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SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO


SEJA SEU ALIMENTO, E QUE
SEU ALIMENTO SEJA SEU
REMÉDIO. ( HIPÓCRATES)
OBJETIVOS:

1. Entender a influência da puericultura no desenvolvimento infantil.

2. Explanar as causas e consequências da desnutrição infantil.

3. Estudar os métodos para calcular idade gestacional.

4. Compreender a importância da caderneta da criança (curva de crescimento


e desenvolvimento).

5. Abordar os marcos de desenvolvimento neuropsicomotor.

6. Compreender a importância do aleitamento materno e interrupção precoce.

7. Entender a introdução alimentar precoce.

8. Entender a importância da suplementação vitamínica adequada a cada


faixa etária.

9. Compreender a dificuldade de conciliar um plano terapêutico nutricional


infantil.

1. Entender a influência da puericultura no desenvolvimento infantil.

O atendimento de puericultura de rotina programado de lactentes, crianças e


adolescentes é um esforço de prevenção essencial para crianças e jovens em
todo o mundo. O desenvolvimento infantil em constante mudança agrega valor
aos encontros regulares e periódicos entre as crianças e suas famílias e
profissionais de cuidados de saúde pediátrica. As consultas de supervisão de
saúde desde o nascimento até a idade de 21 anos são a plataforma para um
cuidado de saúde do jovem.

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Para garantir a saúde ideal da criança em desenvolvimento, cuidados
pediátricos, evoluíram para consultas programadas regularmente a fim de
assegurar nutrição adequada, detectar e imunizar contra doenças infecciosas
e observar o desenvolvimento da criança. Avaliação de imunizações, nutrição
e estado de desenvolvimento continuam sendo elementos essenciais da
consulta de puericultura para supervisão de saúde da criança.
→ Se por um lado o objetivo da puericultura é fazer crescer fisicamente
saudável, ela se completa na busca de elementos que possam dar a criança o
desenvolvimento social, emocional e psíquicos para formação de um ser
humano confiante de si, solidário e em harmonia com outro para se sentir feliz,
assim a puericultura busca o crescimento integral nos aspectos físicos,
mentais, afetivos, sociais e espirituais do ser humano desde suas experiência
iniciais de vida, e ao respeitar os horizontes culturais, conhecer o perfil
epidemiológico e os risco de saúde na vida da criança, apresentar
oportunidade para ações apropriada e diversa para diferentes população. A
puericultura, tem, portanto, influencias concretas nas diferentes fases da
construção do ser humano, no planejamento família, na concepção, no pré-
natal, no nascimento, no crescimento e desenvolvimento infantil, durante as
quais os processos de construção de vida humano, saudável se somam, pode-
se concluir que a atenção para promover saúde e prevenir doenças começa
muito cedo, de modo que sejam obtidos os melhores resultados sobre
crescimento e desenvolvimento da criança. Aconsulta de puericultura deve ser
realizada segundo calendário de saúde da criança e tem como principal
objetivo promover a saúde da criança por meio de seu acompanhamento e das
orientações as mães, alimentação, higiene e prevenção de acidentes, além de
estimula mais adequadamente o desenvolvimento infantil, vai atuar
identificando doenças e sinais de alarme para tratamento e encaminhamento
adequado das crianças para atenção apropriada.
As tarefas de cada consulta de puericultura incluem:

Detecção de doenças

Prevenção de doenças

Promoção da saúde

Orientação antecipatória

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→ LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES

Nutrição, atividade física, sono, segurança e crescimento emocional, social e


físico, juntamente com o bem-estar dos pais, são fundamentais para todas as
crianças. Para cada consulta de puericultura, há temas que são específicos
para crianças com base na sua idade, situação familiar e problema de saúde
crônico, ou são uma preocupação dos pais, por exemplo, ambiente de sono
para evitar a síndrome da morte súbita infantil, atividades para perder peso e
cercas em torno de piscinas. Aatenção também deve ser concentrada no meio
familiar, incluindo a triagem para depressão parental (especialmente depressão
pós-parto materna) e outras doenças mentais, violência familiar, uso abusivo
de substâncias psicoativas, inadequação nutricional ou a falta de habitação.
Essas questões são essenciais para o cuidado das crianças. Responder as
perguntas dos pais é a prioridade mais importante da consulta de puericultura.
A promoção de cuidados centrados na família e da parceria com os pais
aumenta a capacidade de suscitar preocupações nos pais, especialmente
sobre o desenvolvimento de seu filho, aprendizagem e comportamento.
Éimportante identificar as crianças com transtornos de desenvolvimento o mais
cedo possível. Avigilância do desenvolvimento em cada consulta combinada
com uma triagem de desenvolvimento estruturada, triagem neuromuscular e
triagem para autismo em algumas consultas é uma maneira de melhorar o
diagnóstico, especialmente para alguns dos atrasos mais sutis ou distúrbios do
espectro do autismo em que se acredita que a intervenção precoce esteja
associada a uma morbidade reduzida.

Puericultura: o que é e qual é a importância para a criança?


Um acompanhamento regular que objetiva a proteção e a promoção da saúde
das crianças, a puericultura viabiliza a identificação precoce de quaisquer

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distúrbios relativos ao desenvolvimento
Por ser voltada à detecção precoce de problemas, a puericultura se distingue
tanto do diagnóstico quanto do tratamento clínico. Afinal, por meio dela, um
indivíduo é acompanhado de 0 a 19 anos de modo integral. Assim, a partir da
observância do histórico de crescimento, torna-se viável reconhecer atrasos
ou falhas em aspectos específicos.
Isso permite que ocorra uma intervenção logo que as alterações são
identificadas. Em geral, é possível dizer que a puericultura desempenha um
papel essencial no apoio à amamentação, no suporte vacinal, na introdução
alimentar e no monitoramento dos elementos de risco que surgem ao longo da
vida do paciente.
Puericultura consiste em um acompanhamento periódico visando a promoção
e proteção da saúde das crianças e adolescentes, por meio dela acompanha-
se integralmente o ser humano de 0 a 19 anos, sendo possível identificar
precocemente qualquer distúrbio de crescimento, desenvolvimento físico e
mental, nutricional, dentre outros, compreendendo a criança e o adolescente
como um ser em desenvolvimento com suas particularidades.

A periodicidade de acompanhamento dependerá da estratificação de risco da


criança, sendo que o calendário mínimo consiste em receber uma visita
domiciliar de uma Agente Comunitária de Saúde (ACS) até o 5º dia de vida,
para verificar os sinais de alerta relacionados ao recém-nascido e a puérpera,
bem como a realização da triagem neonatal e a situação do aleitamento
materno. Além disso, a recomendação é de que as consultas sejam mensais
até o 6º mês de vida, trimestral do 6º ao 12º mês de vida, semestral do 12º ao
24º mês de vida e anualmente do 3º ao 19º ano de vida.

Cuidar de uma criança é uma missão desafiadora, que demanda atenção plena
e grande dedicação. Para que a tarefa não seja “solitária”, essa especialidade
médica dentro da pediatria realiza uma espécie de avaliação 360º. Ou seja, de
todo o processo, abrangendo alguns aspectos, como:

a saúde oral;

o rendimento escolar;

a audição;

a visão;

o desenvolvimento intelectual;

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a cobertura vacinal;

o histórico alimentar;

o estado nutricional;

o desenvolvimento neuropsicomotor.

São considerados também a relação e o histórico familiar da criança. Logo,


pode-se dizer que a puericultura vai além do exame clínico, baseando-se na
escuta, inclusive.

Como a puericultura funciona para os recém-


nascidos?
É importante destacar que a especialidade deve fazer parte tanto da vida dos
pais quanto da vida do bebê. O ideal é recorrer à puericultura já por volta do
terceiro trimestre de gestação com o objetivo de cuidar da saúde materna.
Assim, trata-se também a saúde da criança em desenvolvimento.

Já após o nascimento, é altamente recomendável que a consulta ocorra ainda


nos primeiros dias de vida. Ou seja, de sete a dez dias.

A frequência
Quanto à frequência, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que as
consultas de puericultura ocorram com a seguinte regularidade:

de zero a seis meses — mensalmente;

de seis meses a 12 meses — bimestralmente;

de 12 meses a 18 meses — trimestralmente;

de um ano e seis meses a cinco anos — semestralmente;

de cinco anos a 18 anos — anualmente.

Assim, o profissional da área da saúde tem a oportunidade de analisar o quadro


de desenvolvimento infantil. Além disso, a frequência indicada permite a
verificação do cartão vacinal em períodos oportunos.

No caso de crianças e adolescentes, qual é a


relevância da puericultura?

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É fundamental que o acompanhamento da evolução infantil se estenda até o
fim do período da adolescência, mas a frequência recomendada não é tão
grande quanto nos meses iniciais de vida. Durante o período, são observadas
algumas questões, como:

higiene geral;

nutrição apropriada;

inadaptações e adaptações na fase escolar;

imunização;

prevenção da obesidade;

acompanhamento de questões emocionais e psicoafetivas, além de outros


pontos importantes.

O vasto número de fatores que estão relacionados ao desenvolvimento de um


indivíduo torna a puericultura uma prática que requer um time multidisciplinar
de profissionais. Ou seja, uma equipe que, por exemplo, seja composta por
enfermeiros, médicos, psicólogos, educadores etc.

Nesse contexto, a conscientização das famílias é um dos aspectos de maior


peso. Ao longo de todas as etapas do crescimento, é imperativo que os
profissionais da área da saúde orientem os responsáveis acerca da importância
de acompanhar de perto todo o histórico de saúde dos filhos. A finalidade é a
adoção de práticas de cunho preventivo que possam garantir um futuro mais
saudável.

2. Explanar as causas e consequências da desnutrição infantil.

Ao contrário do que muitos pensam, a desnutrição infantil não é caracterizada


apenas pela extrema magreza. O que mais simboliza o estado é a deficiência
de nutrientes no organismo.

Além de crianças que não possuem acesso a alimentos e nutrientes, aquelas


com péssimos hábitos alimentares, como fast-food, refrigerantes e doces,
também estão expostas a desnutrição infantil. Isso, simplesmente, por não
consumirem alimentos ricos em vitaminas e minerais.
Geralmente, essas crianças não conseguem permanecer no peso adequado e
podem até apresentar algum grau de obesidade. Isso evidencia que a
alimentação de má qualidade é o principal motivo da desnutrição infantil,
mesmo nos países desenvolvidos.

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Desnutrição não é falta de alimentação. É a falta de alimentação saudável!
A desnutrição infantil acontece quando há deficiência de nutrientes no
organismo da criança, o que pode acontecer devido à alimentação incorreta,
privação de alimentos ou alterações no trato gastrointestinal, como doença de
Crohn e colite ulcerativa, por exemplo, em que a absorção dos nutrientes pode
ser prejudicada.

Assim, como consequência da deficiência de vitaminas e minerais


fundamentais para o bom funcionamento do corpo, é possível notar o
aparecimento de sintomas como cansaço excessivo, pele mais ressecada,
ocorrência de infecções com maior frequência e atraso no crescimento e
desenvolvimento da criança.
É importante que assim que forem notados sinais e sintomas que sejam
sugestivos de desnutrição, o pediatra seja consultado, pois assim é possível
que seja feita a avaliação do peso da criança em relação à sua idade e altura,
fazer o diagnóstico da desnutrição e encaminhar a criança para um
nutricionista para que possam ser identificadas as necessidades nutricionais e
seja estabelecido um plano alimentar adequado para a criança.

Principais causas
As principais causas de desnutrição infantil são:

Desmame precoce;

Alimentação pobre nutricionalmente;

Infecções intestinais frequentes que têm como sintomas diarreia e vômitos;

Alterações no sistema gastrointestinal, como doença de Crohn, colite


ulcerativa e doença celíaca;

Transtornos alimentares, como anorexia e bulimia.

Além disso, condições socioeconômicas, baixo nível de escolaridade,


condições inadequadas de saneamento básico e a fraca ligação entre mãe e
filho também podem ter como consequência a desnutrição.

Sintomas de desnutrição infantil


Principais sintomas da desnutrição

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A desnutrição infantil é, erroneamente, associada à magreza. Porém, é uma
situação causada pela falta de vitaminas e minerais essenciais para o bom
funcionamento do corpo. É possível que crianças estejam acima do peso para
sua idade e, ainda assim, sofram de desnutrição. Uma alimentação pode ser
rica em açúcar e gorduras e pobre nos alimentos essenciais, aqueles que
realmente fornecem os nutrientes fundamentais para o organismo.

Os principais sinais e sintomas de desnutrição infantil são:

Cansaço excessivo;

Pele mais ressecada e pálida;

Atraso no desenvolvimento da criança;

Maior facilidade para ter infecções, já que o sistema imune é mais fraco;

Irritabilidade;

Cicatrização mais demorada;

Queda de cabelo;

Falta de força;

Diminuição da massa muscular;

Falta de ar e de energia, principalmente se também houver anemia.

Além disso, em alguns casos, principalmente quando a desnutrição é muito


grave, pode haver também comprometimento na função de alguns órgãos,
como fígado, pulmão e coração, o que pode colocar em risco a vida da
criança.

É importante que o pediatra seja consultado assim que forem identificados


sinais e sintomas que sejam indicativos de desnutrição, pois dessa forma é
possível que sejam feitos exames que ajudam a confirmar o diagnóstico e seja
iniciado o tratamento mais adequado de forma a evitar possíveis complicações
da desnutrição como alterações no crescimento, falência de órgãos e
alterações no sistema nervoso.

Tipos de desnutrição
A desnutrição pode ser classificada de acordo com o nutriente que está em
falta na alimentação.

Kwashiorkor: Carência de proteínas.

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Marasmo: Carência de calorias.

Kwashiorkor-marasmático: Forma mista, existe falta de fontes energéticas


e proteínas.

A desnutrição proteico-energética (também conhecida como má nutrição


proteico-energética) é uma deficiência grave de proteínas e calorias que surge
quando a pessoa não consome proteínas e calorias suficientes durante um
longo período.
Nos países com altos índices de insegurança alimentar, a desnutrição
energética-proteica geralmente ocorre em crianças. Isso contribui para a morte
de mais da metade do total de mortes de crianças (por exemplo, aumentando o
risco de desenvolver infecções com ameaça à vida e, se surgirem infecções,
aumentando a gravidade). Porém, esse distúrbio pode afetar qualquer pessoa,
não importa a sua idade, se a ingestão de alimentos for inadequada.

Marasmo
O marasmo é uma deficiência grave de calorias e proteínas. A deficiência tende
a surgir em lactentes e crianças pequenas. Geralmente, ela causa perda de
peso, perda de músculo e gordura e desidratação. A amamentação geralmente
protege contra o marasmo.

Kwashiorkor
Kwashiorkor é uma deficiência grave mais de proteínas do que de calorias.
Kwashiorkor é menos comum que marasmo. O termo deriva de uma palavra
africana que significa “primeiro filho-segundo filho”, já que um primogênito
muitas vezes desenvolve Kwashiorkor quando nasce o segundo filho e o afasta
do aleitamento materno. Visto que as crianças desenvolvem Kwashiorkor
depois de terem sido desmamadas, normalmente, são mais velhas do que as
que apresentam marasmo.
O Kwashiorkor tende a ocorrer em determinadas regiões do mundo, onde os
alimentos e as refeições nativas destinadas aos bebês desmamados são
deficientes em proteínas, ainda que suficientes em calorias e carboidrato.
Exemplos de tais alimentos são o inhame, a tapioca, o arroz, as batatas e a
banana verde. No entanto, qualquer pessoa pode desenvolver Kwashiorkor, se
a sua alimentação for essencialmente composta por carboidratos. As pessoas
com Kwashiorkor retêm líquidos, conferindo-lhes um aspecto inchado. Se o
Kwashiorkor for grave, o abdômen poderá ficar distendido.

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Causas da desnutrição
As causas da desnutrição podem apresentar caráter primário ou secundário:

Causas primárias: Alimentação inadequada. A pessoa tem uma


alimentação quantitativa ou qualitativamente insuficiente em calorias e
nutrientes.

Causas secundárias: Alguma condição faz com a ingestão de alimentos


não seja suficiente para atender as necessidades energéticas do
organismo. Ocorre associada a presença de verminoses, câncer, anorexia,
infecções, intolerância alimentar, digestão e absorção deficiente de
nutrientes.

Como é feito o diagnóstico


O diagnóstico da desnutrição infantil é feito pelo pediatra a partir da avaliação
dos sinais e sintomas apresentados pela criança. Além disso, é feito exame
físico na criança, em que é feita a avaliação da circunferência abdominal e do
perímetro cefálico, peso e altura da criança, sendo verificado como está a
curva de crescimento da criança.

Pode ser também feita uma avaliação do histórico nutricional e exames de


sangue e de urina.
É importante ter em mente que apesar da desnutrição ser normalmente
associada à magreza, é possível que crianças que estejam acima do peso para
sua idade, sejam também desnutridas, já que é uma situação causada pela
falta de vitaminas e minerais.

Como é o tratamento
O tratamento para desnutrição infantil deve ser orientado pelo pediatra e pelo
nutricionista e tem com objetivo combater os sintomas da desnutrição,
fornecer os nutrientes necessários para o crescimento saudável da criança e
promover a sua qualidade de vida.

Assim, de acordo com o nível de desnutrição e com os nutrientes que estão em


falta, pode ser recomendada a realização de mudança nos hábitos alimentares
e inclusão progressiva de alguns alimentos. Além disso, no caso das crianças
que não conseguem ter uma alimentação mais sólida, pode ser indicado o
consumo de alimentos mais pastosos ou líquidos, bem como suplementos,
para garantir a necessidade nutricional.

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Nos casos de desnutrição grave, pode ser necessário que a criança fique
internada no hospital para que a alimentação possa ser feita por meio de sonda
e sejam prevenidas complicações.

—> O QUE é desnutrição infantil?

A desnutrição infantil é uma condição clínica decorrente de uma deficiência ou


excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais, segundo
definição do Ministério da Saúde. Ela pode ser causada por ingestão
insuficiente de alimentos ou por má alimentação, ou seja, consumir produtos
não saudáveis.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a desnutrição é uma
desordem tanto de natureza médica como social: os problemas médicos da
criança resultam, em parte, dos problemas sociais do domicílio em que ela
vive. Eles podem vir de dificuldades financeiras, dificuldade de acesso a
alimentos saudáveis, falta de atenção e cuidado por parte de pais ou
responsáveis, desconhecimento sobre alimentação saudável, entre outros
cenários.
O desmame precoce, a higienização inadequada de alimentos e a incidência
repetida de infecções intestinais causadas pela falta de saneamento básico
também têm grande influência na ocorrência de desnutrição infantil.
O principal sintoma da desnutrição é a dificuldade para ganhar peso. Quando
o peso não aumenta ou regride na curva de crescimento, a criança pode estar
desnutrida. Esse sintoma pode ser acompanhado por falta de força e energia,
além de dificuldade de concentração e crescimento atrofiado. Em casos
graves, podem ocorrer inchaços no estômago, face e pernas, além da
mudança na pigmentação da pele.
A fase de maior atenção é a que vai até os 2 anos. Bebês desnutridos têm o
sistema imunológico enfraquecido e são menos resistentes às doenças
comuns da infância. Resfriados e diarreias, por exemplo, podem ser fatais.
13,78% era a porcentagem de crianças brasileiras de até 5 anos atendidas nos
serviços da atenção primária no SUS (Sistema Único de Saúde) com peso
inadequado entre janeiro e setembro de 2021
Das cerca de três milhões de crianças brasileiras de até cinco anos com peso
inadequado atendidas nos serviços da atenção primária no SUS (Sistema Único
de Saúde) entre janeiro e setembro de 2021, 310.169 estavam acima do peso,
88.220 tinham peso baixo e 48.169 peso muito baixo.

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Para entender a desnutrição, é preciso lidar com o conceito de insegurança
alimentar, criado em 1996 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura), entidade que lida com disponibilidade,
estabilidade, acesso e utilização de alimentos. O IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) mede a insegurança alimentar em uma escala de três
níveis:
→ GLOSSÁRIO
INSEGURANÇA LEVE

Quando há preocupação com acesso aos alimentos no futuro e são adotadas


estratégias para manter uma quantidade mínima disponível.
INSEGURANÇA MODERADA

Quando já há uma quantidade restrita de alimentos e o consumo fica abaixo do


esperado. O alimento na mesa, portanto, fica mais restrito.
INSEGURANÇA GRAVE

Quando há uma privação severa de alimentos, podendo chegar à fome, com


acesso a calorias insuficientes para suprir necessidades energéticas.
O caminho da desnutrição

A desnutrição pode se apresentar em todos os níveis de insegurança alimentar,


mas tem maior incidência nas fases moderada ou grave. Quanto mais
avançado o nível de insegurança alimentar, maior o risco de desnutrição.

A doença pode ocorrer em crianças que consomem uma quantidade escassa


de alimentos, provocando atraso no crescimento e magreza, por exemplo, ou
em crianças cuja dieta é rica em carboidratos, levando à menor resistência do
corpo a infecções pela falta de nutrientes. A desnutrição ainda pode ser
classificada em função da relação entre peso e altura.

→GLOSSÁRIO
DESNUTRIÇÃO CRÔNICA
Quando as crianças param de crescer e se tornam atrofiadas, o que faz com
que tenham baixa estatura para sua idade.
DESNUTRIÇÃO AGUDA

Quando a criança apresenta baixo peso em relação à altura. Se esse for inferior
a 30% do normal, as funções corporais são alteradas e há elevado risco de
morte.

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A questão do sobrepeso

A desnutrição é na maioria das vezes associada à magreza. Mas é possível que


crianças que estejam acima do peso para sua idade sejam também
desnutridas, uma vez que a alimentação pode ser rica em açúcar e gorduras e
pobre nos alimentos que fornecem os nutrientes fundamentais para o
organismo. Essa desnutrição por excesso de alimentos inadequados é o que se
chama de “fome oculta”.
A “fome oculta” pode afetar indivíduos e famílias que foram obrigadas a mudar
a alimentação por falta de dinheiro, mas também aqueles que teriam condições
financeiras de se alimentar bem e acabam comendo mal por outras razões.
Diagnosticá-la pode ser mais difícil, pois não há manifestação dos sinais
clássicos da desnutrição.

COMO a desnutrição infantil afeta os sobreviventes

A desnutrição infantil leva a uma série de alterações no funcionamento do


organismo, conforme seu grau de intensidade. Algumas das alterações são:

perda muscular com consequente debilidade física; deficiência imunológica;


desaceleração, interrupção ou involução do crescimento; alterações psíquicas
e psicológicas
A desnutrição está associada à maior recorrência de doenças infecciosas,
prejuízos no desenvolvimento psicomotor, menor aproveitamento escolar e
menor capacidade produtiva na vida adulta. Adultos que foram desnutridos
quando crianças apresentam mais riscos de desenvolverem doenças
cardiovasculares, diabetes e obesidade.
Durante a primeira infância (período que vai dos 0 aos 6 anos), acontecem
90% das conexões cerebrais. É o chamado período único de
neuroplasticidade: novas conexões e neurônios são formados como nunca,
circuitos neuronais se expandem e ocorre a estruturação dos mecanismos
biológicos que darão suporte às funções sociais, cognitivas e emocionais da
criança.
A desnutrição infantil pode facilitar o desenvolvimento de doenças ou
distúrbios neuropsíquicos na idade adulta, como epilepsia, esquizofrenia e
depressão. Estudos sugerem que crianças desnutridas podem estar mais
vulneráveis a crises convulsivas do que as bem nutridas.
O problema atrapalha o desenvolvimento de habilidades como atenção,
memória, leitura e aprendizagem de linguagem como um todo. A criança que

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tem dificuldade de aprendizagem tem maiores chances de ir mal na escola ou
de abandonar os estudos, o que afeta suas perspectivas profissionais no
futuro.
A “fome oculta” afeta a saúde e vitalidade e pode ter consequências sérias
como carência de iodo, vitamina D, vitamina A e anemia por deficiência de
ferro. A carência de ferro pode comprometer o desenvolvimento intelectual e
psicomotor da criança. Já a falta de vitamina D pode afetar a visão, podendo
até causar cegueira total, e debilita o sistema imunológico. O iodo pode evitar
vários problemas de saúde, como retardo do crescimento e comprometimento
do desenvolvimento cerebral.
A importância da amamentação
A saúde do embrião durante o primeiro trimestre gestacional depende da
condição nutricional da mãe antes da fecundação. No segundo e terceiro
trimestres, depende da situação da mãe (ganho de peso, ingestão de caloria e
nutrientes, fator emocional, estilo de vida).
Quando uma mãe está mal nutrida durante a gestação, isso repercute na saúde
dela, na saúde do feto que está se desenvolvendo e, possivelmente, na saúde
até de seu neto. Ou seja, os problemas decorrentes da mal nutrição podem se
refletir por até três gerações.

“A mãe mal nutrida tem uma alteração da sua composição corporal, o que faz
com que se altere as respostas embrionárias, provocando modificações
epigenéticas e mudanças na expressão gênica dessa mãe e do feto. Isso pode
provocar desnutrição, neurodesenvolvimento prejudicado, obesidade, doenças
cardiovasculares, doenças crônicas e agudas como um todo. Se eu tenho uma
mãe mal nutrida, eu tenho uma criança com predisposição para doenças
crônicas não transmissíveis”, afirma a nutricionista materno-infantil Marina
Bonelli.
Uma grávida desnutrida com baixo peso pode ter alterações na placenta,
comprometendo o fluxo sanguíneo e o metabolismo de nutrientes. Isso pode
levar o bebê a se tornar um adulto com maiores riscos de hipertensão, com
resistência insulínica, aumento da adiposidade e diminuição das células beta
com predisposição a diabetes.
No caso de uma grávida desnutrida com sobrepeso, as alterações na placenta
podem gerar um feto mais estressado e grande demais para a idade
gestacional. Na fase adulta, ele poderá ter problemas como predisposição a
doenças cardíacas, derrames e diabetes, além da obesidade.

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QUEM mais sofre com desnutrição infantil?

Em 2019, um levantamento do Enani (Estudo Nacional de Alimentação e


Nutrição Infantil) apontou que a insegurança alimentar no Brasil,
independentemente do grau, era maior entre crianças pretas do que em
crianças brancas.

Além disso, o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da


Pandemia da Covid-19, realizado em 2020 pela Rede Nacional de
Pesquisadores em Soberania e Segurança Alimentar no Brasil, mostra que
66,1% das famílias em insegurança alimentar eram chefiadas por uma pessoa
negra.
A nutricionista Fernanda Bairros, coordenadora do Harambee (Grupo de
Estudos e Pesquisas em Saúde da População Negra) e integrante do grupo de
trabalho sobre Racismo e Saúde da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde
Coletiva), afirma que as desigualdades sociais e o racismo são determinantes
para que crianças negras tenham menos acesso a bens, serviços e
oportunidades e, consequentemente, acesso à alimentação em quantidade e
qualidade necessária.

3. Estudar os métodos para calcular idade gestacional.

CAPURRO

A avaliação precisa da idade gestacional (IG) é fundamental para a obstetrícia e


para a neonatologia. Com a observação de sinais físicos e características
neurológicas do recém-nascido é possível estimar a IG, pois muitos deles
variam de acordo com a idade fetal. O somatório desses elementos é capaz de
estimar a IG, tendo uma margem de erro de duas semanas. O método de
Capurro consiste em uma das técnicas utilizadas para essa finalidade.

→ Como funciona o método de Capurro?


Realizado após o nascimento da criança, o método ou escore de Capurro avalia
o desenvolvimento de cinco fatores para determinar aidade gestacional do
recém-nascido, são eles: textura da pele, pregas plantares, glândulas
mamárias, formação do mamilo e formação da orelha. Cada um dos itens
possui um nível de desenvolvimento de acordo com a IG.

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→ Como calcular o escore de Capurro?
Para determinar a GI com base neste método somático, é necessário avaliar
cada um dos itens com cuidado, assinalando a pontuação correspondente a
eles. Apontuação (P) somada dos fatores deve ser acrescida de 204. O
resultado desse cálculo será dividido por 7, obtendo assim o número de
semanas da idade gestacional.

IG = ( P + 2 0 4 ) / 7

→ Quando utilizar esse método?


O escore de Capurro é utilizado para determinar a GI quando as mães
desconhecem a data da última menstruação (DUM) e não realizaram a
ultrassonografia gestacional precoce (até 41 semanas). Os métodos citados
acima (DUM e USG transvaginal precoce) possuem uma precisão maior, sendo
preferíveis para essa análise.

NEW BALLARD
Fundamental para as áreas médicas de obstetrícia e neonatologia, o New
Balard Score (NBS) é um dos métodos utilizados para determinar a idade
gestacional (IG) de um recém-nascido. Essa estimativa baseia-se na análise de
determinadas características físicas e neurológicas do neonato, com possível
margem de erro de duas semanas.

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SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 17
→ Como funciona o New Ballard?
Para obter um resultado com maior precisão, o exame físico do bebê deve ser
realizado entre 21 e 20 horas após o nascimento. Para determinar a idade
gestacional, o New Balard avalia seis parâmetros neurológicos e seis físicos.
Oprofissional responsável pelo exame atribui uma nota para cada indicador,
conforme a tabela de parâmetros, cuja somatória determina a GI do recém-
nascido.

→Como calcular a IG com o New Ballard?


Nesse método, o resultado é obtido com a soma simples da pontuação
correspondente a todos os parâmetros avaliados. Na tabela abaixo, nós
correlacionamos aidade gestacional (semanas edias) àsomatória encontrada.

→Quando utilizar esse método?


Ele é imprescindível quando não é possível determinar a data da última
menstruação da mãe e o exame de ultrassonografia não foi realizado no início
da gestação. Nestas condições, o New Ballard Score é preferível aos demais
métodos de cálculo da GI existentes, pois é mais rápido que o DUBOWITZ e
consegue avaliar um número maior de parâmetros que o método de Capurro.

O exame físico do neonato é a ferramenta usada para a estimativa da Idade


Gestacional. Para tal, se pode utilizar 2 métodos:

• Capurro somático: aplicado preferencialmente em recém-nascidos com mais


de 34 semanas de Idade Gestacional. Avalia o desenvolvimento de 5 fatores:
textura da pele, pregas plantares, glândulas mamárias, formação dos mamilos
e formato das orelhas. A partir da somatória de uma pontuação fornecida para
cada um desses itens, se acrescenta um valor (204) e se
divide por outro (7), para se obter o número se semanas gestacionais
correspondente ao desenvolvimento do neonato.

• Novo Ballard ("New Ballard): é o método mais utilizado e o mais detalhado.


Além dos 6 fatores físicos, como: pele, lanugo, superfície plantar, glândulas
mamárias, olhos/orelhas, aparelhos genitais; também avalia o exame
neurológico do neonato, por meio de 6 parâmetros: postura, ângulo de flexão
do punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal do "xale", calcanhar-orelha.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 18
Para cada um dos parâmetros, se atribui uma pontuação que na somatória
determinará a estimativa da idade gestacional. Permite a avaliação do recém-
nascido a partir de 20 semanas e pode ser realizado até 96 horas de vida.
Neste método, se deve ter atenção aos quadros de asfixia do RN, os quais
podem mascarar a análise pelo Ballard.

A) Cálculo da Idade Gestacional (IG)


O cálculo da IG deve ser realizado em todas as consultas, baseado na data da
última menstruação (DUM), isto é, o primeiro dia em que ocorreu o último
período menstrual da mulher. A DUM será informada no primeiro atendimento
pré-natal.
Para facilitar sua compreensão, segue abaixo o passo a passo:

Quando a DUM é conhecida e certa: com auxílio do calendário, somamos o


número de dias transcorridos entre a DUM e a data da consulta, dividindo o
total por sete (resultado em semanas). O que sobrar de resto nesta divisão
corresponderá ao número de dias.

Exemplo: DUM: 15/04/2020 e data da consulta: 22/06/2020


Somando os dias transcorridos neste intervalo (15 do mês Abril, 31 do mês
Maio e 22 do mês Junho), resultaremos em: 68; dividindo 68 por 7 (número de
dias da semana), teremos como quociente 9 (correspondendo às semanas) e
resto 5 (correspondendo aos dias). Logo, a IG é de 9 semanas e 5 dias.

Quando a mulher não lembrar ou não tiver certeza da DUM: questione se a


menstruação dela costumava vir no início, na metade ou no final do mês e
dependendo da resposta, você considerará para o cálculo o dia 5, 15 ou 30,
respectivamente! E aguardará o resultado da primeira ultrassonografia
obstétrica para confirmar a data!

B) Cálculo da Data Provável do Parto (DPP)


Para o cálculo da DPP levamos em consideração a duração média da gestação
normal (280 dias ou 40 semanas, também baseado na DUM), aplicando a
Regra de Näegele, da seguinte forma:

Somamos sete aos dias da DUM;

Subtraimos três ao mês em que ocorreu a DUM, se ocorreu entre abril e


dezembro; ou

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 19
Adicionamos nove se corresponder aos meses de janeiro a março.

Utilizando o exemplo anterior, DUM: 15/04/2020, teremos:


Número de dias: 15 + 7: 22

Número de meses: 04 – 03: 01 (Janeiro)


Logo, a DPP será 22/01/2021!
E atenção no que eu vou lhe dizer agora: se o número de dias encontrado for
maior que o número de dias do mês, passe os dias excedentes para o mês
seguinte, adicionando 1 (um) ao final do cálculo do mês. Veja outro exemplo:
DUM: 27/01/2020

Número de dias: 27+7: 34


Número de meses: 01 +09: 10 (0utubro)
Observe que “sobraram” dias no cálculo acima (não existe mês com 34 dias,
correto?). Esses dias serão transferidos para o mês de novembro (mês
subsequente a outubro). Considerando que outubro tem 31 dias, fazemos a
subtração a seguir: 34-31: 03. Logo, a DPP será 03/11/2020.

4. Compreender a importância da caderneta da criança (curva de crescimento


e desenvolvimento).

A caderneta da criança, também conhecida como cartão de saúde ou cartão


de vacinação, desempenha um papel crucial no acompanhamento do
crescimento e desenvolvimento infantil. Aqui está a importância da caderneta
da criança, especialmente em relação à curva de crescimento e
desenvolvimento:

1. Monitoramento do Crescimento: A caderneta da criança fornece um


registro contínuo do crescimento físico da criança ao longo do tempo. Isso
é essencial para detectar qualquer desvio do crescimento esperado e
identificar possíveis problemas de saúde, como desnutrição, deficiências
de crescimento ou obesidade.

2. Avaliação do Desenvolvimento: Além do crescimento físico, a caderneta


da criança também permite o acompanhamento do desenvolvimento
psicomotor, cognitivo e social da criança. Isso inclui marcos importantes de
desenvolvimento, como a capacidade de se sentar, engatinhar, andar, falar
e interagir socialmente.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 20
3. Detecção Precoce de Anormalidades: O uso da curva de crescimento na
caderneta da criança permite que os profissionais de saúde identifiquem
precocemente possíveis problemas de crescimento ou desenvolvimento.
Isso possibilita intervenções precoces e adequadas para corrigir ou tratar
essas condições antes que se tornem mais graves.

4. Orientação aos Pais: A caderneta da criança é uma ferramenta importante


para educar os pais sobre o crescimento e desenvolvimento de seus filhos.
Ao acompanhar regularmente os registros de crescimento e
desenvolvimento na caderneta, os pais podem entender melhor o
progresso de seus filhos e estar cientes de qualquer preocupação que
surja.

5. Tomada de Decisão Clínica: Para profissionais de saúde, a caderneta da


criança fornece informações valiosas para orientar a tomada de decisões
clínicas. Com base nos dados de crescimento e desenvolvimento
registrados na caderneta, os médicos podem fazer avaliações mais
precisas da saúde da criança e recomendar intervenções apropriadas,
como encaminhamento para especialistas ou testes adicionais.

6. Acompanhamento do Impacto de Intervenções: Se uma criança está


recebendo tratamento para uma condição de saúde específica, como
desnutrição ou deficiência de crescimento, a caderneta da criança pode
ser usada para monitorar o impacto das intervenções ao longo do tempo.
Isso ajuda a avaliar a eficácia do tratamento e fazer ajustes conforme
necessário.

Em resumo, a caderneta da criança, com sua curva de crescimento e


desenvolvimento, desempenha um papel essencial na promoção da saúde
infantil, na detecção precoce de problemas de saúde e no apoio aos pais e
profissionais de saúde no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
das crianças.

O processo de crescimento é complexo e multifatorial. Engloba a composição


genética da criança, fatores hormonais, nutricionais e psicossociais. Quando
há variação do padrão normal do ganho de peso, isso pode ser a primeira
manifestação de enfermidade e/ou alterações nutricionais.

As curvas de crescimento são um guia usado por #nutricionistas e demais


profissionais de saúde para monitorar o ganho de peso e de estatura de
crianças. Elas ajudam na determinação do #DiagnósticoNutricional e
#DiagnósticoAntropométrico, bem como a nortear as condutas adequadas na

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 21
orientação nutricional.
Os nutricionistas e pediatras se baseavam nas curvas de crescimento
elaboradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Porém, ainda existem duas outras curvas: uma do ano 2000 e publicada pelo
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), e a primeira delas, do ano
de 1977, do National Center for Health Statistics (NCHS).
A OMS resolveu lançar, em 2006 e 2007, novas curvas para avaliar o
crescimento de crianças e adolescentes devido a divergências das outras duas
curvas, como: procedência do banco de dados, idade das crianças avaliadas,
tipo de alimentação, entre outros fatores, apontados por diversos estudos.
Assim, hoje temos disponíveis as curvas de crescimento que contêm medidas
antropométricas de peso, comprimento (estatura medida com a criança
deitada, que pode ser tomada e crianças até 2 anos de idade) e estatura.
Partindo dessas três medidas foram criados os seguintes indicadores, para
meninos e meninas:
→ Peso/ Idade
→ Peso/ Estatura
→ Estatura/ Idade
→IMC/ Idade
Para avaliar o estado nutricional de uma criança a partir das curvas de
crescimento, podem ser utilizados dois parâmetros: percentil e score-z. Os
pontos de corte definidos por percentil e score-z servem para investigar
situações de normalidade e de risco nutricional (peso e estatura inadequados
para sexo e idade). Para utilizá-los é preciso saber o objetivo da avaliação, para
que ocorram erros no diagnóstico nutricional.
No momento da avaliação antropométrica da criança, assume-se que suas
medidas antropométricas devem seguir uma distribuição normal, ou seja, de
uma população com o crescimento saudável.
As medidas de percentil tendem a ser mais sensíveis, ou seja, mais
abrangentes. Em outras palavras, crianças classificadas como risco nutricional
a partir do percentil podem estar apenas próximas de uma situação de risco,
mas não necessariamente em risco nutricional.
As medidas de score-z, também chamado de escore-z, são mais específicas,
ou seja, elas detectam com mais precisão os casos mais graves de risco
nutricional. Em outras palavras, crianças classificadas como risco nutricional a
partir do score-z certamente estão com déficit de peso e/ou estatura. Porém,
se a criança estiver classificada como próxima da classificação de risco, pode
ser que ela já esteja fora dos padrões de normalidade.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 22
A avaliação deve ser um processo contínuo de acompanhamento das
atividades relativas ao potencial de cada criança, com vistas à detecção
precoce de desvios ou atrasos. Essa verificação pode ser realizada de forma
sistematizada por meio de testes.
A Caderneta de Saúde da Criança fornecida pelo Ministério da Saúde dispõe
do instrumento de vigilância para o acompanhamento dos marcos do
desenvolvimento de zero a 3 anos de vida. Além disso, com base na presença
ou ausência de alguns fatores de risco e de alterações fenotípicas, a caderneta
orienta para tomadas de decisão. É fundamental o conhecimento do contexto
familiar e social (se gestação planejada ou não, fantasias da mãe durante a
gestação, quem é o cuidador, como é a rotina e quais mudanças nas relações
familiares ocorreram após o seu nascimento), dos fatores de risco para
distúrbios do desenvolvimento, da opinião da mãe em relação ao
desenvolvimento do filho e observar durante todo o atendimento o
comportamento da família e da criança (quem traz, como é carregada, sua
postura, seu interesse pelo ambiente e interação com as pessoas e o vínculo
com a mãe). Na primeira etapa de vida, a avaliação deve ser feita mês a mês,
seguindo as instruções de como pesquisar o marco do desenvolvimento por
faixa etária. Caso aconteça falha em alcançar algum marco, deve-se antecipar
a consulta seguinte, e iniciar uma investigação quanto ao ambiente em que a
criança vive e a sua relação com os familiares. O objetivo inicial é orientar a
família a estimular a criança, com foco em atividades que a ajudem a superar
as dificuldades observadas. A persistência de atrasos do desenvolvimento por
mais de duas consultas, indica a necessidade de encaminhar a criança para
um serviço de maior complexidade e estimulação precoce neuropsicomotora,
essenciais ao prognóstico favorável.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 23
→ CRESCIMENTO
O crescimento da criança é o melhor indicador de saúde em qualquer fase da
vida. Por isso, pais devem estar constantemente atentos à altura e peso dos
filhos desde seu nascimento até o período final do crescimento, conhecido

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 24
como puberdade. Para ajudar os pais e médicos nessa percepção existe a
curva de crescimento infantil.
Os valores deste conjunto de gráficos e tabelas são cuidadosamente
elaborados por meio de dados coletados de amostras de crianças e
adolescentes saudáveis, com o objetivo de auxiliar na identificação de
possíveis distúrbios de crescimento.
→ O que é curva de crescimento?
A curva de crescimento infantil é um padrão internacional que foi desenvolvido
pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como forma de acompanhar o
estado nutricional das crianças. As curvas deste sistema são obtidas por meio
do cálculo entre a idade da criança e as variáveis, como peso, altura e
perímetro da cabeça.
Com a padronização dos parâmetros é possível avaliar a curva de crescimento
infantil em qualquer país, independente da etnia, condição socioeconômica e
alimentação. A única variável deste padrão é o sexo da criança.

Meninos e meninas apresentam padrões diferentes de crescimento, com


curvas distintas. O objetivo é que problemas como sobrepeso, obesidade,
desnutrição e outras condições que estão associadas ao crescimento e
nutrição da criança possam ser identificados e tratados de forma precoce.
→ Como a curva de crescimento infantil foi estabelecida?
Para que a curva de crescimento infantil fosse estabelecida, a OMS
acompanhou crianças entre 0 e 5 anos em diferentes grupos étnicos, cidades,
estados, países e continentes diferentes, comparando as medidas de cada
indivíduo com seus pares. Ou seja, com crianças da mesma idade e mesmo
sexo.
Com os resultados obtidos foi possível estabelecer intervalos de tamanho e
peso que fossem adequados para cada idade e, consequentemente, seus
percentis. Após o mapeamento, algumas réguas intermediárias foram
estabelecidas (cinco no total) possibilitando a avaliação e acompanhamento do
desenvolvimento da criança. Contudo, é preciso ressaltar que cada criança
tem sua própria curva de crescimento infantil.
→ Quais as principais medidas avaliadas pela curva?
Para a avaliação da curva de crescimento infantil as principais medidas
avaliadas são o comprimento, peso e perímetro da cabeça da criança, sendo o
último a medida acompanhada com maior rigor durante o primeiro ano da

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 25
criança. Isso porque, essa medida permite a detecção precoce de inúmeras
doenças neurológicas que interferem no crescimento craniano.
Para entender os percentis e como funciona a curva de crescimento infantil,
podemos seguir o exemplo: em um grupo com 100 meninos saudáveis de 6
meses vivendo em distintos locais do mundo, a OMS mapeou o mais leve e o
mais pesado deles, colocando esse peso em um gráfico.
A partir desses dados, foram estabelecidas réguas intermediárias, chamadas
de percentis. São elas 3, 15, 50 (média), 85 e 97. Portanto, se um bebê está no
percentil 85 em relação a seu peso e altura, significa que ele é maior e mais
pesado que 85% dos bebês de sua idade. O importante na curva de
crescimento infantil é que a criança mantenha a linha sempre ascendente no
crescimento, seja qual for o percentil.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 26
→ Como posso saber se a curva de crescimento está adequada?
Grande parte dos bebês e crianças atingem certos marcos em sua vida no
mesmo período, por esse motivo, existe a curva de crescimento infantil.
Entender como eles funcionam permite que os pais acompanhem e ajudem os
filhos em seu crescimento e desenvolvimento de novas habilidades, atingindo
todo potencial.
→ Qual o crescimento típico infantil?
O crescimento da criança não segue obrigatoriamente as mesmas regras em
todos os casos. Contudo, a curva de crescimento infantil deve ser
acompanhada. As curvas e os gráficos de crescimento são informações
padronizadas que se baseiam no desenvolvimento da maioria das crianças.
Junto dele, é possível avaliar a taxa de crescimento de uma pessoa
comparando-a com grupos da mesma idade e sexo, tornando possível
identificar algo de errado no amadurecimento da criança.
O crescimento do ponto de vista físico corresponde ao aumento de altura,
peso, membros, órgãos e quaisquer outras mudanças que podem ocorrer no
corpo das crianças. Cabelos crescem, dentes nascem, caem e tornam a
nascer, hormônios começam a ser produzidos, tudo fazendo parte do
desenvolvimento infantil dividido em 3 etapas.
→ Lactante

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As crianças de 0 a 3 anos de vida fazem parte do período lactante. Logo após
ao nascimento, o recém-nascido perde cerca de 5 a 10% de seu peso,
recuperando-o por volta de 2 semanas, quando seu crescimento é iniciado.
Entre 4 a 6 meses, o peso do bebê deve ser o dobro do apresentado ao nascer,
e seu crescimento pode chegar até 25cm. Aos 2 anos, é natural que o bebê
diminua o ritmo de crescimento.
→ Pré-puberal
A fase de crescimento pré-puberal ocorre entre 3 aos 13 anos, com a criança
crescendo em ritmo constante. Entretanto, muitas crianças costumam não
crescer de forma contínua ao longo do período. É importante perceber se há
um padrão de meses ou semanas em que a criança apresenta crescimento
lento. Espera-se que a criança apresente uma média de crescimento de 5 cm
ao ano nessa etapa.
→ Puberdade
No período da puberdade, os pais podem observar um surto de
desenvolvimento que dura entre 2 a 5 anos, e o padrão de crescimento deve
estar em torno de 8 a 14 cm ao ano. Esse surto é associado à sexualidade, com
o desenvolvimento de pelos púbicos, axilares, crescimento de órgãos sexuais,
e o início da menstruação nas meninas. Ao atingir entre 15 e 17 anos, o
crescimento se encerra, devido ao fim do desenvolvimento físico.
→ Quais fatores podem interferir na curva de crescimento infantil?
São muitos os fatores que podem contribuir para que a criança tenha
problemas de crescimento e desenvolvimento, desde alterações na produção
hormonal até herança genética.
Atividades físicas em excesso
A atividade física em excesso pode ser um dos fatores que afetam a curva de
crescimento infantil. Pesquisadores da Universidade de Utah mostraram que
crianças que gastavam mais tempo e energia em atividades físicas excessivas
eram significativamente menores, mais leves e com baixos níveis de gordura
corporal.
É fundamental que a criança tenha equilíbrio com a prática de atividades
físicas. Ela é de extrema importância e deve ser incentivada desde as menores
idades, visto que as atividades estimulam o desenvolvimento de células que
formam tecido ósseo e muscular. No entanto, as doses devem ser equilibradas,
para que não ocorra prejuízo de crescimento e desenvolvimento.

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Hormônios do crescimento

Presente naturalmente no organismo, o hormônio do crescimento (em


inglês, growth hormone – GH) é produzido na hipófise e deve estar presente
em todas as pessoas, pois é indispensável durante o período de crescimento.
Entretanto, o GH pode se tornar deficiente em algumas crianças, prejudicando
seu desenvolvimento e crescimento. Por isso, endocrinologistas apostam na
sua reposição com doses diárias.
Tratamento indicado somente com prescrição médica, caso o pediatra suspeite
de algum problema, deverá encaminhar o paciente ao um médico
endocrinologista, para que seja feita a análise da curva de crescimento,
investigando por meio de exames possíveis questões estruturais. Somente
após a identificação constatada da deficiência do GH, o tratamento é iniciado,
podendo durar até 16 anos.
Alimentação deficiente
Ainda que a genética seja um fator predominante no que diz respeito à altura, a
influência de fatores ambientais, como a desnutrição, acaba sendo mais
atuante que o fator genético na determinação da estatura final.
Diante de uma alimentação insuficiente ou que seja carente de nutrientes
essenciais, o organismo diminui sua atividade metabólica, poupando gastos de
energia e desacelerando o crescimento da criança. Por esse motivo, é
essencial que a criança tenha uma alimentação com grande variedade à mesa.
Pais devem dar exemplo seguindo um padrão alimentar equilibrado, tendo
como parte da alimentação familiar frutas, verduras, legumes, carboidratos,
leguminosas, proteínas, e laticínios, preferindo sempre alimentos in natura ou
minimamente processados.
Devemos lembrar ainda de casos em que a criança conta com alimentação
adequada, porém, apresenta dificuldades na absorção dos nutrientes, como é
o caso da intolerância alimentar, motivo que pode também comprometer a
curva de crescimento infantil.
Descanso insatisfatório
O sono é o momento de fortalecimento, em que energias são recarregadas,
hormônios produzidos e liberados. Portanto, o descanso insatisfatório da
criança pode prejudicar seu crescimento, visto que, o hormônio do
crescimento é produzido e liberado no organismo durante o período de sono.

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De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, esse processo se inicia por
volta dos 30 minutos após o adormecimento da criança. O pico da produção do
GH é alcançado a partir das 22 horas e segue até o início da manhã. Podemos
concluir que crianças que dormem pouco durante a noite são mais suscetíveis
a apresentar déficits de crescimento, além de outros prejuízos à saúde.
→ Qual o papel do médico diante da curva de crescimento infantil?
O médico é o profissional responsável por realizar o diagnóstico e tratamento
de distúrbios no crescimento da criança. Da mesma forma, o endocrinologista
é o especialista responsável por transtornos endocrinológicos na infância e
adolescência, tratando do crescimento, tireoide, diabetes, obesidade,
distúrbios de diferenciação sexual e alterações no metabolismo.
Disfunções como as hormonais podem ser identificadas desde o período
neonatal e seu diagnóstico e tratamento são feitos pelo endocrinologista, com
interação constante com pediatras.

É no período neonatal que surgem anormalidades como hiperplasia adrenal


congênita e hipotireoidismo congênito. Já em idade infantil, quadros como
diabetes, puberdade precoce e crescimento deficiente são mais comuns, e na
adolescência, a falta de desenvolvimento puberal e genital, obesidade e
disfunções tireoidianas autoimunes são as queixas mais frequentes.
Diante da dúvida sobre o crescimento da criança de acordo com sua idade,
baseada na curva de crescimento infantil, o endocrinologista realizará
avaliações que incluem cuidar da história clínica abrangendo o histórico da
gravidez, parto, altura e peso da criança ao nascer, conhecimento sobre a
alimentação da criança e outros hábitos de vida, como a prática de atividades
físicas, altura dos familiares, avaliação do ambiente social em que a criança
vive, e mais.
Avaliando o crescimento infantil

Para que seja avaliado o ritmo de desenvolvimento da criança, os médicos


utilizam a velocidade de crescimento. Para isso, é necessário ter pelo menos 2
medidas da estatura do paciente, e um intervalo de tempo entre elas.
Nos primeiros meses de vida, as medidas podem ser mensais e,
posteriormente, a cada 3 ou 4 meses. Isso porque a criança cresce em média
25 cm nos dois primeiros anos de vida, tem uma desaceleração progressiva da
velocidade de seu crescimento, e volta a acelerar durante a puberdade.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 30
O acompanhamento com pediatra é fundamental para detectar qualquer
alteração dessa velocidade de crescimento de forma precoce, permitindo o
diagnóstico antecipado de doenças que podem afetar o desenvolvimento.
Assim que é notado o crescimento menor que o esperado, o ideal é procurar
ajuda de um especialista, como o endocrinologista. Quanto mais cedo
percebido o problema, melhores as chances de recuperação.
Na avaliação clínica da criança, o endocrinologista realiza a medição de peso e
altura, para determinar a velocidade do crescimento, e também avaliações
laboratoriais conforme as possíveis suspeitas, como anemia, doenças renais,
doenças endócrinas em crianças, e deficiência hormonal.
Por fim, o médico avalia por meio de exame radiológico a idade óssea da
criança, permitindo a medição da reserva de crescimento. É importante que o
diagnóstico seja realizado rapidamente, iniciando quanto antes o tratamento,
garantindo que a estatura final alcance seu melhor potencial.

Doenças reumáticas em crianças, como infecções do trato respiratório,


anemias e doenças intestinais também podem prejudicar o crescimento típico
da criança. No entanto, assim que o problema é tratado, o indivíduo volta a ter
seu desenvolvimento.
→ Quando devo procurar um endocrinologista para meu filho?
Além de atuar no diagnóstico e tratamento de distúrbios do crescimento, o
endocrinologista pediátrico é responsável por descobrir e tratar
outras disfunções hormonais se podem se instalar desde o período neonatal
até o final da adolescência, motivo que requer interação de conhecimentos
pediátricos e de endocrinologia.
Essas alterações determinam a repercussão sobre não só o crescimento, mas
também o desenvolvimento e metabolismo do organismo em fase de
maturação, e devem ser considerados os aspectos peculiares de cada uma das
fases do desenvolvimento.
O endocrinologista é capacitado para cuidar de outras condições que não
somente o desenvolvimento da criança que não está de acordo com a idade.
Você também deve buscar a ajuda deste profissional especialista em situações
como:

Criança ou adolescente com baixa estatura;

Criança ou adolescente com alta estatura, com crescimento anormal


acelerado;

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 31
Crianças com desenvolvimento puberal precoce;

Adolescente com desenvolvimento puberal tardio, sem sinais até 13 anos


em meninas e 14 anos em meninos;

Criança ou adolescente com diabetes;

Criança ou adolescente com obesidade;

Criança ou adolescente com dislipidemia;

Criança ou adolescente com bócio, nódulo ou alteração de funções da


tireóide;

Criança ou adolescente com tumor cerebral com localização hipotalâmico


hipofisária;

Criança ou adolescente com raquitismo;

Criança ou adolescente com dores, ou fraturas ósseas sem motivos


aparentes;

Adolescentes com distúrbios menstruais ou excesso de pelos;

Meninos ou adolescentes com ginecomastia;

Crianças ou adolescentes que nasceram pequenos para a idade


gestacional;

Crianças ou adolescentes com síndromes genéticas associadas a


distúrbios do crescimento;

Alterações de peso;

Alterações da tireoide;

Alterações da puberdade;

Ambiguidade genital.

5. Abordar os marcos do desenvolvimento neuropsicomotor.

Desenvolvimento neuropsicomotor
O desenvolvimento neuropsicomotor se dá no sentido craniocaudal, portanto,
em primeiro lugar a criança firma a cabeça, a seguir o tronco e após os
membros inferiores. A maturação cerebral também ocorre no sentido postero-
anterior, portanto, primeiro a criança fixa o olhar (região occipital), a seguir leva
a mão aos objetos, etc.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 32
A avaliação do desenvolvimento deve ser baseada nos marcos definidos pela
escala de desenvolvimento Denver II. Deve-se avaliar o desenvolvimento
social, motor e linguagem.

1. Desenvolvimento social

2. Desenvolvimento motor

3. Desenvolvimento da linguagem

4. Desenvolvimento do desenho

Desenvolvimento social

Olhar o examinador e segui-lo em 180º = 4 meses

Sorrir espontaneamente = 2 meses

Leva mão a objetos = 5 meses

Apreensão a estranhos = 10 meses

Dar tchau = 14 meses

Bater palma = 11 meses

Imita atividades diárias = 16 meses

Desenvolvimento Motor

Sustento cefálico = 4 meses

Sentar com apoio = 6 meses

Sentar sem apoio = 7 meses

Pinça superior = 10 meses

Em pé com apoio = 10 meses

Andar sem apoio = 15 meses

Desenvolvimento da Linguagem

Lalação = 6 meses

Primeiras palavras = 12 meses

Palavra frase = 18 meses

Junta duas palavras = 2 anos

Frases gramaticais = 3 anos

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Fatores de risco para atrasos no desenvolvimento
Complicações obstétricas, pré-natal inadequado, gestação indesejada, baixo
peso ao nascer e prematuridade são os principais fatores associados ao DNPM
atrasado no recém-nascido.
Os bebês apresentam sequência de amadurecimento neuropsicomotor crânio-
caudal, das porções mais proximais para as digitais e com atividades mais
simples para complexas.
#Ponto importante: Pode haver discretas variações no desenvolvimento de
acordo com os estímulos que são dados às crianças.

Marcos do desenvolvimento: 0 a 2 meses


Os recém nascidos entre 1 e 2 meses possuem como características
neuropsicomotora um predomínio do tônus flexor, assimetria
postural(hipotonia da musculatura paravertebral), preensão
reflexa e presença de reflexos primitivos.
Além disso, guia o olhar pela voz ou sons, segue um objeto com olhar até 180°
e, se colocada de bruços, consegue elevar o pescoço e empurrar a cama com
os braços, mesmo que por pouco tempo. Consegue também expressar alguns
sons.

Reflexos primitivos
Reflexo tônico-cervical assimétrico (a): O examinador deve realizar
rotação da cabeça para um lado, e observar consequente extensão do
membro superior e inferior do lado facial e flexão dos membros
contralaterais. Este reflexo dura até os 4 meses de vida.

Reflexo de Moro (b): medido pelo procedimento de segurar a criança pelas


mãos e liberar bruscamente seus braços. Após isso o bebê faz um
movimento de abdução dos membros superiores, seguido por adução e
flexão dos membros superiores.

Reflexo da marcha: Após apoio do bebê sobre uma superfície rígida,


observa-se o cruzamento das pernas, uma à frente da outra, como um
movimento de marcha. Do nascimento aos 6 meses.

Reação de pára-quedas (c): extensão anterior dos braços e dorsiflexão e


abertura das mãos quando o lactente é abaixado em suspensão prona em
direção a uma superfície de apoio.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 34
Preensão plantar (d): quando o examinador pressiona o polegar na face
plantar dos pés ocorre flexão dos dedos. É o reflexo primitivo que mais
perdura, geralmente até 11 meses, sendo patológica acima disso.

Apoio plantar (h): O apoio do pé do RN sobre superfície dura, estando este


seguro pelas axilas, gera a extensão das pernas. Do nascimento aos 6
meses.

Preensão palmar: quando o examinador pressiona o polegar na face


palmar ocorre contração da mão com o movimento de aperto. Do
nascimento aos 6 meses.

Reflexo de colocação (Placing): É o único reflexo primitivo com integração


cortical, em que se observa um movimento de subir um degrau de escada
desencadeado por estímulo tátil do dorso do pé estando o bebê seguro
pelas axilas.

Reflexo de sucção: Estímulo leve com os dedos nas comissuras labiais leva
ao movimento de busca pela boca para sucção. Até no máximo 6 meses.

Alguns dos reflexos primitivos são exemplificados nesta imagem.


Crédito: Elisa G Hamer, Mijna Hadders-Algra, 2015.

Marcos do desenvolvimento: aos 4 meses


Entre 2 a 3 meses a criança sorri espontaneamente (sorriso social),
principalmente quando próximo dos cuidadores e consegue elevar e sustentar
a cabeça quando está de bruços.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 35
Outro marco importante é a possibilidade de levar a mão à linha média,
associado agora e, assim, elevar até a boca. Há também a preensão voluntária
das mãos.
#Ponto importante: Desta forma, a criança consegue levar objetos até a boca,
uma fase de maior risco para engasgos.

Marcos do desenvolvimento: aos 6 meses


A criança já consegue ficar sentada sem apoio, consegue rolar quando de
bruços, transferir objeto de uma mão para a outra sem utilizar o movimento de
pinça e o bebê arrasta-se, iniciando os movimentos de engatinhar. Em relação
a fala, consegue juntar sílabas, como “lalalá” ou “bababá”.
Em relação a cognição, inicia-se a noção de permanência do objeto, que é a
capacidade de perceber que os objetos que estão fora do seu campo visual
seguem existindo. Além disso, o bebê apresenta reações a pessoas estranhas.

Marcos do desenvolvimento: aos 9 meses


Nesse tempo de vida, a criança adquire motricidade mais complexa. A partir do
oitavo ou nono mês, o bebê começa a utilizar o movimento de pinça para
agarrar objetos menores. Entre 9 meses e 1 ano, o bebê engatinha ou anda
com apoio e, em torno do 10º mês, o bebê consegue se colocar de pé sozinho
e ficar em pé sem apoio, sem necessariamente dar passos.
Consegue expressar palavras com maior complexidade, como “papa” ou
“mama”. O bebê apresenta reações a pessoas estranhas.

Marcos do desenvolvimento: 1 ano


A criança geralmente consegue dar alguns passos sozinha ou com apoio,
sendo que a faixa de início de se começar a andar pode variar, mas espera-se
que a criança comece a andar sozinha entre 12 a 18 meses.
Em relação a cognição, a criança consegue entregar objetos a outras pessoas
e dá risada com brincadeiras mais complexas, como se esconder atrás de um
pano na frente da criança e pedir para ela procurar. A acuidade visual de um
adulto.
É uma fase ainda de muita dependência dos cuidadores, sendo que o bebê
chora quando os pais saem do ambiente em que ela está.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 36
Marcos do desenvolvimento: 1 ano e 6 meses
Já realiza atividades muito complexas, como comer sozinha com colher,
colocar o próprio calçado, subir escadas e correr. Em relação a cognição e
fala, pronuncia mais de 10 palavras, aponta partes do próprio corpo e objetos.

Marcos do desenvolvimento: 2 anos


Entre 2 e 3 anos a criança consegue responder o próprio nome quando
questionado, reconhece-se no espelho e começa a brincar de faz de conta
com seus brinquedos, atividade que deve ser estimulada pois auxilia no
desenvolvimento cognitivo e emocional, ajudando a criança a lidar com
ansiedades e conflitos e a elaborar regras sociais. Além disso, os pais devem
começar aos poucos a retirar as fraldas do bebê e ensiná-lo a usar o penico.

6. Compreender a importância do aleitamento materno e interrupção precoce.

Com início em 1º de agosto e estendendo-se até o dia 7, a Semana Mundial de


Aleitamento Materno (SMAM) deste ano tem como tema Possibilitando a
amamentação: fazendo a diferença para mães e pais que trabalham. Com
isso, a Aliança Mundial para Ação de Aleitamento Materno definiu algumas
metas para a semana este ano, dentre as quais, estão:

Informar a sociedade sobre a amamentação e parentalidade do ponto de


vista de mães e pais que trabalham;

Fortalecer a licença remunerada e o suporte no local de trabalho como


ferramentas importantes de apoio à amamentação;

Engajar pessoas e organizações para melhorar a colaboração e o suporte


às mães lactantes no trabalho;

Incentivar ações para melhorar as condições de trabalho e apoio


relacionadas à amamentação.

Todo ano a SMAM visa destacar a importância do aleitamento materno e


promover a conscientização sobre seus inúmeros benefícios para mães e
bebês. Durante esta semana, organizações de Saúde, profissionais e
comunidades em todo o mundo se unem para compartilhar informações
valiosas, incentivar o apoio às mães lactantes e ressaltar o papel fundamental
que o aleitamento desempenha na promoção da saúde e no desenvolvimento
saudável das crianças. É uma oportunidade única para educar e empoderar a
sociedade sobre esta prática tão importante para o bem-estar do bebê.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 37
O que é aleitamento materno?
O aleitamento materno é o ato de alimentar um bebê com o leite produzido
pelos seios da mãe. É uma prática fundamental para a saúde e o
desenvolvimento da criança, pois o leite materno contém todos os nutrientes
necessários para o crescimento adequado, além de anticorpos que o protegem
contra doenças.
Além disso, o ato de amamentar fortalece o vínculo afetivo entre a mãe e o
filho, promovendo um elo emocional importante para o bem-estar de ambos. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno
exclusivo até os seis meses de idade, seguido da introdução de alimentos
complementares após este período, e mantendo a amamentação até, pelo
menos, os dois anos.
A importância do aleitamento materno
O aleitamento materno oferece benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê
que recebe a amamentação.
Qual a importância do aleitamento materno para o bebê?

Nutrição ideal, fornecendo todos os componentes necessários para um


crescimento saudável;

Rico em anticorpos e células imunológicas que protegem contra infecções


e fortalecem o sistema imunológico;

Contribui para um melhor desenvolvimento cognitivo e intelectual.

Qual a importância do aleitamento materno para a mãe?

Ajuda na recuperação pós-parto, auxiliando na contração do útero e


reduzindo riscos de hemorragias;

Pode reduzir o risco de doenças como câncer de mama, câncer de ovário,


diabetes tipo 2 e doenças cardíacas;

Estabelece um vínculo emocional forte com o bebê, promovendo


sentimento de segurança e apego.

Por que realizar o aleitamento materno exclusivo até os seis meses?


O aleitamento materno exclusivo durante este período protege o bebê contra
infecções gastrointestinais e respiratórias, reduzindo significativamente os
riscos de diarreia, pneumonia e outras doenças comuns na infância. Além
disso, o leite materno é mais facilmente digerido pelo sistema gastrointestinal

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 38
sensível dos bebês, reduzindo a ocorrência de problemas digestivos, como
cólicas.
Após os seis meses, a introdução de alimentos complementares de forma
gradual e a continuação do aleitamento materno até pelo menos os dois anos
de idade são recomendadas para garantir uma nutrição adequada e um
desenvolvimento saudável.
Quando o leite materno não é recomendado?

Mulheres que têm o vírus HIV não devem amamentar seus bebês, pois há
risco de transmissão;

Uso de medicamentos incompatíveis: em alguns casos, certos


medicamentos prescritos para a mãe podem ser prejudiciais ao bebê;

Mães com infecções graves: se a mãe estiver com uma infecção grave que
possa ser transmitida por meio do leite materno, é recomendado
interromper a amamentação temporariamente para proteger o bebê;

Uso de drogas ilícitas ou álcool em excesso: o consumo de drogas ilícitas


ou álcool em grandes quantidades pode prejudicar o desenvolvimento do
bebê por meio da amamentação.

É válido ressaltar que a maioria das mulheres pode amamentar com segurança
e que a orientação de um profissional de saúde é essencial para determinar a
melhor forma de alimentação para cada bebê, especialmente em situações de
saúde específicas, como uso de medicamentos, infecções, entre outras.

Benefícios do Aleitamento Materno

Devido a um período em que houve grande desvalorização do aleitamento


materno, diversos estudos começaram a ser produzidos no intuito de
evidenciar os diversos benefícios do mesmo.
Atualmente, não restam dúvidas quanto a superioridade deste em relação aos
outros, inclusive acerca da desvantagem da suspensão do aleitamento materno
precocemente.

Devido aos diversos fatores existentes no leite materno, os quais veremos no


tópico a seguir, este tem o impacto que mais nenhuma outra estratégia possui
na redução da mortalidade infantil em crianças menores de 5 anos, podendo
evitar até 13% das mortes de causas evitáveis nesta faixa etária em todo o
mundo. Além disso, estudos demonstram que a amamentação na primeira hora
de vida pode ser um fator de proteção contra mortes neonatais.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 39
→ Benefícios:

Melhor nutrição: O leite humano possui todos os nutrientes essenciais


para o completo desenvolvimento e crescimento da criança, sendo
melhor digerido pela mesma, sendo capaz de suprir sozinho todas as
necessidades nutricionais nos primeiros 6 meses e importante fonte de
proteínas, gorduras e vitaminas nos meses seguintes até o 2º ano de vida.

Menor custo financeiro: Para uma família com pouca renda, não amamentar
e comprar fórmulas infantis pode representar grande parte da renda desta
família. Em 2004, o gasto médio mensal para alimentar um bebê nos
primeiros 6 meses variou de 38-133% do salário mínimo, dependendo da
marca da fórmula infantil. Além de gastos com mamadeiras e gás de
cozinha, acrescenta-se os gastos com problemas de saúde que crianças
não amamentadas costumam ter com maior frequência.

Efeito positivo no desenvolvimento cognitivo: O aleitamento materno


contribui para o melhor desenvolvimento cognitivo. A maioria dos estudos
comprovam que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse
aspecto, sobretudo, quando comparadas com não amamentadas de baixo
peso ao nascimento. O mecanismo pelo qual isso se dá ainda não foi
elucidado, havendo estudiosos que defendem que a presença de certas
substâncias no leite são as responsáveis pelo melhor desenvolvimento
cerebral, enquanto outros acreditam que são fatores comportamentais
ligados ao ato de amamentar.

Evita diarreia: Fortes evidências mostram que o leite materno protege conta
diarreia. Tal proteção diminui quando o aleitamento materno deixa de ser
exclusivo, assim como diminui com o avançar da idade da criança.
Inclusive, crianças não amamentadas apresentam um risco 3 vezes maior
de desidratarem e virem a óbito em decorrência da diarreia, quando
comparadas com crianças amamentadas.

Evita infecção respiratória: A proteção contra infecções respiratórias se


mantém constante nos primeiros 2 anos de vida, sendo maior quando a
amamentação é exclusiva até os 6 meses, assim como diminui a gravidade
dos episódios de infecção respiratória, sobretudo, pneumonia, bronquiolite
e otites.

Diminui o risco de alergias: A amamentação exclusiva nos primeiros meses


de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, dermatite
atópica, asma e outras alergias. A exposição a doses de leite de vaca nos

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 40
primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca,
por isso a importância de evitar o uso de fórmulas infantis.

Diminui risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes: Segundo revisão


publicada pela OMS, indivíduos amamentados apresentam pressão sistólica
e diastólica mais baixas, menores níveis de colesterol total e menor risco
(37% menos) de desenvolver diabetes tipo 2(DM2). Ese último benefício
estende-se também àmãe, pois foi descrita uma redução de 15% na
incidência de DM2 para cada ano de lactação devido a melhor homeostase
da glicose em mulheres que amamentam.

Proteção contra câncer de mama: A relação entre aleitamento materno e


redução da prevalência de câncer de mama está bem estabelecida na
literatura, estimando-se que a chance de desenvolver a doença caia 4,3%
a cada 12 meses de duração da amamentação. Tal proteção independe de
idade, etnia e presença ou não de menopausa.

Evita nova gestação: Nos primeiros 6 meses após o parto a amamentação é


um método
anticoncepcional com 98% de eficácia, desde que a mãe esteja
amamentando exclusiva ou predominantemente e esteja em amenorreia.

Sono: Diversos estudos têm associado padrões de sono infantil com o


aleitamento materno. Os resultados apontam que bebês amamentados
exclusivamente são mais propensos a acordar durante a noite do que
bebês alimentados com fórmula.

Estes resultados se devem, principalmente, a parâmetros fisiológicos já


estabelecidos, como, por exemplo, a diferença na composição do leite materno
e das fórmulas artificiais, sendo que bebês amamentados exclusivamente
necessitam alimentar-se mais frequentemente do que bebês alimentados com
fórmulas em razão do aporte energético do leite materno.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal aninhado ao estudo de coorte


IVAPSA -Impacto das Variações do Ambiente Perinatal sobre a Saúde do
Recém-Nascido nos Primeiros Seis Meses de Vida. A finalidade deste recorte é
descrever as características do sono dos lactentes aos 30 dias de vida de
acordo com a classificação do aleitamento materno.

RESULTADOS: Foram avaliados 57 lactentes, destes 56,1% (32) permaneciam

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 41
em aleitamento materno exclusivo. ATabela 1 apresenta opadrão de sono dos
lactentes, segundo aclassificação do Aleitamento Materno.

Em relação ao número de sonecas durante o dia a mediana foi de 4 sonecas


em ambos os grupos, no entanto a mediana de duração em horas foi de 6,5
(p25 3, p75 9) no grupo de lactentes em AME, e de 4,0 (p25 2,5, p75 6,5) nos
lactentes em AM parcial.
CONCLUSÕES: Ao encontro dos achados da literatura, os bebês amamentados
exclusivamente apresentaram maior número de despertares noturnos para
mamar em relação aos bebês em aleitamento materno misto; no entanto, a
duração total de sono foi maior entre os bebês em aleitamento materno
exclusivo. Embora sem significância estatística, este resultado aponta o
possível papel do leite materno na regulação do sono da criança devido ao
conteúdo de melatonina, hormônio regulatório do sono, o que poderia explicar
a compensação que ocorre em relação ao número de despertares para mamar
e a duração total do sono.
As crianças representam um grupo de grande vulnerabilidade para deficiências
de macro e micronutrientes, em consequência do rápido crescimento e
desenvolvimento, principalmente nos primeiros mil dias de vida, que incluem o
período da gestação e os dois primeiros anos. O pico do desenvolvimento
cerebral acontece a partir do terceiro trimestre de gestação até os dois anos
de vida. No primeiro ano, o cérebro ganha de 350-700 gramas, o que
representa 25-50% do peso adulto. No segundo ano, o ganho está entre 700-
950 gramas - 50-68% do peso adulto. Tal crescimento cerebral se faz às

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 42
custas de uma intensa neurogênese, acompanhada de dois processos chaves
no neurodesenvolvimento: a mielinização e a sinaptogênese, com uma média
de 700 sinapses por segundo. Esse período crítico do neurodesenvolvimento é
dependente da oferta de nutrientes específicos, cuja deficiência pode afetar a
habilidade cognitiva e aumentar o risco para a ocorrência de doenças crônico-
degenerativas em longo prazo, a chamada programação metabólica.
Intervenções nesse período são fundamentais para garantir
a oferta nutricional ideal para uma vida saudável e produtiva.

7. Entender a introdução alimentar precoce.

O aleitamento materno é essencial para o desenvolvimento infantil, devido a


sua composição nutricional, que além de garantir de forma completa todos os
nutrientes necessários para a fisiologia dos lactentes, os protegem de futuras
doenças, alergias e até mesmo a morte.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS)
preconizam o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, não
sendo recomendada a oferta de nenhum outro líquido, o leite materno tem a
quantidade de água necessária que garante todo o suporte hídrico que o
lactente necessita até os completos seis meses de vida.
A alimentação complementar realizada no tempo adequado é fundamental para
o crescimento e desenvolvimento da criança, visto que a amamentação
exclusiva nos primeiros seis meses de vida estabelece uma prática
indispensável para a sua saúde, a partir do sexto mês, apenas o leite materno
não é o suficiente para suprir as necessidades nutricionais, sendo necessária a
alimentação complementar.
A introdução alimentar antes dos seis meses pode levar a um
comprometimento do desenvolvimento a curto e a longo prazo, deixando a
criança mais vulnerável a infecções, a diarreias, desnutrição, aumentando o
risco de alergias alimentares e respiratórias, podendo acarretar doenças
crônicas na idade adulta, além disso, a introdução alimentar precoce faz com
que a criança passe a mamar menos e consequentemente diminuindo a
produção de leite pela mãe.
Portanto, é de competência da equipe de saúde instruir de forma correta as
mães, seguindo os programas do governo sobre a alimentação complementar
e aleitamento materno, sendo necessário o aperfeiçoamento constante destes
profissionais acerca dos conhecimentos atuais sobre alimentação adequada
infantil, visando o crescimento apropriado da criança,

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 43
Dentro desse contexto, ressaltamos a importância do profissional apto e
capacitado a orientar e prescrever sobre uma alimentação adequada e ideal de
acordo com as necessidades de cada pessoa, visando uma boa formação de
hábitos alimentares, que é o nutricionista.

A introdução alimentar no tempo certo é fundamental para o desenvolvimento


saudável do bebê.

1. Atendimento às necessidades nutricionais: No início da vida, o leite


materno ou a fórmula fornecem todos os nutrientes necessários para o
bebê. No entanto, conforme o bebê cresce, suas necessidades nutricionais
mudam. Introduzir alimentos sólidos no momento apropriado garante que o
bebê receba os nutrientes essenciais, como ferro, zinco e vitaminas, que
podem estar ausentes ou em quantidade insuficiente no leite materno ou na
fórmula.

2. Desenvolvimento físico e cognitivo: A introdução de alimentos sólidos em


tempo hábil é crucial para o desenvolvimento físico e cognitivo do bebê.
Certos nutrientes, como ferro, são fundamentais para o desenvolvimento
saudável do cérebro. Introduzir alimentos sólidos ricos em ferro e outros
nutrientes essenciais no momento certo pode promover o crescimento
adequado e o desenvolvimento cognitivo do bebê.

3. Desenvolvimento das habilidades motoras e de mastigação: A introdução


de alimentos sólidos em tempo hábil permite que o bebê desenvolva
habilidades motoras orais e de mastigação. Ao experimentar diferentes
texturas e sabores, o bebê aprende a mastigar, engolir e manipular os
alimentos, o que é essencial para o desenvolvimento da fala e para evitar
problemas de alimentação no futuro.

4. Prevenção de alergias alimentares: Introduzir alimentos sólidos no


momento certo também pode ajudar a prevenir alergias alimentares. A
orientação atual sugere a introdução de alimentos alergênicos, como
amendoim e ovos, em uma idade precoce e gradual, para reduzir o risco de
desenvolvimento de alergias alimentares.

5. Estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis: A introdução de uma


variedade de alimentos saudáveis desde cedo pode estabelecer hábitos
alimentares saudáveis que podem durar a vida toda. Expor o bebê a uma
ampla variedade de sabores, texturas e alimentos nutritivos durante a fase
de introdução alimentar pode ajudar a promover uma preferência por
alimentos saudáveis e variados.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 44
Portanto, a introdução alimentar no tempo certo desempenha um papel crucial
no crescimento, desenvolvimento e saúde geral do bebê, estabelecendo as
bases para uma vida saudável e nutricionalmente equilibrada. É importante
seguir as recomendações e orientações do pediatra ou de um profissional de
saúde especializado em nutrição infantil ao introduzir alimentos sólidos na
dieta do bebê.

→Riscos de Iniciar Precocemente:

Alergias alimentares: A introdução de alimentos antes dos 4 meses


aumenta o risco de desenvolver alergias.

Engasgos: O sistema digestivo e as habilidades motoras orais do bebê


ainda podem não estar preparados para lidar com alimentos sólidos.

Desnutrição: Pode levar à deficiência de nutrientes essenciais para o


desenvolvimento do bebê.

Dificuldades alimentares: A introdução precoce pode gerar aversão a


novos alimentos e dificultar o desenvolvimento de hábitos alimentares
saudáveis.

→Riscos de Iniciar Tardiamente:

Deficiência de nutrientes: A carência de nutrientes essenciais pode afetar


o crescimento e desenvolvimento do bebê.

Anemia: A falta de ferro, comum em bebês que não recebem alimentos


ricos em ferro, pode causar anemia.

Desenvolvimento de alergias: A introdução tardia de alguns alimentos


pode aumentar o risco de desenvolver alergias.

Dificuldades alimentares: A recusa a novos alimentos pode ser mais


frequente em bebês que iniciaram a introdução alimentar tardiamente.

1. ALIMENTAÇÃO DO LACTENTE

A alimentação adequada do lactente consiste em aleitamento materno


exclusivo até os 6 meses de vida e complementado até os 2 anos. Assim, a
alimentação complementar deve ser introduzida a partir dos 6 meses, não
havendo qualquer indicação de retardar essa introdução alimentar.
Aleitamento materno predominante - aquele em que além do leite materno são
dados água, chás e/ou sucos ao bebê. Aleitamento materno complementado -

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 45
aquele me que oleite materno é complementado por alimentos sólidos ou
semissólidos. Idealmente deve ser iniciado aos 6 meses.

Aleitamento materno parcial ou misto - quando além do leite materno, a criança


recebe outros tipos de leite. Essa transição alimentar é realizada por meio de
papas:

• Papa principal (anteriormente denominada papa salgada) - consiste em


cereais ou tubérculos, leguminosas, proteína (carne branca/vermelha ou ovo) e
hortaliças (legumes e verduras);

• Papa de frutas (anteriormente denominada papa doce) - consiste em frutas


variadas, podendo priorizar as laxantes (abacate, ameixa, mamão, laranja) ou
as obstipantes (maçã, banana) de acordo com o ritmo intestinal da criança, ou
até mesmo mesclá-las para obter o equilíbrio.

A introdução alimentar deve ser uma transição gradual de quantidade e


consistência dos alimentos. Dessa forma, algumas fases devem ser
obedecidas de acordo com a idade da criança. Por exemplo, ao completar 6
meses, além do leite materno sob livre demanda, a criança deve ser alimentada
com duas papas de frutas e uma papa principal. Com 7meses, uma nova papa
principal é adicionada à rotina alimentar da criança.
Aquantidade de alimentos ingeridos por refeição também deve ser aumentada
gradativamente, assim como a consistência, até chegar à consistência da
alimentação da família, a qual deve ser introduzida com 1 ano de idade.
Essas orientações e algumas outras foram sumarizadas no documento Dez
passos para uma alimentação saudável - Guia alimentar para crianças menores
de dois anos, elaborado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Sociedade
Brasileira de Pediatria
e a Organização Panamericana de Saúde. Entenda cada passo a seguir:

• Fornecer aleitamento materno exclusivo até os 6 meses (sem oferta de água,


nem chá e nem suco);

• Introduzir outros alimentos gradualmente a partir dos 6 meses;

Alimentos complementares após 6 meses:

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 46
• 3 vezes/dia, se em aleitamento materno
(4 vezes/dia após 7meses);
• 5 vezes/dia, se criança não estiver sendo amamentada;

• Oferecer todos os grupos alimentares: cereais, tubérculos, carnes,


leguminosas, frutas, legumes e, inclusive, ovo (desde que seja cozido).

• Alimentação sem rigidez de horário:


• Respeitando a vontade da criança;
• De forma geral, orienta-se que haja uma refeição regular a cada 2 a 3 horas.

• Alimentação complementar espessa desde o início:


• Os alimentos não devem ser liquidificados, apenas amassados, de forma que
fiquem espessos, já que quanto maior a espessura maior é o aporte calórico-
energético;

• É importante evitar sucos! Se for ofertar, que seja no máximo 100 mL/dia. Isso
porque a capacidade gástrica da criança é pequena e o suco, por ocupar
grande volume, leva a criança a rejeitar outros alimentos, fazendo com que o
aporte calórico fique abaixo do ideal;

• Aconsistência deve ri aumentando gradativamente, até que, ao chegar aos 12


meses, a criança consiga comer os alimentos da consistência da comida da
família;

•Os alimentos devem ser oferecidos em colher, para que acriança comece
atreinar amanipulação dos utensílios e do alimento.

• Oferecer alimentos diferentes todos os dias, de forma que a alimentação seja


diversa e colorida;

• Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes:

• Acriança pode precisar de cerca 8 a 10 exposições para aceitar o alimento,


então é importante aconselhar as mães a persistirem.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 47
• Evitar: açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos:

• Sal sempre com moderação e açúcar refinado, de preferência, só depois dos


dois anos. Ouso precoce de açúcar está associado à presença de cárie.

• Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos, de modo a evitar


infecções gastrointestinais:

• Higienizar bem os utensílios utilizados para alimentar a criança, bem como as


mãos antes do preparo;

• Os alimentos devem estar bem cozidos.

• Estimular a criança doente a se alimentar:

• Dar alimentos de preferência da criança, oferecendo em poucas quantidades,


mas várias vezes ao dia. Algumas recomendações adicionais são:

•Quando acriança áj estiver desmamada, aoferta de leite em fórmulas deve ser


limitada a600 mL/dia, áj que, para obter um aporte calórico adequado, ela
precisa se alimentar das papinhas e isso pode ser inibido com a ingestão de
grandes quantidades de leite (pelo mesmo mecanismo dos sucos já
supracitado);
• É importante evitar mel em menores de 1ano, pelo risco de botulismo;
• O ambiente alimentar adequado é junto à família toda se alimentando, em
silêncio e sem telas, para que a criança reconheça que aquele é o momento de
comer.

2. SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR PROFILÁTICA


Apesar dos inúmeros benefícios do aleitamento materno e da introdução
alimentar aos 6 meses, estes, na maioria das vezes, não conseguem suprir
a quantidade demandada de algumas vitaminas eminerais. Logo, faz-se
necessária a suplementação profilática de alguns compostos. Veja a seguir
as orientações mais recentes do Departamento de Nutrologia da Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP).

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 48
VITAMINA K
Avitamina Kéadministrada ao nascer, como forma de prevenção àdoença
hemorrágica, na dose de 1mg por via intramuscular.

VITAMINA D
Preconiza-se que a vitamina Dsuplementar seja administrada para todos os
recém-nascidos a termo, independentemente de estar em aleitamento materno
exclusivo ou fórmula infantil, desde a primeira semana até os 3 anos de vida.

VITAMINA A
Asuplementação de vitamina Aé recomendada para crianças em áreas com alta
prevalência de deficiência de vitamina Ae que tenham o diagnóstico de
hipovitaminose. Entretanto, na prática, a suplementação é feita para todas as
crianças.
Esa suplementação é realizada em megadoses por via oral, geralmente
administradas nos postos de vacinação em cada meses. Deve ser administrada
dos 6meses aos 6anos, sendo na dose ed 100.000 Ul para crianças entre 6 e
12 meses e 200.000 Ul para crianças entre 1 e 6 anos.

FERRO
Preconiza-se que a suplementação profilática de ferro seja universal, tendo em
vista a alta prevalência de anemia ferropriva entre crianças. Para crianças
nascidas a termo e com peso adequado para a idade gestacional (estando em
aleitamento atermo exclusivo ou não), a recomendação é de suplementação
oral com 1mg de ferro elementar/Kg/dia dos 3meses aos 2anos. Porém há
situações especiais em que a dose e a idade de início devem ser diferentes.

3. ALIMENTAÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR

O pré-escolar sofre uma diminuição do ritmo de crescimento e, nesta fase, há


também desenvolvimento dentário, sendo necessários alimentos para auxiliar
neste processo.
Éuma idade em que há preferência por doces e alimentos mais calóricos, bem
como comportamento alimentar imprevisível, comem bem em alguns dias,
enquanto em outros, não aceitam nada. Há ainda as crianças denominadas
Pick/Fussy eater, ou seja, são seletivas, só comem algumas coisas.
Outro comportamento que também é bastante comum é a neofobia, ou seja, a
recusa de alimentos novos após os 2 anos de vida. Éimportante aconselhar os
pais a estimularem o consumo utilizando a fantasia, mas nunca forçar, ameaçar

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 49
ou premiar com comida.
Outra recomendação é que as refeições devem ser oferecidas em horários
fixos. Se a criança não aceitar, não deve haver substituição, deve-se esperar o
próximo horário para oferecer a refeição. Éfundamental também que não se
oferte alimentos fora de hora, principalmente doces e alimentos hipercalóricos.
O tamanho das porções deve ser compatível com a idade e deve-se evitar
líquidos durante as refeições (já que ocupa espaço no estômago e impede o
aporte adequado de calorias), bem como o consumo de guloseimas e
refrigerantes. Outra recomendação importante é eliminar a mamadeira noturna,
uma vez que é muito calórica e, por vezes, a criança passa o dia seguinte
inteiro sem comer. Deve-se ainda, ter bastante cuidado com engasgo
(principalmente com uva, pipoca e balas).

4. ALIMENTAÇÃO DO ESCOLAR
Nessa faixa etária, o ritmo de crescimento é constante, havendo maior ganho
ponderal do que ganho estatural, bem como necessidade de atividade física
mais intensa. Adespeito disso, na maioria das vezes, há excesso de alimentos
calóricos e pouco nutritivos e falta de incentivo à atividade física, além de
exposição excessiva às telas. Isso culmina no maior risco de obesidade deste
grupo. Portanto, éessencial que haja redução do tempo de tela, incentivo à
atividade física erestrição de alimentos ricos em açúcar, sal e gorduras, entre
eles: salgadinhos, fast foods, guloseimas e bolachas recheadas. Entretanto,
deve-se ter cuidado na condução do controle de peso, já que a preocupação
excessiva ou mal conduzida com peso nessa idade pode desencadear
distúrbios alimentares, entre eles bulimia e anorexia. Aalimentação dessa fase
deve ser variada, consistindo em:
• Peixe 2 vezes por semana;
• Verduras, legumes e frutas;
• Limitação do sal para < 6 g/dia;

8. Entender a importância da suplementação vitamínica adequada a cada


faixa etária.

Devido ao rápido crescimento e desenvolvimento infantil, as crianças


representam um grupo de vulnerabilidade para deficiências de macro e
micronutrientes e, apesar da grande carga de conhecimento que temos
atualmente, este é um tema amplamente discutido sem verdade absoluta.
O crescimento cerebral, que tem seu pico a partir do terceiro trimestre de
gestação até os dois anos de vida, é resultado de intensa neurogênese,

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 50
acompanhada de mielinização e sinaptogênese. Uma falha na oferta nutritiva
nesta fase de neurodesenvolvimento pode causar consequências a longo
prazo, como a ocorrência de doenças crônico-degenerativas.
Uma criança “saudável” (e com isso quero dizer sem causas aparentes de
desnutrição ou doença) teoricamente não necessitaria de suplementação, mas
existem outros fatores que influenciam suas indicações, como: tipo de dieta,
local onde vive e atividades diárias. O leite materno contém baixas
concentrações de vitamina K, vitamina D e ferro, sendo motivo para o
Departamento de Nutrologia da SBP fazer recomendações referentes a esses
nutrientes. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) prioriza a
suplementação das vitaminas A e D e dos minerais iodo, zinco e ferro, os quais
estão associados à maior deficiência devido ao alto impacto social destes em
todo o mundo.

→ Recomendações
2.1. Vitamina D
A deficiência de vitamina D é muito frequente em todo o mundo e muito comum
em lactentes, crianças e adolescentes no Brasil. Apresenta papel crucial na
saúde óssea, e, além disso, estudos apontam que a hipovitaminose D pode
estar associada a várias comorbidades, como: diabetes melito tipo 1, asma,
dermatite atópica, alergia alimentar, doença inflamatória intestinal, artrite
reumatoide, doença cardiovascular, esquizofrenia, depressão e variadas
neoplasias (mama, próstata, pâncreas, cólon).
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Academia Americana de Pediatria
(AAP) e o Global Consensus Recommendations on Prevention and
Management of Nutritional Rickets recomendam a suplementação preventiva
universal de vitamina D da seguinte forma:
A termo:

400UI por dia para lactentes de 0-12 meses a partir da primeira semana de
vida (independentemente da alimentação);

600UI por dia para maiores de 1 ano até 2 anos.

Pré-termo:

400UI por dia, quando o peso for superior a 1.500 gramas e houver
tolerância à ingestão oral;

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 51
600UI por dia dos 12 aos 24 meses.

Quais são os parâmetros para definir suficiência vitamina D?

Suficiência: 25(OH)D > 20ng/ml.

Insuficiência: 25(OH)D entre 12-20ng/ml.

Deficiência: 25(OH)D < 12ng/ml.

Toxicidade: 25(OH)D > 100ng/ml.

A mensuração de vitamina D só deve ser feita na suspeita de insuficiência em


grupos que pertencem aos grupos de risco ou quando a situação clínica é
relevante (raquitismo, osteomalácia, quedas e fraturas frequentes).

Para o tratamento de hipovitaminose D, o Global Consensus Recommendations


on Prevention and Management of Nutritional Rickets preconiza o seguinte
esquema:

Idade Dose diária Dose de manutenção

< 1 ano 2.000UI por 12 semanas Pelo menos 400UI/dia

1-12 anos 3.000 – 6.000UI por 12 semanas Pelo menos 600UI/dia

> 12 anos 6.000UI por 12 semanas Pelo menos 600UI/dia

Além da suplementação, crianças maiores e adultos devem satisfazer as


necessidades nutricionais através da alimentação e exposição solar.

2.2. Vitamina A
O Ministério da Saúde possui o Programa de Suplementação de Vitamina A e
preconiza a utilização de megadose única para:

Crianças de 6-12 meses: dose de 100.000UI;

Crianças de 12-72 meses: dose de 200.000UI.

2.3. Ferro
A anemia por deficiência de ferro é muito prevalente entre crianças,
principalmente nos países em desenvolvimento. Esta é considerada a carência
nutricional mais comum e exige conduta corretora, pois prejudica o
desenvolvimento mental e psicomotor da criança, reduz o desempenho
individual em tarefas diárias e afeta a resistência a infecções.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 52
A Sociedade Brasileira de Pediatria indica a suplementação preventiva nas
seguintes situações:
A termo

Para recém-nascido de peso adequado para a idade gestacional: 1mg de


ferro elementar/kg de peso/dia, a partir do 3º mês até o 24º mês de vida.

A suplementação independe do aleitamento materno exclusivo, misto ou


somente fórmula infantil.

Pré-termo

2mg de ferro elementar/kg ou mais (conforme o peso do RN), a partir do 1º


mês, por 1 ano.

1mg de ferro elementar/kg de peso/dia por mais 1 ano.

Profilaxia de ferro elementar de acordo com situação do RN e posologia


especificada:

Situação Posologia

RN termo, peso adequado, em


aleitamento materno exclusivo ou 1mg/kg de peso/dia (3 a 24 meses)
não

RN termo, peso adequado,


recebendo menos de 500ml de 1mg/kg de peso/dia (3 a 24 meses)
fórmula/dia

2mg/kg de peso/dia, a partir do 1º mês de vida


RN termo, peso < 2.500g por 1 ano; após, 1mg/kg de peso/dia por mais 1
ano

2mg/kg de peso/dia, a partir do 1º mês de vida


RN pré-termo, peso entre 1.500-
por 1 ano; após, 1mg/kg de peso/dia por mais 1
2.500g
ano

3mg/kg de peso/dia, a partir do 1º mês de vida


RN pré-termo, peso entre 1.000-
por 1 ano; após, 1mg/kg de peso/dia por mais 1
1.500g
ano

4mg/kg de peso/dia, a partir do 1º mês de vida


RN pré-termo, peso menor que
por 1 ano; após, 1mg/kg de peso/dia por mais 1
1.000g
ano

A Academia Americana de Pediatria recomenda triagem para deficiência de


ferro, sem anemia (dosagem de ferritina) ou com anemia (hemograma), aos 12
meses de vida. Se constatado deficiência, o tratamento é o seguinte:

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 53
3-5mg de ferro elementar/kg de peso/dia, VO, por pelo menos 8 semanas
(até correção da anemia e normalização dos níveis de ferritina) – a duração
total pode durar até 3-6 meses.

Orientação nutricional
Exames solicitados para diagnóstico de anemia ferropriva de acordo com as
fases da anemia:

Fase Definição Exames

Ferritina <12μg/L (6-60 meses)


Depleção Redução do estoque de
Ferritina <15μg/L (5-12 anos) Hb, HT,
(latente) de ferro ferro no organismo
VCM, iSat, CTLT e Fe normais

Fe sérico <30mg/dL Capacidade de


Redução agravada da total de ligação da transferrina (CTLT)
Deficiência de deposição de ferro no aumentada (valor normal = 250-
ferro sistema reticuloendotelial; 390μg/L) Índice de saturação da
redução do ferro sérico transferrina (iSat) <15% Ferritina baixa
Hb, HT e VCM normais

Hb* <11g/dL (6-60 meses) (*OMS) Hb*


Anemia por Redução do ferro para
<11,5g/dL (5-12 anos) Fe, Ferritina, iSat
deficiência de eritropoiese; microcitose e
baixos CTLT aumentada VCM e HCM
ferro anemia
baixos (ref. idade)

2.4. Zinco
O zinco é um elemento importante para o organismo, presente em abundância,
com atuação no sistema imunológico, crescimento, desenvolvimento cognitivo,
reparação tissular e replicação celular.
A dosagem sérica não reflete com precisão o real estado nutricional do mineral
e sua prova terapêutica é feita utilizando zinco na dosagem de:
A termo:

1 mg/kg/dia e observando-se a resposta clínica em 5-10 dias de uso.

Pré-termo:

0,5 ml/dia até 1 ano de idade.

Quando existe carência de zinco, o tratamento é feito da seguinte forma:

1-2mg/kg/dia de zinco elementar por via oral e correção dietética


adequada;

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Em casos de diarreia aguda:

20mg/dia para crianças acima de seis meses e 10mg/dia para crianças


abaixo de seis meses.

A vitaminas e os minerais são fundamentais para o organismo. Durante o


crescimento e o desenvolvimento, é muito importante se atentar às
quantidades necessárias para que as crianças mantenham a saúde e as células
do corpo funcionando corretamente.
Esse assunto é de extrema relevância e costuma gerar muitas dúvidas entre os
pais e os cuidadores. Por causa disso, Por isso, o Eludicarconversou com a
pediatra Isadora Rossi, que respondeu às perguntas mais comuns a respeito
do tema em uma entrevista para o blog.
Formada em Medicina e Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP), Isadora se especializou em Nutrição Materno Infantil com enfoque
em suplementação, introdução alimentar, BLW e vegetarianismo.
“Uma área que estudo e gosto bastante é a de vitaminas para o bebê e para a
mãe que amamenta, crianças vegetarianas e introdução alimentar”, explica a
pediatra. Confira a entrevista com Isadora Rossi e tire suas dúvidas sobre
vitaminas e minerais.

Qual a importância das vitaminas no


desenvolvimento infantil?
Nós precisamos das vitaminas para todas as reações do nosso organismo, a
fim de que todas as nossas células funcionem corretamente. Quando
pensamos nas crianças e no crescimento saudável, devemos garantir que o
estoque de vitaminas e minerais esteja adequado durante esse processo de
desenvolvimento.
Não apenas no universo infantil, mas também com a chegada da adolescência:
cada fase, cada idade tem sua necessidade. Muitas vezes, no entanto, não
conseguimos atingir a quantidade necessária de vitaminas apenas com a
alimentação.
Por isso, é importante avaliar a alimentação, em que estágio a criança está,
para compreender quantas e quais vitaminas ela está precisando e avaliar
como isso vai ser introduzido.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 55
Quais são as principais vitaminas e suas
funções no organismo da criança?
Essa é uma pergunta muito ampla, mas podemos citar alguns dos
micronutrientes (vitaminas e minerais) mais importantes.

Ferro

O ferro é crucial para o crescimento e para o desenvolvimento e é necessário


desde a gestação. Após o nascimento, também é essencial suplementar com o
ferro, não apenas pelo risco de anemia, mas por sua importância para outras
reações do nosso corpo.
O estoque de ferro adequado nos bebês e crianças pequenas está relacionado
até com desenvolvimento cerebral, inteligência e desempenho escolar quando
mais velhos.

Zinco

O zinco também é importante para o crescimento, além de ser fundamental


para a imunidade.

Vitaminas lipofílicas

Entre as vitaminas lipofílicas, temos principalmente as vitaminas A – mais


encontrada nas frutas – e D – que adquirimos com a exposição solar. Ambas
são essenciais para a imunidade e para a formação dos ossos (elas ajudam na
formação de cálcio nos ossos), ou seja, muito importantes para as fases de
crescimento.

Vitaminas do complexo B

As vitaminas do complexo B são muito importantes e estão ligadas ao


metabolismo do ferro, principalmente as vitaminas B12, B9 e B6. A B12 é
famosa entre os vegetarianos, mas, mesmo crianças que consomem carne,
podem ter níveis baixos e necessitar de suplementação.

Vitamina C

A vitamina C também é ligada à imunidade e é encontrada nas frutas e no leite


materno.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 56
Quais vitaminas estão presentes no leite
materno e qual sua importância?
O leite materno é a alimentação mais completa para um bebê. Trata-se de um
leite humano produzido naturalmente pelo organismo para outro humano. Ele é
rico em cálcio e em quase todas as vitaminas que o bebê precisa e que
citamos anteriormente.
Ele não é rico apenas em vitamina D e ferro, por isso o pediatra faz a indicação
de que o recém-nascido receba a vitamina D desde a primeira semana de vida.
Todas as outras necessidades são supridas pelo leite materno.

Uma dieta variada e balanceada fornece a


quantidade de vitaminas que o organismo
precisa? O que não pode faltar na
alimentação diária?
Depende muito da faixa etária da criança. Pensando no bebê de até dois anos
de idade, a alimentação varia muito e tem várias fases. Quando começa a
comer, aos 6 meses, a criança inicia esse processo lentamente e vai evoluindo
com o tempo.
Mais tarde, ela passa a se alimentar melhor, mas também pode passar por
fases, normalmente mais próximas dos dois anos, em que não quer comer e
fica mais seletiva. Durante a consulta com o pediatra, é importante avaliar
como está a alimentação para compreender se ela está atingindo o que a
criança precisa.
Mesmo comendo muito bem, a quantidade necessária de ferro para o
organismo não é atingida apenas com a alimentação. Por isso, existe a
indicação de receber ferro desde os três ou seis meses de idade, a depender
do histórico gestacional.

Quais grupos de alimentos são mais ricos


em vitaminas que você elenca como
principais?

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 57
Quando falamos nas vitaminas A e C, que citamos anteriormente, vale ressaltar
que elas estão mais presentes nas frutas e fazem parte da recomendação de
uma alimentação saudável. Porções de ao menos duas ou três frutas por dia
conseguem atingir as necessidades dessas vitaminas.
Com relação ao ferro e ao zinco, falamos principalmente do feijão, dos vegetais
escuros e da proteína animal (carnes). Quando montamos um prato equilibrado
que inclui uma fruta de sobremesa, teoricamente os nutrientes fundamentais
são atingidos.
Ao nos referimos a todos os grupos alimentares, pensamos não apenas nas
vitaminas, mas também em outros nutrientes, como cálcio, zinco e ferro.

A preparação pode fazer com que os


alimentos percam as vitaminas? Como
cuidar disso?
O cozimento dos vegetais, das folhas e dos legumes, principalmente, pode
fazer com que eles percam parte dos nutrientes e fibras. É recomendado optar
por esses vegetais crus e pelas frutas.
No caso dos bebês, que não podem ingerir esses alimentos crus no início da
introdução alimentar pelo risco de engasgo e pela dificuldade na mastigação,
essas vitaminas são mais introduzidas por meio das frutas.

Alguns alimentos devem ser evitados na


infância porque prejudicam a absorção
das vitaminas pelo organismo? Quais?
Pensando nas vitaminas, a maior “briga” para a absorção dos nutrientes
acontece entre o cálcio e o ferro. O ideal é que leite e derivados não sejam
consumidos durante as refeições principais. Isso porque o cálcio impede a
absorção do ferro e vice-versa.
Por outro lado, a vitamina C das frutas ajuda na absorção dos nutrientes.
Consumir uma fruta de sobremesa ajuda a absorver o ferro presente na
refeição.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 58
Vitaminas em excesso podem fazer mal à
saúde? A orientação médica é sempre
necessária?
A falta de vitaminas faz mal e pode causar doenças e sintomas, mas o
excesso também pode trazer um impacto negativo à saúde. Existem vitaminas
que nunca seriam consideradas um excesso pelo corpo, como é o caso da
vitamina C. Ela não acumula no corpo porque o excesso é eliminado pela urina
– mas, com o tempo, o acúmulo de doses elevadas pode causar pedras nos
rins.
Outras vitaminas não são eliminadas pela urina tão facilmente quando em
excesso, como é o caso da vitamina D. Em doses elevadas, ela pode causar
graves sequelas, principalmente neurológicas, acima de tudo em crianças
pequenas e bebês. A prescrição médica é sempre fundamental.

Vitamina realmente faz crescer?


Isso é um mito! Vários fatores contribuem para o crescimento, como dormir
bem, exposição solar, atividade física e genética. Uma alimentação saudável já
garante o consumo necessário de vitaminas pelo organismo. O excesso não
acelera o crescimento.

O que é a suplementação infantil e


quando ela é necessária?
A suplementação é necessária quando a quantidade essencial de vitaminas
não é atingida pela alimentação. É o caso, por exemplo, da vitamina D, que não
está presente em grandes quantidades no leite materno, mas é importante para
os bebês.
Quando a alimentação não apresenta a quantidade ideal das vitaminas e dos
minerais, a suplementação é receitada. Com relação a uma criança maior,
quando uma anemia é diagnosticada através de um exame, a suplementação
do ferro será necessária.
A suplementação já é utilizada desde a gestação e beneficia o
desenvolvimento do bebê. O trabalho do pediatra na vida da criança se inicia
desde o pré-natal, antes do nascimento.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 59
Quando é necessário que uma gestante
faça a suplementação?
De modo geral, todas as gestantes precisam garantir a ingestão de todos os
nutrientes adequados. Durante a gestação, é necessário que o médico obstetra
avalie cada caso para receitar a suplementação ideal.
Para o pediatra, vale verificar se a mãe apresentou anemia durante a gravidez,
entre outros detalhes. Isso é um reflexo do bebê e de como será sua
suplementação.

Como a suplementação vitamínica é


feita?
Antes de avaliar a suplementação do bebê, o pediatra avalia a situação
vitamínica da mãe que amamenta. Para o leite materno ser considerado ideal, a
mãe precisa se alimentar bem e seguir as recomendações de suplementação.
Com relação às crianças, a orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP) é de que a vitamina D seja introduzida através das gotinhas desde a
primeira semana de vida, até os 2 anos de idade, como uma prevenção.
A SBP também recomenda a suplementação de ferro, que pode ser iniciada
com 3 ou 6 meses de idade – essa avaliação será feita pelo pediatra, que leva
em consideração os fatores de risco – e vai até os 2 anos.
Com 1 ano de idade, é recomendado que o bebê faça seus primeirosexames
de sangue de rotina. O profissional avalia a presença de todas as vitaminas e
minerais no organismo e, se necessário, receita a suplementação de outros
micronutrientes.
Em relação a crianças vegetarianas, existe a indicação de suplementar a
vitamina B12, junto com o ferro, desde os 6 meses.

Muitas vezes, os pais pedem uma


suplementação porque acreditam que o
filho está “magrinho” demais. Como isso
funciona?

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 60
É fundamental avaliar a alimentação durante a consulta e, dependendo da faixa
etária, fazer exames. O ideal é que a suplementação seja feita de forma
individualizada para a criança de acordo com esses testes, levando em
consideração os nutrientes que ela precisa.
Não adianta, por exemplo, indicar um “pronto” de farmácia, que terá todas as
vitaminas em uma dose baixa. Pode ser que isso não seja suficiente para
aquele organismo. Quando os pais apresentam essa queixa, fazemos uma
avaliação do caso a fim de entender qual o melhor caminho.
Se uma criança se recusa a comer, também é fundamental avaliar qual a causa
para esse comportamento.

Qual a diferença entre polivitamínico e


uma suplementação individualizada?
O polivitamínico comprado em farmácia tem todas as vitaminas, mas em doses
insuficientes para tratar anemias ou a falta de nutrientes. A avaliação individual
feita pelo pediatra resulta em uma suplementação ideal para cada caso.
Também acho de suma importância destacar a diferença entre o pronto de
farmácia e o manipulado. Um exemplo são os “ferros prontos” de farmácia:
todos eles são saborizados e alguns têm açúcar, conservantes e até parabenos
– substância que mimetiza efeitos dos hormônios no corpo e pode trazer
consequências em longo prazo.
Não há indicação da ingestão de açúcar até os 2 anos e muitas vezes, também
por conta disso, as famílias preferem não utilizá-los. É comum que algumas
crianças apresentem constipação ou dor após a ingestão dos “prontos” de
farmácia.
Quando a suplementação é feita de forma manipulada, é possível incluir a
quantidade necessária dos nutrientes sem a presença do açúcar e dos
conservantes, diminuindo as chances de problemas gastrointestinais e
melhorando a aceitação.

Considerações finais
Meu recado final é que a falta de micronutrientes, como baixos estoques de
ferro e baixa vitamina B12, pode ser silenciosa, ou seja, não manifestar
sintomas. Mesmo um bebê ou uma criança que se desenvolve bem, cresce,

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 61
ganha peso em um ritmo adequado e se alimenta relativamente dentro do
esperado, tem necessidade de suplementação de pelo menos vitamina D e
ferro em doses mínimas (chamadas “profiláticas” ou “preventivas”), além de
muitas vezes serem necessárias doses maiores ou outros micronutrientes.
Por isso a suplementação individualizada é tão relevante. Com certeza um
“vidrinho” de vitaminas da farmácia não fornece todos os micronutrientes
necessários em doses adequadas para crianças de tamanho, idade e histórico
diferentes.

9. Compreender a dificuldade de conciliar um plano terapêutico nutricional


infantil.

Conciliar um plano terapêutico nutricional infantil pode ser desafiador por


várias razões:

1. Preferências Alimentares: Cada criança tem suas próprias preferências


alimentares e aversões. Encontrar alimentos que sejam nutritivos e que a
criança esteja disposta a comer pode ser complicado.

2. Restrições Dietéticas: Algumas crianças podem ter restrições dietéticas


devido a alergias alimentares, intolerâncias ou condições médicas
específicas, como diabetes ou doença celíaca. É essencial ajustar o plano
nutricional para atender a essas restrições.

3. Variedade Nutricional: As necessidades nutricionais das crianças em


crescimento são complexas e exigem uma variedade de nutrientes. Garantir
que o plano nutricional forneça todos os nutrientes necessários em
quantidades adequadas pode ser complicado.

4. Resistência a Novos Alimentos: As crianças podem ser naturalmente


avessas a experimentar novos alimentos. Introduzir novos alimentos e
garantir uma variedade na dieta pode exigir paciência e estratégias
criativas.

5. Influências Externas: Fatores externos, como publicidade de alimentos não


saudáveis, pressão dos colegas e acesso fácil a alimentos não nutritivos,
podem dificultar a adesão a um plano nutricional saudável.

6. Rotina e Logística: Manter uma rotina alimentar saudável em meio a


atividades escolares, extracurriculares e outros compromissos pode ser
desafiador. Além disso, as famílias podem enfrentar restrições de tempo e
financeiras ao tentar seguir um plano nutricional específico.

SP 1.3 - QUE SEU REMÉDIO SEJA SEU ALIMENTO, E QUE SEU ALIMENTO SEJA SEU REMÉDIO. ( HIPÓCRATES) 62
7. Educação e Informação: Muitos pais podem não ter conhecimento
suficiente sobre nutrição infantil e podem precisar de orientação e
educação para implementar efetivamente um plano terapêutico nutricional
para seus filhos.

8. Condições Médicas Complexas: Em casos de condições médicas


complexas, como obesidade infantil, transtornos alimentares ou condições
metabólicas, o planejamento nutricional pode exigir uma abordagem
multidisciplinar envolvendo médicos, nutricionistas, psicólogos e outros
profissionais de saúde.

Portanto, conciliar um plano terapêutico nutricional infantil requer uma


abordagem holística, considerando as necessidades individuais da criança,
suas preferências alimentares, restrições dietéticas e o ambiente em que
vivem. A colaboração entre pais, cuidadores e profissionais de saúde é
fundamental para o sucesso a longo prazo do plano nutricional.

A questão financeira pode ser uma das principais dificuldades ao tentar


conciliar um plano terapêutico nutricional infantil.

1. Custo de Alimentos Saudáveis: Alimentos frescos, orgânicos e nutritivos


geralmente têm um custo mais elevado em comparação com alimentos
processados e menos saudáveis. Isso pode tornar difícil para famílias com
orçamentos limitados comprar os alimentos necessários para seguir um
plano nutricional saudável.

2. Acesso Limitado a Alimentos de Qualidade: Em algumas áreas, pode ser


difícil encontrar alimentos frescos e saudáveis a preços acessíveis,
especialmente em áreas urbanas ou rurais com poucos supermercados ou
mercados de agricultores.

3. Custos Adicionais de Restrições Dietéticas: Se a criança tiver alergias


alimentares ou restrições dietéticas específicas, como seguir uma dieta
sem glúten ou sem lactose, os custos dos alimentos substitutos podem ser
significativamente mais altos.

4. Desafios de Planejamento Financeiro: Planejar e comprar alimentos para


seguir um plano nutricional específico pode exigir um cuidadoso
planejamento financeiro. Algumas famílias podem ter dificuldade em alocar
recursos financeiros para cobrir os custos adicionais de seguir um plano
nutricional terapêutico.

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5. Custos de Consultas Profissionais: Além dos custos de alimentos, os pais
podem precisar consultar profissionais de saúde, como nutricionistas ou
dietistas, para desenvolver e ajustar o plano nutricional da criança. Essas
consultas podem ter custos associados que podem ser um fardo financeiro
para algumas famílias.

6. Custos Indiretos: Além dos custos diretos de alimentos e consultas, seguir


um plano nutricional terapêutico também pode resultar em custos indiretos,
como tempo gasto preparando refeições em casa, custos de transporte
para acessar alimentos de qualidade e custos relacionados ao tratamento
de condições médicas associadas à má nutrição.

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