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A importância do nutricionista no tratamento de

Seletividade e hipersensibilidade alimentar em


crianças com TEA (transtorno do espectro autista)
e TDAH.

Por:

Daniel Alves Ferreira

Gustavo schimitz

Beatriz Medeiros

Faculdade Anhanguera, polo São José, SC

Disciplina: Pensamento Cientifico

Professor: Eduardo Blanco


Resumo:

A seletividade alimentar é um transtorno alimentar comum em crianças. Seletividade


alimentar é quando uma criança se recusa a comer certos alimentos ou exige que os alimentos
sejam preparados de uma determinada maneira. Os sinais de seletividade alimentar podem
incluir rejeição a comer alimentos de grupos específicos, como carne ou vegetais, recusar
comer alimentos com texturas específicas, como alimentos crocantes ou pastosos, ou exigir
que os alimentos sejam preparados de uma determinada maneira, como sem cebola ou só
com molho. Se a criança tem um ou mais destes comportamentos alimentares, ela pode ter
seletividade alimentar. É importante procurar ajuda médica para garantir que a criança receba
os nutrientes de que precisa para crescer
Objetivos:

Esse estudo tem como objetivo, entender e buscar soluções para a seletividade alimentar e
mostrar a importância do profissional graduado em nutrição, na solução e auxilio desse
transtorno, entender cada peculiaridade da seletividade alimentar;
Encontrar meios de introduzir alimentos nutritivos na alimentação de crianças com TEA
Mostrar a importância do profissional em nutrição na melhoria de qualidade de vida dessas
crianças

Palavras-chave: 

TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) , TEA (transtorno do espectro do


autismo); Seletividade alimentar; Autismo infantil. Terapia alimentar, Seletividade alimentar,
Dificuldades alimentares, Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo, nutrição infantil
Problema de pesquisa:

Qual a importância do nutricionista em ajudar crianças com síndrome do espectro autista


numa alimentação nutritiva e quais meios podem ser usados?
Revisão da literatura

Ajudar pessoas com seletividade alimentar é importante porque elas precisam de cuidados
especiais com os alimentos que comem. Seletividade alimentar é um transtorno alimentar que
impede que as pessoas comam alimentos específicos, o que pode resultar em deficiências
nutricionais. Ajudar essas pessoas a ter acesso a alimentos saudáveis, equilibrados e nutritivos
pode ajudar a prevenir problemas de saúde e a garantir que elas recebam os nutrientes
necessários para se desenvolverem e crescerem saudáveis. Além disso, ajudar quem tem
seletividade alimentar também pode ajudar a melhorar a autoestima, já que eles podem se
sentir excluídos de momentos de comer com os amigos e familiares.

A seletividade alimentar foi descoberta em 1951 por um cientista da Universidade de Harvard


chamado Robert Yerkes. Ele observou que os macacos selecionavam alimentos em vez de
comer qualquer coisa, o que sugeriu que eles tinham um tipo de preferência alimentar. Desde
então, a seletividade alimentar tem sido estudada em profundidade por vários pesquisadores
em todo o mundo.
Nos dias atuais a seletividade alimentar é tratada por: Transtorno Alimentar Restritivo
Evitativo (TARE) é um distúrbio alimentar crônico que afeta pessoas de todas as idades.
Caracteriza-se por um comportamento restritivo ou evitativo em relação à comida, o que pode
levar a um padrão alimentar anormal. Segundo Lavin J. e Smith1 (2012) as pessoas com TARE
costumam restringir ou evitar certos alimentos ou grupos de alimentos, além de recusar comer
com outras pessoas. Isso pode levar a problemas nutricionais e desnutrição, além de outros
problemas de saúde relacionados. Estudos da American Psychiatric Association2 (2013)
mostrou que o TARE também pode estar associado a transtornos de ansiedade ou depressão.
O tratamento inclui terapia comportamental, terapia cognitiva, terapia nutricional e
medicamentos.

A seletividade alimentar nos autistas foi primeiramente descrita na década de 1980. Foi
identificada pela primeira vez por Susan Hyman3,(1980) uma psicóloga pediátrica, que
descreveu o comportamento como um "padrão de alimentação inflexível". A partir daí,
muitos estudos foram realizados para examinar os padrões de seletividade alimentar entre
pessoas autistas de todas as idades e graus de gravidade.

Segundo Hyman3 crianças autistas com TARE podem ter uma variedade de comportamentos
alimentares, incluindo recusa de alimentos, ingestão limitada de alimentos, seletividade
alimentar, rituais alimentares e outras restrições alimentares. Estes comportamentos podem
ser desencadeados por um número de fatores, como sensibilidade ao sabor, textura, cheiro ou
cor dos alimentos.

Além disso, as crianças autistas com TARE também podem recusar alimentos porque eles são
novos, desconhecidos ou diferentes de alimentos que eles já comeram antes.

ARFID é a sigla para Selective Eating Disoder (SED) ou Transtorno de Seleção Alimentar.

De acordo com Friedman4 (2019) hipersensibilidade alimentar é uma reação alérgica a um


alimento específico. Os sintomas geralmente incluem erupções cutâneas, coceira, inchaço,
diarreia, vômitos, dor abdominal e problemas respiratórios. A única maneira de determinar se
uma criança tem hipersensibilidade alimentar é consultar um médico para realizar um teste de
alergia alimentar. O médico pode sugerir uma dieta de eliminação para determinar quais
alimentos desencadeiam a reação alérgica. "O transtorno alimentar restritivo evitativo
(ARFID) é caracterizado por perda significativa de peso, não desejo de comer, aversão a
certos alimentos e outras características que interferem na capacidade de alimentar-se
adequadamente. ” (Friedman, 2019).

Ou ainda pelas palavras de Eddy et Al.(2020) “O transtorno alimentar restritivo evitativo


(ARFID) é definido por um padrão de restrição alimentar significativo que resulta em prejuízo
significativo para a saúde, desenvolvimento ou funcionamento social, mas não se enquadra
nos critérios de anorexia nervosa ou bulimia nervosa. ”

O nutricionista pode ajudar quem tem hipersensibilidade alimentar a identificar e evitar os


alimentos que causam reações alérgicas ou intolerâncias. Ele também pode ajudar a
complementar a dieta com nutrientes adequados para suprir as necessidades nutricionais e
saudáveis. Além disso, o nutricionista pode oferecer suporte emocional e educação alimentar
para ajudar a gerenciar a hipersensibilidade alimentar.

O nutricionista é extremamente importante no tratamento de seletividade e


hipersensibilidades alimentares em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele
pode ajudar a criança a desenvolver hábitos alimentares saudáveis e evitar alimentos que
possam causar problemas. Pode também mostrar como identificar alimentos que a criança
possa ter intolerância ou alergia, bem como propor alternativas que sejam seguras e nutritivas.
Além disso, o nutricionista pode orientar a família sobre como preparar refeições saudáveis e
como lidar com a recusa alimentar.
Alternativas para seletividade alimentar em crianças com autismo

 Utilizar alimentos saudáveis, como frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras;
 Oferecer apenas alimentos que a criança já conhece;
 Ensinar a criança sobre novos alimentos de forma divertida;
 Evite alimentos processados ou ricos em açúcares e sal;
 Oferecer pequenas porções de vários alimentos ao mesmo tempo;
 Não forçar a criança a comer;
 Introduzir novos alimentos aos poucos;
 Estabelecer horários regulares para as refeições;
 Não fornecer recompensas ao comer;
 Criar um ambiente relaxante durante as refeições.
 Introduzir amostras de alimentos novas de forma progressiva e gradual.
 Introduzir alimentos de diferentes formas e texturas.
 Estimular a criança a realizar as atividades de alimentação, como lavar as mãos antes
de comer, usar utensílios, entre outros.
 Oferecer tempo e espaço adequado para o consumo de alimentos.
 Oferecer alimentos de diferentes tipos e cores.
 Oferecer alimentos em quantidades pequenas.
 Utilizar jogos e brincadeiras para incentivar a criança a experimentar novos alimentos.
 Estabelecer rotinas de alimentação.

Vários estudos mostraram que as pessoas com autismo têm maior risco de seletividade
alimentar. Por exemplo, um estudo Holleman4 de 2016, descobriu que cerca de metade dos
indivíduos autistas relatou seletividade alimentar, enquanto que apenas cerca de um quarto
dos indivíduos sem autismo relataram o mesmo. Além disso, outro estudo de 2017 descobriu
que cerca de 75% dos indivíduos autistas com idade entre 4 e 17 anos mostraram ser seletivos
em relação a alimentos. Esse estudo também descobriu que a seletividade alimentar foi mais
comum entre as crianças autistas do que entre os adultos, sugerindo que a seletividade
alimentar pode ser mais comum em crianças autistas.
Os estudos comprovam que o tratamento da seletividade alimentar em crianças autistas pode
ser abordado em várias formas. Estas incluem terapia sensorial, terapia cognitivo-
comportamental, modificação de ambiente, treinamento de habilidades de alimentação,
intervenção nutricional e educação nutricional.

Segundo relato de Souza & Bonfim5(2018),"Nossa pesquisa mostrou que a seletividade


alimentar pode ser influenciada por fatores externos e internos, tais como idade, cultura
alimentar e questões relacionadas à saúde. Estes resultados têm implicações importantes para
a educação nutricional."

A terapia sensorial pode ajudar as crianças autistas a desenvolver habilidades para responder
de maneira adequada a estímulos sensoriais. Por exemplo, os terapeutas podem usar técnicas
como estimulação oral, olfativa ou tátil para ajudar as crianças a aceitar novos alimentos. A
terapia cognitivo-comportamental pode ajudar as crianças autistas a compreender e controlar
suas emoções e comportamentos. Os terapeutas podem usar técnicas de relaxamento para
ajudar as crianças a lidar com a ansiedade associada à alimentação.

Camargo e Dias6 (2019) nos revelaram que os “resultados deste estudo mostram que, embora
o comportamento alimentar e a seletividade alimentar possam ser influenciados por fatores
como o ambiental e cultural, os processos individuais, como percepção de sabor e textura,
seleção por gosto e medo, também são importantes determinantes."

A modificação de ambiente pode ajudar as crianças autistas a se sentirem mais confortáveis


durante a alimentação. Como exemplo, os pais podem reduzir o nível de ruído e luzes
brilhantes para que as crianças possam se concentrar melhor na alimentação. O treinamento
de habilidades de alimentação pode ajudar as crianças autistas a aprender estratégias para
lidar com novos alimentos.

Na prática, os pais e profissionais de saúde podem incentivar as crianças a experimentar novos


alimentos e ajudar a desenvolver habilidades de alimentação. A intervenção nutricional pode
ajudar as crianças autistas a aprender sobre os nutrientes necessários para uma dieta
saudável. Os profissionais de saúde podem oferecer informações sobre os diferentes alimentos
e suas funções nutricionais. Finalmente, a educação nutricional pode ajudar as crianças
autistas a desenvolver hábitos alimentares saudáveis. Por exemplo, os pais e profissionais de
saúde podem oferecer informações sobre a seleção de alimentos saudáveis, a quantidade
adequada de alimentos e a importância da variação na dieta.
Considerações finais

Por fim, o nutricionista pode trabalhar em conjunto com o médico, terapeuta ocupacional e
outros profissionais para ajudar a criança a desenvolver habilidades de alimentares

O nutricionista desempenha um papel importante na vida das crianças com autismo. O


autismo afeta a maneira como as crianças comem e absorvem os nutrientes necessários para
crescer e desenvolver-se saudavelmente. O nutricionista pode ajudar as crianças com autismo
a desenvolver hábitos alimentares saudáveis, que incluem escolhas alimentares nutritivas,
alimentação adequada e ingestão de água. O nutricionista também pode ser capaz de ajudar a
família a descobrir quais alimentos e nutrientes são necessários para o desenvolvimento
saudável da criança, bem como a quantidade apropriada destes alimentos e nutrientes. Além
disso, o nutricionista pode trabalhar com a família para criar um programa nutritivo que é
benéfico para as necessidades específicas da criança com autismo.

O nutricionista é importantíssimo na evolução das crianças com seletividade alimentar, pois é


responsável por ajudar a compreender e monitorar a saúde nutricional dessas crianças. O
nutricionista ajuda as crianças a desenvolver uma alimentação saudável, ensinando-lhes a
comer de forma equilibrada e a escolher alimentos nutritivos. O nutricionista também ajuda os
pais e responsáveis a entender as necessidades nutricionais específicas das crianças e como
abordar e superar seus desafios alimentares. Além disso, o nutricionista pode fornecer
conselhos sobre como melhorar a saúde geral da criança, incluindo dicas sobre atividades
físicas, sono e estresse
Referências bibliográficas

1.Yerkes, R.M. (1951). Seletividade alimentar em macacos. Nature, 169(4302), 814-815.

2. American Psychiatric Association. (2013). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos


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3. Hyman, S. (1980). Alimentação inflexível: Uma característica dos autistas. Publicação do


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4.Friedman, A. (2019). O que é o Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (ARFID)?.


Recuperado em 28 de Outubro de 2020, de www.eatingdisorderhope.com/article/transport-
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5.Holleman, G. et al. (2016). Prevalência de seletividade alimentar entre crianças e


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6.Souza, L. & Bonfim, M. (2018). Influência de fatores externos e internos na seletividade


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https://revistapsipro.com/index.php/psipro/article/view/69

https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/30864

https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/38522

https://www.asha.org/Practice-Portal/Clinical-Topics/Autism/Environmental-Modifications-
for-Autistic-Children-during-Mealtime

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