enterocolite Necrosante (NEC) e inflamação intestinal. Estes
fatores podem desempenhar um papel na “programação dos primeiros anos de vida”, que
sugere que a fisiologia do indivíduo adulto (por exemplo, obesidade) e morbidade potencial
(por exemplo, artrite reumatoide) está predeterminados nos primeiros anos de vida.
“... se existe uma atitude individual que contribua de forma efetiva para uma melhor qualidade
de vida, a amamentação é um belo exemplo...”
(Veiga, 2003)
Verificação do conhecimento
De acordo com a referência leia as afirmações abaixo, quais estão corretas?
Newton, Edward R. Breastmilk: the gold standard. Clinical Obstetrics and Gynecology. 2004
47(3):632-642.
I- O leite da vaca tem maior quantidade de ferro biodisponível quando comparado ao leite
humano;
II- O leite materno auxilia na prevenção de diarreia e infecções respiratórias nos lactentes
amamentados;
III- Não se deve ofertar água filtrada e/ou fervida ao recém-nascido em aleitamento exclusivo
para que ele se mantenha hidratado;
IV- As fórmulas atuais podem substituir o leite materno, quando o recém-nascido precisa
ganhar peso;
V- O colostro que sai na primeira mamada pode ser considerado a primeira vacina do bebê.
A. II, IV e V;
B. I, III e V;
C. I,II,III e V;
D. II, III e V;
Resposta:
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Resposta
D. II, III e V;
Referências
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