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Módulo 8 : O cuidado fonoaudiólogo com a

alta hospitalar
Conteúdo
1. Conteúdo
2. Objetivos
3. Apresentação
4. O papel da família
5. Será que as famílias já pensaram como é complexo a dinâmica da alimentação?
1. Resultados variados
6. Outras recomendações
7. Caderneta de Saúde da Criança
8. Ministério da Saúde 2020
9. Verificação do conhecimento
1. Resposta
10. Referências

Objetivos
Compreender o planejamento para alta hospitalar segura
Conhecer o instrumento de acompanhamento do desenvolvimento após o nascimento

Apresentação
Pensando nos assuntos abordados até o momento, vamos iniciar esse tema dizendo que a alta
hospitalar não é uma tarefa simples, e que podemos e devemos construir estratégias para
favorecer esse momento tão importante na vida de uma família.

Polyanna Mendes

Fonoaudióloga

Especialista em Saúde da Criança e do Adolescente Cronicamente adoecidos

O papel da família
A alimentação é uma função vital para o bebê e já é consenso a importância desta experiência
desde as primeiras horas do nascimento. A amamentação tem benefícios indiscutíveis para a
mãe, o bebê e a família, e a prática bem sucedida do aleitamento materno depende, em
grande parte, do apoio e das orientações recebidas pelas mães ao longo da gestação, nos
primeiros momentos do nascimento e na alta hospitalar.

Além disso, precisamos entender que se alimentar é um aprendizado e que ocorre em paralelo
a condição de saúde, do desenvolvimento motor global, sensorial, cognitivo, além de aspectos
culturais, afetivos e sociais. Por isso, a aproximação e escuta das singularidades de cada família
é fundamental para que orientações e incentivos sejam realizados de maneira efetiva e afetiva.

Será que as famílias já pensaram como é complexo a dinâmica da


alimentação?
Principalmente em casos de internação hospitalar muitas vezes é preciso entender isso uito
precocemente. É indissociável a relação da adequada alimentação com a condição de saúde,
da mesma maneira que os aspectos da saúde e desenvolvimento irão influenciar todo o
aprendizado alimentar.

Por isso, entender o desenvolvimento infantil e suas correlações é de fundamental importância


para se pensar nas estratégias necessárias para a alta fonoaudiológica hospitalar e
experiências seguras de alimentação.

Se pensarmos, principalmente, em casos de internação prolongada e/ou condições de saúde


crônicas e complexas, entenderemos que há processos de tomada de decisão muito importante
e muito difíceis dessas famílias, sendo de extrema importância o acolhimento e troca com esses
sujeitos para entendermos o impacto das decisões tomadas em suas vidas.

É preciso que em cada caso, de acordo com as condições clínicas, comportamentais, achados
fonoaudiológicos e as singularidades familiares, se estabeleça o grau de disfagia, o risco de
desnutrição e/ou risco de broncoaspiração assim como o impacto das abordagens e adaptações
na qualidade de vida desses bebês e seus cuidadores.

Resultados variados
A partir desta avaliação fonoaudiológica ampliada, com base no cuidado centrado na família,
com vistas no planejamento terapêutico singular e a parceria multiprofissional, vemos que os
desfechos são os mais variados.

Há casos em que ajustes posturais, adaptações de pega, estimulação sensório motora e


orientações são o suficiente para garantir a manutenção da via oral com segurança e no
processo de alta o acompanhamento poderá ser necessário para manejo do aleitamento
materno, nas adaptações do retorno a casa e rotina, esclarecimento de dúvidas e orientações
quanto a mitos e crenças.

Em outros casos a via oral é possível, porém, através de adaptações. Seja o aleitamento
materno com necessidade de complementação, seja o uso de utensílios como copos,
mamadeiras ou outros que variam de acordo com a idade e indicação, adaptações de
consistência do alimento e/ou necessidade de manobras para segurança da alimentação por via
oral.

Nestes casos os cuidadores além de orientados, devem ser treinados quanto às adaptações
necessárias, e a seguir em terapia fonoaudiológica. O acompanhamento deve seguir vigilante
quanto ao crescimento, ganho de peso e, de acordo com o desenvolvimento, realizar alterações
necessárias nas adaptações.

Em alguns casos a oferta da dieta pode ser mantida por via oral apenas parcialmente sendo
necessária o uso de via alternativa para garantir a nutrição. Já em outros a via oral é
completamente contra indicada, e o acompanhamento fonoaudiológico é imprescindível. Dessa
maneira, entendemos que as orientações, treinamentos, encaminhamentos e o
acompanhamento fonoaudiológico regular são necessários. Os familiares devem estar
treinados a observar sinais de alerta e riscos, prevenindo assim agravamentos por desnutrição
e/ou broncoaspiração.

Toda a conduta pressupõe uma escuta atenta e afetiva para que os questionamentos e
intercorrências vividas por essas famílias possam aparecer para que possamos conduzir nossas
recomendações de maneira que faça sentido.

Outras recomendações
Além disso, de maneira geral devemos orientar sempre quanto:

Postura e pega adequadas;


Percepção da fome;
Hábitos deletérios (como uso de bicos);
Sinais de risco (como diminuição da diurese, perda de peso);
Como e quando realizar higiene oral;
Momento da introdução alimentar;
Marcos do desenvolvimento;

Já o treinamento dessas famílias será de acordo com as necessidades de cada caso, onde as
adaptações são necessárias para cada possibilidade de manutenção da via oral:

Adequação da viscosidade;
Escolha do utensílio adequado;
Temperatura;
Manobras posturais e de segurança;
Sinais de alerta para desnutrição;
Sinais de risco para broncoaspiração;
Estimulação sensório-motora oral;

É importante esclarecer também hábitos comuns, como:

Aumento do furo do bico: impacta de forma importante no fluxo da dieta;


Alteração de temperatura: que pode alterar a viscosidade do leite;
Ambiente;
Tempo de oferta;

Essas atitudes aparentemente simples podem ter impacto importante na condição da disfagia.

Pensando em todos esses aspectos rapidamente apontados aqui nesta apresentação, já


vislumbramos o quanto é complexo o campo da construção do cuidado e o que revela o
momento da alta hospitalar.

Fica claro que há uma linha de cuidado a ser pensada. A saúde, o crescimento e o
desenvolvimento de toda criança deve ser acompanhado, principalmente, se pensarmos no
campo da prevenção e na promoção da saúde. Visto isso, no momento da alta e não só, temos
um instrumento gratuitamente disponibilizado, mas muitas vezes subestimado : a caderneta de
saúde da criança.

Caderneta de Saúde da Criança


A caderneta de saúde da criança é instrumento de cidadania importante, um documento único
da criança que traz informações sobre seus direitos e de seus familiares, dados do nascimento,
da amamentação e alimentação saudável, vacinas, crescimento e desenvolvimento, sinais e
perigos de doenças graves e prevenção de acidentes e violências, entre outros.

O uso da caderneta tanto para as famílias quanto para os profissionais deve ser incentivado. A
sua função acaba sendo subestimada muitas vezes por desconhecimento, mas quando nos
aprofundamos no conteúdo dela, entendemos como pode ser uma forte aliada para promover
cuidados importantes ao desenvolvimento infantil.

A caderneta de vacinação traz os cuidados nos primeiros dias de vida, e em seguida páginas
dedicadas a amamentação, com orientações que reforçam as que já citamos anteriormente,
conta dos benefícios para mãe e o bebê, postura e pega, e como prevenir problemas na
amamentação.
Além disso, a caderneta também esclarece sobre extração e retirada manual do leite materno
e a possibilidade de mães que tem uma alta produção de leite poderem doar para um banco de
leite humano e ajudar outros bebês que estão internados. Um ato de extrema importância.
Junto a caderneta incentivamos o aleitamento materno e a doação de leite humano, só por ai já
não vale a pena?
Além dessas preciosas informações a caderneta traz outras mais, como:

Dez (10) dicas para alimentação saudável nas faixas etárias menores de 2 anos e de 2 a 10
anos;

A Importância da estimulação do desenvolvimento com afeto, as percepções de alterações


no desenvolvimento.
A importância da vigilância do desenvolvimento e como os registros são necessários para
que o desenvolvimento seja bem observado pelos diversos profissionais que acompanham
esta criança.

A criança cresce, ganha peso e altura ao mesmo tempo que se desenvolve, por isso, a melhor
maneira de saber se a criança está crescendo e se desenvolvendo bem é registrando seu peso,
altura e os marcos do desenvolvimento que são alcançados.

Em nosso acompanhamento devemos sempre fazer o registro em caderneta sobre as nossas


observações.
A caderneta contém folhas exclusivas para registro da alimentação da criança e entendendo
que a alimentação é um aprendizado não preciso nem dizer a importância do registro para esta
observação longitudinal, não é mesmo?

A atividade de alimentação é complexa e o momento da alta determinante para a promoção de


uma alimentação mais saudável, mais segura e o encorajamento das relações e
desenvolvimento do bebê junto de suas famílias.

Na alta um novo momento se inicia! Obrigada e até a próxima!

Ministério da Saúde 2020


Neste ano de 2020 a tão esperada edição reformulada da Caderneta de Saúde da Criança foi
disponibilizada pelo Ministério da Saúde. A versão atual conta com importantes atualizações nas
orientações sobre os cuidados com a criança e com o ambiente e nos apropriarmos deste
importante instrumento amplia a possibilidade de termos observações registradas
multiprofissionais, intersetoriais e dos cuidadores, para que possamos favorecer um olhar
ampliado e integral, formando uma importante rede de apoio necessária para a garantia dos
direitos das crianças e favorecer que tenham uma infância saudável, ao ser bem utilizada se
apresenta como relevante instrumento para a educação em saúde.

A reformulação trouxe atualizações significativas em cada um dos temas apresentados,


podemos destacar na Parte I intitulada “Para a Família e Cuidadores” os eixos temáticos
nomeados como Direitos e Garantias Sociais; Amamentando o bebê; Alimentando para garantir
a saúde (estando alinhada com o Guia Alimentar para menores de 2 anos publicado em 2019);
Percebendo Alterações no desenvolvimento; Observando com cuidado o uso de eletrônicos e o
consumo; Protegendo a criança da violência. Temas atuais e de muita importância para
vencermos os desafios da atualidade.

Já a Parte II está dedicada aos “Registros do acompanhamento da criança” passando pelo


registro de consultas, marcos do desenvolvimento, parâmetros de crescimento e mais. Para
mais detalhes acesse os links e tenha acesso as novas versões. Você profissional de saúde deve
utilizar deste instrumento como um forte aliado, preencha, oriente e incentive as famílias a
acompanhar o desenvolvimento das crianças.

Versões Eletrônicas disponíveis nos links:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_2ed.pdf

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.pdf

A saber, segue link para acesso ao citado Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2
anos, 2019.

https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-crianca/guia-alimentar-para-criancas-
brasileiras-menores-de-2-anos/

Verificação do conhecimento
Segundo o Guia do Ministério da Saúde do Brasil quais afirmações estão corretas:

1. Por serem crianças todas elas se encontram em situação de vulnerabilidade, já que


dependem de outra pessoa para garantia de sua sobrevivência, sem haver quaisquer distinções
entre as crianças e suas características individuais.

2. Na atenção integral à criança são necessárias ações com profissionais e serviços de saúde,
educação, cultura, assistência social, direitos humanos, entre outros. Essa integração
denomina-se Intersetorialidade.

3. Quando situações de vulnerabilidade social não são prevenidas ou enfrentadas, tendem a


tornar-se situações de risco, que são situações de violação de direitos.

4. A Caderneta de saúde da criança é um instrumento de prática de atenção em linhas de


cuidado que favorece o acompanhamento integral à saúde da criança e uma potente
ferramenta de comunicação entre profissionais, serviços e cuidadores.

A. 1, 2 e 4

B. 1, 2 e 3

C. 2, 3 e 4

D. 1, 3 e 4

Resposta:

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Resposta

C. 2, 3 e 4

Referências
1. BRASIL. Ministério da Saúde . Caderneta de saúde da criança - menina. 12 ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2018. 94p.

2. Levy DS, Almeida ST. Disfagia Infantil. Thieme Revinter Publicações LTDA; 2018 Mar 28.

3. BRASIL. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Ministério da


Saúde. 2015.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2015.

5. BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção humanizada ao recém-nascido: Método Canguru:


manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. – 3 aed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2017.

6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Saúde da criança : crescimento e desenvolvimento / Ministério da Saúde. Secretaria de
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012.

7. Lamy, Z. C.; Silva, M. S.; Morsch, D. S.. Cuidado Compartilhado entre a Atenção Hospitalar e a
Atenção Básica. In Método Canguru no Brasil: 15 anos de política pública / organizado por Maria
Teresa Cera Sanches... [et al], 1ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015, v. 1, p. 185-205.

8. Fernandez, Herminia Guimarães Couto; MOREIRA, Martha Cristina Nunes; GOMES, Romeu.
Tomando decisões na atenção à saúde de crianças/adolescentes com condições crônicas
complexas: uma revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 2279-2292, 2019.

9. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas. Guia para orientar ações Inter setoriais na primeira infância /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2018.

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