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Objetivos
Compreender a estimulação sensório-motora oral no bebê
Avaliar e diferenciar a sucção nutritiva da não nutritiva
Apresentação
Vimos nos módulos anteriores as especificidades do leite humano, as características do recém-
nascido (RN) a termo e pré-termo internado na UTIN e o cuidado que se deve ter com o
neurodesenvolvimento e a integralidade do cuidado quando se trata da complexidade que é a
alimentação do recém-nascido.
Agora ele estabilizou, então como vamos iniciar o processo de alimentação destes recém-
nascidos?
Mariangela Bartha
Alimentando o recém-nascido
A alimentação do recém-nascido é um dos temas mais importantes em discussão na
atualidade. O tema vem ao encontro de uma situação atual do mundo: o desenvolvimento
sustentável. Ele exige uma reflexão que ultrapassa os limites da questão nutricional da
amamentação.
Quando os bebês estão intra-útero, eles recebem todos os nutrientes necessários para garantir
o crescimento saudável. No entanto, assim que chegam ao mundo extrauterino, a alimentação
precisa mudar para satisfazer os requisitos nutricionais que o organismo exige.
Antes mesmo de iniciar a ESMO devemos nos apresentar a família. O vínculo com a
fonoaudióloga começa quando o bebê interna na UTI.
A família já recebeu as notícias do bebê? Está disponível para ouvir? Então, nos apresentamos e
conversamos, sentindo o momento, nos conhecendo e, se possível, falamos sobre
amamentação e lactação materna, sempre respeitando o momento da família.
1. Presença da Família
Antes de avaliar o bebê conversamos com a mãe para saber se deseja amamentar, saber como
está o seu bebê, suas expectativas, como está a lactação materna.
Em nossa unidade as gestantes recebem informações sobre o aleitamento durante o pré natal
e no banco de leite humano. Deixamos a vontade para que ela esclareça algumas dúvidas. A
mãe acompanha a estimulação e observa as respostas do bebê.
Primeiramente colhemos a história clínica para saber como este bebê nasceu, a partir do
prontuário: idade gestacional (IG), Apgar, peso, etc. Como somos um hospital de ensino
algumas variáveis são importantes como escolaridade e idade materna, número de consultas
de pré-natal e outros.
2. Estado de consciência
Após o contato com a mãe observamos o estado de consciência do bebê (lembram da escala
dos estados comportamentais de Brazelton, do Módulo 1?), se o bebê estiver em sono
profundo, não devemos intervir, aguardamos outro momento, se estiver sonolento podemos
realizar manobras vestibulares para acordá-lo.
3. Padrão postural
Vamos avaliar também o tônus global. O tônus muscular é um estado de tensão constante a
que estão submetidos os músculos em repouso. Vamos avaliar se o tônus está hipotônico ou
diminuído, hipertônico ou aumentado ou normotônico e também se o padrão postural é
organizado ou desorganizado.
Preenchemos alguns dados importantes no protocolo, o peso atual, a idade corrigida (IC), caso
seja pré-termo, dias de vida (DV), a resposta ao toque se é de aceitação ou irritabilidade.
4. Reflexos orais
Avaliamos os reflexos orais de busca, mordida, GAG, sucção e deglutição, se estão completos e
eficientes, incompletos ou ausentes.
5. Estruturas orais
Avaliamos se há alguma alteração nas estruturas orais, língua, lábios, bochechas, mandíbula ou
palato. Observar postura de língua em repouso, vedamento labial, malformação oral (língua,
gengiva, frênulo de língua e de lábios, assimetria de mandíbula, úvula, fissuras labiais ou de
palato).
6. Funções orais
Observamos finalmente se o bebê apresenta sinais de fome, ou seja, reflexos maduros, estado
de alerta e sucção nutritiva adequada.
Como já vimos, desde o período embrionário o feto prepara-se para exercer as atividades de
sugar, respirar e deglutir que irão possibilitar sua sobrevivência ao nascer.
Além da estimulação reflexa, realizamos toques e deslizamentos nas bochechas, lábios, língua e
gengivas. Em relação a normalização da postura e posicionamento são realizadas técnicas para
organização postural visando o controle postural com ênfase no suporte de cabeça, mandíbula,
pescoço e tronco, evitando a extensão ou flexão exagerada da cabeça e buscando a
organização postural. Deve-se utilizar a postura simétrica com os membros superiores e
inferiores fletidos e voltados para a linha média.
A sucção pela técnica do seio materno esvaziado garante o prazer do contato da mãe com o
seu bebê, permite a experiência de sucção ao recém-nascido sem a presença do líquido ou com
um volume pequeno de leite, garantindo o estabelecimento da coordenação da sucção,
deglutição e respiração, com menor risco principalmente nos bebês de risco para disfagia.
Conversamos um pouco com a mãe sobre o seu bebê, avaliamos a SNN, conversamos sobre a
postura ao colo e seus conhecimentos sobre o aleitamento materno. É importante a observação
das mamas e solicitar permissão para tocá-las.
Observar se estão cheias, ingurgitadas ou macias e o tipo de mamilo, se são protrusos, curtos,
planos, longos, semi-invertidos, invertidos.
Dinâmica de sucção/ordenha
É preciso compreender que a ordenha no seio materno é uma forma particular de sucção.
Quando o bebê faz a pega na mama, ele preenche toda a cavidade oral. A mama de tecido
adiposo, macio, se amolda ao palato. O mamilo se estende. Cada mama é diferente uma da
outra, cada mamilo é diferente do outro. Não existe bico que imita o seio materno.
A língua recebe o mamilo em concha e com movimentos peristálticos pressiona a mama para
cima, propiciando a expressão do leite e o crescimento do palato. O maior contato da aréola e
do mamilo preenchendo toda a cavidade oral, estimula terminações nervosas periorais e
intraorais que modulam regiões do tronco encefálico, aperfeiçoando o reflexo de sucção. Este
contato é tão importante que a sucção lhe traz efeito analgésico, conforme descrito nos
protocolos de dor.
O volume da dieta por sonda vai sendo parcialmente reduzido, conforme a melhora no padrão
de sucção e deglutição, tempo de mamada e no ganho ponderal, promovendo a alimentação
plena por via oral.
Copinho
Método não invasivo;
Evita a confusão de bicos;
Promove a auto regulação da ingesta;
Recurso temporário (para complementação da dieta).
Iniciamos a oferta com um volume pequeno e aumentamos de acordo com a resposta do bebê.
Quando o bebê tiver recebido o suficiente, ele fecha a boca e não tomará mais. Se ele não
tomou a quantidade calculada, ele pode tomar mais na próxima vez, ou você pode necessitar
alimenta-lo mais frequentemente.
Translactação
Consiste em uma adaptação da técnica de relactação, na qual a oferta de leite materno
ordenhado é realizada por meio de uma sonda conectada em uma seringa ou acoplada em um
copo, com a outra extremidade fixada próxima à aréola, e introduzida no interior da cavidade
oral por meio do estímulo digital da comissura labial do RN durante a mamada. Deve ser
realizada após um tempo pré-definido de sucção ao seio materno.
Mamadeira
Quando o recém-nascido não consegue evoluir na amamentação, na complementação da dieta
com o copinho ou translactação, avaliamos a mamadeira.
Quando as técnicas descritas não são suficientes para uma alimentação segura por via oral é
necessário a mudança na viscosidade do leite com limites específicos definidos. Abordaremos
este assunto mais tarde em outro módulo.
Terapia de Alimentação
Na terapia de alimentação observamos:
Tempo adequado para as dietas – ele não deve ser maior que 30 minutos;
Fracionamento do volume das dietas e espaço entre as mamadas: Cardiopatas podem
necessitar um espaço maior entre cada mamada, enquanto neonatos que apresentam
comprometimento pulmonar ou fadiga se beneficiam com volumes menores com
intervalos menores.
Suporte nutricional e hídrico;
Os aspectos sensoriais e motores orais envolvidos no ato de sugar quando alterados limitam os
padrões de movimentos das estruturas orais, prejudicando padrões de movimentos
automáticos ou reflexos. Podem também reduzir o controle de cabeça e tronco que
proporciona a estabilidade postural e suporte dos movimentos.
Segundo Brazelton (1981) “com a reação a cada estímulo, o cérebro de um bebê tem a
oportunidade de acumular experiência para a sua aprendizagem”.
Aspectos sensoriais
Os aspectos sensoriais exercem grande papel em determinar o tipo de movimento que será
utilizado ou se o bebê vai explorar a experiência de aprendizagem de novos padrões de
movimentos para a alimentação.
Uma questão importante é a ambiência, que também reflete na comportamento do bebê. Isso
significa que é primordial realizar procedimentos e práticas com a menor quantidade de ruídos
possível, conversar em tom de voz suave, atentar-se para uma forma mais delicada de abrir
embalagens próximo ao leito e acionar lixeiras. O trabalho integrado com a Terapia
Ocupacional, proporciona a qualidade do cuidado e o foco no desenvolvimento.
Verificação do conhecimento
Segundo Lau (2015), as estruturas funcionais que envolvem a sucção, respiração e deglutição
amadurecem em tempos diferentes, ocorrendo em dois níveis. Primeiro os elementos de cada
função deve atingir a maturação funcional que permita uma sincronicidade com os demais.
Segundo, os elementos de cada função distinta devem interagir de forma integrativa com
eficiência e segurança no transporte do alimento da cavidade oral até o estômago.
(__) A alimentação no período neonatal é uma atividade bastante complexa principalmente para
o recém-nascido pré-termo, uma vez que exige uma eficiente coordenação entre S/D/R, que se
dará por volta de 30 semanas.
A. F, F, F
B. V, F, V
C. F, F, V
D. V, V, V
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Resposta
C. F, F, V
Referências
1. Brazelton, TB. Bebês e mamães (Á. Cabral, trad.). Rio de Janeiro: Campus, 1981
5. Moss ML. The primary role of functional matrices in facial growth. Am J Orthod v. 55, n. 6, p.
31-40, July 1999.
6. Mello Júnior W.&Romualdo GS. Anatomia e fisiologia da lactação. In: Carvalho MR & Tavares
LAM. Amamentação – Bases científicas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014; p3 – 13.
7. Delgado SE, Halpern R. Aleitamento materno de bebês pré-termo com menos de 1500
gramas: sentimentos e percepções maternos. Arq Med. 2004;7(2):5-28.