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Nutrição
Comportamental
na Pediatria
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Introdução
A Nutrição Comportamental é uma abordagem que não considera apenas os as-
pectos biológicos da alimentação, mas todos os aqueles que envolvem o ato de
comer. Para nós, os COMOS e PORQUÊS se come são tão ou mais importantes do
que O QUE se come.

Os profissionais de saúde, em especial os pediatras, introduzem na vida das crianças


a ferramenta biológica mais valiosa para a promoção da saúde: a nutrição.

Atualmente focadas em nutrientes e suas funções no organismo, muita das atitudes


profissionais relacionadas a alimentação infantil desconsideram questões emocio-
nais, culturais, sociais - e até fisiológicas dos indivíduos.

O olhar comportamental para a nutrição a partir da gestação, aliado a todo conhe-


cimento dos conceitos tradicionais, pode ser de grande valor para a prevenção das
questões de saúde mais frequentes desde a infância até a idade adulta.

A Nutrição Comportamental em pediatria hoje é a abordagem mais eficaz para a pre-


venção de problemas alimentares na infância, em especial seletividade e obesidade.

Nutrição
comportamental
na Pediatria
A alimentação se desenvolve de maneira diferente ao longo da infância, e é influencia-
da pelos estágios de desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional da criança.

O atendimento nutricional para esse público tem como objetivo possibilitar o cresci-
mento e o desenvolvimento esperados, evitar carências nutricionais, prevenir proble-
mas de saúde e garantir o desenvolvimento de comportamentos e atitudes alimenta-
res – relação com a comida - saudáveis.

O panorama atual da pediatria no Brasil é de aumento dos níveis de excesso de peso


e obesidade, além de comportamentos de risco para desenvolvimento de transtornos
alimentares. Outra queixa frequente são é a seletividade e as dificuldades alimentares.
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A abordagem tradicional no atendimento pediátrico muitas vezes mantém o foco


apenas no tratamento e controle de peso. E a Nutrição Comportamental busca ofere-
cer alternativas e estratégias para abordar a mudança de comportamento alimentar.

Os lactentes nascem com uma capacidade inata de autorregulação da ingestão ali-


mentar. Mas é nessa fase da vida, lactação e alimentar complementar, que os pais
encontram maior dificuldade com os sinais de fome e saciedade das crianças. Outra
grande dificuldade é a aceitação alimentar, que é determinada por fatores pessoais
(físicos e emocionais) e ambientais (sociais e culturais).

O ambiente doméstico pode influenciar diretamente no que e quanto as crianças


irão comer. As preferências alimentares são influenciadas por pais ou cuidadores,
de acordo com suas atitudes com relação à comida.

Algumas técnicas comumente utilizadas pelos cuidadores, como persuasão verbal


(“coma para ficar mais saudável”) ou uso de recompensas (comer um legume em
troca de uma sobremesa) são controversos e não levam necessariamente à criação
de hábitos e comportamentos mais saudáveis na infância.

Mas, como facilitar a ingestão de alimentos mais saudáveis nessa faixa etária e con-
trolar a ingestão de “guloseimas”? Orientar os pais a não restringirem a alimentação
dos filhos não significa incentivar que sejam permissivos ou pouco envolvidos. Algu-
mas estratégias são: estabelecer limites em relação à quantidade de “guloseimas”
consumidas; providenciar opções de todos os grupos alimentares; e não ser exem-
plo de consumo exagerado desses alimentos.

Além disso, a insistência dos pais para que a criança coma pode prejudicar a capaci-
dade de autorregulação energética, pois a criança pode entender que sua sensação
interna de saciedade não deve ser considerada.

Como trabalhar o resgate das


percepções internas de fome e
saciedade?
• Auxiliar os filhos na percepção de suas motivações para comer, diferenciando
fome física de outras sensações;

• Permitir que as crianças façam o próprio prato – com supervisão dos adultos;

• Estimular que a criança se alimente com calma e prestando atenção nos aspec-
tos sensoriais da comida;

• Organizar a rotina alimentar das crianças, com horários regulares.


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E o que NÃO fazer?


• Restringir a quantidade ou o tipo de alimentos;

• Classificar os alimentos em “saudáveis ou não saudáveis”;

• Utilizar distrações (televisão, computador, tablet, celular) na hora das refeições;

• Obrigar o filho a terminar o prato quando ele não quer mais, ou não permitir
que ela repita.

A participação da família é fundamental na mudança de comportamento alimentar.


É necessário envolvê-la no processo de mudança e criação de novos hábitos.

O terapeuta nutricional e o pediatra devem procurar conhecer a história de vida e


os aspectos biológicos, emocionais e ambientais das famílias para poder manejar a
mudança de comportamento. É importante também auxiliar a família em questões
práticas, como: divisão de responsabilidades da família na compra e preparo de ali-
mentos; planejamento de cardápios; organização de horários e rotina.

A alimentação adequada na infância é essencial para promover a construção de há-


bitos e atitudes alimentares. A educação nutricional tradicional pode não promover
mudança de comportamento. Nesse contexto, a Nutrição Comportamental sugere
estratégias que ampliem a atuação dos nutricionistas e pediatras para enfrentar os
desafios em relação à alimentação de crianças e suas famílias.

Outros
comportamentos
além da comida
Um comportamento atual da maioria dos pais, bebês e crianças é o uso exagerado das
telas, incluindo televisão, celular, tablets e videogames. Pesquisas mostram que aos 3
meses 40% dos bebês já assistem vídeos regularmente, e 90% das crianças menores
de dois anos assistem vídeos. E essas práticas tendem a se intensificar com a idade.
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O uso excessivo de telas e aparelhos eletrônicos podem ser prejudiciais, pois podem
atrapalhar o momento da refeição, momentos de interação e socialização com ou-
tras crianças e adultos, reduzir a prática de atividades físicas e atrapalhar momentos
de sono e descanso.

Estratégias que
funcionam
• Evitar distrações durante as refeições (principalmente o uso de telas – como
televisão e celulares)

• Estimular o apetite – oferecendo alimentos diferentes, com apresentação boni-


ta, e várias vezes (mesmo quando a criança não aceita)

• Manter atitude neutra durante toda a refeição – sem julgamentos referentes à


quantidade de comida consumida

• Encorajar autonomia para comer, deixando que a criança faça seu prato e coma
sozinho – sempre respeitando os limites de cada idade e o desenvolvimento de
cada criança, com utensílios apropriados pra cada fase

• Introduzir novos alimentos sistematicamente – aumentando a curiosidade das


crianças em experimentá-los, sem coerção ou brigas

• Tolerar a “bagunça” própria da idade – deixar que peguem os alimentos com a


mão e sintam as diferentes texturas e sabores

• Apenas oriente sobre as melhores escolhas alimentares. Não dicotomizar ali-


mentos em “bons” ou “ruins”

• Incentivar com o exemplo – comer em família, fazendo desde momento algo


prazeroso
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