Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ALIMENTAR
R 4 I Z A B E L A F O G I AT O
NUTROLOGIA PEDIÁTRICA
• A alimentação ocupa um lugar central no desenvolvimento infantil, já que é em torno dela que se
organizam, desde o nascimento, os primeiros contatos entre mãe e o bebê, assim como também se
delineiam e se expressam os conflitos da dupla mãe – bebê.
•Dificuldade alimentar é a situação em que a criança apresenta uma menor aceitação alimentar,
com possíveis consequências físicas, emocionais e familiares, podendo influenciar, inclusive, em
seu crescimento e desenvolvimento, dependendo da duração, da intensidade e do diagnóstico
do problema, assim como da atuação da família e dos profissionais de saúde.
Muitas crianças entre 1 e 3 anos comem uma variedade muito limitada de alimentos.
Na idade pré escolar, também é comum as crianças atravessarem uma fase de alimentação bastante restritiva.
Momentos de passagem evolutiva na vida da criança podem contribuir para manifestação de recusa alimentar
o Nascimento: exige intensa adaptação da criança e dos pais
o Desmame: fase de separação mãe-filho
o 2º ano de vida: interesse pelos alimentos se desloca para o ambiente e sua exploração por meio de brincadeiras.
o 3º ano de vida: tende a utilizar a recusa ao alimento como maneira de firmar sua posição, tentar controlar o
ambiente e fazer pequenos testes de independência. Demonstra preferencia pelos alimentos que conhece. Essas
situações se bem compreendidas e controladas pelos pais, tendem a ser temporárias. Quando persistem, os
sintomas podem indicar algum tipo de distúrbio ambiental ou relacional
FATORES DE RISCO
•Introdução alimentar precoce (antes dos 6 meses de idade)
•Orgânicas
•Comportamentais/ psíquicas
•Socioeconômicas
•Muitas das dificuldades alimentares têm origem familiar, ou seja, ocorrem em famílias com
comportamentos inadequados
•Estudo recente mostra que em uma amostra representativa de mães com problemas
alimentares, aproximadamente metade das crianças apresentam dificuldades na alimentação.
•Não apenas as crianças devem ser diagnosticadas, mas também o comportamento da família, o
ambiente que vivem, o modelo familiar.
Categorias estilos parentais
o Pais negligentes/indiferentes
o Pais responsivos/confiáveis:
Angústia, sentimento de frustração e sensação de impotência dos pais medidas que tornam o
ambiente tenso, as refeições são associadas sempre com confronto.
Fisiopatologia - Classificação
1. Interpretação equivocada dos pais
2. Criança agitada com pouco apetite: crianças agitadas apresentam, em sua maioria, baixo apetite ou
recusa alimentar, em razão de estarem mais interessadas nos estímulos do ambiente do que
propriamente na alimentação. Ao manifestarem fome, saciam-se rapidamente e se “desligam” da
refeição após poucas garfadas, sendo difícil mantê-las a mesa.
3. Criança emocionalmente comprometida ou negligenciada: inclui crianças com apatia ou problemas
de vínculo com a mãe e/ou família, fazendo com que a apatia reflita no desinteresse pela comida e
pelo processo de se alimentar. – terceirização de cuidados, escolarização precoce...
4. Presença de doença orgânica: Importante diferenciar condições passageiras e de rápida resolução
como aftas, estomatites, das sistêmicas que podem ser agudas ou crônicas.
ANAMNESE
o Queixa e duração do problema
o História clínica da situação atual, com investigação da queixa principal e dos problemas secundários
o Investigação da história alimentar e de antecedentes gestacionais e parto
o Avaliação do DNPM, qualidade e higiene do sono e dinâmica de vida atual em domicílio e escolar
o Investigação sobre antecedentes patológicos e ambientais, doenças pregressas respiratórias,
gastrointestinais, vômitos, diarreias crônicas, náusea, sangramento intestinal, dor abdominal e tosse
crônica.
PRÁTICA CLÍNICA
Dificuldade alimentar de breve duração <30 dias
o Crescimento normal e adequado para a idade
o Exame físico sem alterações
o Pais não angustiados ou com discreta preocupação
o Ausência de fatores de risco adicionais
CONDUTA:
Explicar a variabilidade do apetite no primeiro ano de vida e as oscilações no apetite entre uma
refeição e outra
Reavaliação após 4 a 8 semanas
PRÁTICA CLÍNICA
Dificuldade alimentar de moderada duração 1 a 3 meses
o Crescimento normal ou em ligeira desaceleração
o Exame físico sem alterações
o Pais com moderada frustração ou preocupação
o Possibilidade de existirem fatores de risco adicional (estilo parental ou expectativas inapropriadas, desavença conjugal)
CONDUTA:
Estabelecer rotina alimentar;
Acomodar a criança à mesa com os outros familiares;
Evitar distrações;
Não utilizar subterfúgios como os famosos aviãozinho ou trenzinho;
Não forçar, ameaçar, punir ou obrigar a criança a comer;
Não oferecer recompensa e agrado;
Caso as instruções prévias não tenham sido cumpridas e os sintomas não tiverem melhorado, pode existir um problema físico não
detectado.
Triagem laboratorial
• Hemograma
• PCR
• Ferritina
• TGO; TGP; FA
• Creatinina; Ureia
• Lipidograma
• Glicemia de jejum
• Albumina
• Vitamina D
• TSH e T4 livre
• Cálcio total
• Urina
PRÁTICA CLÍNICA
Dificuldade alimentar de longa duração >3 meses
o Velocidade de crescimento significativamente desacelerado com sinais de atraso de desenvolvimento
o Exame físico alterado
o Pais incapazes de cooperar com o tratamento ou que manifestam mal-estar com a situação
o Fatores de risco adicional
CONDUTA
o Apresentar os alimentos em quantidades pequenas para encorajar a criança a comer;
o Adotar o uso de utensílios adequados ao tamanho da criança;
o Para as crianças que ingerem grandes quantidades de leite, diminuir o volume e a frequência;
o Limitar o consumo de líquidos durante as refeições;
o Respeitar os períodos de pouco apetite e as preferências alimentares;
o Casos graves exigem assistência psicológica.
ORIENTAÇÕES
o Permitir que a criança conheça e aprenda sobre as características dos alimentos e/ou preparações;
o O principal objetivo é que a criança tenha estímulos sensoriais em relação aos alimentos, a fim de ampliar o leque de alimentos
conhecidos.
o Recomenda-se levar a criança ao supermercado, feira que permitam não apenas a observação dos produtos, mas também,
quando possível, tocar, sentir e experimentar os alimentos.
o Evitar atitudes imponentes/inoperantes no enfrentamento das dificuldades alimentares. Esse quadro de desânimo pode ser
evidenciado por frases como “hoje você não vai querer comer né” “será que você vai comer hoje” “será que vai acontecer esse
milagre”
o É aconselhável também estimular a autonomia da criança por meio de delimitação do espaço alimentar com o uso de cadeirões,
o que proporciona estabilidade ao prato e contenção do comportamento exploratório da criança.
o Refeições muito demoradas resultam em perda da atratividade do alimento, que esfria e fica espesso. É essencial acordar com os
pais que a criança não seja punida por não comer e que se faz necessário estipular um tempo limite para o inicio e o termino das
refeições
SELETIVIDADE ALIMENTAR
o Situação em que a criança apresenta recusa total ou parcial a determinados tipos de alimentos em
razão de características como cheiro, sabor, textura, aparência ou consistência.
o Outros aspectos sensoriais costumam estar envolvidos como baixa tolerância a ruídos ou sujeira e
desconforto em manipular produtos de determinadas consistências
o Pode ser leve com aversão a poucos alimentos ou grupos específicos como as frutas ou as verduras
ou ser mais extensa.
o Em geral ocorre em crianças que sofreram algum tipo de trauma relacionado ao sistema digestório
NEOFOBIA
Recusa em experimentar novos alimentos.
o Importante observar se está associada a outros traços de personalidade como níveis elevados de ansiedade,
timidez, negatividade e neofobia geral.
o Atuação: repetição à exposição de um novo alimento para que esse possa ser conhecido sem coerção ou pressão.
o É necessária uma rotina bem estabelecida para degustação de novos alimentos, na presença de familiares que
servirão de modelo.
USO DE SUPLEMENTOS
Consenso brasileiro sobre a suplementação de crianças com dificuldade alimentar:
Quando houver casos semelhantes na família que evoluíram mal sem a suplementação;
Sempre que for detectada doença de base (orgânica ou psíquica) a ser tratada, mas for necessário tempo
longo para esse tratamento;
Em uso de medicamentos que sabidamente reduzem o apetite;
Em casos de seletividade alimentar ampla por muito tempo, abrangendo macro e micronutrientes;
Suplementos modulares podem ser utilizados quando houver deficiência isolada comprovada na ingestão de
um macronutriente especifico ou prejuízo no estado nutricional da criança de acordo com a idade;
USO DE SUPLEMENTOS
Consenso brasileiro sobre a suplementação de crianças com dificuldade alimentar: