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DIMENSÕES EMOCIONAIS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR E

QUALIDADE DE VIDA EM ADOLESCENTES/JOVENS


EMOTIONAL DIMENSIONS OF EATING BEHAVIOR AND QUALITY OF LIFE IN
TEENAGERS/ YOUNG PEOPLE
Bia Filipa Alves Pereira
Pv25554@esev.ipv.pt
Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu
1º ano da Licenciatura de Educação Social
Viseu,2022-2023

Resumo: O seguinte artigo de revisão tem como objetivo procurar entender como é que as
dimensões emocionais afetam a alimentação dos adolescentes dos dias de hoje, mas também
quais são as suas implicações a nível mental, físico e social. A adolescência é caracterizada
por mudanças biopsicossociais, que consequentemente, têm impactos a nível alimentar e até
no seu conhecimento como futuros homens e mulheres. Iremos abaixo qual é o ponto de vista
da dimensão alimentar na alimentação dos jovens por intermédio de várias investigações de
vários autores.
Palavras-chave: emoções, alimentação, qualidade de vida, adolescentes, jovens

Abstract: The following review article aims to try to understand how emotional dimensions
affect the diet of adolescents today,but also what are its implications at the mental, physical
and social level.Adolescence is characterized by biopsychosocial changes, which
consequently have food impactsand even in their knowledge as future men and women.We
will go down what is the point of view of the food dimension in the diet of young people
through various investigations by several authors.
Keywords:emotions,eating, quality of life, adolescents, young people

Introdução:
Na Unidade Curricular de Metodologia da Investigação Social I, do 1º semestre do 1º
ano da licenciatura em Educação Social da Escola Superior De Educação do Instituto
Politécnico lecionadas pelas professoras Doutoras Emília Martins e Rosina Fernandes, foi-nos
pedido a elaboração de um artigo de revisão. Neste artigo, irei retratar as dimensões
emocionais do comportamento alimentar e qualidade de vida em adolescentes e jovens e as
consequências que as mesmas tem nos jovens. Para a elaboração do artigo, vai ser utilizada a
metodologia da investigação, onde serão aprofundados e relacionados conceitos.
Para esse efeito, a pesquisa será efetuada de acordo com as bases de pesquisa
científica como a B-on e a RCAAP, onde serão explorados 10 artigos de referência, dos quais
dois foram facultados pelas docentes: uma secção de livro editado pela Escola Superior de
Educação do Instituto Politécnico de Viseu intitulado de “Modelos e projetos de inclusão
social” (2015) e um artigo em revista científica, denominado de “Acta Médica Portuguesa:
Revista de Medicina da Criança e do Adolescente” (2006).
Este artigo também será elaborado de acordo com as normas da APA 7ª edição, com o
propósito de manter o rigor, a coerência e a veracidade das informações que vão ser
trabalhadas neste artigo ainda em complemento com a utilização do Zotero para a elaboração
das referências bibliográficas.O artigo em questão tem como objetivo compreender e aprender
o impacto das dimensões emocionais do comportamento alimentar na qualidade de vida dos
adolescentes e jovens, tal como as suas consequências que daí advêm, com o propósito de
elucidar o cuidado com a atitude a nível alimentar e melhorar a sua qualidade de vida e o
bem-estar.

Desenvolvimento:
As dimensões emocionais são as diferentes formas com que os adolescentes lidam
com as suas vivências e isso traduz-se positivamente ou negativamente no comportamento
alimentar que pode levar ao excesso de peso ou à anorexia. O comportamento alimentar
advém do resultado das dimensões emocionais que poderão interferir de um modo positivo ou
negativo na qualidade dos jovens, relacionando-se efetivamente com os hábitos alimentares
dos mesmos. São relatadas como dimensões emocionais, a restrição alimentar, a desinibição
e a fome.A restrição alimentar sucede na não ingestão voluntária de alimentos para a perda e
controlo de peso. A desinibição surge quando existem comportamentos alimentares como a
vontade de comer descontroladamente. A fome sucede na ingestão alimentar acrescida devido
à perda de controlo da ingestão de alimentos (Antunes et al., 2015)

O impacto da alimentação emocional


A alimentação emocional acontece quando a ingestão de alimentos é influenciada por
sentimentos negativos e também pode estar relacionada a transtornos alimentares como a
impulsividade, a depressão e o ganho de peso (Decker et al., 2021). Assim a alimentação
emocional pode levar a distúrbios alimentares como a anorexia, a bulimia e a obesidade.
Os transtornos alimentares são determinados pela perturbação persistente na alimentação,
assim acabando numa ingestão excessiva ou evitação restrita de alimentos. Apesar de estes
transtornos não estarem avaliados como sendo de longa perduração, estes causam danos
avultados a nível pessoal e psicossocial e podem apresentar níveis significativos de morbidade
e mortalidade (Barbosa et al., 2020).
Pelo facto de a abordagem de excesso e transtornos alimentares ser de uma elevada
complexidade, teve que se criar novos métodos para facilitar e compreender melhor o
comportamento alimentar como o mindfulness que se traduz num estado de consciência que
surge através da alimentação ser intencional e voluntária, sem haver qualquer tipo de
julgamento ou culpa e este pode ser desenvolvido através de técnicas formais ou informais. O
mindful eating prescreve que os indivíduos realizem as suas escolhas alimentares,
conscientemente e atentamente aos sinais físicos de fome e saciedade. O comer intuitivo tem
quase os mesmos objetivos que o mindful eating e normalmente é usado intercalado com o
mesmo, pelo facto de ambos aconselharem o comer guiado pela sinalização fisiológica de
fome e saciedade (Barbosa et al., 2020).

A adolescência e as consequências no comportamento alimentar dos adolescentes e


jovens
A adolescência é um período de mudanças a todos os níveis e de várias influências.
Ao longo deste período, há um desenvolvimento cognitivo e físico e uma maior preocupação
com a alimentação, com o objetivo de prevenir doenças e adotar um estilo de vida mais
saudável. As escolhas sobre a alimentação dos jovens são feitas de forma a obter igualdade e
aceitação social ou por influência dos seus grupos de amigos e não por preocupação com o
seu estado de saúde. A adolescência está profundamente relacionada com a alimentação
emocional pois é uma fase muito perturbada, confusa da vida dos adolescentes e dos jovens,
onde as emoções dominam e estas influenciam o comportamento alimentar dos jovens
(Antunes et al., 2015).
Nesta fase, é muito comum que se sintam atraídos pela moda publicitária de hábitos
alimentares pouco saudáveis, aderindo assim com muita facilidade, o que gera um conflito
entre a disponibilidade alimentar e os padrões de beleza que sucedem à restrição,
principalmente no sexo feminino, onde o comportamento alimentar se modifica
principalmente pela presença da pessoa desejada, já no sexo masculino, o hábito alimentar
aumenta pela maior presença de indivíduos do mesmo, levando a uma certa competição
(Antunes et al., 2015). Deste modo, vê-se que a relação existente entre as dimensões
emocionais e a qualidade de vida dos adolescentes e dos jovens não é de todo favorável, pois
a mudança de comportamentos não tem o objetivo de agradar a si mesmos, mas sim de
agradar os outros, o que acaba por trazer consequências.

As consequências da COVID-19 no comportamento alimentar e as dimensões


emocionais nos adolescentes e jovens
Verificou-se que a COVID-19 desenvolveu transtornos alimentares nos adolescentes e
jovens e agravou os transtornos que já existentes. O estudo realizado inferiu que as mudanças
na rotina de atividades aconteceram devido à grave preocupação com o peso ou com a
imagem corporal; o limite ao acesso aos alimentos durante a pandemia aumentou os fatores de
risco para os distúrbios alimentares, as restrições nos cuidados de saúde aumentaram os níveis
de ansiedade e alterou a aderência ao tratamento, o isolamento social contribuiu para o
agravamento dos sintomas em doentes com transtornos alimentares isolados com a família e
as dificuldades em relacionamentos sem saída contribuíram para o desenvolvimento dos
sintomas dos distúrbios alimentares em adolescentes e jovens adultos. Deste modo, a COVID-
19 teve consequências negativas nestes transtornos devido ao stress. (Miniati et al., 2021).
As dimensões emocionais são caracterizadas por outro aspeto muito importante que
contribui para o aumento ou a diminuição dos transtornos alimentares que é a inteligência
emocional. A inteligência emocional é um conceito recente, associado às emoções que
compreende um conjunto de habilidades emocionais básicas. A inteligência emocional é
estabelecida como “a capacidade das pessoas de perceber, usar, compreender e gerenciar
emoções”. Esta pode ser formada por quatro categorias: a perceção e expressão emocional,
facilitação emocional, compreensão emocional e regulação emocional (Peláez-Fernández et
al., 2021). A alimentação pode ser impulsionada por emoções positivas como a felicidade e
emoções negativas como a raiva e a depressão, juntamente com o desejo de nutrição, assim
sendo as emoções negativas e a depressão interferem na alimentação (Cardoso et al., 2020).

O comportamento alimentar analisado através de distintos métodos


Os hábitos alimentares das dimensões emocionais são analisados de métodos de
investigação variados. O primeiro instrumento analisado foi o questionário KINDL, que avalia
a qualidade de vida das crianças e adolescentes, onde o seu campo de atuação é desenvolvido,
respetivamente, em 6 categorias: (o bem-estar físico e o bem-estar emocional, a autoestima, a
família, os amigos e a escola) e pode ser usado em três grupos etários (4 a 7 anos, 8 a 12 anos
e 13 a 16 anos). versão do KINDL encaminhada para adolescentes entre os treze e os
dezasseis anos, verificou-se que todas as dimensões deste instrumento se interligam com todas
as dimensões dos COOP de adolescentes, exceto com a dimensão “atitudes perante o risco”.
Os resultados foram fiáveis, válidos e capazes de nos fazer compreender a perceção que a
amostra populacional que foi alvo de estudo tem sobre a qualidade de vida (Lopes Ferreira et
al., 2006). O segundo instrumento explorado foi o método multi-fontes em simultâneo com o
método multi-estágio, ambos de uma medida específica de qualidade de vida para
adolescentes e adultos com transtornos alimentares: a Escala de Qualidade de Vida dos
Transtornos Alimentares (EDQLS). Estes métodos envolveram quatro etapas de validação,
cingindo uma amostra aleatória composta por 17 pacientes, 10 familiares e 18 provedores.
Este método apresentou resultados positivos através da aplicação do instrumento
final, numa amostra de 171 pessoas com idades entre os 14 e os 60 anos, com transtornos
alimentares e 12 locais distintos. A pontuação média foi de 110 de 200. A uma maior
pontuação corresponde uma melhor qualidade de vida do individuo em causa. Assim sendo,
concluímos que a Escala de Qualidade de Vida dos Transtornos Alimentares apresenta
aspetos psicométricos promissores e pode ser apropriada para analisar a eficácia do
tratamento de distúrbios emocionais (Adair et al., 2007).
O terceiro instrumento de estudo utilizado foi a meta-análise que consiste na análise
entre as associações, entre a atenção plena e entre a patologia dos transtornos alimentares,
numa amostra aleatória de 74 participantes, alcançando assim as seguintes conclusões: a
atenção plena foi associada pela negativa à patologia de transtornos alimentares.As
associações foram mais fortes para a compulsão alimentar, para a alimentação
emocional/externa e para a insatisfação corporal, bem como a atuação com consciência e
facetas não compreendidas (Sala et al., 2020).

Conclusão
O trabalho realizado pode contribuir para uma mudança na mentalidade dos jovens a nível do
comportamento alimentar e da qualidade de vida e também para uma maior divulgação de
hábitos saudáveis para o bem-estar dos indivíduos. Finalizamos assim esta reflexão com a
ideia de que a emoção tem um impacto negativo na qualidade de vida e bem-estar das esferas
mais jovens da nossa população, aumentando as perturbações emocionais levando à ingestão
não controlada de alimentos. A pandemia da COVID-19 veio demonstrar que muitas vezes,
os seres humanos utilizam alimentos reconfortante como forma de lidar com os seus
problemas (solidão, tédio e tristeza), sendo isto não um sinal de fraqueza. Aliás, este método
de superação pode constatar que o indivíduo percebe conscientemente ou não, que para além
de seus benefícios nutricionais, a alimentação pode desempenhar um papel importante na
regulação do metabolismo emocional (Calinescu, 2020).

Referências Bibliográficas

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