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Objetivos
Compreender as características dos agentes espessantes
Identificar a diferença entre espessantes a base de amido e de gomas
Apresentação
Depois que vimos a importância do leite humano, o manejo do bebê disfágico na UTI neonatal e
de entendermos que o espessamento desse leite é necessário, vamos falar um pouco sobre os
espessantes.
Conhecendo as propriedades de cada um, fica mais fácil a compreensão de qual a melhor
escolha na hora de fazer o espessamento do leite humano.
Fernanda Simões
Nutricionista
Os espessantes que são classificados como aditivos alimentares, como as gomas e a pectina,
são amplamente utilizados na indústria alimentícia na fabricação de geléias, sorvetes, molhos,
bebidas e estão presentes em algumas fórmulas infantis. Eles são regulamentados pela ANVISA,
que determina qual aditivo e em que quantidade pode ser utilizado.
Lembrando que nem todo espessante é um aditivo alimentar! Por exemplo: os amidos naturais
ou modificados, utilizados como espessantes, não são considerados aditivos e devem ser
mencionados como amido nos ingredientes.
Como proteína, conhecemos a gelatina, obtida através do colágeno e a clara de ovo, exemplos
de agentes espessantes. Contudo, a maioria dos espessantes utilizados são baseados em
carboidratos, os polissacarídeos, que são polímeros de açúcares.
A amilopectina é a fração que tem a capacidade de formar géis mais estáveis e mais
rapidamente na presença de água e de aquecimento, sendo que o amido é muito instável na
sua forma natural.
Podemos encontrar o amido no arroz, milho, batatas, mandioca e outros. A sua digestão é
realizada pela enzima AMILASE, presente na nossa saliva e produzida pelo pâncreas no
processo digestivo natural.
Como o amido é muito instável na sua forma natural, ele pode ser modificado quimicamente
pela indústria, formando um composto mais estável e mais prático, sem precisar do
aquecimento para formar gel
Ele é previamente cozido, depois é seco, moído e peneirado, se tornando mais prático para o
consumo rápido.
Dos amidos instantâneos, um dos mais conhecidos é o cereal de arroz. Ele é barato, fácil de
encontrar em diferentes marcas e tem o efeito no trato digestivo bem conhecido. Ele também
pode ser utilizado como espessante.
Por ser um amido, ele é digerido pelo organismo de um bebê e também já tem sua hidrólise
iniciada pela amilase presente no leite materno, quando é utilizado como agente espessante
nesse leite. Contudo, justamente por essa hidrólise, o cereal instantâneo pode levar a um
espessamento instável do leite humano e não é considerado por alguns autores um bom
espessante do leite materno.
Então, será que podemos utilizar o amido para espessar o leite humano?
Já vimos que é possível, desde que o tempo seja controlado, com o uso adequado desse agente
espessante.
Gomas Vegetais
Para que possamos escolher o melhor espessante, vamos falar agora das gomas.
A goma também é um polissacarídeo solúvel em água que consegue formar gel, levando ao
aumento da viscosidade.
As gomas são provenientes de sementes de plantas, como a goma jataí, goma de alfarroba e a
goma guar. Podem vir de exsudatos de plantas como a goma arábica, de algas marinhas (agar
agar), ou geradas através do processamento microbiológico, como a goma xantana.
O que é importante destacar nos espessantes à base de gomas é que elas não são digeridas
pelo trato digestivo, da mesma forma que a celulose e a pectina. As gomas agem como uma
espécie de fibra. Dessa forma, podem ter um efeito não desejado no trânsito intestinal e no
microbioma do intestino, não sendo dessa forma, seu uso isento de risco. Alguns autores já
relataram casos de enterocolite necrosante em bebês, principalmente pré-termos, que
utilizaram fórmulas espessadas com gomas.
A maioria dos espessantes comerciais utilizados em pediatria são provenientes de gomas (goma
xantana, jataí e de alfarroba) por formarem um composto mais estável.
Lembrando que nenhum espessante comercial é aprovado para lactentes pré-termos e que o
risco do uso de gomas já foi demonstrado, levando inclusive a casos de enterocolite necrosante
(NEC).
Dessa forma, diante de tudo que aprendemos sobre os espessantes, qual seria a
melhor escolha para o uso em neonatos disfágicos na UTI?
Indicaria, pela maior segurança, o AMIDO como melhor agente espessante para esses bebês,
mas com a técnica de espessamento adequada para que a mistura, leite humano e amido, não
se torne instável.
Verificação do conhecimento
Considerando os tipos de espessantes alimentícios e seu uso em bebês disfágicos, marque a
alternativa correta:
A. O amido, por se apresentar muito instável ao formar gel, não deve ser
utilizado como agente espessante.
C. O leite humano não pode sofrer espessamento e, dessa forma, não tem seu
uso recomendado em bebês disfágicos.
Resposta:
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Resposta
Referências
1. Almeida MBM, Junior SCG, Silva JB, Silva DA, Moreira MEL. Estudo sobre a modificação da
viscosidade do leite humano e da fórmula para lactentes com disfagia. Rev. CEFAC. 2017 Set-
Out; 19(5):683-689.
2. Duncan DR, Larson K, Rosen RL. Clinical Aspects of Thickeners for Pediatric Gastroesophageal
Reflux and Oropharyngeal Dysphagia. Current Gastroenterology Reports. 2019. 21:30