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Compulsão Alimentar

na Adolescência

JANAINA VIANA ALVES VIEIRA


LUDMILA BARRETO DE SOUZA OLIVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Pós Graduação em Nutrição Clínica

JANAINA VIANA ALVES VIEIRA


LUDMILA BARRETO DE SOUZA OLIVEIRA

Orientadora : Viviane Machado

Rio de Janeiro - 2021


1- Introdução
Sumário 2- Hábito x Comportamento
3- O transtorno da Compulsão Alimentar periódica (TCAP)
4- Adolescência
5- Etiologia da Compulsão Alimentar na Adolescência
6- As principais causas da compulsão alimentar na adolescência
7- Diagnóstico
8- Fatores Psicológicos e Genéticos
9- Fatores Somáticos

10- Fatores Individuais Diversos


11- Abordagem Nutricional para Adolescentes
12- Terapia Cognitiva
13- Diário Alimentar
14- Aconselhamento Nutricional
15 -MINDFUL EATING– (Comer com atenção)
16- INTUITIVE EATING – (Comer Intuitivo)
17- Entrevista motivacional
18- Tratamento Multidisciplinar
19 - Conclusão
Referências
Prefácio

Este E-book foi desenvolvido abarcado pelo


conhecimento técnico e científico, estabelecido
pelo objetivo de evidenciar a importância da
abordagem nutricional na compulsão alimentar
de adolescents.
Introdução
A alimentação é uma necessidade humana, indo além do valor
nutritivo. O comportamento alimentar é um fenômeno complexo, vai
além do ato de comer. A ingestão de alimentos está relacionado aos
estímulos internos e externos que estão atrelados a fatores psicológicos,
sociais e orgânicos (SOUTO; FERRO-BUCHER, 2006)(SOUTO;
FERRO-BUCHER, 2006).

É na adolescência que os hábitos alimentares se consolidam, além de


ser um período de altas necessidades nutricionais, sendo estas,
responsáveis por propiciar adequado crescimento e desenvolvimento
físico, psicológico e social.
Adolescência
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência é um
período da vida no qual acontecem diversas mudanças físicas,
psicológicas e comportamentais, que começa aos 10 e vai até os 19 anos.
No Brasil, para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ela
começa aos 12 e vai até os 18 anos.
A puberdade é identificada como o momento em que o adolescente precisa começar a
assumir outro papel social, o que implica novas responsabilidades e uma nova posturas
frente à vida.
Como essas mudanças ocorrem de uma forma muito rápida, o adolescente pode se
sentir confuso e cheio de dúvidas. É ainda nesta fase em que ocorrem modificações nas
funções cognitivas, psicossociais e a busca pela independência socioeconômica e a
autonomia no grupo social (BENNETT; EISENSTEIN, 2001).

Diante de todas essas mudanças na anatomia e na fisiologia do


adolescentes, geralmente ocorrem também mudanças
comportamentais.
Na adolescência, o indivíduo define a imagem corporal estabelecido
pela forma como o outro lhe vê ou percebe, não por uma percepção real
em relação ao seu próprio corpo.

Na adolescência o indivíduo realiza, uma idealização física e


subjetiva, resultante de suas emoções e experiências, funcionando
como um retrato formado em sua mente (KANNO et al., 2008).
Devido a grande importância que é dada a aparência física, sendo esta,
essencial para aceitação dos adolescentes em seus grupos, existe uma
associação entre identidade e imagem corporal. No entanto, muitas vezes os
adolescentes não consideram aspectos tais como: saúde e as diferentes
constituições físicas da população quando se referem ao modelo idealizado
de beleza e padrão, e assim, muitos abrem mão uma vida saldável em busca
de um padrão de beleza ou, para a aceitação de um grupo ou comunidade
(BRANCO; HILÁRIO; DE PÁDUA CINTRA, 2006).
Hábito x Comportamento
Existem diferenças entre hábitos e comportamentos alimentares.

Os comportamentos podem ser ou não sucessivos, já o hábito tem a


necessidade de repetição, estabelecendo uma ligação direta com o tempo.
Para Freitas et al. (2012), o hábito alimentar relaciona-se com a percepção
sobre a comida.
Na Nutrição entende-se que os hábitos são formados desde a infância, e estes, e
vão se modificando de acordo com o processo de socialização.

Posteriormente, na adolescência, os hábitos alimentares se modificam, o que


ocorre na busca pela identidade grupal, situação esta que ao longo da vida sofrerá
outras influências, novamente produzindo mudanças e alterações nos hábitos
alimentares de um indivíduo (PACHECO, 2008).
Transtornos alimentares (TAs): Definição
Os transtornos Alimentares (TAs), podem ser classificados como mudanças do
comportamento alimentar que podem levar ou não a alterações do peso do indivíduo.

Os principais tipos de transtornos alimentares são: a


anorexia nervosa e a bulimia nervosa, mas encontramos
ainda o transtorno compulsivo alimentar periódico e a
vigorexia.
ETIOLOGIA DOS TRASNTORNOS ALIMENTARES

Os Transtorno Alimentares (TAs) são caracterizados pelas alterações no comportamento


alimentar.

Muitos estudos evidenciam o aumento da incidência dos transtornos alimentares (TA),


porém, não há consenso se essa incidência está relacionada com o aumento de casos, se está
relacionado ao maior conhecimento e divulgação do assunto, situação que possibilita que o
diagnóstico ocorra com maior precisão.

As primeiras estimativas de transtornos alimentares na população em geral superestimaram a


bulimia nervosa. O estudo Bushnell et al (2003) apresenta que a bulimia nervosa ocorre em
As primeiras estimativas de transtornos alimentares na população em geral superestimaram
a bulimia nervosa. O estudo Bushnell et al (2003) apresenta que a bulimia nervosa ocorre em
cerca de 1% das mulheres jovens ocidentais e que as síndromes de transtornos alimentares
parciais ou Transtornos Alimentares sem outra especificação (TASOE), aplicados aos critérios
do DSM-IV,6 ocorrem em 2% a 5% das mulheres jovens, já a anorexia nervosa provavelmente
ocorre em menos de 0,5 % dessa população
Transtornos alimentares (TAs) na infância
e adolescência:
Os transtornos alimentares geralmente apresentam as suas primeiras manifestações na infância e na
adolescência.

As alterações do comportamento alimentar são divididas em em dois grupos: transtornos que


ocorrem precocemente na infância representados nas alterações da relação da criança com a
alimentação. Condições não associadas a uma preocupação excessiva com o peso.

São transtornos comuns à primeira infância: a pica e o transtorno de ruminação. O segundo grupo
de transtornos tem o seu aparecimento mais tardio, constituído pelos transtornos alimentares
propriamente ditos
Relação com a Forma Física

Nos transtornos alimentares geralmente ocorre sofrimento psicológico devido à


depreciação da imagem física e preocupação excessiva com o peso, e da imagem
corporal.

Esta condição emocional, muitas vezes contribui para práticas alimentares


anormais, ocasionando um consumindo alimentar compulsivo, ação esta, por vezes
atrelada a um mecanismo compensatório (PIVETTA; GONÇALVES-SILVA, 2010)
Transtorno da Compulsão Alimentar
periódica (TCAP)
O transtorno de compulsão alimentar (TCA = CA), é caracterizado como a falta de
controle no ato de se alimentar. Mesmo o indivíduo estando satisfeito fisiologicamente, ele
não consegue parar de comer.

Quando esse transtorno tem uma periodicidade regular e frequente, ele


é denominado de compulsão alimentar periódica (TCAP), diagnosticada
quando ocorrem episódios recorrentes de pelo menos duas vezes por
semana durante três meses.
Transtorno da Compulsão Alimentar
periódica (TCAP)

Pacientes com Transtorno Compulsivo Alimentar Periódico (TCAP) apresentam episódios de


compulsão alimentar, mas não utilizam medidas extremas para evitar o ganho de peso como na
bulimia. A maioria dos pacientes com o transtorno de compulsão alimentar é obesa.
•Quantidades e velocidades maiores do que a maioria das pessoas conseguiria
Compulsão comer em uma situação similar, associada à sensação de perda de controle,
Alimentar seguida por sentimentos de culpa, angústia e sofrimento.
•Acontece quando há um relação emocional envolvida, o alimento é utilizado
como forma de conforto, uma via não funcional para lidar com emoções.
•Ciclo de restrição e compulsão, pode começar com desconforto com corpo.

•É o consumo esporádico, bastante aumentado, de um alimento, como:


Exagero (repetir duas vezes uma porção de doce).
•O comer exagerado é uma situação que pode ocorrer com todos nós.
Alimentar
•Algumas situações podem ser observadas, como: não prestar atenção quando
for comer; ficar muitas horas em jejum; porque estava gostoso; por hábito;
ansiedade; e até mesmo em festas comemorativas.
Ciclo da Compulsão Alimentar
Busca de experiências
gratificantes
Recuperação do repetição da
equilíbrio experiência

Redução do mal -
Queda da sensação
estar
de prazer

Consumo e
alívio Mal - estar

Desespero
Etiologia da Compulsão Alimentar na
Adolescência
A etiologia dos TA é considerada multifatorial.
Pacientes que sofrem de compulsão alimentar vivem em meio a centenas de sentimentos
conflituosos, além de possuírem sentimentos de autocondenação, medo e raiva também são
tomados pelo desconforto físico (ESPÍNDOLA; BLAY, 2006).

Apesar da compulsão alimentar estar presente em qualquer faixa etária, os


adolescentes são os mais afetados, pois estão em fase de desenvolvimento e
sentem-se pressionados pela família, pela sociedade e pela mídia.
As preocupações com peso e forma corporal são excessivas, e como os
adolescentes se sentem acuados para falar sobre, acabam descontando na comida

Acredita-se que a adolescência representa o ciclo de vida de maior exposição


para sua ocorrência (BRANCO; HILÁRIO; CINTRA, 2006), com uma maior
incidência em jovens que apresentam relação conturbada com o alimento e o corpo
(ALVARENGA; SCAGLIUSI. PHILIPPI, 2011).
Principais causas do TACs em Adolescentes

Acredita-se que a adolescência represente o ciclo de vida de


maior exposição para sua ocorrência dos Transtornos
Alimentares apresentando maior incidência em jovens com
relação conturbada com o alimento e o corpo (ALVARENGA;
SCAGLIUSI. PHILIPPI, 2011).
As principais causas para este distúrbio na adolescência, estão as questões relacionadas a
desilusões amorosas, fracasso emocional ou perda de alguém querido.

Como estratégia, o adolescente muitas vezes utiliza a comida para


preencher tais vazios emocionais. Além disso, a comida é para essas
pessoas como se fosse um presente, um sinônimo de felicidade, trazendo
para os mesmos sentimentos de prazer e euforia (FONSECA;
OLIVEIRA, 2006).
Diagnóstico

O TCA tornou-se um diagnóstico no Manual Diagnóstico e Estatístico dos


Transtornos Mentais - DSM-V (American Psychiatric Association) somente após
extensas pesquisas confirmarem sua utilidade clínica e validade. Mais
recentemente, em junho/2018, foi reconhecido também pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) como um transtorno alimentar.
Fatores Psicológicos
Baixa autoestima;
Atribuem falhas de autocontrole a deficiências pessoais;
Alterações cognitivas;
Sentimentos de angustia;
Comportamentos disfuncionais;
Sentimento de desesperança;
Não conseguem enxergar outras situações em que têm autocontrole;
Insatisfação com a própria identidade;
Atentam seletivamente para subsídios que confirmam suas crenças e valor
pessoais – peso e forma; Tendência a buscar aprovação externa; isolamento social.
Fatores Genéticos
Fatores genéticos têm sua importância, embora existam evidências demonstrando a
participação de fatores ambientais específicos na transmissão da doença. Estudos
apresentam que há mecanismos de transmissão da doença dentro das famílias.

Estudo também apresentaram que recém-nascidos e seus pais no que diz respeito aos
problemas alimentares na infância, identificando que a insatisfação corporal da mãe, o
ideal de magreza, o comportamento de fazer dieta e o maior índice de massa corporal da
mãe e do pai aumentam a chance de aparecimento de problemas alimentares na infância, o
que aumenta o risco para (Tas)
Fatores Precipitantes

A dieta, isoladamente, não é suficiente para produzir os TA. Ela precisa interagir com os
fatores de risco já descritos para levar a este desfecho.

O desejo intenso de fazer partes dos padrões constrói a ideia na necessidade da restrição
alimentar, e esta, na compulsão alimentar só serve de gatilho para o aparecimento das
atos de compulsões alimentares
Fatores Somáticos
Alterações noradrenérgicas e da serotonina (5-HT) podem exercer uma pré-dispição por
meio de ações que afetam primariamente o humor, o controle do impulso, obsessividade e a
regulação da fome e saciedade nos TA. A administração de agentes serotoninérgicos em
animais e pessoas sem transtornos alimentares suprime o comportamento alimentar
(velocidade do ato de se alimentar e tamanho das refeições), particularmente, diminuindo a
ingestão de carboidratos.

Os Efeitos da 5-HT podem ser resumidos como uma intensificação da saciedade após o
inicio do comportamento consumatório de alimento.
Fatores Somáticos

Uma vez que ocorre uma clara preferência por alimentos altamente calóricos, como
os carboidratos.

Durante os episódios de compulsão alimentar, este comportamento pode ser visto


como uma alteração na produção da saciedade, mais especificamente, por uma
atividade deficiente na circuitaria serotoninérgica
Fatores Individuais
Diversos estudos já sugerem que experiências sexuais adversas podem ser fatores
importantes na etiologia dos TA.

Hoje em dia, considera-se que o trauma sexual aumenta a vulnerabilidade aos


transtornos psiquiátricos em geral, sendo assim, apresenta-se como um fator de risco
não-específico, nos Trasntornos Compulsivos Alimentares (MILLER, 2018)
Abordagem Nutricional para Adolescente

O tratamento nutricional profissional deve ocorrer tendo como base


uma detalhada anamnese para a coleta dos hábitos alimentares do
paciente e histórico da doença.

É importante analisar crenças nutricionais e a relação com os


alimentos. Sendo este dividido em duas fases: educacional e
experimental.
Abordagem Nutricional: Fase Primária

A fase inicial deve ter como foco a educação nutricional, sendo o


diferencial no tratamento, onde o nutricionista precisa trabalhar
desmistificando mitos e crenças alimentares que, às vezes, causam
sofrimento ao paciente,.

Esta etapa envolve conceitos de alimentação saudável, tipos, funções e


fontes dos nutrientes, recomendações nutricionais, consequências da
compulsão alimentar e das restrições.
Abordagem Nutricional: Segunda Fase

Na fase seguinte - fase do aconselhamento, o foco é a relação que o paciente


tem com o alimento e seu corpo, neste momento a atuação do Nutricionista deve
ser voltada no sentido de ajudar nos processos relacionados a necessidade que o
adolescente tem de conhecer os significados que o corpo e a alimentação possuem
(VILANOVA et al., 2018).
O papel do profissional Nutricionista nos
transtornos alimentares

A participação do nutricional no tratamento dos TA é


fundamental, tendo em vista que essas doenças
implicam alterações profundas no consumo, no padrão e
no comportamento alimentar de adolescêntes.
Atendimento Nutricional
Os atendimentos nutricionais ocorrer de forma individual ou em grupo, Temas relacionados às
fases de educação nutricional e até mesmo fase experimental, podem ser expressos para grupos de
um mesmo transtorno alimentar, no entanto, deve sempre que possível, em virtude das diferenças
de cada paciente ser ofertado o atendimento individual.

Os momentos individuais devem ser utilizados para: para análise


dos diários alimentares, mudanças na alimentação e
estabelecimento de metas (PHILIPPI; ALVARENGA;
SCAGLIUSI, 2011)
O tratamento nutricional deve visar à promoção de hábitos alimentares
saudáveis, o fim de comportamentos inadequados (como a restrição, a
compulsão e a purgação) e a melhora na relação do paciente para com o
alimento e o corpo.
Terapia Cognitiva Comportamental - TCC
A terapia cognitiva procura produzir mudanças emocionais e comportamentais duradouras. Para isso,
são necessárias habilidades como escuta, empatia, preocupação, respeito e autenticidade. As sessões
terapêuticas buscam soluções objetivas para o problema, buscando analisar o pensamento negativo
associando aos problemas e mudanças necessárias. A estrutura das sessões podem ser parecidas para os
vários TAs, porém as intervenções podem variar de paciente para paciente (PETERSON, 2018).

O Terapeuta Nutricional não vai interferir nos pensamentos ou emoções,


mas, sim, utilizar técnicas e ferramentas baseadas na TCC (JUNIOR;
SILVA JUNIOR, 2020).
Diário Alimentar
O diário alimentar é uma estratégia para automonitoramento. Esta metodologia busca discutir as
melhores abordagens durante os atendimentos . Com isso, é possível que o paciente detalhe como está
comendo, e assim facilitar o entendimento do terapeuta quanto a natureza do problema alimentar,
possibilitando que o indivíduo tome consciência das suas atitudes no exato momento em que elas
ocorrem.

O diário alimentar deve ser preenchido em tempo real, viabilizando para que o paciente tome
consciência do comportamento automático relacionado à alimentação, e assim, se torne mais fácil
modificá-lo (COOPER et al., 2016)
Diário Alimentar

No diário alimentar o paciente registra tudo que come e bebe, além de descrever onde fez a
refeição e os sentimentos associados à comida, entre outros aspectos que podem ser
acrescentados ou retirados ao longo do tratamento (COOPER et al., 2016).
Aconselhamento Nutricional
O aconselhamento nutricional é um processo de auxílio ao paciente com o objetivo da inserção de
comportamentos desejáveis na alimentação e estilo de vida. É um processo no qual o paciente aumenta
seus conhecimentos sobre alimentação e Nutrição.

No aconselhamento Nutricional, o conhecimento é necessário, mas não é suficiente para proporcionar


mudanças no comportamento (Epidemiologia nutricional, 2007). O método propõe a discussão de
questões que ajudam na descoberta dos causadores (gatilhos), dos problemas alimentares
oportunizando a discussão e sugerindo mudanças de comportamento, porém,
as ações devem ser de interesse interno do paciente.
MINDFUL EATING– (Comer com Atenção Plena)
O Mindful Eating busca tornar a alimentação um momento consciente, sem julgamentos, comparações
ou críticas. o Método ressalta a importância de evidenciar as sensações, pensamentos e emoções que
surgem no ato de comer. Neste processo, são envolvidos todos os sentidos e percepções tais como cores,
texturas, aromas, sabores e até mesmo sons de beber e comer (NASCIMENTO, 2017).

A alimentação consciente, tem por objetivo o aprendizado, e a maior percepção do momento da


refeição. É uma experiência que envolve todas as partes do corpo e perpassa desde a escolha, preparo e
momento da refeição, propiciando ao paciente autonomia, e que o mesmo, entenda suas experiências
internas, se tornando especialista do seu próprio corpo (KNOL;
LAWRENCE; DE LA O, 2020).
INTUITIVE EATING – (Comer Intuitivo)

No Intuitive Eating (Comer intuitivo), são estabelecidos dez princípios para que o paciente alcance
a amplitude do ato de comer e a importância que o momento e as escolhas podem produzir tanto
psicologicamente, quanto emocionalmente (BARBOSA; DE OLIVEIRA PENAFORTE; DE SOUSA
SILVA, 2020).

Cada indivíduo entende melhor seus próprios pensamentos, sentimentos e experiências. Uma
integração dinâmica entre mente-corpo, emoções e pensamentos.
INTUITIVE EATING – (Comer Intuitivo)

Dez princípios do Intuitive Eating


Reject the diet mentality Rejeite a mentalidade de dieta

Honor your hunger Honre sua a fome

Make peace with food Faça as pazes com a comida

Challenge the food Police Desafiar o policial alimentar

Feel your fullness Sinta sua saciedade

Fiscover the satisfaction factor Descubra o fator de satisfação

Cope with your feelings with out using food Lide com sentimentos sem usar a comida

Respect your body Respeite seu corpo

Exercise: feel the difference Exercite-se: sinta a diferença

honor your health: gentle nutrition Honre sua saúde: pratique uma Nutrição gentil

Fonte: ( as autoras)
INTUITIVE EATING – (Comer Intuitivo)

Os princípios do Intuitive Eating objetivam a sintonia com o corpo, sendo possível entender os
sinais biológicos de fome e saciedade, além de entender os principais obstáculos que se apresentam
durante todo o processo (BARBOSA; DE OLIVEIRA PENAFORTE; DE SOUSA SILVA, 2020)
Entrevista Motivacional

A Entrevista Motivacional apossui o papel de ativar motivação do paciente promovendo mudanças de


comportamento e de interesse do paciente para com sua própria saúde, e desta forma, ocorrendo uma
maior adesão ao tratamento (NEVES, [s. d.]; STEPHEN ROLLNICK | WILLIAM R. MILLER |
CHRISTOPHER C. BUTLER, 2009)
Tratamento Multidisciplinar

Dada à complexidade dos transtornos alimentares, estes, dificilmente podem ser tratados por um
profissional isolado (MATTOS, 2007). Desta forma, o tratamento deve sempre ser executado por uma
equipe multidisciplinar especializada em TA, constituída, no mínimo, por psiquiatra, psicólogo e
nutricionista. O envolvimento dessas áreas é essencial para obtenção de resultados mais satisfatórios
(MANOCHIO, [s. d.]).
Conclusão
A participação do nutricional no tratamento da compulsão alimentar é fundamental, posto que
essas doença implicam em alterações profundas no consumo, no padrão e no comportamento
alimentar.

O tratamento nutricional deve visar à promoção de hábitos


alimentares saudáveis, a cessação de comportamentos inadequados
e a melhora na relação do paciente para com o alimento e para
com o seu próprio corpo.
Referências
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