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SELETIVIDADE ALIMENTAR NO

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2023
NUTRINDOESPERANCA
Assim como cada criança
autista é única, também o é a
jornada da alimentação.
Que este E-book seja uma fonte
de inspiração para
transformar desafios em
conquistas, guiando-o pelo
caminho da nutrição com
compreensão, empatia e amor

Ana Maria Timbó


ÍNDICE
1. O que é o Autismo

2. A Seletividade Alimentar no
Autismo

3. Possíveis causas da Seletividade


Alimentar no Autismo

4. Sinais de Alerta para Seletividade


Alimentar em Crianças Autistas

5. #ficaadica
O QUE É AUTISMO
O autismo é um espectro amplo e complexo que abrange
uma diversidade única de experiências e habilidades.

Segundo o DMS-5 é intitulado de Transtorno do Espectro


Autista (TEA) sendo uma condição neurodesenvolvimental
que se manifesta de maneira única em cada indivíduo na
primeira infância. Caracterizado por diferenças na
comunicação social, comportamentos repetitivos e padrões
de interesses específicos, o autismo não segue uma
fórmula única. Em vez disso, representa um espectro,
abrangendo uma ampla variedade de experiências,
habilidades e desafios.

É vital compreender que não existe uma representação


única do autismo. O espectro engloba desde aqueles que
enfrentam desafios significativos de comunicação e
interação social até aqueles que exibem habilidades
extraordinárias em áreas específicas. Reconhecer e
celebrar essa diversidade é fundamental para promover
uma compreensão mais profunda e uma aceitação mais
ampla.

Ao explorarmos as características fundamentais do autismo


vamos estabelecendo as bases para uma compreensão
atualizada e descobriremos como essas características se
relacionam com a seletividade alimentar, fornecendo uma
visão mais holística e prática para lidar com os desafios
alimentares específicos enfrentados por muitas crianças no
espectro do autismo.

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A SELETIVIDADE ALIMENTAR
A seletividade alimentar é uma realidade enfrentada por
muitas famílias, independentemente de sua configuração
ser considerada típica ou atípica. No entanto, sua
prevalência é notavelmente mais alta entre crianças
autistas, atingindo uma significativa porcentagem de 80%
dentro desse grupo.

A seletividade alimentar pode ser definida como a recusa


ou aversão sensorial a determinados sabores, texturas ou
cores, por vezes evoluindo para o desenvolvimento de
fobias específicas em relação a certos alimentos. Essa
complexa interação entre as preferências alimentares e as
características sensoriais pode representar um desafio
significativo para crianças no espectro do autismo.

Paralelamente ao autismo, a seletividade alimentar se


manifesta em um espectro variado, abrangendo desde
formas mais leves até casos mais severos. Assim como cada
criança autista é única em suas características, a
seletividade alimentar também se apresenta de maneira
singular em cada caso.

Compreender a seletividade alimentar como uma


cormobidade importante e integrante do espectro do
autismo é fundamental para abordar suas complexidades
de maneira eficaz. Ao reconhecermos a diversidade dessas
experiências, estaremos mais preparados para explorar
estratégias nutricionais específicas.

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POSSÍVEIS CAUSAS DA
SELETIVIDADE ALIMENTAR
A seletividade alimentar em crianças autistas pode ter
diversas origens, desde fatores orgânicos até experiências
comportamentais e históricas. Vamos listar as principais.

Problemas Orgânicos

Alergias: as alergias alimentares e respiratórias


representam uma das causas orgânicas mais
significativas associadas à seletividade alimentar em
crianças autistas. Estas alergias podem desencadear
reações adversas que não apenas impactam a saúde
física, mas também influenciam as escolhas alimentares
e preferências.

Anomalidades estruturais: como freio curto e


estreitamento esofágico interferem no processo de
escolhas alimentares.

Desordes gastrointestinais: condições como disbiose,


constipação, diarreia, má absorção de nutrientes,
inflamação intestinal, refluxo e esofagite emergem
como fatores-chave, impactando não apenas a saúde
digestiva, mas também as preferências alimentares.

Infecções: sejam elas bacterianas, virais ou fúngicas,


têm o potencial de modificar o paladar e a sensação de
saciedade. Se prolongadas, essas condições podem
contribuir para o desenvolvimento da seletividade
alimentar.

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Alterações Sensoriais

As alterações sensoriais representam um componente


significativo na experiência das crianças autistas e
desempenham um papel crucial nas suas preferências
alimentares e frequentemente apresentam alterações
sensoriais, que podem manifestar-se como
hipersensibilidade (aumento da sensibilidade) ou
hipossensibilidade (diminuição da sensibilidade) em relação
aos estímulos sensoriais, como sabor, textura, cheiro e cor
dos alimentos.

A sensibilidade às texturas pode ser especialmente


influente. Crianças autistas podem ter preferências ou
aversões específicas a alimentos com texturas particulares,
como aqueles considerados muito pegajosos, crocantes, ou
cremosos.

Alimentos que envolvem múltiplos estímulos sensoriais


simultaneamente, como pratos mistos ou com
combinações inusitadas de sabores, podem representar
um desafio. A complexidade sensorial desses alimentos
pode ser avassaladora para certas crianças autistas,
impactando diretamente suas escolhas alimentares.

Compreende a base das preferências e aversões sensoriais


é essencial ao abordar a seletividade alimentar com o
objetivo de desenvolver estratégias eficazes.

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Problemas Oral-Motor - Habilidades

A habilidade de se alimentar eficientemente não está


apenas relacionada ao gosto, mas também é fortemente
influenciada pelas habilidades orais e motoras como
controle de postura, mastigação e deglutição.

O processo de alimentação envolve uma série complexa de


habilidades orais e motoras, desde a manipulação
adequada dos alimentos na boca até a coordenação
necessária para mastigar e engolir.

Dificuldades na mastigação podem levar à preferência por


alimentos de textura mais macia ou à recusa de alimentos
mais desafiadores, como frutas ou vegetais.

Habilidades motoras finas, necessárias para manipular


talheres, podem impactar a independência na alimentação
e influenciar a escolha de alimentos que exigem menos
destreza.

Deficiências na coordenação para engolir podem resultar


em aversões a alimentos que demandem uma mastigação
mais prolongada ou uma manipulação mais complexa.

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Deficiências Nutricionais

A relação entre deficiências nutricionais e seletividade


alimentar em crianças autistas é complexa e multifacetada.

A carência de nutrientes essenciais, como vitaminas e


minerais, exerce impacto adverso no desenvolvimento
infantil, afetando tanto as habilidades motoras quanto
cognitivas. Além disso, a relação entre deficiência
nutricional e seletividade alimentar não apenas restringe o
acesso a nutrientes cruciais, mas também influencia
negativamente o paladar e as preferências alimentares.

A seguir, apresentamos alguns exemplos claros de como a


falta de determinados nutrientes pode afetar a escolha de
alimentos:

Magnésio:
Impacto no Paladar: A deficiência de magnésio pode afetar
diretamente o paladar, influenciando a percepção dos
sabores. Isso pode levar a uma mudança nas preferências
alimentares, onde alimentos antes apreciados podem
perder seu apelo devido à falta desse importante mineral.

Vitamina A:
Preferência por Alimentos Crocantes ou Duros: A falta de
vitamina A pode resultar na preferência por alimentos
crocantes ou duros, como cenouras e raízes. Essa
preferência pode ser uma resposta inconsciente do corpo
na tentativa de suprir a deficiência desse nutriente. Além
disso, a carência de vitamina A pode impactar
negativamente a saúde ocular, o sistema imunológico e o
crescimento.

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Vitamina B6:
Interferência na Concentração e Paciência: A deficiência de
vitamina B6 pode interferir na capacidade de concentração
e paciência. Essa carência nutricional pode manifestar-se
em um menor controle cognitivo, afetando a disposição
para experimentar novos alimentos e influenciando a
tolerância a diferentes texturas e sabores.

Zinco:
O zinco é um mineral essencial envolvido em várias funções
fisiológicas, incluindo o desenvolvimento do paladar e a
regulação do apetite e por isso, a sua deficiência em muitos
casos pode alterar o paladar, comprometer o apetite,
impactar no Comportamento Alimentar levando o indivíduo
a evitar certos grupos de alimentos ou desenvolver
preferências alimentares restritas e comprometer o
desenvolvimento Cognitivo e Comportamental podendo
contribuir para padrões alimentares específicos e para a
resistência em experimentar novos alimentos

Uma alimentação desequilibrada pode levar à carência de


energia e vitalidade, impactando negativamente o apetite e
a disposição para adotar uma variedade de alimentos.
Portanto, é crucial seguir uma dieta equilibrada que
englobe todos os grupos alimentares, fornecendo não
apenas macronutrientes, como carboidratos, proteínas e
gorduras, mas também micronutrientes essenciais.

Compreender como cada nutriente desempenha um papel


específico no funcionamento do organismo é crucial para
abordar a seletividade alimentar de maneira holística. Ao
priorizar uma dieta balanceada e rica em nutrientes, é
possível promover uma relação mais saudável e
diversificada com os alimentos.

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Uso de Certos Medicamentos

O uso de medicamentos por crianças autistas é uma


realidade para muitas famílias, e é importante
compreender como determinados medicamentos podem
afetar o paladar e o apetite, desempenhando assim um
papel significativo na seletividade alimentar ou até mesmo
na compulsão alimentar já que estimulam o apetite,
levando a uma maior ingestão de alimentos específicos,
enquanto outros podem ter o efeito oposto, resultando em
uma redução do apetite.

Problemas Comportamentais (Rigidez)

A rigidez comportamental é uma característica própria do


autismo e pode desempenhar um papel marcante na
seletividade alimentar. Crianças autistas muitas vezes
preferem consistência e previsibilidade em suas rotinas,
incluindo a alimentação. A introdução de novos alimentos
pode ser encarada como uma ruptura nessa rotina,
gerando resistência.

Histórico Alimentar, Cultura e Experiência

O histórico alimentar e as experiências passadas


desempenham um papel fundamental na formação das
preferências alimentares. Experiências alimentares
anteriores, marcadas por associações positivas ou
negativas, podem influenciar significativamente as
preferências. Eventos traumáticos, como engasgos,
náuseas ou qualquer experiência desagradável durante as
refeições, podem gerar aversões duradouras ou evitação a
determinados alimentos.
Preferências e aversões transmitidas culturalmente podem
influenciar as escolhas alimentares.

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SINAIS DE ALERTA PARA SELETIVIDADE
ALIMENTAR EM CRIANÇAS AUTISTAS
A seletividade alimentar em crianças autistas pode se
manifestar de diversas formas, exigindo uma atenção
cuidadosa por parte dos pais e cuidadores. Alguns sinais
específicos merecem destaque, indicando a possibilidade
de desafios alimentares que podem requerer intervenção e
suporte especializado.

Dificuldade em Deixar a Mamadeira: Crianças autistas


podem apresentar dificuldade em transicionar de métodos
de alimentação mais familiares, como a mamadeira, para
formas mais convencionais. A resistência a essa mudança
pode ser um sinal de sensibilidade a alterações na rotina
alimentar.

Hipersensibilidade a Texturas e/ou Temperaturas: A


hipersensibilidade a texturas e temperaturas dos alimentos
é um sinal comum de seletividade alimentar em crianças
autistas. A recusa de alimentos devido a características
específicas, como consistência ou temperatura, pode
limitar significativamente a variedade de alimentos
ingeridos.

Recusa a Mudanças na Dieta: Crianças autistas muitas


vezes resistem a mudanças em sua dieta. A recusa
persistente em experimentar novos alimentos ou aceitar
modificações na alimentação pode indicar seletividade
alimentar.

Preferências Alimentares Limitadas: A presença de


preferências alimentares extremamente limitadas, onde a
criança aceita apenas um conjunto restrito de alimentos,
pode ser um indicador de seletividade alimentar. A
monotonia na dieta pode resultar em deficiências
nutricionais.

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Alimentação Não Semelhante à da Família aos 18
Meses: Quando a alimentação da criança aos 18 meses não
reflete a dieta da família, isso pode sinalizar seletividade
alimentar. A falta de progresso na diversificação alimentar é
um ponto de atenção.

30 Dias sem Consumir Alimentos Anteriormente


Aceitos: A interrupção repentina de alimentos
anteriormente aceitos por um período prolongado, como
30 dias, pode indicar seletividade alimentar. Essa mudança
pode ser resultado de aversões sensoriais, recusa
comportamental ou outras questões subjacentes.

A observação atenta desses sinais é crucial para uma


intervenção precoce e eficaz. Profissionais de saúde,
incluindo nutricionistas e terapeutas ocupacionais e
psicólogos, podem desempenhar um papel fundamental na
avaliação e desenvolvimento de estratégias adaptadas para
promover uma relação mais saudável e flexível com a
alimentação em crianças autistas.

O suporte familiar e a compreensão das necessidades


específicas da criança são elementos essenciais para
enfrentar desafios alimentares e promover um
desenvolvimento nutricional adequado.

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#FICAADICA
Enfrentar desafios alimentares em crianças autistas requer
uma abordagem paciente, adaptativa e repleta de
estratégias práticas. Aqui estão algumas dicas valiosas para
apoiar o desenvolvimento de hábitos alimentares mais
flexíveis:

Lista de Alimentos Consumidos: Mantenha uma lista dos


alimentos que a criança consome regularmente. Isso pode
ser útil para identificar padrões, introduzir variações de
forma gradual e categorizar os grupos alimentares mais e
menos consumidos.

Identificação de Alimentos que Alteram


Comportamento: Observe e identifique alimentos que
possam influenciar o comportamento da criança. Isso pode
ajudar a criar estratégias específicas para minimizar
desconfortos ou reações adversas.

Exposição e Oportunidade Sensorial: Exponha a criança a


uma variedade de alimentos, deixando-os disponíveis e
oportunizando experiências sensoriais. Isso pode contribuir
para uma aceitação mais ampla ao longo do tempo. Isso
pode e deve acontecer de forma lúdica.

Introdução Gradual de Novos Alimentos: Introduza


gradualmente novos alimentos, permitindo que a criança
explore diferentes texturas e sabores em seu próprio ritmo.

Participação Ativa na Preparação de Refeições: Incentive


a participação ativa da criança na preparação das refeições.
Isso despertará interesse pelos alimentos e promoverá
uma relação mais positiva com a alimentação, além de
contribuir com um futuro mais independente.

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Experimentação de Diferentes Apresentações:
Experimente diferentes apresentações e receitas,
explorando variedades como cru versus cozido, entre
outras.

Cuidado na Montagem do Prato: Evite camuflar


ingredientes no prato e respeite a montagem,
considerando preferências visuais.

Ambiente Aconchegante e Apropriado: Mantenha o


ambiente das refeições aconchegante e apropriado,
promovendo uma atmosfera positiva durante as refeições.

Reforço Positivo: Reforce positivamente as tentativas e


aceitação de novos alimentos. Incentivar de maneira
positiva reduz a ansiedade associada a mudanças na dieta.
Elogie e recompense a criança quando ela experimentar
um novo alimento, tornando esse momento lúdico e leve.

Comunicação Antecipada e Envolvimento na Discussão:


Comunique antecipadamente as mudanças na dieta e
envolva a criança na discussão. Isso ajuda a reduzir a
ansiedade relacionada à rigidez comportamental.

Paciência e Repetição: Tenha paciência e repita a oferta


de novos alimentos. A repetição gradual pode contribuir
para a aceitação ao longo do tempo.

Evitar Lanches Fora de Hora: Evite lanches fora de hora


ou livre acesso a alimentos para preservar o apetite
durante as refeições principais.

Rotina para as Refeições: Crie uma rotina para as


refeições com um passo a passo claro, como lavar as mãos
e ajudar a colocar a mesa.

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Sem Eletrônicos Durante as Refeições: Evite o uso de
aparelhos eletrônicos durante as refeições para promover
uma experiência mais focada e interativa.

Histórias Sociais e Apoio Familiar: Utilize histórias sociais


para preparar a criança para mudanças na dieta e busque
apoio familiar. O envolvimento da família é essencial para o
sucesso.

Oferta de Alimentos Variados à Mesa: Ofereça alimentos


variados à mesa para que a criança possa se servir caso
tenha interesse, utilizando a estratégia do Prato de
Aprendizagem.

Habilidades Básicas e Motoras: Invista nas habilidades


básicas e motoras, bem como na integração sensorial para
facilitar a aceitação de diferentes texturas e sabores.

Tratamento de Problemas Biológicos: Se necessário, trate


problemas biológicos como gastrointestinais, alergias ou
intolerâncias para garantir uma abordagem holística.

Consulte um Nutricionista: Consulte um nutricionista


para desenvolver um plano alimentar equilibrado,
adaptado às necessidades específicas da criança autista.

Lembre-se, a persistência é fundamental. Enfrentar a


seletividade alimentar exige tempo, paciência e um esforço
contínuo. Com dedicação e uma abordagem adaptativa, é
possível criar uma experiência alimentar mais positiva e
saudável para a criança autista.

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